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Relatorio De Campo

relatorio de campo na cidade de Barra do Choça - BA, sobre assentamentos, migração e imigração.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB RELATORIO DE CAMPO Relatório de saída de campo, solicitado pela professora Miran Cléa da disciplina de Geografia da População no 1º semestre do curso de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB. VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA JUNHO 2010 INTRODUÇÃO: Neste relatório será descrito como se transcorreu a saída de campo realizada no Bairro Santo Augustinho, da cidade de Barra do Choça, BA. Essa saída de campo foi motivada pelo interesse de entender a migração desta população para a cidade em questão, o local de residência atual, o modo de vida da população, as condições da moradia e trabalho, dos serviços públicos de saúde, educação, segurança publica, as condições de infra estrutura do local oferecido as famílias ali assentadas e o que motivaram essas mudanças de localidade. Bem como devemos compreender também o processo de migração e imigração em que a população mundial esta inserida, tanto em comunidades rurais, urbanas como na migração de um pais ou território para outro que lhe ofereça condições básica de sustento familiar. A saída de campo vem para enriquecer ainda mais o conhecimento dos estudantes nos mostrando as reais condições de vida da população, muito diferente dos livros que nos faz ter uma visão inicial do fato estudado, mas aprofundado por essas aulas praticas. Antes de tudo vamos compreender e entender o que é migração, o sentido de migração está em trocar de região, país, estado ou até mesmo domicílio. É algo que já acontece há muito tempo atrás, desde o começo da história da humanidade. Migrar faz parte do direito de ir e vir, que consta na constituição. Porém essa questão da migração envolve muita polêmica, que gira em torno das condições em que ocorrem esses processos migratórios: se de um modo livre, que assim está se exercendo o seu direito de ir e vir ou se de modo obrigatório, que tende a realizar interesses políticos e econômicos desumanos, visando sempre o capital, sendo algumas vezes nacional ou estrangeiro, marcando cada vez mais esse enorme abismo que existe entre o mundo da riqueza e o mundo da pobreza. Esta discussão de migração tem um caráter estratégico no desvendamento e processo de acumulação de capital. Um fenômeno de grande importância na idade moderna foi o grande deslocamento da população européia em direção a regiões estrangeiras, cerca de 50 milhões de europeus deslocaram – se para o EUA, America Latina e países da America do Sul, como Brasil e Argentina. Esse deslocamento foi motivado pelo desenvolvimento do capitalismo em suas regiões de origem, causando grande desemprego, devido a instrumentos de uma política imperialista. No Brasil, a migração envolveu uma população expropriada e empobrecida oriunda de varias partes do País e de outros países, como no caso da imigração italiana ocorrida no século XIX. Com uma política de colonização em que atraia grandes números de imigrantes oferecendo lhes posse da terra, que estava em falta na Europa. Política essa que se baseava na propriedade de pequeno porte e com a concessão dos grandes fazendeiros que necessitavam da Mão de obra em sua produção exportadora em troca seria o pagamento da terra adquirida, mas nem sempre essa propriedade oferecia as condições necessárias para essa quitação o que levava o trabalhador a ser empregado por muitos anos ou migrar para as cidades em busca de trabalho, nem sempre sendo bem sucedido. Durante os últimos anos, as migrações, internas foram causadas principalmente por seca, fome, o desemprego, a busca de melhores oportunidades de trabalho, o que motiva a grande população migrar de estados para estados ocorrido no próprio País. Podemos observar como ocorre com os imigrantes nordestinos que saem de sua terra no período da seca com grande escassez de alimentos e deslocam para as regiões Sul e Centro Sul do país buscando trabalho, na construção civil ou em outros setores da economia, no intuito de garantir o sustento da família que ficou e voltar na época das águas (chuvas) com alguma reserva financeira que garanta o plantio e investimento por mínimo que seja em suas terras. Esse processo resulta em deslocamentos populacionais significativos o que reflete no aumento da violência nas grandes metrópoles, a falta de infra estrutura para receber os migrantes, forçando os mesmo a morarem em bairro periféricos e favelas, sofrendo abuso e discriminação racial, mas a necessidade faz com que superem todas as dificuldades e adaptem – se a elas. A saída de campo foi realizada no dia 05 de junho de 2010, com saída da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) as 9h da manhã e chegada também na UESB as 13h30, a aula pratica foi realizada no Bairro Santo Augustinho, da cidade de Barra do Choça, BA, que tem uma população de 5.860 habitantes, com uma área territorial de 193 Km². Os alunos foram orientados pela professora e também por um roteiro, onde continham todas as informações necessárias para terem um bom desempenho na prática, foram divididos em grupos. Foi realizada uma parada, no bairro acima citado, Área de assentamento doada pela prefeitura da cidade de Barra do Choça, no ano de 2007, composta de aproximadamente 200 casas. Nessa comunidade mantive contato com vários moradores, que nos informaram as dificuldades enfrentadas pelos moradores da localidade a falta de melhorias de infra estrutura entre outros. Neste local encontramos moradores entre eles a senhora Maria de Lurdes de Jesus Almeida, oriunda da cidade de Planalto, mãe de três filhos, desempregada, tendo o seu sustento garantido pela bolsa família do Governo Federal, residente na cidade desde 2001, morando em outros bairros da cidade e mudando no ano de 2007 para a nova residência doada pela prefeitura municipal. Dona Maria de Lurdes nos relata as dificuldades vividas e existentes no bairro como a rede de capitação de esgoto que encontra grande deficiência apresentado locais em que corre a céu aberto (figura 1), a falta de pavimentação nas ruas e principais avenidas que ligam o bairro a cidade (figura 2), a falta de telefones públicos, que impossibilita a comunicação da mesma com familiares da cidade ou de outras localidades, as tarifas de energia considerada por todos os moradores como abusiva devido ao baixo consumo e por tratar – se de uma população de baixa renda entende que a tarifa deveria ser mais barata, a falta de segurança publica no bairro que motiva pequenos grupos de marginais a cometerem roubos a pessoa e arrobamentos em residências, lembrando também do consumo de drogas que teve um grande destaque no comentário da entrevistada, que nos informou sobre as condições do único posto de saúde que atende a comunidade e mais outras duas localidades. O posto conta com apenas um medico para atendimento da população, não tendo auxiliares de enfermagem nem condições estruturais para o atendimento realizado somente duas vezes por semana. Figura 1: esgoto a céu aberto no assentamento Santo Augustinho, cidade Barra do Choça - BA, 2010 Fonte: Acervo Pessoal Figura 2: Falta de Pavimentação nas ruas e avenidas do assentamento Santo Augustinho, cidade Barra do Choça - BA, 2010 Fonte: Acervo Pessoal Outro relato importante é descrito por dona que nos Magali Queiroz Lopez, oriunda do Estado de São Paulo, mãe de duas filhas, e avo de dois netos, todos moradores da mesma residência, viúva, tem o seu sustento garantido por porta deficiência visual, sendo assim pensionista do INSS. Sua migração para cidade no ano de 1997 deu-se por conta do falecimento do esposo, o que forçou a sua vinda para a região devido à existência de familiares na localidade, morando a principio em outros bairros e depois mudando para o assentamento no ano de 2007, sendo uma das primeiras contempladas com a residência doada. Uns dos pontos destacados por dona Magali alem dos outros já citados foi à falta de transporte publico (figura 3 e 4), o que dificulta seu deslocamento até outros bairros da cidade, impedindo o seu direito de ir e vir garantido pela Constituição Federal, é lembrado também pela falta de escola no bairro fazendo com que crianças e jovens desloquem para ostros bairro afim de completar seus estudos. Figura 3: Falta de transporte publico no assentamento Santo Augustinho, cidade Barra do Choça - BA, 2010 Fonte: Acervo Pessoal Figura 4: Falta de transporte publico e incentivo ao transporte privado no assentamento Santo Augustinho, cidade Barra do Choça - BA, 2010 Fonte: Acervo Pessoal CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a experiência desta primeira saída de campo, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos de imigração e migração, de analisar os impactos sofridos pela população. Pode – se observar como a população é deslocada de um lugar para outro, e o Estado e Município não oferece as condições mínimas de sobrevivência, largando os moradores a própria sorte. E o que mais impressionou é a dificuldade de conseguir melhorias para o bairro, pois a associação de moradores não tem força política suficiente para tal. E a maioria dos moradores defende a gestão do atual prefeito dizendo e pregando que o mesmo não realiza melhoria devido à falta de condições financeiras da prefeitura. Tal fato nos deixa impressionado como o povo pode ser usado e manipulado a favor de grupos e interesses políticos, como o processo de migração pode favorecer se for feito de forma correta e prejudicar ou até marginalizar a comunidade de um determinado local. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Maria Aparecida de Moraes. Errantes do Fim do Século. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1999. Damiani, Amélia Luisa. População e Geografia. 3º Ed. - São Paulo: Contexto 1997. – (Caminhos da Geografia) VALIM, Ana. Migrações: Da perda da terra à exclusão social. SP: Atual, 1996. MARTINS, Dora e VANALLI, Sônia. Migrantes. 4ª edição - São Paulo: Contexto, 2001. RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas Cidades Brasileiras. 5ª edição – São Paulo: Contexto,1994. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002/2003. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1