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SOCIEDADE EDUCACIONAL HERRERO
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
ASPECTOS EMOCIONAIS NA GESTAÇÃO; PARTO HUMANIZADO; MÃE CANGURU
CURITIBA
JUNHO, 2015
ASPECTOS EMOCIONAIS NA GESTAÇÃO; PARTO HUMANIZADO; MÃE CANGURU
Trabalho apresentado como requisito
parcial para obtenção de aprovação
na disciplina de Psicologia
aplicada a Enfermagem, no Curso de
Bacharelado em Enfermagem, na
Faculdade Herrero.
CURITIBA
JUNHO, 2015
SUMÁRIO
1 ASPECTOS EMOCIONAIS NA GESTAÇÃO 3
2 PARTO HUMANIZADO 4
2.1 HISTÓRICO DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL 5
2.2 CUIDADOS NO MOMENTO DO PARTO 5
2.2.1 Anestesia 5
2.2.2 Administração das dores e incômodos 6
2.2.3 Tempo do parto 6
2.2.4 Corte do períneo 6
2.2.5 Ambiente da sala de parto 7
2.2.6 Corte do cordão umbilical 7
2.3 CUIDADOS NO PÓS PARTO 7
3 MÃE CANGURU 8
3.1 VANTAGENS DO MÉTODO 8
3.2 OS 10 MÉTODOS DA MÃE CANGURU 9
3.3 CANGURU EM CASA 11
3.4 ATÉ QUANDO? 11
REFERÊNCIAS 12
1 ASPECTOS EMOCIONAIS NA GESTAÇÃO
As pessoas experimentam fortes emoções na gravidez, tanto positivas
como negativas. Especialmente na primeira vez que engravidam, o sentimento
de gerar uma nova vida pode ser emocionante e inspirador e completamente
diferente de qualquer outra coisa. Os pais muitas vezes dizem que leva um
tempo para acreditar. Sentir o bebê se mexendo ou ver imagens de
ultrassonografia pode mudar o sentimento das pessoas.
Várias pessoas disseram que descobrir o sexo do bebê ajudou na
ligação afetiva. Elas também afirmaram que o cansaço iria melhorar no
segundo trimestre e assim conseguiram desfrutar fisicamente da gravidez e
sentir o seu corpo mudar. Algumas pessoas disseram que se sentiam ainda
mais saudáveis do que o habitual, e seu cabelo e pele estavam em bom
estado.
As pessoas olhavam com grandes expectativas o fato de tornarem-se
pais, pois estavam tornando-se adultos responsáveis e a partir desse
momento precisam cuidar mais da sua própria segurança para o bem do bebê.
Ir em frente com uma gravidez quando você sabe que há algo muito
errado com a saúde do bebê pode ser muito difícil e emocional, mas até
nesses casos difíceis podemos encontrar mães que gostaram dessa experiência
e tinham fé que seu filho nasceria bem.
Juntamente com o prazer, ansiedade ou baixa auto-estima são comuns na
gravidez. As vezes isso pode ser uma pequena preocupação ou apenas uma
sensação temporária, mas em alguns casos pode ser grave. Algumas pessoas
sentem-se desconfortáveis com as mudanças em seu corpo e aparência, alguns
sentem-se doentes e tem muitas dores, principalmente nas costas.
Existe também a preocupação sobre como a vida vai mudar e a
necessidade de assumir a responsabilidade de outra pessoa, isso geralmente
ocorre na primeira gravidez, já na segunda, eles sentem-se mais calmos e
mais preparados e mesmo assim, em alguns casos, os pais acham difícil
imaginar como uma segunda criança se encaixaria na família.
2 PARTO HUMANIZADO
O parto humanizado, no Brasil, é uma nova forma de lidar com a
gestante respeitando sua natureza e sua vontade.
No parto humanizado a protagonista é a gestante e seu filho que está
para nascer. Tão importante quanto os procedimentos médicos também é a
atenção e cuidado com o delicado momento em que mãe e filho estão vivendo.
Uma diferença marcante dessa nova forma de parto são os procedimentos,
muitas vezes não necessários, de rotina usados nos hospitais como indução
do parto, corte do períneo (episiotomia), uso de anestesia, raspagem dos
pelos pubianos, parto cirúrgico (ou parto cesárea). Esses e outros
procedimento são utilizados apenas quando a gestante e seu cuidador
concordam na manobra a ser feita, isto é, a gestante participa ativamente
do processo.
Seu cuidador orienta-a e ajuda-a nos momentos necessários. O papel de
cuidador pode ser atuado pelo marido ou companheiro da gestante, doula e
outros profissionais da área médica. Além do acolhimento físico, seu
cuidador se preocupa e age ativamente no acolhimento emocional da gestante.
Antes, durante e após o parto a intervenção médica ocorre apenas
quando a situação exige e não por praticidade. Como cada ser humano é
único, com suas peculiaridades, o parto possui uma diversidade de situações
muito grande. É tarefa do cuidador estar preparado para todas essas
diversas possibilidades e agir conforme a gestante e o momento exigem. Por
isso, no parto humanizado não existe um procedimento específico ou normas
rígidas a serem adotadas.
Há uma confusão de idéias sobre esse novo conceito no Brasil.
Comumente os partos são encarados como procedimentos mecânicos ao invés de
existir um respeito à individualidade da gestante. Pessoas e até médicos
podem confundir erroneamente o termo parto humanizado como sinônimo de
parto sem anestesia, parto na banheira, parto em domicílio etc.
O parto humanizado não se limita apenas ao momento do nascimento do
bebê, mas sim a todo processo da gestação, do nascimento e do pós parto.
2.1 HISTÓRICO DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL
No Brasil existe há muitos anos uma crescente mobilização em favor da
humanização dos partos. Recentemente, essa luta teve um novo reforço a
partir do caso da mulher Adelir, que foi forçada a se submeter a uma
cirurgia cesárea contra a sua vontade. Em protesto, foi organizado
nacionalmente um conjunto de manifestações, chamado "Somos Todas Adelir".
Idealmente, no parto humanizado, os seguintes profissionais participam do
processo:
Doula
Obstetriz ou enfermeira obstetra
Médico Ginecologista Obstetra
Médico Anestesista
Médico Pediatra Neonatal
É comum se referir ao médico que adota o parto humanizado adicionando a
palavra humanizado ou fim de sua especialidade. Portanto uma médica
obstetra é chamada de médica obstetra humanizada.
2.2 CUIDADOS NO MOMENTO DO PARTO
2.2.1 Anestesia
Muitos partos humanizados não utilizam anestesia, por isso a gestante
se conscientiza das possíveis dores e suas conseqüências que poderão surgir
na hora do parto.
Num parto comum hospitalar, a parturiente recebe um hormônio
sintético para imitar a ocitocina e acelerar o processo do parto, processo
chamado de indução. Uma das desvantagens desse hormônio sintético é o
aumento da dor. Por tanto, num parto no qual existe o uso da ocitocina
artificial, é mais difícil a parturiente suportar a dor.
Relatos mostram que apesar da ausência do uso da anestesia, a
parturiente normalmente consegue suportar a dor. Tais relatos mostram que a
consciência corpórea é maior e, dessa maneira, a parturiente pode ajudar de
forma muito melhor no trabalho de parto.
2.2.2 Administração das dores e incômodos
A doula possui importante papel para ajudar a parturiente em técnicas
não evasivas para diminuir a dor, como, mas não se limitando à:
Banho de água quente
Massagem
Bolsa de água quente
Posições corporais
Conversa
2.2.3 Tempo do parto
Por respeitar o processo fisiológico da parturiente o parto
humanizado pode levar diversas horas. Por isso, o acompanhamento pelo
cuidador à parturiente se torna bastante importante.
Parto humanizado não significa parto com muitas horas de trabalho de
parto, mas que, caso necessário, a parturiente e o cuidador estarão
preparados caso seja necessário esperar o momento adequado ao nascimento.
2.2.4 Corte do períneo
O corte do períneo ocorre apenas quando, após exame durante o
trabalho de parto, o médico obstetra verifica que a passagem do bebê pelo
períneo será prejudicada devido à um alongamento do mesmo insuficiente.
Diferentemente dos partos em hospitais, no parto humanizado normalmente
ocorre sem o corte do períneo.
2.2.5 Ambiente da sala de parto
Para criar uma atmosfera favorável para a parturiente e para o ser humano
recém chegado, evita-se o uso excessivo de ar condicionado, de luzes fortes
e barulhos. O ambiente da sala de parto ideal se assemelha ao ambiente
intra-uterino do feto.
2.2.6 Corte do cordão umbilical
Após o nascimento, o transporte dos últimos nutrientes, incluindo
oxigênio e hormônios, levados da mãe para o bebê através do cordão são
respeitados. O corte do cordão umbilical ocorre apenas depois que o pulsar
do sangue no cordão se esgota.
Se há pulsação de sangue no cordão umbilical, há atividade e,
conseqüentemente, existe a entrega de nutrientes para o bebê mesmo que ele
já esteja fora da barriga da mãe.
2.3 CUIDADOS NO PÓS PARTO
Após o nascimento do bebê o pediatra neonatal avalia a saúde do recém
nascido e muitos dos procedimentos adotados comumente em hospitais são
deixados de lado, como:
Colírio de nitrato de prata no olho do bebê
Desobstrução das vias aeras
Imediato teste do pezinho
Etc
Logo após o nascimento, o bebê preferencialmente fica no colo da mãe.
E, passados alguns minutos, é incentivado o aleitamento materno.
3 MÃE CANGURU
O Método Mãe Canguru, também conhecido como "Cuidado Mãe Canguru" ou
"Contato Pele a Pele", tem sido proposto como uma alternativa ao cuidado
neonatal convencional para bebês de baixo peso ao nascer.
Foi idealizado e implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e
Hector Martinez em 1979, no Instituto Materno-Infantil de Bogotá, Colômbia,
e denominado "Mãe Canguru" devido à maneira pela qual as mães carregavam
seus bebês após o nascimento, de forma semelhante aos marsupiais.
Era destinado a dar alta precoce para recém-nascidos de baixo peso
frente a uma situação crítica de falta de incubadoras, infecções cruzadas,
ausência de recursos tecnológicos, desmame precoce, altas taxas de
mortalidade neonatal e abandono materno.
Nascia então o "Método Canguru". Essa assistência neonatal implica no
contato pele-a-pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso, de
forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e
suficiente, permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais no
cuidado ao seu recém-nascido.
A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo
peso ligeiramente vestido, na posição vertical, contra o peito do pai ou da
mãe.
.
3.1 VANTAGENS DO MÉTODO
Aumenta o vínculo mãe-filho;
diminui o tempo de separação mãe-filho, evitando longos períodos
sem estimulação sensorial;
Estimula o aleitamento materno, favorecendo maior
freqüência, precocidade e duração da amamentação;
Proporciona maior competência e amplia a confiança dos pais
no manuseio do seu filho de baixo peso, mesmo após a alta hospitalar;
Favorece um controle térmico melhor;
Reduz o número de recém-nascidos em unidades de cuidados
intermediários devido à maior rotatividade de leitos;
Proporciona um relacionamento melhor da família com a equipe
de saúde;
Favorece a diminuição da infecção hospitalar;
diminui a permanência hospitalar.
3.2 OS 10 MÉTODOS DA MÃE CANGURU
1 – O bebê DEVE ficar na POSIÇÃO CANGURU, 'amarrado' entre os seios da mãe,
DIA E NOITE.
2 – A mãe PODE: comer e passear com o bebê. Quando a mãe for tomar banho ou
usar o banheiro, o bebê pode ser colocado na cama. Neste momento, lembrar
de LIGAR O AQUECEDOR DO QUARTO.
3 – A MAMÃE AQUECE O BEBÊ, com o seu corpo. O contato é direto da pele do
bebê com a pele da mãe e a roupa só atrapalha.
4 – Roupas, mantas e cobertores protegem mas NÃO AQUECEM o bebê, que pode
ficar frio (hipotermia), não engordar e ficar doente.
5 – O prematuro às vezes 'esquece' de respirar (apnéia). Quando está no
canguru, a RESPIRAÇÃO DA MÃE 'LEMBRA' AO BEBÊ DE RESPIRAR durante todo o
tempo.
6 – O prematuro 'golfa' muito e na POSIÇÃO CANGURU fica mais PROTEGIDO DE
SE ENGASGAR com o vômito. Depois que o bebê mamar fique com ele na posição,
sentada por meia hora.
7 – Quando o bebê for COLOCADO NA CAMA, não deve ficar diretamente sobre o
colchão, use um travesseiro ou cobertor dobrado, para que ele fique
elevado, 'QUASE SENTADO'. DEPOIS DE MAMAR.
8 – A mãe DEVE: dormir com o bebê 'amarrado' na posição canguru e dormir em
posição 'quase sentada'.
9 – O bebê NUNCA deve dormir na cama ao lado da mãe e NEM "solto" sobre a
mãe. Os riscos de acidente são reais.
10 – O melhor ALIMENTO PARA O BEBÊ PREMATURO È O LEITE DE SUA PRÓPRIA MÃE.
Este é um presente de "saúde" que SÓ VOCÊ pode dar ao seu bebê.
O Método Mãe Canguru é muito mais do que a posição vertical em que o
bebê prematuro permanece "amarrado" ao corpo da mãe. É um tipo de
humanização e assistência neonatal que implica no contato precoce pele a
pele entre mãe e o bebê prematuro, pelo tempo que quiserem. Saibam que não
só a mamãe participa; o papai também pode entrar nessa.
Esse tipo de humanização oferece ao bebê uma vivência da passagem da vida
uterina para a extra-uterina, aumentando muito o vínculo entre pais e bebê.
E esse vínculo deixa o bebê mais seguro, proporcionando mais confiança aos
pais no manuseio do seu filho. O Método aproxima os pais do bebê. É uma
relação importante para o desenvolvimento completo do bebê que veio antes
ao mundo.
O "Mãe Canguru", além de ser um gesto mais do que carinhoso,
estabelece maior apego, segurança, incentivo ao aleitamento materno e
melhor desenvolvimento da criança, evitando infecções hospitalares. Quanta
coisa boa. O Método se desenvolve em três etapas.
A primeira ocorre quando o bebê ainda está internado na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo). Os pais devem ter livre o acesso à
UTI Neo e serem possibilitados a manter o contato físico com o seu bebê,
isto é, serem estimulados pela equipe hospitalar a tocarem seu bebê que
está dentro da incubadora.
Se o bebê estiver em condições clínicas estáveis, principalmente em
relação à respiração, os pais poderão fazer a posição Canguru, onde o bebê
fica apenas de fralda "amarrado" no peito nu do papai ou da mamãe. A equipe
do hospital e em conjunto com a opinião dos pais irão decidir quanto tempo
será feita essa posição dentro da UTI Neo.
Quando o bebê está bem estável, pode ir para o Alojamento Conjunto
para que mãe e bebê permaneçam 24 horas na posição Canguru. O Alojamento
Conjunto é o quarto em que mãe e bebê permanecem juntos. O bebê não fica no
berçário e é a mamãe quem fará os cuidados com o bebê, com supervisão da
equipe hospitalar.
Na posição Canguru, o bebê tem menos refluxo e as vias aéreas são
mantidas livres, o que evita o sufocamento da criança e há diminuição do
risco de apnéia (parada da respiração durante o sono). O contato com o
corpo da mãe promove a manutenção dos níveis adequados de temperatura
corpórea do bebê. O desenvolvimento neurológico da criança é melhor, ainda
mais pelo fortalecimento dos laços afetivos entre mãe e bebê.
3.3 CANGURU EM CASA
Já a terceira etapa consiste na alta hospitalar, mas não do Método. Já
orientada e segura para cuidar do bebê sozinha em casa, a mamãe recebe alta
para fazer a posição Canguru em casa. A mãe tem que assegurar que fará a
posição Canguru durante as 24 horas do dia. Não só ela, mas qualquer outra
pessoa da sua confiança e que esteja habilitada para "amarrar" o bebê ao
corpo, como o papai ou a vovó.
Todas as tarefas de casa poderão ser realizadas com o bebê no peito.
Se bem amarrado não tem perigo dele escorregar.
Mesmo depois da alta hospitalar, na primeira semana a mamãe tem que
visitar o hospital de dois em dois dias. Na segunda semana, as sessões
podem ficar de três em três dias, até chegar a uma vez por semana. Tudo
isso para verificar as condições do bebê, pois se precisar, o bebê é
prontamente internado.
O método é comprovadamente eficaz, entretanto, em nenhum momento essa
metodologia apresentou-se como uma substituição à tecnologia. Os
equipamentos hospitalares são necessários, sim, mas com indicações
precisas. O Mãe Canguru vem para complementar toda a tecnologia disponível.
3.4 ATÉ QUANDO?
O bebê é mantido na posição Canguru até que mãe e bebê se sintam bem.
O comum é até o bebê atingir 2 quilos ou até quando seria a data provável
do parto, ele começa a ficar agitado, a subir pela mãe e a suar. É como se
estivesse na hora de nascer mesmo, dentro de uma gestação completa. É a
hora em que o bebê "avisa" que deixou de ser um canguruzinho.
REFERÊNCIAS
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/informesaude/informe212.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_humanizasus_v4_humanizacao
_parto.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Manual_MetodoMaeCanguru.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parto.pdf
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABVGYAB/metodo-mae-canguru
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12220792?dopt=Abstract
http://www.projetos.unijui.edu.br/grupodegestantes/Modifica%E7%F5es%20Grav%E
Ddicas.doc
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/comite_mort_mat_infant
/infantil/5mae_canguru_bndes_social1.pdf