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Produção Mais Limpa Na Construção Civil

O presente trabalho trata da prática de produção mais limpa na construção civil, abordando 04 materiais/recursos utilizados na mesma: concreto, madeira, energia e água.

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PML – PRODUÇÃO MAIS LIMPA Recife – 2011 Universidade de Pernambuco Escola Politécnica de Pernambuco Estudo de Caso: Construção Civil Hospital Pelópidas Silveira Trabalho acadêmico solititado pelo Professor Claudio Levi Freitas Pereira, referente à disciplina Engenharia Ambiental, Turma UG e apresentado pelos alunos: 1. 2. 3. 4. Recife - 2011 Álisson Caetano Silva; Fábia Andrade; Felipe Barbosa; Rodrigo Arlégo. Sumário 1. 2. 3. 4. Introdução O que é desenvolvimento sustentável? Construção civil como sistema. PML - Produção mais limpa. 4.1 Conceito 4.2 Benefícios 4.3 Níveis 4.4 Etapas de Implantação 5. Balanço de Entradas e Saídas 6. Avaliação do Balanço e Identificação de Oportunidades 6.1 Concreto 6.1.1 Conceitos iniciais 6.1.2 Propostas de redução de resíduos A) Desmoldantes em formas B) Aditivo estabilizador C) Adesão aos pré-moldados D) Preenchimento de contrapiso E) Blocos de vedação 6.2 Água 6.2.1 Maiores Consumidores 6.2.2 Oportunidades de PML A)Reaproveitamento de Águas Pluviais B) Reaproveitamento de Águas Cinzas C) Novas tecnologias 6.3 Madeira 6.3.1 Estimativas de Resíduos 6.3.2 Propostas de Minimização A)Projeto e Especificação de Madeira B) Reaproveitamento da Madeira C) Reciclagem Externa D) Tratamento Preservativo E) Madeirite 6.4 Energia 6.4.1 Solução a fim de minimizar o consumo A)Ecodesign B) Gerador elétrico C) Placas Fotovoltaicas 7. Conclusão 8. Bibliografia 1. Introdução Este trabalho tem o objetivo de estudar os resíduos provenientes da construção civil, tomando como base a construção do Hospital Pelópidas Silveira localizado na BR 232, Recife, PE. Será mostrado adiante, os impactos provocados pelo setor construtivo e as estratégias que devem ser tomadas afim de minimizá-los. Essas estratégias fazem parte da Prática de Produção Mais Limpa(PML), seguindo assim o princípio de desenvolvimento sustentável. 2. Desenvolvimento Sustentável Conceito que surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Portanto, desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos no futuro. 3. Construção Civil Como Sistema Um sistema é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado, aberto a transformações e em constante interação com o meio externo. A construção civil, sendo um sistema, transforma-se a cada dia, conforme aparecem novas tecnologias, e interage com o meio, adquirindo materiais como entradas e eliminando resíduos como saídas. Com elevados índices de resíduos e um péssimo reaproveitamento dos materiais, a construção civil tem se tornado a campeã em produção de lixo nas grande cidades, superando até a produção de lixo domestico. Hoje, a Sustentabilidade é o grande desafio da construção civil. 4. PML – Produção Mais Limpa 4.1 Conceito Trata-se de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica aplicada, continuamente, e integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo. 4.2 Benefícios Considerando que a PML foca-se na minimização de resíduos na fonte, os benefícios decorrentes dessa prática são a redução de custos de produção, devido à utilização eficiente das matérias primas e da energia, bem como custos de tratamento. Prevenir é mais barato que tratar. Essa prevenção melhora a imagem ambiental da empresa, tornando-a mais competitiva e atrativa para investimentos. Adotando-se essa prática, a empresa passa a ter maior facilidade em cumprir as novas leis e regulamentos ambientais, o que implica em um novo segmento de mercado. Além disso, o benefício ambiental é de suma importância para as comunidades local e global. Enfim, a PML combina benefícios econômicos, ambientais e sociais, ou seja, princípios básicos de qualquer organização que deseje promover o desenvolvimento sustentável. 4.3 Níveis A avaliação da PML consiste em descrever os problemas encontrados, as oportunidades de minimização de resíduos, a estratégia ou ação a ser implementada, bem como as barreiras e necessidades para efetiva aplicação. O CNTL propõe que a priorização das oportunidades esteja fundamentada na escala de prioridades para prevenção de resíduos, ou seja, os níveis de aplicação da P+L, demonstrados na figura abaixo. Desta forma, deve-se evoluir do nível 1 para os demais níveis, pois os mesmos representam o quão preventivo é a ação a ser implementada. 4.4 Etapas de Implantação Para que o estudo de PML tenha efeito sobre qualquer caso estudado, é necessário que haja discussões entre a diretoria da empresa e os trabalhadores quanto às oportunidades de PML, fazendo também o levantamento de custo-benefício para identificar quais serão priorizadas. Além disso, faz-se necessário antecipar futuros problemas, elaborando serviços de suporte e/ou mecanismos de realimentação do banco de dados da empresa para correção de erros ou atualização de tecnologias. Após isso, apresentar indicadores favoráveis é um procedimento adequado para continuidade da prática de PML. Conforme o CNTL, todas as fases da implantação da P+L devem ser realizadas com o total envolvimento da empresa a fim de garantir a introdução e assimilação do conceito de produção mais limpa. São elas: Pré-avaliação; Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa; Balanço de entradas e saídas; Avaliação do balanço e identificação de oportunidades de PmaisL; Priorização das oportunidades identificadas na avaliação; Elaboração do estudo de viabilidade econômica das prioridades; Estabelecimento de um plano de continuidade. 5. Balanço de Entradas e Saídas O CNTL recomenda que o balanço ambiental deve ser “alimentado” com os dados obtidos no diagnóstico ambiental e de processos, principalmente os que dizem respeito às entradas e saídas do processo produtivo. Utiliza-se os fluxogramas simplificados realizados na etapa de pré-avaliação de forma combinada com os dados obtidos no diagnóstico. Desta forma, elabora-se o balanço ambiental através da construção de fluxogramas de processo (entrada e saída). Entradas Saídas Concreto Madeira PVC Gesso Papel Ferro Energia Água Limpa EPI’s Material Orgânico Material Tóxico Blocos Cerâmicos Outros Água Suja Energia Entulho (Restos de Concreto, Ferro, Madeira, Gesso, PVC) Material Orgânico Material Tóxico EPI’s Usados Outros Processo Construção Civil Hospital Pelópidas Silveira 6. Avaliação do Balanço e Identificação de Oportunidades O balanço de entradas e saídas deve identificar os pontos críticos da geração dos resíduos, bem como as informações sobre a sua causa. A partir dessa avaliação, pode-se propor soluções para a minimização de saídas, aplicando-se os níveis de produção mais limpa, antes citados. 6.1 Concreto 6.1.1 Conceitos Iniciais O concreto é o material mais utilizado pela civilização moderna, só perdendo em volume para a água. Um artigo publicado em 1964 pela revista “Scientic American” estimava a produção mundial de concreto da ordem de 3 bilhões de toneladas, ou seja, 1 tonelada por ser humano vivo. Em 1997, a estimativa da quantidade de concreto produzida pela humanidade era da ordem de 15,6 bilhões de toneladas. Daí percebe-se a importância desse material para a civilização moderna. No entanto, segundo um estudo da USP elaborado pelo professor Dr. Sérgio Eduardo Zordan no início dos anos 2000, o concreto é responsável por cerca de 21,2% do total de fração mineral de entulho. Esta fração mineral é representada por 75% até 90% do total de entulho no Brasil, segundo a pesquisadora Carina Ulsen, também da USP. Sabendo que o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) estimou em 70 milhões de toneladas o total de entulho gerado no Brasil, pode-se chegar à estimativa de volume de resíduos de concreto no país. Valores Absolutos Total de Entulho Fração Mineral de Produzido no Entulho (75% - 90%) Brasil no ano 2008 70 milhões de Ton 57,75 milhões de ton Fração de Concreto por Fração Mineral de Entulho (21,2%) 12,243 milhões de ton Considerando a população brasileira com 200 milhões de habitantes, a fração entre concreto desperdiçado e concreto produzido no país é, aproximadamente, 2,74%. Essa fração é aparentemente baixa, mas levando em consideração seu valor absoluto correspondente, que é da ordem de 12,243 milhões de toneladas, o estudo de PML é uma prática a se adotar. 6.1.2 Propostas de Redução de Resíduos. A) Desmoldantes em Formas Os desmoldantes são produtos químicos industrializados que atuam totalmente por fenômeno físico, impedindo a aderência do concreto nas fôrmas de preparação de pilares, vigas, etc. O uso de desmoldantes é uma constante nas construções civis, pois garante superfícies de concreto mais limpas, sem interrupções. No entanto, o incorreto manuseio do material, ou seja, a incorreta aplicação do mesmo, leva ao desperdício do concreto, além de diminuir o tempo útil de vida das fôrmas. As ferramentas mais utilizadas para a aplicação do desmoldante são trincha, estopa, pincel ou pulverizador. Cada uma dessas ferramentas são específicas para cada tipo de desmoldante. Por exemplo, os mais viscosos devem ser aplicados com trincha, estopa ou pincel, devido ao maior cuidado na aplicação para cobrir toda a superfície, uniformemente. Já o pulverizador, poderá ser utilizado para aplicar desmoldantes mais líquidos, de fácil manuseio, para obtenção de bom rendimento. Por isso, é importante os operários passarem por um treinamento para aplicação do produto. Além disso, deve existir um monitoramento por parte dos estagiários, mestre de obras, técnicos ou do próprio engenheiro quanto à correta aplicação do material. Afinal, os responsáveis pela obra são conscientes da importância dessa correta manipulação, faltando por vezes à política das boas práticas. Como foi dito anteriormente, a sensibilização dos funcionários e o comprometimento com as questões ambientais devem começar pelos responsáveis da obra. Supondo que essas práticas já estão sendo satisfeitas, outra oportunidade de produção mais limpa seria que, ao invés da aplicação de desmoldantes a base de óleo mineral, fossem aplicados o mesmo produto, mas a base de óleo vegetal (os desmoldantes biodegradáveis de alto desempenho). Esses materiais atendem as mais rigorosas exigências de controle ambiental e saúde ocupacional. Sendo a base de óleo vegetal, são biodegradáveis, não tóxicos e não inflamáveis, confere acabamento excepcional devida a sua ação anti-bolhas, diminui ou até elimina o retrabalho, possibilitando o aumento da capacidade de produção. A economia dessa substituição de matéria-prima está na possibilidade de se fazer 200m2 com 1 litro de desmoldante biodegradável de alto desempenho já diluído em água, ao invés de 100m2 com 1 litro de desmoldante a base de óleo mineral também já diluído em água. A proporção de diluição para o primeiro é de 1:8 até 1:10, enquanto para o segundo é de 1:3 até 1:5 litro de desmoldante por litro de água. B) Aditivo Estabilizador Uma pesquisa, desenvolvida no âmbito da UFSC, comprovou a viabilidade e a eficiência do emprego de AEH (aditivo estabilizador de hidratação do cimento). Trata-se de um produto químico que atua sobre as moléculas de cimento, bloqueando a reação com a água, mantendo sua estabilidade por longo período. Elimina-se assim um dos inconvenientes do concreto, que é a sua rápida velocidade de endurecimento, motivo principal de descarte do mesmo. O período de estabilização é determinado pela quantidade de produto adicionado ao peso do cimento do concreto ou argamassa, que pode chegar a 72 horas. Num estudo realizado pela UNICAMP, comparou-se amostras de material sem o aditivo e com o mesmo nas variações de 0.1%, 0.2% e 0.3%. Os tempos de pega, que é o intervalo de tempo que o concreto precisa para endurecer, praticamente, não variou. A diferença entre as amostras constava no tempo de ínicio de pega, o que viabilizou tal prática, reduzindo os resíduos antes descartados por rápido endurecimento. Outra diferença entre as amostras era quanto à resistência. As que continham os aditivos possuíam resistência inferior a amostra virgem. Apesar disso, tal desvantagem poderia ser facilmente compensada pela redução de água do traço, devido a sua ação plastificante. A economia de água também era realizada no momento de lavagem das betoneiras. Como o concreto demora mais para iniciar o tempo de pega, a retirada dos resíduos era feita mais facilmente e com menos água. O custo do aditivo compensaria os eventuais custos de concreto e água desperdiçados, além de minimizar, consideravelmente, os resíduos. C) Adesão aos Pré-Moldados Comparado aos métodos de construção tradicionais, os sistemas pré-fabricados, como método construtivo é uma forma industrializada de construção com muitas vantagens, desde que atendidas algumas condições iniciais. A pré-fabricação possui um maior potencial econômico, desempenho estrutural e durabilidade do que as construções moldadas no local, por causa do uso altamente potencializado e otimizado dos materiais. Essa otimização dos materiais no processo de fabricação de pré-moldados evita a geração de resíduos provenientes do concreto, antes presente na obra. Segundo a Revista Téchne, a indústria de pré-moldados na Europa vem dando exemplo: reduziu o consumo de materiais em 45%, o uso de energia em 30% e a geração de resíduos em 40%. O tempo de instalação também é favorável: menos da metade do tempo que se precisava para elaboração no local. Além de estruturas mais resistentes ao fogo e pesos adicionais, devido a aditivos e adições empregados para conseguir os desempenhos mecânicos específicos para cada classe de concreto. Isso é possível, pois são feitos sob medida. No entanto, a adesão ao uso de pré-moldados só deve ser feita quando o número de elementos estruturais semelhantes for superior a um dado valor limítrofe, que viabiliza o processo industrial. Antes desse valor, a produção de elementos de concreto no local ainda é vantajosa. Observe os gráficos abaixo: Gráfico : Viabilidade de Pré-moldados. Por isso, ainda é comum encontrar obras que fazem uso da manufatura ao invés da indústria, gerando altos índices de resíduos de concreto, como já mencionados, anteriormente. D) Reaproveitamento de Material Até o momento foi visto que o uso de desmoldantes e a adesão aos pré-moldados são oportunidades de produção mais limpa, mas que ainda assim, podem gerar resíduos de concreto. Nesse caso, uma oportunidade de PML seria o reaproveitamento de material para preenchimento de contrapiso. Na execução do contrapiso, numa primeira camada de aproximadamente 5,0 cm, pode ser utilizado entulho (restos de blocos quebrados em pedaços pequenos) que deve ser compactado com soquete pesado. Essa camada de resíduo de concreto deve ficar bem adensada e nivelada, o que garante maior aproveitamento de resíduo de material. O custo é, praticamente zero, se não for levado em conta o gasto com energia para triturá-lo, e o retorno ambiental é imenso, pois diminui o descarte de concreto endurecido. E) Blocos de Vedação Outra oportunidade de PML seria a reciclagem externa desse material endurecido para a confecção de blocos de vedação. Esses blocos destinam-se, unicamente, ao fechamento de vãos de prédios. Com a reciclagem de concretos é possível obter agregados com características bastante semelhantes ao produto original, a partir de matérias-primas com custo muito baixo. A contribuição para o meio ambiente também é grande, já que se deixa de extrair o montante da natureza para reaproveitar o que já não se teria utilidade. A reciclagem começa com a trituração do entulho, que consiste basicamente de concreto, placas de gesso, rebocos de argamassa, tijolos e blocos cerâmicos que foram selecionados. Esse material já triturado é misturado ao cimento, gesso e água, na seguinte proporção: *Água suficiente para fazer a liga. Observe que não há aproveitamento só de concreto, mas de outros materiais, compreendendo cerca de 60% do produto final. Considerando pelo aspecto comercial, o tijolo é 3% mais barato que o bloco. Porém, analisando o aspecto área preenchida, o tijolo, devido ao seu tamanho inferior, custa 25% a mais que o bloco ao término da obra. Este último também se torna vantajoso por acelerar o levantamento das paredes e por possuir um melhor alinhamento das mesmas. 6.2 Água 6.2.1 Maiores Consumidores A água é o elemento mais importante para a manutenção da vida na terra, ela ocupa cerca 71% da superfície do planeta,mas desse total apenas 0,63% é água doce, e grande parte dela está imprópria para o consumo. É amplamente divulgado o aumento da escassez da água em todo o mundo. Já não são mais aceitas as afirmativas de que a água é um recurso infinito, e se não for feito nada esse bem tão precioso tenderá a acabar. Será abordado nesse trabalho alguns métodos que ajudam na economia de água, reduzindo seu uso apenas ao necessário ou reaproveitando-a sempre que possível. O gráfico abaixo mostra quais são os maiores consumidores de água numa residência brasileira, e é justamente nestes que este trabalho será focado, são eles: vasos sanitários, chuveiros e torneiras, que juntos somam 66% do consumo de água. Vale lembrar que este trabalho foca-se em construção civil, mas que todos os métodos vistos aqui servem (após algumas adaptações) para o canteiro de obra, e para a obra propriamente dita (em fase de uso) independente do projeto inicial. 6.2.2 Oportunidades de PML A) Reaproveitamento de Água da Chuva O funcionamento básico do projeto de aproveitamento de água pluviais assenta-se sobre o grau de atendimento das demandas de água não potável frente à oferta de precipitação pluvial a ser aproveitada. A quantidade de água pluvial aproveitada é diretamente proporcional à área de captação. A aplicação de sistemas de aproveitamento de água pluvial deve passar por avaliação econômico-financeira. Não raramente sistemas de aproveitamento levam a longos períodos de retorno financeiro (retorno financeiro em torno de dois anos, podendo variar de caso para caso). Três grandes vantagens são freqüentemente associadas ao aproveitamento da água da chuva em edifícios: diminui a demanda de água potável; diminui as despesas; diminui o pico de inundações quando aplicada em larga escala, de forma planejada, em uma bacia hidrográfica. O sistema de aproveitamento de água pluvial é formado pelos seguintes subsistemas ou componentes: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Captação; Condução; Tratamento; Armazenamento; Tubulações sob pressão; Sistema automático ou manual de comando; 7. Utilização; Em verde: água pluvial; Em azul: água potável da companhia responsável (Compesa). É importante ressaltar que apesar de tratada, essa água é indevida para ingestão e para banho, tendo que ter um outro sistema de água para suprir essas necessidades. *Cálculo de economia Considerando o uso médio de água por pessoa de 150 a 200 litros por dia numa residência e o preço do m3 estabelecido pela Compesa expresso abaixo, pode-se estimar o consumo de Consumo Ate 10m³ Preço R$ 24,52 por unidade 11m³ a 20m³ R$ 2,81 por m³ 21m³ a 30m² R$ 3,35 por m³ Fonte: Padrão COMPESA, Recife-PE uma família de 4 pessoas em 18000 a 24000 litros de água por mês (30 dias). Isso equivale a um custo mensal em torno de R$ 47,00 a R$ 66,02. Sabendo que a economia feita pela captação de águas pluviais é cerca de 66%, o custo reduz-se a R$ 24,52. B) Reaproveitamento de Águas Cinzas A reciclagem de águas cinzas consiste no reaproveitamento da água do banho, chuveiro, pia de cozinha e lavatórios mediante um sistema de sedimentação e filtragem com posterior canalização para uso doméstico ou industrial. Essa água já sedimentada não é potável, mas pode ser usada em algumas atividades para os quais não é imprescindível o uso de água totalmente limpa, tais como lava-roupa, rego de jardins, descargas de vaso sanitário, lavagem de carros e calçadas, entre outros. Desta maneira, é possível obter uma poupança diária de até 35% de água potável (varia de caso para caso), que indiretamente reduzirá custos. A implantação desses sistemas, no entanto, não é simples e implica acréscimos de custo significativos à obra. A especificação de componentes como reservatórios, sistemas de tratamento e redes de distribuição exclusivas exige projetos criteriosos que devem ser acompanhados por engenheiros especializados, além de mão-de-obra capacitada para fazer a correta manutenção dos equipamentos. Ainda que as perspectivas de retorno do investimento sejam animadoras esses fatores associados têm contribuído para limitar seu uso. Vale lembrar que os custos dos sistemas variam de acordo com a finalidade e, conseqüentemente, com o grau de potabilidade da água a ser usada. Para saber a viabilidade técnica e economicamente para o uso de fontes alternativas de água – sejam pluviais, de drenagem, cinzas ou negras – deverá ser detalhado ainda na etapa de estudo preliminar já que um dos pontos principais para o sucesso da execução é a instalação de sistemas de reserva e distribuição independentes da rede de água potável, ou seja, alem da instalação do sistema de reaproveitamento de água, também deve se instalar a rede de água que é alimentada pela companhia de água (COMPESA). Entre as variáveis a serem analisadas em projeto estão o uso da água, tecnologia envolvida, parâmetros de custos operacionais atrelados à energia consumida e aos produtos aplicados no tratamento da água, entre outros. C) Novas Tecnologias Uma maneira de evitar o desperdício de água é a adesão a tecnologias inovadoras que, com pequenas mudanças, conseguem racionar água num percentual considerado. Dentre as tecnologias mais conhecidas, tem-se: vaso sanitário com duas vazões; torneiras e chuveiros reguladores de vazão. Vaso sanitário com duas vazões Os vasos sanitários com descarga a válvula possuem uma vazão estimada em 1,9 litros por segundo, enquanto vasos com caixa acoplada simples têm vazão de, aproximadamente, 0,15 litros por segundo. Essa diferença corresponde a 93% na vazão e uma economia de água entre 50% e 60%, considerando o gasto num vaso de válvula entre 10 e 14 litros por descarga e num vaso com caixa acoplada simples, 6 litros por descarga. Além dessa tecnologia, há vasos sanitários com sistema de descarga dual flush. Estes têm uma economia ainda maior de água, pois apresentam um sistema de duas teclas, que ao serem acionadas, despejam diferentes volumes de água. Para limpeza parcial (líquidos), o gasto é de 3 litros por descarga, e para limpeza total (sólidos), o gasto é de 6 litros. Torneiras Reguladoras As torneiras proporcionam as mais variadas utilizações da água, desde a ingestão humana até a lavagem de pisos. O consumo de água na torneira é proporcional à vazão de escoamento e ao tempo de utilização pelo usuário. Na maioria dos edifícios, públicos, comerciais e ate mesmo residenciais, observa-se que o consumo hídrico das torneiras está concentrado nos lavatórios. Visando reduzir o desperdício de água através das torneiras convencionais, os estabelecimentos comerciais e industriais costumam utilizar a torneira hidromecânica e/ou torneiras com sensores de presença. A primeira adota dispositivos mecânicos que liberam o fluxo de água apenas durante um determinado período de tempo. Geralmente 1 litro por acionamento. Já a segunda,possui sensores infravermelhos que detectam a presença de mãos e liberam o fluxo de água para uso. Geralmente consomem 0,7 litros por utilização. Chuveiro Regulador Cinco minutos. É o tempo recomendado pela empresa de abastecimento de água de São Paulo para evitar desperdício. Um banho de ducha de 15 minutos consome 243 litros de água. Essa quantidade é maior que a quantidade que a pessoa deveria consumir para todas as atividades do dia, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para reduzir esses gastos chuveiros convencionais estão sendo substituídos por modelos econômicos, ou acrescentados de reguladores de vazão. Esses reguladores limitam a quantidade de água dos chuveiros, gerando uma economia de até 35%. 6.3 Madeira 6.3.1 Estimativas de Resíduos A implantação de medidas visando o uso racional e sustentado da madeira deve considerar desde a minoração dos impactos ambientais da exploração florestal, passando pelas medidas para diminuição de geração de resíduos e reciclagem dos mesmos, até a ampliação do ciclo de vida do material pela escolha correta do tipo de madeira. O estudo de produção mais limpa com a madeira será focado nos seguintes tipos: construção civil pesada interna e construção civil externa e leve interna estrutural. A construção civil pesada interna engloba as peças usadas na fôrma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura. Já a madeira de construção civil leve externa e leve interna estrutural reúne as peças para tábuas e pontaletes. Ambos empregados em usos temporários (andaimes, escoramento e fôrmas para concreto). Analisando a figura ao lado, observa-se um maior uso em coberturas. No entanto, existe um maior desperdício de madeira com fôrmas para concreto e escoramentos, tendo em análise o caso estudado – Hospital Pelópidas Silveira. 6.3.2 Propostas de Minimização de Resíduos A) Projetos e Especificação da Madeira Os cortes para execução dos encaixes são uma das causas do desperdício da madeira. Neste sentido, percebeu-se que a incidência de cortes pode ser minimizada através de um detalhamento do projeto de madeiramento. Este detalhamento pode vir a ajudar o planejamento de cortes na medida em que as peças compradas são dimensionadas para otimizar seu uso. É semelhante ao que acontece com os pré-moldados, sem a necessidade de número elevado de elementos semelhantes. A aquisição da madeira também é aplicável às boas práticas quando é obtida somente de empresas que possam comprovar a origem da mesma através de um plano de manejo aprovado pelo IBAMA, com a apresentação de nota fiscal e Documento de Origem Florestal – DOF. B) Reaproveitamento de Madeira Ao verificar a possibilidade do reuso das peças dentro da mesma obra, os custos de novos pedidos de madeira poderão ser dispensados, além de minimizar os resíduos. No hospital, os responsáveis costumavam utilizar a madeira que já não servia como fôrma, como passarela entre áreas lamacentas. Além disso, sugere-se o reaproveitamento das madeiras para fins de utilização no projeto paisagístico. O custo é zero, trazendo inclusive redução do mesmo para a empresa, e o meio ambiente não sofrerá com os impactos dos restos de madeira. C) Reciclagem Externa Uma prática adotada no hospital era a venda da madeira para terceiros. Estes utilizavam para outros fins, como por exemplo: artesanato. Além disso, a coleta seletiva era realizada semanalmente. D) Tratamento Preservativo A busca de produtos preservativos e processos de tratamento de menor impacto ao meio ambiente é uma oportunidade de PML que confere à madeira maior durabilidade, pois aumenta a resistência aos agentes de deterioração. Aumentando a durabilidade, os resíduos serão, diretamente, minimizados. Entre os produtos aplicados a madeira, tem-se o desmoldante, já citado. Analisando pela madeira, o uso de desmoldante a base de óleo mineral é uma prática inadequada, pois inutiliza o material para reciclagem e dificulta a lavagem para a retirada do óleo, ou seja, o gasto com água e sabão serão superiores. O ideal é alterar essa tecnologia, aplicando o desmoldante biodegradável. Este não necessita ser retirado das fôrmas, pois o mesmo se desfará naturalmente, evitando gastos com energia e água. E) Madeirite Plastificado ou Resinado A madeira compensada é um tipo de madeira feita de finas placas entalhadas, também chamada de contraplacado ou madeirite, sendo muito utilizada para a fabricação de formas para concreto. Em comparação com a madeira propriamente dita, que dura em média 2 desformas, os madeirites plastificados ou resinados podem ser utilizados mais vezes – o resinado dura de 4 a 6 desformas enquanto o plastificado dura de 14 a 16 desformas. Por isso, uma oportunidade de PML seria a substituição da madeira convencional por algum dos madeirites. Entre os madeirites, a viabilidade econômica é maior nos plastificados, pois é possível obter um benefício de até 39% por desforma para uma forma. Além disso, o benefício ambiental também é considerado, já que reduz a geração de resíduos na fonte, evitando desperdícios. 6.4 Energia A energia é um bem visível apenas nos seus efeitos, mas altamente importante na nossa sociedade. Com a alta industrialização e o crescimento populacional o seu uso é cada vez mais intensificado, tendo também seu desperdício crescido em larga escala. Hoje, existem muitas pesquisas em relação às energias renováveis, como a solar e a eólica (ventos). Porém, seu elevado custo de implantação, inviabiliza seu uso em larga escala. Diante deste aspecto, outras oportunidades de PML podem ser aplicadas na construção civil para minimizar esse desperdício, tanto na obra quanto depois da obra. 6.4.1 Soluções a fim de minimizar o consumo de energia A) Ecodesign O Ecodesign seria o máximo aproveitamento da iluminação natural através de janelas e portas, proporcionando um menor consumo de energia elétrica. Sua aplicação deve ser estudada ainda no desenvolvimento do projeto, possuindo implantação em indústrias, prédios públicos, comerciais e até mesmo residências. Sua economia chega até 60% de iluminação gasta durante o dia. B) Gerador Elétrico O uso de geradores não se torna vantajosa diante da energia fornecida pela Celpe. No entanto, existem os chamados horários de ponta, compreendido entre 17h e 22h. Nesse intervalo, são retiradas 3 horas para adição desta tarifa que supera o custo dos geradores. A tarifa é chamada de Horo-Sazonal, que ainda nos chamados meses secos – Dezembro a Abril -, ainda sofre um acréscimo. Uma oportunidade de PML seria a utilização de geradores nesse horário, conseguindo uma economia de até 37% ao mês. C)Placas Fotovoltaicas Como foi dito anteriormente, a implantação de placas fotovoltaicas é inviável para obras muito grandes, já que o retorno financeiro de uma placa é em média de três anos. Sabendo que um dos principais vilões do consumo de energia é o chuveiro elétrico, as placas disponibilizadas poderiam ser aplicadas para aquecimento de água, gerando um retorno financeiro mais rapidamente. 7. Conclusão Após esse estudo, pode-se concluir a importância da produção mais limpa para a minimização de resíduos gerados. É importante ter consciência que a responsabilidade ambiental é um problema a ser enfrentado pelo setor construtivo, sendo possível associar viabilidade econômica e ambiental, a fim de obtermos um desenvolvimento sustentável eficiente e capaz de garantir um futuro melhor. 8. Bibliografia • Percentual de Resíduos de Concreto http://www.emcondominios.com.br/materias_ver.php?act=ver_&cat=277 http://www.reciclagem.pcc.usp.br/entulho_ind_ccivil.htm • Desmoldantes http://www.homyquimica.com.br/produto.php?id_item=58&produto=Constru%E7%E3 o%20Civil http://www.denverimper.com.br/produtos.php?id=6 http://www.allquimica.com.br/interna.asp?p=61&ss=6 • Aditivo Estabilizador http://www.imperciabsb.com.br/netmanager/imagens/upload/REAPROVEITAMENTO %20DO%20CONCRETO.pdf • Blocos de Vedação http://www.fazfacil.com.br/reforma_construcao/paredes_blocos.html http://www.advancesincleanerproduction.net/second/files/sessoes/4a/2/R.%20M.%20A breu%20-%20Resumo%20Exp.pdf • Água http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/133/imprime77956.asp • Desenvolvimento Sustentável http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ • Revista Téchne • • • Revista Construção Mercado Celpe Compesa