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Projeto De Iniciação Científica

Projeto elaborado e concluído no ano de 2009, pelo bolsista de iniciação científica Elton Eduardo Novais Alves, sob a orientação da professora Cecília de Fátima Souza. Bolsa financiada pelo CNPq (PIBIC/CNPq).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA PROJETO DE PESQUISA APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS - PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA TORTA DE MAMONA. EQUIPE: LÍDER: Cecília de Fátima Souza, D.S., Profª. Adjunta, UFV CO-LÍDERES: Elton Eduardo Novais Alves, graduando em Agronomia. Antônio Teixeira de Matos, D. S., Profº. Associado, UFV Keles Regina Antony Inoue, Mestranda em Engenharia Agrícola Viçosa-MG Junho de 2008 1. O PROBLEMA Com o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, a cultura da mamoneira tem se destacado como matéria prima para a produção do biodiesel. O beneficiamento de produtos agroindustriais, como a mamona, gera diversos resíduos cujo impacto pode ser extremamente alto. A mamona (Ricinus communis, L.) é uma planta de origem afro-asiática, pertencente às famílias das euforbiáceas, a mesma da mandioca, da seringueira e do pinhão manso. É de porte e ciclo muito variáveis, dependendo da cultivar e do ambiente. Possui elevada capacidade de resistência à seca e com baixa tolerância a salinidade e sodicidade no ambiente edáfico (Beltrão et al., 2004). A cultura da mamona é uma das mais tradicionais do semi-árido brasileiro, sendo de relevante importância econômica e social. É encontrada de forma espontânea em várias regiões do Brasil, desde o Amazonas ao Rio Grande do Sul (Costa et al., 2004). É uma planta rústica, utiliza pouco agrotóxico e adapta-se perfeitamente à regiões semi-áridas, onde as condições de vida são as mais precárias, sendo possível extrair de suas sementes um óleo de características ímpares. Desde tempos primórdios, o óleo de rícino era utilizado para geração de luz (energia) e para fins medicinais. No entanto, suas aplicações evoluíram e ganharam novos enfoques, como a fabricação de cimento ósseo e de próteses para diversas partes do corpo humano. Quanto à geração de energia, o referido óleo torna-se propício para fazer parte do Programa Nacional de Biodiesel, que se destaca pelas vantagens sócio- econômicas (Freitas & Fredo, 2005). A cada 1330 kg de sementes processada para a extração do óleo, são produzidos aproximadamente 500 kg de torta e 330 kg de casca (Peres, 2005). Segundo Severino (2005), são produzidos cerca de 1,2 toneladas de torta de mamona para cada tonelada de óleo extraído, ou seja, corresponde a 55% do peso das sementes, valor que pode variar de acordo com o teor de óleo da semente e do processo industrial de extração do óleo. O óleo é o principal produto da industrialização da semente da mamona, o qual serve de matéria prima para uma grande quantidade de aplicações, tais como: alimentação, química têxtil, papéis, plásticos e borrachas, perfumaria, cosméticos, farmácia, eletroeletrônicos e telecomunicações, tintas e adesivos, lubrificantes, etc. (Amorim, 2005). O principal subproduto do processo de extração do óleo da mamona é a torta. O aproveitamento desse produto permite o aumento das receitas da cadeia produtiva e conseqüentemente, a sua rentabilidade (Lima et al., 2006). Atualmente, por tradição a torta de mamona é utilizada como fertilizante, em virtude de seu elevado teor de nitrogênio. A presença de elementos tóxicos a torna imprópria para o consumo animal, sua utilização somente é permitida se passar por um processo de desintoxicação complexo e, muitas vezes, caro. (Pina, et al., 2005). Além do uso como adubo, a torta de mamona pode ser utilizada como inseticida e nematicida (Severino, 2005). E ainda como matéria-prima para a produção de aminoácidos, colas, plásticos (utilizados no interior de veículos e pára-choque), espumas e vidros à prova de bala e outros produtos (Carneiro, 2003). De acordo com Severino (2005), o aumento da produção nacional de mamona faz crescer a necessidade de agregar maior valor à torta de mamona, seja como adubo orgânico, controlador de nematóides ou como alimento animal rico em proteína. A torta de mamona tem sido motivo de estudo para relacionando-a em diversas aplicações. No entanto, não há estudos relacionando-a com a produção de biogás. Este estudo tem como objetivo analisar o processo de digestão anaeróbia da torta de mamona, visando a produção do biogás e do biofertilizante. 2. OBJETIVO Analisar o processo de digestão anaeróbia da torta de mamona, visando a produção e caracterização da qualidade do biogás e do biofertilizante resultante. 3. MATERIAL E MÉTODOS O experimento será realizado em biodigestores de bancada (escala laboratorial) operando em batelada, no Laboratório de Biodigestão Anaeróbia do Departamento de Engenharia Agrícola - DEA da Universidade Federal de Viçosa - UFV, Viçosa-MG. O ensaio de biodigestão anaeróbia utilizando como substrato a torta de mamona será desenvolvido no período de agosto de 2008 a junho de 2009. A torta de mamona a ser utilizada no projeto foi produzida a partir de sementes cultivadas no Estado de São Paulo. Algumas análises serão realizadas no material antes do inicio do processo de digestão anaeróbia. As análises serão realizadas no Laboratório de Análise de Solos e Resíduos Sólidos do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa. Os dados analisados serão os seguintes: concentração de sólidos totais (ST), fixos (SF) e voláteis (SV), nitrogênio, fósforo e potássio, carbono, pH. No ensaio de digestão anaeróbia, serão utilizados nove (09) biodigestores de bancada (escala laboratorial) operando em batelada, instalados no Laboratório de Biodigestão do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV. Serão utilizados três tratamentos. Um somente com torta de mamona, outro com a mistura torta de mamona e dejeto de suíno e um terceiro com a mistura de torta de mamona e dejeto de bovino, ambos com a concentração de 8% de sólidos totais. Os tratamentos possuirão três repetições. Serão utilizadas, como câmaras de biodigestão, recipientes de vidro com capacidade total de 3,1 L e capacidade útil de 2 L com tampa plástica, aos quais serão adaptadas mangueiras com diâmetro interno de 5/8", que canalizarão o biogás aos gasômetros. Os biodigestores serão abastecidos com torta de mamona para o tratamento 1, torta de mamona e dejeto de suíno para o tratamento 2 e torta de mamona e dejeto bovino para o tratamento 3. Cada biodigestor terá um gasômetro independente. Os referidos gasômetros serão confeccionados com tubos de PVC de 100 mm e com um volume de 4 L(quatro litros). Réguas graduadas serão afixadas nas superfícies externas dos gasômetros, para que se possa quantificar o biogás produzido. Os gasômetros estarão imersos em recipientes de PVC contendo uma fina camada de óleo, buscando garantir a estanqueidade do sistema. Para a determinação do volume de biogás produzido será feita diariamente, no horário das 9:00, a medida do deslocamento da régua. Ao mesmo tempo será medida a temperatura do ar ambiente, para que se possa corrigir o volume de biogás para 1atm (uma atmosfera) e 20ºC, de acordo com a metodologia empregada por Caetano (1985). A temperatura e pressão nos gasômetros também serão monitoradas. A avaliação da qualidade do biogás produzido será feita por meio de análises de sua composição, com base nos teores de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), determinados no Laboratório de Pós-colheita do Departamento de Fitotecnia da UFV, em amostras coletadas semanalmente, utilizando-se de um cromatógrafo de fase gasosa. A qualidade do biofertilizante produzido será avaliada por meio de análises de nitrogênio, fósforo e potássio, realizadas no Laboratório de Qualidade da Água do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV, seguindo a metodologia descrita por APHA (1995). A avaliação da eficiência do processo será realizada com determinações das reduções de sólidos totais, dos sólidos voláteis e a demanda química de oxigênio, a partir das determinações feitas antes e depois do processo de biodigestão anaeróbia. 3.6. Análise Estatística O experimento será montado no Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), com parcelas subdivididas, tendo nas parcelas os tratamentos, ou seja, as concentrações de sólidos totais, com três repetições e nas subparcelas os tempos (dias de produção). Para avaliar o efeito destes fatores será realizada uma análise de regressão. 5. CRONOGRAMA "ATIVIDADES "2008 "2009 " "Ago "Set "Out "Nov "Dez "Jan "Fev "Mar "Abr "Mai "Jun "Jul " "Coleta do resíduo "X " " " " " " " " " " " " "Análise físico-química do resíduo " "x " " " " " " " " " " " "Montagem do experimento " " "x "x " " " " " " " " " "Tomada de Dados " " " " "x "x "x " " " " " " "Análise dos resultados " " " " " " " "x "x " " " " "Redação dos artigos " " " " " " " " " "x " " " "Apresentação do Seminário " " " " " " " " " " "x " " "Relatório Final " " " " " " " " " " " "x " " 4. LITERATURA CITADA APHA – Standard methods for the examination of water and wastewater. New York: APHA, WWA, WPCR. 19ª ed. 1995. AMORIM, P. Q. R. Perspectiva histórica da cadeia da mamona e a introdução da produção do biodiesel no semi-árido brasileiro sob o enfoque da teoria dos custos de transação. 2005. 94p. Monografia (Bacharelado em Ciências Econômicas), Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". 2005. BELTRÃO, N. E. M. ; CARDOSO, G. D. ; SEVERINO, L. S. ; PEREIRA, J. R. ; GONDIM, T. M. S. ; CARTAXO, W. V. Biodiesel do óleo da mamona e a produção de fitomassa: considerações gerais e singularidades. Campina Grande, Embrapa, 2004. CAETANO, L. Proposição de um sistema modificado para quantificação de biogás. Tese de Mestrado. 75p. Universidade Estadual Paulista, Faculdade Ciências Agrárias e Veterinárias. Botucatu: UNESP, 1985. CARNEIRO, R. A. F. A produção de biodiesel na Bahia. Conj. & Planej., Salvador: SEI, n.112, p.35-43, Setembro. 2003 COSTA, F. X.; SEVERINO, L. S. BELTRÃO, N. E. M.; FREIRE, R. M. M.; LUCENA, A. M. A.; GUIMARÃES, M. M. B. Composição química da torta de mamona. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e sustentabilidade - Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. FREITAS, S. M. & FREDO, C. E. Biodiesel à base de óleo de mamona: algumas considerações. Informações Econômicas, SP, n. 35, n.1, jan. 2005. KIEHL, E.D. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres. 1985. 492p. LIMA, R. L. S. ; SEVERINO, L .S. ; ALBUQUERQUE, R. C. ; NAPOLEÃO, BELTRÃO, E. M. B. Avaliação da casca e da torta de mamona como fertilizante orgânico. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2006, Aracajú. Cenário Atual e Perspectivas – Anais... Aracajú-SE, 2006. PERES, S. Policon. Workshop de Co-produtos do Biodiesel – MCT. Rio de Janeiro, 2005. PINA, M. ; SEVERINO, L. S. ; BELTRÃO, N. E. M. ; VILLENEUVES, P. ; LAGO, R. Novas alternativas de valorização para dinamizar a cultura da mamona no Brasil. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 22, n. 2, p. 453- 462, maio/ago. 2005. SEVERINO, L. S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 31p. (Documentos, 134). SEVERINO, L. S. ; COSTA, X. F. BELTRÃO, N. E. M. ; LUCENA, A. A. Mineralização da torta de mamona, esterco bovino e bagaço de cana estimada pela respiração microbiana. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 5, n.1, 1º Semestre 2004.