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Sagrado E Profano

obesidade disturbio

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    December 2018
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SAGRADO E PROFANO: O BISCOITO NA MÃO DA JOVEM Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho RESUMO: A obesidade é um distúrbio alimentar causado por diversos fatores. O presente artigo tem com objetivo analisas a obesidade do ponto de vista psicológico. A garota obesa na contemporaneidade enfrenta a sociedade e seu eu interior. É considerada uma pessoa obesa aquela com IMC acima de 30. O aumento de peso não é o único problema encontrado. O fator psicológico encontra-se comprometido. Diante do alimento, ela ver um tipo de paraíso e ao comê-lo imediatamente é jogada fora. Assim um sentimento de desprezo e angustia toma conta de seu corpo físico e mental. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; psicológico; paraíso. 1 INTRODUÇÃO Para muitas garotas o sonho de ser magra acaba privando-a de viver normalmente. A obesidade a impossibilita de viver em sociedade. A menina obesa sente-se culpa por não resistir a tantas opções de guloseimas. Ao mesmo tempo em que come excessivamente sente prazer e raiva. Prazer por que a sensação de comer a satisfaz; e raiva por que não consegue controlar seu impulso. Muitos fatores levam a jovem do século XXI a tornarem-se gordas, dentre eles a alimentação, a genética, a cultura e fatores socioeconômicos. Com a globalização e o crescente desenvolvimento do planeta, muitas doenças aparecem em decorrência desse fato. A obesidade é uma delas. Além de prejudicar o corpo e o organismo, a obesidade trás conseqüências psicológicas. É por este campo de discussão que o presente artigo busca analisar e mostrar como a jovem se sente diante das guloseimas. Este artigo tem embasamento na obra de Woodman "O vicio da perfeição", e mostrará como se sente a obesa perante a sociedade e a si mesma. O livro de embasamento trás uma abordagem psicológica e crítica sobre alguns distúrbios alimentares. 2 PROIBIDO: FONTE DE DESEJO E PERIGO: É considerada uma pessoa obesa aquela que possui o índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é a divisão do peso pela altura ao quadrado. A obesidade esta cada vez mais crescente em todo o mundo. Os produtos industrializados favorecem para um aumento rápido da obesidade. A obesidade influi no metabolismo dos lipídeos (gorduras do sangue). As alterações mais encontradas são o aumento dos níveis de triglicerídeos e LDL-colesterol (o colesterol ruim) e a diminuição dos níveis de HDL-colesterol (o colesterol bom). Dietas hipocalóricas e pobres em colesterol, aliadas à atividade física (um mínimo de 30 minutos, pelo menos três vezes por semana), auxiliam na reduao de peso, dos triglicerídeos e do LDL-colesterol e aumenta os níveis de HDL-colesterol.(COHEN, 2004, p. 30) Juntamente com o fator psicológico a jovem de hoje torna-se presa em seu mundo interior. Por um lado quer satisfazer seu prazer de comer, comer e comer. Por outro a sociedade, o grupo, impõe um padrão a ser seguido e idealizado. Neste ambiente a jovem não se conhece como gente e o impulso de comer a mantém fora do convívio social. As jovens obesas não consegue controlar os impulsos e cada vez mais se culpa por ser fraca e não resistir. A compulsão por comida faz a garota perder a auto-estima e se isola do mundo. Não quer sair, perde os amigos, e os laços familiares muitas vezes fica frágil. O lado pessoal é impossibilitado de manter uma relação com o outro. Se tratando de namoro, muitas não conseguem ter um namorado, seja por ela não se sentir atraente, seja pelos outros que não a ver como mulher. A menina gorda não acompanha o que as colegas fazem; ela não pode comer todas as bobagens, não é convidada para as festas de adolescentes, não pode usar calça jeans, não é sexualmente atraente. Em resumo, em nossa sociedade, ela não é fêmea, e ninguém sabe disso melhor que ela. O isolamento a obriga a mergulhar em seu próprio mundo interior em que as fantasias compensam a vida não vivida e as imagens da ficção vão aos poucos assumindo uma força numinosa. O proibido se torna, ao mesmo tempo, objeto desejado e perigoso. (WOODMAN,2002, p. 31) Diante do biscoito, a menina em seu interior vê-lo como algo sagrado e ao mesmo tempo como algo profano (pecado). O desejo de comer a coloca num momento de esplendor, o biscoito ganha uma dimensão transcendente. Após ter ingerido ela culpa a si mesma, sente-se a pior das pessoas, se angustia e muitas vezes tende a chorar. Na sua mente ela ver os colegas, a família, a sociedade a seu redor. Para que não seja rejeitada pelos outros ela se rejeita e se prende, não quer sair nem se relacionar com os outros. Em seu inconsciente prevalece um tipo de "bruxa", esta que invade o corpo da garota e faz com que ela coma compulsivamente. Esta "bruxa" é o lado profano, o pecado expresso pela vontade de comer e se empanturrar. A sociedade influencia e muito no estado psicológico. Existe de forma evidente uma mentalidade criminosa em ação. Se sorvete é proibido, então tomam um e ficam se odiando o resto do dia. Se um pacote de biscoito de chocolate está espalhado na prateleira do supermercado, enchem a mao. Examinando-se esse comportamento com atenção, fica claro que praticamente toda a comida que ingerem é roubada _ inclusive de sua própria geladeira. Dizem que vão fazer dieta, mas não fazem; na realidade, roubam comida de si mesmas. (WOODMAN, 2002, p.42) Uma contradição é evidente diante desse fato. Enquanto seu corpo físico está cheio, o seu interior torna-se vazio. Um vazio que coloca a garota em constante angustia e desprezo. Desprezo não pelos os outros, mas um desprezo de si mesma. "Uma mordida no bolinho é Eva dando uma mordida na maçã. Isso acarreta morte ao mundo. Acarreta a perda do paraíso _ a saber, a perda da onipotência. (WOODMAN, 2002, p.75). 3 CONCLUSÃO: Conclui-se que a obesidade entre as jovens são freqüentemente acompanhadas por um estado de prazer e culpa. Ao ver seus colegas, seus parentes e a televisão centralizar o estereótipo magro ela sente-se excluída e conseqüentemente agrava ainda mais seu estado de obesidade. Seu corpo pede biscoito, guloseimas e o lado externo constituído pela sociedade, diz que não pode comer essas coisas. Uma grande dúvida nasce. Perante esta duvida ela sente-se pecadora e não consegue ter um bom relacionamento social. REFERÊNCIAS: COHEN, Ricardo; CUNHA, Maria Rosária. A Obesidade. São Paulo: Publifolha, 2004. WOODMAN, Marion. O vicio da perfeição. Compreendendo a razão entre distúrbios alimentares e desenvolvimento psíquico. São Paulo: Summus, 2002. Graduando em Enfermagem pela Faculdade AGES. Email: [email protected]