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Resenha Durkheim

Resenha Critica de parte da obra de Durkheim, da obra "Educação e Sociologia"

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Nome: Pedro Rogério Villar Barreto Número do Cartão: 114236 Disciplina: HUM 04817- Estudos de Sociologia da Educação Professor: Prof. Dr. Alexandre Silva Virginio Curso: Licenciatura em Ciências Sociais Turma: A Semestre: 01/2011 Obra: Educação e sociologia. SP. Editora Melhoramentos. 1973 Autor: DURKHEIM, Émile Capítulos e páginas: Capitulp.1-3, pág. 33-56; pág. 75-91. Resenha: Nessa obra Durkheim teoriza sobre o valor moralizante da educação. Segundo o autor, a educação é instituição social que é base fundamental para manter a cultura de uma sociedade. A educação é instituição que tem função de transmitir os valores morais da sociedade, pois toda anomalia da estrutura social é causada pelo mau funcionamento dessa instituição. Durkheim propõe que a procura de uma educação ideal, no qual solucione as anomalias e doenças sociais existentes na sociedade e a crise que essa sofre, a sociologia deve observar a estrutura educacional e buscar um modelo educacional perfeito para curar as doenças sociais que perturbam sua estrutura. A educação deve ser um sistema regrado, onde busque instituir no individuo os valores da solidariedade social, despertando a autonomia no aluno, o preparando desde primeira infância para o funcionamento da sociedade orgânica moderna. Por isso a educação deve valorizar os valores da civilização moderna industrializada, não valores futuros ou do passado. Diferente de teóricos da sociologia da educação como Mannheim e Paulo Freire, a intenção de Durkheim não usar a educação como forma de instituir um novo modelo de sociedade, mas sim de manter a estrutura e funcionamento da sociedade. O adulto deve influenciar a criança na educação, deve ser um agente de formação moral da criança. Sabendo que a educação é base cultural que sustenta a estrutura da solidariedade orgânica, educação deve ser igual para todos. Para Durkheim a educação primária, geralmente dada na primeira infância, deve ser igual para todos, pois a solidariedade da sociedade orgânica somente a mantida pela diferenciação de funções sociais entre os indivíduos isso não significa que devemos pré –determinar o futuro de uma criança por sua origem, mas sim que devemos racionalizar o conhecimento de acordo com suas aptidões. Nessa questão, Durkheim se aproxima do racionalismo weberiano, propondo a educação como forma de ato racional. Segundo o autor esse caráter social da educação, pois para ele, além da escola ser uma das fontes primárias de socialização do individuo, ela serve como forma de treinamento desse o transformando em um ser social. Por isso o educador deve exercer sua autoridade sobre o educando, moldando seu caráter, o transformando em tipo ideal de homem social (como Weber) e que colabore para funcionamento da sociedade orgânica. Esse treinamento não é igual ao treinamento dos animais, pois o homem como único ser vivo capaz de aprender, é um ato de desenvolvimento de habilidades além de seus instintos. Assim, além desenvolver os valores morais da sociedade, o homem irá adquirir novos conhecimentos que irão fortalecer a estrutura social orgânica e seu desenvolvimento científico da humanidade. Por esse motivo o autor defende que Estado tem obrigação de manter o sistema educacional. Para Durkheim a educação é função e obrigação do Estado por essa ser uma forma primordial de manter a ordem social e evitar as anomalias que provoquem perturbação no funcionamento dessa estrutura. A teoria de Durkheim nesse ponto se torna uma teoria educacional autoritária. Durkheim mostra todo seu determinismo social propondo essa forma autoritária de educação como única forma de ordenação social. O autor não determina se a educação tem poder de transformar o caráter do individuo, apesar de ele em certo momento dissertar que não podemos determinar o futuro do individuo pela sua origem, ele ao mesmo tempo defende que a educação algumas vezes não muda o mau caráter por completo. Percebemos lendo a obra que o autor defende que o Estado como único mantedor da educação, que deve ser enérgica, muito mais ainda nas classes mais pobres, nas quais possui maior tendência a doenças sociais como crime. Durkheim diferente de Paulo Freire, defende que o aluno é o agente passivo da educação, sendo apenas receptor do conhecimento do mestre (professor). Somente com educação moral e autoritária o aluno poderá futuramente agir de forma racional, dentro de certa autonomia e ajudando manter o funcionamento da estrutura social. A educação social de Durkheim não é forma de transformação social, mas sim forma de manter a estrutura social vigente. Por isso o autor defende que educação deve ser igual para todos em certos valores elementares da sociedade, mas diferenciada de acordo com as posições sociais, com finalidade de desenvolver aptidões diferentes, mantendo o bom funcionamento da estrutura da sociedade orgânica industrial. Por isso, a educação é forma de socialização metódica, na criação do novo ser social em contraste do ser individual natural do aluno. Isso não significa na homogeinização total da sociedade, mas a hegemonia estará somente presente nos ideais coletivos sociais, pois haverá heteregemonia na questão de desenvolvimento de aptidões diferenciadas, mantendo funções sociais diferentes, com finalidade de fazer funcionar a estrutura social orgânica, que diferente da mecânica, preza a diferenciação como forma de socialização. As anomalias sociais não são explicadas pela psicologia, como também a solução do ato educacional também não instituído por essa ciência. Por isso, a sociologia deve orientar na construção dessa nova educação, como forma de ordenador social, pois a sociologia pensa no individuo como ser social e não individual como psicologia. A psicologia determina somente os meios educacionais, como professor tecnicamente influenciar o aluno, com métodos eficientes de acordo com as particularidades do individuo. Somente a sociologia determina os fins da educação, pois essa como ciência que procura a solução das doenças sociais deve estudar e buscar meios na educação com finalidade de evitar os fatos anômalos na sociedade no qual provoca perturbação em sua estrutura. A importância da ação educativa é evitar fatos sociais anômalos e manter a estrutura orgânica da sociedade funcionando, onde o professor deve mostrar sua autoridade, adestrar o aluno, o ensinando do acordo com os ideais da sociedade. Nesse contexto, Durkheim é diferente de Mannheim, pois o último abomina qualquer forma educacional totalitária, no qual Durkheim se mostra simpático e até defensor. Durkheim conclui que a educação é definida pelas necessidades sociais, tanto nos fins de seus ideais, determinado meios para atingi-los. Por isso a sociologia deve repensar a educação, pois sua ordem é constantemente perturbada pelas anomalias sociais, provocando assim desequilíbrio na estrutura social. Assim Durkheim propõe repensar educação, estudar socialmente a pedagogia e usar sociologia como forma de determinar novas diretrizes educacionais. Somente assim, estrutura da sociedade orgânica irá sair do desequilíbrio que se encontra. Podemos concordar somente algumas questões com Durkheim, como a questão de que a necessidade de repensar a educação somente se dá quando a própria sociedade está em crise. Sabemos que educação e fonte reprodutora da ideologia da sociedade, mas para Durkheim essa reprodução é necessária, o autor não propõe a ruptura dessa reprodução como Meszáros ou Bakhunin dessa estrutura. Nesse contexto, Durkheim se afasta até de Mannheim, pois esse propõe a educação como forma de uma nova ordem social e não mantedora da estrutura vigente, apesar de Mannheim manter economicamente, o capitalismo, de forma mais democrática. A educação de Durkheim se mostra em forma autoritária de educação, esquecendo os valores democráticos, coisa que Mannheim defendia. A ação moralizante de Durkheim na educação é uma ação alienante, como disse Mészaros, na qual somente reproduz a desigualdade social do capitalismo. Para Marx, a ideologia de uma sociedade é ideologia da classe dominante. Durkheim propõe uma educação que mantém a ideologia liberal capitalista, em nome da solidariedade da estrutura orgânica da sociedade. Apesar de Durkheim não defender claramente o determinismo social refletido na educação, fica bem claro na obra, que não há proposta de superação da sociedade vigente, ao contrário, percebemos um grande determinismo social. Todavia percebemos que o autor defende a educação diferenciada por esse motivo, pois a solidariedade de Durkheim depende das diferentes funções sociais. Por isso, a proposta de educação de Durkheim é de uma educação diferenciada de acordo com os estratos sociais. Assim não se determina a função da educação como instrumento sociológico de uma nova ordem social, pois Bakhunin dissertou que fica difícil em falar em igualdade de oportunidades se a classe operária receber uma educação diferente da educação das classes abastadas, pois o desenvolvimento de conhecimento seria diferenciado, ficando difícil a superação social e ruptura da estrutura capitalista, no qual demonstra, há muito tempo falida. A outra questão inquietante na teoria da sociologia da educação de Durkheim: a tese de que o estudante é um agente passivo no processo educacional. Sabemos que isso não é verdade, pois a educação é processo constante e que somente não é feito na escola. Paulo Freire dissertou que o ato de estudar é ato de leitura, segundo Mannheim a educação é feita não somente na escola, mas sim por vários processos e instituições. Todavia podemos concluir que o processo educacional tem como agente não somente o professor, mas também o aluno, pois o ato de se educar é ato de constante leitura do mundo, onde devemos respeitar as particularidades dessa leitura, não fazendo somente o ensino bancário, criticado por Paulo Freire, onde o aluno é agente passivo, parecido com ensino proposto por Durkheim. Concluímos que a teoria pedagógica de Dukheim serve somente para manter hegemonia da sociedade capitalista, sendo um processo educacional autoritário, onde somente propõe uma forma de treinamento e não de educação libertadora, assim não provocando autonomia no individuo e não respeitando sua liberdade, como ser possuidor de humanidade, na qual é alienada pela sociedade capitalista. Bibliografia: Principal: DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. SP. Editora Melhoramentos. 1973 Complementar: BAKUNIN, Mikhail A. A instrução Integral. Coleção Escritos Anarquistas. São Paulo: Imaginário. 2003. DURKHEIM, Émile; Sociologia: Textos escolhidos. Coleção Grandes Cientistas Sociais. 9 Ed; Brasil. Ática, 1995. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. SP: Cortez, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. RJ: Paz e Terra, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa. SP: Paz e Terra, 2009. MANNHEIM, K. Liberdade, poder e planificação democrática. São Paulo: Mestre Jou. 1972. MANNHEIM, K; STEWART, W.A.C. Introdução à Sociologia da Educação. SP: Cultrix. Sd. MARX, Karl. Marx: Manuscritos Econômicos- Filosóficos e outros textos escolhidos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. MESZÁROS, István. Teoria da Alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2010. pp: 263-272 MESZÁROS, István. A Educação para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2010. WEBER, Max. Max Weber: Textos Selecionados. Coleção: Os Economistas. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.