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Trab - Algumas Questoes De Direito Do Trabalho

ALGUMAS QUESTOES DE DIREITO DO TRABALHO

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1 - Sobre a CIPA. Analise os principais requisitos legais que determinam a formação das CIPAS nas empresas, ressaltando a importância de evitar e prevenir danos físicos ao empregado e quais os outros objetivos da CIPA. Discorra sobre a representação dos trabalhadores nas CIPA,s, os direitos destes quando são eleitos, de conformidade com a legislação constitucional e infraconstitucional. R- Conforme estabelece o quadro I da Norma Regulamentadora Nº 5 (NR-5 ), a CIPA é obrigatória nas empresas com contingenciamento acima de 19 trabalhadores, também sendo considerado o grau de risco da empresa. Para que a empresa seja produtiva é necessário um grupo saudável e comprometido, sendo necessário a preservação da saúde e a integridade física dos trabalhadores e de todos aqueles que interagem com a empresa, com isso o empregador estará minimizando os riscos de responder por danos, que possa advir em conseqüência de acidentes e solução de continuidade em seu empreendimento, com ausência de seu(s) empregado(s). O objetivo básico da CIPA é fazer com que empregadores e empregados trabalhem conjuntamente na tarefa de prevenir acidentes e melhorar a qualidade do ambiente de trabalho, sugerindo realização de cursos, treinamentos e palestras educativas, discutir os acidentes ocorridos, despertar o interesse dos empregados pela prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais, dentre outras. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, são eleitos em escrutínio secreto, do qual participam, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados. O número de membros titulares e suplentes da CIPA, dependerá do dimensionamento previsto no Quadro I da NR-5, grau de risco, considerando a ordem decrescente de votos recebidos, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos de setores econômicos específicos. O mandato dos membros eleitos da CIPA é de um ano, permitida uma reeleição. Importante frisar que não deverá faltar, em qualquer hipótese, a representação dos setores que ofereçam maior risco ou que apresentem maior número de acidentes. Os titulares da representação não poderão sofrer despedidas arbitrárias, desde o registro de suas candidaturas até um ano após o final de seu mandato. Considera-se arbitrária a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. 2 – Sobre o salário-família, avalie: a) O seu cabimento e os requisitos necessários para o direito do obreiro. O salário família é um benefício previdenciário pago ao trabalhador assalariado ou avulso, de baixa renda que possua filho menor (ou equiparado) com até 14 anos de idade ou filho inválido de qualquer idade. Requisito Básico: Ter dependentes econômicos na forma da lei. De acordo com o art. 67 da Lei n.º 8.213, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, que regulamentou a Reforma da Previdência, o pagamento do salário- família ficou condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória e de comprovação de freqüência à escola do filho ou equiparado. O trabalhador avulso, os aposentados por invalidez, os aposentados com mais de 60 anos, se mulher, e mais de 65, se homem e os beneficiários de auxílio-doença devem levar a documentação à Agência da Previdência Social onde mantém o benefício, pois nesses casos quem paga o salário-família é o INSS. Já o empregado com carteira assinada, deve apresentar os documentos na própria empresa posto que a responsabilidade pelo pagamento é da empresa, que deduz o valor quando recolhe as contribuições para a Previdência Social. Se o beneficiário não apresentar o atestado de vacinação obrigatório anualmente (até 30 de novembro) e a comprovação de freqüência escolar semestralmente (até 30 de maio e até 30 de novembro), o INSS ou a empresa suspendem o pagamento do salário-família. Mas, se provar, mesmo depois do prazo, que o filho ou equiparado estava estudando tem direito de receber os atrasados. O fundamento do salário-família é de natureza social e econômica, correspondendo "a uma das mais fortes expressões da justiça social, visto que representa amplo instrumento de redistribuição de riqueza, capaz de proporcionar maior poder aquisitivo aos que possuem maiores encargos na sociedade" . Com a Emenda Constitucional n.º 20, desde 16.12.1998, o salário- família passou a ser benefício restrito aos trabalhadores de baixa renda, passando o art. 7º, XII da Constituição Federal , ex vi do art. 1º da EC n.º 20, a ter nova redação: " salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei". O art. 13 dessa mesma E.C. definiu como trabalhador de baixa renda aquele que tem renda mensal igual ou inferior a R$ 360,00. O Ministério da Previdência, regulamentando a matéria pela Portaria n.º 4.883/98, fixou, a partir de janeiro de 1.999, a quota do salário-família em R$ 8,65 por dependente, para os trabalhadores que percebam renda bruta até o limite já referido. Hoje a renda bruta limite está fixada em R$ 398,48 e o valor da quota em R$ 9,58 por dependente. A alteração constitucional, por conseqüência, retirou dos trabalhadores com renda superior ao teto já informado, o direito ao salário- família que até então percebiam. Nada impede, entretanto, face ao disposto no art. 444 da CLT, que o empregador conceda salário-família a todos os seus empregados e/ou em bases superiores às da lei, seja por ato unilateral, por convenção, acordo coletivo ou contrato individual; atendendo preceitos do "princípio protetor". Nesta hipótese, todavia, o reembolso a que tem direito se limita à obrigação legal. b) Comente a questão de que apenas um ou os dois responsáveis, segundo a lei, fazem jus ao recebimento do salário-família por dependentes. Quando o pai e a mãe são empregados, aos dois é devido o salário- família. E, se o empregado possui dois ou mais empregos, receberá em cada um deles a totalidade do salário-família. Qualquer que seja o montante da remuneração do empregado, desde que inferior a R$ 398,48, será uniforme o valor da quota atribuída a cada filho ou equiparado menor de 14 anos ou inválido. De acordo com a Lei nº 8.112, de 1990 (arts. 197 a 201): "Quando o pai e a mãe forem servidores públicos e viverem em comum, somente um deles receberá o salário-família; quando separados, o salário-família será pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos dependentes." A importância será paga até o mês, inclusive, em que o filho (natural ou adotivo) ou equiparado (menor sob tutela ou guarda ou enteado) completar 14 anos; ou, em caso de falecimento, a partir do mês seguinte em que ocorrer o óbito; ou até a data em que cessar a invalidez do filho, no caso de filho inválido; ou terminando o contrato de trabalho, por qualquer de suas formas, a partir da data em que tal se verificar. c) Quais os beneficiários dessa garantia. Sendo o salário-família uma importância paga mensalmente ao empregado que sustenta filhos de qualquer condição, até 14 (quatorze) anos ou inválidos, fazem jus: 1) o empregado no regime da legislação trabalhista (exceto o doméstico), o trabalhador temporário e o trabalhador avulso; 2) o empregado que estiver recebendo auxílio-doença ou acidente do trabalho ou aposentadoria por invalidez; 3) o segurado que estiver em gozo de aposentadoria por tempo de serviço ou por velhice, desde que já conte com 65 anos de idade (se do sexo masculino) ou 60 anos (se do sexo feminino), pago juntamente com a aposentadoria; Em razão do Parecer MPAS/CJ n.º 007/87 foi emitida a orientação de serviço IAPAS/SAF n.º 119, de 04.06.1987 que equiparou para fins de recebimento do salário-família, o enteado, o menor sob guarda e o menor sob tutela, aos filhos menores, desde que aqueles não possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação, mediante declaração escrita do empregado por ocasião da admissão. d) A natureza jurídica da mesma. Apesar da denominação, não se trata de salário, mas de benefício de caráter previdenciário, com natureza de subsídio ou suplemento. Como não é salário e nem parte integrante deste, as quotas não são computadas no cálculo da indenização por despedida injusta ou dos depósitos do FGTS, nem acrescem o valor da gratificação natalina (13º salário). Embora de obrigação previdenciária, cumpre ao empregador deferir o salário-família aos seus empregados, pagando mensalmente as respectivas quotas juntamente com o pagamento dos salários, deduzindo-se, mediante compensação do total das contribuições previdenciárias mensalmente devidas à Previdência Social. 3 – A respeito do vale-transporte a) Diga os fundamentos para a efetivação de seu amparo e se o empregado pode não recebê-lo. O vale-transporte constitui benefício que o empregador antecipará ao empregado para utilização exclusiva nas despesas em seu deslocamento residência-trabalho e vice-versa, entendendo-se como deslocamento a soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, não existindo determinação legal de distância mínima para que seja obrigatório o seu fornecimento. O vale-transporte deverá ser utilizado no sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características iguais aos urbanos, exceto os serviços definidos como seletivos ou especiais, sendo esses sistemas geridos diretamente ou através de concessão ou permissão de linhas, devendo as tarifas cobradas serem fixadas pela autoridade competente. (Lei 7.418/85, art.1º) Entretanto, o empregador ficará desobrigado da concessão do vale- transporte caso proporcione, por meios próprios ou contratados, o deslocamento de seus empregados de ida ao trabalho e retorno a suas residências, em veículos adequados ao transporte coletivo. Mas caso o transporte proporcionado pelo empregador não cubra integralmente o deslocamento, o vale-transporte deverá ser fornecido para o restante do trajeto. (Decreto 95.247/87, art.4º) b) Fale acerca de quem é o ônus pelo seu pagamento O vale-transporte será antecipado pelo empregador ao empregado. Entretanto, o ônus pelo seu pagamento dependerá do valor do salário do empregado e do valor que seria gasto mensalmente por este com transporte. O empregado arcará com até 6% (seis por cento) de seu salário básico ou vencimento, excluídos quaisquer adicionais ou vantagens, e o empregador arcará com o que ultrapassar aos 6% (seis por cento). (Lei 7.418/85, art.4º, §único) Portanto, se o valor gasto em transporte for menor ou igual a 6% (seis por cento) do salário, o ônus será totalmente do empregado. Entretanto, se o gasto em transporte for superior a 6% (seis por cento) do salário, o que ultrapassar será pago pelo empregador. c) Comente sobre o percentual devido pelo empregado, a esse teor. Como vimos no item anterior, o empregado arcará com até 6% (seis por cento) de seu salário básico ou vencimento. Este percentual, designado pelo legislador, objetiva proteger o empregado de encargos excessivos com o deslocamento entre o seu local de trabalho e sua residência. Admitiu-se que este percentual seria o justo a ser gasto pelo empregado com transporte ao trabalho, protegendo-se o restante do salário para outras necessidades básicas como alimentação, educação (própria e de seus filhos), vestuário, habitação etc. Acho bastante justa esta proteção, visto que, atualmente, os deslocamentos para se chegar ao trabalho estão aumentando, tendo os empregados que residir cada vez mais longe das áreas empresarias (mais valorizadas), o que encarece o transporte, os quais já possuem tarifas bastante elevadas. d) Discorra sobre os trabalhadores que fazem jus a tal benefício e sua natureza: Os beneficiários do vale-transporte são os trabalhadores em geral, abrangendo: - os empregados, como definidos no art. 3° da CLT; - os empregados domésticos, definidos na Lei 5.859/72; - os trabalhadores de empresas de trabalho temporário, conforme Lei 6.019/74; - os empregados a domicílio, nos deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho, percepção de salários, e os necessários a relação com o empregador; - os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, nos ter- mos do art. 455 da CLT; - os atletas profissionais de que lida a Lei 6.354/76. O vale-transporte não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos. Também não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de FGTS. O valor correspondente ao vale- transporte não se configura como rendimento tributável do trabalhador. (Lei 7.418/85, art.2º) 4 - Teça comentários sobre o seguro-desemprego. (Lei 7.998/90) O seguro-desemprego é um programa que tem por finalidade prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em razão de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta (art. 483, CLT), casos definidos como desemprego involuntário, desde que não possuam outro tipo de renda para o seu sustento e de sua família. O seguro-desemprego é um direito social expressamente disposto pelo artigo 7º, inc. II, da nossa Constituição, objetivando proporcionar um mínimo necessário ao trabalhador tomado de surpresa pelo desemprego, para que sua família não fique na miséria enquanto não se consegue um novo emprego. Neste sentido, o programa também visa a auxiliar os trabalhadores na busca de um novo emprego, promovendo ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. a) Analise a questão de quem é responsável pelo pagamento em causa. A Constituição determina que a previdência social atenderá a proteção do trabalhador em situação de desemprego involuntário (art. 201, inc. III), e que a arrecadação decorrente das contribuições para o PIS e para o PASEP serão destinadas a financiar o seguro-desemprego (art. 239, caput). O custeio do programa do seguro-desemprego é realizado através do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT, um fundo contábil e de natureza financeira. Constituem recursos do FAT: o produto da arrecadação das contribuições para o PIS e para o PASEP, os encargos devidos pelos contribuintes em relação à inobservância de suas obrigações (multas, juros), a correção monetária e os juros devidos pelo agente aplicador e pagador do Fundo, o produto da arrecadação da contribuição adicional pelo índice de rotatividade constante do §4º do art. 239 da Constituição, e outros recursos que lhe sejam destinados. A contribuição adicional pelo índice de rotatividade (CF, art. 239, §4º) será devida pelos empregadores que superarem o índice médio da rotatividade da força de trabalho determinado para o seu setor, conforme a lei. Os bancos oficiais federais (hoje, a CEF) têm a competência para o pagamento das despesas relativas ao programa do seguro-desemprego, os quais deverão corrigir o saldo dos recursos não desembolsados. b) Fale sobre os requisitos que asseguram tal benefício. Em primeiro lugar, o desemprego deve ser involuntário (dispensa sem justa causa ou rescisão indireta), não tendo direito ao benefício os trabalhadores que pedirem demissão ou aderirem a planos de demissão voluntária criados em algumas empresas. A Lei exige ainda a comprovação por parte do trabalhador de ele: - ter recebido salários consecutivos nos últimos seis meses anteriores à dispensa, de um ou mais empregos; - ter sido empregado durante, pelo menos, quinze meses nos últimos vinte e quatro meses que antecederam a data de dispensa que deu origem ao requerimento do benefício; - Não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento de Benefícios da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente e a pensão por morte; - Não ter renda própria para seu sustento e de seus familiares; - Não estar recebendo o benefício, nem dentro do período aquisitivo do mesmo. A comprovação destes requisitos deverá ser feita através: da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), mediante documento do levantamento do FGTS ou do extrato de seus depósitos, da sentença judicial transitada em julgado ou de sua certidão, ou mediante verificação a cargo da fiscalização trabalhista ou previdenciária. A Lei também garante o benefício ao trabalhador que vier a ser identificado como submetido a regime de trabalho forçado ou reduzido à condição análoga à de escravo, em decorrência de fiscalização por parte do Ministério do Trabalho. c) Discorra, brevemente, sobre sua aquisição e sua perda. Todo trabalhador dispensado involuntariamente de seu emprego e estiver dentro dos requisitos exigidos legalmente terão direito ao seguro- desemprego. Cada período aquisitivo do benefício compreende dezesseis meses, contados da data de dispensa que deu origem à primeira habilitação. Porém, o benefício poderá ser suspenso ou até mesmo cancelado, dependendo da caracterização de algum fato ou circunstância em que se encontre o beneficiário. São casos de suspensão do benefício: a admissão do trabalhador em novo emprego e o início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente e a pensão por morte. Já o cancelamento acontecerá: se o trabalhador desempregado recusar emprego condizente com a qualificação e remuneração anterior, se houver a comprovação da falsidade na prestação de informações necessárias à habilitação, se for comprovada alguma fraude no intuito da percepção indevida do benefício, ou se o beneficiário morrer. d) Exponha a questão do lapso temporal em que o mesmo é devido. È importante lembrar que o seguro-desemprego não é salário. Este benefício é um auxílio para que, durante o período de desemprego, o trabalhador tenha condições de procurar ou qualificar-se para um novo emprego. A Lei garante ao trabalhador o direito de receber de três a cinco parcelas do seguro-desemprego, de forma contínua ou alternada, a cada período de dezesseis meses. A concessão poderá ser retomada a cada novo período aquisitivo, desde que atendidas as condições legais. O número de parcelas será definido de acordo com os meses em que o trabalhador esteve empregados nos últimos trinta e seis meses anteriores à data da dispensa, da seguinte forma: - três parcelas -> entre seis e onze meses trabalhados; - quatro parcelas -> entre doze e vinte e três meses trabalhados; - cinco parcelas -> mais de vinte e quatro meses trabalhados. 5 - Faça uma breve abordagem sobre o menor, destacando a questão do menor- aprendiz, qual a idade mínima para ingressar no mercado de trabalho e a prescrição de seus direitos, além das exigências para admissão e demissão. Apesar de existir regras para a contratação de menores no Brasil, infelizmente poucas são obedecidas e seguidas pelas empresas e empregadores em geral. Movidos pela busca incessante de capital, contratam empregados indistintamente, sem preocupar-se com as condições de trabalho ou idade física e psicológica do profissional. É oportuno, de início, ressaltar, que, os fundamentos de proteção ao trabalho do menor são de ordem biológica, moral, social e econômica. O menor, é um ser em pleno desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e sociocultural, de forma que, a necessidade de trabalhar não deve, prejudicar o seu regular crescimento, daí porque, exige-se que até um limite de idade, não se afaste o menor da escola e do lar, onde receberá às condições necessárias à sua formação e futura integração na sociedade ativa. O trabalho prematuro ou em condições impróprias, acarretam lesões irreparáveis e com reflexos deletérios. O Estatuto da Criança e do Adolescente considera a aprendizagem "a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor"(art. 61), assegura para o adolescente até quatorze anos de idade uma "bolsa de aprendizagem"(art. 64), e para o maior de quatorze anos, "os direitos trabalhistas e previdenciários"(art. 65). Nesse aspecto, equivocou-se nosso legislador, ao conceder a bolsa de aprendizagem e em contrapartida, retirar os benefícios trabalhistas e previdenciários ao menor de quatorze anos. Entende-se que o seu objetivo era descaracterizar o vínculo empregatício entre o empregador e o menor aprendiz. O que determina a relação empregatícia são os fatos objetivos que envolve a ligação entre trabalhador e empresa e o nexo de causalidade que liga o trabalho prestado aos objetivos da empresa e, não, aquilo que subjetivamente querem as partes. O aprendiz é empregado tanto aos doze como aos quatorze anos de idade, retirar os benefícios previdenciários e trabalhistas ao menor de 14 anos se traduz em uma iniciativa mal inspirada e com reflexos deletérios ao menor que está exposto inclusive ao acidente de trabalho. Segundo a nossa legislação, é proibido o trabalho do menor de 18 anos em condições perigosas ou insalubres e do menor de 16 anos e maior de 14, que pode trabalhar, tão somente, na condição de aprendiz. O contrato de aprendizagem deve ser feito por escrito e com prazo determinado, pois, ao completar 18 anos o mesmo termina O Contrato de Aprendizagem é um contrato especial, que pode ser firmado com adolescentes a partir dos 14 até os 18 anos de idade, sendo requisitos para a sua validade o seguinte: - contrato escrito com anuência do responsável legal pelo adolescente (art. 428 da CLT); - anotação do contrato na CTPS; - matrícula e freqüência do aprendiz à escola, em caso de não ter concluído o ensino fundamental; - inscrição em programa de aprendizagem nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem realizados pelo SENAC, SENAI, SENAR e SENAT. - que o empregador assegure ao aprendiz formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, que envolva atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. As empresas estão obrigadas pela lei a empregar o equivalente a 5% no mínimo e 15% no máximo de aprendizes, considerando o número de trabalhadores existentes em cada estabelecimento da empresa e cujas funções demandem formação profissional. O prazo de duração do contrato de aprendizagem é de no máximo 2 anos. No período entre 14 a 18 anos o trabalho do aprendiz irá gerar vínculo de emprego, pois é permitido o trabalho nesse interregno na condição de aprendiz, como menciona a Constituição, o que só pode ser feito mediante contrato de trabalho. Não se observam as regras de proteção quando o menor esteja laborando em empresas em que trabalhem exclusivamente pessoas da família, desde que esteja sob a direção do pai, mãe ou tutor, exceto as proibições do trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Contra menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição (art. 440 da CLT). O artigo se refere apenas ao menor trabalhador e não a menores sucessores do pai ou mãe falecido que era empregado na empresa. É certo que o Código Civil declara que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu herdeiro. A prescrição só não irá correr em relação aos menores de 18 anos que forem herdeiros. Os candidatos à admissão como aprendizes deverão ter, no mínimo, 14 anos, devendo: a) Ter concluído o ensino fundamental ou possuir conhecimentos mínimos essenciais à preparação profissional; b) Ter aptidão física e mental, verificada por processo de seleção profissional, para a atividade que pretende exercer; c) Não sofrer de moléstia contagiosa e ser vacinado contra a varíola. O menor será demitido quando: - obtiver desempenho insuficiente ou inadaptação para o trabalho - falta disciplinar grave - ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo O que a lei busca é preservar a saúde, a moral, a dignidade e outros valores inerentes ao adolescente, isso porque o menor trabalhador de hoje terá amanhã uma grande responsabilidade, que é a de conduzir o desenvolvimento da nação. 6 - Analise o acidente de trabalho. a) Diga a sua significação jurídica para o D.T. R- O direito do Trabalho surge da combinação de um conjunto de fatores, como econômicos, sociais e políticos. Em 1919 surge a legislação acidentária do trabalho ( Lei 3724/19 ), acolhendo o princípio do risco profissional, embora com inúmeras limitações. Inicia-se o apoio aos trabalhadores contra os infortúnios laborais. Hodiernamente, com a maior organização da classe trabalhadora, normas protetoras são editadas, as empresas se modernizam, qualificam seus trabalhadores, melhorando a relação empresa-família. É a questão social, de maior relevância no acidente do trabalho, sendo protegida pelo escudo do direito do trabalho. b) fale sobre a competência da justiça que o analisa e julga os dissídios a ele pertinentes. R- A ação acidentária tem como legitimado passivo a autarquia previdenciária (INSS), que responde pela chamada responsabilidade objetiva, e seu julgamento é de competência da Justiça Estadual, conforme disposição constitucional(art.109, I) que excluiu da competência dos Juízes federais o julgamento das ações de acidente de trabalho. c) diga, segundo a lei, quais outros infortúnios se comparam ao acidente de trabalho. R- I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. III - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; IV - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; V - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; VI - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. ( art. 20 e 21 da Lei 8213/91 ) d) Analise a questão do local onde pode , o mesmo, se dar. R- Com relação ao local onde possa se dar o acidente do trabalho, temos os locais de trajeto, empresa – residência e residência - empresa, desde que não alterado o trajeto normal, ou em outros locais, fora da empresa, desde que a serviço dessa, sendo o ambiente da empresa o de maior amplitude. e) Discorra sobre os direitos do acidentado, mesmo após seu retorno ao trabalho. R- O trabalhador acidentado tem o direito de se afastar quando ocasionar- lhe lesão corporal ou pertubação funcional que o incapacite à atividade laboral, garantida a manutenção de seu contrato de trabalho por no mínimo doze meses após a cessação do auxílio-doença, recebimento dos depósitos do FGTS durante o período de afastamento e caso o afastamento seja inferior a seis meses, computa-se para fins de período aquisitivo de férias. f) A competência por supostos danos morais em virtude de acidente de trabalho. R- A competência para julgamento de ação de indenização por danos materiais e morais em decorrência de acidente de trabalho, quando a ré/ (ex) empregadora for empresa pública federal , é da Justiça comum Federal, por expressa disposição contida no art. 109, inciso I da Constituição Federal, em sendo empresa privada será competente a justiça Estadual. Trata-se de relação civilista. 7 - No que respeita ao salário-maternidade: a) Quando o mesmo é devido. R- È devido a trabalhadora empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica quando estiverem no 8º mês de gestação, ou seja, com 28 dias antes do parto, cessando 91 dias após, incluindo a data do parto. b) O tempo de afastamento que a empregada faz jus a esse direito. R- A empregada faz jus ao salário maternidade durante 120 dias, podendo ser prorrogado por mais duas semanas a critério médico, avaliado pela previdência Social (INSS). c) A base de cálculo do benefício. R- O valor do benefício, consiste numa renda mensal igual a sua remuneração devida no mês de seu afastamento, ou se for o caso, de salário total ou parcialmente variável, na igualdade da média aritmética simples dos seus seis últimos salários, apurada de acordo com a lei salarial ou o dissídio coletivo da categoria, excetuando-se o décimo terceiro-salário e adiantamento de férias. d) Quando o empregador assume seu pagamento. R- O enunciado 142 do TST, reza que a empregada doméstica dispensada sem motivo, antes do período de seis semanas anteriores ao parto, faz jus ao salário-maternidade, devendo este ser suportado pelo empregador que lhe frustou a percepção do benefício, especialmente quando não lhe assina a CTPS. e) Se é devido apenas antes, durante ou depois do parto. R- O salário-maternidade é devido antes durante e depois do parto, visando tanto a proteção da empregada quanto do bebê. f) Tempo de estabilidade da empregada e no caso de violação desse direito. R- O artigo 10, inciso II, alínea b, da ADCT/CF/88, dita que fica vedada a dispensa sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, Caso haja violação desse preceito há julgado do TRT 3ª Região ( RO/0331/92 ), que o empregador deverá arcar com todas as obrigações até o 5º mês após o parto. g) Diga da questão do aborto e do parto antecipado, além dos direitos da mãe adotiva. R- Tratando-se de parto antecipado ou não, ainda que ocorra parto de natimorto, comprovado mediante atestado médico original, a segurada terá direito, também a 120 dias. Em se tratando de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário- maternidade correspondente a duas semanas. A mãe adotiva passou a ter direito ao salário-maternidade a partir da Lei 10421/02, com eficácia em 16.04.02, sendo de 120 dias para crianças até um ano de idade, 60 dias a partir de um ano até 4 anos e 30 dias a partir de 4 anos até 8 anos de idade. 8 - Sobre a Lei 9.608/98 ressalte quando se dá sua eficácia, quais os aspectos que a torna bastante diferenciada no que se refere a contratos por prazo regulados pela CLT, qual o percentual do FGTS a ser recolhido. O modelo jurídico da Lei 9.601/98, em vigor desde janeiro de 1998, possui escopo de contrato a termo. Nesse sentido, a nova lei cria figuras que se enquadram no tipo legal do artigo 443 e correlatos da CLT. Assim, as normas gerais celetistas se aplicam ao novo modelo. Porém, o novo diploma atenuou significativamente os cuidados que a CLT estabelecia para os contratos por tempo a termo. Mais que isso, o novo modelo diminuiu ainda mais as restrições de direitos que já eram característicos do contrato a termo, conforme passaremos a demonstrar. A figura da Lei 9.601/98 guarda traços trabalhistas especiais em contraposição às características próprias aos contratos a termo regulados pela CLT. Os traços mais marcantes são os que se referem à pactuação, à prorrogação contratual, aos efeitos decorrentes da extinção do contrato e, finalmente, o rol mais restrito de direitos que confere ao obreiro em comparação com os contratos a termo padrão. PACTUAÇÃO DO CONTRATO O contrato estipulado pela Lei 9.601/98 pode ser celebrado sem as restrições contidas no art. 443, § 2° da CLT. Assim, não se exige que se trate de serviços cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo ou de atividade empresarial de natureza transitória ou de contrato de experiência. A Lei requer apenas que haja autorização negocial coletiva para a respectiva contratação e que esta se volte para admissões que representem acréscimo no número de empregados`, podendo as mesmas se dar em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento ( art. 1° da Lei 9.601/98). FORMALIDADE CONTRATUAL Os contratos regidos pelo art. 443 da CLT não são, em principio, contratos formais. O contrato previsto pela Lei 9.601/98 é, efetivamente, um contrato formal, solene. Em primeiro lugar, trata-se de contrato escrito. O art. 4°, §3° da Lei 9.601/98 prevê, a propósito, a publicidade, no âmbito do estabelecimento, dos respectivos contratos, com o nome do empregado, número de sua CTPS e PIS, e datas de início e término do contrato a prazo – exigências estas que não se podem cumprir a não ser com a existência de um contrato escrito. Corroborando com este entendimento, o Decreto 2.490/98 que regulamentou a lei 9.601/98, em seu art. 7°, faz referência expressa à exigência de contrato escrito. Exige ainda, o referido diploma, que a empresa elabore folha de pagamento distinta para os empregados contratados nos moldes da Lei 9.601/98 (art. 2° do Decreto 2.490/98). Em segundo lugar, a celebração do contrato exige convenção ou acordo coletivo de trabalho. Em terceiro lugar, o novo modelo de contrato a termo prevê o depósito de documentos (convenção/acordo coletivo, contratos de trabalho e relação nominal dos obreiros) junto ao Ministério do Trabalho e Emprego para que o empregador seja beneficiado com as reduções parafiscais e do FGTS previstas na Lei 9.601/98. Assenta ainda, a nova lei, que a empresa deve estar adimplente junto à autarquia previdenciária (INSS) e também perante o FGTS. Deve restar provado também que as contratações importam em acréscimo do número de empregados da empresa, tomando-se como referência a média de empregados do semestre que antecedeu a publicação da lei. REDUÇÕES PARAFISCAIS Para os contratos previstos na nova lei serão reduzidas, por dezoito meses a contar da data de publicação desta Lei: - 50% ( cinqüenta por cento) de seu valor vigente em 1º de janeiro de 1996, as alíquotas das contribuições sociais destinadas ao Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Social do Comércio - SESC, Serviço Social do Transporte - SEST, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, Serviço Nacional de aprendizagem do Transporte - SENAT, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, bem como ao SALÁRIO EDUCAÇÃO e para o financiamento do SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO REDUÇÃO DO FGTS A alíquota do FGTS fica reduzida para 2% (dois por cento). Ressalte-se que a nova Lei, em seu art.3°,parágrafo único, estabelece a obrigação do empregador efetuar depósitos mensais vinculados, em favor do empregado, em estabelecimento bancário, com periodicidade de saque. Assim, além da obrigação de recolher para o FGTS o montante de 2% da remuneração do obreiro, há também a obrigação de efetuar depósito compulsório, salientando-se que a lei não estipula seu valor. PRORROGAÇÃO CONTRATUAL. Não se aplica ao novo contrato a termo a regra do art. 451 da CLT de que a prorrogação do contrato, mais de uma vez, implica na indeterminação do respectivo prazo. Pela nova lei, as prorrogações do prazo contratual, respeitada a duração máxima de dois anos, não provocam a descaracterização do contrato de trabalho provisório.(art.1°, §1° da Lei 9.601/98). CRÍTICAS À LEI 9.601/98 O diploma em referência foi instituído como veículo para combate ao desemprego no país. O argumento oficial era de que a redução do custo direto e indireto da força de trabalho que a lei implementa, pela diminuição dos direitos trabalhistas e dos recolhimentos parafiscais, seria instrumento eficaz para gerar novos empregos no mercado. Entretanto, mostra a experiência, que nenhum empresário iria criar novos postos de trabalho simplesmente por se tratar de postos menos onerosos. O raciocínio empresarial é outro: eleva-se a produção apenas se o mercado justificar tal acréscimo. A equação postos de trabalho mais onerosos versus menos onerosos panas justificaria a substituição de trabalhadores, eliminado-se os posto mais dispendiosos pelos menos dispendiosos. A Lei 9.601/98 consagra um dos aspectos dominantes da política trabalhista brasileira atual: a flexibilização das normas jurídicas trabalhistas clássicas, através da negociação coletiva. Entretanto, a flexibilização impressa pela lei deixa de preponderar pela simples adequação do caráter genérico das leis trabalhistas às circunstâncias e especificidades do mercado de trabalho, através da negociação coletiva. Prefere a nova lei a franca e direta redução dos direitos laborais decorrentes da ordem jurídica. A negociação coletiva passa a atuar como instrumento de pura e simples redução de direitos. 9 – Sobre o trabalho a tempo parcial, fale sobre a medida jurídica que o instituiu e as principais diferenças entre o contrato resultante dessa regra jurídica e aquele disciplinado pela CLT. O trabalho a tempo parcial é aquele cuja duração não exceda a vinte e cinco horas semanais. Enquanto o trabalhador comum poderá trabalhar até quarenta e quatro horas semanais, o trabalhador a tempo parcial prestará serviços, no máximo, por vinte e cinco horas na semana. Essa jornada semanal corresponde, por exemplo, a cinco horas por dia, durante cinco dias na semana. O trabalho a tempo parcial é uma modalidade de contratação que poderá ser conveniente para o trabalhador que não disponha de condições para laborar a jornada completa, de quarenta e quatro horas semanais, como o estudante, que precisa trabalhar e estudar, a mãe ou o pai que precise trabalhar e cuidar de crianças num período etc., Ademais, poderá ser regime de interesse da própria empresa, que, em situações sazonais de baixa demanda por sua produção, tem a opção de contratar trabalhadores sujeitos a uma jornada menor de trabalho, evidentemente com um custo menor relativo à remuneração e aos encargos a ela proporcionais. O contrato part time sempre existiu e era conhecido como aquele em que o empregado está obrigado a uma jornada inferior à legal. Todavia, este conceito sofreu modificações com a edição da MP 2.164-41/01, que inseriu o artigo 58-A na CLT. (A primeira a trazer a modificação foi a MP 1709 de 06/08/98, depois a MP 1709/98; 1952-23/00 e última – MP 2164- 41/2001 que, por força da EC 32/01 teve sua vigência indeterminada). Sempre foi possível ajuste salarial inferior ao mínimo mensal, mas igual ou superior ao mínimo por hora. As leis de política salarial e as que reajustam o valor do salário mínimo sempre estabeleceram valor hora, valor dia e valor mensal. Assim, é possível (e sempre foi) contratar trabalhador por duas horas por dia, três vezes por semana, num total de 6 horas semanais, desde que se respeite o valor hora do mínimo. Neste caso, o salário mínimo pago no final do mês será inferior ao mensal estabelecido por lei, mas igual ou superior ao horário estabelecido pela mesma lei. Assim, por exemplo, para um salário mínimo fixado por lei em R$300,00 e um empregado que trabalhe apenas 30 horas semanais, é lícito o pagamento, no final do mês, de apenas R$30,00 de salário, pois o salário mínimo hora neste caso é, atualmente, superior ao salário-mínimo hora legal. É claro que isto não costuma ocorrer na prática, pelo menos no trabalho urbano, porque o empregado não aceita trabalhar por este valor. Esta é a regra do contrato por tempo parcial: salário proporcional ao trabalho prestado. Nem se poderia pensar de outra forma, pois seria extremamente injusto um empregado que trabalha 220 horas mensais ganhar o mesmo salário que o que trabalha 110 horas mensais. Este tipo de ajuste não tinha nomenclatura especial e poderia ser chamado de jornada reduzida, ajuste benéfico ao trabalhador, condição mais favorável, etc. A referida Medida Provisória inovou, porém, ao conferir a tal contrato efeitos específicos e que o diferenciam do contrato tradicional. A principal inovação trazida pela MP 2.164-41/01, que inseriu o artigo 58- A, §4º da CLT, foi a possibilidade de redução do salário e da jornada, de forma proporcional, durante o contrato de trabalho. Para tanto, o legislador impôs alguns requisitos. O primeiro deles foi a necessidade de autorização normativa para tanto, pois do contrário seria inconstitucional o parágrafo 2º do artigo 58-A da CLT, já que a Constituição exige previsão expressa em acordo ou convenção coletiva para redução do salário. Aliás, tal exigência não foi originariamente prevista na primeira Medida Provisória que tentou autorizar a redução salarial por simples ajuste das partes. O legislador adotou o critério de nomear de regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceder de 25 horas semanais. Apesar de não ter se referido ao limite máximo diário, entendemos que este deve respeitar a regra geral, isto é, de 8 horas por dia. Isto não quer dizer que não se possa ajustar limite superior a 25 horas e inferior a 44horas semanais. Desde que seja respeitado o salário mínimo hora, ou o piso normativo (ou legal) hora, o ajuste será lícito. A diferença é que neste último caso, o empregador não poderá se valer da duração diferenciada do período de gozo de férias. Mas, poderá, também, fazer a redução do salário e da jornada (de forma proporcional ou não) se a norma coletiva assim autorizar (flexibilização autorizada pelo artigo 7º, VI da CRFB). O segundo requisito foi exigir que o empregado declare, através de opção manifestada perante a empresa, seu desejo na redução de carga horária semanal – art. 58-A, §2ª, fine da CLT. A lei é silente acerca da forma desta declaração de vontade. Seria aconselhável que ela seja por escrito, para evitar abusos. Para qualquer empregado em regime de tempo parcial (admitidos nesta condição) o artigo 58-A, §1º da CLT estabeleceu uma equivalência salarial. Aqui o legislador não criou outro tipo de equiparação salarial, mas tão-somente se preocupou em determinar que o salário do empregado contrato por tempo parcial fosse proporcionalmente igual ao contratado por tempo integral, quando para exercício da mesma função. Para aqueles cujo regime de trabalho foi convolado após a admissão, a proporcionalidade será estabelecida de acordo com sua jornada anterior. O grande interesse do legislador foi o de por fim a uma antiga controvérsia acerca da redutibilidade salarial possibilitada através de ajuste coletivo pelo artigo 7º, VI da CRFB, pois vários posicionamentos existiam e ainda existem em torno do tema. Há quem afirme que a redução deve respeitar o artigo 2º da Lei 4.923/65, que teria sido recepcionado pela Carta. Isto limita a redução em, no máximo, 25% do valor do salário, respeitado o salário mínimo, e proporcionalmente a jornada ou o número de dias trabalhados, por período não superior a 3 meses (prorrogáveis), desde que a empresa esteja comprovadamente atravessando dificuldades econômicas. Outros defendem que o artigo 2º da Lei 4.923/65 não foi recepcionado, estando as partes livres para o ajuste da forma estabelecida na norma coletiva. A inclusão expressa do regime de tempo parcial em até 25 horas semanais teve a nítida finalidade de por fim à tese de limitação da redução salarial e aos motivos que a ensejam. Pelo novo dispositivo pode- se reduzir, durante o contrato, o salário do empregado em 90%, por exemplo, sem qualquer motivo econômico da empresa, desde que seja também reduzida a jornada, que a norma coletiva autorize e que o empregado declare sua concordância, o que não é difícil do empregador obter mediante ameaça de dispensa. Enquanto era rara a hipótese de previsão expressa de redução do salário nos instrumentos coletivos, tem sido comum, após a MP 1709/98, a previsão de regime por tempo parcial nas normas coletivas, pois de fácil aceitação pelos associados que, na sua maioria, pensam que estão autorizando apenas a redução da jornada para a adoção de um regime parcial, mas estão implicitamente autorizando, também, sem terem a consciência disto, a redução proporcional de seus salários. Esta foi a verdadeira intenção da lei, mascarar a redução salarial. A inovação menos relevante, mas também importante foi dirigida a quantidade de dias destinados às férias dos empregados submetidos ao tempo parcial – art. 130-A da CLT. O período de férias dos empregados submetidos ao regime de tempo parcial é distinto: serão devidas e concedidas após cada período de doze meses de vigência do contrato, na proporção da jornada de trabalho semanal, de maneiras que o empregado que trabalhar de vinte e duas a vinte e cinco horas por semana terá direito a dezoito dias de férias; - dezesseis dias, para a jornada semanal superior a vinte horas e até vinte e duas horas; - doze dias, para a jornada semanal superior a dez horas e até quinze horas; - dez dias, para a jornada semanal superior a cinco horas e até dez horas e - oito dias o empregado que trabalhar em jornada semanal igual ou inferior a cinco horas. Fica vedado o parcelamento das férias em dois períodos, bem como a conversão de parte delas em abono pecuniário, mas poderá o trabalhador ser incluído nas férias coletivas que forem concedidas aos demais empregados. Quanto à proporcionalidade das férias em face a faltas injustificadas, o empregado contratado para regime de tempo parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo, terá o seu período de férias reduzido à metade. 10 - Fale sobre o art. 83 da Lei 11.101/2005 ( Nova Lei de Falências ) e compare-o com o §1° do art. 449 no que se refere à garantia dos créditos de natureza laboral e observe o que predica a Lei sobre Acidentes de Trabalho. Até o advento da Lei 11.101/05, regia a execução concursal do devedor comerciante o Decreto Lei 7.661/45, o qual estabelecia que além da classificação constante da própria lei falimentar (art. 102) era preciso observar as disposições constantes da Consolidação das Leis do Trabalho (art.449, §1°), do Código Tributário Nacional (art. 186), das Execuções Fiscais (art.4°, §4° da Lei 6.830/80) e outras que a complementavam, estabelecendo dessa forma a seguinte ordem para pagamentos na falência: - Créditos por Acidente de Trabalho - Créditos Trabalhistas - Créditos Tributários - Créditos por Encargos da Massa Falida - Créditos por Dívidas da Massa Falida - Créditos com Direitos Reais de Garantia - Créditos com Privilégio Especial - Créditos com Privilégios Gerais - Créditos Quirografários. A lei 11.101/05, conhecida como Lei de Recuperação de Empresas, em vigor atualmente, revogou a antiga Lei de Falências. Tal diploma estabelece os procedimentos para execução concursal do empresário e da sociedade empresária. A Lei 11.101/05 promoveu alterações relevantes na classificação dos créditos, importando em modificação na ordem de pagamento dos mesmos, ao determinar, em seu artigo 83 que a classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: - Créditos Derivados da Legislação do Trabalho, limitados a 150 salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho. - Créditos com Garantia Real, até o limite do bem gravado - Créditos Tributários, excetuadas as multas - Créditos com Privilégio Especial - Créditos com Direitos Reais de Garantia - Créditos com Privilégios Gerais - Créditos Quirografários. - Multas Contratuais e Penas Pecuniárias - Créditos Subordinados. Como podemos observar a nova lei priorizou os créditos derivados da legislação do trabalho limitados ao valor de 150 salários mínimos por empregado, classificando-o na mesma posição em que se encontram os créditos decorrentes de acidentes do trabalho, os quais na sistemática do Dec.Lei 7.661/45 precediam aos trabalhistas. A nova lei trouxe ainda outra novidade ao estabelecer que o saldo que superar a 150 salários mínimos será considerado como crédito quirografário, conforme previsto na alínea "c", do inciso IV do artigo 83. Percebemos que a nova lei não mais atende o comando normativo elencado pelo art. 449 da CLT, o qual aponta que "na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado a totalidade das indenizações a que tiver direito". Entretanto, por se tratar de lei mais específica, deve vigorar o disposto na Lei 11.101/05. Fica, portanto, resolvido o aparente conflito de normas pelo critério da especificidade. Lei 11.101/05 (LEI DE FALÊNCIAS) X LEI 6.376/76 (LEI DE ACIDENTES DO TRABALHO) Os créditos decorrentes de acidentes de trabalho a que se refere a Lei 11.101/05, não se referem àqueles pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social, mas aqueles decorrentes de responsabilidade civil proposta pelo empregado contra o empregador, em caso de culpa ou dolo deste, conforme preceitua a Constituição Federal, art. 7°, in fine. Assim, as prestações previdenciárias decorrentes de auxílio-doença acidentário serão pagas pelo INSS, independentemente do motivo do acidente. Não interessa se foi causado por culpa do empregado, do empregador, por ato de terceiros ou força maior. Nessa direção, o art.19, I da Lei 6.367/76(Lei de Acidentes do Trabalho) preceitua que os litígios administrativos serão resolvidos pelos órgãos da Previdência Social. Vale aqui salientar que o Benefício será custeado pelas contribuições previdenciárias a cargo da União, da empresa e do empregado, cabendo ainda à empresa um adicional (SAT- Seguro de Acidente do Trabalho) incidente sobre a folha de pagamento, conforme art. 15 da Lei 6.367/76. Por outro lado, conforme já dito, cabe ação de indenização nos caso em que o acidente de trabalho tenha sido causado por culpa ou dolo do empregador, de acordo com o preceito constitucional já exposto. Nestes casos, o litígio judicial será resolvido pela Justiça Comum, segundo o art. 19,II da Lei 6.367/76. Ocorre que, em caso de falência, o juízo universal falimentar atrai para si todas as ações que tenham como demandado o devedor comerciante. Desta feita, após vencida a fase processual liquidatória, determinando-se o quantum devido, deve o empregado obter a competente certidão do crédito trabalhista, judicialmente fixado e definido, procedendo, em seqüência, a sua habilitação em juízo falimentar, onde se reúnem os bens da massa falida e procede-se ao concurso de credores, salientando-se, mais uma vez, que o crédito decorrente de acidente de trabalho, juntamente com os créditos trabalhistas cujo valor não ultrapasse a 150 salários mínimos, gozam do maior privilégio em relação aos demais. CRÍTICA À NOVA LEI DE FALÊNCIAS Ao estabelecer que o valor que ultrapassar a 150 salários mínimos será tratado como crédito quirografário, a lei, implicitamente ,está a dizer que tais trabalhadores dificilmente reaverão o quantum excedente, visto que, na prática, nos processos de execução concursal, quase nunca são satisfeitos os créditos dos credores desta classe. Nesse sentido, vale o ensinamento de Sergio Pinto Martins ( Revista Carta Forense): " Mesmo o trabalhador que ganha salário mais elevado, não sendo exatamente hipossuficiente, deve receber a totalidade de seus créditos decorrentes do seu suor, pois este trabalhador e sua família também vivem do que a empresa lhe paga." 11 - Terça comentários a respeito do art. 9° da Lei 7238/84. Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984 (DOU de 31.10.84): Art. 9º - "O empregado dispensado, sem justa causa, no período de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua correção salarial, terá direito à indenização adicional equivalente a 1 (um) salário mensal, seja ele optante ou não pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS". O Enunciado TST nº 306 ratificou o direito a esta indenização, dispondo: "É devido o pagamento da indenização adicional na hipótese de dispensa injusta do empregado, ocorrida no trintídio que antecede a data-base. A legislação posterior não revogou os arts. 9º da Lei nº 6.708/79 e 9º da Lei nº 7.238/84." QUEM TEM DIREITO Apenas tem direito aquele empregado que for dispensado sem justa causa pelo empregador; em qualquer outra situação de dispensa não será devida, e desde que ocorra dentro do prazo de 30 dias antecedentes à data- base. OBJETIVO A indenização adicional foi instituída visando proteger o empregado economicamente quando dispensado sem justa causa às vésperas do mês de negociação da sua categoria. VALOR DA INDENIZAÇÃO A indenização adicional será equivalente a um salário mensal do empregado. O empregado dispensado, sem justa causa, no período de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua correção salarial, terá direito à indenização adicional equivalente a um salário mensal, seja ele optante ou não pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS". A abordagem deste tema originou-se de uma indagação feita ao preposto de uma grande empresa que declarou desconhecer completamente esta obrigatoriedade. Até faz sentido a resposta do preposto, uma vez que as Leis 6.708/79 e 7238/84 são do tempo em que a correção dos salários era feita semestralmente com base nos índices do INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor. O problema é que decorridos mais de 20 anos em relação às duas Leis, o artigo 9º não foi revogado, permanecendo vivo até os dias atuais e referendado, inclusive, pela Súmula 306 do Tribunal Superior do Trabalho, que não deixa qualquer dúvida: "é devido o pagamento da indenização adicional na hipótese de dispensa injusta do empregado, ocorrida no trintídio que antecede a data-base. A legislação posterior não revogou os artigos 9° da lei nº 6.708/79 e 9º da Lei nº 7.238/84". Exatamente, não houve qualquer lei posterior que revogasse os artigos 9º das leis mencionadas que determinaram esta obrigação a ser cumprida. Na verdade, quando o legislador imaginou este artigo, a lógica nele contida é rigorosamente a preservação de futuras perdas por ocasião do reajuste salarial da categoria, seja por intermédio de Convenção Coletiva ou do Dissídio Coletivo propriamente dito. Esta é a razão fundamental de se pagar mais um salário a título de indenização, já que o desligamento do empregado não permitirá que ele se beneficie das conquistas obtidas pela categoria na qual estava enquadrado. Porém, há um detalhe técnico da maior importância que deve ser levado em consideração pelos profissionais que atuam na área trabalhista, especialmente aqueles envolvidos com cálculos e contagem de tempo, para fins rescisórios. A Súmula 182 do TST diz o seguinte: "O tempo de serviço do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito da indenização adicional do art. 9º da Lei 6.708/79". Quando falávamos de detalhe técnico não era por outra razão, pois a partir do que expressa a Súmula 182, o cuidado deve ser redobrado quando se optar rescindir um contrato de trabalho às vésperas da negociação salarial porque, dependendo da situação, o que antes estabelecia uma carência de 30 dias passou a ser de 60. O raciocínio é sequencial: se o empregador indeniza o aviso prévio, o empregado irá receber mais um salário (o do aviso), mais 1/12 do 13º e mais 1/12 nas férias, vencidas ou proporcionais, por este motivo: o aviso prévio se projeta nos 30 dias subsequentes para todos os efeitos legais. Dependendo da data-base da categoria, a projeção do aviso prévio vai ingressar nos 30 dias previstos nos artigos 9º das leis 6.708 e 7.238 e, evidentemente, a indenização terá que ser paga. Como vimos, é de toda conveniência conhecermos bem os dispositivos da ordem jurídica que regem a matéria, para que não se torne comum rescisões não serem homologadas por ausência da indenização adicional. O ideal, para todos nós e para a sociedade de maneira geral, seria não precisar demitir. Mas, havendo necessidade, devemos ter o cuidado de adaptar a demissão na exata fração de tempo a fim de não onerar ainda mais as parcelas rescisórias com o pagamento da indenização adicional, mesmo porque o assunto já está pacificamente introduzido na legislação trabalhista e tornou-se simplesmente indiscutível. 12 – Faça uma breve abordagem sobre a CTPS e seu registro. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) são anotados os elementos mais importantes concernentes às relações de emprego passadas e presentes do trabalhador e as alterações relevantes havidas em seus contratos de trabalho, bem assim informações do interesse da Previdência Social. São exemplos de anotações típicas e usuais feitas pelo empregador na CTPS do empregado: o salário, data de admissão, condições especiais (tempo de experiência, contrato por tempo determinado), férias, acidentes do trabalho banco depositário do FGTS, CGC do empregador. Dispõe a CLT que "a Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que de caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada" (art. 13). Portanto o empregado não poderá ser admitido se não dispuser de CTPS. As anotações devem ser feitas: a) na data-base da categoria; b) no momento da rescisão contratual; c) quando houver necessidade de comprovação perante a Previdência Social; e d) a qualquer tempo, sempre que solicitado pelo empregado. A CTPS será emitida pelas Delegacias Regionais do Trabalho (DTRs) ou, mediante convênio, por órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Na hipótese de não serem firmados os convênios com esses órgãos, poderão ser conveniados sindicatos para a emissão da CTPS. Nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, e o empregador tem o prazo legal de 48 horas para proceder às anotações da data de admissão, da remuneração e das condições especiais, se houver, devolvendo-a em seguida ao empregado (CLT, art. 29). A não devolução da CTPS no prazo de 48 horas sujeita o empregador ao pagamento de multa (CLT, art. 53). Segundo jurisprudência do TST, "será devida ao empregado a indenização correspondente a 1 (um) dia de salário, por dia de atraso, pela retenção se sua carteira profissional após o prazo de 48 horas" (TST, PN n° 98). Nas localidades em que não exista posto de emissão de CTPS pode o empregado ser admitido sem a sua apresentação, desde que assuma o compromisso de regularizar a situação em 30 dias, ficando a empresa obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. Nessa hipótese, o empregador é obrigado a entregar ao empregado, no ato de admissão, um documento em que estejam especificados a data de admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de seu pagamento. Caso o empregado seja dispensado antes de obter a carteira, o empregador deverá fornece-lhe um atestado no qual conte o histórico da ralação empregatícia (CLT, art. 13, §§3° e 4°). É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CLT, art. 29, § 4°), o que traria ao empregado evidente prejuízo. As anotações na CTPS são efetuadas pelo empregador. Ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entretanto, compete realizar as anotações relativas à alteração do estado civil e aos dependentes do trabalhador para fins de obtenção de benefícios previdenciários, e as anotações de acidentes de trabalho. Se o empregador efetivar, dolosamente, anotação incorreta da data da admissão de um operário na sua CTPS, responderá pelo crime de falsidade, punível nos termos da legislação penal. A CTPS serve como meio de prova: a) da relação de emprego; b) de cláusulas importantes ou não usuais contidas no contrato de trabalho, que não se presumem; c) de participação em fundo especial (como o PIS); e d) dados de interesse da Previdência Social. A CTPS serve como prova das relações empregatícias anteriores e seu tempo de duração, refletindo a vida profissional do trabalhador. As anotações efetuadas na carteira de trabalho gozam de presunção relativa (juris tantum) quanto à existência da relação de emprego, de modo que podem ser elididas por prova em contrário (TST, Enunciado n° 12). Embora de grande valor probatório, a carteira de trabalho não é indispensável para a prova do contrato de trabalho, pois a verificação de sua existência pode ser provada por todos os meios em Direito admitidos, inclusive prova testemunhal. Para a comprovação do contrato de trabalho poderão ser utilizados todos os meios de prova admitidos em direito (CLT, art. 456). Havendo recusa ou falta de anotação pelo empregador, cabe ao interessado, diretamente ou por meio de seu sindicato, instaurar reclamação trabalhista perante a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), órgão administrativo do Ministério do Trabalho e do Emprego. O processo administrativo na DRT, porém, não é condição necessária para o ingresso do obreiro com reclamação perante a Justiça do Trabalho por falta de anotação da CTPS. O princípio constitucional da inafastabilidade de jurisdição, consagrado no art. 5°, XXXV, da Carta Política, assegura ao trabalhador o acesso direto à Justiça do Trabalho. O prazo prescricional para a propositura de ação que tenha por objeto questões relativas à anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social é o mesmo estabelecido para as reclamações trabalhistas em geral, previsto no art. 7°, XXIX, da Lei Maior. Os empregados, rurais e urbanos, têm dois anos para ajuizar a ação, contados do término do contrato de trabalho, podendo a reclamação versar fatos concernentes aos últimos cinco anos. Esse prazo, contudo, refere-se exclusivamente às anotações que visem a fazer prova em matéria trabalhista. Em matéria previdenciária, isto é, para fins de prova perante a Previdência Social, a prescrição do direito de ajuizar ação relativa à anotação da CTPS segue as regras estabelecidas nas leis previdenciárias (CLT, art, 11, § 1º).