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Trabalho De Psicologia Das Relações Pessoais

Trabalho de Grupo para a Unidade Curricular de Psicologia das relações pessoais - classificação final de 13 valores ( de 0 a 20)

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INFIDELIDADE – CRENÇAS E CRITÉRIOS DE DISTINÇÃO DE GRAUDIFERENÇAS ENTRE GÉNEROS Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa Unidade Curricular: Psicologia das Relações Pessoais 2010-2011 Ana Bela Águas ( n.º 8186); Anabela Silva (n.º 8712);Ana Paula Silva (n.º 8777); Isabel Alexandra Almeida (n.º 8841) RESUMO Neste estudo será feito um estudo qualitativo acerca das concepções de infidelidade, considerando-se a sua destrinça quanto ao grau (de maior ou menor gravidade) e promovendo-se o levantamento e análise dos critérios que estão subjacentes a tais classificações/inserções em dados critérios. Procurarse-á fazer a interpretação dos resultados obtidos, levando em devida linha de conta a teorização prévia sobre esta temática geral, e procurando aferir as diferenças entre géneros, em tal apreciação, e como se deve promover o seu processo hermenêutico, equacionando-se a temática em termos teóricos. Por fim, serão apontados possíveis caminhos a seguir em futuras investigações sobre o tema. Palavras-Chave: Infidelidade, gravidade, diferenças entre géneros, critérios de distinção 1    1. Introdução O presente estudo debruça-se sobre a temática genérica da infidelidade no âmbito de relacionamentos amorosos estáveis, procurando-se aferir quais os critérios que se mostram subjacentes à inclusão ou não de determinada situação no conceito vasto de infidelidade em termos relacionais. Tomemos como ponto de partida uma definição de infidelidade, assim, este comportamento poderá ser caracterizado por uma violação das normas reguladoras do nível de intimidade emocional e física a manter com pessoas estranhas à relação amorosa de base (Drigotas & Barta, 2001). No estudo realizado por M. J. Alvarez e J. Nogueira (2008) sobre Definições sexuais de estudantes universitários é possível concluir que e, no que concerne ao conceito de Infidelidade, neste universo considerado, a amplitude das definições mostrou-se diferente, sendo possível ter um comportamento de infidelidade sem ser um parceiro sexual, ou seja sem que exista sexo entre as duas pessoas. Houve, igualmente, algumas evidências sobre diferenças de opinião entre os estudantes de diversos países, nomeadamente dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Austrália , do Canadá e de Portugal sobre o que define um comportamento sexual de infidelidade. Assim, os dados obtidos mostram como o entendimento do que é a infidelidade sexual é culturalmente diferente entre os indivíduos. Comparativamente e, no que diz respeito a comportamentos considerados como sexuais, a opinião dos estudantes alarga claramente para mais comportamentos, os comportamentos sexuais considerados como expressão de infidelidade sexual. É ainda de referir que as mulheres, os mais erotofóbicos (pessoas com atitudes menos liberais em relação ao sexo) e os menos permissivos têm uma maior amplitude de definição de infidelidade sexual. O orgasmo tem um papel diferenciador nos resultados deste estudo, no entanto, não apresenta qualquer nuance para marcar a infidelidade sexual. O que se traduz numa grande apetência por considerar qualquer prática sexual como denotadora de infidelidade sexual. Por exemplo, 2    a masturbação ao telefone ou ao computador não são sempre considerados como comportamentos de “ter sexo”, no entanto são sempre mencionados como ilustrativos de infidelidade sexual, o que caracteriza o comportamento da infidelidade como bem mais abrangente e parece incluir a mera disponibilidade mental ou psicológica para querer estar com o outro sem necessitar da efectivação genital. Portanto, “ter sexo” ou ter um parceiro sexual não é a mesma coisa do que infidelidade, este último conceito é mais abrangente, afasta-se da necessidade da presença do outro fisicamente e ganha um simbolismo maior. Note-se ainda que os diferentes géneros masculino e feminino têm um entendimento de infidelidade semelhante, mas, enquanto o género masculino tem tendência a incluir mais comportamentos na definição de ter sexo, o feminino, por seu lado, considera mais comportamentos como ilustrativos de infidelidade sexual. 2. Metodologia : Participantes O presente trabalho contou com uma amostra de 7 participantes, de ambos os sexos (três homens e quatro mulheres), com idades compreendidas entre os 21 e os 72 anos, conforme se pode verificar na tabela 1. Os participantes foram recrutados entre os contactos pessoais das autoras do presente estudo, tendo-se tido a preocupação de procurar entrevistar pessoas pertencentes a diferentes gerações. Amostra n Masculino 3 Idade max. 49 anos Idade min. 21 anos Feminino 4 Idade max. 72 anos Idade min. Total 36 anos 7 Tabela 1. Caracterização da amostra do estudo 3    Instrumentos Como forma de avaliar as concepções de infidelidade dos diferentes participantes, permitindo a elaboração de um conjunto de critérios caracterizadores das suas respostas, foi realizada uma entrevista estruturada a cada um dos participantes, seguindo o Protocolo de Entrevista de Concepções de Infidelidade, que foi cedido pelo Professor Doutor João Moreira, Responsável pela Unidade Curricular de Psicologia das Relações Pessoais. Este protocolo conta com duas versões, uma para o género masculino e outra para o género feminino, abrangendo um conjunto de 13 cenários (situações problema). Depois de exposto cada um dos cenários, foi pedido aos participantes que avaliassem o grau de infidelidade que a caracterizava, numa escala de a) a e) (sendo que a) corresponde a “não era infidelidade”, e e) corresponde a “sem dúvida era infidelidade grave”), sendo de seguida pedido para justificarem a sua resposta. Numa segunda fase da entrevista foi solicitado aos participantes que tomassem em consideração a comparação entre alguns cenários, pedindo-lhes para identificarem qual deles era o mais grave, justificando o que os havia levado a dar essa resposta. Finalmente foi perguntado aos participantes se consideravam a possibilidade de alterar as suas respostas se o sexo dos sujeitos dos cenários fosse oposto ao seu; e se haveria diferenças se os sujeitos dos cenários fossem casados ou namorados e se tal alteraria as respostas previamente fornecidas, explicando por que razão. Procedimento Previamente à realização das entrevistas, foi pedido aos participantes que preenchessem um formulário de consentimento informado, onde os 4    objectivos principais do estudo e os direitos do respondente foram apresentados. De seguida foi pedido aos participantes uma autorização da gravação áudio das entrevistas, garantindo o seu carácter confidencial e a sua mera utilização para o presente trabalho. Seguiu-se a aplicação do protocolo da entrevista fornecido pela docência da Unidade Curricular, para as versões masculina e feminina. As entrevistas foram realizadas individualmente, com cada um dos participantes. Os sujeitos fizeram a análise dos cenários como solicitado, tendo sido indicados os critérios pertencentes às decisões por si tomadas em termos de apreciação individual dos cenários e de comparação entre os mesmos. Foram recolhidos dados mediante gravação, tendo também sido tomadas notas pelas entrevistadoras. Posteriormente foram preenchidas tabelas que organizaram e categorizaram os dados, com vista a permitir a posterior análise e apresentação dos dados reunidos, que se apresentam nas seguintes partes deste trabalho. 3. Resultados Foram realizadas entrevistas a sete pessoas, sendo três delas do sexo masculino, e as restantes quatro do sexo feminino. O objectivo do presente estudo é proceder ao levantamento de critérios determinativos de situações de infidelidade, através da apreciação de cenários tipo por parte dos entrevistados. Vejamos os resultados obtidos para cada um dos cenários-tipo, numa primeira fase, e numa fase subsequente, iremos considerar as comparações propostas entre cenários, sendo evidenciados os critérios que motivam a opção pela atribuição de um grau mais elevado de gravidade de determinadas condutas. 5    Cenário 1: Foi considerado por todos os entrevistados como situação de infidelidade, à excepção de uma das entrevistadas. O Critério para tal classificação foi o facto de terem ocorrido relações sexuais, embora apenas uma única vez. A maioria dos sujeitos entendeu que se tratava de infidelidade sexual, tendo atribuído diferentes graus de relevância, e sendo de assinalar que os sujeitos do sexo masculino atribuíram à conduta descrita neste cenário um maior grau de gravidade (o grau máximo), por comparação com as entrevistadas penalizaram mais esta situação. Cenário 2: Foi considerado uma situação de infidelidade por parte de cinco entrevistados ( por três mulheres e por dois homens). O critério utilizado para esta classificação foi a verificação de desejo/atracção para com pessoa estranha à relação amorosa fixa, mas sem contacto/envolvimento físico. Os entrevistados que consideraram estar perante uma infidelidade evidenciaram nas suas repostas o facto de se manifestar desejo por terceira pessoa mas sem concretização física, por sua vez, os sujeitos que não entenderam ser infidelidade, evidenciaram como critério para suportar tal entendimento o facto de não existir contacto físico entre os envolvidos. Cenário 3: Foi considerado uma situação de infidelidade por parte de todos os entrevistados, apenas tendo sido avaliada com distintos graus de gravidade. Assim, um dos homens considerou tratar-se de uma infidelidade grave, devido à carga emocional investida na situação. Duas das entrevistadas atribuíram o segundo grau de gravidade (podia ser infidelidade mas sem gravidade) atenta a não ocorrência de contacto físico. Por fim, um dos homens e uma das mulheres atribuíram o grau três de gravidade à situação, considerando como critério para tal classificação o facto se 6    ocorrer fantasia e obtenção de prazer sexual com terceira pessoa, embora numa perspectiva virtual e sem contacto físico entre os envolvidos. Cenário 4: Foi considerado uma situação de infidelidade por todos os entrevistados, apenas sendo diverso o grau de gravidade que cada um deles atribui aos factos. Um dos homens e uma das mulheres consideram tratar-se de uma infidelidade de grau cinco (sem dúvida era infidelidade grave), usando como critério para tal entendimento o facto de existir partilha emocional entre os envolvidos. Uma das entrevistadas atribuiu o grau três de gravidade (era infidelidade mas não especialmente grave) considerando que apenas terá ocorrido uma única vez a situação descrita, mas que há infidelidade emocional. Um dos homens e uma das mulheres atribuíram a esta situação o grau quatro de infidelidade, usando como critério de base para tal entendimento o facto de ocorrer infidelidade física (embora não na vertente mais extremada de ocorrência de contactos sexuais) e de infidelidade emocional, existindo indícios de que a situação se possa repetir e desenvolver-se para uma relação extra conjugal. Cenários 5 e 9: Foram unanimemente entendidos por todos os entrevistados como não configurando a prática de qualquer situação de infidelidade, sendo considerados como situações normais e correntes em termos quotidianos e sociais. Cenário 6: Foi considerado como infidelidade por um dos homens entrevistados, usando como critério para tal opinião o facto de ser manifestado desejo explicito em relação a outra pessoa que não o respectivo parceiro amoroso. Os restantes entrevistados não consideram estarmos perante uma infidelidade, usando como critério o facto de ser uma situação corrente no 7    quotidiano, e ser algo instintivo e sem consequências para o relacionamento existente com outra pessoa. Cenário 7: Uma das entrevistadas entende não ser infidelidade usando como critério para tal o facto de apenas ocorrer contacto sexual com estranhos se houver acordo/consentimento do marido. Dois dos homens entrevistados consideram ser uma situação de grau cinco de infidelidade, a concretizar-se, pois ainda que consentida implica contacto físico do foro sexual com terceiras pessoas em termos relacionais. Um homem e uma mulher consideram ser uma situação de grau dois, usando como critério o facto de existir intenção de contactos sexuais com terceiras pessoas, mas entendendo que o consentimento do marido retira gravidade à situação. Duas das mulheres entrevistadas entendem que estamos perante uma situação de grau quatro de gravidade, visto que há interesse em contacto físico e sexual com terceiras pessoas, embora a gravidade seja atenuada pelo eventual consentimento e acordo do parceiro. Cenário 8: Cinco dos entrevistados consideram não se tratar de uma situação de infidelidade (mais concretamente, assim o entendem dois homens e três mulheres), enquadrando os factos num contexto de amizade e convívio social. Um homem e uma mulher atribuem à situação o grau dois de gravidade, apenas valorizando negativamente o facto de o jantar haver sido omitido aos respectivos parceiros pelas personagens do cenário. Cenário 10: Quatro dos sete entrevistados não consideram ocorrer aqui uma situação de infidelidade, dado que existe consentimento e até instigação a tal comportamento por parte dos parceiros. 8    Uma das mulheres considera uma situação de grau dois, e dois dos homens atribuem os graus quatro e cinco, visto existirem contactos sexuais com terceiras pessoas. Os Critérios utilizados nesta classificação são, respectivamente para menorizar e para agravar, o consentimento e o contacto sexual com terceiras pessoas. Cenário 11: Todos os entrevistados consideram ocorrer aqui uma situação de infidelidade, embora classifiquem os factos com distintos graus de gravidade. Dois homens e uma mulher consideram estarmos perante uma situação de grau três, duas mulheres consideram estarmos perante uma situação de grau quatro, e um dos homens considera mesmo estarmos perante uma situação de infidelidade de gravidade máxima. Os critérios subjacentes a esta avaliação são a ocorrência de cumplicidade e infidelidade sob o ponto de vista emocional, o que confere mais ou menos gravidade à situação equacionada. Cenários 12 e 13: Foram unanimemente considerados como situações de infidelidade de grau de gravidade mais elevado, devido à ocorrência reiterada de envolvimentos sexuais com pessoas diferentes do parceiro amoroso fixo. Foi atribuído pelos entrevistados, e de forma unânime, igual relevância para efeitos de juízo negativo quanto às condutas narradas, no que diz respeito a relações sexuais hetero ou homossexuais. Comparações entre cenários: Cenário 1 Vs. Cenário 12: A maioria dos entrevistados considerou que o cenário 1 é menos grave do que o cenário 12, visto que no cenário 12 há uma prática reiterada e habitual de infidelidade sexual e com diversos parceiros estranhos à relação amorosa fixa. 9    Um homem e uma mulher consideram os cenários iguais em termos de gravidade, visto que existe infidelidade em ambas as situações, num caso reiterada (12), noutro pontual (1), mas igualmente grave. Cenário 2 Vs. Cenário 11: A maioria dos entrevistados considera que o cenário 2 é menos grave do que o cenário 11, visto que no cenário 11 há reciprocidade e cumplicidade que é partilhada com terceira pessoa que não o parceiro amoroso fixo. Uma das entrevistadas entende que há infidelidade em igual grau em ambos os cenários, sob uma perspectiva de cumplicidade partilhada. Cenário 11 Vs. Cenário 12: Todos os entrevistados foram unânimes em considerar que o cenário 11 é menos grave do que o cenário 12, usando como critério para tal entendimento o carácter reiterado da infidelidade do cenário 12. Cenário 12 Vs. Cenário 13: Todos os entrevistados foram unânimes me considerar ambos os cenários de igual gravidade, e de gravidade máxima em termos de infidelidade, visto que há manutenção de relações sexuais com terceiras pessoas, em relação aos respectivos parceiros amorosos. Cenário 5 Vs. Cenário 8: Dois homens e duas mulheres consideram que os cenários são de igual grau de gravidade, em termos de infidelidade, usando como critério para tal apreciação o facto de serem situações sociais banais. Um homem e duas mulheres atribuem uma valoração negativa ao facto de ter ocorrido ocultação do jantar ao parceiro no cenário 8, o que pode indiciar esconder-se alguma coisa, ou o receio de deixar transparecer algo de errado perante o parceiro. 10    4. Discussão e conclusões: Após a apresentação dos resultados na secção anterior deste trabalho, iremos agora proceder à respectiva discussão, e serão extraídas quando aos dados as pertinentes conclusões. O presente estudo pretende ser um contributo para alargar as reflexões e considerações teóricas e práticas sobre a temática da infidelidade e quanto à forma como a mesma é pensada e encarada pela visão cultural e social da realidade Portuguesa. O principal objectivo é aferir quais os critérios que estão subjacentes ao conceito de infidelidade na sociedade Portuguesa, e quais os factores susceptíveis de influenciar a variabilidade de tais critérios, e a sua orientação para uma visão ampla ou mais restrita quanto à noção base de infidelidade. Ora tendo presentes os elementos colhidos nas entrevistas realizadas a uma amostra de sete indivíduos ( três homens e quatro mulheres) com idades compreendidas entre os 21 e os 72 anos (o que permitiu abarcar diferentes gerações), foi possível concluir quais os critérios que levam a considerar ou não uma dada situação como inferioridade, bem como a estabelecer destrinça de grau entre várias situações que são tidas como infidelidade. Com vista a categorizar e organizar os critérios que detectámos no decurso do nosso estudo, foi feita a opção metodológica de inserir os mesmos numa tabela que os divide em dois grupos: um dos grupos, que apelidámos de: critérios de atenuação de gravidade e critérios de agravamento, tendo como ponto de referência o conceito base em estudo – a infidelidade. 11    Critérios de apreciação de infidelidade Critérios de atenuação da gravidade: - pontualidade/ocasionalidade - ausência de contacto físico e/ou sexual - mero convívio social - cumplicidade sem contexto amoroso - Rotina na relação fixa - Falta de apoio emocional/intimidade/cumplicidade na relação física; - Insatisfação sexual na relação fixa; - fantasia sem intenção de concretização - consentimento ou acordo com o parceiro Critérios de agravamento: - contacto físico e/ou sexual; - reiteração/habitualidade dos comportamentos; - cumplicidade amorosa/infidelidade emocional; - quebras de relação de confiança; - quebra de dever de respeito para com o parceiro; - ocultação de comportamentos para com o parceiro; Tabela 2 – Categorização de critérios de avaliação de infidelidade. Ora, atentos os critérios melhor categorizados na tabela 2, e que foram devidamente identificados a propósito de cada cenário individualmente considerado, bem como aquando da comparação proposta entre os vários cenários, denota-se que se confirma a relevância atribuída, em paridade para ambos os sexos e sem diferenças geracionais, a questões como a componente de envolvimento físico e/ou sexual com terceira pessoa, sendo também de apontar especial destaque à dita infidelidade emocional, sempre que se detectam situações de intimidade, cumplicidade para com terceiras pessoas que não os parceiros amorosos fixos, e sendo tal facto relevado negativamente ainda que não seja acompanhado de qualquer componente de concretização física. 12    Cabe ainda frisar, em sede de análise e conclusões acerca dos resultados do estudo promovido, que na sua maioria, os inquiridos não afastam a gravidade dos factos narrados tendo em conta o sexo daquele que incorre em comportamentos de infidelidade, o que demonstra uma evolução cultural na sociedade Portuguesa, sendo esta patriarcal e tendo revelado no passado, juízos negativos de valoração de comportamentos deste âmbito essencialmente se os mesmos ocorriam no universo feminino. Outro sinal dos tempos, em termos evolutivos ao nível sócio-cultural prende-se com o facto de ser considerado igualmente grave o comportamento de infidelidade com terceiras pessoas de sexo diferente ou do mesmo sexo. Quanto às limitações encontradas no presente estudo, cabe-nos frisar a dimensão reduzida da amostra de inquiridos, que poderá não ter a representatividade pretendida, muito embora tenhamos tido a preocupação de seleccionar pessoas de ambos os sexos e de distintas gerações. Cremos que o facto ser realizada apenas uma análise qualitativa poderá ser insuficiente para abarcar o fenómeno em toda a sua complexidade, pelo que se deixa à consideração de futuros investigadores a utilização do chamado método misto de investigação científica, o qual consiste na opção por um estudo alargado que engloba no mesmo trabalho cientifico as componentes quantitativa e qualitativa, sendo estas consideradas não opostas ( como seriam numa visão mais clássica de métodos de pesquisa científica), mas sim complementares. O método misto de investigação corresponde a uma opção metodológica cientifica relativamente recente, ao nível da sua sistematização e formalização (Christensen, L. B.; Johnson, R. B. & Turner, L.A. 2010). 13    Referências bibliográficas Alvarez, M. J.& Nogueira, J. (2008). Definições Sexuais de estudantes universitários. Psicologia, Vol. XXII (1), Lisboa: Edições Colibri, 59-76. Bell, J.(2008). Como realizar um projecto de investigação. Lisboa: Gradiva. Christensen, L. B.; Johnson, R. B. & Turner, L.(2010). Research Methods, Design, and Analysis. International Edition. Boston: Pearson Education, Inc. Publishing as Allyn & Bacon. Drigotas, S. M. & Barta, W. (2001). The cheating heart: Scientific explorations of infidelity. Current Directions in Psychological Science, 10, 177-180. Previti, D., & Amato, P.R. (2004). Is infidelity a cause or consequence of poor marital quality? Journal of Social and Personal Relationships, 21, 217-230. 14