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Projeto Violência

Projeto desenvolvido em escola pública

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VIOLÊNCIA NA PERIFERIA – RELATOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE CRIANÇAS RESIDENTES NO BAIRRO BENEDITO BENTES 1. Identificação Escola Estadual Dr. José Maria de Melo Projeto: Violência na Escola Subprojeto: Violência na Periferia – relatos a partir da experiência de crianças residentes no bairro Benedito Bentes Culminância do projeto: 22 de novembro de 2011 Professora responsável: Ana Luzia de Barros Andrade Marques Público alvo: Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental 2. Introdução O estado de Alagoas, em especial sua capital, tem vivenciado nas últimas décadas o recrudescimento da violência em suas diversas modalidades. Cotidianamente os meios de comunicação de massa noticiam casos e mais casos de violência. São tantas ocorrências que a violência tornou-se algo banal, corriqueiro na vida das pessoas. Lastimavelmente o que deveria ser um “estado de exceção” transformou-se em regra, visto que todos nós vivenciamos ou conhecemos alguém que foi vítima de atos violentos. Essa triste realidade está presente em toda a grande Maceió, mas é sobretudo os moradores dos bairros de periferia que sofrem com a violência em sua versão mais trágica e dramática, como bem atesta o recente caso de uma jovem mulher que foi esquartejada no Conjunto Carminha – Benedito Bentes1. Citamos apenas um exemplo para ilustrar e corroborar nossos argumentos, mas poderíamos listar centenas de crimes brutais e hediondos que ocorreram ao longo do ano de 2011. Em vista de tal quadro, a Escola, destacadamente a Escola Pública, não pode passar a margem do debate sobre a violência. Deve ela, enquanto instituição formadora da presente e das futuras gerações, trazer para discussão e reflexão em sala os principais fenômenos sociais hodiernos. Até porque esses fenômenos fazem parte da vida dos nossos alunos, influenciando suas atitudes dentro e fora da escola. No caso específico da violência, a Escola deve ter um papel ativo, promovendo uma reflexão coletiva sobre o problema e instigando a adoção de uma “cultura de paz”. É com esse ideal em mente que a Escola Estadual Dr. José Maria de Melo adotou como um dos seus objetivos pedagógicos a discussão sobre a violência. E neste contexto inserimos nossa proposta particular de análise do problema, qual seja, a de tentar captar como nossos alunos percebem e vivenciam a violência que os cerca. Nossos alunos, em sua grande maioria, residem no Benedito Bentes, bairro marcado pelo signo da pobreza, violência e descaso do poder público2. Ou seja, alguns dos discentes da Escola Estadual Dr. José Maria de Melo apresentam grande probabilidade de já ter vivenciado situações de violência. E a intenção do subprojeto “Violência na periferia – relatos a partir da experiência de crianças residentes no bairro Para maiores informações a respeito deste brutal crime ocorrido em meados de julho de 2011, consultar: http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5258734-EI5030,00Dona+de+casa+e+esquartejada+no+meio+da+rua+em+Maceio.html. Acessado em 01 de novembro de 2011. 2 Afirmativa que tem certo fundamento, baseando-se nos dados divulgados pelos meios de comunicação e órgãos governamentais; mas que também se constitui em um estereótipo que se consolidou no imaginário social da população maceioense. 1 Professora Ana Luzia de Barros Andrade Marques VIOLÊNCIA NA PERIFERIA – RELATOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE CRIANÇAS RESIDENTES NO BAIRRO BENEDITO BENTES Benedito Bentes” é exatamente permitir que os alunos relatem na forma escrita e/ou oral essas tristes experiências de suas vidas. Acreditamos que o próprio ato de socializar essas vivências permitirá certa “catarse” aos alunos, assim como uma compreensão mais adequada do fenômeno violência e os meios para seu eficiente enfrentamento. Além disso, esperamos que os discentes ao término do processo – que na verdade não termina, pois o debate sobre a violência será permanente – percebam a Escola como uma aliada, como uma instituição aberta ao mundo e capaz de promover a necessária reflexão sobre as agruras vividas pelos próprios alunos. Aproximar a Escola da experiência de vida do aluno, eis um dos objetivos secundários (mas essencial) do subprojeto “Violência na periferia – relatos a partir da experiência de crianças residentes no bairro Benedito Bentes”. 3. Objetivos  Registrar, na forma escrita e/ou oral, as experiências de violência vivenciadas pelos alunos do 6º ano G da Escola Estadual Dr. José Maria de Melo;  Promover uma compreensão mais adequada do fenômeno violência, indicando meios eficientes para seu devido enfrentamento;  Aproximar a Escola da experiência de vida dos alunos, modificando a visão e relação do corpo discente com os diversos atores que atuam na instituição escolar (professores, funcionários administrativos, coordenadores, diretores...). 4. Metodologia O subprojeto “Violência na periferia – relatos a partir da experiência de crianças residentes no bairro Benedito Bentes”, ramificação do macro projeto Violência na Escola, será desenvolvido segundo os desdobramentos apontados a seguir: 1. Definição da turma em que o subprojeto será implementado: a turma “escolhida” foi o 6º ano G, turno vespertino; 2. Apresentação e discussão inicial sobre o subprojeto: essa etapa consistirá na apresentação da proposta do subprojeto, abrindo espaço para que os alunos ou seus representantes questionem, critiquem, sugiram modificações, acréscimos ou cortes no subprojeto. Pretende-se dedicar duas aulas para o início e conclusão desta fase; 3. Registro escrito dos relatos de experiências violentas vivenciadas pelos alunos do 6º ano G: os alunos deverão compor um texto descrevendo uma experiência de violência que eles tenham vivido ou que alguém próximo tenha lhes contado. Por se tratar de uma composição própria, feita individualmente pelo aluno, dedicaremos uma aula para a realização dessa etapa, na perspectiva de garantir que os relatos apresentados sejam efetivamente elaborações dos alunos. 4. Seleção dos dez melhores relatos escritos sobre experiências de violência: nesta fase selecionaremos os dez melhores relatos sobre violência compostos pelos alunos do 6º ano G. Esses textos serão registrados no mural que pretendemos construir junto com os alunos, assim como na apresentação audiovisual que tencionamos realizar caso haja condições técnicas para tanto; Professora Ana Luzia de Barros Andrade Marques VIOLÊNCIA NA PERIFERIA – RELATOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE CRIANÇAS RESIDENTES NO BAIRRO BENEDITO BENTES 5. Adequação dos dez relatos selecionados a norma culta da língua portuguesa: aqui a intenção é simplesmente enquadrar os textos escolhidos no padrão culto da língua portuguesa. Inicialmente pensamos em manter as “singularidades” da escrita dos nossos alunos. Entretanto, achamos por bem realizar alguns ajustes e correções nos textos, como forma de garantir uma comunicação clara e compreensível para os possíveis leitores do mural, bem como os ouvintes da apresentação audiovisual; 6. Construção do mural “A Violência pelos olhos das crianças”: trata-se do momento em que os alunos, com o auxílio do professor, construirão o mural com os dez relatos escolhidos. Serão necessários para a construção do mural os seguintes materiais: 15 folhas de papel 40, 01 fita adesiva larga, pincéis atômicos de diversas cores, 01 tubo de cola bastão, 02 tesouras, imagens variadas que representem atos de violência (contra a mulher, crianças, idosos, animais, etc... As imagens serão selecionadas de acordo com os relatos escolhidos), 02 réguas de no mínimo 30 cm, etc. Salientamos que boa parte dos materiais elencados serão utilizados e posteriormente devolvidos a Escola, com exceção das folhas de papel 40 e das imagens representando atos de violência – estas últimas serão trazidas pelos próprios alunos e professor, mas caso a Escola queira fornecer também as imagens, o material doado será muito bem utilizado. 7. Gravação dos relatos para criação de apresentação audiovisual: caso seja possível (por conta de dificuldades técnicas essa fase do subprojeto poderá não ser realizada), gravaremos áudio com os alunos do 6º ano G relatando as experiências de violência previamente escolhidas. Esse áudio será utilizado para a criação de uma apresentação audiovisual, feita pela assessoria tecnológica da Escola, representada pela docente Ana Luzia de Barros Andrade Marques. Para a realização dessa etapa, serão necessários equipamentos como notebook, microfone e projetor multimídia – o último seria utilizado no dia da culminância do projeto, 22 de novembro de 2011, para apresentação do vídeo produzido. Basicamente pretende-se desenvolver o subprojeto nos desdobramentos acima relacionados. Obviamente trata-se apenas de uma carta de intenções; poderemos acrescentar outras produções ou mesmo eliminar o aqui definido. O que deve ficar claro é que todo o processo de desenvolvimento e realização do trabalho ora esboçado dependerá da aceitação e participação dos alunos. Em última instância são eles que decidem o que faremos efetivamente para contemplar o macro projeto Violência na Escola. 5. Avaliação Como a proposta da Escola Estadual Dr. José Maria de Melo, em consonância com o sistema adotado pela rede pública de ensino de Alagoas, é baseada em um processo avaliativo contínuo e global, estaremos analisando o desempenho dos nossos alunos do início ao fim do projeto. Os critérios que utilizaremos para acompanhamento dos alunos são: participação nas atividades propostas, compromisso com o grupo e o Professora Ana Luzia de Barros Andrade Marques VIOLÊNCIA NA PERIFERIA – RELATOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DE CRIANÇAS RESIDENTES NO BAIRRO BENEDITO BENTES desenvolvimento do projeto, iniciativa e criatividade na realização das diversas etapas do projeto, respeito dispensado aos colegas e ao professor, responsabilidade e seriedade, etc. Além desses itens, os alunos receberão pontuação especial na redação que irão elaborar descrevendo as experiências de violência. Enfim, o desenvolvimento do subprojeto poderá mesmo constituir um dos instrumentos avaliativos adotados pela Escola (Trabalho), caso o professor perceba rendimento digno para tanto. 6. Conclusão Como deixamos claro em algumas linhas acima, o objetivo principal deste subprojeto é registrar, seja na forma escrita ou oral, as experiências de violência vivenciadas pelos nossos alunos. Com isso queremos promover uma reflexão sobre o fenômeno violência baseada não em casos distantes da realidade do aluno, mas sim através das vivências, das experiências dos próprios discentes ou das pessoas próximas a eles. Com isso pretendemos promover a compreensão e a crítica ao fenômeno, permitindo ao aluno perceber que ele, assim como a Escola, estão inseridos em uma sociedade marcada por desigualdades, por disfunções que vão ocasionar a violência que presenciamos cotidianamente. No bojo dessa discussão sobre a violência vivida pelos nossos alunos, gostaríamos também que eles percebessem a Escola como uma aliada no enfrentamento deste grave problema social. A Educação tem a possibilidade de modificar vidas, evitando que muitos jovens adentrem o mundo da criminalidade. Mas para que a Escola desempenhe esse papel, é preciso que seus atores, todos eles, assumam o compromisso de lutar aguerridamente contra toda a forma de violência. E a luta deve começar exatamente na própria Escola, que hoje é alvo da ação de vândalos e criminosos que pretendem transformar o ambiente escolar em um espaço do medo e da intimidação. Construir um mundo melhor passa obrigatoriamente por uma nova concepção de Educação. Estamos ainda tateando os novos horizontes (e exigências) pedagógicos que se abrem aos educadores neste novo século de mudanças tão rápidas e radicais. Mas podemos afirmar seguramente que a discussão dos grandes problemas que afligem a sociedade deve ser alvo de reflexão nas salas de aula do ciclo básico de ensino, especialmente nas escolas públicas. Assim, saudamos a iniciativa da equipe pedagógica da Escola Estadual Dr. José Maria de Melo. Debater na Escola o problema da violência é essencial para a formação do cidadão, além de demonstrar compromisso e preocupação com a comunidade escolar. Esperamos, por fim, modestamente contribuir neste processo com nosso subprojeto “Violência na Periferia – relatos a partir da experiência de crianças residentes no bairro Benedito Bentes”. Professora Ana Luzia de Barros Andrade Marques