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Relatório Cabugie Visita Tecnica Ao Pico Do Cabugi

Relatório descrevendo 7 tipos litologicos presentes no estado do Rio Grande do Norte entre as cidade de Mossoró e Lajes

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UNIVERSIDADE FEDERAL, RURAL DO SEMI-ÁRIDO GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA PROFESSOR: MARCELO TAVARES GURGEL BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA VALTESON DA SILVA SANTOS RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO “VISITA AO PICO DO CABUGÍ” DATA: 01 DE ABRIL DE 2017 Mossoró - RN Abril/2017 INTRODUÇÃO O relevo potiguar, localizado geotecnicamente na Província da Borborema, compõe-se de diversas formas geológicas como chapadas, planícies, depressões e tabuleiros, sendo, portanto um ambiente propício para o aprendizado e observação das diversas etapas de formação da litosfera terrestre. Apresenta rochas formadas no período pré-cambriano datadas em mais de 2 bilhões de anos, que ocupam cerca de 65% da superfície do estado assim como rochas sedimentares mesocenozóicas que recobrem a porção restante (Angelim ET AL, 2007). Ainda segundo (Angelim ET AL, 2007), o estado dividi-se em dez regiões tectônicoestruturais, sendo a formação Jandaíra, a formação Assú e o grupo Barreiras os que mais importantes para a cidade de Mossoró. A viagem de campo teve como objetivo aplicar os conhecimentos adquiridos nas duas primeiras unidades da disciplina na identificação e caracterização de 07 diferentes estruturas geológicas encontradas às margens da BR 304 abordando a natureza dos minerais encontrados em cada local e o processo de pedogênese predominante. 1 DESENVOLVIMENTO Às seis horas da manhã do primeiro dia do mês de abril do ano de 2017 iniciou-se a I aula de campo da turma 01 de Geologia Aplicada à Engenharia da Ufersa acompanhada pelo professor Marcelo Tavares Gurgel. O percurso foi transcorrido no ônibus da instituição, o qual fez 07 paradas estratégicas no percurso que une as cidades de Mossoró e Lajes. Em cada um dos locais foi abordado um tipo diferente de formação rochosa e de solo. O percurso teve como última parada a base do Pico do Cabugi. A primeira parada foi ainda na zona rural do município de Mossoró, na regiões de afloramento do calcário da formação Jandaíra (Figura 1), especificamente na depressão periférica da Chapada do Apodí. A rocha calcária do local é caracterizada pela coloração avermelhada característica de rocha intemperizada. Apresenta também considerável fraturamento, preponderantemente seguindo os planos de deposição do sal nos primórdios da formação da rocha. Em consequência da topografia do local, das galerias criadas pela água que intemperiza a rocha e das fissuras, o local torna-se um ponto de abastecimento do aquífero que leva o mesmo nome da formação, Jandaíra. Este, localiza-se sobre o calcário e pode chegar a uma profundidade de 600 m, sendo que sua profundidade média oscila entre 50 e 150, conforme (Mistreta, 1984). Sobre um ponto de vista da Geodiversidade, o local carece de cuidados uma vez que tem alto potencial de presença de fósseis e cavernas e é um ponto de abastecimento de um dos maiores aquíferos do estado, o aquífero Jandaíra. Figura 1: Região de afloramento do calcário Jandaíra. Fonte: Autoria própria. 2 A segunda parada foi em um ponto de afloramento do arenito da formação Assú (figura 2) estando presente também tipos rochosos classificados como folhelhos. Estima-se que o arenito tenha se formado no período cretáceo, pelas pressões provocadas pela formação calcária depositada sobre um deserto do período anterior à deriva continental. Devido às altas pressões e presença de compostos cimentícios os grãos de quartzo sofreram litificação formando a rocha antes citada. Figura 2: Presença do arenito sob a rocha calcária e detalhe da rocha à direita. Fonte: Autoria própria. Conforme (Mistreta, 1984), o segundo maior aquífero do estado do Rio Grande do Norte está contido no arenito. Além da boa qualidade da água fornecida, sua importância econômica é fortalecida pela presença de petróleo e gás natural nos seus vazios. Os folhelhos presentes, também conhecidos como rochas selantes, caracterizam-se pela presença de argila plástica (figura 3), esta apresentava considerável teor de umidade e consistência mole em decorrência das precipitações hídricas dos últimos meses. Se por um lado o arenito aponta para a presença de ambiente desértico, os folhelhos apontam para a presença de ambiente marinha, uma vez que sua formação se dá pela deposição de sedimentos detríticos em áreas oceânicas de águas tranquilas. Figura 3: Presença de fissuras no folhelho indica a presença de material expansível. Fonte: Autoria própria. 3 A terceira parada ocorreu próximo à cidade de Assú, na região fortemente influenciada pela presença do rio Piranhas Assú. O ambiente aluvional é base para o grande polo cerâmico Assú-Itajá que aproveita a abundante presença de minerais argilosos para confecção de produtos cerâmicos. O ponto de parada caracteriza-se pela presença de um litossolo consubstanciado por uma matriz argilosa e um arcabouço formado por seixos rolados de diâmetros que não chegavam a 08 cm e deposição levemente estratificada (figura 4). Esse aspecto é característico da formação Moura (Mabesoone &Campos e Silva, 1972) e são característicos de regiões aluvionares. Figura 4 Conglomerados de seixos rolados da formação Moura. Fonte: Autoria própria. A quarta parada foi no km 104 da BR-304, especificamente no município de Itajá. O local caracteriza-se pela presença de rochas cristalinas ígneas e metamórficas expostas. Constatou-se a presença do gnaisse de clivagem planar (figura 5), constituído de minerais félsicos e micas, originados de rocha granítica submetido à altas pressões e temperaturas. O solo sobre a rocha é raso e jovem, com a presença clara de rocha em decomposição do tipo saprólito (Figura 6). Também foi possível ver que a rocha exposta apresenta considerável fissuração, ocasionado pelo alívio das pressões que confinavam a rocha no interior do subsolo e que cessaram-se após seu afloramento (figura 5.b). Além de um mergulho superior a 25º voltado para o litoral (figura 6). 4 Figura 5 Rocha Gnaisse (a) e rocha fraturada (b). Fonte: Autoria própria. Figura 6 Transição entre a rocha e o solo (a) e inclinação de mergulho (b). Fonte: Autoria própria. A quinta parada ocorreu a 7 km de distância, nos afloramentos de rocha ígnea intrusivas do tipo pegmatito, caracterizado pelos grandes minerais formados pelo resfriamento lento do magma a altas profundidades. Destaca-se na formação a notável presença de mica e o fissuramento da rocha devido ao alívio de pressões sofrido após o afloramento. Figura 7 Rocha do tipo pegmatito. Fonte: Autoria própria. Cabe destacar que Campos, Et. Al, conclui em trabalho realizado em 2009 que a província da Borborema, especificamente as residências do município de Lajes Pintadas estão sujeitas a altos níveis de ação para radônio interior em consequência da proximidade da cidade aos afloramentos de corpos pegmatíticos, que são naturalmente enriquecidos em 5 Urânio e Tório. Em consequência disso correlaciona-se o alto nível de radônio interior a casos de câncer e abortos nessa região. A sexta parada foi no município de Fernando Pedrosa, sertão central do Cabugi, a algumas centenas de metros da “Pedra do Sapo”, monumento natural conhecido na região. A formação rochosa observada na região é do tipo cristalina com solos rasos, predominando a presença da rocha granítica, de grãos uniformes e pequenos, erodida ao longo de bilhões de anos de forma esferoidal, sendo o produto resultante desse intemperismo rochas com o pico arredondado, característica comum em climas áridos e semiáridos de baixo índice pluviométrico como preconiza Lester C. King (King, 1956), figura 8. Figura 8 Granito com formato arredondado. Ao fundo percebe-se o Pico do Cabugi. Fonte: Autoria própria. A sétima e última parada foi na base do Pico do Cabugi, localizado no parque ecológico de mesmo nome, perfeitamente descrito pelo IDEMA: Localizado na região central do estado, no município de Angicos, o Parque Ecológico Pico do Cabugi possui 2.164 hectares e foi regulamentado pelo Decreto Estadual nº 14.813 de 16 de março de 2000, que regulamenta a Lei nº 5.823 de 07 de dezembro de 1988, com os objetivos de proteger um dos raros remanescentes da atividade vulcânica do território nacional; conservar uma porção do bioma caatinga do entorno da formação geológica; ordenar o uso e a ocupação da área; e estimular a atividade turística local sem comprometer o meio ambiente. O Pico do Cabugi é uma formação geológica que se eleva a 590 metros de altitude e apresenta uma diversidade significativa de atrativos naturais que podem se constituir em fator de atração de visitantes motivados pela prática do turismo ecológico, de aventura, pedagógico e contemplativo. (IDEMA, 2013). No local foram encontradas rochas ígneas extrusivas do tipo basálticas com idade aproximada em 20 milhões de anos, sendo portanto as rochas ígneas mais jovens do território brasileiro. Devido ao resfriamento rápido e o ganho intenso de calor do sol causado pela sua coloração escura, grande parte das cochas encontra-se fragmentada. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A aula de campo trouxe um aprendizado de fundamental importância para a compreensão dos tipos e origens das riquezas minerais do território potiguar. Durante a visita e durante a elaboração do relatório final pode-se perceber que o território potiguar tem um alto potencial mineral, dada a heterogeneidade dos recursos e a quantidade de trabalhos e pesquisas realizadas sobre o assunto. É importante também considerar que a exploração industrial da riqueza do nosso estado deve estar atrelada à responsabilidade ambiental pois os impactos causados pela poluição ou extinção de unidades geológicas como os pontos de abastecimento dos aquíferos ou dos folhelhos que envolvem o arenito podem ser irreversíveis e danosos tanto ao meio ambiente quanto à população potiguar. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Angelim, Luiz Alberto de Aquino [et al.]. Geologia e recursos minerais do Estado do Rio Grande do Norte -Recife: CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2007. 119 p: il. color; 21x29,7 cm + 2 mapas. Disponível em CAMPOS, T. F. C.; PETTA, R.A; PASTURA, V. F. S. Residential radon and the risk of malignity: the case of Lages Pintadas City, Northeastern Brasil. In: IV International Conference on Medical Geology, 2011, Bari-Italia. Geological and Medical Sciences for a Safer Environment, Book of Abstract. Gorgonzola: Digilabs Publications, 2011. v. 1. p. 176. King, L.C. A Geomorfologia do Brasil Oriental. Rev. Bras. Geogr., R. de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 147-265, 1956. MABESOONE, J. M., 1968. Sedimentologia. Universidade Federal de Pernambuco, Imprensa Universitária, Recife, 473p. MISTRETA, G.O. (1984). Aquífero Jandaíra da Bacia Potiguar. Dissertação de Mestrado em Geociências. USP, São Paulo. PARQUE ECOLÓGICO DO CABUGI. Natal: IDEMA, 2013. Disponível em: Acesso em: 11 de abril de 2017. SANTOS, Maria de Fátima Cavalcante Ferreira dos. Geologia e paleontologia de depósitos fossilíferos pleistocênicos do Rio Grande do Norte. 2006. 81 f. Dissertação (Mestrado em Geodinâmica; Geofísica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006. 8