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Sistemas De Classificação De Aptidão Agrícola Das Terras

Serão apresentados apenas os dois sistemas mais usados no Brasil: o Sistema de Classificação da Capacidade de Uso e o Sistema FAO/Brasileiro de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras.

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Sistemas de Classificação de Aptidão Agrícola das Terras (Aula 11) • Existem muitos sistemas de classificação de aptidão. Alguns, apenas para determinadas culturas em determinada região, outros, mais gerais, mas que sofrem adaptações em vários países. • Aqui serão apresentados apenas os dois sistemas mais usados no Brasil: o Sistema de Classificação da Capacidade de Uso e o Sistema FAO/Brasileiro de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras. Sistema de Classificação da Capacidade de Uso Este foi, até há alguns anos, possivelmente o sistema mais influente de todos. Com modificações mais ou menos acentuadas, ele foi e ainda é usado em várias partes do mundo. O sistema foi estruturado pelo Serviço de Conservação do Solo dos EUA para grupar solos (já mapeados) em classes de capacidade de uso para programas de planejamento agrícola, principalmente sob um enfoque conservacionista. Sistema de Classificação da Capacidade de Uso O sistema agrupa os solos em oito classes: I até IV - com aptidão para culturas VI e VII - necessitam de manejo especial VIII- não apresenta retornos para insumos referentes a manejo para culturas, pastagens ou florestas. • A classe V refere-se aos solos de drenagem ou de pedregosidade ou de adversidade climática muito problemática para permitir cultivos. São as seguintes as classes de capacidade de uso (I a VIII): A - Terras cultiváveis Classe I - terras cultiváveis aparentemente sem problemas especiais de conservação (áreas verdeclaro nos mapas de capacidade de uso); Classe II - problemas simples de conservação (... amarelo); Classe III -.problemas complexos de conservação (...vermelho); Classe IV -. apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com sérios problemas de conservação (...azul); B - Terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas perma-nen-tes e adaptadas, em geral, para pastagem ou reflorestamento Classe V - terras cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes e adaptadas, em geral, para pastagem ou reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação (..verde-escuro); Classe VI - com probmas especiais de conservação (alaranjado); Classe VII - com problemas complexos de conservação (marrom). C - Terras impróprias para vegetação produtiva e próprias para proteção da flora e da fauna silvestres, para recreação ou para armazenamento de água Classe VIII - terras impróprias para culturas, pastagens ou reflorestamentos, podendo ser destinadas à preservação da flora e da fauna silvestres ou para fins de recreação, turismo ou de armazenamento de água (..roxo). À classe de aptidão (I até VIII) adiciona(m)-se índice(s), indicando os principais problemas, além daqueles possíveis de ser evidenciados pelas características de textura, profundidade, permeabilidade, declive e erosão: pd pedregosidade di distrofismo i ab inundação abrupto al ct Característica álica Baixa retenção de cátions ve vértico ti tiomorfismo hi hidromorfismo so sodificação se Seca prolongada sl gd Geada ou vento frio ca carbonatos salinização Observações: O sistema de classificação da capacidade de uso, como foi mencionado, sofreu adaptações em vários países. No país de origem (EUA), essa classifi-cação tem o objetivo de tornar a informação, já existente nos levanta-mentos de solos (nível detalhado), acessível, de forma prática, ao usuário. É uma interpreta-ção dos mapas de solos dos levantamentos mencionados . Nos países sem este levantamento detalhado, mapeou-se atributos como declive, textura, permeabilidade etc. A principal dificuldade desse sistema: dificuldade de ser aperfeiçoado por se tratar de um sistema que tra-balha com muitas variáveis (isoladas), o que torna impraticável uma interpretação consistente (ou com significado). Por exemplo: a textura superficial não indica muita coisa quando se tratam juntos Latossolos e Vertissolos. Além do mais, a textura em si não é importante para a planta, mas são muito importantes: água, nutrientes, oxigênio, suscetibilidade à erosão e impedimentos à mecanização, que são aspectos ligados de forma peculiar à textura, conforme a classe taxonômica do solo. Sistema FAO/Brasileiro No início da década de 60, foi criado no Brasil um sistema de classificação de aptidão agrícola com características bem inovadoras: 1. esse sistema, pela primeira vez, passa a considerar implicitamente na sua estrutura, os chamados níveis de manejo, num reconhecimento, alta-mente válido para países como o Brasil, de que os problemas de solo não são igualmente importantes para o grande ( M) e o pequeno agricultor( F). Sistema FAO/Brasileiro 2. o sistema considera também uma estimativa da viabilidade de redução dos problemas através do uso de capital e técnica, o que vai afetar dife-rentemente o grande e o pequeno agricultor. Os problemas de impedimentos à mecanização muitas vezes não podem ser reduzidos, isto é, a viabilidade de melhoramento da quali-dade do ecossistema, neste aspecto, é nula (não é viável). Nesse contexto, para o pequeno agricultor (de baixa renda), no caso mais típico, a viabilidade de redução é nula. Sistema FAO/Brasileiro 3. o sistema FAO/Brasileiro tem uma estrutura que permite seu ajusta-mento a novos conhecimentos, inclusive adaptações regionais, sem perder a sua uni-dade. Parte desse ajustamento é dado pela metodologia que sintetiza as quali-dades do ecossistema em relação a cinco parâmetros: nutrientes, água, oxigênio, mecanização e erosão. Sistema FAO/Brasileiro A aplicação deste sistema baseia-se nos seguintes itens: a) estimativa dos problemas; b) estimativa da redução destes problemas conforme o nível de manejo consi-derado; c) confronto das informações de (a) e (b), geralmente expressas na forma de tabelas, com um quadro-guia ou tabela de conversão para cada grande área climática do Brasil, por enquanto. . Passos na determinação da classe de aptidão agrícola das terras: Estimativa dos desvios Trabalho de síntese da influência das N, A, O, E, M) várias propriedades do ecossistema em termos daquelas fundamentais para as plantas ou para utilização agrícola Estimativa da Balanço entre a intensidade dos desvios viabilidade de redução e a possibilidade, dificuldade e dos s, nos vários conveniência de sua redução, níveis de manejo considerando as opções dos vários níveis de manejo Uso de uma tabela de Identificação da classe de aptidão, conversão (quadro confrontando-se as informações sobre guia) para determinar a os desvios e a viabilidade de sua classe de aptidão redução às contidas no quadro-guia. Para a consecução dos itens a e b são necessários, por ordem, os seguintes passos: 1. uma lista de atributos do solo e do ambiente; 2. uma síntese das qualidades do ecossistema, quanto ao crescimento de plantas e uso agrícola. Os atributos nutrientes, água, oxigênio, impedimentos à mecanização e suscetibilidade à erosão, são estimados em termos de desvio destes em relação a um solo ideal; 3. estimativa da viabilidade de redução desses desvios conforme as condições técnicas e de capital (níveis de manejo). Solo ideal e solo real Todos os atributos do solo que interessam às plantas e ao uso agrícola foram sintetizados nas qualidades referen-tes a nutrientes, água, oxigênio, erosão e mecanização. Em vez de se falar em textura, profundidade, estrutura, declividade, pH etc., o pedólogo já interpreta a influência destes atributos (propriedades) em termos de qualidade (comportamento) do ecossistema. Solo ideal e solo real Isto é muito importante: nada se pode dizer a respeito da influência do teor de argila se forem misturados Latossolos (solos ve-lhos, ricos em óxidos de Fe e de Al) e Vertissolos (como os do Massapé do Re-côncavo Baiano, já muito ricos em argila 2:1 que se expande e se contrai). Solo ideal e solo real A influência da profundidade do solo, por exemplo, dependendo do contexto cli-mático em que se encontra, vai influenciar a planta de maneira diferente. A dis-tinção entre atri-butos e qualidade (comportamento) é essencial. Solo ideal e solo real O solo ideal é aquele que não apresenta problema algum de deficiência de nutri-en-tes ou fertilidade (N), nem deficiência de água (A), nem de oxigênio (O), isto é, nenhum problema de drenagem; nem tam-pouco oferece problemas de suscetibilidade à erosão (E), nem oferece dificuldade alguma ao uso de máquinas (M). Evidentemente este solo não existe. Solo ideal e solo real Tabela 1. Relação entre solo ideal (∆i = 0, onde ∆i = N, A, O, E e M) e solo real (∆i = 0) Parâmetro Nutrientes Água Oxigênio Suscetibilidade à erosão Impedimentos à mecanização Solo Ideal ∆N = 0 ∆A = 0 ∆O = 0 ∆E = 0 ∆M = 0 Solo Real ∆N = 0 ∆A = 0 ∆O = 0 ∆E = 0. ∆M = 0 Estimativa do grau de desvio Esta estimativa equivale a sintetizar as qualidades do ambiente sem suprimir qualquer dado importante. Esse passo ainda é muito subjetivo, em parte porque ainda não é possível estimar esses desvios com base simplesmente nos dados analíticos, havendo necessidade de se considerar todo o ecossistema. Estimativa do grau de desvio Por exemplo: dois solos com os mesmos teores de nutrientes, um sob floresta e outro sob cerrado, o primeiro vai ter, no ecossis-tema agrícola, maior teor de nutrientes, pelo menos inicialmente. As observações das culturas, do gado etc., são essenciais. • Há outras qualidades, ainda menos quantificáveis, como rupturas de declive, importantes na estimativa de limitação para a mecanização ( M) , limitação para o oxigênio ( O), limitação para a fertilidade (F), etc. Estimativa do grau de desvio Na impossibilidade de se quantificar com precisão (o que poderia reduzir o número de parâmetros a serem medidos), quanto maior o número de critérios, melhor. A Tabela 2 sumariza os critérios mais usados pelos pedólogos no Brasil, para estimativa dos deltas, isto é, dos problemas que o ecossistema ofe-rece à utilização. Estimativa do grau de desvio À semelhança do solo ideal (solo de referência), existem outras condições de referência. Os deltas não se referem a uma planta em particular. São definidos de uma forma geral. Assim, por exemplo, o arroz, uma planta especial quando se trata de O, não é considerada na estimativa de O. Quanto ao E, as definições referem-se a uma planta expositora, plantada morro abaixo. TABELA 2 - Grau de desvio (limitações) das condições agrícolas dos solos em relação ao solo ideal, quanto a nutrientes ou fertilidade (N), disponibilidade de água (A), oxigênio (O), suscetibilidade à erosão (E) e impedimentos à mecanização (M) para um solo que não apresenta limitações . ---------------------------- 0 (nulo) -----------------------------∆N Elevada reserva de nutrientes. Nem mesmo plantas exigentes respondem à adubação. Ótimos rendimentos por mais de 20 anos. Ao longo do perfil: V > 80%, S > 6 cmolkg-1, TAL = 0, na camada arável, e condutividade elétrica (CE) < 4 dSm-1 a 25 oC. ∆A Floresta perenifólia ou presença de lençol freático mais elevado ou sob irrigação. Não há deficiência de água em nenhuma parte do ano. Incluem-se áreas de campos hidrófilos e subtropicais sem-pre úmi-dos. Quanto a  A, são possíveis dois cultivos por ano. ---------------------------- 0 (nulo) ------------------------------ ∆O Aeração boa em qualquer época do ano - solos bem (D4) a excessivamente drenados (D1). ∆E Após 10-20 anos: horizonte A permanece intacto. Erosão ligeira, que possa ocorrer, é contro-lada facilmente. Plano, ou quase (p), declive < 3%, e solo bem permeável. ∆M Podem ser usados na maior parte da área, sem dificuldades, todo o ano, todos os tipos de maquinaria agrícola; rendimento do trator (% de horas efetivamente usadas), RT > 90%. Solos planos (p) ou suave ondulados (s) com < 8% de declive, sem outros impedimentos à mecanização (pedregosidade, rochosidade, texturas extremas e argila 2:1). -----------------------------1 (ligeiro) -------------------------∆N Boa reserva de nutrientes. Boa produção por mais de 10 anos, com pequena exigência para manter produção depois. V > 50%, S > 3cmolkg-1, TAL < 30%, condutividade elétrica < 4 dSm-1 e TNa < 6%. (Latossolos eutróficos, por exemplo). ∆A Água disponível (Ad): pequena deficiência durante período curto na estação de crescimento. Só plantas bem sensíveis é que são prejudicadas. Floresta subperenifólia (estação seca de 1 a 3 meses). Em climas mais secos: solos com lençol freático mais elevado, condicionando boa disponibilidade de água às plantas, ou irrigados. Aptidão para dois cultivos é marginal. ∆O Plantas de raízes mais sensíveis têm dificuldades na estação chuvosa; solos moderadamente drenados. -----------------------------1 (ligeiro) -------------------------∆E Após 10-20 anos: <25% do horizonte A original removido da maior parte da área; Ap formado de material de A (exceto se A muito pouco espesso), na maior parte da área. Erosão bem con-trolada por culturas selecionadas (cana-deaçúcar) ou cultivos arbóreos ou parcelas pequenas. Suave ondulado (s), declives 3-8% (SSM: classe 1 de erosão). ∆M Maioria dos tipos de maquinaria sem ou com ligeira dificuldade, RT: 75-90%; (a) suave ondulados (s), com 3-8% de declive, sem outros impedimentos; (b) planos, com pedregosidade (0,05 a 1,0%), rochosidade (2-10%) ou profundidade limitante; (c) planos, com textura muito grosseira (arenosa, cascalhenta etc.), argilosa com argila 2:1, ou problemas de drenagem. ----------------------- 2 (moderado) -------------------------∆N Um ou mais nutrientes com reserva limitada. Bons rendimentos só nos poucos anos iniciais. Reserva no solo ou no ciclo orgânico ou condutividade elétrica 4-8 dSm-1 ou TNa 6-15%. (Latossolos não eutróficos sob floresta, por exemplo). ∆A deficiência durante período um tanto longo (água disponível); plantas não muito sensíveis podem ser cultivadas. Floresta subcaducifólia (estação seca de 3-6 meses ou 3, se solo arenoso). Em clima mais seco com lençol freático raso ou água estagnada (temporária). Também floresta caducifólia em solos com alta capacidade de retenção de água disponível. Praticamente não há possibilidade de dois cultivos. ∆O Imperfeitamente drenados ou com risco permanente de inundação ocasional (recorrência: > 5 anos). ----------------------- 2 (moderado) -------------------------∆E Após 10-20 anos: 25 a 75% do horizonte A é removido da maior parte da área; Ap é cons-tituído localmente de material do B. Pequenas voçorocas podem ocorrer. Controle à erosão deve ser intensivo. Cultivo de árvores sem a completa remoção da vegetação ainda funciona bem, relevo ondulado, declive 8-20% (SSM: classe 2 de erosão). ∆M Só tipos mais leves de equipamentos, algumas vezes só durante parte do ano, tracionados por animais. Se usado trator, RT: 50-75%; (a) ondulados, 8-20% de declive, sem outros impedi-mentos, se usados para agricultura formam-se sulcos freqüentes e profundos; (b) declive <20%, com pedregosidade, rochosidade ou profundidade limitante; (c) planos, com textura muito grosseira (arenosa, cascalhenta etc.), argilosa com argila 2:1, ou problemas de drenagem. --------------------------- 3 (forte) -----------------------------∆N Um ou mais nutrientes em pequenas quantidades permitem bons resultados só de culturas adaptadas. O rendimento de outras culturas e pastagens é baixo. Cerrado fechado ou terras exauridas ou condutividade elétrica 8-15 dSm-1 ou TNa > 15% (por exemplo, Latossolos sob cerrado propriamente dito). ∆A Ad: grande deficiência. Só possível plantas mais adaptadas. Caatinga hipoxerófila; floresta caducifólia; transições de cerrado e floresta para caatinga (estação seca de 6 a 8 meses, 3 a 7 se solo arenoso); precipitação, P = 600 a 800 mm/ano e irregular, e temperatura alta (T) é predomi-nante). --------------------------- 3 (forte) -----------------------------∆O Culturas mais sensíveis, drenagem artificial, ainda viável ao nível do agricultor; solos mal (D7) e muito mal drenados (D8) ou sujeitos a inundações freqüentes (recorrência: 1 a 5 anos). ∆E Após 10-20 anos: > 75% do horizonte A removido na maior parte da área. Ap apenas localmente guarda vestígios do antigo A. Ocorrem voçorocas rasas, com algumas profundas. Con-trole é difícil, dispendioso ou inviável. Forte ondulado (f), declive 20-45% (SSM: classe 3 de erosão). ∆M Só implementos manuais na maior parte da área: (a) declive de 20-45%, forte ondulado: se usados para agricultura, formam sulcos, constituindo forte impedimento à mecanização ; (b) declive <20% com pedregosidade, rochosidade ou solos rasos. RT <50% ------------------------- 4 (muito forte) -----------------------∆N Conteúdo de nutrientes muito restrito com possibilidade remota de agricultura, pastagens ou reflorestamento. Somente plantas com muita tolerância conseguem adaptarse. Campo cerrado ou solos salinos com condutividade elétrica > 15 dSm-1, ou tiomórficos. Exemplo: solos rasos álicos sob vegetação campestre (Solos Litólicos e Cambissolos), originários de rochas pelíticas pobres. ∆A Deficiência é severa. Estação de crescimento curta ou mesmo ausente. A vegetação natural é escassa ou só presente durante parte do ano. Caatinga hiperxerófila (estação seca de 8 a 10 meses, P = 400-600 mm, irregulare, e alta T). ------------------------- 4 (muito forte) ------------------------ ∆O Idem a grau forte, mas melhoramento não é viável ao nível do agricultor. ∆E Os solos para fins agrícolas são destruídos em poucos anos; voçorocas médias e profundas praticamente inutilizam a área agrícola. Risco de danos para pastagem é muito grande. Relevo montanhoso e escarpado, declive >45%. ∆M Não é possível nem o uso de implementos manuais: (a) declive > 45%, montanhoso ou escar-pado; (b) declive < 45% com pedregosidade, rochosidade ou solos rasos: se usados para agri-cultura, formam-se voçorocas. Viabilidade de melhoramento • Como já foi mencionado, alguns problemas podem ser reduzidos, em maior ou menor intensidade, com emprego de capital; outros são praticamente irredutíveis. • Aplainar Ouro Preto, drenar o Pantanal seriam um destes casos extremos. Entretanto pode-se fazer uma estimativa da viabilidade de melhoramento (Tabela 3) Viabilidade de melhoramento Tabela 3. Classes de viabilidade de melhoramento CLASSE Classe a Classe b Classe c Classe d VIABILIDADE DE MELHORAMENTO melhoramento viável com práticas simples e pequeno emprego de capital melhoramento viável com práticas intensivas e mais sofisti-cadas e considerável aplicação de capital. Esta classe ainda é considerada economicamente compensadora melhoramento viável somente com práticas de grande vulto; aplicadas a projetos de larga escala que estão, normalmente, além das possibili-dades individuais dos agricultores sem viabilidade técnica ou econômica de melhoramento Viabilidade de melhoramento • É importante observar que nem sempre o melhora-mento soluciona integralmente o problema. Por exemplo, um solo pode ter N = 3. • Com muita adubação e corretivo ele pode melhorar sua condição de fertilidade embora não a ponto de se igualar a um solo ideal (N = 0), mas re-duzindo-a talvez só até N = 1. Viabilidade de melhoramento • Se este for o caso, isso equivale a enquadrá-lo na classe b de melhora-mento. A qualidade do ecossistema, quanto ao N, será: • ∆N = 3, antes do melhoramento ∆N = 1b, após o melhoramento. Viabilidade de melhoramento • As letras minúsculas a, b e c são usadas, além da indicação da classe de viabilidade de melhoramento, também para indicar aptidão para lavouras. •Embora seu uso fique bem claro no contexto, quando indica viabilidade de melhoramento a letra é grifada. • A viabilidade de melhoramento está intimamente ligada às condições socio-econômicas sintetizadas neste esquema de classificação (um crivo grosseiro) com o nome de níveis de manejo. São três os níveis de manejo (Tabela 4). Viabilidade de melhoramento Tabela 4. Níveis de manejo Nível de Práticas Manejo Agrícolas A B C Capital aplicado no melhoramento e conservação do solo e nas lavouras Trabalho principalmente refletem baixo braçal. Alguma praticamente não é nível tração animal, com aplicado tecnológico implementos simples refletem nível tecnológico modesta aplicação tração animal médio mecanização em refletem alto quase todas as nível aplicação intensiva fases da operação tecnológico agrícola. Viabilidade de melhoramento OBSERVAÇÃO: Na pastagem plantada e na silvicultura está prevista uma modesta aplicação de fertilizantes, defensivos e corretivos, que corresponde ao nível de manejo B. Para pastagem natural está implícita uma utilização sem melhoramento tecnológico; corresponde ao nível de manejo A. Classes de aptidão agrícola Após os passos anteriores, ou seja: estimativa dos graus de desvio (s) - o que é feito apoiando-se nas observações e registros do ecossistema e nas análises de laboratório e estimativa da viabilidade, conveniência e intensidade da redução dos deltas, chega-se à fase da classificação . Classes de aptidão agrícola A mensagem final chega geralmente na forma de um mapa colorido com símbolos, assim: 1aBC, 2ab, 2abc, 3 (abc), 4p, 5N, 5 (s), 6 etc. Há aqui muita informação. Analise, por exemplo: 1Ab (c): terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras no nível de manejo A, regular no nível B e restrita no nível C. Classes de aptidão agrícola Exemplos:3 (a) (b) (c) - grupo de aptidão 3, tem aptidão para lavoura, classe restrita para níveis de manejo A, B e C. 1 (a)bC - grupo de aptidão 1, classe restrita para lavoura no nível de manejo A, regular no nível B e boa no nível C. 2 (a)b - grupo de aptidão 2, classe restrita para lavoura no nível de manejo A, regular no nível B e inapta no nível C. 4p - grupo de aptidão 4, regular para pastagem plantada, inapta para lavoura. Classes de aptidão agrícola A ausência de qualquer das letras significa inaptidão ; por exemplo: 2ab significa que o solo tem aptidão regular (letra minúscula, sem parênteses) para culturas nos manejos A e B, mas é inapto no manejo C. Além das letras A, B e C que se referem à lavoura, já vistas anteriormente, P refere-se à pastagem plantada, S à silvicultura e N à pastagem natural. Classes de aptidão agrícola A ausência de qualquer das letras significa inaptidão ; por exemplo: 2ab significa que o solo tem aptidão regular (letra minúscula, sem parênteses) para cultu-ras nos manejos A e B, mas é inapto no manejo C. Classes de aptidão agrícola Além das letras A, B e C que se referem à lavoura, já vistas anteriormente, P re-fere-se à pastagem plantada, S à silvicultura e N à pastagem natural. As letras minúsculas simplesmente ou minúsculas entre parênteses referem-se respectiva-mente às classes de aptidão regular e restrita. Tabela 5. Grupos e classes de aptidão agrícola e alternativas gerais de utilização -----GRUPOS ----- Classe Nível de manejo A B C ---------------------------- Lavouras -------------------------------- A  L  L  I T 1 boa 1A 1B  2 regular 2a 2b 2c  M  3 restrita 3 (a) 3 (b) 3 (c) E  I R  T  4 boa 4P N  A  4 regular 4p A  Ç  4 restrita 4 (p) T  Õ  ------------- Silvicultura e/ou Pastagem Plantada ------------ I  E  5 boa 5N 5S V  S  5 regular 5n 5s A   5 restrita 5 (n) 5 (s) S   -------------------------- Sem aptidão agrícola -------------------   6 preservação da flora e da fauna ou recreação  -------------------------- Pastagem Plantada ----------------------- As informações relativas às alternativas de utilização, consideradas em relação aos grupos de aptidão, são apresentadas na Tabela a seguir Aptidão agrícola obviamente está sendo usada aqui no sentido amplo de aptidão para lavouras, pastagens plantadas, pastagens naturais e silvicultura, reserva biológica e recreação. Essa ordem expressa também uma adequação do uso ao au-mento do(s) grau(s) da(s) limitação(ões). Observe a redução do número de alternativas com o aumento do grau de des-vio (Tabela 6). Aumento de intensidade de uso ALTERNATIVAS e GRUPO de LIMITAÇÕES (DESVIOS) APTIDÃO A  D  1 L  E  2 T  S  3 E  V  4 R  I  5 N  O  6 Preservação Silvicultura da flora e da e/ou fauna pastagem natural Pastagem Lavoura plantada Aptidão restrita regular boa Assim é que um solo com alguma aptidão para uso de certa intensidade, como, por exemplo, para pastagem plantada, tem, em geral, boa aptidão para todos os usos menos intensivos, no caso, silvicultura e/ou pastagem natural (considerados no mesmo nível) e reserva biológica. Observe então que os números de 1 a 6, que identificam o grupo de aptidão, indicam, na realidade, o maior uso intensivo possível. Por exemplo: 1 (a)bC está no grupo 1 porque existe aptidão boa para lavoura sob manejo C - o uso mais intensivo ainda possível. Num dos exemplos apresentados (4p), um solo ainda com alguma aptidão para pastagem plantada está no grupo de aptidão 4, sendo inapto para lavoura. A Tabela 7 a seguir fornece subsídios concernentes às classes de aptidão agrícola. Tabela 7. Classes de aptidão agrícola Classes de Limitações Produções no manejo A Remoção de restrições aptidão gerais BOA ligeiras boa no período de 20 anos REGULAR moderadas boa no período de 10 parcialmente no anos manejo A RESTRITA fortes médias e baixas no opção de culturas período de 10 anos restritas por limitações não removíveis INAPTA excluem a produção sustentada do tipo de utilização em questão Uso dos quadros-guias A estimativa dos deltas, dos desvios do ecossistema em relação ao solo ideal (qualidades do ecossistema), e a avaliação da viabilidade de redução dos deltas conforme o nível de manejo (refletindo diferenças em insumos e técnica) podem ser sintetizadas na forma de uma tabela (Quadro Guia). Tabela 8. Resultado do confronto entre desvios da unidade LVa1 após redu-ção dos des-vios (quando viáveis) e os requisitos de máxima limitação permissível para determinada classe de uso no Quadro Guia ∆N A ∆A B C A ∆O B C A ∆E B ∆M C A B C A B C 1/ 2a 2 2 b 2 2 2a 2/ 3 2 2 a b (c) 2a 1b 1 1 1 0 0 0 2/ 3 (2) Quadro Guia 3 (1) 2a 1b 1/2 1/2 1/2 1 1a 0/1 a 3 Uso mais intensivo 5n (b) c A B C A B C (a) (b) (3) Uso possível 5n (b) (4)Conclusão 5n (b), que é representado no mapa como 3 (b). Representa-se, no mapa, apenas a apti-dão para lavoura (talvez fosse melhor a representação completa, isto é, aptidão em todos os níveis de manejo, quer seja para lavoura ou não). (1)LVa1 (1) 3 Os valores desta linha referem-se aos assinalados (envoltos) na Tabela-guia. NOTAS: (1) Estimativa para cuja obtenção foram seguidos os passos sintetizados nas Tabelas 2 e 3, levando-se em consideração os níveis de manejo (Tabela 4). (2) Uso mais intensivo permitido para a unidade LVa1, quando se usa o quadroguia (Tabela 9) para cada delta e manejo. Representa o máximo de limitação permitido, para cada delta e para cada nível de manejo, referente à classe de aptidão. NOTAS: (3) Aplicação do princípio de que o uso não pode ser mais intensivo do que permite o delta que está em mínimo, que é N para os manejos A e B, e E para o manejo C. (Para ter aptidão para lavouras, qundo E apresenatr grau forte(3), a limitação por fertilidade não deve ser maior do que ligeiro a moderado (1/2) para a classe restrita 3(a) (4) A unidade tem aptidão restrita para lavoura no nível de manejo B; e é inapta para lavoura nos manejos A e C. No manejo A, tem aptidão regular para pastagens naturais. A tabela de conversão ou tabela-guia (Tabela 9) representa o máximo de limitação permitido, para cada delta e para cada nível de manejo, referente à classe de aptidão. Os deltas, valores assinalados, indicam utilização mais intensiva permitida para desvios após melhoramento (se viável) do solo indicado na Tabela 8. Os deltas do solo que está sendo classificado, quanto à aptidão agrícola, estão repetidos abaixo (última linha) para facilitar a comparação. A Tabela-guia é, evidentemente, muito geral. Cada cultura deve ter uma tabela de conversão própria. O arroz, por exemplo, não será tão limitado por falta de oxi-gênio quanto outras culturas, e entre estas haverá também diferenças. O que foi dito para O é válido também para os outros deltas (ou limitações). Tabela 9. Tabela-guia da classificação de aptidão agrícola(1) da Região Tropical Úmida 1 ABC 2 abc 3(abc) N A 0/1 1/2 2/3 B 0/1a 1a 2a C 0b 1b 1b/2b 4P 4p 4(p) 5S 5s 5(s) 5N 5n 5(n) 6 2/3 3 4 sem aptidão agrícola LVa1 3 1b 1) A A 1/2 2 2/3 2a 2a/3a 3a 2/3a 3a 4 2a B 1/2 2 2/3 C 1/2 2 2/3 O A 1 2 2/3 2 2/3 3 2 2/3 3 3a 3a 3a 1a 1a 1/2a 2/3 3 4 1 B 1a 1/2a 2a E C A 0/1a 1/2 1b 2 1b/2b 3 1 0 C 0b 0b/1b 1b 2/3a 3a 4 3a 3a 4 2/3 3 3 1 B 0/1a 1/2a 2a 0 2/3 B 1 2 2/3 C 0 1 2 2/3 3 3 2/3 3 3 3 3 3 0 M A 2 2/3 3 4 4 4 2a 1/2b 2 2 Letra maiúscula - aptidão boa; letra minúscula - aptidão regular; letra minúscula entre parênteses - aptidão restrita; e ausência de letra - inapta 2 Os solos de Mato Grosso Fonte: Adaptado do ZAA MT (2001) Aptidão agrícola dos solos de Mato Grosso Solos- Folha Cuiabá (ZEEMT) Aptidão Agrícola- Folha Cuiabá (ZEEMT)