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Tcc-danillo Diego Bartolomeu De Souza.universidade Federal De Goiás Licenciatura Em...

Trabalho de conclusão de curso universidade Federal de Goiás .A construção de poesias no processo ensino aprendizagem de física.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA A CONSTRUÇÃO DE POESIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FÍSICA DANILLO DIEGO BARTOLOMEU DE SOUZA GOIÂNIA 2016 DANILLO DIEGO BARTOLOMEU DE SOUZA A CONSTRUÇÃO DE POESIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FÍSICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Física. Prof. Dr. Wagner Wilson Furtado – Orientador GOIÂNIA 2016 A CONSTRUÇÃO DE POESIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FÍSICA Por DANILLO DIEGO BARTOLOMEU DE SOUZA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado para obtenção do grau de Licenciado em Física, pela Banca examinadora formada por: _________________________________________________ Presidente: Prof. Dr. Wagner Wilson Furtado, Doutor - Orientador, UFG _________________________________________________ Membro: Prof. Dr. Guilherme Colherinhas de Oliveira, Doutor, UFG _________________________________________________ Membro: Prof. Dr. José Rildo de Oliveira Queiroz, Doutor, UFG. Goiânia, março de 2016 AGRADECIMENTOS À minha mãe, Maria Aldezina, guerreira que sempre esteve comigo e se preocupou em me repassar seus bons valores. Ao meu pai, José Francisco, que apesar de seus problemas e dificuldades sempre me ajudou dentro do possível na realização deste curso. Aos meus irmãos, Marcos, Daniela, aos meus sobrinhos, Victor Gabriel e Pedro Henrique; ao meu primo, Gildásio Tomais, que nos momentos de minha ausência dedicados à universidade, foram compreensíveis quando a necessidade de minha dedicação. A todos meus amigos e colegas que foram de algum modo importante dentro e fora da faculdade. Ao meu orientador, Prof. Dr. Wagner Wilson Furtado, pelo intenso empenho, pela simplicidade, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivo. Ao meu professor formador, Prof. Dr. Guilherme Colherinhas de Oliveira pela oportunidade е apoio na elaboração deste trabalho. À minha coordenadora do PIBID, Profa. Dra. Sheila Gonçalves do Couto Carvalho, pela afetividade, simplicidade, carisma, vontade de ajudar, comprometimento nas correções dos relatórios. Ao coordenador do PIBID Prof. Dr. Luiz Gonzaga Roversi Genovese, pelo compartilhamento de seu modo diferenciado de enxergar e compreender a sociedade. Ao Prof. Dr. José Rildo de Oliveira Queiroz, pelo trabalho sério comprometimento, e compartilhamento de conhecimento ao longo curso, principalmente nos estágios III e IV, que foram essenciais para a conclusão deste trabalho. Ao Prof. Me. Alésio Clarete Isaac Vieira, pela compreensão em disponibilizar suas aulas, conselhos e contribuições importantes ao projeto. A todos os professores que foram importantes para minha vida acadêmica Se cheguei até aqui foi porque me apoiei no ombro de gigantes. Isaac Newton RESUMO Este presente trabalho teve como principal objetivo analisar se o uso de poesias no ensino de Física elaboradas pelos próprios alunos envolvendo conceitos físicos induz melhoria na aprendizagem desses conceitos, a partir da motivação desses alunos. Para tal, foram realizadas duas etapas: na primeira o processo de criação, no qual os alunos criaram suas próprias poesias com conceitos físicos aprendidos em sala e na segunda o processo de análise, em que as poesias elaboradas pelos alunos foram projetadas e analisadas em sala com ajuda do pesquisador. Foi empregada uma metodologia alternativa interdisciplinar de ensino pautada em autores, tais como, Yamazaki e Yamazaki (2006), Zanetic (2005, 2006), Pietrocola (2004), Almeida (1993), Moreira (2002), Artuso (2010) que criticam o uso incessante, sistemático e exclusivo do método tradicional e indicam metodologias alternativas como forma de complementação ao método tradicional. A pesquisa teve duração de 2 anos sendo realizada em uma Escola Pública da cidade de Goiânia, GO em duas turmas do 1° ano do Ensino Médio com um total de 60 alunos. A metodologia de análise empregada foi de cunho qualitativo e quantitativo. Os elementos investigativos utilizados para análises foram três questionários com perguntas abertas e fechadas, notas de campo e as poesias elaboradas pelos alunos. Aparentemente, no processo de criação não houve indução de aprendizagem nem motivação, pois a elaboração foi tida pelos alunos como chata e trabalhosa. Entretanto, consideramos que no processo de análise, notou-se um reforço dos conceitos físicos anteriormente apreendidos e interesse pela metodologia alternativa. Foi concluído que o uso de poesias elaboradas pelos próprios alunos induz melhorias na aprendizagem dos conceitos físicos apenas no processo de análise. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 8 2. O USO DA POESIA NO ENSINO ............................................................................................... 11 3. METODOLOGIA .......................................................................................................................... 13 3.1. O CONTEXTO DA ESCOLHA DO PROJETO DE ESTÁGIO.................................................. 13 3.2. A PROPOSTA .............................................................................................................................. 14 3.3. A APLICAÇÃO ............................................................................................................................ 14 4. RESULTADOS E ANÁLISES ...................................................................................................... 17 4.1. O QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO (APÊNDICE A) ........................................................ 17 4.2. O QUESTIONÁRIO INICIAL (APÊNDICE B)...................................................................... 18 4.3. AS POESIAS ELABORADAS E AS ANÁLISES EM SALA DE AULA .............................. 21 4.3.1. POESIA 1 .................................................................................................................................. 21 4.3.2. POESIA 2 .................................................................................................................................. 22 4.3.3. POESIA 3 .................................................................................................................................. 23 4.3.4. POESIA 4 – LEIS .................................................................................................................... 23 4.3.5. POESIA 5 – REALIDADE...................................................................................................... 24 4.4. O QUESTIONÁRIO FINAL (APÊNDICE C) ......................................................................... 25 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 29 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 30 APÊNDICE A – O QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO .............................................................. 31 APÊNDICE B – O QUESTIONÁRIO INICIAL ........................................................................... 32 APÊNDICE C – O QUESTINÁRIO FINAL ................................................................................... 33 APÊNDICE D – POESIAS ELABORADAS PELOS ALUNOS NÃO ANALISADAS EM SALA 34 1. INTRODUÇÃO É indiscutível que as disciplinas de exatas, principalmente física, causam desconforto na maioria dos estudantes. Qualquer breve diálogo com os mesmos demonstra que física é tida como a disciplina mais difícil, sem sentido, e desinteressante do ensino médio. Esse desinteresse se deve, na maioria dos casos, ao tipo de ensino, dito tradicional, utilizado nessa Ciência. Tais métodos tradicionais, segundo Yamazaki e Yamazaki (2006), Zanetic (2005, 2006), Pietrocola (2004) e Almeida (1993) usados de forma sistemática, são tidos por muitos estudantes como entediantes, maçantes, desinteressantes, e pouco proveitosos. Pietrocola (2004) apresenta suas experiências como aluno, mostrando como o método tradicional se tornou sem sentido, matando o seu prazer pelo aprender, tornando a aprendizagem chata e desinteressante. No meu caso, os anos seguintes à quinta série foram menos felizes. Muitos nomes de plantas, partes do corpo e compostos químicos passaram a ocupar o grosso das aulas. Como num passe de mágica, o prazer foi substituído pela chateação. Em seguida, já no final do ginásio, as expressões matemáticas apareceram nas aulas de ciências. E não bastava tê-las na memória, mas era necessário decorar os problemas nos quais utilizá-las. Tudo era apresentado sem conexão com coisas que me eram próximas, como o corpo humano, as plantas e demais vegetais, mas faziam pouco sentido da forma como apareciam nas aulas. O deslumbramento com o desconhecido, o sentimento de descoberta da resposta que intrigava a mente desaparecera, dando lugar à obrigação de estudar para passar de ano. (PIETROCOLA, 2004, p. 1-2). Nesse aspecto, inúmeras são as discussões sobre as possíveis causas da aversão que os alunos têm à Física. Alguns acreditam que o rigor matemático excessivo aliado ao método tradicional de ensino, realizado a quadro e giz, onde o professor é visto como figura central, responsável por transmitir conhecimento e o aluno a apenas recebê-lo, contribui para essa aversão. Almeida (1993) faz uma crítica ao uso quase exclusivo da matemática na física, mais uma vez enfocando pontos fracos do método tradicional: O conhecimento físico é construído com a mediação da Matemática. E, se quisermos que o estudante se aproprie desse conhecimento, é preciso que ele trabalhe com a linguagem que o constrói e entenda o papel que ela desempenha nesta construção. Mas as críticas que têm sido feitas à presença quase exclusiva de Matemática em aulas de Física têm procedência. O pouco uso nessas aulas da linguagem comum, através da qual o aluno está acostumado a elaborar seus pensamentos, diminui a probabilidade de sua efetiva participação nas atividades de classe. E, se as idéias do estudante não são trazidas à tona, fica difícil para o professor contribuir na organização de raciocínios que levam à construção de conhecimentos novos. (ALMEIDA, 1993, p. 8). 9 Seguindo o mesmo raciocino, Zanetic (2005) afirma que: O ensino de física dominante se restringe à memorização de fórmulas aplicadas na solução de exercícios típicos de exames vestibulares. Para mudar esse quadro o ensino de física não pode prescindir, além de um número mínimo de aulas, da conceituação teórica, da experimentação, da história da física, da filosofia da ciência e de sua ligação com a sociedade e com outras áreas da cultura. Isso favoreceria a construção de uma educação problematizadora, crítica, ativa, engajada na luta pela transformação social. (ZANETIC, 2005, p. 21). Para Pietrocola (2004) o desinteresse vai além da linguagem matemática utilizada pela Física: As aulas de ciências são chatas e monótonas. Os alunos não conseguem conceber os conteúdos científicos para além das palavras e símbolos utilizados. Os significados se vinculam apenas ao caráter superficial dos conceitos e fórmulas. (PIETROCOLA, 2004, p.10). Para o autor, a principal causa desse desinteresse está ligada ao papel da emoção na criação: A criação científica deve ser perseguida ao longo de toda educação, e isso é impossível sem o engajamento ativo do sujeito. A aula de ciências deve ser ocasião para se retraçar os passos, para se reviver as emoções e sentimentos associados aos atos de criação. Muito da fobia às ciências nas escolas advém do fato da criação ter sido substituída nas aulas pela memorização. Sem a criação não há emoções e resta apenas o arcabouço formal das atividades de ensino. (...) A ciência pode ser fonte de prazer caso possa ser concebida como atividade criadora. A imaginação deve ser pensada como a principal fonte de criatividade. Explorar esse potencial nas aulas de ciências deveria ser atributo essencial e não periférico nas aulas de ciências. A curiosidade é o motor da vontade de conhecer que coloca nossa imaginação em marcha. Assim, a curiosidade, a imaginação e a criatividade deveriam ser consideradas como base de um ensino que possa resultar em prazer. (PIETROCOLA, 2004, p. 12-13). Pietrocola (2004) critica a escola que, por um “duplo preconceito”, separa atividades de raciocínio das de imaginação como se tratassem de áreas desconexas: A escola se imbui da missão de transmitir às novas gerações valores, atitudes, conhecimentos e demais elementos da cultura humana. Nessa tarefa, muitas vezes relega a criatividade e a imaginação ao aspecto meramente motivacional das atividades, atribuindo ao lúdico unicamente a capacidade de entreter. Em geral, separa-se as atividades de raciocínio daquelas imaginativas, como se tratassem de áreas desconexas do pensamento. Por um duplo preconceito, não atribuem ao raciocínio a possibilidade de criar, nem à imaginação de organizar e moldar representações sobre o mundo. (PIETROCOLA, 2004, p. 11). Yamazaki e Yamazaki (2006) propõem algo denominado por eles como “mudança significativa na prática de educadores”, que envolve o uso de metodologias alternativas no ensino. Nas palavras dos autores: 10 Ensino através de brincadeiras, jogos, desafios etc., parecem provocar aprendizagem de forma mais eficiente, no sentido de que os estudantes, além de mostrarem-se dinâmicos quando em meio ao processo, mostram-se também dispostos a continuar a aprendizagem mesmo que em outros contextos, algumas vezes motivados a discutirem sobre assuntos referentes às ciências em lugares como restaurantes, bares, praças, algumas vezes prosseguindo os estudos em cursos mais avançados (YAMAZAKI & YAMAZAKI, 2006, p. 1). Nessa linha de raciocínio, visando amenizar a problemática do desinteresse dos alunos pela Física, me motivei a trabalhar com uma metodologia alternativa inovadora, que pudesse de alguma forma, fugir do método tradicional, motivando o aluno, despertando seu interesse, induzindo aumento ou reforço da aprendizagem. Com essa ideia em mente, surgiu um questionamento: É possível utilizar poesia no ensino de Física de modo a despertar o interesse e motivar os alunos para o aprendizado? Na tentativa de responder a essa pergunta, pensamos em formas de ensinar Física por meio de poesias em turmas do primeiro ano do Ensino Médio. Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho foi “analisar se a elaboração de poesias, realizada pelos alunos, envolvendo conceitos da Física, induz melhoria na aprendizagem desses conceitos, a partir da motivação desses alunos”. Para atingir esse objetivo e responder a pergunta da pesquisa, foram realizadas duas etapas. A primeira foi o processo de criação no qual os alunos criariam suas próprias poesias com conceitos físicos aprendidos em sala; a segunda o processo de análise no qual os estudantes, com ajuda do pesquisador, analisaram as poesias elaboradas. No próximo capítulo abordaremos o uso da poesia no ensino e nos capítulos posteriores será detalhada a metodologia e apresentados os resultados e suas análises. Nos apêndices estarão disponíveis os questionários aplicados e as poesias dos alunos que não foram apresentadas nos resultados. 11 2. O USO DA POESIA NO ENSINO Em um olhar superficial, Física e Poesia podem parecer áreas totalmente distantes e desconexas. Snow (1995), defensor da conexão entre ciência e arte, já questionava essa ideia errada e denunciava essa distância e a dificuldade de compreensão entre essas duas culturas. Num pólo os literatos; no outro os cientistas e, como os mais representativos, os físicos. Entre os dois, um abismo de incompreensão mútua – algumas vezes (particularmente entre os jovens) hostilidade e aversão, mas principalmente falta de compreensão. Cada um tem uma imagem curiosamente distorcida do outro. Suas atitudes são tão diferentes que, mesmo ao nível da emoção, não encontram muito terreno em comum (...) Os nãocientistas têm impressão arraigada de que superficialmente os cientistas são otimistas, inconscientes da condição humana. Por outro lado, os cientistas acreditam que os literatos são totalmente desprovidos de previsão, peculiarmente indiferentes aos seus semelhantes, num sentido profundo anti-intelectuais, ansiosos por restringir a arte e o pensamento ao presente imediato. (...) As razões para a existência das duas culturas são muitas, profundas e complexas, umas arraigadas em histórias sociais, umas em histórias pessoais, e umas na dinâmica interna dos tipos diferentes de atividade mental. (SNOW, 1995, apud ARTUSO, 2010, p. 5). Esse “abismo de incompreensão mútua”, citado por Snow, impede que físicos tenham interesse em elaborar novas metodologias que envolvam elementos da arte, voltando-se a métodos tradicionais de ensino. Porém, em uma rápida revisão da literatura da área é possível encontrar farto material evidenciando o contrário. Zanetic (2006), em seu ensaio “Física e Arte” ressalta a importância da ponte entre Física e Literatura como uma forma alternativa de ensino que contribua na construção de um diálogo inteligente com o mundo, podendo despertar interesse e a amenizar a crise de leitura na contemporaneidade, não pode ficar restrita somente a professores de português. Almeida (1993), a importância da leitura como um ato de prazer e de envolvimento está relacionada ao fato de que para essas pessoas: ... a leitura transcende o ato mecânico do decifrar códigos impressos, para se revelar numa relação de cumplicidade entre leitor e texto. A leitura de textos literários (romances, crônicas, biografias, poesias, quadrinhos, etc.) leva muitas vezes ao estado de envolvimento, pois nela há espaço ao belo, ao lúdico, às nossas fantasias e emoções. (ALMEIDA, 1993, p. 7). De volta a Zanetic (2006), o autor afirma que é possível notar que Richard Dawkins, inspirado em vários trabalhos de seus colegas poetas, destaca que muitos artistas criticam as descobertas científicas, pois acreditam que elas podem matar a poesia. Dawkins defende justamente o contrário. Ele afirma que “[...] os poetas poderiam fazer melhor uso da inspiração fornecida pela 12 ciência enquanto os estudantes de física podem fazer melhor uso de sua inspiração fornecida pelos conceitos físicos”. Considerando a ponte entre a Física e a Arte, há o destaque para o fator da aprendizagem por meio da experiência, na qual, para Brodowski (1983, apud PIETROCOLA, 2004): Um físico faz experiências com situações materiais cujas propriedades não conhece totalmente e um poeta tenta encontrar o seu caminho através de situações humanas que não compreende integralmente. Ambos estão aprendendo através da experiência. (BRONOWSKI, 1983, apud PIETROCOLA, 2004, p. 12). Nas palavras de Artuso (2010), em relação ao aprendizado por meio da experiência, Tanto a Física quanto a Poesia são buscas de aprendizagem através da experiência. Seja de situações materiais cujas propriedades não se conhece integralmente, no caso da primeira, quanto na tentativa de se encontrar um caminho através de situações humanas não compreendidas totalmente, no caso da segunda. Se a Ciência estrutura a experiência em forma de leis nas quais se pode basear as futuras ações, a Poesia é um modo de conhecimento no qual é possível se identificar com o autor e, através de sua obra, se ligar à própria e à toda a experiência humana. (ARTUSO, 2010, p. 4). Ildeu de Castro Moreira (MOREIRA, 2002) explora poesias já existentes na literatura portuguesa e brasileira como método alternativo interdisciplinar entre Física e Poesia, defendendo a valorização dessa junção como excelente ferramenta que envolve processos de imaginação e criatividade. Para o autor, “ciência e poesia pertencem à mesma busca imaginativa humana, embora ligadas a domínios diferentes de conhecimento e valor”. Assim, há aproximação entre essas atividades interdisciplinares que envolvem a Arte e a Poesia, já que “a criatividade e a imaginação são o húmus comum de que se nutrem” (MOREIRA, 2002, p. 17). Artuso (2010) destaca a questão da interdisciplinaridade: Essa interdisciplinaridade entre Ciência e Arte, aqui mais especificamente entre Física e Poesia, pode ser observada na literatura da área presente em vários momentos: em atividades paradidáticas (GOUVEIA, 2004), ao se trabalhar com projetos (QUEIROZ et al, 2009), ao se lançar questões iniciais e motivadoras (QUEIROZ et al, 2006; BARBOSA-LIMA, 2008), ao se propor atividades de síntese ou debates (LIMA, BARROS; TERRAZAN, 2004; SANTOS; PIASSI; VIEIRA, 2008), ao se realizar um levantamento prévio de concepções alternativas dos alunos (QUEIROZ et al, 2009), através de leituras e produções dos alunos (CARVALHO; ZANETIC, 2005), além de outras possibilidades também levantadas por Moreira (2002) e Zanetic (2005 e 2006). (ARTUSO, 2010, p. 3). Assim, observamos que há inúmeros trabalhos na área envolvendo a relação entre Ciência e Arte, de modo geral, e mais especificamente entre Física e Poesia. Snow, Zanetic, Pietrocola, Moreira, Yamazaki e Yamazaki, Almeida dentre outros, enfatizam o papel importante da Poesia no ensino da Física. 13 3. METODOLOGIA 3.1. O CONTEXTO DA ESCOLHA DO PROJETO DE ESTÁGIO O início desta pesquisa se deu na disciplina Estágio Supervisionado I, no primeiro semestre de 2014. Naquele mesmo semestre, ingressei no PIBID, programa voltado a alunos de licenciatura com intuito de fazer pesquisas no campo escolar. O PIBID dialoga perfeitamente com as políticas de estágio, de forma que um complementa o outro, o que proporcionou bastante subsídios para a elaboração desse projeto. No PIBID, concomitante ao estágio, o professor coordenador do programa no Instituto de Física idealizou que os “pibidianos” e/ou estagiários escrevessem algo que fizesse sentido para os mesmos. Nesse sentido, foram trabalhados textos de reflexões e elaborados textos pessoais sobre a trajetória de vida. No texto elaborado, deveria ser relatado todo o caminho trilhado desde os anos iniciais do campo escolar até aquele exato momento na Universidade. Em meio a esse processo de reflexão, ainda no Estágio I, foi apresentada a estrutura do Estágio supervisionado do curso o qual é formado pelos pequenos grupos de pesquisas (PGP) e o grande grupo de pesquisa (GGP). Os PGPs são formados por professores supervisores/formadores das escolas onde ocorrem os estágios e por alunos “pibidianos” e estagiários do curso de Licenciatura em Física. Os alunos de Estágio I e “pibidianos”, após intensas reflexões e com uma proposta em mente, deveriam escolher o PGP que melhor dialogasse com sua proposta e com o Projeto de Investigação Coletiva (PIC) do professor formador. Dessa forma, para o desenvolvimento do trabalho foi escolhido o PGP de uma instituição pública de ensino fundamental e médio. Com a proposta de trabalho e o local a ser executado em mente foi elaborado o (PIS) Projeto Investigativo Simplificado que é o projeto a ser desenvolvido no decorrer dos estágios. No segundo semestre de 2014, no Estágio II, foi melhorada a proposta de trabalho, conforme observações e reflexões do PGP. Na verdade, essa construção do trabalho foi de forma gradativa. Durante o percurso dos estágios ocorreram várias adaptações conforme as necessidades. Além do PIS havia também o plano de trabalho do PIBID, que trabalhavam juntos se fortaleciam um ao outro. No PGP, semanalmente, às vezes quinzenais, havia participação em algumas aulas como ouvinte, observando o campo de pesquisa. Paralelamente, era elaborado um extenso cronograma para aplicação do projeto baseado no PIS e no plano de trabalho do PIBID. No final do estágio II, participei do I SEPEF – Seminário de Estágio e Pesquisa em Ensino de Física –, no qual fiz um resumo e apresentei a proposta do projeto utilizando pôsteres. Durante o estágio III, o PIS e o Plano de trabalho, sempre em processo de reconstrução e aprimoramento, se transformaram no projeto de pesquisa o qual foi executado nos estágios III e IV. 14 Os professores que supervisionaram o projeto foram importantes na sua estruturação, organização, elaboração e aplicação. O trabalho inicial foi submetido ao XII Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFG, CONPEEX, e aceito. O trabalho apresentado, em forma de pôster, foi: “O uso de poesias para ensinar conceitos básicos de Física: uma metodologia que cativa e ensina”. Assim, os Estágios III e IV se caracterizaram muito importantes, o primeiro no sentido de aquisição de elementos investigativos para o projeto de pesquisa, tais como: questionários, entrevistas, notas de aulas; o segundo teve papel fundamental no que diz respeito às leituras de referenciais teóricos. No período entre os Estágios III e IV foi aprofundado o levantamento dos referenciais teóricos, a partir de uma extensa revisão da literatura existente de trabalhos que reforçavam a proposta de trabalho. Em síntese, todo esse processo de escolha, reflexão, investigação, elaboração, aprimoramento, ressignificação, aplicação, dentre outros fatores, culminaram nesse projeto que foi desenvolvido e aplicado ao longo de dois anos, no decorrer dos Estágios I, II, III e IV. 3.2. A PROPOSTA Por conta da desmotivação e desinteresse do aluno na disciplina física, além do uso incessante do método tradicional de ensino e pautado em inúmeros referenciais teóricos, que criticam o método tradicional usado de forma exclusiva e propõe atividades alternativas, foi pensado em algo que fosse despertar nos alunos um interesse diferenciado pela disciplina, causando dissociação da ideia de que Física é puramente cálculos e que dessa forma fosse possível uma melhoria na compreensão e entendimento do conteúdo. A intenção era reforçar conceitos físicos vistos em sala de aula por meio de poesias que deveriam ser criadas pelos próprios alunos e depois analisadas em sala de aula a fim de desafia-los promovendo interesse que facilitaria no processo de aprendizagem. 3.3. A PLICAÇÃO O projeto foi aplicado durante os estágios III e IV em duas turmas do primeiro ano do Ensino Médio. Em cada turma havia um total de 30 alunos matriculados totalizado 60 alunos. As salas de aula eram muito bem equipadas com data-shows e demais equipamentos que facilitaram a projeção de poesias para análise em aula. Foram organizados 6 encontros aos longo de 2015 e início de 2016, conforme a Tabela 1, a seguir. 15 Tabela 1. Organização metodológica da aplicação do projeto ATIVIDADE 1° aula: 20/05/2015  Apresentação do projeto.  Questionário Diagnóstico. 2° Aula: 03/06/2015  Estrutura e análise de poesias existente sobre física.  Questionário Inicial. 3° Aula: 17/11/2015  Construção de poesias 4° aula: 24/11/2015  Construção de poesias 5°aula: 15/12/2015  Análise de poesias dos próprios alunos em sala 6°aula: 16/02/2016  Considerações finais  Questionário final DESCRIÇÃO  Nesta aula foi apresentada a proposta do projeto. Explicado os objetivos, justificativa, cronograma, critérios de avaliação em geral.  Feito a leitura de duas poesias para que os alunos começassem a ter uma breve ideia de como seria a proposta.  Foi passado um questionário com questões abertas afim de análise do conhecimento prévio do estudante.  Breve introdução sobre conceitos relacionados à poesia e estrutura a ser cobrada. Exposição de exemplos de poesia envolvendo físicas de outros projetos parecidos ou de poesias já existentes na literatura científica. E aplicação de novo questionário denominado inicial elaborado a partir do questionário diagnóstico. O objetivo foi aprimorar o levantamento do Questionário Diagnóstico e analisar a impressão prévia dos alunos quanto ao uso de Poesia no ensino da Física  Nesta aula, por conta da greve, houve um atraso no cronograma e só foi iniciada em novembro. Nela foi trabalhada a criação de poesias por parte dos alunos. Os alunos tiveram auxílios do professor regentes e do professor estagiário para tirar dúvidas.  Nesta aula houve a continuação da criação de poesias de alguns alunos que não haviam feito a atividade proposta na intervenção anterior, ou que por motivos de suas poesias não se adequarem aos critérios exigidos refizeram ou melhoraram de acordo com os critérios propostos.  Nesta aula foram analisadas as poesias que melhor se adequaram aos critérios. Foram escolhidas as 5 poesias com a pontuação mais alta . Projetadas em aula e analisada afim de obtenção de reforço da aprendizagem.  Na aula final, houve explicação de notas, considerações finais, agradecimentos e o questionário final com o objetivo de analisar a percepção dos alunos em relação à proposta. Os elementos investigativos utilizados foram 3 questionários, cada um com determinado objetivo, notas de campo das aulas e as poesias elaboradas pelos alunos. A organização metodológica das intervenções aconteceu conforme mostrado na Tabela 1. Na primeira aula foi explicada a proposta do projeto, alguns exemplos de poesias e aplicado o Questionário Diagnóstico no intuito de analisar os conhecimentos prévios dos alunos. Em seguida, de posse das respostas dos alunos , após análise, criamos um novo questionário em que o objetivo foi aprimorar o levantamento do Questionário Diagnóstico e analisar a impressão prévia dos alunos quanto ao uso de Poesia no ensino da Física. Tal questionário foi denominado de Questionário Inicial. Nessa segunda intervenção também trabalhamos com a estrutura a ser cobrada dentro do 16 projeto proposto. Nas intervenções 3 e 4 foram trabalhadas o processo de criação das poesias, nas quais os alunos em sala de aula e com a ajuda do professor pesquisador e do regente escreveram suas poesias. Algumas não atenderam os requisitos que eram clareza do texto, pontuação e escrita correta do Português, elementos da poesia como rimas, além da adequação dos conteúdos e conceitos da Física, tais como a Cinemática, as Leis de Newton... Por conta desse motivo fez-se necessário duas intervenções. Na aula 5, foram analisadas as poesias que melhor se adequaram aos critérios. Foram escolhidas as 5 poesias com a pontuação mais alta. As poesias foram projetadas em aula e analisadas a fim de obtenção de reforço da aprendizagem. Por fim, no último encontro, sexta aula, houve as explicações das notas, considerações finais, agradecimentos e um terceiro e último questionário denominado Questionário Final com o objetivo de analisar a percepção dos alunos em relação à proposta. 17 4. RESULTADOS E ANÁLISES O trabalho foi desenvolvido com 60 alunos de turmas de 1º ano de ensino médio de uma escola pública de Goiânia, Goiás. As análises foram realizadas a partir dos questionários respondidos pelos alunos, pelas notas de campo e pelas poesias elaboradas pelos mesmos. Foram aplicados três questionários, que serviram de base para parte das análises. Na Tabela 2, a seguir, estão caracterizados esses questionários: Tabela 2. Questionários aplicados durante a pesquisa Questionário Diagnóstico Inicial Final Descrição Primeiro questionário, com perguntas abertas com o objetivo de conhecer a impressão prévia do estudante sobre Física e a possibilidade de envolvê-la com Poesia. Segundo questionário, elaborado a partir das respostas do Questionário Diagnóstico, com perguntas abertas e fechadas. O objetivo foi aprimorar o levantamento do Questionário Diagnóstico e analisar a impressão prévia dos alunos quanto ao uso de Poesia no ensino da Física. Terceiro questionário, com perguntas abertas com o objetivo de analisar a percepção dos alunos sobre a proposta dessa pesquisa de usar a Poesia no ensino da Física. Cada um desses questionários faz parte das análises da pesquisa. Eles serão apresentados e analisados na sequência das atividades propostas para a realização do trabalho. 4.1. O QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO (APÊNDICE A) Esse questionário, com três questões abertas, teve como objetivo analisar, inicialmente, o interesse dos alunos pela Física e questioná-los sobre suas impressões iniciais sobre o tema dessa pesquisa, ou seja, o uso da Poesia no ensino de Física. A primeira pergunta foi: “Baseado na sua concepção que você tem até determinado momento, o que você entende por física?”. Nessa questão, a maioria dos alunos demonstrou não entender muito bem o que é Física. No máximo descreveram o que eles estão estudando em sala de aula, como conceitos de movimento e velocidade. Poucos, dentre os 58 alunos respondentes, descreveram a Física como uma ciência que estuda os fenômenos naturais. Consideramos como razoável essa análise, pois é o primeiro ano em que veem a disciplina de maneira formal, sem estar diluída na disciplina Ciências dada no Ensino Fundamental. 18 A segunda pergunta foi: “O que você gosta na Física? E o que você não gosta?”. Tivemos variadas respostas entre o “gostar” e o desinteresse pela disciplina. Citamos algumas respostas dadas pelos alunos, relacionadas ao desinteresse: – Gosto de física relacionada à astronomia, não gosto do conteúdo de mecânica. – Acho desnecessário. – Desinteressante difícil, sem sentido. A terceira pergunta foi: “Você acha possível haver poesia no ensino de física? Por quê?” – Sim ,mas de uma forma bem superficial. – Sim, mas acho estranho. – Não, física é ruim, poesia é pior ainda. Nesse primeiro questionário, pudemos verificar que, como apresentado por outros autores, os alunos se sentem desmotivados pelo estudo da Física e não conseguem perceber a real possibilidade de uma interdisciplinaridade com a Literatura. O objetivo desse questionário foi atingido, pois conseguiu-se traçar um diagnóstico superficial sobre as impressões dos alunos quanto à Física e sua associação com a Poesia. 4.2. O QUESTIONÁRIO INICIAL (APÊNDICE B) Esse questionário foi respondido, também, por 58 alunos. A ideia foi aprofundar nas questões para analisar melhor a concepção dos alunos quanto ao estudo da Física, sua relação com a Matemática e, novamente, a possibilidade de seu ensino intermediada por Poesia. Para a pergunta: “Qual destas áreas abaixo você prefere? ( ) Exatas; ( ) Humanas; ( ) Biológicas; ( ) Nenhuma”, o resultado é o apresentado na Tabela 3: Tabela 3. Respostas à Questão “Qual destas áreas abaixo você prefere?” Área Exatas Humanas Biológicas Nenhuma Porcentagem (número de alunos) 17,2% (10) 53,5% (31) 24,1% (14) 5,2% (03) Com esses resultados, fica evidente o desinteresse dos alunos pela disciplina de Física e, surpreendentemente, pode se notar aversão de modo geral às Ciências visto que as áreas de biológicas também fazem parte da área de Ciência e também teve resultado baixos. Para a pergunta: “Você gosta de Física? ( ) Sim; ( ) Não. Por quê? ”, 63,8%, 37 alunos, disseram que NÃO e 32,8%, 19 alunos, que SIM, 3,5%, 2 alunos, não responderam. Dentre as respostas dos que disseram que não gostam de Física, pode-se citar: 19 – Porque é difícil. – Porque é complicada. – Porque é chata. – Porque não consigo entender as explicações e o conteúdo. – Por não gostar de matemática. – Por parecer inútil. – Algo que não me chama atenção. – Odeio exatas e física é complicada pra mim. – Porque não aprendemos física adequadamente. Dentre as respostas dos que disseram que gostam de Física, pode-se citar: – Porque é uma matéria interessante apesar da dificuldade. – Gosto de fazer cálculos. – Gosto de aplicar fórmulas. – Porque a física explica tudo. – Explica o universo. Consideramos que as falas dos alunos que dizem não gostar de Física podem sugerir que o desinteresse pelo aprendizado de Ciências, especialmente pela Física, se deve ao uso de forma sistemática de metodologias ditas tradicionais, que segundo Yamazaki e Yamazaki (2006), Zanetic (2005, 2006), Pietrocola (2004), Almeida (1993) são tidos por muitos alunos como entediantes, maçantes, desinteressantes e pouco proveitosos. Acreditamos que o “abismo de incompreensão mútua”, citado por Snow (1995, apud ARTUSO, 2010), seja um dos fatores que influenciem professores de Física a não buscarem metodologias alternativas de ensino integrando, por exemplo, Física e Arte. Assim, os professores recaem no método tradicional de ensino, que se torna sem sentido, matando o prazer pelo aprender, tornando a aprendizagem chata e desinteressante. Para a pergunta: “Você gosta de poesia? ( ) Sim; ( ) Não; Por quê?”, 55,2% (32 alunos) responderam que sim e 43,1% (25 alunos) responderam que não. Um aluno respondeu que mais ou menos, fora da alternativa de respostas. Os argumentos de alguns dos alunos que disseram gostar foram: – Por que trabalha algo que vai além da lógica desperta algo diferente na gente. – Posso comparar meus sentimentos e expressá-los. – Por que me faz viajar. – Acho bom e interessante. – Bonita. – Pelo jeito da escrita. Dos que disseram não gostar, afirmaram: – Chato, sem graça. – Meloso. – Sem motivo. – Outros professores causaram desgosto. – Não gosto de ler. 20 Para a pergunta: “Qual a maior dificuldade você tem em Física? ( ) Entender os cálculos; ( ) Interpretar a teoria; ( ) A relação entre a teoria e prática; ( ) outras. Quais?”, era permitido marcar mais de uma alternativa. Apesar de não constar a alternativa “nenhuma”, dois alunos afirmaram na parte aberta da questão que não tinham dificuldades em Física, como apresentado na Tabela 4. Tabela 4. Respostas à Questão “Qual a maior dificuldade você tem em Física?”. Resposta Entender os cálculos Interpretar a teoria Relação entre a teoria e prática Outras Nenhuma dificuldade Porcentagem (número de alunos) 56,9% (33) 58,6% (34) 50,0% (29) 6,9% (4) 3,4% (2) Vemos, portanto, que mais de 50% dos alunos marcaram o conjunto das três primeiras alternativas, o que sugere que eles não conseguem estabelecer vínculos entre a teoria, os cálculos e a compreensão prática da disciplina. A dificuldade em Matemática surge para quase 60% dos alunos, corroborando Pietrocola (2004) e Almeida (1993), quando afirmam que a dificuldade está, geralmente, na presença quase exclusiva da Matemática em aulas de Física. Para a pergunta: “Qual a importância do ensino da Física? ( ) Não tem; ( ) Pouca; ( ) Média; ( ) Muita; ( ) Não sei”, as resposta foram as apresentadas na Tabela 5. Tabela 5. Respostas à Questão “Qual a importância do ensino da Física?” Resposta Não tem Pouca Média Muita Não sei Porcentagem (número de alunos) 3,5% (2) 10,3% (6) 44,8% (26) 36,2% (21) 5,2% (3) De alguma forma os estudantes “entendem” que a Física é uma disciplina importante e necessária, haja vista que mais de 80% dos alunos responderam que ela tem importância alta ou média. Mesmo que grande parcela da turma não goste de Física, eles percebem que de alguma forma a disciplina é importante. Ao serem questionados, novamente, se é possível estudar Física com Poesia com a pergunta: “É possível haver poesia no ensino de física como forma de trabalhar a interdisciplinaridade, contribuindo de forma lúdica à aprendizagem de Física, tornando a disciplina mais interessante? ( ) Concordo totalmente; ( ) Concordo parcialmente; ( ) Discordo parcialmente; ( ) Discordo totalmente; ( ) Não sei”, tivemos o resultado apresentado na Tabela 6. 21 Tabela 6. Respostas à Questão “É possível haver poesia no ensino de física...?” Resposta Concordo totalmente Concordo parcialmente Não sei Discordo parcialmente Discordo totalmente Porcentagem (número de alunos) 15,5% (9) 53,4% (31) 8,6% (5) 15,5% (9) 6,9% (4) Observa-se que a maioria dos alunos concorda em parte a respeito da possibilidade de envolver Física com Poesia. Ou seja, apesar do desinteresse e da desmotivação confirmados por meio do questionário e observado na revisão da literatura sobre o assunto realizado, os alunos acreditam que a disciplina é sim importante e boa parte da turma disse também concordar parcialmente que essa metodologia alternativa interdisciplinar unindo física e poesia pode sim contribuir a aprendizagem de física e despertar interesse. Vale ressaltar, que se no primeira momento eles disseram ser algo muito distante tal interdisciplinaridade, após a explicação da proposta pelo pesquisador e os exemplos dado em sala na aula 2. Ao responderem o questionário inicial dessa vez foram menos incisivos e a maioria afirmou concordar parcialmente. 4.3. AS POESIAS ELABORADAS E AS ANÁLISES EM SALA DE AULA Após a aplicação dos dois primeiros questionários, os alunos elaboraram suas poesias, aquelas com maiores pontuações foram escolhidas, apresentadas em sala e discutidas com as respectivas turmas. As análises das poesias foram feitas pelos alunos autores e pelos colegas com a ajuda do pesquisador. A seguir, apresentaremos cinco poesias, consideradas como as melhores criadas pelos alunos e suas respectivas análises. 4.3.1. Poesia 1 Um corpo reagiu Sob a ação de outro corpo Com a mesma força atingiu Revidou ao lado oposto (...) A poesia foi projetada em sala de aula e um aluno realizou sua leitura em voz alta para a turma. Logo após, foi perguntado: O que entenderam do poema?. Rapidamente, uma aluna respondeu: – Lei de Newton da ação e reação. 22 Indagamos: – Por que ação e reação, qual elemento no poema mostra isso? A aluna respondeu: – Tem uma lei de Newton que fala que quando um corpo aplica uma força em outro corpo, o corpo que recebeu a força aplica essa mesma força de volta. Pedimos que citassem um exemplo. Um aluno respondeu: – Sim, um bloco no chão faz uma força e o chão faz essa força para cima. Percebemos que a análise dessa poesia projetada em sala ajudou aos alunos a compreenderam e reforçarem elementos importantes do conceito físico. 4.3.2. Poesia 2 Tranquilo no busão Correndo, mas paradão De repente sinto uma força Que me leva para o chão O ônibus brecou A inércia me afetou Minha cara bateu no chão E o chão na minha cara socou Ao indagar os alunos em quais pontos a poesia se identificava com conceitos físicos e que conceitos eram esses, vários alunos responderam. Destacamos duas respostas: – Tranquilo no busão. Correndo, mas paradão. Dependendo do ponto de vista pode estar parado ou correndo. Exemplo, um menino dentro do ônibus está parado em relação a outro menino que esteja no ônibus, porém está em movimento ou “correndo” em relação a uma pessoa que esteja fora do ônibus. Analisando a fala desse aluno, verificamos que ele compreendeu o conceito de referencial e que a poesia elaborada conseguiu trabalhar esse conceito com bastante propriedade. Outro aluno afirmou: – De repente sinto uma força. Que me leva para o chão. O ônibus brecou. A inércia me afetou. Quando o motorista freia por inércia tendemos a permanecer em movimento e caso falte equilíbrio, eu além de continuar o movimento “para frente” posso ser afetado pela força da gravidade batendo a cara no chão. Neste resultado, o aluno mostra que se apropriou do conceito de inércia e de força gravitacional trabalhado na poesia elaborada pelo colega. Foi observado, também, por um aluno, o seguinte trecho da poesia: 23 – Minha cara bateu no chão. E o chão na minha cara socou. Essa é fácil lei da ação e reação. Novamente, a poesia conseguiu apresentar um conceito físico, mais precisamente a terceira lei de Newton, ou seja, o princípio da ação e reação. 4.3.3. Poesia 3 O sentimento sobre física É o sentimento contrário à função horária do Espaço no movimento uniforme É um movimento retrógrado Ao sentimento da felicidade É um movimento progressivo Me tirando a sanidade. A autora explicou a poesia para a turma da seguinte maneira: – No poema, eu quis expressar como a física deixa as pessoas loucas pela sua complexidade e quando tentamos resolver algo em física ficamos com um sentimento ruim, algo contrário à felicidade que deixa a gente louco. Essa aluna, de forma criativa, expressa por meio desse poema o que ela sente em relação à Física. Para escrevê-lo, ela no mínimo teve que assimilar conceitos de Física, tais como, movimento retrógrado, uniforme, progressivo, além de usar elementos da poesia como a rima. Muitos alunos concordaram com a autora sobre a dificuldade de aprender Física. 4.3.4. Poesia 4 – Leis Toda lei pertence a uma nação Exceto as leis da Física Desde a ação e reação Até a inércia e massa vezes aceleração A Física é universal Newton disso sabia A gravidade não é ocasional Enquanto uma maçã caia Todo corpo tende a inércia primeira Toda ação tende a uma reação segunda Princípio da dinâmica terceira Inércia, ação, reação e dinâmica Leis que você não pode violar Física mecânica Aquela que faz o mundo funcionar 24 Nesta poesia, a aluna explica que a palavra chave é “Leis”, ela relaciona as leis da Física com as leis jurídicas, tenta fazer um paralelo ressaltando a importância da Física. Um trecho interessante neste poema é quanto há troca da ordem das leis de Newton: Todo corpo tende a inércia primeira. Toda ação tende a uma reação segunda. Princípio da dinâmica terceira. O princípio da dinâmica deveria ser a segunda e não terceira lei e a ação e reação a terceira. Nessa parte da leitura, a aluna ao ser indagada sobre a ordem das leis admitiu que havia se equivocado e que aquele erro não era licença poética. Entretanto, um aluno perguntou: – Por que essa lei vem em segunda e não terceira? O que determina a ordem das leis de Newton? Ficamos sem dar uma resposta com certeza, mas dissemos que, provavelmente, essa era a forma mais didática a ser apresentada aos alunos e que talvez as leis não necessariamente tenham uma ordem. Combinamos de pesquisar posteriormente o assunto. Dessa forma pudemos perceber certa curiosidade do aluno por algo pouco questionado no cotidiano, tal curiosidade surgiu após a análise dessa poesia. 4.3.5. Poesia 5 – Realidade Estamos no espaço a flutuar As batidas do coração a acelerar Uniformemente Nossos corpos em movimento constantemente Não temos influência do ar mas ainda posso respirar Por te ter Por te amar E assim continuo sem nunca parar se mantivermos nossas velocidades vetoriais eu talvez te alcance rápida demais Para que você não se canse E as estrelas tão inertes quanto nós Na nossa função de espaço Pouco a pouco estamos sós Então, quando no espaço a flutuar Sem influência do ar Sinto algo a me puxar Queda livre... Efeito gravidade Me puxando de volta para a realidade 25 Nesta poesia, a aluna relaciona seu conflito amoroso, no qual a mesma sai da realidade por imaginar em uma situação feliz, mas que no final se torna um fim trágico ao perceber que era tudo ilusão, a gravidade que puxa para baixo a coloca no chão e na realidade. Assim, concluímos que o objetivo de se criar poesias com temas relacionados à Física foi atingido neste pequeno exercício. É importante ressaltar que esses alunos eram do primeiro ano do Ensino Médio e que tinham tido pouco contato com a Física até aquele momento, pois estavam estudando a cinemática e a introdução à dinâmica, com as Leis de Newton. Acreditamos que a se o trabalho fosse elaborado por alunos que tivessem tido contato com toda a Física, os assuntos seriam mais variados. 4.4. O QUESTIONÁRIO FINAL (APÊNDICE C) No terceiro questionário, o Questionário Final, procuramos saber quais as impressões dos alunos quanto à metodologia do ensino de Física por meio de elaboração de poesias. Na primeira pergunta: É possível utilizar poesia no ensino de Física como forma de trabalhar a interdisciplinaridade, contribuindo de forma lúdica à aprendizagem de Física, tornando a disciplina mais interessante? No total de 56 alunos que responderam a essa pergunta, obtivemos os índices apresentados na Tabela 7, a seguir: Tabela 7. Respostas à Questão 1 do Questionário Final Resposta Concordo totalmente Concordo parcialmente Não sei Discordo parcialmente Discordo totalmente Porcentagem (número de alunos) 10,7% (6) 39,3% (22) 10,7% (6) 16,1% (9) 23,2% (13) Comparando esse resultado com o apresentado na Tabela 6, com a mesma pergunta feita antes da aplicação da técnica de elaboração de poesias pelos alunos, vemos um aumento significativo dos alunos que “discordam totalmente” de que a utilização de poesias no ensino de Física contribua para a aprendizagem e com o aumento do interesse. Antes, somente 6,9% discordavam totalmente da possibilidade do uso das poesias, depois, 23,2%. Houve, também, queda no número dos que concordavam totalmente, de 15,5% para 10,7%. Houve queda, também, nos que concordavam parcialmente. Esses resultados sugerem que após os alunos participarem da proposta metodológica, a desaprovação aumentou. 26 Para a segunda pergunta: O que você achou dessa proposta de aprendizagem de Física? Sentiu-se desafiado?, obtivemos respostas de alunos que aprovaram, tais como: – Achei interessante pois essa proposta quebrou um pouco esse tipo de aula mecânica que é sempre a mesma coisa. – Achei legal , torna a matéria mais interessante. – Gostei, porem achei difícil, mais para descontrair do que aprender algo relevante. E de alunos que não aprovaram: – Achei ruim, não sei fazer poesia. – Ainda me sinto desafiada, pois não compreendo o que foi passado até agora. – Foi frustrante tentar aplicar física no poema maioria das vezes não ficava boa. – Achei ruim, pois existem outros jeitos lúdicos de se aprender física sem ser com poesia. – Não gostei não sou bom de poesia prefiro o jeito normal. – Não gostei da proposta, não me senti desafiado, porém fez a aula ser mais divertida. – Achei ruim, pois não estaremos trabalhando poesia pelo que ela é sim estaremos trabalhando conceitos de física de forma que rime. Não estaremos aprendendo física, estaremos decorando conceitos físicos para serem introduzidos em um poema. – Desperdício do tempo da aula, poderíamos ter aprofundado o conteúdo. As observações dos alunos foram muito importantes, no sentido de que não basta uma metodologia nova no ensino sem que os alunos não estejam motivados, também, para sua utilização. Se já não há motivação pela Física, maiores dificuldades teremos se adotarmos uma metodologia que não motive os alunos. Outro ponto importante, é o que afirma um dos alunos quando fala que “não estaremos aprendendo física, estaremos decorando conceitos físicos para serem introduzidos em um poema”. Isso nos traz a reflexão de que as atividades lúdicas devem ser bem estudadas, estruturadas e bem aplicadas, para não se passar a impressão de que é uma metodologia voltada para memorização ou para simplesmente arrumar palavras que “rimem” como dito por um dos alunos. Na terceira pergunta: Você aprendeu ou reforçou conceitos físicos durante os processos tanto de criação quanto de análise das poesias? Se sim, cite um exemplo de um desses conceitos. Algumas das respostas dos alunos que responderam que “sim” foram: – Sim tive que recordar significados do movimento retrógrado, movimento progressivo para fazer os poemas. – Sim, lei de Newton, MUV, velocidade média. – Sim, inércia. Dos que responderam que “não” tivemos: – Não, só pesquisei, nada que eu já não sabia. – Não, creio que não seja uma boa forma. – Sim, só que já esqueci. – Não aprendi nem reforcei, apenas decorei. 27 Novamente, vemos que a metodologia de ensino não trouxe, na opinião de vários alunos, melhorias para o aprendizado. Alguns citam a memorização como consequência da técnica, o que não deve ser o objetivo de um projeto de ensino. Na quarta pergunta: Você teve facilidades ou dificuldades no processo de criação de poesias de seus colegas e a relação delas com a física?, algumas das respostas foram: – Mais ou menos, alguns versos me deixavam confusa. – Não é fácil relacionar conceitos físicos e ainda por cima fazer rimar. – Dificuldade, porque poesia não tem nada a ver com Física. – Dificuldades, Física e Poesia além de não ser fácil também não são legais. – Não tive muitas dificuldades, pois tenho costume de escrever. Vemos, novamente, na opinião dos alunos que a técnica não atingiu o objetivo almejado, pois trouxe algumas dificuldades. Percebemos que alguns alunos, como já afirmado por alguns autores de referência deste trabalho, não conseguem trabalhar a interdisciplinaridade, fazendo afirmações do tipo “poesia não tem nada a ver com Física”. Importante ressaltar que um dos alunos afirmou que não teve dificuldades por ter costume de escrever. Isso nos mostra que no caso do domínio de diferentes áreas, a interdisciplinaridade entre elas é facilmente estabelecida. Se um aluno não tem o hábito de ler e escrever, como conseguirá elaborar poesias envolvendo conceitos de Física? Na quinta pergunta: Você teve facilidade em compreender as poesias de seus colegas e a relação delas com a Física?, obtivemos algumas respostas, tais como: – Sim os poemas estão claros. Embora superficiais. – Não, pois a estrutura do poema obriga a deixar os conceitos físicos difíceis de identificar. – Sim, pois só tinha conceitos que foram explicados na aula. – Sim, cada frase tinha a ver com a outra e o professor explicou cada estrofe. Vemos que, aparentemente, os alunos compreenderam os assuntos trabalhados nos poemas apresentados, mesmo que de forma superficial ou com ajuda do professor. Na sexta pergunta: Quais pontos positivos e negativos você achou do projeto? O que poderia melhorar? , as opiniões de alguns alunos foram as que se seguem: – Fazer o ensino de física de uma maneira diferente, porém o poema não é uma boa opção a meu ver. Outra forma de aplicar a física seria melhor. – Dificuldade na elaboração da poesia – Facilita a compreensão teórica da física. Os negativos é a dificuldade expor os conceitos físicos com uma coerência relacionando ao cotidiano. – As aulas foram descontraídas. – Dinâmica diferenciada. – Cansativo, desinteressante. – Achei péssimo porque não aprendi nada. 28 – Poderia falar mais sobre o conteúdo. – Não me despertou interesse. – Poderia dar mais opções de escrita. – Deveríamos aprofundar mais no conteúdo. – Tentou fazer a turma interagir com esse método um tanto chato. – Poderia melhorar a organização de como você vai incentivar o aluno. – Creio deveria usar mais exemplos para transmitir o projeto. Analisando as opiniões dos alunos, vemos que houve pontos positivos, apesar de não terem se adaptado bem ao método. Apesar da maioria das opiniões serem variações de que o método é cansativo e desinteressante e péssimo por não ter trazer aprendizagem, consideramos importantes opiniões que ressaltaram a dificuldade de elaboração dos poemas, a dificuldade de relacionar a Física com o cotidiano, a superficialidade dos conteúdos abordados nos poemas, a pequena quantidade de poemas trabalhados em sala e a organização para melhor incentivar os alunos a participarem. 29 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na realização desta pesquisa, verificamos que, como citado por alguns autores, os alunos do primeiro ano do ensino médio do colégio público pesquisado realmente se sentem desmotivados pelo estudo da física. A desaprovação quanto à disciplina é evidente, grande maioria da turma disse não gostar. Inúmeros podem ser os fatores que contribuem para essa aversão. Isolando algumas variáveis, e pautados em alguns autores, consideramos que as falas dos alunos e os resultados obtidos podem sugerir que o desinteresse pelo aprendizado de Ciência, especialmente pela Física, se deve ao uso de forma sistemática de metologias ditas tradicionais e que metodologias alternativas são bem vindas nesse processo, fazendo-se necessárias atividades diferenciadas. Por meio das análises percebemos que os alunos desaprovaram a etapa de criação de poesias, acharam chato, desinteressante, difícil, alguns decoraram conceitos apenas para aplicar na atividade que se tornou menos produtiva que as aulas tradicionais. De 60 alunos, apenas 5 fizeram poesias que tiveram pontuações razoáveis. No entanto, na etapa de análise da poesia projetada em sala, tivemos resultados mais satisfatórios, a participação foi maior, pois os alunos demonstraram mais interesse e alguns reforçaram e aprenderam os conceitos físicos trabalhados anteriormente pelo professor regente, mesmo que de modo superficial, visto que as poesias foram elaboradas por alunos e, portanto não possuíam potencial de análise profunda, o que reforça a ideia de atividade complementar à tradicional. Percebemos que não basta uma metodologia nova no ensino sem que os alunos não estejam motivados, também, para sua utilização. Se já não há motivação pela Física, maiores dificuldades teremos se adotarmos uma metodologia que não motive os alunos. Nesse sentido, foi concluído, que o uso de poesias construídas pelos alunos no ensino de Física induz melhorias na aprendizagem somente no processo de análise e de forma superficial como complemento ao método tradicional. 30 6. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. J. P. M & RICON, A. E. Divulgação científica e texto literário: uma perspectiva cultural em aulas de Física. Cad. Catarinense de Ensino de Física, v. 10, n.1, 1993. ARTUSO, A. R. Física e Poesia: Possibilidades através da resolução de problemas. Anais do XII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, 2010, Águas de Lindoia, 2010. MOREIRA, I. C. Poesia na Sala de Aula de Ciências? A literatura poética e possíveis usos didáticos. Física na Escola, v. 3, n. 1, p. 17-23, 2002. PIETROCOLA, M. Curiosidade e imaginação: os caminhos do conhecimento nas ciências, nas artes e no ensino. In: CARVALHO, A. M. P (Org.). Ensino e pesquisa: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Pioneira Thomson, 2004. YAMAZAKI, S. C. & YAMAZAKI, R. M .O. Sobre o uso de metodologias alternativas para o ensino aprendizagem de ciências. In: jornada da educação da grande região de dourados. 2006. ZANETIC, João Física e cultura. 2005. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 3, p. 21-4. ZANETIC, João: Física e arte: uma ponte entre duas culturas. 2006. Pro-Posições, v. 17, n. 1 (49), jan./abr., p. 39-57. 31 APÊNDICE A – O Questionário Diagnóstico Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação CEPAE Professor Estagiário: Danillo Bartolomeu Disciplina: Física : Projeto Física e poesia Série: 1° Turma _______ Questionário Diagnóstico 1. Baseado na sua concepção que você tem até determinado momento, o que você entende por física? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 2. O que Você gosta na física? E o que você não gosta _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 3. Você acha possível haver poesia no ensino de física? Por quê? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 32 APÊNDICE B – O Questionário Inicial Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação CEPAE Professor Estagiário: Danillo Bartolomeu Disciplina: Física : Projeto Física e poesia Série: 1° Turma _______ Questionário Inicial 1.Qual destas áreas abaixo você prefere? ( ) Exatas 6. Qual a sua maior dificuldade na disciplina física? ( ) humanas ( ) Entender os cálculos ( )biológicas ( ) interpretar a teoria ( ) nenhuma 2. Você gosta de física? ( ) A relação entre a teoria e prática ( ) Outras .Quais? _____________________ ____________________________________ ( ) Sim ( ) Não Por quê? ____________________________ 7. Como você avaliaria a disciplina de física até determinado momento? 3.Você gosta de poesia ? ( ) Sim ( ) Não Porquê? ( ) excelente ( )boa ( ) média ( ) ruim ( ) péssima _________________________________ 4. Quais as diferenças entre a física e a matemática? (É permitido marcar mais de uma opção.) ( ) Não sei ( ) Não há ( ) As fórmulas ( ) A teoria () Outras. Quais ?_______________________ 5. Qual a importância do ensino da física ? 8. É possível haver poesia no ensino de física como forma de trabalhar a interdisciplinaridade contribuindo de forma lúdica à aprendizagem de física tornando a disciplina mais interessante! ( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo parcialmente ( ) Não tem ( )pouca ( )média ( ) muita ( )Discordo totalmente Por quê? ___________________________ ( ) não sei 33 APÊNDICE C – O Questionário Final Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação CEPAE Professor Estagiário: Danillo Bartolomeu Disciplina: Física : Projeto Física e poesia Série: 1° Turma _______ Questionário final. 1. É possível utilizar poesia no ensino de física como forma de trabalhar a interdisciplinaridade contribuindo de forma lúdica à aprendizagem de física tornando a disciplina mais interessante! ( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo parcialmente ( ) Discordo totalmente ( ) Não sei 2. O que você achou dessa proposta de aprendizagem de Física? Sentiu-se desafiado? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 3. Você aprendeu ou reforçou conceitos físicos durante os processos tanto de criação quanto de análise das poesias? Se sim, cite um exemplo de um desses conceitos. _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 4. Você teve facilidade ou dificuldade no processo de criação de poesia, utilizando física como tema principal? Quais foram essas facilidades ou dificuldades? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 5. Você teve facilidade em compreender as poesias de seus colegas e a relação delas com a Física? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 6. Quais pontos positivos e negativos você achou do projeto? O que poderia melhorar? _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 34 APÊNDICE D- POESIAS ELABORADAS PELOS ALUNOS NÃO ANALISADAS EM SALA Poesia 1 A vida passa diante dos olhos Me encontro inerte O mundo gira ao meu redor Me encontro inerte Newton disse que é uma tendência Me encontro inerte Não me sinto em equilíbrio, mas Me encontro inerte Você me vê em movimento Me encontro inerte Talvez seja sua aceleração, mas Me encontro inerte Newton alertou Me encontro inerte Toda ação tem reação Me encontro inerte Das leis de Newton, Preciso dizer-te Não sei bastante, sei que Física amei-te Poesia 2- Rap da física Conteúdo da física estudamos Mesmo sendo difícil Exercitamos com tarefa praticamos A cinématica a gente vê As vezes imperceptível Torricelli MUV Já mano newton é a salvação Gênio da física descobriu que Gravidade é aceleração Por fim vou mandar o procedê A física ajuda tanto Eu, Einstein, primeiro ano, e você. Poesia 3 Sendo eu um móvel Produzo aceleração através Da dinâmica para fugir De um possível arrastão no eixão Poesia-4 Sempre procuro a direção Que possa me indicar seu sentido Mas a algum tempo a solidão É com quem eu tenho convivido Desde que você foi embora A gravidade tem me impedido de voar 35 Mas sem saber onde você está agora Fica difícil te encontrar Nossa dinâmica tem princípios Que explicam tantas alterações Nos sentimentos por motivos próprios De diferentes ocasiões Uma força poderosa Capaz de mudar estados de repouso e movimento Essa atração é perigosa E pode nos levar para além do pensamento Poesia 5 Os dois corpos se olharam E na inércia permaneceram Não sabiam porque choravam Não sabiam porque sofreram Poesia 6 Sinto uma atração me puxando em sua direção Meu coração Vo.a.t Enlouquecendo-me, conquistando-te Ando meio sem tempo E você solta ao vento Me encontro em equilíbrio E você em constante movimento Fico ao relento Vendo você no meio de outros corpos Tomo meu S=So+v.t Querendo lhe dizer que Amo te Poesia 7 - Movimento No mundo percebemos o movimento Seja ele uniforme variado Acelerado ou retardado Tempo, espaço, velocidade. Vetor, circunferência, uma complexidade. Com a primeira lei de Newton é possível perceber Que o corpo em MRU ou em repouso tende a permanecer Na terceira lei tem como saber O motivo da dor da pessoa numa parede bater Poesia 8 A igualdade ajuda na velocidade Com a física temos a pista Ao cair, vamos subir. Sem pensar, não vamos conseguir Com a casa temos triângulos Temos círculos e retângulos Na física temos tudo Na fisica ganhamos o mundo 36 Poesia 9 - Amor e física Nosso tempo juntos Posso sentir é Felicidade = emoção X amor Meu coração como o seu Sente a força de atração Meu amor é racional Como a força gravitacional Você é a fonte dos meus amores Como os vetores Poesia 10 Quando pensamos em física E em suas diversas teorias Paramos para nos perguntar Em tudo isso ela se aplica? Velocidade aceleração Gravitação e movimento Falar de tudo isso é Mexer com meus sentimentos Através das leis de Newton Conceitos podemos explicar Desde o pássaro que está no céu E o peixe que está no mar Em tudo a física está Não tem como duvidar No espaço e no tempo Basta só observar Poesia 11 Na ação de te olhar Gerou em mim A reação de te amar Sabendo que iria me apaixonar Apenas com sentido e direção De te abraçar, não podia me Aproximar Porque seu pai queria me Matar Estudando seus movimentos Fiquei na cinemática Aguardando uma mágica Poesia 12 Se estamos em inércia Precisamos de uma ação Que acelera o coração E que muda nossa aceleração Acelerou meu coração Quando você bateu no portao Agora o S entre nós não existe não 37 Então fiquei em inércia E você demonstrou sua reação Nós demos um beijão Então tive certeza de minha paixão Poesia 13 Física me dá sono E vai caindo no abandono Newton é um cara sem noção Que vai me deixando malucao Pensando bem, até que tem noção sim Pois suas leis fazem sentido para mim Poesia 14 - Além das leis Vo + a.t para bem longe Onde a gravidade não altera Onde as leis não se aplicam E a liberdade te espera Segundo o Danilao Não posso esquecer da equação Porque nela tem F=m.a Força massa e aceleração Porém também devo lembrar Dos princípios da ação e reação . Poesia- 15 A vida A vida é um corpo por si só não consegue alterar seu estado de repouso mas quando tem outras forças que nos empurram conseguimos nos manter em equilíbrio Em toda a nossa vida tudo o que fazemos tem uma reação O sentindo é diferente mas a intensidade A força que temos é proporcional até onde conseguimos ir Se pensarmos bem toda nossa vida é baseada nas 3 leis de newton. Poesia -16 Da física eu não gosto Mas preciso estudar Aprendo todas as fórmulas Aplicando a V.o.at Consigo a velocidade achar E usando T=1/f Acho período no movimento circular Essa mesma física Eu posso na vida aplicar Analisando minha vida No mesmo movimento circular Poesia 17 A trajetória da minha vida é um conjunto de todos os pontos percorridos, Onde sou um corpo em movimento Sem direção e sentido 38 Os estudiosos falam sobre A ação e reação Mas ela não ocorre só na física Mas também no meu coração A ótica analisa seu andar A dinâmica seu andar Mas tudo que eu quero É seu coração estudar Poesia 18 Basta um atrito quase inexistente Para sentir meu corpo quente Imagino, por um momento. Seu belo corpo em repouso sobre mim E nele desejo iniciar o deslocamento Que não quero que tenha fim. Poesia 19- Poema confuso A confusão em minha mente Faz minha cabeça rodar Em um movimento circular Na sua vida quero entrar Meu amor está em equilíbrio Parado em um lugar A velocidade vetorial é nula Ao ver você viajo a lua Uma época cheia de catástrofe Mas cheia de amor Como dizia a lei de newton Toda ação tem uma reação