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Relatório De Ergonomia - Visita Ao Museu Salles Cunha Rj

Relatório de ergonomia - Visita ao museu Salles Cunha RJ

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Universidade Estácio de Sá Alunos: Fernando Fontes e Raphael Zanon Prof (a): Alessandra Bomfim Disciplina: Ergonomia Trabalho de Campo 1 – Visita ao Museu Salles Cunha A primeira coisa que observamos ao comparar as peças vistas nas imagens retiradas do site do museu Salles Cunha e dos demais sites da internet acessados para a realização deste relatório com relação aos equipamentos observados na faculdade e o que foi abordado em sala de aula foi o material com que os esses equipamentos eram feitos. Os equipamentos mais antigos (meados de 1800) eram feitos na sua maioria de objetos que não foram inventados originalmente para a prática odontológica, termo que na época desses equipamentos nem existia. Para ilustrar o que estamos falando segue abaixo uma cadeira odontológica do ano de 1895. Cadeira de Dentista itinerante de 1895, recuperada pelo Museu Salles Cunha. A madeira compunha a caixa que carregava o equipo e tornava a cadeira itinerante, ela servia também como base ou apoio para os pés do paciente. O encosto e o apoio para a cabeça eram feitos, pela que se pode observar na foto, do mesmo estofado usado em poltronas e sofás comuns da época. A cadeira era apoiada em uma espécie de cavalete, como se fosse um quadro (apoio que com certeza não conferia estabilidade ao paciente, principalmente se esse estivesse acima do seu peso ideal) e o mais incomum, o motor (turbina) movido a pedal, que com certeza levava os profissionais daquela época a terem um esforço e desgaste físico muito maior, além de um atendimento muito mais demorado e cansativo tanto para o profissional quanto para o paciente. O motor a pedal também nos faz notar que não existia uma clara diferenciação entre uma alta e baixa rotação da broca, já que a velocidade da mesma estava condicionada às pisadas do profissional e a lubrificação do aparelho, demostrando que este conceito não existia na época. Além de a cadeira ser itinerante, fato que hoje também ocorre, sendo que existem consultórios inteiros itinerantes hoje em dia, notamos que o conceito de ergonomia como hoje concebemos simplesmente não existia naquela época. Outro aspecto importante a se observar é a biossegurança. Se pensarmos que está cadeira, por ser itinerante, atendia seus pacientes onde eles estivessem, significa dizer que se o paciente for um enfermeiro a cadeira estaria em um hospital, mas se o paciente fosse um coveiro, a cadeira estaria em um cemitério. Esse exemplo deixa bem claro a inexistência dos conceitos de biossegurança que temos hoje. Comparadas às cadeiras odontológicas das clínicas da faculdade e com o que foi abordado em sala de aula podemos perceber que o avanço da odontologia foi realmente imenso. As cadeiras odontológicas da clínica da faculdade são mais retas e simples, permitem que o paciente seja facilmente instalado, permitem a posição supina do usuário facilitando o acesso do profissional ao campo de trabalho, oferece apoio para a cabeça ajustável, o que também proporciona ao profissional visão direta a todos os segmentos da cavidade bucal. Enfim, podemos concluir que com a tecnologia, o avanço dos conhecimentos odontológicos e o surgimento da ciência ergonomia, o trato aos problemas dentários e buco-maxilo-faciais mudou da água para o vinho. Ergonomia é "a ciência que estuda as leis naturais do trabalho humano", isto é, a interação do homem ao ambiente de trabalho e deste ao homem. Wilson Galvão Naressi Com relação ao motor (turbina), Louis Pasteur e um número infindável de descobertas acabou por dar à odontologia características próprias que culminaram com a fabricação do motor dentário, em 1871, por James B. Morrison e logo depois por sua adaptação elétrica. Em uma imagem de um consultório (1920) podemos observar já um grande avanço. Esse consultório já lembrava os consultórios atuais, mas por outro lado lembrava e muito também as barbearias da época. As cadeiras já apresentavam uma estabilidade para o paciente e percebe-se uma certa preocupação com o conforto também (assento e encosto acolchoados). A caneta movida a pedal já não era mais utilizada, porém ainda assim os instrumentos lembravam em muito os utilizados em obras e construções da época (martelo, ponteiro, talhadeira, etc), e muitas vezes pareciam ser as mesmas ferramentas. Duas semelhanças desse consultório da década de 1920 e o do século anterior (1895) era a inexistência de anestésicos eficientes (Éter, descoberto em Boston, 1840, ineficiente para a prática odontológica da época) e a total falta de condições de biossegurança adequada para os procedimentos realizados. Com tudo isso não é de admirar que a extração de dentes adoecidos fosse tida como uma atividade considerada grosseira e brutal. Feitas sem anestesia, sem instrumentos especificamente criados para aquele fim e sem o mínimo de cuidados de higiene, também não gozavam de prestígio entre os médicos e cirurgiões da época, que sob várias alegações (riscos de morte, hemorragias e infecções) evitavam praticá-las. Outra diferença que pode ser ressaltada é a ausência de mocho. No passado os profissionais permaneciam de pé durante o atendimento e provavelmente durante todo o expediente de trabalho. Uma explicação para isso talvez seja o fato de utilizarem de muita força para extrair os dentes adoecidos e terem que ao mesmo tempo controlar o paciente se contorcendo de dor na cadeira. Nessa época (1920) já eram utilizados os compressores, sem os quais a ampla prática odontológica se tornaria inviável nos dias atuais. Os compressores talvez sejam o equipamento utilizado naquela época mais semelhante aos dos dias de hoje. A sua função era a mesma de hoje, fornecer pressão de ar para o funcionamento do equipo, se diferenciando apenas no seu tamanho e produção de ruído. Os compressores modernos são muito menores e possuem um nível de ruído satisfatório (entre 50 e 60 dB). Não poderíamos falar em equipamento odontológico e biossegurança sem falar em esterilização, que antigamente era realizada utilizando-se bacias de água fervente, onde o instrumental era mergulhado durante um período de tempo a gosto do profissional. Na foto abaixo podemos ver um consultório com este material de esterilização. Perceba que nesta foto o consultório mais parece uma barbearia, fato que dava aos profissionais da época no Brasil o apelido de "barbeiros". Consultório de "barbeiro", nome dado aos dentistas daquela época no Brasil. Conta à história que nesta época viveu Domingos, "barbeiro" popular no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, que se tornou famoso. O jovem negro exercia sua atividade também na casa de seus clientes. Sob o braço levava uma esteira de taboa, que servia de cadeira e uma enferrujada chave de Garangeot (chave utilizada para extração dentária). Dado a manobras intempestivas, algumas vezes extraía também o dente vizinho, mas cobrava apenas um. Hoje em dia o método de esterilização predominante é o da autoclavagem (método de esterilização com calor úmido) que é capaz de destruir todas as formas de vida microbiana como bactérias, fungos e vírus, inclusive na sua forma vegetativa e esporulada. A biossegurança mostra que na época dos consultórios da imagem mostrada acima os instrumentais utilizados não eram realmente esterelizados. A iluminação utilizada na maior parte dos consultórios era luz natural ou luz solar, por isso os consultórios eram quase sempre montados com todo o equipamento voltado para uma janela. Os poucos que possuíam uma iluminação artificial tinham a desvantagem de ofuscar os olhos do paciente e aquecer a superfície da pele que iluminavam, pois se tratava de lâmpadas comuns postas muito próximas do rosto do paciente. Hoje em dia esses problemas foram sanados com uso de refletores antitérmicos (que não aquecem a área iluminada) que possuem bom nível de iluminação (acima de 20.000 Lux) e sistema antisombras que proporciona luz concentrada (apenas na cavidade bucal). A iluminação natural ou solar também é utilizada, porém com um enfoque mais psicológico, pois a sua ausência torna o ambiente opressivo tanto para o paciente quanto para a equipe. Ao término deste relatório percebemos que os avanços alcançados pela odontologia são realmente imensos e que sem ela não poderia existir de fato a saúde completa do homem. Vimos também que a educação continuada é fundamental, pois esta profissão, entre todas as demais, talvez seja a que foi contemplada com maior avanço técnico-científico. Atualmente, para ser um cirurgião dentista, o indivíduo deve ter conhecimentos de ergonomia, administração, economia, direito, sociologia, psicologia e biossegurança, não esquecendo também do marketing. "O objetivo da educação é despertar no indivíduo toda a perfeição de que ele seja capaz". (Kant) Bibliografia Ergonomia em odontologia : o consultório. NARESSI, Wilson Galvão. Ergonomia em odontologia: o consultório. Londrina: GNATUS, 19--. 36 p. GUABDALINI, S.L; MELO, S.F. O; SANTOS, E.C.P. Biossegurança em Odontologia. 2 ed. Paraná: Odonttex, 1999. Sites: Info Escola: http://www.infoescola.com/medicina/historia-da-anestesia/ ABO – Associação Brasileira de Odontologia (secção Rio de janeiro): http://www.aborj.org.br/ Baú do dentista: http://www.baudodentista.com.br/2011/08/consultorio-de-dentista-antigo.html Vida de dentista: http://vidadedentista.com.br/2011/07/consultorio-odontologico-antigo.html Odontologia de Ouro: http://odontologiadeouro.blogspot.com.br/2011/04/um-resgate-da-historia-da-odontologia.html