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Reciclagem Do Pvc - Tig Iii

Detalhamento do processo de reciclagem do policloreto de vinila e do papel do engenheiro químico no mesmo.

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RECICLAGEM DO PVC RECYCLING OF PVC NELSON, Danielle Artemis Quirino; SILVA, Geórgia Karoenne Barbosa; MULTARI, Guilherme Henrique Fontán; SANTOS, Ícaro Eduardo Ribeiro; CARNEIRO, Marcela de Oliveira Dias; XAVIER, Mateus Santos*; WALTER, Maria Elena. Curso de Engenharia Química. Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET), Centro Universitário de Belo Horizonte, CEP 30455-610, Belo Horizonte, MG. * [email protected]; [email protected]. RESUMO Polímeros são macromoléculas que apresentam ligações covalentes que se repetem ao longo da cadeia e podem ser de quatro tipos: termoplásticos, termofixos, borrachas e fibras. Por demorarem séculos para se degradar, são considerados grandes vilões ambientais. A reciclagem dos polímeros se dá a partir de três formas: mecânica, química e energética. Dentre os métodos de reciclagem do PVC, o mecânico por extrusão é o mais utilizado. Durante o processo de reciclagem, o controle de qualidade deve ser feito minuciosamente. O engenheiro químico pode atuar promovendo a otimização dos processos, através do controle qualitativo e quantitativo das etapas de produção e reprocessamento do PVC. Palavras-chave: PVC, reciclagem, engenheiro químico. ABSTRACT Polymers are macromolecules which have covalent bonds that are repeated throughout the chain and can be of four types: thermoplastics, thermosetting, rubbers and fibers. They may take centuries to degrade and are considered to be a major environmental villain. There are three forms of polymer recycling: mechanical, chemical and energy. Among the methods for recycling PVC, the mechanical by extrusion is the most used. During the recycling process, quality control must be carefully performed. The chemical engineer can promote the optimization of processes by controlling the quality and quantity of the steps involved in the production and reprocessing of PVC. Keywords: PVC, recycling, chemical engineer. INTRODUÇÃO Os polímeros são macromoléculas caracterizadas por seu tamanho, sua estrutura química e interações intra e intermoleculares. Possuem unidades químicas que são unidas por ligações covalentes, que se repetem ao longo da cadeia. Eles podem ser naturais ou sintéticos e são classificados como termoplásticos (plásticos), termofixos, borrachas e fibras (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Os polímeros são considerados os grandes vilões ambientais, pois podem demorar séculos para se degradar e ocupam grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica. Vários aspectos motivam a reciclagem dos resíduos poliméricos contidos nos resíduos sólidos urbanos: a economia de energia, a preservação de fontes esgotáveis de matéria-prima, a redução de custos com disposição final do resíduo, a economia com a recuperação de áreas impactadas pelo mau acondicionamento dos resíduos, o aumento da vida útil dos aterros sanitários, a redução de gastos com a limpeza, com a saúde pública e a geração de emprego e renda (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Alguns exemplos de termoplásticos são o polipropileno (PP), o polietileno (PE), o poliéster (PET), o policloreto de vinila (PVC) e o poliestireno (PS). Estes são moldáveis a quente, possuem baixa densidade, boa aparência, são isolantes térmicos e elétricos, resistem ao impacto, possuem baixo custo e apresentam uma larga faixa de aplicações. Devido a tais propriedades o consumo dos polímeros vem crescendo no Brasil e no mundo (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Em 1998 o consumo de termoplásticos no Brasil era de cerca de 3×106 t, em 2000 foram produzidos cerca de 850 e 660 mil t de PP e de PVC; em 2002 a produção de PET, de polietileno de alta densidade (PEAD) e de PS foi cerca de 350, 800 e 314 mil t, respectivamente (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O PVC é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo, com uma demanda mundial de resina superior a 35 milhões de toneladas no ano de 2005, sendo a capacidade mundial de produção de resinas de PVC estimada em cerca de 36 milhões de toneladas ao ano. Dessa demanda total, 21% foram consumidos na América do Norte, 20% na China, 18% nos países da Europa Ocidental, 5% no Japão e 2% no Brasil (RODOLFO JÚNIOR, 2002). O emprego de um material plástico numa aplicação específica depende da sua composição, das suas propriedades particulares e da forma do objeto. As resinas sintéticas constituem a maior fonte de plásticos, com os derivados da celulose situando-se em seguida. A grande utilidade dos plásticos pode ser evidenciada pela menção de algumas aplicações típicas nos diversos setores em que estes materiais relativamente modernos estão sendo usados (SHREVE e BRINK JR., 1997). Os plásticos, não somente podem substituir os metais e outros materiais, mas também podem ser usados com eles (SHREVE e BRINK JR., 1997). O PVC é muito versátil. Ele se adequa aos mais variados processos de moldagem, podendo ser injetado, extrudado, calandrado e espalmado. Uma vez que a sua resina é totalmente atóxica e inerte, a escolha de aditivos com essas mesmas características permite a fabricação de filmes, lacres e laminados para embalagens, brinquedos e acessórios médico-hospitalares, tais como mangueiras para sorologia e cateteres. As aplicações diretamente ligadas à Construção Civil (tubos e conexões, perfis e fios e cabos principalmente) somam aproximadamente 62% da demanda total de PVC no Brasil (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Em 1835, o Monômero de Cloreto De Vinila (MVC) foi sintetizado pela primeira vez em laboratório por Justus Von Liebig. Essa descoberta fez-se por meio da reação do dicloroetileno com hidróxido de potássio em solução alcoólica (RODOLFO JÚNIOR, 2002). O policloreto de vinila é obtido pela polimerização do cloreto de vinila. Este monômero é sintetizado a partir do dicloroetileno, que por sua vez é obtido da reação entre o cloro e o etileno. O etileno é derivado da indústria petroquímica, porém o cloro é extraído do cloreto de sódio, NaCl. Logo, o PVC é um polímero derivado 43% do petróleo e 57% de fonte inorgânica. Sua densidade é da ordem de 1,4g/cm³ (SARANTÓPOULOS, 2002). A tecnologia de obtenção de polímeros define três rotas principais de polimerização, sendo elas em cadeia (aplicável a todos os monômeros vinílicos), em etapas (aplicável a diversos plásticos de engenharia) e por abertura de anel (aplicável a alguns tipos de poliamidas). Dentro da rota de polimerização em cadeia, são três os mecanismos possíveis de serem utilizados: via radicais livres, aniônica e catiônica, sendo que essas duas últimas não são utilizadas comercialmente para a polimerização do PVC (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Os dois principais processos de obtenção do PVC são a polimerização em suspensão e a polimerização em emulsão. Ambos usam um processo semi- contínuo, em que os reatores são alimentados com monômero cloreto de vinila (MVC), aditivos e catalisadores. A reação de polimerização ocorre em meio aquoso. As diferenças entre os processos de suspensão e emulsão se manifestam no tamanho e nas características dos grãos dos polímeros obtidos. Após o término da reação, os reatores são esvaziados e a mistura de água e PVC é separada do monômero que não reagiu. O PVC é centrifugado, secado, peneirado e embalado. A água é reciclada ou tratada na unidade de tratamento de efluentes (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Como o MVC tem propriedades tóxicas, é muito importante que ele não seja liberado para a atmosfera nem permaneça no produto. Por esta razão, várias etapas do processo e as características dos equipamentos onde ele ocorre foram concebidas para evitar perdas ambientais e econômicas (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Segundo levantamentos feitos em grandes cidades brasileiras, os principais polímeros encontrados nos resíduos sólidos urbanos são o polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD), o PET, o PVC e o PP. Outros tipos de polímeros encontrados correspondem a apenas 11% do total (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O reaproveitamento de resíduos de material plástico, tanto os provenientes de processo industrial quanto aqueles advindos de produtos descartados pela sociedade (resíduos sólidos urbanos), tem se estabelecido de forma expressiva em três processos básicos que possibilitam a sua reciclagem após prévia triagem (PIVA, NETO e WIEBECK, 1999). A reciclagem de polímeros pode ser classificada em quatro categorias: primária, secundária, terciária e quaternária. A reciclagem primária e a secundária são conhecidas como reciclagem mecânica ou física, o que diferencia uma da outra é que na primária utiliza-se polímero pós- industrial e na secundária, pós-consumo. A reciclagem terciária também é chamada de química e a quaternária de energética (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005).. O processo de reciclagem primária envolve o descarte de aparas de indústrias de transformação e é simples e, normalmente, realizado dentro das próprias instalações da indústria, ou ainda por empresas especializadas prestadoras desse serviço. Normalmente, tais aparas são bastante limpas, isentas de contaminantes de difícil remoção, bastando proceder à sua moagem e eventualmente extrusão para filtragem para se obter um material pronto para novo processamento (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem secundária envolve o processo de triagem das aparas, lavagem e secagem para eliminação de contaminantes provenientes do resíduo sólido urbano, moagem, extrusão/filtração para retenção de contaminantes sólidos diversos e granulação. A formulação geralmente necessita de correção antes da etapa de extrusão, por meio da incorporação de plastificantes no caso de produtos flexíveis, ou ainda complementação dos teores de estabilizantes térmicos e lubrificantes para garantir estabilidade durante o processamento (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem terciária é o processo tecnológico de produção de insumos químicos ou combustíveis, a partir de resíduos poliméricos. A quaternária é o processo tecnológico de recuperação de energia de resíduos poliméricos por incineração controlada (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A reciclagem mecânica, considerada primária e secundária, consiste na combinação de um ou mais processos operacionais para aproveitamento do material descartado, transformando-o em material apto para a fabricação de novos produtos (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Esta pode ser viabilizada através do reprocessamento por extrusão, injeção, termoformagem, moldagem por compressão, etc. Para este fim são necessários alguns procedimentos que incluem etapas de separação do resíduo polimérico, moagem, lavagem, secagem, reprocessamento e, finalmente, a transformação do polímero em produto acabado. Existem variações nestas etapas devido à procedência e o tipo de polímero, além das diferenças de investimentos e equipamentos utilizados nas plantas de processamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A separação automatizada baseada na diferença de densidade é muito utilizada para o PE, o PP, o PS, o PVC e o PET e é realizada em tanques de flotação ou hidrociclones. Quando dois polímeros apresentam densidades próximas, este procedimento torna-se mais difícil. O material metálico é retirado por separação eletrostática. Depois da separação, os resíduos poliméricos devem ser moídos em moinhos de facas rotativas e peneirados na forma aproximada de pellets antes do reprocessamento. Isto permite acomodar melhor o material no equipamento de processamento, como a extrusora ou a injetora. O polímero depois de moído é lavado normalmente em tanques contendo água ou solução de detergente aquecido (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O processo de extrusão consiste basicamente em forçar a passagem do material por dentro de um cilindro aquecido de maneira controlada, por meio da ação bombeadora de uma ou duas roscas sem fim, que promovem o cisalhamento e homogeneização do material, bem como sua plastificação. Na saída do cilindro, o material é comprimido contra uma matriz de perfil desejado, o que dá formato ao produto. Em seguida, esse produto pode ser calibrado, resfriado, cortado ou enrolado (RODOLFO JÚNIOR, 2002). A reciclagem química, considerada terciária, consiste em processos tecnológicos de conversão do resíduo de PVC em matérias-primas petroquímicas básicas (RODOLFO JÚNIOR, 2002). Ela ocorre através de processos de despolimerização por solvólise (hidrólise, alcoólise, amilose), ou por métodos térmicos (pirólise à baixa e alta temperaturas, gaseificação, hidrogenação) ou ainda métodos térmicos/catalíticos (pirólise e a utilização de catalisadores seletivos) (MANCINI e ZANIN, 2002). A hidrólise conduz à recuperação dos monômeros de partida através de uma reação com excesso de água, à alta temperatura, na presença de um catalisador. Na alcoólise ou especificamente na metanólise, o material é tratado com excesso de metanol. A glicólise ocorre quando o polímero é tratado com excesso de glicol, através de uma reação de transesterificação (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A pirólise, à baixa temperatura, é a degradação térmica na ausência de ar ou deficiência de oxigênio. Neste caso ocorre principalmente a despolimerização e formação de pequena quantidade de compostos aromáticos e gases leves, obtendo-se líquidos de alta temperatura de ebulição. Na pirólise, à alta temperatura, ocorre a decomposição térmica na ausência de ar ou deficiência de oxigênio, obtendo-se óleos e gases que, posteriormente, serão purificados por métodos petroquímicos padrões (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A gaseificação é um processo onde é inserido oxigênio insuficiente para que ocorra a combustão completa, ocorrendo simultaneamente a pirólise e a combustão no interior do leito. E por fim, na hidrogenação a quebra das cadeias poliméricas é inicialmente feita termicamente, resultando em radicais livres altamente reativos, os quais são posteriormente saturados com hidrogênio, obtendo-se hidrocarbonetos leves (metano, etano, propano) e mistura de hidrocarbonetos na faixa de gasolina e diesel (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). A reciclagem energética, considerada quaternária, consiste na compactação dos resíduos e, subsequente incineração, convertendo a energia química contida nos mesmos em energia calorífica ou eletricidade. Os gases gerados nesse processo são tratados para reduzir o impacto sobre a atmosfera, enquanto as cinzas resultantes do processo de incineração são dispostas em aterros (RODOLFO JÚNIOR, 2002). O conteúdo de energia dos polímeros é alto e muito maior que de outros materiais. O valor calórico de 1 kg de resíduo polimérico é comparável ao de 1 L de óleo combustível e maior que o do carvão. Os resíduos poliméricos contidos no resíduo sólido urbano contribuem com 30% deste valor calórico, permitindo a produção de eletricidade, vapor ou calor (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Em 1996 foi estimado que a reciclagem de polímeros no Brasil crescia em média 15% ao ano desde o início da década. Em 2000, a Plastivida (marca registrada de propriedade da ABIQUIM, Associação Brasileira da Indústria Química) estimou um índice médio de reciclagem em torno de 17,5%. As pesquisas mostraram as taxas de reciclagem de polímeros na Grande São Paulo, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul que apresentou a maior taxa, de 27,6%8 (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O Engenheiro Químico é um dos poucos profissionais capazes de diminuir o impacto ambiental de muitas indústrias, não só tratando os resíduos nas indústrias, mas também projetando processos e otimizando a produção (UFRGS, 2010). O presente trabalho irá descrever o processo de reciclagem de polímeros – com enfoque no PVC -, evidenciando as características e propriedades destes materiais e o papel do engenheiro químico diante das diversas etapas de tal processo. DISCUSSÃO Para determinar as características das macromoléculas que constituem os polímeros, é necessário o conhecimento de propriedades físico-químicas de seus monômeros. Propriedades como o arranjo atômico, densidade, pontos de fusão e ebulição são fundamentais para análise da aplicabilidade do material. O PVC é obtido através da polimerização do cloreto de vinila, formado a partir do dicloroetileno, representando uma reação de adição nucleofílica. (Equação I) (INSTITUTO DO PVC, 2009). (I) Este termoplástico é amorfo ou de baixa cristalinidade, sendo que esta varia conforme as condições de polimerização. É bom isolante térmico, elétrico e acústico e resistente a diversos produtos químicos. A sua massa molecular média em número é calculada a partir da equação 1 (RODOLFO JÚNIOR, 2002). (1) Onde: Ni é número de mol de espécies i, Mi é a massa molecular de espécies i e NiMi é a massa real de espécies i. Calculando-se a massa molecular média é possível obter a densidade do PVC ao dividi-la pelo seu volume. A densidade tabelada é da ordem de 1,4g/cm³ e é uma grandeza essencial para que ocorra a separação do resíduo polimérico antes da reciclagem. Durante o processo de reciclagem mecânica (primária e secundária), o reprocessamento do PVC pode ser feito através da extrusão, onde ocorre o cisalhamento, homogeneização e plastificação do material. A tensão de cisalhamento é uma relação entre a força utilizada para deformar um corpo e sua área de aplicação (Equação 2) (RODOLFO JÚNIOR, 2002). (2) Onde: τ é a tensão de cisalhamento, F = (mxa) é a força aplicada para deformar o corpo e A é a área de aplicação da força. A separação do resíduo polimérico pode ser feita de forma manual ou automatizada. O engenheiro químico é responsável por promover a utilização de testes simples, como o de odor dos vapores de queima, aparência da chama, temperatura de fusão e solubilidade, e, após a separação, limitar as impurezas a níveis inferiores a 1% m/m, posto que a presença de macrocontaminantes, mesmo em concentrações pequenas pode alterar as propriedades do polímero (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Após a separação, é necessário controlar a moagem do material. O PVC deve conter dimensões uniformes para que a fusão também ocorra uniformemente. A presença de pó proveniente da moagem é inconveniente, pois este funde antes e atrapalha o escoamento do material nos equipamentos de processo (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). Depois de moído, o polímero é lavado. Nessa etapa, o engenheiro químico controla a preparação da solução detergente de remoção dos resíduos e o reaproveitamento da água de lavagem no processo. Posteriormente, o material é secado por processo mecânico e/ou térmico. Após a secagem o PVC é formulado, e realiza-se o controle de qualidade do produto (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). No caso do processamento por extrusão é importante a utilização de um desenho específico de rosca. A rosca com barreiras (Figura 1b) promove uma plastificação do polímero reciclado de forma mais eficiente que as roscas convencionais (Figura 1a), reduzindo assim, a degradação dos polímeros durante o reprocessamento (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). a) b) Figura 1 – Desenhos de roscas utilizadas no processo de extrusão: a) convencional, b) com barreira. Cabe ao engenheiro químico observar e inovar as etapas dos processos de reciclagem, promovendo pequenas alterações , tal como a mudança de roscas. Durante os processos de reciclagem é necessário ter um controle da produção dos novos produtos. Para tanto diversas ferramentas são usadas. Uma delas é a determinação, por cálculo, do que deve ser produzido em relação à demanda do mercado. Inicialmente, é calculada a capacidade produtiva de cada máquina recicladora, depois, durante quantas horas anuais cada máquina produz e, por fim, a quantidade de máquinas. Segundo o Instituto do PVC (2009), ao analisar as amostras em determinadas horas, tem- se que uma máquina produz apenas 85% de sua capacidade em uma hora. Os 15% restantes são notados na parte do processo onde há perda do material e geração de lixo, que muitas vezes, não vem totalmente separado. Esses dados são aplicáveis ao processo de reciclagem mecânica do PVC por extrusão. Tal relação máquina/produção pode ser ilustrada pela seguinte função (Equação 3) e seu respectivo gráfico (Figura 2): Nmp=0,85nxy (3) Onde: Nmp é a necessidade de matéria prima, 0,85 é a porcentagem de produção em uma hora, N é o número de extrusoras, X representa as horas que a extrusora funciona em um ano e Y a capacidade produtiva da extrusora em uma hora. Figura 2 – Gráfico da função f(x,y) representando a quantidade de matéria-prima necessária para cada extrusora em uma recicladora. A necessidade de matéria prima é diretamente proporcional à quantidade de extrusoras e à capacidade produtiva de cada uma delas. Sabendo-se que 15% da produção é perdida, o engenheiro químico deve analisar qual fator leva à essa perda e propor medidas que aumentem o rendimento da recicladora. Se 100% da capacidade produtiva da máquina fosse aproveitada, o ponto máximo do gráfico seria maior, demonstrando que o reprocessamento do PVC ocorreria mais rápido. A reciclagem química (terciária) pode ocorrer por solvólise ou por métodos térmicos. Um desses métodos é a pirólise, que consiste na queima do polímero e liberação de ácido clorídrico. Quando o ácido clorídrico é liberado na forma de gás, ao colocar um papel de tornassol sobre a saída desse gás, é possível encontrar o potencial hidrogeniônico do PVC. O policloreto de vinila também pode ser transformado em uma solução aquosa e, consequentemente, ocorrer a medição do seu pH. A presença do íon cloreto, proveniente da ionização do ácido clorídrico em meio aquoso, pode ser confirmada pelo borbulhamento do produto da decomposição em uma solução de nitrato de prata (0,1 mol/L) (Equação II) ou de nitrato de chumbo (Equação III), formando um precipitado branco (AgCl ou PbCl2), respectivamente (MARCONATO e FRANCHETTI, 2001). HCl(aq) + AgNO3(aq) AgCl(s) + HNO3(aq) (II) 2HCl(aq) + Pb(NO3)2(aq) PbCl2(s) + 2HNO3(aq) (III) Durante a reciclagem energética (quaternária) ocorre a incineração do polímero, e, posteriormente, a conversão da energia química contida nos resíduos poliméricos em calor e eletricidade. O PVC contem halogênio em sua cadeia e por isso pode causar problemas durante a combustão devido à liberação de HCl e dioxinas. Atualmente é utilizado gás de lavagem reduzindo a emissão de HCl aos limites legais, através de sua neutralização. (SPINACÉ e DE PAOLI, 2005). O engenheiro químico é um dos profissionais capacitados a adequar os processos aos limites de segurança pré-estabelecidos na Norma Regulamentadora número 15 do Manual de Segurança e Medicina do Trabalho, que dispõe sobre atividades e operações insalubres. Esta norma apresenta os limites de tolerância à exposição a agentes químicos no Anexo 11. ( MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2008) O engenheiro químico é um profissional que atua visualizando as vantagens econômicas, ambientais e sociais dos processos produtivos. Tal atuação consiste na análise do polímero desde a extração da matéria prima, até o descarte do produto propriamente dito. Durante o processo de reciclagem, o controle de qualidade deve ser feito minuciosamente, posto que trata-se de um material já utilizado. Além disso, a reciclagem só é abordada por industriais se apresentar uma vantagem econômica significativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS A reciclagem do PVC é uma importante ferramenta para minimização de impactos causados pelo descarte de materiais, sem tratamento, ao meio ambiente. O engenheiro químico pode atuar promovendo a otimização dos processos, através do controle qualitativo e quantitativo das etapas de produção e reprocessamento do PVC. Dentre os métodos de reciclagem do PVC, o mecânico é o mais acessível, pois tem um baixo custo de mão de obra e uma maior facilidade de adaptação dentro de uma empresa. As reciclagens química e energética são pouco utilizadas no Brasil. Com a crescente produção industrial e preocupação sócio-econômica, o mercado de trabalho precisa cada vez mais da atuação de engenheiros químicos. É necessário o controle e manutenção dos processos de produção que sustentam o mercado consumidor e permitem o desenvolvimento da sociedade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Departamento de Engenharia Química da UFRGS. Qual o futuro da Engenharia Química? Disponível em: http://www.enq.ufrgs.br/sobre/o-que-e-engenharia- quimica/qual-o-futuro-da-engenharia-quimica. Acesso em: 29 de abril de 2010. INSTITUTO DO PVC. Última atualização: 2009. Disponível em: http://www.institutodopvc.org/reciclagem/200.htm. Acesso em: 06 de maio de 2010. MANCINI, S. D., ZANIN, Maria. Influência de Meios Reacionais na Hidrólise de PET Pós-Consumo. Polímeros: Ciência e Tecnologia. São Carlos-SP: v.12, n.1, p.34 - 40, 2002. Disponível em: www.scielo.br/pdf/po/v12n1/9880.pdf . Acesso em: 17 de março de 2010. MARCONATO, José Carlos; FRANCHETTI, Sandra Mara. Decomposição térmica do PVC e Detecção do HCl utilizando um indicador Ácido-base Natural. Nº 14, novembro de 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a09.pdf. Acesso em: 06 de maio de 2010. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Legislação - Normas Regulamentadoras. Última atualização: 2008. Disponível em: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp. Acesso em: 02 de junho de 2010. PIVA, Ana Magda; NETO, Miguel Bahiense; WIEBECK, Hélio. A reciclagem de PVC no Brasil. Polímeros vol.9 nº.4 São Carlos Oct./Dec. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 14281999000400032&lang=pt.>. Acesso em : 15 de março de 2010. RODOLFO JÚNIOR, Antonio et. al. Tecnologia do PVC. 2. ed. São Paulo: Pro editores/Braskem. 2006. 448p. SARANTÓPOULOS, Claire I. G. L. et. al. Embalagens Plásticas Flexíveis: principais polímeros e avaliação de propriedades. Campinas: CETEA/ITAL. 2002. 267p. SHREVE, R. Norris; BRINK Jr. Indústrias de processos químicos. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.1997.720p. SPINACÉ, Márcia Aparecida da Silva; DE PAOLI, Marco Aurélio. A tecnologia da reciclagem de polímeros. Quím. Nova vol.28 nº.1 São Paulo Jan./Feb. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 40422005000100014&lang=pt>. Acesso em: 03 de março 2010. -----------------------