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Os Ambientes Climáticos Urbanos E Rurais Rondonópolis

Estudo climatológico de de Rondonópolis - MT

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OS AMBIENTES CLIMÁTICOS URBANOS E RURAIS DE RONDONÓPOLIS (MT) Michele Strada* RESUMO O presente artigo é baseado em resultados obtidos em estudos de campo, observando os ambientes micro e topoclimáticos, rurais e urbanos, na cidade de Rondonópolis-MT, sendo realizado pelo terceiro semestre do curso Engenharia Agrícola e Ambiental UFMT/CUR na disciplina de Climatologia e Meteorologia, ministrada pelo professor Livre Docente José Roberto Tarifa. O presente trabalho visa o desenvolvimento da percepção dos diferentes ambientes, mostrando a realidade e os problemas climáticos e ambientais de uma cidade marcada de contrastes. A análise é feita em micro e topo escalas, aliando a teoria com a prática (análises em campo, medidas específicas, sensações pessoais, entre outros), comparando as diferenças climáticas, ambientais e sociais da região central com a periferia (zona urbana) e as mudanças que ocorrem em determinados pontos da zona rural. Também foi desenvolvida em sala uma análise de balanço hídrico e suas variações na cidade de Rondonópolis a partir de embasamento teórico e de dados já pré-estabelecidos. Palavras-chave: Ambientes climáticos, zona urbana, zona rural. * Graduando de Engenharia Agrícola e Ambiental ICEN – CUR – UFMT. (e-mail: [email protected]) 1 - Resultados 1.1 – Os microclimas UFMT/CUR A temperatura do ar seco e úmido, a temperatura do solo e a umidade foram medidas em seis locais dentro da UMFT/CUR, para que possamos fazer a avaliação dos diferentes microclimas. Num mesmo ponto a temperatura da água está em média 28°C já o solo em volta está com 49,3°C, uma relevante diferença de 21,3°C entre ambos, isso porque a água é má condutora de energia, refletindo mais radiação do que absorve. A menor temperatura do solo (ponto 6), foi ocasionada, devido a observação ter sido feita na sobra, sob solo coberto por grama úmida. Podemos observar que a maior umidade relativa do ar foi encontrada na sala de aula, 27%, enquanto em outros pontos distintos do Campus, a umidade foi inferior ou igual a 20%, exceto no (ponto 5) próximo à piscina, onde a umidade foi em torno de 23% . Porém em todos os pontos observados a umidade se mantém muito abaixo da umidade adequada. Tabela 1 – Variação dos atributos climáticos no Campus da UFMT/CUR Pontos Horário Temp. B.S. Temp. B.U U.R Temp. solo Descrição /Controles Solo: 30,5°C Área de 8m por 6m. Altura de Parece: aproximadamente 3m. Três janelas e 29,6°C uma porta, ambas abertas. 52,7°C Ambiente aberto. Solo de terra % P01 – Sala de 09h50min 30,4°C 18,4°C 27% aula P02 –Em frente 10h10min 32,8°C 18°C 19% ao bloco/Eng. P03 – vermelha. 10h15min 32,8°C 18,4°C 20% 55,3°C Estacionamento – Av. Central do Estacionamento/ Campus – superfície plana, com Campus composição de cascalho e pedregulhos P04 – Em baixo 10h22min 32,8°C 18°C 20% 39°C Mangueira de aproximadamente 4m de uma de copa. Solo coberto por folhas mangueira secas e pedras. P05 – Próximo a 10h27min 31,8°C 18,4°C 23% piscina Solo 49,3°C Solo muito seco, coberto por grama Água/fundo: e muito material seco em volta. 27,8°C Água/raso: 28,5°C P06 – Estação Meteorológica 10h40min 34,2°C 18,8°C 18% 28,5°C Observação a sombra, ambiente aberto, próximo a um ambiente úmido. Solo coberto por grama. 1.2 - Os ambientes climáticos urbanos “O clima é uma composição da totalidade dos ritmos dos estados das atmosferas sobre um lugar na superfície da Terra, para uma determinada relação espaço-tempo”. (TARIFA – 2001). Nas áreas urbanas fazem mais calor que nas rurais, isso por causa das formas complexas como a grande quantidade de edificações, vastas extensões de asfaltos e concretos, que alteram tanto a quantidade de calor absorvido pela região como a direção e a velocidade dos ventos. O aumento do calor na cidade modifica a circulação dos ventos, a umidade e até as chuvas. Materiais impermeáveis como asfalto e concreto fazem a água da chuva evaporar do solo rapidamente, reduzindo o resfriamento. As partículas lançadas na atmosfera pelos carros e indústrias propiciam o aumento da quantidade de nuvens e conseqüentemente de chuvas. O “Tempo meteorológico é o resultado das condições predominantes na camada atmosférica, mais próxima à superfície da terra”. (SETTE SD). Observando os diferentes microclimas da cidade de Rondonópolis notamos a formação de ilhas de calor, ocorrendo o aquecimento da camada de ar mais próxima ao solo, devido à grande quantidade de poluentes na atmosfera. Na zona urbana da cidade de Rondonópolis foram feitas várias observações num período de trinta dias, onde temos vários pontos no qual se assemelham em relação aos tipos de construções, áreas de pavimentação asfáltica, arborização, fluxo de pessoas e de veículos dentre outros, tipos de altitude, e também alguns pontos que se diferenciam muito uns dos outros. Na área urbana em relação à altitude tivemos uma variação dos pontos estudados de 195 a 285 metros, fazendo com que a partir desses fatores contribuísse para que umas áreas fossem mais quentes do que outras. Outro fator que influi de forma direta na temperatura é a radiação solar que interage diretamente com o ambiente através da absorção ou reflexão de cada material, se ele vai se aquecer mais, ou se aquecer menos. No que diz a respeito ao solo, sua temperatura variou entre 30,3°C e 56,6°C ressaltando que as áreas analisadas não foram no mesmo horário. Notamos no Rio Vermelho a diferença de temperatura entre a água e o solo no mesmo horário. A água na superfície atinge cerca de 30,5°C já na calçada a temperatura foi de 42,8°C. A diferença de 12,3°C nos mostra que a água reflete mais radiação do que absorve, já o asfalto se aquece mais ao absorver mais radiação do que refletir. No bairro Pedra Noventa e no Distrito Industrial onde quase não há arvores e vegetação rasteira o solo atingiu as máximas temperaturas, onde podemos observar que a vegetação influencia na temperatura e nos microclimas. A sensação térmica em um lugar vai depender das condições de absorção ou reflexão de radiação solar. Os solos com cobertura vegetal serão menos quentes, pois a incidência da radiação solar irá diminuir até chegar à parte sem cobertura e a aquecer. Durante o período de observações na zona urbana, as temperaturas manteram-se consideravelmente altas em torno de 30°C, partindo do pré-suposto que a temperatura ideal de conforto gira em torno de 24°C. Mas durante o período de observação, uma frente fria se aproximou, vinda do oceano (mapa em anexo– INPE/CPTEC/DAS), baixando a temperatura, e ocasionando chuvas em vários pontos da cidade, exceto os locais observados, onde apenas a temperatura teve uma queda relevante em relação aos dias anteriores, sendo um fato isolado, durante todo o período de observação. Figura 1: Sítio Urbano da cidade de Rondonópolis-MT – 13/10/2008 às 08h54min Fonte: Própria Tabela 02 – Clima urbano da cidade de Rondonópolis-MT e a variação dos atributos climáticos. U.R. % Descrição/Tempo meteorológico Local/Pontos Horário Altitude Latitude Longitude T.b.u. T.b.s Temp. Solo Descrição dos Controles P01 - Campus UFMT/Estaciona mento 07h25min 280m Sul-16°25´58´´ Oeste54º34´39´´ 21,7°C 24°C Asfáltica39,8° Céu azul com boa visibilidade. Nuvens 2/8 (cirros e estratos).Há baixa dispersão de poluentes. P02 – Estacionamento do Rondon Plaza Shopping 07h45min 285m 16º28´21´´ 54º25´34´´ 21,4°C 24,4°C 43,5°C Há alta concentração de poluentes e calmaria. P03 – Vila Aurora 08h01min 250m 16º28´28,8´´ 54°37´0,19´´ 24,8°C 29,2°C Grama – 45,8°C; Calçada/Con creto – 39,8 °C; Asfalto – 45,1°C Céu azul, com 2/8 de nuvens cirros e estratos, temperatura agradável, alta concentração de poluentes, leve brisa. P04 – Praça dos Carreiros 08h15min 240m 16°28´10´´ 54°37´38´´ 22,0°C 29,2°C Solo/terra – 50,3°C; Calçada – 30,3°C Névoa seca ao horizonte. Sensação térmica quente. Há uma calmaria. Observação à sombra; há muitas árvores, com cerca de 6m a 8m de altura, impedindo a entrada livre do Sol; presença de paralelepípedos, terra batida e poucas gramas. P05 – Cruzamento da Marechal Rondon com Rio Branco P06 – Rio´s Hotel 8h23min 240m 16°28´12´´ 54°37´39´´ 22,4°C 31,1°C Asfalto – 44,3°C; Calçada – 44,2°C Calmaria. Névoa seca ao horizonte, temperatura quente. Os dois lados das ruas possuem um paredão de casas e lojas, formando um topo clima. Possui pavimentação asfáltica e um grande fluxo de carros e pessoas. 08h50min 255m 16°28´0,9´´ 54°38´0,8´´ 22,9°C 32°C 34,3 °C Névoa seca ao horizonte. Céu azul com 3/8 de cúmulos de bom tempo. Fora dos microclimas, a cima do clima local da cidade. Local aberto. Vegetação densa próxima, com uma lâmina de água a 198m de altitude. Prédios próximos com uma visão ampla da cidade. Estacionamento do campus com pavimentação asfáltica, recapiada; local aberto, com árvores de porte médio e vegetação de baixo porte (gramíneas). Estacionamento do shopping, possuindo pavimentação asfáltica, com poucos carros, presença de prédios a uns 50m, local aberto, com poucas árvores de porte baixo Presença de prédios a cerca de 80m. Local de casas de classe média alta, amplas, com grandes quintais; área arborizada, com presença de muitas gramíneas. Calçamento largo com cerca de 1m de concreto e 2m de gramíneas. P07 – Rio Vermelho/Cais 09h17min 195m 16°28´40´´ 54°38´0,6´´ 23,1°C 32,1°C P08 – Horto Florestal 09h33min 200m 16°29´00´´ 54°38´12´´ 22,3°C 34,2°C P09 – Distrito Industrial 10h 280m 16°28´08´´ 54°40´18´´ 22°C P10 – Pedra Noventa 10h15min 230m 16°27´54´´ 54°40´55 23,2°C Água (superfície) – 30,5°C; Calçada (escada) – 42,8°C 40,5°C Céu com 3/8 de núvens, cirros, cúmulos e alto cúmulos. Vento leste acompanhando o vale do rio. A beira do Rio Vermelho há presença de asfalto e calçada; possui algumas árvores de porte médio, com pouca cobertura vegetal às margens do rio. Difícil observação das condições do céu. Leve brisa. 34,9°C Asfalto 56,6°C 34,9 50,6 Céu limpo e azul com 0/8 de nuvens. Névoa seca ao horizonte. Sensação térmica de calor abafado, com uma leve brisa. Cerca de 2/8 de nuvens cirros e estratos. Névoa seca ao horizonte, Vegetação densa (sub-bosque); solo coberto por folhas (matéria orgânica); ambiente todo arborizado, com arvores finas e altas de mais ou menos 6m de altura, porém o sol penetra facilmente. Local ao nível das colinas que circundam a cidade de Rondonópolis, presença de pouquíssima vegetação, e algumas gramíneas próximas. Presença de pouca vegetação, pouquíssimas árvores, pavimentação asfáltica nas ruas, e em outras sem asfalto. Casas simples mal planejadas. Possuem algumas árvores, característica de COHAB. Lixo exposto ao ar livre. Está em uma localidade entre dois vales: escondidinho que deságua no Rio Vermelho. 1.3 – Os ambientes climáticos rurais A área rural sofre variações no que diz respeito ao clima, apesar de não ter um grande fluxo de veículos dentre outros temos que levar em consideração o movimento de maquinários agrícolas para o manuseio da lavoura, as construções nas áreas rurais, como silos para armazenagens de grãos dentre outras, também é um fator agravante para que influencie no clima da área rural, não esquecendo da constante degradação que o homem causa ao meio ambiente, retirando sua cobertura vegetal natural, em busca de maiores áreas para produção agrícola, afetando de forma direta no que diz respeito a clima. Analisando os dados obtidos através de estudos em oito pontos da Fazenda Guarita, área rural de Rondonópolis, pode se observar que a menor altitude 350m encontra-se no fundo de vale, na localidade da beira do açude, enquanto que os demais locais a altitude varia entre 400 e 450 m. Em relação ao solo, existe diferença entre a temperatura da água e do solo, porém a diferença entre os dois é menor, ao comparado com os dados da água e do solo dentro do perímetro urbano. Na beira do açude a temperatura é 33,3°C e na água 31,5°C. a diferença de 1,8°C no mesmo horário é devido ao poder refletor da água. A diferença de temperatura do ar da zona rural e da zona urbana é facilmente observada, quando comparamos seus máximos. Na zona urbana a temperatura atingiu cerca de 34,9°C no período da manhã, onde a incidência de radiação é menor. Na área rural, mesmo a observação sendo feita no período da tarde, onde a incidência de radiação é menor, a sua máxima temperatura foi em média de 32,2°C. Um dos fatores que influenciam essa diferença na temperatura é o fato de que a área é ampla e aberta, facilitanto a circulação de ar. Também é rodeada de vegetação de médio e pequeno porte, que auxilia na evapotranspiração, proporcionando um clima mais agradável. Outro fator que modifica o coeficiente de temperatura é a altitude que é maior na zona rural observada (máxima de 450m) do que na zona urbana observada (máxima de 285m). 1.3.1 – O Clima e a Agricultura O clima é a variável mais importante na produção agrícola. O fator climático afeta a agricultura e determina a adequação dos suprimentos alimentícios de dois modos principais. Um é através dos azares (imprevistos) climáticos para as lavouras e outro é através do controle exercido pelo clima sobre o tipo de agricultura praticável ou viável numa determinada área. Os parâmetros climáticos exercem influência sobre todos os estágios da cadeia de produção agrícola, incluindo a preparação da terra, semeadura, crescimento dos cultivos, colheita, armazenagem, transporte e comercialização. Figura 2: Plantação de soja; Fazenda Guarita – 17/11/2008 Fonte: Própria Figura 3: Beira do Açude; Fazenda Guarita – 17/11/2008 Fonte: Própria Tabela 03 – Clima rural na cidade de Rondonópolis-MT e a variação dos atributos climáticos. U.R. % Descrição/Tempo meteorológico Local/Pontos Horário Altitude T.b.u. T.b.s Temp. Solo P01 - Campus UFMT/Estaciona mento 14h10min 285m 23,2°C 33,8°C Asfáltica56,5° Poucas nuvens 2/8 (cúmulos de bom tempo).Há baixa dispersão de poluentes. Brisa leve vindo do sudoeste. P02 – Entrada da Fazenda Guarita 14h48min 420m 25,2°C 32,2°C Na sombra: 31,1°C Céu parcialmente encoberto, com 5/8 de nuvens, cúmulos nimbos e estrato cúmulos. Vento fraco vindo do oeste. Sol a uma altura de 130°. P03 – Plantação de Soja 15h20min 450m 24,6°C 29,6°C 35,5°C Céu parcialmente encoberto com 7/8 de nuvens extrato cúmulos (ultrapassando o nível de condensação, causando garoa. Vento fraco vindo do sudoeste. Descrição dos Controles Estacionamento do campus com pavimentação asfáltica, recapiada; local aberto, com árvores de porte médio e vegetação de baixo porte (gramíneas). BR 163 próxima, área aberta com árvores de porte médio próximas; com um armazém e silos próximos (armazenar grãos), pequenas casas. Solo avermelhado com cobertura de cascalho. Área de produção rural, região de plantação de soja. Área plantada em 3400m. Soja variedade transgênica (Valiosa) no dia 22/10/2008. Até chegar a esse ponto, ocorreu a formação de uma pancada de chuva. Solo do tipo latossolo vermelho. P04 – Área com Palhada seca 15h42min 420m 24,8°C 31,6°C Na pastagem 32,7°C Céu com 5/8 de nuvens estrato cúmulos e cúmulos nimbos. Vento fraco. Observação em uma ampla área de palhada seca, com a aplicação de glifosato à um mês. P05 – Manta de cerrado 15h50min 420m 24,4°C 29,8°C 21,7°C Céu com 5/8 de nuvens estrato cúmulos e cúmulos nimbos. O solo está aquecendo a base da nuvem e acontece expansão adiabática. Área de mancha de cerrado com cobertura vegetal verde, ao lado da área dessecada. Possui arvores de pequeno e médio porte. P06 – Plantação de soja sobre Palhada 16h06min 420m 24,4°C 31,8°C 35,6°C Céu com 38 de nuvens estrato (estáveis), cúmulos, cúmulos nimbos (instáveis) e estrato cúmulos. Há vento moderado vindo do oeste. Sol a uma altitude de 145°. Ampla área com plantação de soja sobre palhada (milheto), com porte médio. P07 – Plantação de milheto 16h18min 450m 24,2°C 31,4°C 29°C 4/8 de nuvens cúmulos nimbos e estratos. P08 – Beira do Açude 16h45min 350m 24,4°C 31,2°C Solo 33,3°C; Água 31,5°C Por estar na parte baixa de um vale a velocidade do vendo é menos. Há ocorrência de chuva à face leste. O céu possui cerca de 6/8 de nuvens cúmulos nimbos. Plantação verde de milheto com porte médio. O solo encontra-se ligeiramente úmido e com sombra devido ao milheto e ao a ocorrência de fedegoso à margem da plantação Parte baixa de um vale.Área com presença de um lado de Cerrado preservado, considerado como intacto, e o outro lado presença de um açude. Presença de muitas árvores, e a característica do solo são avermelhadas. 1.4 – Conceito Teórico 1.4.1 - Balanço Hídrico O conceito de balanço hídrico (Thornthwaite, 1948) avalia o solo como um reservatório fixo, no qual a água armazenada, até o máximo da capacidade de campo, somente será removida pela ação das plantas. Rutkowski (1999) afirma que “a capacidade de cada localidade de sustentar as atividades antrópicas que são dependentes hídricas, é determinada pelo comportamento local do ciclo hidrológico”. Grande parte do aproveitamento das águas se dá por captação superficial. As águas subterrâneas são utilizadas ocasionalmente para fins industriais e de abastecimento. Todos os processos componentes do ciclo - precipitação, infiltração, escoamento superficial, evaporação e transpiração, além da ação humana - integram-se em um ciclo dinâmico que se estende por todo o planeta. Para que ele subsista, é necessário que haja suprimento de energia proveniente do Sol e do interior da Terra. O balanço hídrico relaciona a quantidade de cada componente do ciclo, podendo ser efetuado em diversos níveis, de acordo com o volume de controle: uma micro-bacia hidrográfica, por exemplo. Exercícios feitos em sala (Tabela1,2e3),a partir de dados de Pluviosidade e Temperatura, para melhor aprendizagem e entendimento sobre balanço hídrico.(gráfico em anexo) Tabela 04 – Atributo climático: Pluviosidade ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 MÉD MÁX MIN JAN 310 240 274 327 278 261 411 FEV 434 302 271 131 220* 215 219* MAR 168 209 69 136 163* 99 159 ABR 34 234 94 47 98 88 271 MAI 08 40 44 139 19 28 46 JUN 07 00 41 08* 08* 08* 8.2* JUL 20 00 5* 5* 272 00 12* AGO 23 35 40 33 46* 10 16 SET 94 139* 77 212 146 158 OUT 94 139* 77 212 146 158 NOV 106 168* 194 131 206 151 DEZ 271 265 303 97 258* 208 ANO AGO 26.0 20.8 21.9 23.3 25.7 23.2 25.6 SET 27.4 24.1 25.1 23.4 25.9* 27.8 26.4 OUT 27.8 26.5* 26.3 26.8 26.2 27.9 NOV 27.1 26.2* 26.1 26.5 26.5 25.9 DEZ 26.4 26.1 27.4 26.2 25.7* 26.1 ANO Tabela 05 – Atributo Climático: Temperatura Média ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 MÉD MÁX MIN JAN 26.0 25.3 25.3 25.5 24.2 26.0 25.5 FEV 25.2 24.5 25.0 26.2 25.7* 25.9* 25.7* MAR 21.4 24.7 25.6 25.6 25.9* 26.1 25.5 ABR 26.0 24.1 25.2 24.9 25.4 26.4 24.6 *= Dados substituído pela média MAI 24.5 21.1 21.2 23.4 21.9 22.5 22.4 JUN 22.4 19.8 20.0 22.1 23.3 22.8 22.1* JUL 23.8 18.5 19.6 20.0 22.8 21.7* 21.7* 2 – Discussão Ao trabalhar na zona urbana e rural medindo as temperaturas seca e úmida do ar, a temperatura do solo, e observando o tempo meteorológico e tudo o que o envolve, pudemos notar muitas variações que foram observadas nesse percurso de trinta dias. Ressaltando que a região analisada (Rondonópolis), está localizada em uma faixa de clima tropical megatérmico, alternado entre seco e úmido, com pouco frio durante o ano. Na UFMT/CUR podemos perceber que em um mesmo local, pode haver vários microclimas distintos. A sala de aula é considerada um microclima, pois suas características são diferentes e independentes do clima externo, como por exemplo, a umidade que foi a maior encontrada em relação aos outros pontos. Um dos fatores que pode ter marcado esse fato, foi a presença de várias pessoas no mesmo ambiente, sendo um componente na variação da umidade. Um anticiclone tropical, instalado na região, ocasionou a condição de baixa umidade em todos os pontos, fato que causa desconforto, inclusive na respiração. A zona urbana possui vários contrastes de desigualdade, marcando em cada ponto, os mais diversos controles, porém a variação de temperatura é mínima, pois em todos os locais observados nota-se uma temperatura relativamente alta. Um exemplo disso é comparar o bairro Vila Aurora com Pedra Noventa, os contrastes de desigualdade sociais são grandes, o primeiro possui casas amplas, com boa circulação de ar, possui gramíneas e árvores próximas, nota-se que à menor absorção de radiação e um fluxo maior na circulação do ar do que o segundo onde as casas são pequenas, umas próximas às outras, com materiais diferentes e o bairro é quase sem vegetação. A diferença ocorre entre os bairros devido aos contrastes sociais marcantes, porém a diferença na temperatura é muito maior quando comparado à zona urbana com a zona rural. Isso ocorre, devido aos diferentes controles existentes entres as duas áreas. Na zona urbana ocorre maior absorção de radiação que promove aumento na temperatura, ao ser afetado também pela má circulação de ar devido ao mau planejamento da cidade. Isso se agrava também devido às construções e ao poder de absorção do asfalto que recobre toda a cidade. A baixa altitude faz com que o solo e a atmosfera sejam aquecidos e a forma rebaixada da área urbana, faz diminuir a intensidade dos ventos, aumentando a estabilidade atmosférica. Já na zona rural obervada, nota-se que há maior circulação de ar devido a sua amplitude de espaço aberto, onde a vegetação também ajuda no processo de purificação do ar. Por não possuir construções, há menor absorção de radiação, e o fluxo do ar é livre, facilitando na disperção de possíveis poluentes (como agrotóxicos). Outro fator obervado que afeta no tempo meteorológico é a altitude da região, que foi bem maior na zona rural obervada, comparada com a altitude do perímetro urbano. Relatando sobre pluviosidade e balanço hídrico, os resultados são obtidos apenas pelo embasamento teórico e pelos dados dos exercícios feitos em sala de aula orientedos pelo Professor José Roberto Tarifa, pois no período de trinta dias de obervação não houve ocorrência de chuva nos locais obervados. A partir dos dados obtidos nota-se que o período com menor probabilidade de chuva, ocorreu e ocorre entre os meses de maio à setembro, onde o escoamento total chega à nível zero. Por estar em uma estação seca, a evapotranspiração das plantas é menor, ocorrendo o chamado período de murcha, por falta d´agua, deixando a umidade do ar relativamente baixa. O ar estando menos umido, ocorre menor absorção de radiação pelo ar circundante, proporcionando um abaixamento na temperartura, um clima mais ameno e seco. Já entre os meses de outubro à abril, há grande ocorrência de chuvas, proporcionando um ar mais úmido e mais denso, período onde a capacidade de campo e o armazenamento hídrico é maior, possuindo maior disponibilidade de água. 3- Metodologia Para a elaboração desse artigo sobre os climas rurais e urbanos da cidade de Rondonópolis, foram utilizados vários mecanismos, desde sensações pessoais a equipamentos para medições específicas, feitas nas aulas de campo, juntamente com o embasamento teórico dado em sala de aula. O primeiro mecanismo foi uma caminhada pela UFMT/CUR, observando os mais variados microclimas, com o auxílio do Professor José Roberto Tarifa para desenvolvimento da nossa percepção para que, posteriormente pudéssemos analisar a partir de nossas próprias sensações e visualizações. Outro mecanismo foi o de observação sensível, feito três vezes ao dia (manhã, tarde e noite) durante trinta dias. Foram observadas com suas respectivas variações, as ocorrências de nuvens, vento, umidade, sensação térmica e condições atmosféricas, partindo da percepção individualizada em diferentes pontos e do embasamento teórico sobre os atributos climáticos e os mais variados controles. Outro mecanismo foi o de análise no clima urbano em diferentes pontos da cidade, com suas respectivas diferenças e controles. Juntamente com as análises feitas através de sensações corporais e visuais, foram utilizados vários aparelhos para medição e obtenção de dados específicos. Os dados foram colhidos em dez pontos diferentes da cidade. Os aparelhos utilizados foram: -o psicrômetro composto por dois termômetros, um de bulbo úmido e outro de bulbo seco para medir a temperatura seca, a temperatura úmida, e através da diferença das duas temperaturas, avaliar a quantidade de vapor de água contida no ar. -o altímetro que serve para medir alturas e altitudes, onde ele mede a pressão atmosférica e apresenta-o como altitude em pés. Esta altitude é denominada nível médio do mar (NMM) uma vez que ela é a referência média do nível da maioria dos oceanos. -GPS: onde capta o sinal emitido de no mínimo quatro satélites, determinando suas próprias coordenadas, e ainda o tempo. -Termômetro de infravermelho: aparelho de grande importância, que possibilita a leitura da temperatura sem contato de superfícies. Além das análises do clima urbano, foram feitas também análises do clima rural de Rondonópolis. Foram estabelecidos oito pontos diferentes. Essas análises partiram também de observações sensíveis e de dados colhidos por aparelhos. Foram utilizados os aparelhos já citados: psicrômetro, altímetro e termômetro de infravermelho, apenas o GPS não foi utilizado nessa análise. Além desses mecanismos também foram utilizados os embasamentos teóricos dados em sala pelo professor José Roberto Tarifa. Através de exercícios e dados já colhidos, foi feita uma análise de balanço hídrico, média de pluviosidade e temperatura. 4 – Áreas de Estudo Um dos locais de análise foi a Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Rondonópolis localizada na Rodovia Rondonópolis - Guiratinga, KM 06 (MT-270) - Bairro Sagrada Família. Na zona urbana a área de estudo foi a cidade de Rondonópolis localizada na região Centro-Oeste do Brasil no sul do estado de Mato Grosso, entre as coordenadas de 16º 25” e 16º 30”S e 54º 39”W. Rondonópolis hoje possui cerca de 180 mil habitantes, e é uma das cidades mais desenvolvidas do estado com uma localização privilegiada, no entroncamento das Rodovias BR 163 e BR 364, que ligam as regiões Norte/ Sul do país, sendo o portal da Amazônia e a entrada para o pantanal mato-grossense. A cidade possui várias indústrias e gira em torno da agricultura. É rodeada por propriedades rurais, que trabalham em larga escala, com plantações de soja, milho, algodão. Na região urbana de Rondonópolis, estivemos em 10 diferentes pontos da cidade, em diferentes horários, onde se obteve diferenças de altitudes entres os pontos, de temperatura do solo, temperatura seca e úmida e de diferentes latitudes e longitudes. Os pontos estudados na área urbana foram: Estacionamento da UFMT, Estacionamento do Rondon Plaza Shopping, no Bairro Vila Aurora, Praça dos Carreiros, Cruzamento da Marechal Rondon com a Rio Branco, Prédio Rio´s Hotel, Cais do Rio Vermelho, Horto Florestal, Distrito industrial e Pedra Noventa. A área rural observada foi a Fazenda Guarita localizada a cerca de 10km de Rondonópolis. Possui uma área para plantio com cerca de 16 mil hectares distribuídos com plantações, áreas construídas e de reserva. Trabalham com várias culturas, dentre elas, a soja e o milho e o milheto. Os pontos estudados na área rural iniciou-se no estacionamento do Campus/UFMT, seguindo na entrada da fazenda Guarita, numa plantação de soja, na palhada seca, numa manta de cerrado, plantação de soja sobre palhada, plantação de milheto e em um fundo de vale na beira de um açude. 5 – INTRODUÇÃO A cidade de Rondonópolis possui um clima tropical megatérmico, alternado entre seco e úmido, com pouco frio durante o ano. A elaboração deste trabalho tem por finalidade desenvolver a percepção dos problemas climáticos e ambientais da cidade, visando a observação do tempo meteorológico, utilizando de sensações pessoais, dados obtidos através de aparelhos específicos e embasamento teórico. Com a análise dos locais observados percebe-se que o espaço na zona urbana é menor, porém a cidade é mais densa. Por estar em atividade durante todo o dia, a zona urbana cria uma condição topo climática distinta, devido ao seu mau planejamento, que interfere no aumento da temperatura e na má circulação do ar. A zona rural possui um espaço amplo, porém menos denso, onde proporciona uma condição favorável à circulação do ar, sendo auxiliada pela vegetação, proporcionando ao ambiente uma sensação térmica mais agradável. Nesse trabalho iremos comparar a zona urbana com a zona rural da cidade, seus ritmos diários, as diferenças do funcionamento nos dois ambientes. 6 – Conclusões Cada ambiente funciona de uma maneira bem distinta. O clima no ambiente urbano é mais quente, devido a todo o ritmo urbano, às construções, pouca mata e outros fatores. No ambiente rural o clima se torna mais agradável, pois é encontrado menos poluição que na cidade, existem muitas plantas, e seu ambiente é aberto proporcionando um fluxo maior do ar. Os fatores de ordem natural também podem influenciar o clima de uma determinada região. Dentre eles destacam-se em nossa região, a altitude, a latitude, a influência das massas de ar, bem como o tipo de solo. Na totalidade conclui-se também que cada ambiente vai ter seu funcionamento baseado nos ritmos apresentados, nas suas estruturas de construções, e o clima vai variar de acordo com esses elementos e fatores como umidade, grau de absorção ou reflexão de radiação solar. E que locais mais arejados irão ter um conforto térmico melhor, onde o vento tem mais liberdade para circular e o ar é mais puro, logo a qualidade de vida será melhor. 7 - Referências Bibliográficas: AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. São Paulo. Difel, 1986. MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo & MENDONÇA, Francisco (Orgs.). Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003 MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo & MENDONÇA, Francisco (Orgs.). Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003 Artigo: Clima e ambiente urbano tropical: O caso de Rondonópolis – MT Denise Maria Sette José Roberto Tarifa Site: www.cptec.inpe.br Site: www.agritempo.gov.br