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Trabalho De Psicologia

A adequação do ensino às características individuais dos alunos

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA CURSO DE MATEMÁTICA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Alunos: Ana Laíde Videira Yamana Dimas Francisco Vargem Zanon Luciana Francisca de Barros Luciana Sayuri Fugita Luíza Gonçalves Falcato Professor Ms.: Pedro Zille Dutra A adequação do ensino às características individuais dos alunos Sorocaba/SP 30/09/2009 A adequação do ensino às características individuais dos alunos Sumário Tema Página A adequação do ensino às características individuais dos alunos ......................... 2 Estratégias educativas de resposta às diferenças individuais ......................................................2 As pesquisas ATI ..........................................................................................................................5 O projeto Head Start .....................................................................................................................6 A resposta à diversidade de capacidades, de interesses e de motivações na escola como um eixo da qualidade do ensino a partir de uma perspectiva construtivista .......................................7 As diferenças individuais no estado inicial dos alunos diante da aprendizagem ..........................8 A opção para um currículo aberto e ao ensino como uma tarefa de conservação constante e atuação diferenciada .................................................................................................................. 10 O que as adaptações curriculares, a opcionalidade e a diversificação curricular comportam? . 11 Curiosidades ............................................................................................................... 13 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 14 Sites consultados ....................................................................................................... 14 Psicologia da Educação 1 A adequação do ensino às características individuais dos alunos A adequação do ensino às características individuais dos alunos Estratégias educativas de resposta às diferenças individuais A análise das características individuais do aluno e a sua relação com a aprendizagem1 escolar constituem um dos temas fundamentais na psicologia do ensino. O objetivo dessa análise é de primeiro apresentar e discutir algumas estratégias gerais da resposta às diferenças individuais dos alunos que os diferentes sistemas educativos adotaram ao longo da história. Tais estratégias são analisadas a partir das diferentes concepções sobre a natureza e a origem das diferenças individuais, o que leva a destacar idéias baseadas na adaptação das formas e dos métodos de ensino e no ensino adaptativo como o mais adequado de acordo com a concepção interacionista2 das diferenças individuais que se adotou. A partir dessa tomada de posição, é possível analisar algumas das linhas de pesquisa e de aprofundamento teórico e empírico que desenvolvem essa estratégia com o fim de ajudar a colocá-las em prática. Assim, são consideradas em primeiro lugar as proposições das denominadas pesquisas ATI, centradas precisamente na pesquisa e interações entre características dos alunos e tratamentos ou métodos educativos. A valorização dos resultados dessas pesquisas leva a postular a importância de dispor de algum tipo de teoria do ensino que possa guiar conceitualmente a pesquisa para respostas básicas às questões sobre as características individuais dos alunos. Seguindo a análise feita por Cronbach (1967) e Glaser (1977), cinco estratégias são utilizadas para o tratamento educativo das diferenças individuais dos alunos: 1. Estratégia seletiva: parte da premissa de que o aluno avance ou progrida no sistema educativo até o nível que as suas capacidades permitam e que abandone                                                              1 a.pren.di.za.gem: sf (aprendiz+agem) 1 Ação de aprender qualquer ofício, arte ou ciência. 2 O tempo gasto para aprender uma arte ou ofício. 3 Psicol Denominação geral dada a    mudanças permanentes de comportamento como resultado de treino ou experiência anterior; processo pelo qual se adquirem essas mudanças. Var: aprendizado.  2 Surge como uma alternativa para promover ambientes interativos de qualidade que promovam o diálogo efetivo entre alunos e professores, a interação social e a colaboração.     Representada  por  cognitivistas  como  J.  Piaget,  o  professor  torna‐se  o  mediador,  o  “desequilibrador”  de  todo  o  processo  de  aprendizagem;  provocando  conflitos  e  situações  problemáticas que estimulem a reversibilidade de pensamento e que levem ao educando a questionar sua ação, com também de “regulador”, mediando às inter‐relações dos  alunos, dando ênfase a procedimentos democráticos e lúdicos. O aluno será o interagente. O conhecimento resultará da ação do aluno sobre a realidade e desta sobre ele. “A  criança como o adulto, só executa alguma ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sempre sobre a forma de uma  necessidade (uma necessidade elementar ou um interesse, uma pergunta, etc) [...] a visão de um mesmo objeto suscitará diferentes perguntas em uma criança ainda incapaz de    classificação e em uma maior, cujas idéias são mais amplas e mais sistemáticas. Os interesses de uma criança dependem, portanto, a cada momento do conjunto de suas noções  adquiridas e de suas disposições afetivas, já que estas tendem a completá‐las em sentido de melhor equilíbrio” (PIAGET, 1995, p.14). Psicologia da Educação   2 A adequação do ensino às características individuais dos alunos quando estas não forem suficientes ou adequadas para continuar. O sistema educativo tem alguns objetivos, conteúdos e métodos de ensino3 fixos e comuns para todos os alunos. Enquanto alguns alunos têm capacidade para alcançar esses objetivos e aprender os conteúdos mediante os métodos utilizados, outros não as têm, ou somente tem até certo nível de complexidade. Podemos citar, como exemplo, em um determinado momento e de acordo com os resultados obtidos em etapas anteriores da escolaridade, induzem os alunos até certas vertentes ou vias de ensino, impedindo-os ou desaconselhando-os ao acesso de outras; como também, as provas ou exames de grau para dar continuidade ao sistema educativo. Estratégias educativas de respostas às diferenças individuais tem como objetivo a questão da adequação do ensino às características individuais dos alunos, não se trata somente de descrever e de tentar explicar as relações entre diferenças individuais e aprendizagem escolar, mas fundamentalmente de contribuir ao delineamento e ao desenvolvimento dos contextos e das formas de ensino que levam em conta as características dos alunos que dele participam. 2. Estratégia de adaptação dos objetivos: Compartilha com a ideia de que nem todos os alunos reúnem as capacidades necessárias para chegar a determinados níveis de aprendizagem e relação ao conjunto de objetivos e conteúdos do sistema educativo. A educação não pode achar que todos os alunos realizem as mesmas aprendizagens, propõe-se estruturar os sistemas educativos de maneira que incluam diversas vias ou itinerários acadêmicos possíveis, que conduzam a finalidade e objetivos diferentes e aos quais os alunos se inscrevam de acordo com as suas capacidades, ou seja, com os seus interesses. Essa estratégia apóia-se também em uma visão fortemente estática das características individuais. As decisões que o aluno é obrigado a tomar ou os caminhos educativos aos quais o dirigem o condicionarão decisivamente à futura inserção profissional e social e terão consequências diretas sobre o seu “status” potencial, sob o ponto de vista sócio-econômico e cultural É importante que esses critérios básicos sejam aplicados na história escolar do aluno o menos tardiamente possível e que estejam apoiados em um sistema adequado de orientação escolar e profissional, inseridos no mesmo sistema educativo.                                                              3 en.si.no: sm (der regressiva de ensinar) 1 Ação ou efeito de ensinar. 2 Forma sistemática normal de transmitir conhecimentos, particularmente em escolas. 3 Um dos principais    aspectos, ou meios, de educação: Quem dá o pão dá o ensino. 4 Castigo. Var: ensinança. Psicologia da Educação 3 A adequação do ensino às características individuais dos alunos 3. Estratégia temporal: Apresenta a ideia de que há um conjunto e conhecimentos que todo membro de uma sociedade deve adquirir e, portanto, o sistema educativo deve possibilitar aos alunos o tempo necessário para aprender esses conhecimentos. Entende-se que essa estratégia tem como principal objetivo trabalhar com as características individuais dos alunos através da diferença de ritmo em que cada um aprende. 4. Estratégia de neutralização ou compensação: relaciona-se com a consideração utilizada na estratégia temporal, na qual que o que importa para a aprendizagem não é a quantidade de tempo e sim a qualidade deste. Aplicando a grupos específicos de alunos. Dependendo das características do seu contexto social e cultural, os alunos podem ver as suas possibilidades de aprendizagem no sistema escolar diminuídas. A ideia central dessa estratégia é tentar neutralizar ou compensar com tratamentos educativos específicos antes do inicio da aprendizagem ou complementar a ela com a intenção de que todos os alunos cheguem a alcançar algumas aprendizagens e alguns objetivos escolares comuns. Ela pode ser ajustada a uma concepção interacionista das diferenças individuais, assumindo que tais diferenças possam modificar-se de acordo com determinadas características específicas da experiência educativa e das pessoas. Essa concepção surge como uma alternativa para promover ambientes interativos de qualidade que garantam o diálogo efetivo entre alunos e professores e que haja interação social e a colaboração. Esse trabalho de neutralizar ou compensar é desenvolvido com apenas alguns grupos de alunos. Sendo entendido como um tratamento educativo paralelo e/ou adicional. Mas se esse fosse desenvolvido com todos os alunos, não requereria adaptações, pois também traria bons resultados. 5. Estratégia de adaptação dos métodos de ensino: similar à anterior, porém, sugere que a adaptação e a flexibilidade dos tratamentos educativos sejam estendidas a todos os alunos de forma sistêmica. Considera que só é possível uma ação educativa otimizada levando-se em conta as características individuais dos alunos. Assim, entende-se que se trata de uma aproximação máxima possível de ajustamento entre as características individuais de todos os alunos e as formas e os métodos de ensino, na qual deve ser feita de modo generalizado na atuação educativa comum com todo o conjunto de alunos. Esses ajustamentos são decididos pelo professor a cada instante, durante o processo de ensino e aprendizagem, buscando sempre adaptar-se às características dos alunos nestes instantes. Psicologia da Educação 4 A adequação do ensino às características individuais dos alunos Conforme Corno e Snow (1986) apud Coll (2000), existem dois níveis de adaptação: a macroadaptação, com decisões no nível do delineamento, e a microadaptação, com decisões durante o processo. É importante ressaltar que estes dois níveis de adaptação estão diretamente relacionados e interdependentes, ou seja, para ser possível a microadaptação, deve ter sido deixado uma margem de manobra na macroadaptação (planejamento e delineamento), para uma macroadaptação consistente e assertiva é importante prever-se possíveis necessidades de microadaptação e deixar espaços para elas; exigindo muito conhecimento, dedicação e habilidade do professor. Tal estratégia fundamentaria o que ficou conhecido como ensino adaptativo, ou seja, uma metodologia com estratégias alternativas flexíveis de acordo com as características individuais dos alunos, mantendo sempre a referência em alguns objetivos e aprendizagens comuns a todos os alunos. A estratégia de adaptação dos métodos de ensino e o ensino adaptativo respondem a uma concepção interacionista das diferenças individuais, na qual se observa as características dos alunos nem as propostas educativas se mantém rigidamente, apesar de algumas metas gerais estabelecidas para todos os alunos. A concepção dos tratamentos educativos e das características dos alunos ocorre com a interação entre esses parâmetros, no processo de ensino e aprendizagem. As pesquisas ATI ATI (Aptitude Treatment Interaction) tem como objetivo geral analisar as possíveis correlações entre determinadas características dos alunos e os seus respectivos níveis de rendimento escolar. Trata-se de tentar determinar, de maneira experimental, quais são os tratamentos educativos mais adequados para alunos com certos tipos de aptidões/habilidades. O resultado mais importante e melhor estabelecido dessas pesquisas é a interação entre habilidade cognitiva geral e grau de estruturação do tratamento educativo. De acordo com os resultados, os tratamentos educativos com um elevado grau de estruturação mostram-se mais eficazes aos alunos com baixo nível cognitivo, e são ineficazes, quando aplicados a alunos comum nível cognitivo elevado. Para estes alunos, o ideal são os métodos de ensino menos controlados e estruturados nos quais eles podem atuar de maneira independente. Para ajudar de modo decisivo a identificar as características individuais dos alunos, é preciso considerar desde o ponto de vista da análise e do delineamento das situações educativas escolares, por meio de quais processos ou mecanismos eles influem na aprendizagem, como também, até que ponto e de que maneira modulam o Psicologia da Educação 5 A adequação do ensino às características individuais dos alunos seu rendimento. Uma importância primordial na pesquisa e no delineamento para a elaboração de propostas concretas de macroadaptação e microadaptação, está em situar o problema das relações entre aptidões dos alunos e os tratamentos educativos. O projeto Head Start O projeto Head Start, desenvolvido nos Estados Unidos na década de 60, tinha como objetivo principal intervir no “ciclo da pobreza”, em um momento da vida das crianças – nos anos pré-escolares – considerado de especial importância para proporcionar-lhes experiências de aprendizagem que pudessem não ter tido no seu contexto habitual, no qual a escola constituísse um recurso básico para a inserção adequada e o êxito social, que as condições ambientais da maioria dos lares pobre não eram suficientes para preparar as crianças para o sucesso escolar e que uma assistência especial e específica nos anos pré-escolares poderia permitir o sucesso escolar das crianças desses lares e com isso, êxito social posterior. Proposto como um programa de férias acabou configurando-se como um programa de educação préescolar de aproximadamente um ano, que implicava a participação dos pais e de diversos setores da comunidade. Os primeiros informes foram altamente favoráveis, pois mostravam em determinados testes-padrão as melhoras das crianças que participavam do programa, como também mudanças positivas na implicação dos pais na vida escolar de seus filhos. Mais tarde, apareceram informes que questionavam a efetividade do programa, como por exemplo, o informe Westinghouse o qual concluía que “quando o programa do ano letivo termina, o resultado parece uma educação compensatória mais efetiva que o programa de verão, por isso os benefícios não podem ser descritos como satisfatórios” (WLC,1969, p.11). Informes posteriores, ao contrário, voltaram a mostrar os benefícios do programa, a curto e médio prazo, em medidas de rendimentos em testes de inteligência, rendimento escolar ou nível de aspiração profissional (Royce, Darlington e Murray, 1983). Hoje, este projeto ainda existe e muitas escolas americanas usam este tipo de programa. Psicologia da Educação 6 A adequação do ensino às características individuais dos alunos A resposta à diversidade de capacidades, de interesses e de motivações na escola como um eixo da qualidade do ensino a partir de uma perspectiva construtivista A questão da adaptação das formas e dos métodos de ensino para as características individuais dos alunos pode ser relevante do ponto de vista teórico, mas irrelevante do ponto de vista prático. Há duas razões, estreitamente relacionadas, que nos mostra que essa questão não é relevante. A primeira razão observa os elementos e os fatores básicos que é preciso considerar para analisar e compreender algumas situações e quais são as relações e influências básicas entre os elementos e os fatores responsáveis pela aprendizagem dos alunos. Desta forma, foi criado um “objeto-modelo” e um “modelo teórico”. Esses modelos podem ajudar a estruturar de modo decisivo as diferentes características individuais destacando relações entre elas que sejam diretamente pertinentes em relação ao processo de ensino e de aprendizagem. A segunda razão tem a ver com o caráter, em grande parte, “prescritivo” e de “orientação” da prática das teorias do ensino. Esse caráter coloca o problema entre aptidões dos alunos e tratamentos educativos, de uma teoria do ensino, seja uma preocupação para a elaboração e para a validação de propostas de adaptação o mais generalizável e correta possíveis. Essas propostas devem considerar as condições habituais em que realizam os processos de ensino e de aprendizagem escolar, precisam ser sensíveis à variedade de contextos e de situações que ocorrem esses processos e que tratam de concretizar-se em critérios e delineamentos de atuação prática aplicáveis sob essas condições e em diversos contextos e situações. Elaborar uma proposta concreta de macroadaptação e microadaptação do ensino nos contextos e nas situações reais em que a prática educativa habitual se desenvolve possui uma importância muito grande, pois entender e situar o problema das relações entre aptidões dos alunos e tratamentos educativos, no marco de uma teoria de ensino, não é fácil, por isso apresentaram a estratégia da adaptação dos métodos de ensino. Agora, será ilustrado tais considerações apresentando algumas das implicações sobre a relação entre as características individuais e aprendizagem escolar. Um quadro global psicológico de referência para a educação escolar pode ser montado a partir de uma concepção construtivista de aprendizagem escolar e de ensino, considerando a adaptação do ensino a essas características individuais. Psicologia da Educação 7 A adequação do ensino às características individuais dos alunos 1. Partindo dessa concepção, precisamos fazer referências à possibilidade de ordenar as características individuais do aluno e dizer onde essa característica influência na aprendizagem escolar. 2. Também precisamos fazer referências a algumas propostas na perspectiva dos processos de macroadaptação e de microadaptação do ensino. 3. Por fim, mostraremos a importância da atenção à diversidade dos alunos no delineamento e no desenvolvimento do ensino. As diferenças individuais no estado inicial dos alunos diante da aprendizagem Como afirma COLL (2000, p.117), a concepção construtivista enxerga a aprendizagem escolar como um processo complexo de construção de significados sobre diferentes parcelas da realidade e de atribuição de sentido ao conteúdo da aprendizagem e ao próprio fato de aprender. Dois fatores importantes a serem destacados no processo de ensino e aprendizagem são as formas e métodos utilizados nesse processo e a bagagem que o aluno traz previamente a esse processo. Quanto à bagagem do aluno, a concepção construtivista identifica pelo menos três tipos de elementos básicos: certas capacidades e habilidades gerais para realizar a aprendizagem; conhecimentos prévios sobre o tema a ser aprendido; e a disposição para a aprendizagem do tema. Estes pontos são objeto de pesquisa psicológica, na tentativa de ordenar e mapear as características individuais dos alunos e verificar suas influências no processo de ensino e aprendizagem. Quanto às capacidades e habilidades gerais para a realização da aprendizagem, a concepção construtivista ressalta a importância da percepção tanto de capacidades cognitivas ou intelectuais, quanto de todo um conjunto de capacidades, como as de caráter motor, de equilíbrio pessoal ou de relação com outras pessoas. A concepção construtivista destaca a possibilidade da realização da aprendizagem com diversos instrumentos, como a linguagem oral e escrita, o código matemático ou a representação gráfica, as habilidades como sublinhar, anotar pontos ou resumir as estratégias cognitivas (coleta, tratamento e comunicação da informação) ou estratégias metacognitivas (seleção e planejamento dos melhores recursos para empreender a aprendizagem). Psicologia da Educação 8 A adequação do ensino às características individuais dos alunos Quanto aos conhecimentos prévios dos alunos, deve-se observar alguns pontos importantes: quais desses conhecimentos são mais relevantes no empreendimento de uma determinada aprendizagem; como explorar esses conhecimentos prévios; o que fazer quando se constata que tais conhecimentos são insuficientes ou inadequados. Quanto à disposição dos alunos para a aprendizagem de um determinado tema, observa-se que a motivação dos alunos parte de questões básicas, como o por quê e para que aprender, ou seja, a busca de um “sentido” para isso. Para a concepção construtivista, o sentido e a disposição para a aprendizagem dependem de uma complexa rede de elementos pessoais e relações interpessoais que integra fenômenos cognitivos e emocionais como a motivação, o autoconceito, as expectativas e as atribuições próprias e cruzadas entre professor e aluno. A possibilidade de situar as diferentes características e dimensões diferenciais dos alunos em relação à aprendizagem sob uma estrutura conceitual, ainda tem uma conseqüência adicional, evidenciando determinadas fontes de diferenças ou características individuais dos alunos que nem sempre são consideradas suficientes na pesquisa psicológica mais clássica, e que, ao contrário, contribuem de maneira decisiva ao estado inicial do aluno. As experiências associadas à identidade cultural e de gênero ocupam, sem dúvida, um lugar primordial. O fato de pertencer a um ou outro grupo ou subgrupo cultural, ou de haver recebido um tipo particular de socialização diferencial associada ao sexo, afetará de maneira decisiva a dimensão relativa aos conhecimentos prévios a partir dos quais os alunos enfrentam os processos de ensino e de aprendizagem dos diferentes conteúdos escolares, em particular, ou em certos tipos de capacidades, de instrumentos, de habilidades e de estratégias necessárias para tal aprendizagem. Tais estudos mostram que crianças de diferentes grupos culturais apresentam maneiras diferentes de utilizar a linguagem oral como instrumento de interação social e de aprendizagem. Em um caso particular, estudiosos descobriram que a participação e a aprendizagem de crianças aborígenas polinésias do Hawaí nas aulas de leitura aumentavam de maneira significativa quando se incorporavam à dinâmica comunicativa da aula determinadas formas de interação mais próprias a formas de discurso oral, típicos da sua cultura de origem. Psicologia da Educação 9 A adequação do ensino às características individuais dos alunos A opção para um currículo aberto e ao ensino como uma tarefa de conservação constante e atuação diferenciada Colocar em prática uma estratégia de adaptação dos métodos de ensino como uma resposta educativa às diferenças individuais requer a concretização de processos de macroadaptação como de microadaptação do ensino. Em relação à macroadaptação, o exemplo mais claro sobre isso pode ser encontrado nas implicações da concepção construtivista a partir do ponto de vista do delineamento do currículo escolar. Tais implicações são amplamente difusas e discutidas por terem originado algumas das características distintivas do modelo curricular adotado na atual reforma em andamento no nosso sistema educativo, esse modelo curricular assume, como um processo de construção realizado pelos alunos e a partir da conceituação do estado inicial dos alunos, como as capacidades de tipos diversos,conhecimentos prévios, interesses, motivações, estilos e ritmos de aprendizagem, bem como bagagens de experiência social e cultural dos alunos como elementos básicos aos quais a determinação do currículo e o delineamento do ensino devem adaptar-se. O modelo propõe como instrumentos curriculares básicos para adaptar-se àqueles elementos a opção por um modelo curricular aberto, e a inclusão, no currículo, de um certo número de medidas comuns de atenção à diversidade dos alunos. Um modelo de currículo fechado. Objetivos, conteúdos, atividades de ensino e de aprendizagem, atividades de avaliação, critérios de avaliação, etc. – estejam completamente fixados e predeterminados com independência dos alunos e o seu processo concreto de aprendizagem dificilmente poderá, de fato, dar uma resposta educativa adequada à diversidade. A escolha de um modelo aberto, tem como uma conseqüência necessariamente a passagem de boa parte a responsabilidade relativa à tomada de decisões sobre o que, quando e como ensinar e avaliar para as instâncias que conhecem mais diretamente – e melhor podem avaliar e considerar as características peculiares dos diferentes grupos de alunos. Psicologia da Educação 10 A adequação do ensino às características individuais dos alunos O que as adaptações curriculares, a opcionalidade e a diversificação curricular comportam? As adaptações curriculares são modificações mais ou menos significativas no currículo de um aluno ou de um grupo de alunos feitas de acordo com o estado inicial em que o aluno ou os alunos estão na aprendizagem de determinados conteúdos, essas adaptações costumam implicar a priorização e/ou reordenação de determinados aspectos do currículo do aluno, que são postos em andamento como um critério geral, começando pelos elementos que impliquem um menor grau de modificação, como por exemplo, determinadas modificações nas atividades de ensino e de aprendizagem ou nas formas de organização da aprendizagem em sala de aula. A diversidade curricular, comporta a possibilidade de uma reestruturação ampla do currículo de determinados alunos, incluindo a reorganização de algumas áreas adicionais da aprendizagem, sempre com o objetivo principal de que o aluno possa alcançar os objetivos gerais da etapa. O ponto que é preciso destacar é que essas medidas são entendidas como medidas habituais de atenção à diversidade, isto é, medidas dirigidas, em princípio, a todos os alunos e que fazem parte dos recursos habituais de planejamento do ensino de que as escolas e os professores dispõem. São entendidas como medidas de flexibilidade que não implicam modificações nos objetivos ou nas finalidades principais da escolaridade obrigatória. Na concepção construtivista, destaca-se que esse processo de observação e de acompanhamento – de ‘’avaliação formativa’’, em certo sentido – corresponde-se , nas situações mais eficazes de ensino, com uma atuação e uma resposta diferenciada por parte do professor, no sentido de ir modificando as suas formas de ajuda e suporte a partir do que vai observando na aprendizagem dos alunos e da dinâmica da situação (Coll e Solé, 1989). A adaptação de formas de ajuda como um eixo da qualidade de ensino facilita uma compreensão conceitual mais articulada e fundamentada das relações entre características individuais e aprendizagem escolar, pois ajuda na pesquisa de respostas aplicadas às diversas dúvidas sobre o que adaptar no ensino. O problema de adaptar o ensino à diversidade dos alunos transforma-se em uma questão absolutamente central, tanto de modo conceitual como na prática de ensino. Ensinar de maneira eficaz é, na realidade, ensinar de maneira ajustada às Psicologia da Educação 11 A adequação do ensino às características individuais dos alunos características individuais dos alunos, e o problema da resposta à diversidade é, sem dúvida, o próprio problema do ensino, ou seja, a qualidade do ensino. Em suma, a partir da concepção construtivista, o elemento fundamental que define a qualidade do ensino é a capacidade de atender à diversidade dos alunos. Afirma-se, então, que a adaptação dos diferentes métodos de ensino e o ensino adaptativo compõem uma estratégia geral, respondendo à diversidade de alunos com a qual o professor se depara. Para o sucesso de uma estratégia geral a ser adotada, é necessário que o professor disponha de informações confiáveis sobre as características individuais dos alunos e dos grupos de alunos, bem como tenha conhecimento sobre quais das estratégias para o tratamento educativo se adequam melhor a tais características em cada momento. Psicologia da Educação 12 A adequação do ensino às características individuais dos alunos Curiosidades School - a palavra school, obviamente ligada à palavra 'escola' do português, tem sua origem mais próxima no latim clássico schola, que por sua vez originou-se do grego skhole, que significava 'lazer'. Se para os gregos que viveram um século antes de Cristo, busca de conhecimento era lazer, parece uma ironia do destino que muitas escolas hoje representam um verdadeiro tormento a seus jovens freqüentadores. Processo cognitivo é a realização das funções estruturais da representação (idéia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa) ligadas a um saber referente a um dado objeto. Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos e lembranças, com o processo mental que consiste em escolher ou isolar um determinado aspecto de um estado de coisas relativamente complexas, a fim de simplificar a sua avaliação, classificação ou para permitir a comunicação do mesmo através da abstração. Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que um organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)". O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante. A letra grega Ψ ("psi"), símbolo da Psicologia. Psicologia da Educação 13 A adequação do ensino às características individuais dos alunos Referências Bibliográficas: Psicologia do ensino - COLL, César; GÓMEZ ALEMANY, Isabel; MARTÍ, Eduard. Porto Alegre, RS: Artmed, 2000. Seis estudos de psicologia - PIAGET, Jean.. 24. ed., rev. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. Sites consultados: http://www.partes.com.br/educacao/interacionista.asp http://en.wikipedia.org/wiki/Head_Start http://www.earlyedcoverage.org/head_start/ http://www.unicef.org/sowc01/3-2.htm http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=aprendizagem http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=ensino http://www.sk.com.br/sk-hist.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_cognitivo   Psicologia da Educação 14