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Sono E Performance Física

Recuperação física durante o sono.

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SONO E PERFORMANCE FÍSICA Marcelo Leite Pinto, Manoel de Assis Infante, Luís Vicente Franco de Oliveira. Laboratório de Distúrbios do Sono /Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Avenida Shishima Hifumi, 1129 – Urbanova – São José dos Campos [email protected] [email protected] [email protected] Resumo - O ciclo do sono tem duração 90-120 minutos, ocorrendo 4-5 vezes durante a noite, possuindo duas fases: sono sem movimentos rápidos dos olhos (NREM) e sono com movimentos rápidos dos olhos (REM). Durante a fase REM o organismo recupera os substratos necessários para geração de potenciais de ação e há reestruturação de todas as funções fisiológicas. O objetivo deste estudo foi verificar as conseqüências da privação do sono na performance física em diferentes situações de esforço, em 30 militares do sexo masculino com idade média 18.8 + 0.4 anos. Os testes de Cooper (capacidade aeróbia), Shutle Run (potencia anaerobia alatica) e Matsudo (potencia anaeróbia lática) foram aplicados aos sujeitos após 8 horas de sono ininterruptas (S1), após 8 horas de sono, porém sendo despertado a cada 60 minutos (S2) e após estado de vigília durante todas as 8 horas destinadas ao sono (S3). Os resultados comprovaram que as performances sofreram diminuições significativas após os indivíduos serem submetidos a regimes de privação parcial ou total do sono, acrescidos de irritabilidade, ausência de disposição para as atividades, mau humor e baixo rendimento durante os testes. Palavras-chave: Sono, Performance, Atividade Física, Privação de Sono. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde. Introdução A influência do sono na performance humana e atividade física tem sido tema de grande interesse por parte dos psicólogos, professores, médicos e treinadores. Sabe-se através da história, de uma grande deteriorização de algumas formas de capacidade do homem geradas devido à supressão progressiva de horas de sono e a conseqüente instalação de períodos prolongados de insônia12,13. Segundo Cobra (2000), o sono deve ser mais profundo, mais reparador e de maior duração para quem se envolve em uma atividade física sistematizada. O sono é um dos estados de consciência do homem e se define não só pelos padrões de comportamento que cobrem uma gama considerável de quadros, como também pelo padrão de atividade cerebral20. A principal dificuldade na investigação do sono humano está relacionada com a impossibilidade do indivíduo dar informações sobre o seu próprio sono, apesar de preencher cerca de um terço do seu tempo de vida13. Atualmente, é consensual que o sono é um processo ativo e não uma mera ausência de vigília11,20. Durante o sono, neurônios podem ser mais ativados que na vigília e estas atividades necessitam de importante fluxo de sangue para preservar o consumo de oxigênio e atividade metabólica20. Paralelamente e independente desta atividade, durante o período de sono, algumas estruturas sintetizam os substratos necessários para que se recupere com eficiência o processo de geração de potenciais de ação10,14,20. O sono é composto por estágios que sofrem alterações no decorrer da noite, constatadas pela polissonografia, onde se monitoram e registram as ondas cerebrais, os movimentos dos olhos, o nível de atividade muscular, a saturação de oxigênio e as freqüências respiratória e cardíaca. A partir destas informações descobriu-se que o sono é composto por estágios cada vez mais profundos, com diminuição da atividade cerebral, denominados progressivamente de estágios 1, 2, 3, 4 (NREM) e o estágio REM (Rapid-Eye Movement), onde as ondas cerebrais se apresentam com baixa amplitude e alta frequência. Os dois estágios formam o primeiro ciclo de 90 a 110 minutos de sono, que se repetem quatro ou 16 cinco vezes ao longo da noite . O sono NREM representa a maior parte do tempo total do sono e esta ligado à restauração de funções corporais e associado ao decréscimo de funções autonômicas, ao aumento da liberação do hormônio do crescimento e da prolactina. Nesta fase, o corpo parece adormecido, mas o cérebro se mantém ativo. O sono REM é necessário para o desempenho de funções normais, refazendo os estoques de proteínas e enzimas gastos durante o dia, além de metabolizar algumas substâncias nocivas acumuladas no período de vigília. Portanto, a falta de sono REM induz à irritabilidade, ansiedade e falta de concentração em humanos mantidos em vigília17 e que tendem a interferir nas atividades realizadas durante a vigília. IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1640 Aeróbio: Teste t: Médias (S1 e S2) Médias (S1 e S3) Médias (S2 e S3) Materiais e Métodos O experimento foi realizado com 30 militares do sexo masculino com idade média 18.8 + 0.4 anos. O protocolo foi composto por 3 fases, onde os indivíduos foram divididos em: S1 – 10 (dez) indivíduos com permanência em estado de sono durante 8 (oito) horas consecutivas; S2 – 10 (dez) indivíduos com permanência em estado de sono durante 8 (oito) horas, porém sendo despertados sistematicamente a cada 60 (sessenta) minutos; S3 - 10 (dez) indivíduos permanecendo em estado de vigília durante toda as 8 (oito) horas destinadas normalmente ao sono. O espaço de tempo compreendido entre as 22 horas e 6 horas foi escolhido como o período de aplicação. 4,1064 3,8221 0,2844 (p) 0,0001 0,0002 0,7768 M etros GV1/ GV2 / GV3 Cooper 12 minutos - Aerobico 2900 2850 2800 2750 2700 2650 2600 2550 2500 2450 S1 S2 S3 Média Geral Tratamento Potência Anaeróbia Alática Teste t: t (p) Médias (S1 e S2) 4,1064 0,0001 Médias (S1 e S3) 3,8221 0,0002 Médias (S2 e S3) 0,2844 0,7768 GV1/ GV2 / GV3 Shutle Run - Anaerobico Alático Segundos Protocolo dos Instrumentos e Testes A bateria de testes com o objetivo de avaliar os diversos parâmetros da capacidade de desempenho individual era composta de três testes voltados para a área metabólica e um para mensurar a sensação subjetiva de ansaço (SSC). As qualidades físicas testadas foram capacidade aeróbica, potência anaeróbica alática e potência anaeróbica lática. Para tanto, os testes escolhidos foram: 1 – Aeróbico – utilizado o Teste de Cooper, 12 minutos de corrida em uma pista de 400m,para medir o VO2. 2 – Potência Anaeróbica Alática – utilizado o Teste de agilidade (Shuttle Run), que tem como objetivo, avaliar a agilidade dos indivíduos e determinar de forma indireta essa potência. 3 – Potência Anaeróbica Lática – utilizado o Teste de 40 segundos15, que tem como objetivo a avaliação de forma indireta da potência anaeróbica lática. 4 – Sensação Subjetiva de Cansaço (SSC) – utilizando a Escala de Gunnar Borg adaptada. t 11,2 11 10,8 10,6 10,4 10,2 10 9,8 9,6 9,4 S1 S2 S3 Média Geral Tratamento Potência Anaeróbia Lática Teste t: t (p) Médias (S1 e S2) 4,1064 0,0001 Médias (S1 e S3) 3,8221 0,0002 Médias (S2 e S3) 0,2844 0,7768 Tratamento Estatístico Para a análise dos dados o teste utilizado para amostragem foi a análise de variância (ANOVA), que em dados momentos comparou os resultados médios dos grupos nas três fases e nos diversos testes realizados. Para desenvolvimento do tratamento estatístico proposto, foi utilizado o sistema de análise estatística SAS (1982). M etros GV1/ GV2 / GV3 Matsudo - Anaerobico Lático 270 265 260 255 250 245 240 235 230 225 220 S1 S2 S3 Média Geral Tratamento Instrumentos Utilizados cronômetro; 2 freqüêncimetros marca polar (FC); 1 apito fox; 1 ficha de controle para registro (anexo); 2 blocos de madeira (5cmx5cmx10cm); 1 espaço livre de obstáculo (9,14 m); 1 balança e uma trena. A Sensação Subjetiva de Cansaço demonstra valores altamente significativos de p> 0,005. Resultados IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1641 GV1/ GV2 / GV3 SSC Sensação Subjetiva de Cançaso Aerobico 7 6,8 6,6 6,4 6,2 6 5,8 5,6 5,4 S1 S2 S3 Média Geral Tratamento GV1/ GV2 / GV3 SSC Sensação Subjetiva de Cançaso Anaerobico Alático 6,7 A distribuição dos estágios de sono durante a noite pode ser alterada por vários fatores, tais como a idade, ritmo circadiano, temperatura ambiente, ingestão de drogas e por patologias associadas. Várias funções fisiológicas são atribuídas ao sono. A hipótese mais simples é a de que o sono se destina a recuperação pelo organismo de um possível débito energético estabelecido durante a vigília anterior. Além desta hipótese, outras funções são atribuídas, especialmente ao sono REM, tais como: manutenção da homeostase, dos neurotransmissores envolvidos no ciclo sonovigília,sedimentação de memória, termorregulação entre outras. 6,6 6,5 S1 6,4 S2 6,3 S3 6,2 6,1 Média Geral Tratamento GV1/ GV2 / GV3 SSC Sensação Subjetiva de Cançaso Anaerobico Lático 7 6,9 S1 6,8 S2 6,7 S3 6,6 6,5 Média Geral Conclusão Com base nos resultados obtidos e observando-se as limitações, podemos concluir que: ¾ A performance física de 30 (trinta) indivíduos do sexo masculino (GV1-10 indivíduos, GV2-10 indivíduos e GV3-10 indivíduos) com idade entre 18 (dezoito) e 19 (dezenove) anos, verificadas através do V02m Max, Potência Anaeróbica Alática e Potência Anaeróbica Lática, são significantemente reduzidas após a privação parcial ou total do sono; ¾ A performance psicológica representada pela Sensação Subjetiva de Cansaço (SSC), não apresentou diferença significativa após a privação parcial ou total do sono; Tratamento e Referências Discussão A disposição física dos 30 indivíduos, logo pela manhã após terem sido submetidos ao protocolo S3 (privação total do sono) foi melhor e maior do que quando esses foram submetidos ao protocolo S2 (privação parcial do sono). Em relação ao humor do grupo, os 30 indivíduos, demonstraram mau humor nas manhãs dos testes, quanto esses foram submetidos ao protocolo S2 (privação parcial do sono), em relação ao ao S3 (privação total do sono), conforme depoimento dos mesmos. Os 30 indivíduos quando submetidos aos protocolos S2 (privação parcial do sono) e S3 (privação total do sono), apresentaram perda de coordenação e agilidade no teste (Shuttle Run), além de demonstrarem maior cansaço e na maioria sinais de mal estar. Em 94% dos indivíduos durante o Teste de 40 segundos (MATSUDO), no protocolo S1 (8 horas de sono), foi observado que o aproveitamento foi maior (metros) e a FC foi menor, comparado aos protocolos S2 (privação parcial do sono) e S3 (privação total do sono). [1]ADAMSON, L.; HUNTER, W.M.; OGUNREMI, O.O.; OSWALD, I.; PERCY-ROBB, I.W. Growth hormone increase during sleep after daytime exercise. Journal Endocrinology. 62:473-478, 1976. [2] AIRES, M.M. Fisiologia básica. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1985. [3] BACKELAND, F. And LASKY,R. Exercise and sleep patterns in college. Perceptual and Motor Skills, 23:1203-1207, 1966. [4] BASMAJIAN, J. V. Terapêutica por exercício. Editora Manole. São Paulo, 1980. [5]BRODAN, V.; KUKN, E. Physical performance in man during sleep deprivation. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 7:28-30, 1967. [6] BROWMAN, C.P. Sleep following sustained exercise. Psychophysiology. 17:577-580, 1980. [7] BURKE, R. K.and RASCH, P.J. Cinesiologia e anatomia aplicada. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1977. [8] BUGET, A.; ROUSSEL, B.; ANGUS, R.; SABISTON, B. and RADOMSKI, M. Human sleep and arenal individual reactions to exercise. Eletroencephalography and Clinical Neurophysiology, 49:515-523, 1980. [9] COBRA, N. A Semente da Vitória 10ª edição. Editora Senac São Paulo, São Paulo, 2000. IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1642 [10] GUYTON, A.. C. Tratato de Fisiologia Médica. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2001. [11]HOBSON, J.A. Sleep after exercise. Science. 162:1503-1505, 1968. [12]HOLLAND,G.J. Effects of limited sleep deprivation on performance of selected motor tasks. Research Quarterly,v.39,p.285-294 1968 [13]KLEITMAN, N. Sleep and wakefulness. The University of Chicago Press. Chicago, 1996. [14]LANGEN, D. Distúrbios do sono. Ao livro Técnico S/A . Rio de Janeiro, 1983. [15]MATSUDO,V.K.R.,Avaliação da Potência Anaeróbica:Teste de corrida de 40 segundos. Revista do CBCE.v.1,p.08-16.1979. [16]OSWALDO, I. Sleepinhg and waking. New York. Elsevier, 1962. [17]PINAUD, R.; DEURVEURVEIEHER, S.; SEMBA, K. Tempo de relembrar. Processamento de memória durante o sono. Revista Ciência Hoje. ANO v, 28, 168, 2000. [18] REIMÃO, R. SONO Estudo Abrangente 2ª edição. Editora Atheneu, São Paulo, 1996. [19]REIMÃO, R. SONO Durma Bem. Editora Atheneu, São Paulo, 1997. [20] VANDER, A J.; SHERMAN, J.H.; LUCIANO, D.S. Fisiologia Humana. Mc Graw-Hill. do Brasil. S. Paulo, 1981.. ] IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1643