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Trab - As Antigas E As Novas Súmulas Do Tst (resolução 129-2005)

As antigas e as novas Súmulas do TST (Resolução 129-2005)

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As antigas e as novas Súmulas do TST (Resolução 129/2005) " " "06/06/2005 " " " "Mário Gonçalves Júnior " "Demarest e Almeida Advogados " "Pós-graduado em Direito Processual Civil e Direito do Trabalho " "www.demarest.com.br " "Os Enunciados (agora também denominados Súmulas, unificando a " "linguagem dos Tribunais Superiores) e as orientações " "jurisprudenciais do Tribunal Superior do Trabalho foram " "reorganizadas, em grande parte incorporando-se muitas delas por " "afinidade temática, e, a minoria alterada, cancelada ou realocada " "(de uma Seção Especializada para outra, ou para a categoria de " "orientações transitórias). " " " "Não foi sem tempo essa faxina. O TST certamente organiza sua " "bibliografia jurisprudencial tendo em conta a infinidade de outros " "assuntos polêmicos, trazidos à competência material da Justiça do " "Trabalho pela Emenda Constitucional 45/04, que reclamarão também " "espaço em novas edições sumulares. " " " "Para os operadores do Direito, ainda que a maioria desses antigos " "entendimentos pretorianos tenha sido mantida na essência, mesmo a " "realocação numérica das súmulas não deve ser tratada como algo sem " "conseqüências processuais. Deverão ser observadas as novas sedes " "sumulares, principalmente nos recursos especiais trabalhistas, quais" "sejam os de revista e de embargos à SDI motivados por divergência " "jurisprudencial (alíneas "a" do art. 896 e "b" do art. 894 da CLT, " "respectivamente). " " " "Com efeito, a julgar pelo extremado formalismo com que às vezes são " "julgados tais recursos no TST, indicar o número de antigo Enunciado " "em lugar da nova Súmula, ainda que ambos tenham a mesma redação, " "representa risco de não conhecimento do recurso especial " "trabalhista. Isto porque, segundo a orientação jurisprudencial 219 " "da SDI-1, "é válida, para efeito de conhecimento do recurso de " "revista ou de embargos, a invocação de Orientação Jurisprudencial do" "Tribunal Superior do Trabalho, desde que, das razões recursais, " "conste o número ou seu conteúdo". Como se vê, não se exige a " "transcrição do conteúdo da OJ, podendo a parte apenas indicar o seu " "número, o que poderá se tornar armadilha para desatentos. Num " "passado recente, quem milita na Justiça do Trabalho certamente ainda" "não esqueceu, por exemplo, o desconhecimento de agravos de " "instrumento pelo TST por não considerar suficientes certidões de " "autenticidade (do traslado) procedidas por alguns Tribunais " "Regionais. Portanto, toda cautela é pouca neste período de " "transição. " " " "Pois bem. Como se dizia, o que mais se fez na Resolução 129/2005 foi" "agrupar antigos Enunciados e orientações jurisprudenciais que " "versavam sobre diferentes enfoques do mesmo tema. Um bom exemplo " "disto é a nova Súmula número 06, gerada a partir da aglutinação dos " "antigos Enunciados 22, 68, 111, 120, 135 e 274 e das orientações " "jurisprudenciais 252, 298 e 328 da SDI-1, cuja atração foi provocada" "pelo fato de todas versarem sobre aspectos da equiparação salarial. " "Outros exemplos de aglutinação são a nova Súmula 102, que congrega " "vários Enunciados (166, 204 e 232) e orientações jurisprudenciais " "(15, 222 e 288 da SDI-1) sobre cargo de confiança bancário, e a " "Súmula 90 congregando todas as Súmulas (324 e 325) e OJ's (50 e 236)" "sobre horas "in itinere". Forçoso reconhecer que essa reunião de " "verbetes tendo por critério a coincidência temática tornará a " "pesquisa jurisprudencial mais econômica e eficiente. " " " "É bem verdade que será necessário recuperar a intimidade " "jurisprudencial diante da nova formatação sumular do TST - porque é " "disto que trata grosso modo a Resolução 129/2005 -, o que depende " "mais de tempo do que reflexão. Já assimilar os verbetes alterados e " "compreender os seus motivos, mesmo que representem a minoria do " "universo tomado pela Resolução 129/2005, cobrará maior fôlego dos " "intérpretes, desaconselhando desbravamento imediato. Vejamos, pois, " "à cata, algumas dessas alterações, as que, numa primeira abordagem, " "chamou-nos a atenção. " " " "A Súmula 14 inovou em relação ao antigo Enunciado do mesmo número, " "passando-se a entender que a rescisão contratual por culpa recíproca" "rende ao trabalhador o direito a 50% do aviso prévio, do 13o. " "salário e das férias proporcionais. Na redação anterior, recusava-se" "tais direitos ao empregado. " " " "A Súmula 16 passou a dispor no sentido de que se presume recebida a " "notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua "postagem". A " "redação original do Enunciado do mesmo número contava as 48 horas da" ""regular expedição". Alteração meramente semântica, para suprimir " "redundância (se é presumível o recebimento da notificação, salvo " "prova em contrário, para a presunção basta a mera postagem, " "exigindo-se prova de irregular expedição quando a parte alegar que " "não recebeu a notificação). " " " "A Súmula 17 trouxe importante novidade em relação à base de cálculo " "do adicional de insalubridade. Como se sabe, o Supremo Tribunal " "Federal já havia decidido não ser possível fixar o valor do " "adicional de insalubridade com apoio no salário mínimo, por vedação " "constitucional. Mas a Suprema Corte deixou para as instâncias " "Trabalhistas definir, à luz da legislação infraconstitucional, qual " "a base de cálculo da insalubridade que tomaria o seu lugar. O TST " "agora elegeu o salário profissional, porém apenas quando o empregado" "o percebe por força de lei, convenção coletiva ou sentença " "normativa. Permanece lacunosa a questão nos casos em que o empregado" "não perceber salário profissional, embora esta seja uma situação " "difícil de se verificar na prática. " " " "A Súmula 18 foi inexplicavelmente mantida, restringindo a " "compensação, na Justiça do trabalho, a dívidas de natureza " "trabalhista. Considerando que a competência material da Justiça do " "Trabalho foi ampliada, a redação dessa Súmula deveria ter sido " "revista, afinal o artigo 767 da CLT, que deu margem a esse " "entendimento jurisprudencial, aplica-se apenas à relações de " "emprego. Quanto às demais lides acometidas à Justiça do Trabalho " "pela Emenda Constitucional 45/04, a aplicação do artigo 767 da CLT " "não tem sentido, devendo-se socorrer ao regramento pertinente do " "direito comum. " " " "A redação da Súmula 28 foi discretamente alterada em relação ao " "antigo Enunciado 28. A indenização dobrada, resultante da conversão " "da reintegração ao valor dos salários, é assegurada até a data da " ""primeira decisão que determinou essa conversão". Na redação " "original, falava-se na data da "sentença constitutiva que põe fim ao" "contrato". A depuração técnica é evidente. Considerando que há três " "graus de jurisdição trabalhista (Varas, TRT e TST), pode acontecer " "de a procedência decretada na origem, ser reformada em recurso " "ordinário e restabelecida em recurso de revista, por exemplo. Ficou " "claro que a data que prevalece é a da primeira decisão que " "determinou a conversão. " " " "A alteração contida na Súmula 32 não é meramente semântica. O " "abandono de emprego apenas se presume se o trabalhador se ausentar " "do serviço por trinta dias após a cessação do benefício " "previdenciário sem justificativa. Na redação original do Enunciado " "32, o abandono se "configurava" com o trintídio de absenteísmo. " "Trata-se de alteração que favorece o trabalhador, que poderá provar " "em juízo que a ausência se deu motivadamente, ainda que não se tenha" "justificado perante o empregador na ocasião da rescisão contratual. " "A nosso ver, trata-se de uma opção juridicamente equivocada do TST. " "A possibilidade de justificação posterior da ausência prolongada " "deveria se restringir às hipóteses de força maior que " "comprovadamente tenha impedido o trabalhador de justificar a " "ausência antes da rescisão contratual, em homenagem aos princípios " "da boa fé, lealdade e colaboração que regem também os contratos " "individuais de trabalho, e principalmente para prestigiar o " "instituto do ato jurídico perfeito, uma vez que tal entendimento " "jurisprudencial desafia a segurança jurídica das rescisões por " "abandono de emprego. " " " "A redação do antigo Enunciado 69, na nova Súmula com o mesmo número," "foi atualizada à luz da Lei 10.272/2001, que alterou o artigo 467 da" "CLT. A chamada multa moralizadora foi reduzida ao percentual de 50%," "porém ampliando-se a sua base de incidência, do saldo salarial para " "todas as verbas rescisórias. " " " "O teor do Enunciado 73 foi depurado, preferindo-se, na Súmula também" "73, apontar que a falta grave do empregado cometida no período de " "aviso prévio retira-lhe direito apenas às verbas rescisórias de " "natureza indenizatória. Na redação original falava-se genericamente " "em "qualquer direito à indenização". " " " "A Súmula 82 ampliou a possibilidade de intervenção assistencial, " "simples ou adesiva, na Justiça do Trabalho. Na redação original " "restringia-se a intervenção de terceiros quando o interesse jurídico" "se desse "perante a Justiça onde é postulada". Com a supressão desse" "óbice, implicitamente restou reconhecido que o interesse jurídico do" "terceiro interveniente pode transbordar a lide trabalhista. " " " "A Súmula 85, que aglutina as OJs 182, 220 com o Enunciado 85, traz " "uma inovação no seu item III: "O mero não-atendimento das exigências" "legais para a compensação da jornada, inclusive quando encetada " "mediante acordo tácito, não implica repetição do pagamento das horas" "excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima" "semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional". Na versão " "original do Enunciado 85 não havia essa exceção. Assim, se " "ultrapassada a jornada semanal ordinária, serão devidos não apenas o" "adicional de horas extras, como também o pagamento do valor da hora " "básica. Aliás, convém registrar que a jurisprudência do TST tem sido" "rigorosa em relação ao limite semanal de jornada, havendo alguns " "julgados recentes negando a possibilidade de se estabelecer jornada " "em turnos ininterruptos de revezamento superiores a 36 horas " "semanais, mesmo por norma coletiva (v., a propósito, nossos estudos " ""O Justo e o Caro nas Decisões Judiciais" e, mais recentemente, "A " "Súmula Vinculante e a Blindagem da Jurisprudência", ambos " "disponíveis na internet). Nada obstante, a orientação " "jurisprudencial 169 da SDI-1 não foi alterada pela Resolução " "129/2005, porque o TST ainda não chegou a um consenso sobre essa " "questão. " " " "A Súmula 86 esclarece que a inexigibilidade de custas e depósito " "recursal em recursos da massa falida não se estende às empresas em " "liquidação extrajudicial. " " " "À Súmula 191 foi inserida exceção relativa ao adicional de " "periculosidade dos eletricitários, que deve ser pago sobre "a " "totalidade das parcelas de natureza salarial". Distanciando-se dos " "trabalhadores em geral, os eletricitários conquistaram esse " "diferencial graças à interpretação da expressão "salário que " "perceber" contida no artigo 1o. da Lei 7369/85, pois o TST a partir " "de 2001 passou a decidir que tal base de cálculo é mais ampla do que" "a geral prevista no parágrafo 1o. do artigo 193 da CLT. Curioso " "notar que, se comparados dois empregados que percebam ambos " "adicionais (de horas extras e de periculosidade), um deles " "eletricitários, o cálculo dos adicionais será diferente: o " "trabalhador eletricitário tem o adicional de periculosidade " "calculado sobre o adicional de horas extras (e demais verbas de " "natureza salarial), já o trabalhador não-eletricitário tem o " "adicional de horas extras calculado sobre o adicional de " "periculosidade (e este apenas sobre o salário-básico). Essa posição " "do TST é equivocada em nosso ver. Consideramos a jurisprudência " "anterior - que concluía pela aplicação da redação original do " "Enunciado 191 também para os eletricitários - mais acertada. Mas a " "questãoa não desafia reexame do STF, porque se trata de matéria " "regulamentada em leis infraconstitucionais. Somente se a maioria dos" "Ministros do TST mudasse de opinião é que a nova Súmula 191 seria " "novamente alterada. " " " "O segundo item inserido na nova Súmula 192, sobre competência " "originária de ações rescisórias trabalhistas também merece atenção. " "Segundo a nova Súmula, em seu item II, mesmo quando o TST, no exame " "dos pressupostos de admissibilidade de recursos de revista ou de " "embargos à SDI, decide não conhecer tais apelos, se a fundamentação " "do não-conhecimento esbarrar no mérito da causa, a "última decisão " "de mérito" a que alude a Súmula 100 será a do TST, hipótese em que a" "ação rescisória passa a ser de competência originária deste. Não há " "como esconder o paradoxo de se ter por rescindível uma decisão que, " "em sua parte dispositiva, limita-se a declarar que o recurso " "excepcional trabalhista não preenche os requisitos específicos de " "admissibilidade. Trata-se de decisão, qualquer que seja a sua " "fundamentação, meramente processual. Isto porque é a parte " "dispositiva das decisões judiciais que tem força de coisa julgada " "(material ou formal, se, respectivamente, resolve a lide ou não). A " "motivação sentencial objetiva contextualizá-la, torná-la lógica, " "compreensível (art. 93, IX, da CF/88). De qualquer sorte, a redação " "da nova Súmula 192 é aberta, genérica, impedindo que se tenha " "certeza, diante de uma decisão de não-conhecimento, se esta é " "potencialmente rescindível ou se o ataque excepcional deve se voltar" "contra a decisão anterior, do Tribunal Regional. Esse tema é de suma" "importância processual porque o biênio para a propositura de ações " "rescisórias (artigo 495 do CPC) é decadencial, não se interrompendo," "suspendendo ou prorrogando, de modo que a percepção incorreta sobre " "qual venha a ser a "última decisão de mérito" pode sepultar " "definitivamente a rescisão de decisões viciadas, com evidentes " "prejuízos para o direito de ação (rescisória). " " " "A nova Súmula 392, que retrata a competência material da Justiça do " "Trabalho para decidir pedidos de danos morais decorrentes de " ""relação de trabalho" não excepciona os danos morais decorrentes de " "acidentes de trabalho, que o Supremo Tribunal Federal vem excluindo " "da competência trabalhista mesmo depois da Emenda Constitucional " "45/04, por considerar que essas lides se enquadram na regra de " "competência do artigo 109, I, da Constituição. Apesar da posição já " "firmada pelo STF, a divergência sobre competência em indenizações " "morais derivadas de acidentes de trabalho ainda persiste em nível de" "Turmas do TST. " " " "Enfim, a extensão da Resolução 129/2005 recomenda aos profissionais " "que militam na Justiça do Trabalho releitura atenta de todos os " "novos verbetes jurisprudenciais, observando não apenas os conteúdos " "como também as novas alocações numéricas. " " " "Fonte: Escritório Online "