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Processo De Industrialização Do Theobroma Cação L. - Revisão De Literatura

O cacau lembra chocolate. Sempre foi assim, desde os astecas, que em suas cerimônias religiosas incluíam o Chocolate. Além do chocolate, agora, do fruto do cacaueiro começa a se industrializar também o suco de cacau, a partir da extração da sua polpa. Com a polpa de cacau pode se fazer ainda geléias, destilados finos, fermentados (a exemplo do vinho e do vinagre) e xaropes para confeito, além de néctares, sorvetes, doces e uso para iogurtes. Existe mercado amplo e imediato, principalmente para o suco de cacau, tanto no...

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PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO Theobroma cacao L. - REVISÃO DE LITERATURA MARMONTEL, Caio Vinicius Ferreira. PALHARINI, Leonardo Augusto Simas. BARBOSA, Maurício de Castro Regiani. Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal da FAEF/ACEG – Garça – SP. E-mail: [email protected] NEVES, Mônica Bernardo. Docente do curso de Agronomia e Engenharia Florestal da FAEF/ACEG – Garça – SP. RESUMO O cacau lembra chocolate. Sempre foi assim, desde os astecas, que em suas cerimônias religiosas incluíam o Chocolate. Além do chocolate, agora, do fruto do cacaueiro começa a se industrializar também o suco de cacau, a partir da extração da sua polpa. Com a polpa de cacau pode se fazer ainda geléias, destilados finos, fermentados (a exemplo do vinho e do vinagre) e xaropes para confeito, além de néctares, sorvetes, doces e uso para iogurtes. Existe mercado amplo e imediato, principalmente para o suco de cacau, tanto no país como no exterior. A presente revisão literária tem como objetivo conhecer o processo de industrialização do cacau e seus derivados. Palavras-chave: alimentação, cacau, chocolate, espécie nativa, produto florestal não madeireiro. Tema Central: Engenharia Florestal. ABSTRACT Cocoa recalls chocolate. It was ever thus, from the Aztecs, who in their religious ceremonies included the Chocolate. Besides the chocolate, now, the fruit of the cacao tree starts to industrialize also juice cocoa, from the extraction of the pulp. With the pulp of cacao can still make jellies, fine spirits, fermented - like the wine and vinegar - and syrups for candy, and nectars, ice cream, candy and use for yogurt. There is broad market and immediate, especially for the juice of cocoa, both at home and abroad. This literature review aims to evaluate the industrialization process of cocoa and its derivatives. Keywords: food, cocoa, chocolate, species native, non-timber forest product. Central Theme: Engineering Forest. Ouvir Ler foneticamente   Dicionário - Ver dicionário detalhado 1. INTRODUÇÃO O Theobroma cacao é conhecido popularmente como cacaueiro, sendo originário de regiões de floresta pluviais da América Tropical, onde até hoje, é encontrado em estado silvestre, desde o Peru até o México. É uma árvore frágil, delicada, sensível a extremos climáticos, 5 a 10 metros de altura na maturidade, e os primeiros frutos podem ser colhidos mais ou menos 5 anos após a plantação, a árvore torna-se adulta aos 10 anos, e pode, em circunstâncias excepcionais, durar até os 50 anos de idade, as flores pequenas brotam nos galhos e no tronco da árvore e precisam de 5 a 7 anos para se transformarem em frutos maduros, o tamanho da fruta madura varia entre 15 a 30 centímetros de comprimento por 8 a 13 de largura e tem formato de um ovo, pesam entre 300 e 600g e cada fruto contém entre 20 a 50 sementes envolvidas numa polpa macia de cor branca, com cerca de 80% de umidade e 15% de monossacarídeos. É essencialmente produzida no Brasil, Nigéria, Indonésia e Malásia (LORENZI, 2002; CARVALHO, 2003; RODRIGUES et al., 2007). De acordo com Nagai (1997), apesar de o Brasil figurar desde o início do século XX entre os maiores produtores de cacau do mundo, a industrialização das amêndoas de cacau é mais recente, tendo se iniciado durante a II Guerra Mundial com a implantação das primeiras fábricas. O autor também aponta que o desenvolvimento dessa indústria, entretanto, foi lento, devido em grande parte às dificuldades técnico-financeiras, continuando o Brasil a ser apenas exportador de amêndoas de cacau. Somente no final da década de 70 e início da década de 80, durante a fase de altos preços internacionais do cacau e seus derivados e dos incentivos do governo brasileiro às exportações de produtos industrializados, é que o parque processador de amêndoas recebeu investimentos maciços, tornando-se o Brasil um dos principais processadores de derivados de cacau no mundo e mudando o perfil de exportador exclusivo de amêndoas para exportador de amêndoas e derivados de cacau (SILVA, 2000; GARCIA, 2003). Garcia (2003), também afirma que na década de 90, entretanto, as exportações brasileiras de derivados de cacau apresentaram um comportamento de declínio acentuado e sistemático, comportamento contrário ao que se observava no comércio internacional, onde o aumento da procura por cacau em pó e por licor e a estabilidade da demanda por manteiga de cacau refletiam fortemente no crescimento das exportações mundiais desses produtos. Em 1999, as exportações mundiais de derivados de cacau movimentaram US$ 2,1 bilhões (NAGAI, 1997; SILVA, 2000). A presente revisão literária teve como objetivo conhecer o processo de industrialização do cacau e seus respectivos produtos. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Processo de industrialização Existem vários processos que vão desde a colheita do cacau até a produção propriamente dita do chocolate, inicialmente começa pela colheita do cacau, que contem cerca de 80% de umidade e 15% de monossacarídeos, em seguida vai haver a sua quebra onde são separadas as sementes e a polpa, isto é feito manualmente, as sementes vão ser armazenadas em locais secos e frescos depois vão ser limpas e classificadas de acordo com a forma, germinação e respectivos defeitos (RODRIGUES, 2007). A fase seguinte é a fermentação onde o objetivo é livrar a semente de mucilagem e destruir o embrião para evitar a germinação da semente e também existe a evolução da temperatura, mudança de pH e redução de açúcares, e são mantidas em caixas de madeira durante 3 a 8 dias, onde a umidade está entre 50 – 60% (VENDRAMINI, 2005). Após a fermentação a próxima fase é a secagem ela ser realizada de forma natural ou artificial. No processo de secagem natural é feito ao sol e dura em média 10 dias, as sementes são mexidas regularmente para acelerar e otimizar o processo, evitando o aparecimento de fungos. Já a secagem artificial é feita em cilindros de rotação mecânica com temperatura em torno de 35-40oC por cerca de 40 horas, nesse tipo de secagem a qualidade do cacau obtido é menor do que com a secagem ao sol (RODRIGUES et. al., 2007). A quimiofermentação, fase que acontece após a secagem, ocorre a formação de aminoácidos e peptídeos, devido à ação das enzimas existentes nas sementes, isto contribui para o aroma e qualidade do cacau (NAGAI, 1997). A torração é um processo que demora até cento e vinte e cinco minutos e a temperatura varia entre os 120 – 150ºC, na torração deve haver agitação para que as sementes sejam torradas uniformemente, este processo depende de vários fatores: a origem, o tipo de semente, o período de colheita, os tratamentos anteriores à torração, umidade, o tamanho das sementes e nibs (fragmentos do embrião) e as características do sabor desejado (RODRIGUES et. al. 2007). De acordo com Vendramini (2005), durante esta etapa de aquecimento, ocorrem algumas mudanças importantes como a diminuição dos ácidos voláteis indesejáveis (como o ácido acético), a inativação das enzimas que podem degradar a massa de cacau, o desenvolvimento do aroma, a cor típica do chocolate e a perda de água. A ultima etapa do processo é a moagem, onde as sementes são levadas a um triturador, sendo o resultado deste processo a massa de cacau e a manteiga de cacau. Agora dá início a outra etapa, onde vai ocorrer a mistura de vários ingredientes, tais como a massa de cacau e manteiga de cacau (mas em proporções diferentes) proveniente da moagem, é adicionado também açúcar, leite em pó, emulsionantes e gordura (RODRIGUES et. al. 2007) A refinação é a parte do processo onde a mistura vai ser esmagada em cilindros e peneirada, transformando-a em partículas de pequena dimensão de 15 a 20 microns. Em seguida temos a fase de conching em que o objetivo é diminuir a concentração de ácido pode ser efetuada de forma úmida ou de forma seca. Na forma úmida é adicionada a manteiga total desde o início do processo, é um processo lento e a umidade final é aproximadamente de 0,6%; enquanto que na forma seca só é adicionada uma parte da manteiga de cacau que é produzida ao longo da moagem e a umidade final do produto é cerca dura de 0,15%. Em ambas o processo entre 12 – 96 horas (VENDRAMINI, 2005; RODRIGUES, 2007). Silva (2000) afirma que após a fase de conching o chocolate é bombeado para tanques térmicos de mistura onde são adicionados os aditivos permitidos pela legislação (aromatizantes naturais ou artificiais, antioxidantes, conservantes) e outros ingredientes (amêndoas, avelã, nozes, castanhas, passas, rum, frutas, minerais, fibras). No tanque pulmão, o chocolate fica a arejar até posterior moldagem, a seguir temos a "temperagem" é um processo de controlo de temperatura da massa de cacau – aquecendo e arrefecendo de uma forma uniforme (controlo sob agitação) até à temperatura de cristalização. São utilizadas mesas vibratórias para retirar bolhas de ar (VENDRAMINI, 2005). Rodrigues et al. (2007), aponta que o processo seguinte é o enchimento, aqui o chocolate é colocado em moldes passando posteriormente por um túnel de refrigeração, com uma temperatura que varia entre 10 – 12ºC. Na saída do túnel o chocolate é facilmente retirado dos seus moldes, em tabletes ou outras formas, faltando só embalar e armazenar. Posterior, é realizada a embalagem, sendo esta precedida da refrigeração das respectivas embalagens do chocolate. Silva (2000) alerta que como nos adverte as embalagens do chocolate, este deve manter-se sempre num local fresco e seco. 2.2 Tipos de chocolate Vendramini (2005); Rodrigues (2007) apontam que existem vários tipos de chocolate, sendo estes resultantes de alterações a nível de composição. Dos diferentes tipos de chocolate, destacam-se os seguintes: Chocolate ao Leite – É um Chocolate constituído pela mistura de manteiga de Cacau, massa de Cacau, açúcar e leite em pó (568Kcal/100g); Chocolate Amargo – Chocolate feito com massa de Cacau e manteiga de Cacau. Destaca-se pela cor escura e sabor amargo, devido ao pouco refinamento do Chocolate e ao reduzido açúcar; Chocolate Branco – Caracteriza-se pela sua cor branca, composto por manteiga de Cacau, açúcar e leite (549Kcal/100g). 2.3 Outros produtos O cacaueiro sempre foi cultivado para dele aproveitar-se apenas as sementes de seus frutos, que são a matéria-prima da indústria chocolateira. As sementes secas representam no máximo 10% do peso do fruto do cacaueiro. Apenas recentemente é que os 90% restantes começaram a despertar o interesse dos produtores, a partir de alguns estudos desenvolvidos. Uma tonelada de cacau seco, por exemplo, representa 400 a 425 Kg de polpa integral (GARCIA, 2003). A casca do fruto do cacaueiro, também pode ter aproveitamento econômico, conforme atestam pesquisas, ela serve para alimentar bovino, tanto in natura como na forma de farinha de casca seca ou de silagem, como também para suínos, aves e até peixes (BISPO, 1999). A casca do fruto do cacaueiro pode ainda ser utilizada na produção de biogás e biofertilizante, no processo de compostagem ou vermicompostagem, na obtenção de proteína microbiana ou unicelular, na produção de álcool e na extração de pectina. Uma tonelada de cacau seco produz 8 toneladas de casca fresca (GARCIA e LUCCAS, 2000). O suco de cacau possui sabor bem característico, considerado exótico e muito agradável ao paladar, assemelhando-se ao suco de outras frutas tropicais, como o bacuri, cupuaçu, graviola, acerola e taperebá. É fibroso e rico em açúcares (glicose, frutose e sacarose) e também em pectina. Em termos de proteína e de algumas vitaminas, é equivalente aos sucos de acerola, goiaba e umbu. Algumas das substâncias que compõem o suco de cacau lhe conferem uma alta viscosidade e aspecto pastoso (BISPO, 1999). 3. CONCLUSÕES Concluí-se que o cacau é importante na produção de muitos produtos, porque além do mais conhecido que é o chocolate, são produzidos outros tipos de produtos derivados do cacau, que são a manteiga de cacau, vinagre, cosméticos, geléias, sorvetes, destilados finos e muitos outros. Também é interessante e viável a exploração de outros produtos do cacau, dessa forma, aproveita-se todo o fruto e não só as sementes. Outro fato é que tal exploração valoriza o cultivo do cacau e gera outras opções de mercado podendo assim gerar até mais renda para os produtores de cacau. 4. REFÊRENCIAS BISPO, E. S. Processo de alcalinização dos "nibs" de cacau (Theobroma cacao L.) e avaliação da qualidade do pó. 1999. 197 p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. 1999. CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Empresa Brasileira de pesquisa agropecuária; EMBRAPA informação tecnológica, Colombo - PR 1039 p. 2003. GARCIA, A. E. B. O Brasil e as exportações mundiais de derivados de cacau. Informações econômicas, SP, vol.33, no7, julho, 2003. Disponível em Acesso em: 10 ago. 2010. GARCIA, A. E. B., LUCCAS, V. Inovação Tecnológica e Competitividade na Indústria de Chocolates, Balas e Confeitos. ITAL / CEREAL CHOCOTEC. Campinas, 2000. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, Plantarum, vol.1, p.118, 2002. NAGAI, S. Dinâmica concorrencial da cadeia de produção agro-industrial do chocolate cobertura: panorama atual e suas perspectivas futuras. 1997. 167 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. RODRIGUES, M.; MEDINA, C.; PRATAS, N.; OLIVEIRA S. Processamento do Cacau – Escola Superior Agrária Coimbra. 2007. Disponível em Acesso em 10 ago. 2010. SILVA, A. M. Paridade de preços do cacau na região sul da Bahia, 1975 a 2000. Ilhéus, BA: Universidade Estadual de Santa Cruz, 2001. 62 p. VENDRAMINI, Ana Luísa, Tecnologia dos Alimentos – Processamento de Cacau e Chocolate, 2005. Disponível em . Acesso em: 10 ago. 2010.