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UNIVERSIDADE DE UBERABA
JULIO CESAR NUNES MIRANDA
PAULO ROBERTO RIBEIRO FRATARI
VALORAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA REDE WALMART
UBERLÂNDIA - MG
2011
UNIVERSIDADE DE UBERABA
JULIO CESAR NUNES MIRANDA
PAULO ROBERTO RIBEIRO FRATARI
VALORAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA REDE WALMART
Trabalho apresentado à Universidade de
Uberaba, como parte das exigências da
disciplina de Valoração e Contabilidade
Ambiental, do 8º período do curso de
Engenharia Ambiental.
Professor: Paulo Cesar Perez
UBERLÂNDIA - MG
2011
Introdução
A divulgação, principalmente externa, de informações de caráter
social e ambiental é uma prática relativamente nova no cenário mundial. A
evidenciação deste tipo de informação começou a ser discutida, de forma
mais estruturada, a partir dos anos 70 do século XX, em função das pressões
sociais localizadas nos Estados Unidos da América e dos movimentos
socialistas franceses. Também a Alemanha e o Reino Unido apresentaram
alguns avanços neste campo, nas últimas décadas.
Atualmente, observa-se um incremento da preocupação com a integração
das questões sociais e do meio ambiente no âmbito de atuação empresarial,
especialmente no Continente Europeu. A análise do estado atual do papel da
empresa socialmente responsável em uma sociedade sustentável mostra que,
principalmente no contexto europeu, existe crescente interesse por uma
melhor compreensão dos efeitos que os aspectos sociais e ambientais podem
provocar na posição financeira das empresas. Também aumenta o interesse
pela integração destas variáveis nos processos decisórios das companhias e
em seus processos produtivos, de maneira que se possa medir e comunicar o
rendimento da empresa em termos sociais e ambientais.
O nível de apresentação de relatórios sociais e ambientais vem
crescendo praticamente em quase todos os países, ainda que pouco apoiado no
suporte legal. Entretanto, isto sucede como um ato voluntário das
organizações, já que primeiro elas buscam melhorar seus sistemas de gestão
e depois ampliar a aproximação com os distintos grupos de stakeholders,
visualizando neste processo a minimização das incertezas (tanto internas
como externas), as vantagens comparativas e novas oportunidades de negócio.
Isto fará com que as organizações tenham mais possibilidades de aumentar a
riqueza celular (valor para o investidor) e a riqueza social (externa).
O balanço social é o informe de gestão, complementar ao sistema de
informação contábil tradicional. Seu objetivo é apresentar informações
relacionadas com os fatos sociais e ambientais praticados pelas
organizações, nos âmbitos interno e externo. Esses tipos de informações
dificilmente estão contemplados nos relatórios contábeis e administrativos
que as empresas costumam elaborar, dadas suas características e
especificidades.
A principal vantagem do balanço social, como demonstração contábil, é
permitir a realização de julgamentos de valor sobre a ação de uma entidade
(Chevalier, 1976:75). Isto porque o balanço social é mais que uma relação
de fatos, tendo em vista que seu poder informativo supre um gap do sistema
de informação organizacional, contribuindo de forma decisiva para o
planejamento, controle e tomada de decisão e transformando-se em uma
filosofia de gestão, com a participação dos distintos agentes econômicos e
sociais.
O objetivo deste trabalho é descrever como a rede Walmart vem
implementando seu programa de sustentabilidade, por meio da ecoeficiência e
demonstrar como se tornou um exemplo ao perceber que o aquecimento global é
uma ameaça à perpetuação do próprio negócio.
Valoração Ambiental: estudo de caso da rede Walmart
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Ethos (2003), nos
mercados emergentes muitas empresas estão se beneficiando com iniciativas
que aliam progresso ao desenvolvimento sustentável. A principal vantagem é
a redução de custos, redução de riscos e o fortalecimento da marca e da
imagem. Segundo esse estudo, na maioria dos casos, o caminho encontrado foi
o emprego da ecoeficiência. Neste contexto, um grupo que vem ganhando
destaque é o Walmart. A rede, aqui no Brasil, já inaugurou duas lojas
ecoeficientes.
A ecoeficiência baseia-se na ideia de que a redução de materiais e
energia por unidade de produto ou serviço aumenta a competitividade da
empresa, ao mesmo tempo em que reduz as pressões sobre o meio ambiente,
seja como fonte de recurso, seja como depósito de resíduos. Isto significa
que as empresas podem melhorar seu desempenho econômico e ambiental através
da redução da entrada de materiais, água e energia, por unidade de
produção. O uso mais racional dos recursos produtivos impacta a
competitividade, criando, na prática, a conciliação entre a preservação
ambiental e a atividade econômica.
Walmart foi fundado em 1962, em Arkansas, nos Estados Unidos e já
nasceu com a proposta de oferecer preços baixos. Teve seu capital aberto na
Bolsa de Valores, em 1972, o que contribuiu para a aceleração da expansão
da rede, que no final da década já possuía 276 lojas em 11 estados
americanos. Em 1990, o Walmart assumiu a posição de maior varejista do
país.
O Walmart Brasil é uma empresa de capital fechado controlada pela Wal-
Mart Stores Inc., cujo escritório central está localizado em Bentonville,
no Estado do Arkansas, Estados Unidos. É a maior companhia do mundo em
faturamento – US$ 405 bilhões em 2009 –, uma das mais admiradas do planeta
e sua marca se posiciona entre as mais valiosas globalmente, de acordo com
o ranking da Revista Fortune, divulgado em 2010. Está presente em 15 países
por meio de 8,6 mil lojas, que atuam sob 15 bandeiras e empregam mais de
2,1 milhões de pessoas. (RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE, 2011).
Sua história no Brasil começou em 1995, com a inauguração de uma Loja
SAM'S CLUB em São Caetano do Sul, em São Paulo. No Rio de Janeiro, a
atuação teve início no ano de 2000. A rede conta com cerca de 400 lojas,
entre hipermercados, supermercados, clubes de compra, lojas de atacado e de
vizinhança e está presente em 18 Estados das regiões Nordeste, Centro-
Oeste, Sudeste e Sul, além do Distrito Federal. De acordo com informações
do site institucional, a rede teve em 2008, aqui no Brasil, um faturamento
de R$ 17 bilhões. O Walmart Brasil emprega em torno de 80 mil pessoas e
ocupa a terceira posição no ranking da Associação Brasileira de
Supermercados (ABRAS).
Contribuiu para a expansão da rede no mundo uma agressiva política de
preços baixos, possível em função dos baixos salários pagos aos empregados,
ao seu grande poder de barganha e à concentração do varejo, que leva à
falência pequenos negócios em bairros e cidades na qual se instala e à
maneira incisiva com que negocia preços com seus fornecedores.
O Walmart era visto, até então, como uma rede pouco preocupada com os
impactos sociais e ambientais gerados pelo seu negócio, no entanto, após
décadas de críticas, o grupo lançou seu programa de sustentabilidade.
O Walmart declara que entende como seu dever reduzir o impacto das
suas atividades no meio ambiente, influenciando o mercado em que atua como
ponte entre o fornecedor e o cliente, por meio da adoção de práticas e
posturas socioambientais mais adequadas. O grupo considera que o impacto
indireto da sua atuação seja de 92%, em função de fatores como: práticas
agrícolas e industriais, produção de embalagens, consumo de água, energia,
materiais e geração de resíduos. Já o impacto direto corresponde a 8%,
decorrente, basicamente, do consumo energético e do transporte.
O primeiro hipermercado ecoeficiente do Walmart Brasil foi inaugurado
em setembro de 2008 no bairro de Campinho, na zona Norte do Rio de Janeiro.
Com investimento total de R$52 milhões, nele foram instaladas mais de 60
iniciativas verdes que permitem uma economia média de 25% de energia e 40%
de água em relação aos hipermercados tradicionais da rede. No pacote de
medidas estão, por exemplo, o uso de clarabóias no teto e muitas janelas de
vidro para permitir a entrada de luz natural – todas cobertas com uma
película especial que inibe a entrada de calor –, iluminação à base de LEDs
e até vasos sanitários que funcionam a vácuo e dispensam o uso de água.
Uma das iniciativas de maior fôlego dentro das lojas diz respeito à
redução do consumo das polêmicas sacolas plásticas. Para diminuir em 50%
até 2013 o uso das sacolinhas, a rede iniciou um programa em suas lojas do
Nordeste no ano passado: um desconto de 3 centavos para cada sacolinha que
o consumidor deixar de usar na hora da compra (o cálculo médio é de uma
sacola para cada cinco itens adquiridos). Na China, as redes foram
simplesmente proibidas pelo governo de distribuir as sacolas. Na Inglaterra
e na Itália, a opção para coibir o uso foi cobrar por elas. Como resultado
até agora, o Walmart distribuiu 360000 reais em descontos e deixou de usar
12 milhões de sacolinhas plásticas. A rede ainda incentiva o uso de sacolas
retornáveis de pano e promove campanhas institucionais.
Outras ações de sustentabilidade envolvem: Desenvolvimento de
pequenos fornecedores; Apoio social em projetos nas áreas de
desenvolvimento local, cultura e cidadania, gerando renda e
profissionalização de jovens em 17 estados do país; Destinação correta para
o lixo como reciclagem e transformação do lixo orgânico em adubo e ração
para animais; Conscientização dos funcionários com cursos sobre consumo
consciente e sustentabilidade e Preservação da Amazônia. Em uma parceria
com a ONG Conservation International, a empresa investirá 2,5 milhões de
reais até 2013, para elaborar um plano de manejo sustentável para a
Floresta Nacional do Amapá – área de 412000 hectares que, se preservada,
evitará a emissão de 458 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
Em um cenário mais abrangente, os resultados intangíveis do Programa
de Sustentabilidade do Walmart Brasil já podem ser percebidos através do
reconhecimento da mídia e de outros órgãos, provocando uma mudança rápida
na reputação do Walmart.
Em 2008, pesquisa realizada pela Mídia B com 440 empresas e publicada
pela Revista Imprensa (2008), apontou a rede Walmart Brasil como uma das
companhias mais reconhecidas pela imprensa quando o tema é
sustentabilidade. O grupo ficou em 5° lugar geral e em 1º entre os
varejistas em reportagens publicadas espontaneamente sobre ações de
sustentabilidade.
De acordo com a Revista Imprensa (2008), as 50 companhias destacadas
na pesquisa "têm em comum a visão estratégica de que lucro e investimento
socioambiental podem ser compatíveis e que esses valores precisam ser
compartilhados com a sociedade."
O Walmart Brasil recebeu também, em 2008, o prêmio Top Ambiental,
concedido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil
(ADVB), pelo conjunto de ações realizadas no Programa de Sustentabilidade
Walmart Brasil.
Em 2009, o Guia Exame de Sustentabilidade elegeu o Walmart, a Empresa
Sustentável do Ano. A iniciativa premiou 20 empresas modelo em práticas
sociais e ambientais. Segundo o Portal Exame (2009), o Walmart se destacou
pela "contundência de suas ações de sustentabilidade e pela velocidade com
que tem promovido uma mudança drástica em diversas áreas de atuação."
Em 2010, o Walmart Brasil recebeu uma série de distinções de empresas
e organizações de diferentes setores em razão da excelência e
responsabilidade no desenvolvimento de suas atividades. Entre elas destacam-
se:
Prêmio C.K. Prahalad de Liderança Global em Sustentabilidade – Oferecido
pelo Corporate Eco Forum, em São Francisco (CA/EUA), em reconhecimento ao
trabalho de responsabilidade socioambiental da companhia, incluindo o Pacto
pela Sustentabilidade e os compromissos publicamente assumidos em benefício
da Amazônia.
Guia Exame de Sustentabilidade – Pelo terceiro ano consecutivo, o Walmart
integra o ranking das 20 empresas-modelo em Sustentabilidade no Brasil.
Prêmio de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo – Concedido
pelo Centro de Excelência em Varejo (GVcev) da Fundação Getúlio Vargas (FGV-
EAESP), pelo case Construindo a Cadeia de Suprimentos do Futuro.
4º Prêmio Brasil de Meio Ambiente – Pelo case Programa de Sustentabilidade
do Walmart Brasil, a distinção foi outorgada no evento promovido pelos
veículos Jornal do Brasil, JB Ecológico e JB Online, na categoria Âmbito
Federal.
Prêmio Ciclo de Melhor Case de 2010 – Organizado pela empresa Ciclo
Desenvolvimento em razão do case Sustentabilidade na Logística.
Prêmio Benchmarking Ambiental Brasil – O case Sustentabilidade de Ponta a
Ponta foi reconhecido pela empresa Mais Projetos Consultoria.
Conclusão
O estudo da economia em relação ao ambiente natural, hoje em dia, não
é bem definido, mas sabe-se que sua principal característica é a
necessidade de ser sustentável, considerando a capacidade de suporte dos
ecossistemas.
A pressão crescente, em nível mundial, que existe sobre as
organizações industriais para que adotem medidas de proteção ao meio
ambiente, faz com que as empresas, dependendo do contexto em que atuam,
reformulem suas estratégias competitivas incluindo a variável ambiental.
Competir pelo preço foi a estratégia adotada pelo Walmart durante
muitos anos e que contribuiu para a sua expansão. No entanto, diante das
complexas questões do mundo contemporâneo, a estratégia baseada na
eficiência operacional não assegura mais, por si só, vantagens sustentáveis
por longo tempo.
Seja em decorrência de uma visão meramente econômica ou fruto,
efetivo, da conscientização de sua responsabilidade como maior empregador
do planeta, o fato é que o Walmart conseguiu articular tanto a questão
social, quanto a ambiental com os negócios, de modo estratégico, atuando em
toda a cadeia do varejo, de forma a criar valor para seus funcionários,
fornecedores e clientes, por meio da sensibilização, da parceria e de ações
ecoeficientes que minimizam o impacto da atividade no meio ambiente.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, L. N.; Sustentabilidade ambiental como estratégia empresarial na
rede Walmart. VII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Faculdade
SENAI/CETIQT, 2010. Disponível em:
. Acesso em: 10 dez.
2011.
HERZOG, A. L.; Empresa Sustentável do Ano/Walmart: A Vitória do
Pragmatismo. Revista Guia Exame de Sustentabilidade, Editora Abril, São
Paulo, SP, p. 36-43, 2009.
Walmart Brasil, Relatório de Sustentabilidade, 2011. Disponível em:
http://www.walmartsustentabilidade.com.br/relatorios-e-cases/. Acesso em:
10 dez. 2011.
