Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

Revolução Industrial

Resumo sobre os principais eventos da Primeira Revolução Industrial, na Inglaterra

   EMBED


Share

Transcript

Revolução Industrial 1. Introdução A Rev. Industrial foi o resultado de um longo processo que se iniciou na Baixa Idade Média (os últimos anos da Idade Média). Os modos de produção se transformaram desde então, mudando radicalmente a vida dos trabalhadores. O sistema fabril A Rev. Industrial trouxe as bases para acumulo de capital voltado para o mundo capitalista. Na Baixa Idade Média, surgiram as corporações de ofícios, onde artesões produziam seus próprios materiais com suas próprias ferramentas e em seu próprio ritmo de trabalho. Eram donos do seu próprio trabalho. Com as grandes navegações, entre os séculos XV e XVI, as atividades econômicas se expandiram. Para atender à demanda crescente, surgiram novos métodos de produção. As corporações de ofício foram substituídas pela produção manufatureira, dirigida por um comerciante que controlava a produção de vários artesãos. Neste nível, os artesãos tinham controle sobre seu trabalho, mas agora, dependiam de ferramentas e matérias-primas do comerciante. Neste momento, passaram a receber salários por sua produção. A partir de meados do século XVIII, os comerciantes perceberam que podiam aumentar a produção e o lucro. Ao invés de espalhar matérias-primas e ferramentas entre os artesãos contratados, passaram a reuni-los em um mesmo local: surgiram então as fábricas, ou o sistema fabril. O controle do trabalho (ritmo) passou a ser feito por técnicos, sob o comando de empresários. A vantagem, para os empresários, foi poder acompanhar a produção e a qualidade dos produtos de perto, nas fábricas, bem como reduzir a perda de matérias-primas e ferramentas. Houve uma significativa mudança no processo de produção, que passou a ser dado em várias etapas, a produção em série. O trabalhador se concentrava em apenas uma parte da atividade, especializando-se e aumentando a produção e o ritmo. Neste nível, o trabalhador perdeu o domínio sobre seu produto final. As fábricas são um dos símbolos da Rev. Industrial. Modificaram as sociedades de forma definitiva, alterando as relações de trabalho e a paisagem. Foram as responsáveis pelo desenvolvimento de grandes cidades, dominadas por chaminés, fumaça e multidões de trabalhadores, sem falar no desequilíbrio ambiental. Estima-se que mais da metade do lixo do planeta foi produzido da Rev. Industrial aos dias de hoje. Porém, a transformação mais importante no modo de produção foi o emprego de máquinas movidas a vapor nas unidades fabris. As máquinas multiplicaram o trabalho humano e ampliaram ainda mais a produção de mercadorias. Deu o passe para o surgimento das indústrias modernas. 2. O pioneirismo da Inglaterra Três fatores foram importantes para favorecer o processo de reunião de condições necessárias para o desenvolvimento fabril: Controle de vasto mercado consumidor – Devido às Grandes Navegações, criou-se um mercado mundial em constante expansão. Entre os séculos XVII e XVIII, os ingleses conquistaram a hegemonia deste mercado, suplantando a concorrência com a Espanha, Holanda e França. No plano interno, o comércio inglês ampliou-se também. Durante o século XVIII, a população inglesa cresceu muito, tornando a oferta de mão-de-obra e o mercado consumidor maiores. Com ampliação de mercado, aumenta-se produção, criando ambiente perfeito para a invenção e aperfeiçoamento de novas técnicas capazes de intensificar a produtividade do trabalho humano (discutida adiante). b. Acumulação de capital – capital é qualquer recurso utilizado com o objetivo de se obter lucro (dinheiro, equipamentos, etc.). Devido às Grandes Navegações, Inglaterra, Holanda e França acumularam a maior quantidade de capital, tudo ligado ao comércio marítimo, tráfico negreiro e exploração colonial. c. Disponibilidade de mão-de-obra – de nada adiantaria acúmulo de capital sem mão-de-obra disponível. A Inglaterra possuía um bom contingente, pois desde o séc. XVII havia muitos camponeses expulsos da terra. Isso se deu devido ao fato de que havia uma grande demanda por lã, para abastecer fábricas dos Países Baixos. Para atender esta demanda, senhores de terra ingleses começaram a cercar áreas de produção agrícola para a criação a. de ovelhas. Sem terra para trabalhar, camponeses procuraram, nos centros urbanos (êxodo rural), outras formas de ganhar dinheiro – tornando-se mão de obra abundante para as fábricas. Muitos artesãos, sabendo que não podiam competir com o crescente poderio das fábricas, acabaram se tornando, após muita resistência, trabalhadores assalariados. d. Outros fatores – os três acima foram os principais, mas a existência, na metade do séc. XVIII, de um sistema bancário eficiente (para mover capital), disponibilidade de matéria-prima (carvão, minérios de ferro), grupo social que visava desenvolvimento econômico (burguesia) e ideologia que valorizava trabalho e enriquecimento (calvinismo) ajudam a explicar porque a Inglaterra tornou-se pioneira na Rev. Industrial. Por isso, costuma-se dizer que a própria Rev. Industrial começou na Inglaterra. A pleno vapor Um dos primeiros setores a desenvolver o sistema fabril, com forte mecanização, foi a indústria de produção de tecidos (têxtil). Até entre 1750 e 1770, o comercio de algodão inglês era suprido pela produção indiana. Para vencer o poderio indiano, era preciso inovar na produção, pois o algodão indiano era mais barato e de melhor qualidade. Daí, começaram as invenções das máquinas, resumidas a seguir: a. b. c. d. e. f. Thomas Newcomen – inventou a máquina a vapor, em 1712. James Hargreaves – criou a máquina de fiar, em 1767, que transformava fibras de algodão em fios. James Watt – aperfeiçoou a maquina a vapor de Newcomen, em 1768. Richard Arkwright - patenteou, em 1769, o tear hidráulico, destinado à fiação e que utilizava água como força motriz. Samuel Crompton – criou a máquina de fiar, em 1779. Esta nova máquina produzia um fio de maior qualidade e podia ser movido a vapor. Edmund Cartwright – patenteou, em 1785, o tear mecânico, que transformava os fios em tecidos. O desenvolvimento da indústria têxtil movimentou o desenvolvimento de outros setores, como o melhoramento da metalurgia do ferro (para a fabricação das máquinas). Com o tempo, associou-se a máquina a vapor a uma locomotiva sobre trilhos, que puxava vários vagões ou a embarcações (navio a vapor). Enfim, a mecanização iniciada no setor de fiação e tecelagem de algodão provocou uma reação em cadeia, afetando outros setores (transportes, energia, metalurgia, mineração, etc.), gerando um processo global de invenções e aperfeiçoamentos. 3. Consequências da Rev. Industrial Durante o séc. XVIII, como já falado, a Rev. Industrial foi um movimento puramente inglês, mas a partir do XIX, começou a se espalhar pelo mundo, afetando a vida das pessoas. Do ponto de vista da produção – sistema fabril se consolida, máquinas se sofisticam e a fábrica torna-se o local ideal de produção, favorecendo divisão de trabalho, imposição de horário, disciplina ao trabalhador e aumento de produtividade. Do ponto de vista social – surgimento do proletariado (lembre-se da Rev. Russa), classe social formada pelos trabalhadores fabris e de transportes. Devidos aos baixos salários, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar, recebendo salários até menores. A Rev. Industrial causou graves consequências na vida dos trabalhadores, pois não havia regras ou limites para o exercício do trabalho. Os donos das fábricas impunham salários miseráveis e longas jornadas, chegando a quase 18h/dia. Contra esta condição subumana, os trabalhadores passaram a lutar, resistir de diversas maneiras. Surgia, então, o ludismo, forma de protesto em que os trabalhadores invadiam as fábricas e destruíam as máquinas. Este movimento foi mais intenso entre 1811 e 1812, quando liderado por Ned Ludd, (daí o nome ludismo). Ao longo do séc. XIX, os trabalhadores passaram a se organizar e usar a força de sua classe profissional para reivindicar melhores condições de trabalho e defesas de seus direitos. Surgiam, então, as lutas de classes e teorias econômicas (socialismo, liberalismo, anarquismo, etc.).