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Produtividade E Levantamento Dos Indíces De Acidentes Em Indústrias Madeireiras Do...

O projeto levantou as empresas processadoras da madeira na região e em seguida quantificou os acidentes, suas consequências e impactos, e ainda procurou compreender como o acidente ocorre nas empresas inicialmente identificadas.

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PRODUTIVIDADE E LEVANTAMENTO DOS INDÍCES DE ACIDENTES EM INDÚSTRIAS MADEIREIRAS DO ENTORNO DE JERÔNIMO MONTEIRO-ES Clovis E Hegedus, Rômulo Maziero, Vinicius Peixoto Tinti, Wendel Pianca Demuner Universidade Federal do Espírito Santo [email protected] 1. INTRODUÇÃO O Estado do Espírito Santo apresenta uma ampla base florestal em florestas plantadas. O governo do Espírito Santo vem atuando no sentido de aumentar a competitividade de tais indústrias, podendo citar como exemplo o Contrato de Competitividade do Setor das Indústrias de Móveis Seriados (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, 2008). Tais ações levarão a uma intensificação de atividades ligadas ao processamento da madeira no Estado, aumentando assim o número de pessoas envolvidas na mesma. A indústria de madeira serrada no estado ainda é pouco desenvolvida quanto aos meios tecnológicos em sua exploração e transformação, fator este primordial para o desenvolvimento das atividades de indústrias de beneficiamento de madeira, as marcenarias. Diferente das grandes indústrias de móveis que fabricam produtos seriados, as marcenarias possuem demanda pertencente ao segmento de produtos sob encomenda. Outra característica marcante das marcenarias são seus equipamentos, que na maioria das vezes apresentam condições precárias de trabalho, sendo deficientes e ultrapassados, assim como suas instalações (GORINI, 1998). Deve-se ressaltar a importância de levantamentos quanto ao processo produtivo das marcenarias do sul do Estado do Espírito Santo, possibilitando que elas identifiquem melhor eventuais gargalos e perdas desnecessárias que comprometam a sua produtividade e eficiência, a qual engloba diversos outros fatores além da simples relação entrada/saída de material. Sabe-se que as principais responsáveis por acidentes, com lesões permanentes com perdas de dedos e mãos, são duas das mais comuns máquinas utilizadas no processo de desdobro e processamento da madeira, a serra circular e a serra destopadeira. Estudo feito entre 1998 e 2001 pela Secretaria da Saúde do Estado do Paraná mostra que a indústria da madeira é a que alcançou o maior número de acidentes com amputações no período, destacando-se a serra circular, responsável por 15% de todas as amputações registradas (ARAÚJO e SALGADO, 2002). O projeto levantou as empresas processadoras da madeira na região e em seguida quantificou os acidentes, suas consequências e impactos, e ainda procurou compreender como o acidente ocorre nas empresas inicialmente identificadas. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A pesquisa foi baseada em um levantamento inicial da população de empresas de processamento da madeira, como também levantar os índices de acidentes com amputações em indústrias de processamento da madeira na região do entorno de Jerônimo Monteiro-ES. Levantamento das principais etapas do processo de produção, procurando saber quais são as etapas a serem percorridas, a fim de facilitar as anotações. Os tempos foram levantados com o uso de um cronômetro de mão e passados para uma planilha, juntamente com o seqüenciamento do fluxo percorrido. Os dados obtidos são marcações de tempo referentes ao tempo de processo (x), tempo de setup (y) e tempo de movimentação (w). O estudo contemplou a elaboração de diagramas contendo a seqüência real das máquinas/etapas empregadas no processo. Durante a pesquisa notou-se a máquina “prensa” requeria um tempo bastante longo frente ao processo como um todo e assim, de maneira a evitar possíveis distorções, foram medidos dois tempos x de processo: com e sem o tempo de processo da prensa. O trabalho passou a uma segunda etapa, que foi dividida em duas fases distintas: elaboração de um questionário e sua respectiva validação, seguida de seleção de empresas para um aprofundamento no estudo do problema. Em seguida foram aplicados os questionários a 19 trabalhadores de maneira individualizada, realizado entre maio e junho de 2010. Foram exploradas questões sobre característica da função, hábitos, costumes e vícios, treinamento, equipamentos de proteção individual (EPI’s) e segurança das máquinas. Nenhum trabalhador recusou-se a responder o questionário. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos mostraram que a empresa A (Alizar) e a empresa B (Prato de Prensa e Armário) tiveram maiores percentuais relacionados ao tempo de setup (y), representando 42,85% de todos y(%) empregues. Neste tempo está incluso ajustes de máquinas, medidas e marcações do material envolvido, pegar ferramentas utilizadas, limpeza de máquinas, afiação de lâminas de corte e análise de projetos. Deve-se ressaltar que processos produtivos com altos porcentuais de tempos de ajuste em relação ao tempo de execução de seu processo produtivo, resultam em perda de flexibilidade ou aumento de custos, bem como perdas significativas de produtividade. Como descreve a literatura na área de gestão de operações este é um dos grandes desperdícios e que deve ser seguidamente combatido, de maneira a reduzir os tempos de passagem de um produto. (CORREA e CORREA, 2006); (HEIZER e RENDER, 2001). De acordo com os resultados, a maioria dos trabalhadores mostra que têm limitações técnicas, o que explica, em parte, os acidentes identificados como consequência do despreparo na execução de determinada tarefa de maneira correta. Como visto no presente estudo, a maioria das marcenarias são de origem familiar, as máquinas antigas, o excesso de barulho, o pó da serragem e os cavacos, podem causar problemas respiratórios, de vista, de audição e sem contar as amputações. Isto tudo ainda é agravado pelos trabalhadores não possuírem um treinamento adequado. 4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS O trabalho permite concluir que em relação aos tempos de processo, setup e movimentação, alguns fatores aparentam influenciar seus resultados, como o layout desorganizado das marcenarias, falta de cursos de capacitação profissional dos trabalhadores, falta de estímulo dos mesmos, máquinas em condições precárias de utilização, falta de tecnologia empregada ao setor, pouco pessoal para vasta gama de pedidos, falta de seqüência lógica nas etapas empregadas, entre outros, o que torna tais marcenarias pouco produtivas e conseqüentemente pouco competitivas, limitando sua capacidade de crescimento. Finalmente, outro fato percebido no estudo é que processos mal administrados podem tornar a atividade perigosa para os funcionários e lenta em relação ao atendimento de prazos, bem como custos adicionais desnecessários. A falta de treinamento dos trabalhadores e de conscientização dos marceneiros e proprietários a respeito da segurança do indivíduo e do local de trabalho são os primeiros problemas a serem eliminados, para que se possa aproximar produtividade e bem-estar do trabalhador, e com isso melhorando ambas as partes, trabalhador e empregador. O estudo, inicialmente foi realizado nos municípios de Jerônimo Monteiro-ES e AlegreES, havendo a pretensão de dar continuidade ao mesmo, com a análise da APL (Arranjo Produtivo Local) moveleira existente no município de Linhares – ES, incluindo comparações dos índices existentes entre esta região em que a especialidade é maior no processamento da madeira em relação à primeira onde tal conhecimento é menor. 5. BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Cristina R.; SALGADO, José Carlos. Perfil dos trabalhadores que sofreram amputações no trabalho. Boletim Epidemiológico: Secretaria da Saúde do Estado do Paraná, ano V, n. 16, inverno, 2002. CÔRREA, Henrique L. e CÔRREA, Carlos A. Administração da produção e de operações.n 2ª. ed., São Paulo: Atlas, 2006 GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. Contrato de competitividade das indústrias de móveis seriados do Espírito Santo: 2.1. Vitória: Secretaria de Estado do Desenvolvimento, 2008. Disponível em: . Acesso em: 22 maio 2009. GORINI, A. P. F. Panorama do setor moveleiro no Brasil, com ênfase na competitividade externa a partir do desenvolvimento da cadeia industrial de produtos sólidos de madeira. Brasília: BNDES, 1998. 47 p. HEIZER, Jay e RENDER, Barry. Administração de operações. 5ª ed., Rio de Janeiro: LTC, 2001.