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Utilizando O Sistema Kanban Para Resolução De Problemas Relacionados à Comunicação...

Quando há um problema de comunicação entre setores produtivos na indústria, tem-se uma reação negativa na produtividade. Por outro lado, cada vez mais as organizações procuram melhoria em seus processos por meio de atualizações. E é através desse objetivo que se descobrem muitas ferramentas que beneficiam um sistema de controle da produção. Um bom exemplo é o Sistema Kanban, que tem em sua essência a movimentação de cartões ou placas de registro com informações sobre “o que”, “quanto” e “quando” produzir, ou...

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Faculdade Padre João Bagozzi UTILIZANDO O SISTEMA KANBAN PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS RELACIONADOS À COMUNICAÇÃO ENTRE OS SETORES PRODUTIVOS NAS INDÚSTRIAS ¹Anderson Justino de Oliveira ¹[email protected] RESUMO Quando há um problema de comunicação entre setores produtivos na indústria, tem-se uma reação negativa na produtividade. Por outro lado, cada vez mais as organizações procuram melhoria em seus processos por meio de atualizações. E é através desse objetivo que se descobrem muitas ferramentas que beneficiam um sistema de controle da produção. Um bom exemplo é o Sistema Kanban, que tem em sua essência a movimentação de cartões ou placas de registro com informações sobre "o que", "quanto" e "quando" produzir, ou seja, ativando um sistema de comunicação por meio de cartões entre os centros de trabalho. Assim, podendo manter um controle do fluxo de produção e aumentando significativamente as metas de produção definidas. Neste artigo, pretende-se verificar como o Sistema Kanban pode solucionar problemas relacionados à comunicação entre os setores produtivos nas indústrias. PALAVRAS CHAVE: Kanban, Produção, Comunicação, Fluxo, Melhoria. INTRODUÇÃO Após a Segunda Guerra Mundial muitas organizações japonesas tentavam se reerguer, e o que as ajudou foi a preocupação com os disperdícios referentes aos processos de produção em massa. Dentro deste contexto as organizações procuraram aperfeiçoar seus sistemas de manufatura, criando um controle de produção eficiente. Tempos depois, surgiu a filosofia Just In Time (JIT), que tem por conceito produzir na quantidade necessária, no momento exato em que o item for requisitado. Após a filosofia JIT, surge o Sistema Kanban, que começou na Toyota Motor Company, como um programa para controlar o fluxo da produção em todo o sistema produtivo. CONTEXTUALIZAÇÃO A ideia do Sistema Kanban, segundo Moura (2007; p. 25) foi desenvolvida pelo ex-vice-presidente da Toyota Motor Company, o engenheiro mecânico Taiichi Ohno, a qual foi inspirada em um supermercado americano, onde as prateleiras eram reabastecidas quando esvaziadas, e somente se traziam mais itens quando havia necessidade, devido ao espaço limitado de cada item. Kanban significa cartão na língua japonesa, um cartão ou placa de registro visível e legível, usado como meio de comunicação, transmissão de dados e informações. Esse sistema tem por finalidade controlar a produção e a movimentação do material em todas as etapas de produção de uma determinada peça ou produto, através de informações como "o que", "quanto" e "quando" produzir. Para Moura (2007; p. 25), Taiichi Ohno observou que o sistema de produção em massa implantado por Henry Ford, usado nos EUA, era eficiente na redução de custos unitários dos produtos manufaturados durante o período de alto crescimento da economia. Mas o sistema estava mal equipado para os períodos de baixos crescimentos econômicos. A seu ver, o sistema de produção em massa criou um desperdício inerente ao próprio sistema. Moura (2007; p. 25) acrescenta, que Taiichi Ohno, estabelece que tudo o que existir além da quantidade mínima de materiais, peças, equipamentos e operários para fazer um dado produto, é considerado uma perda e, portanto, só aumenta os custos em todo o sistema. PROBLEMATIZAÇÃO Atualmente, é muito comum algumas empresas focarem apenas nos índices positivos de produção, mas por falta de análise crítica de seus processos não enxergam alguns excessos, como por exemplo, a matéria prima e a mão de obra que impactam totalmente no lucro da produtividade. Devido a essa circunstância, uma das técnicas mais utilizadas é o Sistema Kanban, que além de reduzir o Lead Time¹ de produção, otimizar o controle do inventário, minimizar as não conformidades das peças, controlar visualmente as etapas de fabricação e fornecer insumos aos processos na quantidade adequada, ele soluciona problemas de comunicação entre os setores produtivos. Assim, este artigo tem como problema: verificar-se o Sistema Kanban pode solucionar problemas relacionados à comunicação entre os setores produtivos nas indústrias. JUSTIFICATIVA Com a economia globalizada surge um mercado muito competitivo, onde as indústrias obrigam-se a se aprimorar continuamente, criando estratégias e desenvolvendo técnicas para a redução de custos em seus processos. Se baixar custos nas indústrias significa principalmente eliminar desperdícios, como de materiais, de equipamentos e de mão de obra, há então a necessidade de utilizar um sistema que controla o fluxo da produção, através de um dispositivo que informa "o que", "quanto" e "quando" produzir. Quando há um problema de comunicação entre setores, tem-se uma reação negativa na produtividade. Mas o Sistema Kanban cativa a todos, pois ele extrai o melhor de cada membro da equipe e contribui diretamente na redução ou eliminação dos desperdícios, por meio de informação inseridas em cartões. Esse artigo se justifica pela intenção de apresentar o Sistema Kanban como um método que proporciona a resolução de vários problemas, como por exemplo, a comunicação precisa entre os setores produtivos nas indústrias. Lead Time¹: Tempo necessário para o processo total de um produto. OBJETIVO Este artigo tem como objetivo geral apresentar o Sistema Kanban e sua relação com o Sistema Just In Time (JIT). Como objetivo específico, apresentar os principais tipos de Cartões Kanban, o Quadro Kanban, o Contêiner e os elementos de comunicação do Kanban. METODOLOGIA A metodologia aplicada a este artigo é a pesquisa bibliográfica, onde os dados e as informações são utilizados para análise do objeto de estudo, os quais serão obtidos através de livros, revistas, artigos na internet ou em outras publicações. Assim em geral toda pesquisa vem da necessidade de se responder a um questionamento, e neste artigo não será diferente, pois através da pesquisa bibliográfica buscar-se-á como o Sistema Kanban pode solucionar problemas relacionados à comunicação entre os setores produtivos nas indústrias. DESENVOLVIMENTO O Sistema Kanban Os métodos japoneses de administração industrial se espalham pelo mundo e inclusive no Brasil, onde a comunicação entre os operários e o comprometimento dos funcionário em todos os centros de produção se tornam decisivos no uso das principais técnicas como o Sistema Kanban, TPM-Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance ), TQC-Controle da Qualidade Total (Total quality control ) e o Kaizen. O criador do Sistema Just In Time percebeu a necessidade de uma ferramenta que realizasse o controle do fluxo de materiais na fábrica, mas com estoques tendendo a zero. Assim o Sistema Kanban é um instrumentos que atende a essa demanda. Para Pace (2003; p. 8), o Sistema Kanban é conhecido também como Sistema Kanban de Controle da Produção, o qual é uma técnica empregada ao nível de chão de fábrica para o auxílio do controle da produção. Consiste no emprego de cartões, tanto para requisitar materiais de um centro produtor para um centro consumidor, quanto para ordenar o centro produtor a produzir um determinado produto, em determinado momento e na quantidade certa. Para Moura (2007; p. 27), o Kanban é um método que reduz o tempo de espera, diminuindo o estoque, melhorando a produtividade e interligando todas as operações em um fluxo uniforme. Destaca Pace (2003; p. 8), que por meio do Kanban a responsabilidade pelo controle do que deve ser produzido e todo o controle do inventário são transferidos ao chão de fábrica. Portanto, é uma técnica que transfere aos supervisores e operários da produção a responsabilidade por tais controles. Assim, consegue-se indiretamente, com isso, um maior comprometimento dos colaboradores da produção. No Kanban há o sistema de produção puxada, onde o material é retirado pelo usuário conforme o necessário. A linha de montagem final sabe o que será necessário, por isso, ela vai até o setor anterior para obter as peças necessárias, na quantidade necessária. O setor anterior produz, então, as peças retiradas pelo setor subsequente. Cada setor retira as peças ou materiais necessários dos setores anteriores ao longo da linha, assim causando um ciclo vicioso. Moura (2007; p. 27), define que o Kanban é uma técnica de programação que usa cartões para puxar materiais de um processo para outro. Que também é um método de organização industrial, voltado basicamente para a contenção e a redução de todo o tipo de desperdício nas áreas de produção e de materiais das empresas. Como também, é um sistema de informação, desenvolvido para coordenar vários departamentos de processo, interligados dentro de uma fábrica. Traduzindo, Kanban significa cartões com informações sobre "o que", "quanto" e "quando" produzir, ou seja, ativando um sistema de comunicação por meio de cartões entre os centros de trabalho e como também o controle do fluxo da produção. De acordo com o que foi dito por diferentes autores, resumidamente entende-se que o Sistema Kanban é uma técnica que controla os estoques através de cartões, o qual é utilizado para monitorar todos os setores produtivos da indústria, fazendo o estoque tender a zero, eliminando possíveis despesas e produzindo apenas a quantidade certa de materiais ou produtos por meio do comprometimento dos operários. Principais Tipos de Cartões Kanban Nos dias atuais há vários tipos de Kanban, devido a grande diversidade de processos operacionais da indústria, mas sem perder sua essência. E neste artigo apresentam-se os três principais tipos de Kanban que melhoram a qualidade dos produtos, que reduzem os custos de produção e de estoque. Na implantação de um sistema, nada que inicia errado termina certo, e portanto, o sucesso da implantação do Sistema Kanban depende de um planejamento, em que as atividades, as responsabilidades e os prazos sejam atendidos por todos. O Kanban de Produção designa o tipo e a quantidade de produto que o centro produtor deve gerar. O cartão ou está pendurado no Quadro Kanban, autorizando a produção equivalente a um contêiner de um determinado produto, ou está anexado a um contêiner cheio, com o mesmo tipo de produto. Na maioria das vezes, o cartão Kanban de Produção varias de cores, formatos e dimenssões, pois depende muito das necessidades de um determinado setor, e para exemplificar segue a figura 01. Figura 01: Cartão Kanban de Produção Já o Kanban de Movimentação informa o tipo e a quantidade de produto que o centro consumidor deve retirar do centro produtor. O fluxo inicia-se quando o contêiner vazio, com o cartão Kanban de Movimentação, é levado pelo próprio operador ou por um abastecedor ao setor que produz o tal produto. E sequencialmente o cartão Kanban de Movimentação acompanhado pelo contêiner cheio, retorna ao centro consumidor. Geralmente, o cartão Kanban de Movimentação pode apresentar diversos formatos, dimensões e cores, devido as necessidades de cada setor, e para exemplificar segue a figura 02. Figura 02: Cartão Kanban de Movimentação E o Kanban de Aquisição tem a mesma função que o Kanban de Movimentação, porém, ele autoriza o fornecedor externo da empresa a fazer entregas de um determinado lote de produto, diretamente ao seu usuário interno da empresa, geralmente ao setor almoxarifado, conforme a figura 03. Figura 03: Cartão Kanban de Produção Quadro Kanban O Quadro Kanban é geralmente uma placa com formato retangular, pintada com três faixas horizantais, sendo a primeira, de cima para baixo, de cor vermelha, a segunda na cor amarela e a terceira de cor verde. Lembrando que a ordem das cores podem variar conforme a necessidade de cada setor. Sua principal função é receber os cartões Kanban de Produção sempre que um contêiner cheio for levado do centro produtor para o centro consumidor. O Quadro Kanban, conforme a figura 04, exige que o supervisor ou operador responsável pelo centro produtor orienta-se para programar toda a produção diária, e para facilitar o quadro deve estar localizado e de forma visível e próximo aos operários. Figura 04: Quadro Kanban Contêiner Contêiner, conforme a figura 05, é também chamado de Contenedor, o qual é um recipiente que contém o produto acabado ou em processo de fabricação. Pode assumir uma grande variedade de formas, como formatos de caixas, paletes, fardos, tambores e entre outros. Há um cuidado a ser tomado, pois todo contêiner deve ser identificado com a descrição ou código do produto para que não haja a interrupção do Sistema Kanban. Figura 05: Contêiner Elementos de Comunicação do Kanban No decorrer deste artigo, talvez não foi possível perceber os elementos de comunicação do Sistema Kanban, mas para facilitar, é necessário conhecer um pouco mais sobre o sistema de produção puxada. No método de produção puxada, a demanda gerada pelo setor é o start da produção, assim o controle de "o que", "quando" e "como" produzir é determinado pela "quantidade" de peças ou materiais retirados de cada setor, portanto, só produzem para repor o consumo gerado. Para a resolução de problemas relacionado a comunicação entre os setores produtivos nas indústrias, é importante realizar uma análise crítica sobre o comportamento dos setores durante o processo de um determinado produto, e verificar se os principais elementos do Sistema Kanban que geram a comunicação, possam proporcionar a solução de falha de comunicação entre os centros de trabalho. O Sistema Kanban tem como elementos que geram a comunicação entre os setores produtivos nas indústria, o uso diário da produção puxada, o dimensionamento preciso dos Cartões Kanban, o dimensionamento exato do Quadro Kanban, os Cartões Kanban legíveis, os Contêiners identificados e operários treinados e comprometidos. E para exemplificar a comunicação entre os setores, apresenta-se o Cartão Kanban de Movimentação, pois há vários códigos de comunicação que transmitem informações aos operários no chão de fábrica, como o nome da peça, o seu código, a quantidade no contêiner, a descrição do processo anterior e a descrição do processo posterior. O Sistema Just In Time (JIT) Com os produtos tão competitivos no mercado, as empresas do setor industrial se obrigaram a criar técnicas eficientes de produção com a intenção de baixar custos e garantir a qualidade. Destaca Moura (2007; p. 25), que Taiichi Ohno, determina que o que existir além da quantidade mínima de materiais, peças, equipamentos e operários para fazer um dado produto, é considerado uma perda e, portanto, só aumenta os custos em todo o sistema. Assim a Toyota Motor Company, no Japão, desenvolveu o Sistema Just In Time, o qual é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade e eliminar os desperdícios de forma global nas indústrias. No entanto sua principal meta é abastecer cada processo através do fornecimento da quantidade necessária de componentes, com qualidade, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. E para manter a saúde da filosofia do JIT é preciso do uso de algumas ferramentas, as quais fornecem condições operacionais para se manter operante. Por tantanto, os principais instrumentos de apoio, são: TPM – Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance ); TQC – Controle da Qualidade Total (Total quality control ); MRP – Planejamento das Necessidades de Materiais (Material Requirements Planning); Sistema Kanban. Entende-se então que o Sistema Just In Time produz somente o que foi solicitado e de forma ordenada em todas etapas de produção, conforme a disponibilidade operacional. CONCLUSÃO Kanban significa Cartões com um conjunto de informações transmitida de um setor para outro, onde são fixados em Contêiners ou Quadros Kanban para proporcionar o controle do fluxo da produção de um determinado produto. E para reduzir os desperdícios nas áreas fabris percebeu-se a necessidade de uma ferramenta que realizasse o controle do fluxo de materiais nos centros de trabalho, no caso, o Sistema Kanban. Sistema que contém o método de produção puxada, o qual exirge do setor o start de toda produção por meio Cartões Kanban que circulam entre os setores, ou seja, o centro produtor produz somente "o que", "quanto" e "quando" o centro consumidor (seguinte) ordena. E isso só acontece porque o Sistema Kanban faz parte da filosofia Just In Time. As fabricas que não tem o Sistema Just In Time implantado, normalmente geram um volume alto de produção e como também de estoque, e isso camufla muitos problemas no decorrer de um processo e consequentemente um conjunto de problemas relacionados a desperdícios surgirão. Por outro lado o JIT exige que os setores usem ou produzem apenas o necessário, para que se houver alguma não conformidade elas sejam corrigidas ou eliminadas ao longo de todo processo. Como possibilidade de trabalhos futuros, recomenda-se que seja realizado o mesmo trabalho utilizando a metodologia pesquisa de campo, onde o pesquisador irá observar todo processo através do estudo de caso que permite o conhecimento mais detalhado no que se refere a comunicação entre os setores oferecido pelo Sistema Kanban. Conclui-se então, que o Sistema Kanban soluciona problemas relacionados à comunicação entre os setores produtivos nas indústrias, quando se faz o uso fiel do sistema de produção puxada, o dimensionamento preciso dos Cartões Kanban e Quadro Kanban, o uso legível dos Cartões, a identificação legível dos Contêiners, o uso adequado do Quadro Kanban, e com operários treinados e totalmente comprometidos. Ou seja, um conjunto de elementos com objetivo de eliminar qualquer tipo de falha de comunicação nas áreas fabris. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MOURA, Reinaldo A.Kanban: a simplicidade do controle de produção. 5 ed. São Paulo: IMAN, 1999. PACE, João Henrique. O Kanban na prática. 1 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. PARANHOS FILHO, Moacyr. Gestão da Produção Industrial. 1 ed. Curitiba: IBPEX, 2007. SLACK, NIGEL; Chambers, Stuart.Administração da Produção. 12 ed.São Paulo: Atlas, 2009. TUBINO, Dalvio Ferrari. Planejamento e Controle da Produção: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.