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Síndrome Da Domesticação A Luz Da Homeopatia

Monografia de conclusão de curso

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1. INTRODUÇÃO Todas as conquistas do homem foram acompanhadas pelo processo de domesticação. Povos da Europa, ha aproximadamente 7500 AC possuíam cães domésticos (Arenales, 1995). Os egípcios veneravam o cão como representação do deus Anúbis, como uma das mais importantes deidades, que conduziam os mortos ao seu julgamento, mumificavam seus cães e impunham castigos a quem os maltratasse (Brissaud, 1978; Amaral, 1989). Os gregos contavam estórias de um cão legendário (Mourão, 1986). A humanidade tem sido auxiliada, desde o início de sua civilização por aqueles que domesticou. Entretanto, os animais tiveram sua vida alterada por esse processo, que o fez deixar sua condição primária e o obrigou a assumir sua individualidade, pois agora ele se encontra separado dos de sua espécie. A docilidade, fator básico para a aceitação de interferências vindas de fora do grupo, foi transmitida de geração a geração e o trabalho genético que se fez para aproximar características desejáveis aproximou também as indesejáveis na forma de doenças como má- formações, alergias e outras. Os animais foram então obrigados a conviver com novas regras que não respeitavam a sua biologia e comportamento, passaram então a adoecer (Arenales, 1995). Na Clínica de Pequenos Animais, o Veterinário enfrenta freqüentemente problemas de alterações comportamentais que podem se exteriorizar organicamente. Pesquisas recentes revelam que alterações emocionais e psicológicas terão importância cada vez maior na avaliação do processo patológico do indivíduo (Pereira, 1980). Para classificar problemas de comportamento, faz-se necessário uma descrição cuidadosa da vida do animal bem como uma criteriosa avaliação do seu estado fisiológico (Voith, 1989). Muitas doenças psíquicas concordam com o conceito de Síndrome da Domesticação e podem se desenvolver por enfado no cativeiro, sobrecarga de trabalho, ansiedade, estresse, entre outros (Arenales, 1995). Atenção especial deve ser dada ao diagnóstico desses distúrbios que refletem alterações neurológicas, psicológicas, sistêmicas e metabólicas (Michel, 1995). A psicologia animal faz parte da consulta veterinária, é importante descobrir a causa do distúrbio de comportamento, pois muitas doenças acarretam alterações psicológicas e algumas psiconeuroses ocasionam doenças ou algum sinal orgânico. Face a esses sinais, o clínico deve obter uma história clínica completa, fazer um exame minucioso, incluindo exames neurológicos e se necessário, solicitar exames complementares (Parker, 1997). A Homeopatia, como uma ciência que é baseada na lei da semelhança, ou seja o semelhante é capaz de curar o semelhante, e que acredita que a enfermidade é sempre de caráter geral, afetando o indivíduo como um todo, procura, na medida do possível, individualizar o paciente, ou seja, tenta perceber a forma de adoecer do organismo, para compreender o que realmente necessita ser curado (De Médio, 1993; Hahnemann, 1995). Se os sintomas são a representação da doença em toda sua extensão, deve-se considerar que são um caminho para a cura (Dethlefsen & Oahlke, 2000). Toda investigação na Veterinária Homeopática impõe um estudo de comportamento, a fim de individualizar o doente, pois escolher o remédio certo para cada indivíduo é fundamental para o sucesso do tratamento, e pela similitude esse medicamento deve conter a totalidade dos sintomas, que é o que caracteriza a individualização (Amaral, 1989; Hahnemann, 1995; Torro, 1999). Os objetivos desse trabalho são estudar e compreender os sintomas e sinais que passam desapercebidos a Medicina Acadêmica atual; compreender o sofrimento de um ser que tirado de seu ambiente natural é obrigado a conviver com regras que diferem da sua biologia e comportamento e as doenças que isso pode acarretar e esclarecer a importância do tratamento homeopático para essa questão além de atentar para a possibilidade de sua utilização na Medicina Veterinária. 2.0. INÍCIO DA HUMANIDADE E DA DOMESTICAÇÃO: Quando do surgimento do homem, há 37.000 anos atrás (Cro-Mognon), ele não possuía morada, vivia vagando de um lado a outro em busca de alimento. Após a idade da Pedra Lascada (Paleolítico), ocorre um curto estágio denominado Mesolítico. Depois de terminado o frio da era glacial, começa a idade da Pedra Polida (Neolítico) que foi caracterizada pelo uso de instrumentos feitos a partir da pedra. É neste cenário que o homem começa a plantar para a sua alimentação e a domesticar animais (Arenales, 1995). O homem passa então de mero coletor a produtor de seu alimento, inicia a produção de tijolos e utensílios de barro e fixa uma residência. Começa a tecer suas próprias roupas, não se utilizando exclusivamente de peles de animais. Por fim, organiza-se em comunidades (Arenales, 1995). Os humanos deixam der ser nômades e conquistando sua confiança, domesticam o cão, que passa a ajudá-lo na domesticação de outros animais capazes de produzir alimentos e oferecer trabalho. Criando esses animais em cativeiro, se utilizando deles no cultivo de alimentos, conseqüentemente aumentando a sua produção, o homem modificou completamente o sistema ecológico vigente na época. A domesticação dos animais e as grandes monoculturas são duas grandes alterações no planeta. Todas as conquistas humanas foram acompanhadas pelo processo de domesticação. Povos da Europa, após o período glacial, possuíam os primeiros cães domésticos, provavelmente em 7.500 A.C., ou anteriormente a esta data. Na América do Norte, todo o índio tinha um cão doméstico (Arenales, 1995). Na Pérsia, carneiros foram criados há 6000 anos A.C. e felinos foram domesticados no Egito depois de se domesticarem os asnos. Na Ásia Menor, encontrou-se indícios de cavalos usados para transporte e de gado para a produção de leite, datados de aproximadamente 3000 A.C. (Arenales, 1995). Importa também lembrar que os animais serviram de inspiração nos desenhos rupestres, havendo entre outras, a retratação de cães participando de caçadas a cervos, uma escultura grega de uma cadela se coçando, feita antes do nascimento de Cristo (Arenales, 1995). Na mitologia, nas religiões e no folclore os animais têm participação ativa e o homem sempre se favoreceu de sua presença (Arenales, 1995). Os egípcios, grandes amantes dos animais, mumificavam seus cães após a morte, impunham castigos corporais para quem os maltratasse e a pena de morte para quem os assassinassem. Na lenda de Anúbis, o deus egípcio dos mortos, representado com corpo humano e cabeça de cão ou de chacal, era responsável por conduzir o morto para o julgamento da deusa Maat, com representação humana trazia uma pena de avestruz na cabeça que representava a justiça e a verdade, e pelo peso dessa pena eram julgados os atos dos homens. Além disso, possuíam vários deuses com formas de animais (Amaral, 1989; Brissaud, 1978). Na Grécia, o cão era um herói legendário que ajudou a defender a cidade de Corinto de um ataque surpresa. Esse povo, também colocou o cão entre as constelações, criando as constelações Cão Maior e Cão Menor. (Mourão, 1986) Homero, poeta grego da idade antiga, conta a história de Argos, o cão de Ulisses, herói da Odisséia, que desolado, procurando seu amo, o reconheceu quando retornava de Itaca e morreu de alegria (Amaral, 1989; Homero, 1964). Além dos exemplos citados acima, há ainda a presença dos animais na simbologia humana e atividades do inconsciente, onde os animais servem de guias para trazer o homem de volta à sua consciência e verdadeira liberdade (Levy & Machado, 1995). Os carros puxados à tração animal também foram de grande ajuda ao progresso da humanidade (Arenales, 1995). Segundo Arenales (1995), o homem encerrou há 50.000 anos o seu desenvolvimento físico, domesticou o cão a menos de 15.000 anos, e desde então o seu processo evolutivo intelectual caminha rapidamente. As últimas espécies foram domesticadas há cerca de 5.000 anos, com isto a oferta alimentar cresceu. Com o trabalho escravo dos animais o homem dominou todo o planeta (Arenales, 1995). Desde o início de nossa civilização, a humanidade tem sido largamente auxiliada por aqueles que domesticou, e para este fim promoveu- se nos animais um processo de socialização (tornar sociável, reunir em sociedade, colocar sob o regime de associação) e civilização (tornar educado, polido, cortês). Entretanto, ao domesticar-se esses seres, lhes foi tirado o habitat, não levando em conta seu comportamento natural, suas atividades de caça, convívio com outros de sua espécie, atividade reprodutiva e suas necessidades físicas e psicológicas (Arenales, 1995). No momento em que os animais são tirados da natureza para habitar em aglomerados humanos são considerados urbanos e civilizados, consumindo mais energia e perdendo toda a sua capacidade de sobreviver sob as leis da natureza (Arenales, 1995). O homem interferindo nos processos naturais da vida dos animais prejudica todo equilíbrio ecológico e faz um trabalho contrário ao da seleção natural, trazendo para os dias atuais doenças degenerativas que prejudicando a hereditariedade desses animais, cria a possibilidade de novas patologias. Segundo Arenales, 1995 os esforços para aliviar doenças e sofrimentos pela aplicação das descobertas da medicina moderna contrabalançaram alguns dos efeitos da seleção natural que antigamente eliminava os indivíduos menos aptos da população. Com isto surgem patologias novas de tempos em tempos, e a medicina tornou-se industrializada (Arenales, 1995). O futuro do planeta e das espécies animais está sendo comprometido pelo homem. Contra a inteligência e engenhosidade do homem em inventar máquinas para aumentar a eficiência de seu trabalho, devem ser pesados o aumento da população humana e a dos animais domésticos, o declínio das espécies que não foram domesticadas, a luta por territórios inexplorados, que tem sido constantes e o escasseamento das fontes naturais requeridas para o conforto da vida moderna (Arenales, 1995). A terra, sendo mal usada, perdeu sua capacidade produtiva. A agricultura e o comércio introduziram doenças em países e continentes onde elas não existiam, prejudicando a população humana, os animais domésticos e a agricultura (Arenales, 1995). Fica a reflexão... 3.0. UTILIDADES DOS CÃES: Alimento: costume ainda hoje na China, alimentar um cão até os dez meses e depois servi-lo como uma refeição especial. Muitos outros animais são usados para este fim, embora não sejam considerados iguaria como o é o cão neste país (Arenales, 1995). Confecção de roupas: as peles eram utilizadas no século XVII na Inglaterra para confecção de vestimenta, eram usadas para, além de aquecer, atrair parasitas do corpo humano. O cão também foi usado vivo para este fim, pois melhor atraia pulgas carrapatos e percevejos. Atualmente muitos animais têm sua pele para este fim (Arenales, 1995; Amaral, 1989). Pastoreio: função que se iniciou já há muito e até hoje não pode ser substituída por outro animal ou por máquinas, é executada exemplarmente pelos cães (Arenales, 1995; Taylor, 1996). Guarda, guerra e policiamento: há relatos de que foi a primeira função do cão, o homem já havia percebido que sua companhia afastava outros animais, por ter se afeiçoado tanto ao homem e ter se dedicado à sua proteção, também não pode ser substituído por nenhum outro animal, pois o ouvido e o olfato deste animal não podem jamais ser superados (Arenales, 1995; Taylor, 1996). Caça: habilidade inerente ao cão, por se tratar de animal carnívoro; hoje utilizada somente como esporte em alguns países (Arenales, 1995; Taylor, 1996). Caçador de trufas: a trufa é um cogumelo que cresce sob a terra no norte da Europa, onde é muito apreciado apesar da difícil localização. Os cães são treinados para farejá-las. Os porcos também podem ser utilizados, mas também gostam do cogumelo e então batalham por ele (Arenales, 1995). Companhia: o primeiro animal a representar este papel é sem dúvida o cão. Com o advento da modernidade, e conseqüente diminuição de suas tarefas ele passa a entrar nas casas. Atualmente são usados também gatos e os animais chamados "pets" como porquinhos da índia, hamsters, iguanas, cágados, ferrets ou furões etc, são animais que suprem carências, deixam ser cuidados, dão afeto e oferecem sua companhia, são capazes de fazer seus donos se sentirem amados (Arenales, 1995). Terapeutas: Segundo Fuchs (1997), veterinária e psicóloga, terapia assistida por animais é a introdução de um animal de estimação no ambiente imediato de um indivíduo ou grupo, tendo como finalidade eliciar interações físicas, psico-sociais, emocionais e terapêuticas. Cão e o gato são usados em hospitais, asilos, orfanatos e presídios como catalisadores de afeto e carinho, levam a alegria a seus "pacientes", oferecem como parte do tratamento segurança, confiança, amabilidade e coragem, além da já referida companhia. Atualmente, muitos psicólogos recomendam a aquisição desses animais à crianças com problemas de comportamento e os progressos são notáveis. Também são usados cavalos para o tratamento de crianças e adultos portadores de paralisia cerebral e outros distúrbios; primeiramente com o animal em estação e depois em movimento. Esses animais possibilitam um progresso que nenhuma fisioterapia com aparelhos e altas tecnologias poderiam alcançar (Arenales, 1995; Fuchs, 1997; Fetko, 1997 ) . Estudos científicos: na Escola de Alexandria, encontram-se dados de vivissecções praticadas em cães, por Aristóteles, filósofo grego que viveu no século I d.C., foram dele essa palavras: todo estudante de medicina e medicina veterinária deve reconhecer os cães como seus primeiros professores, ao terem seus corpos utilizados como objeto de estudo. Hoje, os cães, como também diversos animais, são utilizados em pesquisas científicas para inúmeros fins, alguns utilizados em laboratórios para experimentação de drogas para o consumo humano (Arenales, 1995). Fonte de inspiração e arte: desde os mais remotos tempos, tem-se os animais inspirando artistas, lembrem-se das pinturas rupestres encontradas em cavernas por todo o mundo, da escultura da loba que amamenta Rômulo e Remo, dos desenhos animados que emprestam personalidade e fala a estes amigos bichos e da famosa peça do teatro americano, quase duas décadas em cartaz na Broadway, Cat's toda inspirada em gatos (Arenales, 1995; Amaral, 1989). Gerador de empregos: como se já não fossem tantas suas utilidades, ainda geram empregos nas indústrias de alimentos acessórios e medicamentos. Empregam várias pessoas no setor de prestação de serviços médicos, de embelezamento e de guarda (Arenales, 1995). 3.1. Benefícios trazidos ao homem pelos animais de estimação Os companheiros domésticos ou animais de companhia são portadores de inúmeros benefícios para a espécie humana. Embora possam transmitir doenças os animais de estimação trazem também muitos benefícios. O Médico Veterinário deve ser capaz de esclarecer e orientar seus clientes para a escolha do animal mais adequado; ajudar a determinar uma dieta a fim de manter a saúde de seu animal; como ter boas práticas de higiene, cuidados com a higiene do animal e com a sua própria; como proceder nos casos de mordidas e arranhões e como fazer a prevenção de doenças e zoonoses. Esses cuidados devem se observados principalmente no caso de pessoas doentes ou imunologicamente comprometidas (Amaral, 1989; Bahr & Morais, 2001). A pessoa de posse dessas informações tem apenas que aproveitar o conforto e os bem estar psicológico, fisiológico e social que esses seres são capazes de promover. A tabela 1, melhor exemplifica essa questão (Amaral, 1989; Bahr, 2001). Tabela 1. Efeitos benéficos dos animais de estimação. "EFEITOS PSICOLÓGICOS "EFEITOS FISIOLÓGICOS "EFEITOS SOCIAIS " "Diminuição da depressão"Diminuição da pressão "Auxílio na socialização" " "arterial "de criminosos, idosos e" " " "deficientes físicos e " " " "mentais " "Diminuição da solidão " " " "Diminuição da ansiedade"Diminuição da ativação "Auxílio no " " "neuroendócrina do "desenvolvimento social " " "estresse "de crianças " "Diminuição do estresse " " " "Melhora do humor "Diminuição da "Auxílio no programa de " " "freqüência cardíaca "reabilitação " "Melhora na qualidade de" " " "vida " " " "Auxílio no "Aumento da expectativa " " "desenvolvimento "de vida " " "emocional de crianças " " " "Melhora no aprendizado "Estímulo à atividades "Aumento da interação " "de crianças "saudáveis "interpessoal " * Fonte: Bahrs & Morais, 2001. 4.0. DOENÇAS DOS ANIMAIS TRAZIDAS PELA DOMESTICAÇÃO " um dos caracteres mais distintos das nossa raças domésticas é que notamos entre elas adaptações que não contribuem em nada para o bem estar do animal ou planta, mas simplesmente para proveito e capricho do homem (...); a natureza fornece as variações sucessivas, o homem as acumula em certos sentidos que lhes são úteis. Assim sendo, pode-se dizer que o homem criou para o seu proveito raças úteis..." (Darwin, 1989) Os animais, independente da espécie, têm sua vida alterada pela domesticação, segundo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, é ato ou efeito de domesticar, que significa tornar doméstico, amansar, civilizar, tornar sociável (O Globo) A civilização é essencialmente um meio para usar mais energia e com o domínio desta energia, o homem conseguiu deslocar o equilíbrio ecológico favorecendo o aumento do número da espécie humana e dos animais domésticos, às custas do ambiente, tendo como em conseqüência, um decréscimo das populações de animais que o homem não conseguiu domesticar (Arenales, 1995). Afora esse problema de extinção de espécies causada pelo desequilíbrio ecológico, o homem também vem contribuindo para as mais diversas doenças nos animais domésticos pelo fato de não respeitar sua constituição física, seus hábitos, suas necessidades mais básicas e seus instintos e também por fazer do comércio dos animais e seus produtos um meio de transporte para vetores e agentes etiológicos de doenças que estariam separadas pela distância dos países e continentes (Arenales, 1995). No convívio com o homem realizado a partir da domesticação, o animal deixa sua condição primária, então se inicia uma nova realidade: o processo denominado "síndrome da domesticação", onde o domesticado assume uma individualização e perde a identidade do grupo, tendo que assumir a sua própria. Não há mais animais para comandar e para obedecer, quebra-se a hierarquia, então surgem suas vontades, alterações de humor, vários distúrbios de ansiedade, necessidades de afeto, medos e agressividade (Arenales, 1995). A docilidade, característica básica para a domesticação, permitiu a esses indivíduos aceitarem as interferências vindas de fora do grupo e reconhecer a superioridade do dominador; foi transmitida de geração a geração (Arenales, 1995). O sucesso conseguido com o esmerado trabalho genético dos cruzamentos aproximou características desejáveis juntamente com algumas indesejáveis na forma de doenças como a displasia coxofemoral, más-formações, alergias etc. Surgem daí animais esteticamente perfeitos, mas sem vigor. Fora do grupo natural, negando suas necessidades biológicas os animais adoecem "...de corpo e alma, da emoção à lesão...". Principalmente nos cães e gatos, que privam de um convívio mais estreito com o homem, os reflexos do estresse causado pela civilização acrescentam maior sofrimento à essa síndrome. (Arenales, 1995). No que se refere ao cão, que em tantas nuances se assemelha ao homem, dotado de uma inteligência sensitiva que percebe emoções alheias e nos permite entender as suas próprias emoções. Esta simbiose é tamanha que o cão assimila angústias, frustrações, temores e ansiedades que várias vezes confirma-se em consultórios que o motivo da consulta do cão é na verdade o desequilíbrio do proprietário, fenômeno este denominado impregnação miasmática, "...o que ocorre através de uma susceptibilidade semelhante entre um e outro, que naturalmente o faz também enfermar..." (Amaral, 1989). O fenômeno denominado de impregnação miasmática, Arenales, (1995) demonstra como síndrome da domesticação, mas ambas concordam quanto à sua origem (Arenales, 1995; Amaral, 1989). Quando se cita este fato, compreende-se que o animal possui o instinto, como também uma inteligência perceptiva para captar as vibrações do meio que o rodeia. Se a inteligência é a capacidade de adaptar o comportamento à circunstância, utilizando a experiência; o instinto é o comportamento genético herdado e transmitido às gerações, determinando um modo de agir independente, sem experiência prévia. O intermediário desses dois processos é denominado "imprinting" (Amaral, 1989). Esse animais, ficam então sujeitos às emoções e estímulos ambientais diferentes dos que os afetariam em sua vida livre, portanto não tem preparação suficiente para regulá-los. Perdem a capacidade de promover a homeostasia, que é definida em termos homeopáticos como um estado de equilíbrio dinâmico estabelecido por mecanismos fisiológicos em funções de reações aos estímulos ambientais, que são constantes e de natureza e graus variáveis (Arenales, 1995; Hahnemann, 1995). A enfermidade se instala na dependência de um terreno orgânico predisponente, na qual esta é decorrente da interação deste terreno com estes estímulos ambientais nocivos, também chamados de noxas (Hahnemann, 1995; Galvão, 2000). Surgem situações para as quais a medicina convencional, por mais avançada que esteja, não encontra solução (Arenales, 1995). Na tabela 2, são citados alguns sinas e sintomas que podem ser atribuídos a síndrome da domesticação. "SINTOMAS "ETIOLOGIA "ESPÉCIES " "Andadura "Confinamento e frustração "Eqüinos " "estereotipada. " " " "Apetite pervertido "Excluindo problemas de má "Cães e gatos. " " "nutrição, está associado à " " " "solidão, competição, tédio, " " " "desejo de chamar atenção . " " "Apoio nos membros "Confinamento "Suínos. " "traseiros, com " " " "sonolência. " " " "Auto-mutilação. "Enfado no cativeiro "Eqüinos, aves, " " " "suínos, cães e gatos." "Coprofagia. "Alimentação inadequada, "Em cães adultos, em " " "solidão, competição com "jovens é considerado " " "outros animais. "normal. " "Destrutividade "Frustração em conviver sem "Cães e gatos " " "as atividades físicas " " " "inerentes à espécie " " "Enrolamento de língua"Confinamento "Bovino " "Excesso de limpeza "Estresse ocasionado pelo "Bezerros, cães e " "corporal "confinamento isolado, "gatos. " " "frustração, tédio. " " "Estagnação crônica "Restrição promovida pelo "Eqüinos e bovinos. " " "confinamento. " " "Friccionamento da "Isolamento "Bovinos e suínos. " "cabeça " " " "Friccionamento da "Etiologia incerta "Eqüinos. " "cauda " " " "Fuçar intensamente "Superlotação "Suínos. " "Galactofagia "Desmame precoce "Filhotes de bovinos, " " " "suínos, cães e gatos." "Hiperfagia nervosa "Ansiedade "Todos os animais " " " "podem efetuar esse " " " "sintoma, embora seja " " " "mais comumente " " " "encontrado em cães e " " " "gatos. " "Impotência "Confinamento com intensa "Pode ocorrer em todas" " "integração emocional entre o"as espécies. " " "animal e o proprietário " " " " " " "Mastigar o "Animais densamente "Suínos e eqüinos. " "vácuo/aerofagia "confinados " " "Mordedura de barras "Estresse do confinamento "Suínos " "Mordedura de cauda "Superlotação "Suínos " "Mordedura de estábulo"Animais extremamente "Eqüinos " " "confinados ou " " " "sobrecarregados por " " " "trabalhos " " "Oscilação da cabeça "Estresse ocasionado por "Aves " " "frustrações " " "Oscilações do corpo "Contenção inadequada. "Eqüinos " "Polidipsia "Desvio de comportamento, "Eqüinos, suínos, " " "quando não está associada a "aves, cães. " " "alguma patologia física. " " "Rejeição do macho "Grande integração e "Cadelas e gatas " " "afinidade entre animal e " " " "proprietário " " "Transtornos de monta "Tem-se a impressão que o "Bovinos, eqüinos, " " "processo de domesticação "caninos e felinos. " " "apagou o instinto sexual " " Tabela 2. Alguns sinais e sintomas que acometem os animais domésticos que são associados à Síndrome da Domesticação. *Fonte: Arenales, 1995. 5.0. SÍNDROME DA DOMESTICAÇÃO Processo pelo qual o domesticado distancia-se de sua condição de animal, assume uma condição diversa da natural da espécie, perde a identidade do grupo e passa a demonstrar a sua própria (Arenales, 1995). De uma maneira geral, os indivíduos domesticáveis tinham em comum uma grande docilidade como característica individual e conviviam em grupos de estrutura social normatizada. Isso possibilitou interferências vindas de fora do grupo e a aceitação de um dominador (Arenales, 1995; Machado,2000). Nas diversas espécies, cruzamentos entre os indivíduos domesticados garantiram a transmissão da docilidade a seus descendentes. Empiricamente, o homem, buscando algumas características desejáveis tanto de comportamento quanto de estrutura física, iniciou mesmo sem saber, uma seleção genética que resultou em diferentes raças.Infelizmente, aproximando-se características desejáveis, aproximam-se também as indesejáveis. Então surgem animais praticamente perfeitos, mas sem vigor físico, e passíveis de doenças as mais variadas (Arenales, 1995). Apesar desta síndrome não afetar somente cães e gatos; estas por serem as espécies mais estudas, merecerão especial atenção. 5.1. Processo de domesticação do cão e do gato O Homo sapiens, vivia em grupos familiares, caçando para se alimentar e formando hierarquias (característica comum aos cães), domesticou o lupóide, ancestral do cão hoje conhecido. Os lupóides, viviam ao redor das cabanas para apreender restos alimentares dos humanos. Dotados de uma inteligência incomum, perceberam que acompanhando e auxiliando o homem nas caçadas, ao retornarem, receberiam uma parte da presa. Assim, estabeleceu- se uma "sociedade" que perdura até os tempos atuais e foi o início da domesticação (Pugnetti, 1980; Arenales, 1995). Com a domesticação, vem a repressão do comportamento natural e a indução a um novo comportamento que agrade aos homens, seus domesticadores. Nas diversas raças criadas, cada qual para uma função, houve um distanciamento muito grande dos ancestrais. Tanto que algumas raças são inteiramente distintas entre si, permanecendo apenas os instintos mais primitivos da espécie. Tal tornou-se o relacionamento com os humanos que relata-se este ser análogo à interação entre mãe e filho (Hart,1990; Topal,1998). Nos gatos, os desvios de comportamento são observados menos freqüentemente que nos cães. Ocorre que educar um gato não é tarefa tão simples quanto educar um cão. Raramente consegue-se alterar comportamentos indesejáveis de gatos. Realmente, esses animais preservam várias características comportamentais de seus antepassados selvagens (Muller & Muller, 1997). O gato selvagem africano Felis silvestris libyca, e o gato do deserto asiático Felis silvestris ornata, são os prováveis antepassados do gato doméstico. Nessas espécies, o convívio comum entre indivíduos limita-se aos períodos de acasalamento e à criação de filhotes. Por sua índole solitária, os gatos não foram dominados com a facilidade a que foram os cães. Entretanto, o convívio com os humanos, existente há séculos, fez desenvolver entre eles laços afetivos tão fortes e estreitos, que muitas vezes são mais visíveis que os que ligam a seus companheiros da mesma espécie (Taylor, 1986; Muller & Muller,1997). 5.2. Contribuição do estudo do comportamento animal Em Medicina Veterinária, particularmente na Clínica de Pequenos Animais, é freqüente o profissional se deparar com problemas de alterações de comportamento, que se exteriorizam organicamente, sobretudo com distúrbios metabólicos. Pesquisas recentes revelam que a Medicina moderna se preocupará cada vez mais com as alterações emocionais e psicológicas dentro do processo patológico de um indivíduo. É importante um processo de diagnóstico em que se eliminem os males gerados pela Síndrome da Domesticação, se o que se pretende é a boa saúde do animal, considerando o bem estar como parte dela (Pereira, 1980). Em Homeopatia Veterinária o diagnóstico e o tratamento dos distúrbios de comportamento animal é visto sob enfoque menos antropomórfico, facilitando a busca e a seleção do medicamento. Embora inevitável, o antropomorfismo leva à interpretações errôneas do comportamento relatado pelos proprietários, os quais referem emoções humanas aos nossos companheiros animais. Mesmo sendo verdadeiro que os nossos companheiros tenham emoções, a interpretação simplista das mesmas como se tratassem de emoções humanas é rejeitada pelos estudiosos (Pereira, 1999). Deste modo, deve-se fazer com que o proprietário nos descreva o comportamento a fim de que possamos estudá-lo mais profundamente e interpretá-lo corretamente (Pereira, 1999). O comportamento produz uma interação do indivíduo com o meio externo. Estímulos exteriores influenciam o sistema nervoso central (SNC) e originam uma seqüência de ações reflexas ordenadas. Embora nem sempre essa seqüência seja previsível, a probabilidade de um dado conjunto de comportamentos ocorrer torna-se alta quando se conhece o estímulo e as experiências passadas aprendidas pelo animal, além dos seus instintos primários (Klemm, 1996). A seguir esquema da fisiologia comportamental (Figura 1). SENTIDOS SNC COGNIÇÃO/MEMÓRIA NEURÔNIOS ESPECÍFICOS GLÂNDULAS MÚSCULOS COMPORTAMENTO " O COMPORTAMENTO EMERGE DO PADRÃO ESPECÍFICO DO NEURÔNIO MOTOR E ATIVIDADE MUSCULAR, QUE POR SUA VEZ É GOVERNADO PELOS IMPULSOS DE ENTRADA SENSITIVOS E OUTROS, INCLUINDO A INFORMAÇÃO POR FEEDBACK DA ATIVIDADE MUSCULAR E DO COMPORTAMENTO EM SI. NOTAR QUE O COMPORTAMENTO PODE SER TANTO AUTO-INICIADO COMO DIRIGIDO POR UMA VARIEDADE DE CONTIGÊNCIAS EXTERNAS OU INTERNAS." Fonte: Klemm.,1996. FIGURA 1 Esquema básico da fisiologia comportamental. A genética, experiências prévias, aprendizados, estímulos internos e externos são capazes de influenciar o comportamento dos animais (Voith, 1989). A base genética e a predisposição das raças para determinado tipo de comportamento é comprovada, assim como a transmissão de certos caracteres para seus descendentes (Coren,1996). O aprendizado pode ser entendido como mudança de comportamento resultante da influência de uma experiência já vivida ou observada. Os efeitos da experiência prévia de um animal são reflexos de suas primeiras semanas de vida, geralmente são profundos e tendem a se perpetuar pela vida do animal (Voith, 1989). Os estímulos externos são transformados no cérebro por transdutores (sistema límbico, ligado às emoções, instinto, auto-preservação e sobrevivência; e a área pré-frontal, ligada às funções psíquicas superiores como a vontade, capacidade de aprendizado, julgamento, iniciativa e composição de idéias) em outros estímulos que caminham por nervos e acionam determinados músculos. O mesmo ocorre quando se formula pensamentos, sentimos emoções etc (Voith,1989). Os estímulos internos, como a dor, por exemplo, também caminham pelos mesmos nervos e estruturas cerebrais que se comportam como transdutores, entrando no chamado mundo das idéias, mente ou psique (Voith, 1989). O processo da consciência ainda não está completamente elucidado, mas nota-se que quanto mais evoluído o cérebro, menor é a área primitiva (sistema límbico), sendo novas camadas acrescentadas. A área pré-frontal, embora de menor valor representativo nos animais, têm suas funções neurológicas conhecidas em cães, gatos, cavalos e outros, porque lesões aqui localizadas mostraram alterações de comportamento e de personalidade como o não reconhecimento de pessoas, lugares e obstáculos, manifestando problemas obsessivo-compulsivos. Esses mesmos sintomas são observados em animais estressados (Voith, 1989). Outros fatores, como a integração dos animais como membros íntimos de famílias faz surgir problemas de comportamento. (Amaral, 1989; Arenales, 1995). Para classificar problemas de comportamento, faz-se necessário uma descrição cuidadosa do contexto do animal, assim como uma boa avaliação de seu estado fisiológico. Quanto maior a precisão nessa classificação, maior será a possibilidade de um diagnóstico preciso e de um tratamento adequado e eficiente (Voith, 1989). 5.3. Doenças de origem psíquica: Muitas doenças de origem psíquicas concordam com o conceito da síndrome da domesticação. Quando as atividades de busca e apreensão de alimentos, de convívio com a sua espécie, atividades reprodutivas e outras são negadas aos animais eles desenvolvem essa síndrome. Muitas são decorrentes de frustração, isolamento, contenção inadequada, enfado no cativeiro, sobrecarga de trabalho, ansiedade, superlotação e muitas outras causas, incluindo o estresse (Arenales, 1995). O estresse, que é causa de muitas doenças graves, comprovadas em humanos é também muito observado nos animais (Pachaly &Werner, et.al.;1993). Ele nada mais é do que a ruptura da homeostase (manutenção dos estados de equilíbrio do organismo através de processos fisiológicos coordenados). É um fenômeno adaptativo de interação do animal com o meio em que vive naturalmente ou ao qual é submetido artificialmente, quando em condição doméstica e ocorre através da ação de neurorreceptores. Chama-se de "adaptação fisiológica", o desenvolvimento do processo de adaptação do estresse que levam ao retorno da homeostase, e "exaustão", a falha neste processo adaptativo (Pachaly, Werner et. al., 1993). A seguir, esquema que elucida a regulação neuroendócrina da homeostase (Fig. 2) e o esquema da adaptação fisiológica ao estresse (Fig. 3) HOMEOSTASE ALTERAÇÃO AMBIENTAL (AGENTE ESTRESSANTE) ESTIMULAÇÃO DE RECEPTORES REAÇÃO ESPECÍFICA REAÇÃO INESPECÍFICA S.N. SIMPÁTICO ENDÓCRINA MOTORA VOLUNTÁRIA ALTERAÇOES ORGÂNICAS ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA HOMEOSTASE Figura 2. Vias neuroendócrinas para a regulação da homeostase (Pachaly, Werner, et. al.,1993). AGENTES ESTRESSANTES ANIMAL RESPOSTA IMEDIATA RESPOSTA TARDIA (ESTIMULAÇÃO AGUDA) (ESTIMULAÇÃO CRÔNICA) S.N.SIMPÁTICO HIPOTÁLAMO ADENO-HIPÓFISE RESISTÊNCIA CORTICAL DA ADRENAL REAÇÃO DE ALARME ADAPTAÇÃO CORTISOL (ESTADO DE LUTA OU DE FUGA) INFECÇOES DESNUTRIÇÃO EXAUSTÃO PARASITOSES CHOQUE MORTE Figura 3. Esquema da adaptação fisiológica ao estresse (Pachaly, Werner, et. al.,1993). Quaisquer alterações ambientais que estimulem os neurorreceptores podem ser chamadas de agentes estressantes. O sistema nervoso analisa e processa os impulsos vindos de seus receptores e manda respostas através de órgãos efetores, induzindo a ocorrência de reações específicas ou inespecíficas (Pachaly; Werner, et.al. 1993). A resposta à estimulação de receptores por agentes estressantes pode seguir três vias neuroendócrinas. Uma via motora voluntária. A via que envolve o sistema nervoso simpático e a porção medular das glândulas adrenais, estas relacionadas com estresse agudo. E por fim a via relacionada ao estresse crônico que inclui a participação do hipotálamo, da adeno-hipófise e da porção cortical das glândulas adrenais. Na figura 4 vê- se o esquema de como o estresse afeta o organismo e as reações do corpo visando manter a normalidade. (Pachaly; Werner, et. al 1993) AGENTE ESTRESSANTE TÁLAMO CÓRTEX NÚCLEOS BASAIS HIPOTÁLAMO CRF MEDULA ESPINHAL ADENO-HIPÓFISE ACTH RESP. MOT. VOL. SIST. NERVOSO CORTICAL DA ADRENAL NOS NERVOS AUTONOMO CORTISOL PERIFÉRICOS SIMPÁTICO neurotransmissores neurotransmissores MEDULAR DA ADRENAL EFEITOS PSICOSSOMÁTICOS CATECOLAMINAS ALTERAÇÕES REAÇÃO DE ALARME COMPORTAMENTAIS CARACTERÍSTICAS EFEITOS SOMÁTICOS Figura 4. Esquema de como o estresse afeta o organismo. No homem, confirma-se ser a causa psicológica uma das causas de neurodermatites (Haliwell, 1991), asma brônquica, doenças cardíacas, convulsões (Chandrasoma & Taylor, 1993), gastrites e úlceras pépticas, outras desordens gastrointestinais e policitemia de estresse (Bonner, 1990). Os animais domésticos, que são criaturas sociáveis, sujeitos ao mesmo meio ambiente e estresse que os homens, possivelmente podem manifestar doenças psicossomáticas (Voith, 1989). Atenção especial deve ser dada ao diagnóstico de distúrbios comportamentais, pois eles refletem alterações neurológicas, psicológicas, sistêmicas e até metabólicas, como ocorre com as concentrações plasmáticas de Na+,Ca++,Mg++ e glicose. A boa anamnese, considerando fatores sociais e emocionais, além de exames específicos é fundamental (Michel, 1995). 5.4. Sinais comportamentais de afecções orgânicas Para se fazer o diagnóstico de qualquer afecção, antes é importante saber diferenciar uma afecção orgânica que foi causada por um distúrbio comportamental de um distúrbio comportamental causado por uma afecção orgânica (Parker, 1997). No diagnóstico de qualquer afecção, importa a investigação criteriosa das relações entre o animal e seu dono, com outros animais e com outras pessoas. A psicologia animal faz parte da consulta veterinária, pois como já foi dito muitas doenças ocasionam alteração psicológica e muitas psiconeuroses ocasionam doenças ou algum sinal orgânico.As tabelas 3 e 4 exemplificam essa situação (Parker, 1997). Tabela.3. Distúrbios do comportamento não comumente decorrentes de afecção orgânica. "Distúrbios de comportamento Etiologia mais " "provável " "Agressão " "Por dominância, por competição, interna, por medo, por dor, " "aprendida, idiopática. " " " "Medo " "De temporais, de tiros, de fogos de artifício, ansiedade de " "separação, de outros animais, de certas pessoas. " " " "Latidos/hiperatividade " "Não é hipercinesia verdadeira. " " " "Destruição " "O animal arranha, mastiga, cava. " " " "Perambulação " "Defecação e micção " "Inadequadas " "Marcação de território, aspersão de urina em gatos, submissão. " " " "Sexual " "Monta inadequada, falta de interesse. " " " "Maternal " "Canibalismo, ansiedade, pseudogestação, indiferença. " " " "Predação " "Alimentação " "Aversões, coprofagia, pica, anorexia, mastigação de madeira, " "ingestão de capim/grama e plantas. " " " "Busca de atenção " "Automutilação, o animal morde ou mastiga os próprios pés, cauda ou " "objetos; latidos; caça às sombras. " " " "Resposta à tensão " "Automutilação, sucção dos flancos, o animal balança ou faz " "movimentos de vai- e- vem com a cabeça,"abocanha moscas", fica " "olhando para o flanco, tem episódios de ambulação em círculos, " "fricciona a cara, cuida excessivamente da pelagem, movimentos de " "crispação da cauda e do dorso " " " Fonte: Parker, 1997. Um sinal de distúrbio comportamental é identificado pelo dono do animal ou pelo clínico quando este se comporta de modo anormal para determinado estímulo do ambiente ou evento (Tab. 3). Consiste em objeto diagnóstico de relevância a avaliação da causa da mudança de comportamento, se é da afecção orgânica (Tab. 4), se é de natureza mental e não orgânica ou ainda se é uma combinação das duas. Abaixo, tem-se a tabela dos sinais comportamentais nos animais que são causados por afecções orgânicas (Parker, 1997). Tabela 4. Sinais comportamentais comumente causados por afecção orgânica. "Distúrbios de comportamento causados por afecções orgânicas " "Ambulação persistente em círculos. " "Ambulação a esmo. " "Compressão da cabeça/enrodilhando num canto. " "Desorientação. " "Não reconhecimento de donos e objetos familiares. " "Embotamento, depressão, letargia. " "O animal se esconde. " "Convulsões (anormalidades comportamentais episódicas, sem " "eventos deflagradores) " "Aumento ou perda idiopática súbita do apetite. " "Polidpsia idiopática. " "Surgimento súbito de micção freqüente. " "O animal defeca dentro de casa, sem perceber. " "Tremores inexplicados. " "Surdez, o animal não responde a sons. " "O animal colide com objetos. " Fonte: Parker, 1997. As causas orgânicas das mudanças de comportamento estão inseridas em várias classes. Entre elas estão as lesões cerebrais e afecções com sinais em grande parte intracranianas (tumor cerebral, intoxicações, inflamações, deficiências minerais, degenerações, acidente cerebrovascular, hidrocefalia e outros), afecções com lesões do Sistema Nervoso Periférico–medula espinal (tumor, inflamação, trauma, necrose, compressão de disco, intoxicações etc), doenças sistêmicas como a cinomose ou a raiva, dentre outras (Parker, 1997). Diversas são as síndromes comportamentais dos animais que se assemelham a algumas neuroses humanas ou a patologias afins, entretanto esses termos são raramente utilizados em Medicina Veterinária, tanto melhor que assim seja. É preferível descrever os sinais exibidos pelo animal para auxiliar no diagnóstico que utilizar esses termos gerais (Parker, 1997). A associação desses sinais com o ambiente ou algum evento ocorrido e a história clínica pregressa além da busca pela afecção em curso são importantíssimos para a orientação diagnóstica. É imperioso o exame neurológico e, dependendo dos sinais exibidos e das afecções sugeridas pela tabela acima, far-se-ão necessários exames hematológicos, bioquímicos e séricos (Parker, 1997). Em suma, em face de sinais comportamentais o clínico deve obter a história completa, obter uma descrição do ambiente em que ele vive, examinar sistemicamente e neurologicamente o seu paciente, se necessário solicitar outros exames (Parker, 1997). 6.0. HOMEOPATIA NA MEDICINA VETERINÁRIA A homeopatia na Medicina Veterinária também nasceu com Samuel Hahnemann, quando curou seu próprio cavalo: "se as leis que proclamo são da natureza, elas serão válidas para todo ser vivo", ele também aconselhou a realização de patogenesias (experimentação no ser sadio) nos animais. Seus discípulos, entretanto, não dedicaram esforços para essa questão, sendo a Homeopatia, a partir de então, aplicada à Medicina Veterinária com base em adaptações dos sintomas das patogenesias humanas, ficando por isso limitada. Portanto, não existe uma matéria médica veterinária. (De Medio, 1993). Ernest Ruckert, um dos discípulos diretos de Hahnemann, provavelmente foi o primeiro a aplicar alguns medicamentos homeopáticos nos animais domésticos, entre eles figuravam Aconitum, Bryonia e Dulcamara (Machado, 2000). Em 1829, L. Bruchner publicou um tratado "Sobre e sistema homeopático para la curacíon de los eqüinos", e em 1833, o Veterinário W. Lux publicou "Isopatia de las enfermedades contagiosas", onde comunicou o êxito obtido com os nosódios Anthracinum e Malleinum (preparados a partir de uma substancia ou agente patológico) (De Medio, 1993). Ruffier e Martelet publicaram no Brasil, em 1873, um "Dicionário de medicina homeopática veterinária" e na década de 40, Nilo Cairo publicou seu "Guia práctico de veterinária homeopática", com a intenção de compendiar os diversos aportes disponíveis. Ao longo do século passado, muitos foram os esforços, através de múltiplos autores e trabalhos, para a incrementação e diversificação da homeopatia veterinária (Machado, 2000). Mas ainda se faz necessário aumentar os esforços referentes à divulgação dessa prática, destinada aos criadores e proprietários de animais de companhia e de produção. Pois serão eles que poderão mobilizar a demanda deste serviço para tratar de enfermidades ou incrementar a produção de alimentos. Está aberto o horizonte em prol de uma melhor qualidade de vida e saúde para nossos companheiros, os animais domésticos (De Médio, 1993). Diante de tão conturbado histórico, encontram-se ainda hoje muitos artigos em revistas científicas nacionais e internacionais fazendo críticas e desqualificando a ciência homeopática, enquadrando-a como medicina alternativa "sem qualquer evidência científica" (Herrick, 1992). Apesar da falta de "cunho científico" torna-se inegável a eficiência desta prática quando diante de relatos de casos realizados por especialistas e da crescente popularização e demanda pelas formas não convencionais de terapia (Jones, 1995). Também a favor da homeopatia, comenta Torro (1999) " a ciência, no sentido mais amplo, é extremamente dinâmica, pois o que não sabia ontem pode se saber hoje ou então amanhã. Dizer que a Homeopatia não é científica hoje, seria igual a continuar acreditando que o nosso planeta é quadrado e é o centro do universo. Um cientista deve ter a mente aberta para pesquisar, ponderar e perceber que se hoje não pode explicar um fenômeno com os meios conhecidos, é preciso que se criem novos métodos. A física quântica faz isto" (Torro, 1999). Atualmente, a homeopatia vem se destacando na Medicina Veterinária. A importância dada a essa matéria tanto na terapêutica, por ser uma forma dita alternativa de tratamento, como na produção de alimentos mais saudáveis, se dá forçosamente pela exigência da implementação de uma "agropecuária limpa", onde os produtos de origem animal não contenham resíduos tóxicos que além de preservar a saúde humana, contribuem para manter o ecossistema livre de agressões. A partir do ano de 1999, o governo brasileiro reconheceu a homeopatia e passou a considerá-la insumo agrícola, reconhecido pelo Ministério da Agricultura, para uso na agropecuária orgânica, que hoje é considerada "agropecuária limpa" (Regner, 2000). Perante os acontecimentos, o homeopata, cada vez mais requisitado é impulsionado a impor-se como um profissional cuja postura ético-filosófica deve seguir condutas coerentes com os princípios de sua doutrina (Marianni, 1998). 6.1. Algumas lições de filosofia homeopática A Homeopatia é baseada em uma lei e três princípios fundamentais, sem os quais não pode existir: a lei da semelhança, a experimentação no homem são, o princípio das doses mínimas e finalmente o remédio único (DE MEDIO, 1993). Lei da semelhança – sejam os semelhantes curados pelo semelhante: esse princípio filosófico nasceu com Empédocles, séc V A.C., foi incluído na medicina técnica e sistemática por Hipócrates (138 a 201 d.C.) e experimentado e sistematizado por S. Hahnemann (1755 a1843). Experimentação no homem são – realizada primeiramente por Hahnemann, que testa 101 medicamentos em doses e intervalos determinados (compilados em sua Matéria Médica Pura),auxiliado por 64 experimentadores e cria o conceito de Patogenesia(relação detalhada dos sintomas provocados por uma droga no homem são e sensível). Isto lhe confere o lugar de precursor do Método Experimental em Medicina, a frente mesmo de Claude Bernard, 1843. Doses mínimas – observa-se que toda excitação, provocada pela administração de drogas, induz a célula a um aumento ou diminuição e sua ação fisiológica, porém, em grandes doses proporcionam estímulos breves seguidos de agravação. Com intento de amenizar esses inconvenientes, Hahnemann utilizou-se da técnica da diluição em água e álcool, em escala centesimal ascendente, homogeneizando-a por sucussões, obtendo resultados extraordinários. Remédio Único – se a doença se manifesta por sintomas e a relação entre as manifestações da doença e as de um medicamento representam a lei da semelhança, só existe um único medicamento capaz de representar a totalidade dos sintomas, o Simillimum. A favor da linha unicista, onde só se trabalha com um medicamento, há a observação de que o efeito conjunto de dois medicamentos conhecidos é imprevisível. Mas o próprio Hahnemann, na sexta edição do Organon de 1822, declara que em um mesmo indivíduo, situações clínicas diversas podem provocar o aparecimento de conjuntos sintomáticos diferentes, possibilitando assim a utilização de vários medicamentos em um mesmo indivíduo (Hahnemann, 1995). Além dessa linha, os homeopatas têm a sua disposição a linha organicista, onde se utilizam medicamentos drenadores com tropismo para determinados órgãos ou sistemas ou que atuam especificamente sobre determinadas patologias. A linha alternista, onde se prescreve remédios diferentes em alternância. A linha complexista, onde são utilizadas fórmulas contendo vários medicamentos. A bastante difundida prescrição Tri- una, do Prof. Dr. Roberto Costa, que consiste na prescrição de três medicamentos, o primeiro de fundo (simillimum, similar, constitucional ou de terreno), o segundo é um episódico ou drenador e o terceiro pode ser um bioterápico ou nosódio (que estimula a resposta imunológica) (Duprat,1974). A Força Vital (F.V.) também é um fundamento importante da Homeopatia e um conceito básico para o seu entendimento. O Vitalismo é uma doutrina filosófica espiritualista fundada por Barthez e corroborada por Samuel Hahnemann. A F.V. é como uma força especial, bem distante das propriedades gerais da matéria e que impregna toda natureza. Fisiologicamente essa energia entretém todas as partes do organismo em completa e perfeita harmonia, designando a saúde. Se perturbada em seu ritmo e equilíbrio tem- se a doença (Vervloet, 1998). No livro "Homeopatia Atualizada" de Costa (1988), o autor afirma que a existência da Energia vital ou Força Vital foi demonstrada em experimentos científicos, o qual a denominou de Indução Embrionária (Costa, 1988). Para a Homeopatia a enfermidade é sempre de caráter geral afetando o individuo em sua totalidade (plano mental e físico). O profissional deve saber perceber a individualidade reacional orgânica ou a forma de adoecer, para então compreender o que realmente deve ser curado. A saúde resulta de esforços contínuos de mecanismos de auto-regulação no sentido de manter o equilíbrio vital, ou se preferirem de homeostase (Hahnemann, 1995). Os sintomas de um paciente traduzem uma reação à presença de noxas (estímulo externo perturbador). O organismo então reage buscando a cura ou então busca o medicamento como forma de obter um pequeno estímulo adicional para retornar ao seu estado de equilíbrio. Essa busca se traduz em forma de sintomas "...alterações reconhecíveis externamente pelos sentidos do corpo e da alma, sinais mórbidos, acidentes..." (Hahnemann,1995; Kent,1998). Visto que os sintomas nada mais são do que a representação da doença em toda sua extensão deve-se considerá-lo como um caminho para a cura (Hahnemann, 1995; Kent, 1998; Dethlefsen & Oahlke, 2000). Há uma hierarquia orgânica nos sistemas do organismo que rege a harmonia funcional do indivíduo. Nessa hierarquia, a F.V. ocupa posição central, de primeiro plano, sendo seguida pelo psiquismo, os órgãos dos sentidos, o sistema vegetativo, os músculos, tendões e ligamentos e por fim a pele, constituindo os demais planos. A reação da Energia Vital (E.V.) em resposta a um estímulo mórbido, se processa de forma centrífuga de forma a se conseguir um menor dano e a eliminação dos metabólitos.O sintoma pode se situar em um único órgão, que pode ser caracterizado como órgão de choque, e serve para alívio da tensão interna, porém todo organismo está doente pelo desequilíbrio da unidade orgânica. (Machado, 2000). A resposta aos estímulos nocivos é vista, inicialmente, em nível sensorial (pré-orgânico), que funciona como um alarme a todo organismo sem localizar com precisão o foco da agressão. Essa fase do adoecer é ignorada pelo médico cartesiano, pois não se traduz em identidade patológica. Não havendo retorno ao estado de equilíbrio do organismo, sendo por auto- regulação ou por intervenção homeopática, haverá evolução do quadro sensorial para o funcional, onde já é possível uma localização mais específica. Esse quadro, por sua vez, pode evoluir para o nível lesional, em um de seus três subníveis, o lesional leve, lesional grave ou lesional incurável (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). A capacidade de cura do organismo depende da integridade de suas estruturas e de seus emunctórios, que são vias de drenagem (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). Para a compreensão da cura, utilizam-se as Leis de Cura de Hering, que são tendências no processo de um tratamento homeopático (Kent, 1998). A cura se processa na direção centrífuga dos sintomas, de dentro para fora. O desaparecimento dos sintomas ocorre de cima para baixo. A cura se processa dos órgãos mais nobres para os menos nobres. O desaparecimento dos sintomas ocorre na ordem inversa a seu aparecimento, podendo haver o reaparecimento de sintomas antigos. Pode-se verificar que as Leis de Hering demonstram a "economia" do organismo. É fato que toda doença crônica tem seu início na superfície e então se dirige aos centros vitais do paciente, ao contrário, a cura parte de órgãos mais nobres para os menos nobres. Assim deduz-se que o enfermo retorna ao estado de saúde, a medida em que, os sintomas retrocedem à superfície, ou por hora, às manifestações primárias da doença. Segundo Kent (1998) " a verdadeira cura é gradual, da mesma forma que a enfermidade, aliviando, primeiramente os sistemas mais vitais e caminhando para a periferia... e quando o interno melhora, o externo necessariamente deverá melhorar, pois o externo não é senão o reflexo do interno"(Kent, 1998; Machado, 2000). Um empecilho ao caminho da cura é a ocorrência de supressão. Condição orgânica de retorno aos sintomas ou de piora do estado clínico após eliminação de determinado sintoma superficial, que acarreta uma reversão da força mórbida a planos mais profundos ou a outras regiões anatômicas do mesmo plano dinâmico (Hahnemann, 1995; Rosenbaum, 2000). A supressão interrompe a dinâmica defensiva interna, forçando o organismo a uma compulsão exonerativa por outra via. Esse bloqueio induz a reabsorção de toxinas e a um desvio vicariante, visando a eliminação dessas toxinas por uma outra via que não a fisiológica, o que se denomina metástase mórbida (Hahnemann, 1995). No que se refere à supressão de sintomas e metástases mórbidas, Hahnemann era criterioso e sempre muito cuidadoso, relata-se que preferia uma conduta expectante ao receitar um fármaco que as pudesse provocá-las. A sua preocupação maior era de que as patologias quando suprimidas ou modificadas em seu caminho natural poderiam dar lugar a patologias substitutivas ou a agravação da atual enfermidade (Rosenbaum, 2000). As manifestações do fenômeno acima citado, podem ocorrer no mesmo órgão, se este é preservado e a enfermidade permanece no mesmo plano de comprometimento orgânico, constituindo em recidiva, ou podem surgir em outro local recebendo outras denominações diagnósticas. Entretanto, se tratam da mesma condição crônica subjacente (Hahnemann, 1995; Machado, 2000). 6.2. Conceito Hahnemanniano de doenças As doenças, segundo Hahnemann, se dividem em dinâmicas e não dinâmicas (Hahnemann, 1995). Nas não dinâmicas, estão incluídas as de causa traumática (acidentes ou cirurgias) e as causadas por indisposição, infecções e intoxicações alimentares (Hahnemann, 1995). Na categoria de doenças dinâmicas estão incluídas as dinâmicas agudas e as doenças dinâmicas crônicas (Hahnemann, 1995). As doenças dinâmicas agudas são subdivididas ainda em individual (onde há somente um tipo de sintoma, não há modificação do mental, do geral ou de outros sistemas, geralmente são causadas) e coletiva, que podem ser epidêmicas ou endêmicas. Tem sua evolução rápida e normalmente tendem para a cura ou para a morte do paciente (Hahnemann, 1995). As enfermidades agudas individuais são causadas geralmente por excessos ou insuficiências alimentares; frio ou calor excessivos ou ainda por grande esforço ou desgaste físico, além das causas emocionais (Hahnemann, 1995). Nas chamadas doenças agudas coletivas, as causas, mormente estão nas influências meteóricas ou contagiosas /infecciosas (Hahnemann, 1995). E finalmente as doenças dinâmicas crônicas, que estão subdivididas em não miasmáticas (que são aquelas causadas por insalubridade e maus hábitos de vida, nessa categoria inclui-se as doenças profissionais) e as miasmáticas; ditas verdadeiramente crônicas, das quais Hahnemann (1995), classificou três: Psora, Sicose e Sífilis. Autores mais modernos citam ainda outros tipos de doenças crônicas, como o Tuberculinismo (Carillo Jr., 1997). Para o criador da homeopatia, " as verdadeiras doenças crônicas naturais são oriundas de um miasma crônico, que quando entregue as sua própria sorte, e não combatidas pelo emprego de remédios específicos paras elas, continuam sempre aumentando e piorando, não obstante os melhores regimes mentais e físicos, e atormentam o paciente até o fim da sua vida, com sofrimentos sempre crescentes. Esses, exceto os produzidos mediante tratamento medico errôneo, são os mais numerosos e maiores flagelos da raça humana; mesmo uma constituição física muito robusta, o modo de vida mais normal e a energia mais vigorosa da força vital não são suficientes para a sua erradicação"(Hahnemann, 1995). Então, Hahnemann (1995) concluiu que as doenças crônicas diminuem a qualidade de vida do paciente, tem duração prolongada e evolução progressiva, e nada, exceto a medicação homeopática pode verdadeiramente curá-la, se essas ainda não atingiram em estágio muito adiantado.A figura 5 ilustra melhor esta questão. Traumática Não dinâmica Indisposição Doença Individual Aguda Epidêmica Coletiva Dinâmica Endêmica Não Miasmática Crônica Miasmática - Psora Sicose Sífilis Figura 5. Conceito Hahnemanniano de doença: 7.0. HOMEOPATIA VETERINÁRIA APLICADA "... O trabalho diário competente do médico, muito mais do que uma eventual cura brilhante, é a medida final de uma prática bem-sucedida. Sua competência depende do poder de observação dos detalhes..." (Borger, 1995) A Medicina Veterinária homeopática em muito difere da prática veterinária convencional. O primeiro ponto é a duração da consulta que se prolonga em muito à consulta normal, pois necessita colher todos ou a maior parte dos sintomas. Este fato normalmente angustia o proprietário porque não está acostumado a falar tanto tempo de seu animal ou porque, de fato, ele não o observa a ponto de responder tantas questões sem que haja dúvidas sobre seus hábitos e comportamento. É também relevante o fato de que o proprietário, sendo intérprete das emoções de seu bicho de estimação, e sendo também ele portador de alguns desequilíbrios, descarrega fatores negativos ao animal e lhe imprime uma condição fictícia "que se mescla às suas dúvidas e desconfianças, o que torna o animal um reflexo de si próprio", sendo assim as informações fornecidas são inacabadas, duvidosas e confusas. Isso nos leva a perguntar: até onde deve-se ou pode-se separar a doença do animal com a do proprietário ? (Amaral, 1989). O Veterinário também esbarra num problema de difícil resolução: o antropomorfismo, que leva a interpretações errôneas de muitos comportamentos relatados pelo proprietário, os quais referem emoções humanas, como ciúme, por exemplo, aos seus animais (Pereira, 1999).Entretanto, é impossível eliminar totalmente o antropomorfismo, pois observamos o mundo com os nossos olhos. Portanto a percepção do mundo sempre será humana. Quando a percepção do mundo for igual a de um gato ou de um cão, então não seremos mais seres humanos. Embora, nos dias atuais, ninguém se nega a reconhecer a existência de emoções nos animais, a sua interpretação simplista é rejeitada pelos estudiosos (Pereira, 1999). Toda investigação na veterinária homeopática impõe um estudo de comportamento (aquilo que se percebe das reações de um animal ao ambiente que o cerca), que por sua vez é influenciado por fatores internos variáveis; como seus movimentos, posturas, expressões faciais e outros. O comportamento também depende do ambiente e seus fatores externos e internos, que determinam uma condição de aprendizagem por parte dos animais submetidos às várias formas de trato do proprietário (Amaral, 1989). Escolher o remédio certo para cada indivíduo é essencial para o sucesso do tratamento. Deve-se sempre associar cada medicamento aos sintomas apresentados pelo paciente. Assim, segundo a lei da similitude, o remédio a ser prescrito deve conter a totalidade dos sintomas, é o que se chama de "síndrome mínima de valor máximo", um conjunto de sintomas mentais, físicos e gerais que permitem caracterizar o indivíduo e o remédio que o corresponde (Hahnemann, 1995; Torro, 1999). Para este intento, deve ser o Médico Veterinário um observador sem preconceitos. Pois argumentações metafísicas a esse respeito são inúteis, a experiência não pode confirmar e podem induzir ao erro. O médico, mesmo o mais arguto, nada pode perceber além de sinais e sintomas, que são alterações reconhecíveis pelos sentidos. Essas alterações podem ser consideradas como perturbações do antigo estado de saúde de seu paciente, que ele observa ou a ele são relatadas. Isto quer dizer que tudo que o médico deve conhecer da natureza de uma enfermidade são os sintomas que representam o estado de desordem em que se encontra o doente. E tudo o que tem a fazer é restabelecer a ordem, pois conseguindo a remoção da totalidade dos sintomas, conseguirá também a cura total do paciente (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). 7.1. Anamnese e semiologia em homeopatia A prática clínica da homeopatia não abandona os preceitos clássicos da anamnese e da semiologia, ao contrário, apresenta uma abordagem clínica avançada apoiada em leis naturais e na visão do paciente como um todo (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). A anamnese homeopática tenciona retratar bem o caso a fim de perceber o diagnóstico do doente e o da doença. A primeira etapa consiste na identificação do paciente e a coleta da história clínica, porém com maiores detalhes, em busca do que é raro e peculiar, permitindo a individualização do enfermo. Pode ser livre ou dirigida e tudo deve estar anotado em uma ficha clínica que deve conter os seguintes tópicos (Demarque, 1978): Identificação; Queixa principal; História da doença atual; História patológica pregressa, incluindo cirurgias, vacinações; ajuda a definir o terreno e como o doente adoece atualmente; História fisiológica, a história de vida do paciente; História familiar, problemas hereditários; História social, que envolve os hábitos de vida; se o animal vive sozinho ou em rebanho, p. exemplo; Exame físico; Exames complementares; Diagnósticos: clínico; clínico dinâmico (que definirá o grau de comprometimento do paciente, se sensorial, funcional ou lesional; biopatográfico, a história de vida do paciente, salientando os episódios de sofrimentos marcantes , tratamentos em que houve possível supressão e etc; constitucional, que definirá o biótipo do paciente; miasmático; psora, sicose, sífilis, tuberculinismo e outros temperamental, nervoso, bilioso, sanguíneo, linfático, oxigenóide, hidrogenóide; medicamentoso, que identificará o medicamento Simílimum do paciente; Anamnese homeopática, modalizando os sinais e sintomas individualizando o paciente; Repertorização; Conduta, que pode ser expectante, sem prescrição, mudanças de hábitos, prescrição medicamentosa etc; Evolução do caso. A semiologia homeopática fundamenta-se na aplicação da Lei do semelhante, na qual é feita a totalidade sintomática, colhida e anotada da forma mais completa possível e de modo mais fiel ao relato do proprietário, para a eleição da terapêutica medicamentosa. (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). Um sintoma clínico completo apresenta localização, sensações, modalidades e fatores concomitantes. Devem obedecer a uma hierarquia de sintomas, segundo Kent (1998), os mentais (afetividade, intelecto, memória); os gerais (retratam as reações do organismo frente às influências externas e internas); os locais (função de órgãos e sistemas), aqui também podem ser colhidas as modalidades; e depois os sintomas raros ou particulares, que o próprio médico pode observar e fazer anotações (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). " de modo geral, a investigação das doenças agudas, ou das que existem por tempo limitado, é mais fácil para o médico, porque todos os fenômenos e perturbações do estado de saúde que se perdeu a pouco, estão ainda frescas na memória do paciente e de seus familiares, sendo ainda novas e bem definidas. O médico certamente tem de saber também tudo nestas doenças, mas ele tem menos para investigar; são em sua maior parte, espontaneamente detalhadas para ele" parágrafo 99 do Organon ( Hahnemann, 1995). Para a realização de um exame bem feito e completo, se faz necessário ser um observador sem preconceito. Tanto no que tange a perceber e escolher os sinais que representam a doença em toda a sua extensão, colhendo o que chamamos de totalidade de sintomas, como para perceber o que é "digno de curar", ou seja, fazer a hierarquização dos sintomas (Hahnemann, 1995; Kent, 1998). Também é melhor que se faça a coleta da história por relato livre do cliente, sem que haja interrupções ou induções por parte do veterinário. É importante voltar a esse assunto, pois é necessário informar que nem sempre a estimação do valor dos sinais é tarefa fácil. Escolher apenas alguns sintomas dentro de um relato extenso é uma dificuldade que encontramos na prática clínica. Como também não é regra usar o método de Kent nesse assunto. Isso depende muito da sutileza e do poder de percepção do médico, pois essa não é uma tarefa mecânica (Demarque, 1978; Hahnemann, 1995). Em cada caso, seja ele agudo, crônico, sensorial, funcional, lesional ou misto, deve-se considerar o valor relativo dos seguintes parâmetros (Demarque, 1978): O grupo dos sintomas patognomônicos da doença, em relação aos sintomas característicos da reação do seu paciente; Dos sintomas característicos recentes, concomitantes de um episódio agudo, em relação aos sintomas característicos de temperamento e constituição do doente; Dos sintomas característicos subjetivos com relação aos objetivos; Dos sintomas característicos gerais com relação aos característicos locais. Não existe hierarquização absoluta, todo sintoma é relativo no que diz respeito à enfermidade, ao enfermo e ao medicamento (Demarque, 1978). Os sintomas subjetivos, que exprimem o paciente, são mais importantes que os sinais, que exprimem a doença. E para alguns médicos homeopatas, os mentais são considerados os de hierarquia mais elevada para a escolha do medicamento a ser usado (Demarque, 1978). Em Medicina Veterinária, torna-se mais complicado, porque é difícil conhecer os sintomas mentais e as sensações do nosso paciente. Mas nem por isso a Homeopatia fica impedida de ser utilizada nos animais (Zoby, 2000). Numa consulta, para a elaboração desses diagnósticos, o homeopata deve compreender e distinguir os sinais, que são objetivos, e não raro, são o motivo da visita; dos sintomas subjetivos, aqueles cuja percepção exata só pode ser dada por quem os sente, como transtorno emocional e sensações por exemplo (De Médio,1993). Na Medicina Veterinária, esses sintomas são observados mediante prudente interpretação dos animais. Os diversos tipos de comportamento, como o medo de trovões, que faz o animal se esconder ou buscar abrigo, indica sintoma de ordem mental, que chamamos "temor de trovão". Esses sintomas podem ser classificados como mentais, gerais, locais, comuns, patognomônicos, peculiares, raros, alternantes e concomitantes. Os característicos ou raros, os estranhos ou peculiares, tem maior importância na hierarquização do que os comuns, portanto podem guiar com mais segurança a prescrição (De Médio,1993). Com a modalização dos sintomas, como a sua localização, melhora ou piora pelo tempo frio ou quente, por movimentos ou sossego, quanto à defecação, ao sono ou às características sexuais, consegue-se dar certas características aos sinais fazendo com que eles se diferenciem. Isso prova que um mesmo sintoma pode adquirir formas distintas durante o curso de uma mesma enfermidade (Machado, 2000). Interessante é fazer a diferenciação quanto a fatores agravantes, de melhora ou cessantes. Desejos e aversões são de máxima importância na ajuda da repertorização do paciente (De Médio, 1993). A importância da causalidade em homeopatia é imensa; tão grande quanto a dificuldade de encontrá-la. A possibilidade de se achar sintomas biopatográficos deve ser considerada, principalmente nos casos crônicos. Sobretudo quando a partir de determinada circunstância, aparecem uma série de sintomas, mesmo aqueles que não guardam nenhuma relação fisiopatológica com esse acontecimento devem ser considerados (Gómez & Dupuis,1995). Dentro da história do paciente devem ser procuradas possíveis origens do distúrbio atual. E, é uma alegria quando se encontram no interrogatório, condições de convivência, condições ambientais ou patológicas que se encontram ou precedem à enfermidade. São comuns os transtornos por morte de uma pessoa querida, por perdas, por abandono, traumatismos, queimaduras, intervenções cirúrgicas ou vacinas. E quando alguma categoria de sintoma mental se manifesta de forma clara, sem deixar dúvidas quanto à reatividade efetiva e medos, inteligência (capacidade de comunicação e aprendizagem) ou mesmo a memória, este sintoma constitui num objeto das mais alta hierarquia para a escolha do medicamento, principalmente na homeopatia unicista (De Médio, 1993; & Dupuis, 1995). 7.2. Dificuldades que o veterinário homeopata pode encontrar na clínica Na clínica de pequenos animais e na veterinária em geral, é difícil a realização da homeopatia unicista "ortodoxa". Grande parte dos casos são "oligossintomáticos", ou seja, possuem vários pequenos sintomas que nem sempre são de expressão na escolha de um medicamento. Geralmente são defectivos e esta falta de totalidade sintomática pode levar a erros (Gómez & Dupuis, 1995; Machado, 2000). Este problema se deve a algumas variáveis, entre elas se destacam: _ Causas devidas ao paciente, como a incapacidade de expressar verbalmente suas sensações psicofísicas, sonhos e a manipulação genética que tem como resultado certos caracteres indesejáveis que irão se manifestar como tendências a padecer transtornos de difícil solução (Gómez & Dupuis, 1995; Machado, 2000). _ Causas devidas ao núcleo familiar do paciente, como por exemplo, aqueles animais que vivem em grandes extensões e por isso não podem ser observados, portanto pouco ou nada se obtém do interrogatório; animais que pertencem a pessoas muito loquazes, que quase sempre falam mais de si do que do animal em questão ou ainda donos que querem ter um tipo de animal de estimação, com características que lhe aprazem e então eles mentem incutindo no seu animal esses predicados, tratando de descrever ao veterinário o animalzinho de seus sonhos (Gómez & Dupuis, 1995; Machado, 2000). _ Finalmente, há aquelas causas que são de responsabilidade do médico veterinário como a falta de observação do paciente, quando o profissional confia excessivamente no que lhe falam; a falta de preparação adequada para realizar uma boa semiologia, tendendo somente à obtenção de sintomas físicos característicos e ainda excesso ou falta de subjetivismo ou de objetivismo para aplicar em cada caso, em particular, o que muitas vezes o faz incorrer em erro na interpretação dos sintomas (Gómez & Dupuis, 1995). A tudo isso ainda se somam os obstáculos à cura, que são inumeráveis e que, infelizmente muitas das vezes permanecem com o consentimento do profissional (Gómez & Dupuis, 1995; Machado, 2000). 7.3. Repertório Repertório é um dicionário de Matéria Médica, arranjados de várias maneiras: em ordem alfabética ou em forma de rubricas de acordo com planos definidos que variam conforme o autor. Possui uma seleção de medicamentos mais importantes que são dispostos sob classificação numérica (pontuação), que indica o grau de importância do medicamento num dado sintoma (R. Filho, 1972; Machado, 2000). Os repertórios mais importantes são o de Hahnemann, que também foi o primeiro a ser confeccionado, e se chamou "Symptomdictionarie", entretanto não foi publicado; o de Boenninghausen, o de Holcomb, que foi ampliado por Roberts e o mais completo de todos, o Repertório de Kent, possui 1423 páginas, divididas em 37 seções (R. Filho, 1972; Machado, 2000). Há quem diga que o repertório é a Matéria Médica às avessas, mas por ser uma obra que além de compilar também compara os diversos medicamentos que são capazes de produzir um sintoma, talvez fosse melhor chamá-lo de Matéria Medica Comparada. (R. Filho, 1972; Machado, 2000). 7.4 – Repertorização: Repertorização é o nome que se dá à utilização desse instrumento. Para realizar uma boa repertorização é preciso que se conheça bem a obra, em seu plano, sua ordem, seções e rubricas (R. Filho, 1972; Machado, 2000). A repertorização segundo Boenninghausen, considera como sintoma completo aquele que possui as seguintes características: (Machado, 2000; R. Filho, 1972). Localização, órgãos ou tecidos envolvidos no processo mórbido; Sensações, a espécie de dor ou sensação e as alterações funcionais ou orgânicas que caracterizavam o processo mórbido; Condições de agravação ou melhora de sintomas, as circunstâncias que causam, aumentam, modificam ou aliviam o sofrimento do doente. Sintoma concomitante. A repertorização segundo Kent (1995), exige a hierarquização dos sintomas. Obedecendo a ordem dos sintomas mentais (afeto, intelecto e memória), gerais (são sintomas relacionados ao indivíduo como um todo), sintomas locais (diz respeito a órgãos ou partes afetadas, com suas respectivas modalidades) e os sintomas Keynotes que são sintomas raros, peculiares ou estranhos que podem guiar a repertorização, contanto que estejam acompanhados de sintomas mentais e físicos que não se lhe oponham (R. Filho, 1972; Machado, 2000). Existem três tipos de repertorização. Uma é a repertorização mecânica ou científica, na qual tomam-se todos os sintomas, anotam-se os medicamentos que lhe correspondem, com suas respectivas pontuações e depois faz-se um resumo indicando-se aqueles que aparecem mais vezes (R. Filho, 1972; Machado, 2000). A repertorização artística é a que tem seu princípio na escolha de um sintoma diretor, então anotam-se os medicamentos nele contidos e limita-se o caso a estes. Todos os outros sintomas serão condicionados ao diretor e a repertorização dará tantos medicamentos quanto os contidos no sintoma diretor (R. Filho, 1972; Machado, 2000). O terceiro método seria por eliminação ou cancelamento e é, segundo Kent (1995), o verdadeiro método artístico, pois a seleção sintomática não se limita a um sintoma diretor. Assim consegue-se uma hierarquia rigorosa de sintomas em escala descendente, no qual cada sintoma reduz o número de medicamentos até que fique só um em campo (R. Filho, 1972; Machado, 2000). No primeiro método, a ordem dos sintomas não interfere na escolha dos medicamentos, não interferindo no resultado final. Na repertorização artística, depois de anotados os medicamentos contidos no sintoma diretor os outros podem vir em qualquer ordem. Por fim, no método de eliminação, a ordem tem que ser rigorosa do início ao fim.O medicamento adotado nesse caso será aquele que sobreviver às várias eliminações no processo (R. Filho, 1972; Machado, 2000). Na prática, o médico veterinário não é obrigado a seguir rigorosamente os processos assinalados, pode-se usar a repertorização até certo ponto e usar a matéria médica para a escolha definitiva. Existem casos em que um remédio com menor contagem de pontos é o verdadeiro simillimum do paciente em questão (R. Filho, 1972; Machado, 2000). O quadro repertorial é muito útil ao profissional. Em casos em que o remédio eleito não atuou satisfatoriamente, pode-se recorrer a ele para fazer outra prescrição. E não são raras as vezes em que, em uma outra consulta, o cliente relata um outro sintoma interessante, o qual pode ser incluído no quadro repertorial, que então torna-se um documento do caso (R.Filho, 1972; Machado, 2000). 7.5. Matéria médica É a obra mais consultada pelos homeopatas em geral. Trata-se de um livro onde estão descritos todos os sintomas relatados nas várias experimentações feitas com o medicamento homeopático. (Duprat, 1974; Costa, 1988; Machado, 2000). Samuel Hahnemann foi o autor da primeira Matéria Médica Homeopática. Conhecido pela atenção e meticulosidade ele usou essas qualidades para experimentar, observar e anotar os sintomas obtidos na chamada experimentação. Então criou a patogenesia, ou seja, a obtenção de sintomas artificiais a partir da experimentação de medicamentos em organismos sãos (Duprat, 1974; Costa, 1988; Machado, 2000). A matéria médica contém basicamente duas categorias de medicamentos, os funcionais ou organotrópicos e os constitucionais (Duprat, 1974; Machado, 2000). Na classe dos funcionais estão os medicamentos de ação passageira e sem profundidade. Estes são indicados pela eletividade orgânica da ação de cada um, pelo tropismo e pelas características individuais, de acordo com suas particularidades. São mais indicados nas doenças agudas e nos quadros episódicos das doenças crônicas; caso em que atuam como drenadores. Como exemplos pode-se citar Nux vomica, Ipeca, Brionia e Arnica (Duprat, 1974; Machado, 2000). Referindo-se aos constitucionais, são medicamentos de ação mais profunda e duradoura, se estendendo a todo organismo. São capazes de determinar estados prolongados e de produzir, em indivíduos saudáveis, sintomas referentes às grandes diáteses ou miasmas (Psora, Sicose e Sífilis) e aos variados temperamentos e constituições como os sulfúrico, fosfórico, fluórico, sanguíneo, biliar e atrabiliar (Duprat, 1974; Machado, 2000). Os medicamentos constitucionais são indicados para doenças congênitas, hereditárias e crônicas. São exemplificados por Sulphur; Mercurius; as Calcáreas carbônica, fluórica e fosfórica; Thuya e etc. São em sua maioria, constituídos de substâncias minerais, que determinam a especificidade dos tecidos, portanto, a especificidade das funções em seu estado normal (Duprat, 1974; Machado, 2000). Os minerais, devido a sua natureza, são as substâncias mais fixas usadas em medicina, por conseguinte são os que melhor correspondem aos estados mais fixos das patologias, entende-se as constituições e temperamentos e aos estados crônicos (Duprat, 1974; Machado, 2000). As substâncias extraídas dos reinos vegetal e animal, possuem como a própria vida, características mais inconstantes e variáveis, são portanto melhor empregadas nos estados agudo e sub agudos, que geralmente tem origem em perturbações funcionais e breves (Duprat, 1974; Machado, 2000). Entre todos, os policrestos (medicamentos de ampla ação), são os principais medicamentos usados na terapêutica homeopática. Existem e torno de 28 medicamentos policrestos, 35 semi-policrestos e muitos outros, atingindo-se um total aproximado de 1.100 substâncias dinamizadas. São exemplos de policrestos Aconitum, Arsenicum, Baryta, Lycopodium, Sépia e outros (Costa, 1988). Segundo Costa (1988), a classificação desses medicamentos obedece a vários critérios, a saber: Quanto à origem são animais, vegetais ou minerais. Quanto à natureza do produto podem der chamados sarcódios (produtos de origem fisiológica) e nosódios (produtos de origem patológica). No que diz respeito à relação patológica, os remédios podem ser psóricos, sicóticos, sifilíticos. Quanto à ação de uns em relação à outros podem ser complementares, concordantes e antídotos . Como medicamentos complementares tem-se Belladona ou Ferrum phosphoricum, que são para os estágios iniciais de inflamação, onde se observa hiperemia; quando surgem edemas e pústulas usam-se Apis, Cantharis e outros conforme o caso e se houver exsudações serofibrinosas, o medicamento escolhido é Bryonia. (Machado, 2000). Os medicamentos nosódios, denominação brasileira, dada pelo Dr Roberto Costa, são chamados na França, de bioterápicos, produtos quimicamente não definidos, podendo ser constituídos de secreções, excreções patológicas ou não, produtos microbianos e alérgenos (Galvão, 2000). Entretanto, há duas diferenças básicas entre nosódio e bioterápico. O primeiro é uma preparação feita com a substância lisada e é genérico, já o nosódio é uma preparação viva que pode ser usada específica ou genericamente e é mérito de um brasileiro (Costa, 1988). A utilização e mesmo a denominação homeopática dos nosódios é muito controversa. Poucos sabem utilizá-los e muitos não os consideram como medicamentos homeopáticos. Entretanto, usados com sabedoria e parcimônia eles possuem um grande papel no tratamento de doenças crônicas, principalmente estimulando o sistema imune dos pacientes (Galvão, 2000). Na Medicina Veterinária, um tratamento muito utilizado e bastante difundido é o uso de auto-nosódio de sangue dinamizado. Pela lei de Arndt- Schulz, o sangue do paciente contém homotoxinas específicas para ele e sua doença. Através da diluição gradual essas homotoxinas são desintoxicadas e terapeuticamente ativadas (Machado, 2000). Atualmente, muitas outras substâncias estão sendo experimentadas e utilizadas como é o caso de Lac-owleum, também conhecido como leite de coruja. Esse nome, dado por caçadores se deve a um engano antigo. A coruja tem uma secreção proveniente de uma glândula situada em sua anca, que é usada com o auxílio do bico para curar ferimentos de seus filhotes e as pessoas pensavam que esse era o alimento das avezinhas. A primeira experimentação foi feita na Áustria, depois na Alemanha e Viena (Koning- Santos et. al., 1999). Outro exemplo de criatividade vem da República Tcheca, onde foi usado como substância base pedaços de uma árvore nacional a Tília cordata, depois dinamizada na 30a. potência hahnemanniana e experimentada por trinta alunos de um curso de verão (Bannan, 2000). Os medicamentos homeopáticos são usados de uma maneira geral em potências baixas, para atuar no corpo material, e as potências altas para atuar no mental, entretanto, as potências altas também podem influenciar as enfermidades orgânicas (Tienfenthaler, 1996; Machado,2000). Interessa salientar que alguns medicamentos em diferentes potências fazem o efeito contrário. O Hepar sulphur D 3, por exemplo, favorece a supuração de abscessos e flegmões e na potência D 30, ativa a reabsorção dos mesmos por via linfática e sanguínea (Tienfenthaler, 1996; Machado, 2000). 8.0. VIABILIDADE DE APLICAÇÃO Nos últimos anos, a homeopatia vem sendo mais utilizada em Medicina Veterinária. Na Alemanha, noventa por cento dos veterinários usam medicamentos homeopáticos (Rudinger, 1998). Os resultados obtidos com a utilização da homeopatia nos animais são tão bons quanto os obtidos em humanos. Além disso, nesses pacientes, a homeopatia obtém prova da eficácia de seus medicamentos, refutando a possibilidade dos efeitos psicossomáticos (Pinto, 1991; Machado, 2000). Na Medicina Humana, estudos recentes comprovaram a eficácia da homeopatia em várias indicações clínicas. Na Medicina Veterinária, apesar de haver um grande número de estudos e publicações sobre observações e documentação de casos, há ainda poucas experiências controladas. Entretanto, a documentação de casos, além de ser considerada fonte científica, é também fonte de informações de importância e relevância na prática (Rudinger, 1998; Machado, 2000). A demanda para experimentos controlados em Medicina Veterinária é grande. Para igualar à Medicina Humana nessa questão, é preciso que se adapte a homeopatia e seu conceito individualizado de terapia ao rigoroso planejamento de um estudo, afora as questões de ética que envolve a utilização e o respeito ao bem estar animal (Rudinger, 1998; Machado, 2000). Deixando de lado a questão dos estudos científicos. Sabe-se que os proprietários de animais de estimação têm demonstrado crescente interesse nesse tipo de terapêutica. Muitos porque obtiveram resultados positivos em seu próprio tratamento, outros por causa da desconfiança ascendente em relação aos tratamentos convencionais, em particular com antibióticos e corticosteróides, por associações e reações medicamentosas adversas apresentadas (Rudinger, 1998; Machado, 2000). O desconhecimento da filosofia homeopática dá margens a vários preconceitos. Cabe aos estudiosos esclarecer essas dúvidas sobre indicações e vantagens da homeopatia sobre a medicina convencional, comprovando a viabilidade e a aplicação na clínica veterinária. Abaixo seque uma lista de esclarecimentos (Arenales, 1994; Machado, 2000). Na Medicina Veterinária, quebra-se o mito de que é preciso acreditar na Homeopatia para que ela funcione. O tempo de resposta do organismo ao medicamento homeopático é proporcional ao tempo de evolução da doença. Portanto, é falsa a idéia de que a resposta ao tratamento homeopático é sempre lenta. Processos agudos, instalados em pouco tempo, tem resposta em poucas horas. Os processos crônicos, podem levar dias semanas ou anos para se instalar a cura. A Homeopatia não se presta apenas ao tratamento de afecções benignas e àquelas onde há risco de vida, indica-se a alopatia. Essas últimas, via de regra, são patologias agudas, portanto possuem rápida resposta ao medicamento sendo possível retirar o paciente do quadro de risco. Não existe doença incurável para a terapêutica homeopática. Existem os doentes incuráveis, que não respondem à medicação por se encontrarem com sua Força Vital esgotada. Compreende-se que as doenças são individuais e que cada paciente reage às noxas de acordo com suas idiossincrasias (forma de ser, sentir, agir e reagir). Há casos de pacientes com cinomose já com comprometimento nervoso, aos quais foram indicados eutanásia, que depois de tratados satisfatoriamente com os medicamentos homeopáticos se recuperaram totalmente, inclusive sem deixar seqüelas. Em sua maior parte, sendo o medicamento homeopático exclusivamente energético, não há risco de haver contaminação de leite, ovos, carne ou mel. Isso caracteriza grande vantagem aos criadores de animais destinados para a produção de alimentos. A administração de medicamentos é muito fácil, devido à sua palatabilidade, indicações de pequenas doses ou mesmo de doses únicas. Com a Homeopatia, o estresse causado pelas contenções, administração oral forçada, uso de seringas e demais manobras dolorosas é evitado. Diminui-se assim o risco de acidentes. Pode ser utilizada nas mais diversas espécies animais. Podendo ser tratado o conjunto, como um rebanho inteiro (genius epidemicus) ou individualmente, levando-se em conta os sintomas mentais. Possuem a capacidade de tratar o quadro mental dos animais e os distúrbios de comportamento, o que permite amenizar medos excessivos, ansiedades e agressividade exacerbada. Com a popularização da Homeopatia e a sua inclusão no sistema público de saúde , as pessoas que passarem a conhecer e a se beneficiar desta terapêutica, tenderão a estendê-la aos seus animais. Na alopatia, existe a resistência provocada pelos antibióticos, que deixam de ser útil e assim se faz necessário o uso de novas drogas mais potentes, mais caras e com mais reações inadequadas ou inesperadas no organismo. Na Homeopatia, os medicamentos são usados há mais de dois séculos e ainda surpreendem por sua eficácia e efeitos benéficos. Mesmo com tantos benefícios, a Homeopatia ainda é mais solicitada para os cuidados daqueles pacientes que encontraram limitações na medicina convencional, do que pelos conhecedores da filosofia ou por aqueles que obtiveram sucesso com essa forma de tratar (Machado, 2000). Essas limitações dizem respeito à inexistência de cura para alguns casos de doenças crônicas, que é inclusive a principal queixa das consultas homeopáticas, como as alergias, por exemplo. Embora para essa patologia haja tratamento alopático, esse se prolonga por algum tempo e sem observação de melhora pelo paciente (Machado, 2000). Nesses casos, o doente crônico acaba por atingir vários estágios, do lesional leve ao grave ou irreversível. O estado lesional irreversível se caracteriza pela falta de resposta a qualquer medicamento seja por algum órgão ou tecido que perde sua capacidade funcional, em termos homeopáticos, a Força Vital (Machado, 2000). Para esses casos irreversíveis a Homeopatia não dispõe de um tratamento, ou seria melhor dizer milagre? Deve-se considerar que o paciente procurou a terapia após o tempo em que essa poderia oferecer ajuda, até mesmo porque depois de se intoxicar com várias drogas alopáticas, as vezes por longos períodos, além da doença que já o infligia, não há muito a ser feito (Machado, 2000). Nos casos de doenças agudas, o que ocorre é uma falta de infra- estrutura institucional para os atendimentos e para as pesquisas desse problema. Pois Hospitais e Universidades ainda são locais onde se desenvolve a alopatia. A homeopatia fica então restrita a consultórios e instituições de ensino mantidas pelos profissionais dessa área, como próprios investidores da sua causa (Rudinger, 1998). Curioso é saber que, como são os casos de doenças agudas os menos requisitados aos médicos homeopatas, existe a crença de que a Homeopatia não os pode tratar (Machado, 2000). 8.1.Casos clínicos comprovados Os casos clínicos ilustrados a seguir são de autoria do Dr. Elias Carlos Zoby; Foram retirados de seu trabalho apresentado ao Congresso Brasileiro de Homeopatia que ocorreu no Rio de janeiro em setembro do ano 2000 e da Dra. Maria do Carmo Arenales, retirados do livro "Sintomas Mentais dos Animais Domésticos". Importa descrevê-los porque mostram a correspondência entre as patogenesias clássicas e os sintomas dos animais. Principalmente os sintomas subjetivos, que são de grande importância na escolha do medicamento (Zoby, 2000). Uma das maiores dificuldades do clínico veterinário é justamente a repertorização, pois esta, diferente do que ocorre na medicina humana, apresenta inúmeras peculiaridades referentes às várias espécies a serem medicadas. (Costa, 2000). 8.1.1. Caso 1 - Um caso de Ansiedade Nome: Nina Sexo: fêmea Espécie: canina Raça: cocker spaniel Idade: 2 anos Queixa principal: ansiedade. Relato: É muito ansiosa, não deixa ninguém chegar perto, só eu e minha mãe, nem meu marido consegue se aproximar, ela foge tremendo. Sempre querendo ficar perto de mim e de minha mãe, aonde nós vamos ela está junto. Não deixa estranhos tocarem nela, procura um canto onde não tenha que esbarrar nessa pessoa. Coceira, crostas no abdômem... Ficou apavorada quando este autor tentou se aproximar e fugiu pelas escadas. Medicamento: Lycopodium clavatum 100 CH, em dose única. Sintomas repertorizados: K2 – 705-6) esse pavor de homens não é sempre um estado de pavor em mulheres. É um pavor das pessoas, e quando está plenamente desenvolvido na paciente Lycopodium (Lyc.) você vê que lhe apavora a presença de novas pessoas, ou a vinda de amigos ou visitas; ela quer estar apenas com aqueles que estão constantemente cercando-a . GSD1 – Ele está cheio de medo do escuro, de fantasmas, do fracasso, e estranhos, recua de aparecer em público, e odeia ser observado quando trabalhando. Ele também é avesso ao esforço de empreender qualquer coisa nova. Observação: notar que embora para nós o marido da dona não fosse um estranho, para Nina era. Não importa nossa ótica, temos de enxergar o sintoma com os olhos do paciente. Retorno após dois meses: Melhorando, deixa meu marido pegar, fazer carinho, examinar e limpar o olho, cheirando-o. Outro dia ele estava brincando com outra cadela e ela (paciente) parecia que queria se chegar. Coçando menos, menos caspa, caindo menos pelos. Não chegou perto do autor, mas não saiu correndo, apenas foi para junto da dona quando eu tentei me aproximar. Fonte: Zoby, 2000. Um dos medicamentos mais encontrados nas clínicas dos cães é justamente o Lycopodium, portanto é interessante contar um pouco da sua história. (Ferro, 1987). Lycopodium clavatum é um musgo terrestre que cresce em terrenos de floresta secas na Finlândia, Rússia e Suíça. Desenvolvem-se à sombra de arbustos "... rastejando-se modestamente pelo chão...". Os esporos dessa planta têm uma carapaça dura e grossa, mas por dentro existe uma substância gordurosa (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). A dinâmica do paciente está de acordo com a história do medicamento, que há trezentos milhões de anos atrás eram imensas árvores e foram perdendo junto com sua grandiosidade a capacidade de sintetizar clorofila, tendo assim que viver em simbiose. O medicamento é feito a partir de suas sementes(Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). Dos cães, é um grande lutador e perseguidor de gatos. Embora com os cães, ele enfrenta os pequenos e os agride, com os grandes ele apenas rosna de longe Possui uma menos valia que pode ser traduzida em falta de confiança em si mesmo. Mas disfarça isso não tolerando obedecer à ordens e nem ser contrariado (Ferro, 1987). "...São os cães que bajulam as pessoas e mordem outros animais da casa..." (Torro, 1999) Eles são orgulhosos, arrogantes e ditatoriais além de meticulosos, covardes e medrosos. São desconfiados, não suportam ser humilhados e desejam companhia, mas não de estranhos, chegando a ser agressivo.(Torro, 1999). É um cãozinho de personalidade muito particular. É um combatente, que rosna muito no consultório, além de ser ditatorial e obrigar o dono a conceder seus caprichos. Enquanto está protegido, ao lado do dono, aparece com uma carapaça de agressividade, maldade e violência. Chega a se um exibido. Olha para trás permanentemente, a procura do dono. Quando pede-se para que o dono se afaste, a carapaça cai e ele se deixa examinar (Ferro,1987). Pouca coisa basta para fazer o dono entender a verdade sobre esse animal, pois pensa que eles são maldosos e que não podem soltá-lo. Se estiver longe do dono pode-se fazer o que quer com ele e ele só mexe os olhos, ficam como que paralizados (Ferro, 1987). Como as sementes de musgo eles são duros por fora e moles por dentro, adulam e gostam de ser adulados. Entretanto são agitados e excitados e não conseguem fixar atenção em adestramentos (Torro, 1999). Não suportam roupas, tem desejos por doces e bebidas quentes. Pouca comida o satisfaz e piora após comer (Torro, 1999). São flatulentos e geralmente tem seu abdome abaulado, podem ter constipação e ficar vários dias sem evacuar. Sintomas urinários também são importantes nesse medicamento, principalmente litíases que cursam com disúria, urina turva, leitosa e com mau cheiro. Apesar disso urina involuntariamente enquanto dorme (Torro, 1999). É um medicamento que auxilia em casos de hipertrofia prostática e hérnias do lado direito. Há relatos de cura de aneurismas e de tumores císticos em ovário direito, desde que os outros sintomas concordem (Torro, 1999). 8.1.2.Caso 2 – Um caso de Síndrome do Pânico Nome:Pituca Sexo: fêmea Espécie: canina Raça: poodle Idade: 1-2 ano Queixa Principal: Síndrome do pânico Relato: Foi adquirida com seis meses de idade e já apresentava distúrbios de comportamento, com pouco mais de um ano demonstrava todo o seu sofrimento através de seus medos, que culminaram na síndrome do pânico. A idade mais adequada à socialização do cão é de quatro a doze semanas e nesse período ele deve ser acostumado com seres humanos ou outros de sua espécie. Os filhotes criados em canis, sem contato humano, tornam-se tímidos e se não forem socializados antes dos quatro meses, seu convívio com a espécie humana dependerá de uma adaptação muitas vezes difícil. Com esta hipótese, o animal estava condenado viver com a síndrome do pânico. A proprietária a descreveu como grande medrosa, que quando saia para rua não suportava buzinas, estouros e brecadas rápidas, também não suportava acúmulo de pessoas, que a deixavam com pavor. Não passava por sacos de lixo ou caixas grandes de maneira nenhuma. O pânico do animal era tamanho que, segundo a proprietária, tem-se a certeza de que a cadela poderia morrer subitamente por seus medos. O animal apresentava acessos de paralisia, tremia, abria a boca e expunha a língua que, para maior desespero da proprietária, tornava-se azulada. A proprietária relatou que o pânico passa depois e alguns minutos quando era carregada no colo a caminho de casa. Quando o medo não a paralisava, dava a entender que queria voltar para casa, onde se sentia segura e podia ficar tranqüila, nada a transtornava. Além da queixa principal, Pituca apresentava vômito bilioso, com freqüência e sua defecação era difícil, também tinha episódios de inapetência ou anorexia; o que preocupava em demasia a proprietária. O processo intestinal era acompanhado por mau hálito. Foram relatados espirros freqüentes e uma otite com cerume negro no ouvido direito. Sua pelagem não possuia lesões, entretanto estava sempre coberta por uma seborréia que contrastava com seu pêlo negro. Arrasta o ânus pelo chão. Medicamento: Aconitum, 200 CH, em dose única. Sintomas repertorizados: Transtorno por temor (corresponde a queixa principal, o medo e a paralisia que causam dispnéia e cianose, sugerem a síndrome do pânico). Ansiedade ao ar livre. Temor de ruídos. Temor em multidão. Temor de coisas imaginárias (pois não suporta a visão de sacos de lixo e outros objetos não definidos). Temor com tremor Covarde (no consultório late para outras pessoas, mas andando para trás) Afetuosa (após alguns momentos, ela recebe bem as pessoas, gosta de dar e receber afagos). Casa, deseja ir a sua (na rua, pede constantemente para retornar a sua casa). Colo, pede (seu lugar preferido é o colo das pessoas, na rua é onde se sente mais protegida). Vômito de bílis Defecação difícil, urgência e esforços ineficazes. Odor ofensivo na boca. Prurido ânus Espirros. Exames complementares: Coproparasitológico, negativo. Retorno após um mês: Retornou ao consultório sem o mau hálito, não houve episódio de vômito e de dificuldade intestinal. Soube-se a esta data que o animal apresentava muitos gases abdominais que não foram relatados após tratamento. O animal encontrava-se sem nenhuma crise digestiva. O prurido anal desaparecera, assim como a seborréia e a otite. A proprietária relata maravilhosas transformações na esfera mental de Pituca, que agora caminha pelas ruas, seu medo é discreto e não houve mais episódios de síndrome do pânico. Seis meses depois, Pituca volta a ter episódios de pavor e retornam seus sintomas digestivos. Sua medicação é Aconitum 210 CH, dose única. Há dois anos não recebe nenhuma dose de medicamento, suas visitas à clínica são por acidentes ou para acompanhar o mais novo bichinho da casa. * Fonte: Arenales, 1995. Aconitum napellus, capuchão ou carro de Vênus, é uma planta da família das Ranunculáceas, cresce em toda a Europa, especialmente em países montanhosos.(Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999; Lathoud, 2001). A tintura mãe é feita com a planta inteira, logo após a floração, suas principais propriedades se devem a dois alcalóides: aconitina e napelina (Lathoud, 2001). Os indivíduos que vibram com essa dinâmica miasmática, tem com tributo uma sensação extra-sensorial que os torna capaz de prever acontecimentos futuros, o que pode-se chamar de clarividência. Desta maneira, desenvolve-se reativamente uma ansiedade pelo futuro (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). Segundo Brunini & Sampaio (1992), Aconitum é o "Bidu" da matéria Médica, tem transtornos por trivialidades, vive-se em estado de alerta constante. Relata-se sobressaltos, transtorno e convulsões por susto. São indivíduos medrosos e muito inseguros.Têm medo do escuro, de multidões, de atravessar a rua, por medo de ser atropelado. São covardes (Torro, 1999). São afetuosos e comunicativos, entretanto não toleram admoestações, depreciação ou humilhações, reagindo deforma impetuosa. Extremamente agitados e inquietos, excitam-se por qualquer estímulo e não toleram música, que os leva ao sofrimento ou os entristece (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). Na sicose, são obstinados e desconfiados com extrema intolerância à contradição (Torro, 1999). Na sífilis, ocorre misantropia, com indiferença até por seus donos (Torro, 1999). É um medicamento para ser usado em casos agudos e nunca deve ser usado quando a enfermidade é suportada com calma e paciência, pois é um remédio muito sensível à dor, que o fazem gritar a noite toda (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). Seus sintomas ocorrem após a exposição a vento frio e seco. (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). O paciente tem tendência a resfriar-se, com calor na cabeça e frio no corpo; boca seca e gosto amargo na boca com gengivas inflamadas (Brunini & Sampaio, 1992). Indicado também em casos de sangramento fácil, com perda de sangue vermelho, puro e brilhante, sempre acompanhado de grande ansiedade (Torro, 1999). Em casos de inflamação dos olhos, que provoca muita dor e fotofobia; conjuntivites violentas após passeio de automóveis, onde a janela permanece aberta, aparecem subitamente e deixam os olhos inchados e sem secreção ou apenas discreto corrimento aquoso (Torro, 1999). Recém nascidos com retenção de urina e disúria, apresentando incomum vontade de urinar, ansiedade para urinar (Brunini & Sampaio, 1992). Age muito bem após parto difícil, se o recém nato não respira e há dificuldade para o coração bater com episódio posterior de febre (Torro, 1999). Dispnéia por contração dos brônquios, semelhante a asma ; taquicardia e sono agitado (Torro, 1999). Abdome inchado e sensível ao toque; gastroenterites que aparecem no meio do verão. Fezes brancas e urina avermelhada (Torro, 1999). Convém especialmente à pacientes jovens e vigorosos, facilmente congestivos, pois sua ação mais importante é aumentar a atividade arterial, resultando em hiperemia sanguínea que em parte explica a grande tensão psíquica e ansiedade de Aconitum. (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999; Lathoud, 2001). É o medicamento ideal para estados inflamatórios e hiperemia arterial. É o antiflogístico por excelência, diz-se que é a "lanceta homeopática", mas sua indicação cessa apenas quando o quadro é geral, a partir do momento em que a congestão se localiza ou quando se inicia o estado de hepatização, transudação ou alteração de tecidos, deve-se procurar outro medicamento (Lathoud, 2001). O que se sobressai na história desse medicamento é o aparecimento súbito, a violência dos sintomas, a grande ansiedade e inquietude. Encontra-se aqui a tríade sintomática de medo da morte, agitação e dores intoleráveis (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). 8.1.3. Caso 3 – Um caso de Alergia Nome: Kim Sexo: macho Espécie: canina Raça: - Idade: - Queixa principal: Alergia Relato: Está debilitado, muito magro, caminhando devagar. Ao entrar no consultório, imediatamente deitou-se no chão, onde permaneceu com longos e profundos suspiros, interrompidos por períodos de sono. Não se movia para poupar suas escassas energias. Apresenta caquexia decorrente de dieta (abóbora e peixe), por suspeitar-se de que sua alergia é de causa alimentar, além de alopecia generalizada. A dieta não produziu resultados em sua pele, apenas provocou emagrecimento. Kim é um cão extremamente calmo, nunca destruiu qualquer objeto ou planta. Perde sua calma apenas quando contrariado ou quando houve gritos de pássaros, o canto não o incomoda. Não permite que o toquem na pata ou nas orelhas. Come de tudo, sua sede é incrível e consegue beber grandes quantidades de água. Tem o sono muito profundo, não há som que o desperte, não atende quando chamado, só acorda se é tocado. Gosta muito de sol, procura o sol, e de noite treme de frio, mesmo em tempos mais quentes. Vive numa chácara, para onde os proprietários se dirigem aos finais de semana. A veterinária pergunta quando o processo se iniciou e quais as modificações ocorreram na chácara. O proprietário relata que o caseiro que cuidou do animal durante seu primeiro ano de vida foi embora, logo depois a alergia começou e um mês após estava sendo tratada por veterinário. O cão recebeu bem o novo caseiro, mas há relatos de que ele permanece triste a semana toda, só fica feliz nos finais de semana. Conclui-se que para Kim o caseiro era seu dono e os proprietários apenas visitas ocasionais, de quem ele gostava. Ao perder a pessoa que cuidava de si desde pequeno, perdeu seu objeto de amor e real devoção e passou a sofrer de uma doença conhecida como saudades, que era refletida em sua pele, que demonstrava o que ele sofria na alma. Sintomas repertorizados: Transtorno por decepção de amor (com a mudança dos caseiros, ele perdeu quem amava). Nostalgia (tornou-se triste, depois da troca do caseiro). Contradição, não tolera. Tranqüilidade. Sensível a ruídos. Suspiros. Sono profundo. Sede em grandes goles. Calor vital, falta de. Medicamento: Natrum muriaticum, 200 CH, em dose única. Sua dieta foi liberada totalmente. Retorno após dois meses: Kim entrou no consultório, dessa vez estava ativo e permaneceu acordado a consulta inteira, não suspirou e prestava atenção a tudo. Sua pelagem estava completa e estava recuperando o peso. Voltou a ter o temperamento anterior à saída dos antigos caseiros. Não é mais incomodado com tratamentos tópicos e agira dorme como um cão, com o sono leve, e acorda prontamente. Perdeu a característica de ser friorento. Kim não era alérgico, sua verdadeira doença, a saudade, fora curada. Fonte: Arenales, 1995. Natrum muriaticum é feito a partir do conhecido sal de cozinha, que libera seus efeitos curativos pela dinamização (Torro, 1999). O cloreto de sódio, apresenta-se sob a forma de cristais cúbicos e transparentes, que são solúveis em água e glicerina, mas são poucos solúveis em álcool (Brunini & Sampaio, 1992). Todos os processos biológicos ocorrem em meio salino e Nat-m tem a responsabilidade de manter o equilíbrio osmótico dos líquidos, ele regula a absorção e excreção da água e a assimilação dos sais (Lathoud, 2001). Sendo assim pode-se dizer que todos os indivíduos que sofrem da carência desse sal são desmineralizados, fracos, débeis e desidratados. Em geral, há um quadro de falta de alegria, falta de esperança, melancolia e indiferença (Brunini & Sampaio, 1992). Assim como o sal tem a propriedade de conservar os alimentos, Nat-m conserva suas frustrações e mágoas, tornam-se tristes, podendo vir a ser agressivos e vingativos, adoecem em função disto (Torro, 1999). Entretanto, as respostas às frustrações estão condicionadas à predisposição do indivíduo (Brunini & Sampaio, 1992). Ansiedade é um sintoma constante, ansiedade de consciência ou culpa, ansiedade por tormentas e ao dormir. Tem medo de escuro e de ruídos (Torro, 1999). O ciúme é outra característica importante. Ocorrendo uma mudança em seu ambiente, como um novo cão ou um bebê recém nascido, o animal Nat-m, se recente, tem ciúme, acha que irá perder seu lugar e se isola. Torna-se triste, melancólico e não mantém a antiga relação com seus donos. Pode desenvolver uma seborréia "graxenta", com pele suja e seca, com pruridos e comedos, que é uma maneira eficiente de cortar o contato com o meio externo (Torro, 1999). A constituição desse indivíduo é magra, até caquético, seco, com a pelagem desnutrida. Normalmente come muito, mas emagrece. Tem também fácil saciedade. Outros sintomas paradoxais são desejo intenso de sal ou a completa aversão a ele; também pode ser irritado e impetuoso, a menor coisa o magoa e causa profundo rancor, mas agrava pelo consolo (Torro, 1999). No que diz respeito ao mar, a proximidade com o mar o agrava e ao mesmo tempo a ação do mar o melhora (Brunini & Sampaio 1992). Têm a musculatura flácida e retraída, são de temperamento linfático e biliosos (Lathoud, 2001). A agravação dos sintomas segue a curva solar, se iniciam pela manhã se agravando às 11 horas e depois diminuindo gradativamente (Torro, 1999). As mucosas têm a tendência a serem secas, como conseqüência, pode haver constipação com síbalas que se esfarelam. É um ser seco, que não metaboliza facilmente a água, perde a capacidade de transpirar e o calor lhe faz mal. Apesar de ser friorento, não tolera o sol, que o resseca ainda mais (Brunini & Sampaio, 1992). Como necessita de sal e mar adora os frutos do mar e peixes, os mariscos o encantam. Desejam também pão e leite, mas podem também ter aversão aos mesmos (Brunini & Sampaio, 1992; Torro, 1999). A agravação ocorre pelo consolo, pelo movimento, pelo trabalho mental, falando, ao calor do sol ou do fogo, e pelo quinino; Nat-m produz a cura da caquexia se esta for causada pelo abuso de quinino (Lathoud, 2001). A melhora dos sintomas se dá lavando-se em água fria ou pelo banho frio, ao ar livre, deitando-se do lado direito e pelo jejum (Lathoud, 2001) 9.0.CONSIDERAÇÕES FINAIS A Síndrome da Domesticação, teoria levantada neste trabalho que pretende estudar e compreender sinais, sintomas e o sofrimento que esses causam aos animais que foram tirados de seu ambiente natural por nós, seus domesticadores, merece maiores e mais complexos estudos. O objetivo aqui foi atentar para a relevância que o assunto possui e iniciar esse estudo. A humanidade alcançou grande desenvolvimento desde a domesticação dos animais, a tecnologia avança para dar conforto aos homens, mas o que se encontra na realidade são pessoas habitando, com seus animais de estimação, espaços cada vez menores, com menos tempo livre e menor qualidade de vida. Essa tendência é crescente e juntamente com ela, cresce o número de animais que estão sujeitos a essa síndrome. A possibilidade aventada do tratamento homeopático para tais distúrbios e tantos outros vem sendo demonstrada. Sua aplicação em Medicina Veterinária está exemplificada pelos casos clínicos aqui relatados. O que mais se discute contra a Ciência Homeopática é a diluição de seus medicamentos, já que a partir da 12a centesimal não se encontra matéria em sua composição, tendo ultrapassado o número de Avogrado, sendo impossível detectar a substância medicamentosa, como provar então o efeito efetivo de sua utilização? Entretanto, clinicamente foi comprovado por Samuel Hahnemann, os efeitos da Homeopatia pelo método experimental, o que ele chamou de experimentação no homem são; e continua sendo comprovado nas clínicas e consultórios sem que se tornem de conhecimento do público, pois as publicações nessa área são escassas. A farmacodinâmica dos medicamentos dinamizados ainda não pode ser explicada pela Ciência atual e pelos métodos tecnológicos disponíveis atualmente. A dificuldade que muitos homeopatas encontram para a aceitação dessa ciência reside nesse fato além de que são difíceis as publicações científicas nessa área, justamente pelo fato da homeopatia dar importância à individualização do doente, fica difícil montar um experimento para testar a eficácia de um determinado medicamento. Por outro lado, Homeopatia demonstra ser de grande ajuda no tratamento da Síndrome da Domesticação justamente porque ela trata do paciente como um todo, considerando sintomas físicos, emocionais e mentais, que bem modalizados atingem a totalidade de sintomas, os dignos de serem curados, reequilibrando assim o organismo doente, devolvendo a ele sua saúde. O uso da homeopatia na Medicina Veterinária, apesar de difícil é possível porque quanto mais estreita é a relação entre os sintomas do remédio escolhido e os sintomas do animal doente, mais certa e permanente é a sua cura, pois as leis homeopáticas se baseiam em leis da natureza, que são universais. Precisamos ser observadores atentos para enxergar os sintomas de nossos pacientes, temos a desvantagem de que eles não falam e por isso a busca pelos sintomas mais nobres, como as sensações e os sintomas mentais fica prejudicada, entretanto temos a vantagem de que nossos pacientes apesar de não se expressarem verbalmente, nos demonstram suas alterações em sua aparência, seu comportamento e em suas funções fisiológicas, nada fingindo ou inventando. Nas palavras de Hahnemann, "os animais, assim como os homens, podem ser curados pelo mesmo modo seguro e digno de confiança, pelo método homeopático". A Homeopatia Veterinária, já possuindo o seu lugar em algumas Universidades e cursos de Pós-graduação não poderia se esquivar de encontrar um lugar também na prática clínica. Sendo o dever o Médico Veterinário promover o conforto e a saúde de seus pacientes, através de tratamentos adequados ou pela educação e conscientização dos proprietários de animais, porque não o fazer usando a homeopatia que hoje possui bases sólidas e promessa de amplo desenvolvimento e no que diz respeito à Síndrome de Domesticação, é um dos melhores tratamentos no presente, pois elimina os sintomas e desconfortos que a doença acarreta além de equilibrar o organismo, diminuindo em muito as chances de recidiva após suspensão dos medicamentos. 1.0.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, G.M. Sintomas mentais homeopáticos em cães e gatos. Monografia. Curitiba. 1989. 74 p. ARENALES, M.C.; GARCIA, A.C.; PAREDES, A.M.C.Contribuição da homeopatia para o controle de pulgas (Ctenocephalides canis e C. felis) no ambiente. Homeopatia Brasileira v. 1 n. 2 , 1994. p.79-83. ARENALES, M.C. Sintomas mentais dos animais domésticos. 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