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Transferência De Calor Em Um Painel Solar

artigo transferencia de calor em um painel solar

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TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UM PAINEL SOLAR. André Kempka, Fernando Lopes Nunes URI -, Universidade Regional Integrada, Curso de Engenharia Industrial Mecânica – E.I.M. Campus II – RS 331, n° 345 – Bairro Demoliner CEP 99700-000, Erechim, RS. E-mail para correspondência: [email protected] Resumo. O trabalho apresenta a análise de um painel solar. O objetivo foi calcular através dos dados medidos na bancada a eficiência do equipamento. Foram medidas as temperaturas necessárias para calcular de forma analítica qual a taxa de transferência de calor para o volume de controle. Foi possível observar que esse equipamento tem uma boa eficiência, e quando usado em residências a mesma massa de água passa várias vezes pelo equipamento, e isso aumenta significativamente a temperatura final da água. Palavras chave: radiação solar, convecção, eficiência, painel solar. 1-Introdução O painel solar é um equipamento que recebe calor do sol e o transfere para uma determinada quantidade de água, que escoa no interior da tubulação, onde no presente caso de estudo a convecção é forçada. Sua maior aplicação é residencial, para aquecer água, em alguns casos a água ainda passa por outro equipamento para receber mais calor, mas em determinadas condições esse processo não é necessário. Esse equipamento tem sido muito utilizado, já que as suas vantagens da energia solar não são apenas econômicas, mas também ambientais, pois é uma fonte limpa e inesgotável. O objetivo deste experimento é saber qual a eficiência do equipamento. Para isso será necessário calcular a transferência de calor do sol para a água. Para realizar a análise será preciso obter a temperatura da água na entrada e na saída da tubulação, na superfície externa do tubo, e velocidade do fluido, que foram medidos na bancada. A temperatura ambiente também foi quantificada para a análise da transferência de calor. 2-Modelagem do Problema Para modelar o problema foi preciso obter algumas propriedades dos materiais usados no experimento. A condutividade térmica da água foi considerada para uma temperatura média entre a entrada e a saída, o valor utilizado foi de k=0,590W/(m.K) (INCROPERA et al., 2008), essa propriedade foi considerada constante, pois a variação de temperatura foi pequena. A condutividade térmica do PVC é k=0,156W/(m.K) (LIMA, Silva Guimarães., 2000) . A condutividade térmica do ar na temperatura de 20 ºC, que era a temperatura ambiente no dia da realização do experimento, é de k=26,3x10-3 W/(m.K) (INCROPERA et al., 2008). O experimento foi realizado em boas condições solares e as medidas de temperatura foram obtidas em condições de regime permanente, depois da estabilização do sistema. 2.1 Condução A condução térmica é um dos meios de transferência de calor que geralmente ocorre em materiais sólidos, é a propagação do calor por meio do contato de moléculas. Ocorre a propagação de calor sem transporte da substância formadora do sistema, ou seja, através de choques entre suas partículas integrantes, essa transferência ocorre das partículas mais energéticas para as menos energéticas (INCROPERA et al., 2008). A Fig. 1 mostra como ocorre o processo de condução. Figura 1 – Transferência de calor por condução. O estudo da condução no experimento é necessário na parede da tubulação, como as condutividades térmicas são consideradas constantes e que a condução é unidimensional e em regime permanente, para calcular a taxa de transferência de calor por condução foi utilizada a seguinte equação: (1) onde qcond é a taxa de transferência de calor por condução, T é a temperatura do ambiente, Ti é a temperatura no interior do tubo, Rtot é a resistência total a condução e L é o comprimento total da tubulação. 2.2 Convecção A convecção abrange dois mecanismos de transferência de energia, um devido ao movimento molecular aleatório, e outro através do movimento global, ou macroscópico do fluido. Esse movimento do fluido está associado ao fato de que em um instante qualquer, um grande número de moléculas está se movendo coletivamente ou como agregado. Tal movimento, na presença de um gradiente de temperatura, contribui para a transferência de calor (INCROPERA et al., 2008). A Fig. 2 mostra como ocorre o processo de convecção. Figura 2 – Transferência de calor por convecção. A convecção pode ser forçada, quando se origina de uma condição motriz externa, ou natural que ocorre devido a variação de massa específica. A convecção forçada ocorre no interior do tubo, transferindo calor para a água, foi usada a Eq. 2 para quantificar essa transferência de calor. (2) onde qconv é a taxa de transferência de calor por convecção forçada, h é coeficiente de transferência de calo por convecção, TS é a temperatura superficial, Tf é a temperatura da água e A é a área superficial da tubulação. A convecção natural ocorre na parte externa do tubo, para calculá-la pode-se aplicar a seguinte equação: (3) onde qnat é a taxa de transferência de calor por convecção forçada e D é o diâmetro externo da tubulação. 2.3 Radiação A radiação térmica é a energia emitida pela matéria que se encontra a uma temperatura não nula, podendo ocorrer em superfícies sólidas, gases ou líquidos. Independente da forma da matéria, a emissão pode ser atribuída a mudanças nas configurações eletrônicas dos átomos ou moléculas que constituem a matéria (INCROPERA et al., 2008). A energia do campo de radiação é transportada por ondas eletromagnéticas, não precisando de um meio material para o transporte. No experimento realizado é por esse mecanismo que se transfere energia solar para a superfície da tubulação. Para quantificar a energia que chegou por radiação solar foi feito o balanço de energia pela primeira lei da termodinâmica, como segue: (4) onde qrad é a taxa de transferência de calor por radiação, U é a energia interna, m é a massa de fluido, V é a velocidade do fluido, g é a força gravitacional, z é a cota e W é o trabalho. 3-Aparato Experimental A bancada construída para realização do experimento desempenha a função de um painel solar e está mostrada na Fig. 3, o volume de controle é alimentado por água, que é aquecida através da radiação que chega do sol. O escoamento ocorre no interior do tubo e a troca de calor através de sua parede por condução e para o fluido por convecção. A bancada de teste foi confeccionada por tubos de PVC rígido com diâmetro interno de 12,7mm e com 2mm de espessura de parede. Os tubos foram montados juntamente com as conexões, na forma de serpentina em uma base de madeira, com uma chapa metálica no fundo. Para melhorar a coleta da energia solar colocou-se no eixo focal de cada tubo um refletor em forma de "V" revestido com papel alumínio. Após a montagem da serpentina o aparato recebeu uma camada de tinta preto fosco para melhorar a absorção de calor da superfície. A serpentina teve um comprimento útil de tubo de 7,5m. Figura 3 – Bancada usada para análise experimental. 4-Resultados Para prever o desempenho de um painel solar é essencial relacionar a taxa total de transferência de calor a grandezas que foram medidas no experimento, tais como as temperaturas de entrada e de saída da água, a temperatura da superfície do tubo, a temperatura ambiente e a área superficial total disponível para a troca de calor, também foram necessários dados tabelados como a condutividade térmica da água e do PVC. O calor é transferido para o painel através da radiação solar, que foi quantificada pelo balanço de energia. Para calcular o balanço foi necessário calcular os valores do calor transferido por condução na parede do tubo, por convecção forçada no seu interior onde há escoamento de água e por convecção natural na superfície externa. Com os resultados obtidos, calculou-se a eficiência do equipamento. As temperaturas e a vazão mássica foram obtidas após a estabilização do sistema, o que levou cerca de trinta minutos. Esse procedimento se tornou necessário para o escoamento entrar em regime permanente. O valor obtido para a vazão foi de 2,5x10-3 kg/s. A Tab. 1 mostra as temperaturas medidas durante a realização do experimento, para a temperatura superficial foi calculada a média. Tabela 1 – Temperaturas medidas durante a realização do experimento. "Local "Temperatu" " "ra " "Superfí"39 °C - " "cie "312 K " "Entrada"16 °C - " " "289 K " "Saída "20 °C - " " "293 K " Com todos os dados comentados anteriormente e os mostrados na Tab. 1, foram realizados os cálculos da taxa de transferência de calor e obtidos os resultados que estão mostrados na Tab. 2. Tabela 2 – Resultados obtidos para a transferência de calor. "Mecanismo de Transferência de Calor "Taxa de Transferência de" " "Calor " "Condução na Parede do Tubo "174 W " "Convecção Forçada na Parede do Tubo "1193 W " "Convecção Natural na Superfície Externa"21 W " "do Tubo " " "Radiação Solar "1388 W " Como o calor chega somente por radiação, fazendo o balanço de energia, a taxa de transferência de calor por radiação é igual à soma de todos os outros mecanismos de transferência de calor presentes no experimento. A eficiência calculada para o experimento foi considerada como a relação entre a energia total que chega ao equipamento e a energia líquida que chega à água. O valor obtido para a eficiência foi de 86%, ou seja 14% da energia que chega é perdida. 5-Conclusão Por meio deste trabalho foi possível analisar como um painel solar funciona para aquecer uma determinada massa de água pela radiação solar. A camada superficial de tinta preto fosco e o refletor em forma de "V" revestido com papel alumínio aumentam a absorção da radiação. Conseqüentemente a eficiência também é aumentada. O painel solar conseguiu transportar para a água cerca de 86% da energia térmica que recebeu por radiação do sol, pode-se considerar essa eficiência muito satisfatória, mas ainda é possível melhorar. Uma das possibilidades seria adicionar uma placa de vidro em frente a tubulação, isso teoricamente eliminaria a perda de calor por convecção natural, e além disso criaria uma espécie de efeito estufa dentro do equipamento. Em valores percentuais eficiência aumentaria cerca de 2% a 3%, esse aumento deve ser considerado, pois essa pequena porcentagem a mais geralmente será vantajosa em relação ao aumento do custo na fabricação do equipamento. 7-Referências Bibliográficas INCROPERA, Frank P. et al. "Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa", 6° ed. LTC, Rio de Janeiro, RJ, 643p. 2008.