Preview only show first 10 pages with watermark. For full document please download

O Uso De Esgotos Tratados Em Irrigação

Material disponibilizado pelo prof. Cícero Onofre da UFRN!!!

   EMBED

  • Rating

  • Date

    December 2018
  • Size

    97KB
  • Views

    5,043
  • Categories


Share

Transcript

O USO DE ESGOTOS TRATADOS EM IRRIGAÇÃO Cicero Onofre de Andrade Neto Adaptado e ampliado de : ANDRADE NETO, C. O. Sistemas Simples para Tratamento de Esgotos Sanitários - Experiência Brasileira. Rio de Janeiro: ABES, 1997. 301 pp. 1 - INTRODUÇÃO A crescente demanda de alimentos e a degradação ambiental e os prejuízos à saúde pública causados por lançamentos de esgotos no meio, sem tratamento adequado, são dois dos maiores problemas atuais. Por sua vez, a poluição e contaminação dos corpos d'água, onde os esgotos são lançados, tem sido o principal motivo da preocupação com o tratamento dos esgotos, considerando- se a ampla veiculação hídrica de doenças e a necessidade crescente de água de boa qualidade para os vários usos. O uso de esgotos na irrigação, quando possível, é sempre uma boa medida, como destino final ou antes que atinjam às águas. No mínimo porque, dispostos no solo, os esgotos sofrem depuração natural e, qualquer que seja o grau de tratamento, são menos maléficos às águas do corpo receptor. Ademais, constituem fator recondicionante (água, matéria orgânica e nutrientes minerais). Já o lançamento de esgotos em corpos d'água é quase sempre indesejável e insuportável, a não ser que recebam tratamento exigente. Quando se utilizam os esgotos para irrigação, o sistema solo- microorganismos-plantas pode estabilizar o esgoto, complementando a depuração e, além de "proteger" os corpos d'água à jusante, fornecer nutrientes para as plantas que os utilizam no seu processo de crescimento. O aproveitamento dos esgotos tratados em irrigação é uma atividade de reúso da água e de aproveitamento dos nutrientes presentes nos efluentes líquidos, enquanto propicia um destino adequado para os esgotos, evitando a poluição ambiental. É um processo que pode ser considerado como tratamento complementar dos esgotos, reúso da água e aproveitamento produtivo dos sais eutrofizantes, ao mesmo tempo. Enquanto aumentam a extensão de terras áridas e a escassez de fertilizantes, a nível mundial, considerar os nutrientes contidos nos esgotos como um rejeito é simplesmente paradoxal. Segundo AYRES e WESTCOT (1991), a agricultura utiliza maior quantidade de água e pode tolerar águas de qualidade mais baixa do que a indústria e o uso doméstico. É, portanto, inevitável que exista crescente tendência para se encontrar na agricultura a solução dos problemas relacionados com a eliminação de efluentes. Inclua-se a agropecuária. Geralmente não há restrições químicas quanto a qualidade dos esgotos sanitários para irrigação. Efluentes de lagoas de estabilização também são geralmente benéficos. Contudo, é necessário que a disposição dos esgotos se faça sem provocar a "indigestão" do solo, por excesso de nutrientes. O uso de esgotos e efluentes tratados na irrigação deve ser planejado para controlar, a longo prazo, os efeitos da salinidade, sodicidade, nutrientes e oligoelementos, sobre os solos e as culturas (AYRES e WESTCOT, 1991). Quanto aos riscos sanitários, são menores do que geralmente imagina-se e perfeitamente controláveis. Na irrigação com águas residuárias, são utilizadas as técnicas usuais de irrigação por aspersão, inundação, canais ou sulcos, gotejamento e sub- superficial. As técnicas de irrigação por inundação e por canais ou sulcos são as de mais simples operação e menos exigentes de tratamento prévio. Logicamente esgotos tratados são sanitariamente mais seguros. Para aspersão, gotejamento e sub-superficial, há necessidade de pré-tratamento compatível, pelo menos para remoção de sólidos. Desde a antigüidade os resíduos humanos são utilizados na agricultura. Nas civilizações ocidentais a aplicação de águas residuárias em áreas agrícolas vem ocorrendo desde antes de Cristo, inclusive de forma planejada, com propósito de beneficiar a agricultura. No início do século XX, o desenvolvimento de sistemas modernos de tratamento de águas residuárias e o medo exagerado dos microrganismos, levou a uma significativa redução na prática de irrigação com esgotos. Após a segunda guerra mundial ocorreu um notável aumento no uso de esgotos e efluentes tratados na irrigação, principalmente nas regiões semi-áridas, em países desenvolvidos ou não. Relativo ao pós-guerra, HESPANHOL (1988) apresenta um quadro com exemplos de aplicação de esgotos na agricultura em: Argentina, Austrália, Chile, China, Alemanha, Índia, Israel, Kuwait, México, Peru, Arábia Saudita, África do Sul, Sudão, Tunísia e Estados Unidos da América. Destaca-se a China com uma área irrigada de 1.330.000 hectares. Contudo, a crescente utilização de esgotos na irrigação não se deu somente por necessidades de pós-guerra mas também devido ao avanço tecnológico que permitiu melhor conhecimento do assunto. Evoluíram as técnicas agrícolas de manejo do solo e de irrigação e, por outro lado, o conhecimento físico- químico e microbiológico, aplicado aos esgotos. Nos últimos tempos, enquanto o uso de esgotos e efluentes tratados na irrigação tem se mostrado cada vez mais desejável, em face do rareamento de fontes de água natural para a irrigação e do alto custo de adubos comerciais, por um lado, e das necessidades crescentes de controle da poluição ambiental e de proteção da saúde pública, mediante a disposição adequada dos esgotos sanitários, por outro lado, demonstra-se também apropriado na medida em que mais se conhece os benefícios às culturas irrigadas e se constata que os riscos à saúde são muito menores do que se pensava. A partir da década de 70, principalmente após o Encontro de Especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), sobre o assunto, em 1971, várias organizações internacionais, universidades e outras instituições, intensificaram os estudos e experimentos sobre o uso dos esgotos na irrigação em todo o mundo. Nos anos 80, a principal investigação neste domínio foi no sentido de determinar padrões microbiológicos realmente adequados para esgotos ou efluentes a serem usados na irrigação. Padrões mais exigentes foram caindo, até que em 1987, no Encontro Científico Sobre Aspectos de Saúde Associados ao Reuso de Esgotos, realizado na OMS em Genebra, foram reunidas conclusões, baseadas em evidências epidemiológicas, demonstrando que o temor de riscos à saúde era no mínimo exagerado. Nas duas últimas décadas a intensificação do uso de esgotos na irrigação é evidente. BASTOS (1996; claro que aqui substitui-se a citação por um texto do próprio Rafael)) apresenta vários exemplos. Em Israel, cerca de 70% do volume de águas residuárias são utilizados para irrigação após tratamento, principalmente no cultivo de algodão. Na Austrália, a "Werribee Farm", em funcionamento desde 1897, um céculo após opera um sistema de tratamento por escoamento superficial no solo, recebendo cerca de 250.000 m3/dia de efluentes em 5.000 ha e permitindo a posterior pastagem de um rebanho de 13.000 bovinos e 3.000 ovinos. Na Cidade do México, cerca de 45 m3/seg de águas residuárias, combinadas a outros 10m3/seg de águas pluviais, são utilizados para irrigar 80.000 ha à 60Km da região metropolitana através de um complexo sistema de canais e reservatórios. A Arábia Saudita e a Tunísia apresentam como meta o reuso da totalidade de efluentes domésticos produzidos. No Peru, o Programa Nacional de Reuso das Águas Residuárias para Irrigação, prevê a implantação por etapas de 18.000 ha de área irrigada. Atualmente, as preocupações com a saúde pública e com o meio ambiente, que requerem a multiplicação dos sistemas de esgotamento sanitário, o reconhecimento das vantagens da utilização das águas residuárias na irrigação, como forma econômica e produtiva de destinação final das mesmas, e a recente adoção de padrões microbiológicos menos exigentes para tal, indicam um futuro em que o uso de esgotos sanitários e efluentes tratados, na irrigação, será cada vez maior. O Brasil oferece condições excepcionalmente favoráveis para o uso de esgotos tratados na irrigação, tanto pela disponibilidade de áreas em sua grande extensão territorial como pelas condições climáticas adequadas, entre outros fatores convenientes. Quando o destino final dos esgotos é a irrigação, dos investimentos para tratamento resultam plantações de capim, culturas de grãos e até flores, ou, no meio urbano, a amenização do clima e o melhoramento paisagistico, constituindo um grande avanço no campo sanitário-econômico. Na análise econômica, deve-se considerar o destino final e o retorno social dos investimentos financeiros. 2 - ASPECTOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS Os esgotos domésticos compõem-se principalmente de água, porém rica em nutrientes se comparada às águas naturais. A quantidade de esgoto por pessoa, mesmo em valores médios, varia muito de uma comunidade para outra, em função de vários fatores. Admitindo-se uma contribuição de 100 l /pess.dia, uma comunidade de 10.000 habitantes, por exemplo, produz 1.000 m³ de esgotos por dia. É um volume de água considerável, disponível diariamente, e que, em locais onde ocorre escassez de água, será dos últimos recursos a faltar, pois resulta de água do abastecimento doméstico, que é imprescindível. É fácil calcular que a quantidade de água que se pode dispor para irrigação, utilizando-se os esgotos sanitários, é considerável; principalmente para regiões áridas e semi-áridas, com limitados recursos hídricos, onde há necessidade de se conservar as águas naturais de boa qualidade para usos mais restritivos. Geralmente não há restrição química quanto à qualidade dos esgotos sanitários para irrigação. Ademais, com técnicas de tratamento de esgotos pode-se adequar os efluentes, se necessário. No esgoto sanitário bruto (municipal) encontram-se quantidades de Nitrogênio total da ordem de 40 mg/l e fósforo total da ordem de 10 mg/l. A aplicação dos nutrientes contidos nos esgotos ou efluentes tratados pode reduzir, ou mesmo eliminar, a necessidade de fertilizantes comerciais. Além disso, a matéria orgânica contida nos esgotos aumenta a capacidade do solo em reter água. Sem dúvida, as quantidades de água e nutrientes requeridas por plantas precisam ser bem determinadas, quando do planejamento de um esquema de irrigação. Superfertilização também pode trazer problemas. HESPANHOL (1988) apresenta dados colhidos em campos experimentais em Nagpur, Índia, pelo Nacional Environmental Engineering Research Laboratory, mostrando os efeitos benéficos da irrigação com esgotos em diversas culturas. A produtividade média foi calculada com dados de culturas de trigo em 8 anos, de arroz em 7 anos, de batata em 4 anos e de algodão em 3 anos, irrigadas com esgoto bruto, esgoto decantado, efluente de lagoas de estabilização e água mais NPK, e foi verificado o seguinte resultado de produtividade em toneladas/hectare ano: " "trigo: "arroz: "batata: "algodão: " "Esgoto bruto "3,34 "2,97 "23,11 "2,56 " "Esgoto decantado "3,45 "2,94 "20,78 "2,30 " "Efluente de Lagoa "3,45 "2,98 "22,31 "2,41 " "Est. " " " " " "Água + NPK "2,70 "2,03 "17,16 "1,70 " Na verdade, as águas residuárias e os efluentes de lagoas de estabilização são apreciados pelos agricultores simplesmente porque os nutrientes presentes nelas fazem com que o rendimento das colheitas seja muito maior. 3 - ASPECTOS DE SAÚDE PÚBLICA No uso de águas residuárias para irrigação, os contaminantes de importância para a saúde pública são biológicos (vermes, protozoários, bactérias e vírus, patogênicos). Contaminantes químicos não são relevantes, exceto em despejos de certas indústrias. Preocupa a quantidade de patogênicos presentes nos esgotos sanitários e os riscos à saúde. É necessário se distinguir risco potencial de risco real. O risco potencial, ou teórico, é inferido com base na simples ocorrência de patogênicos no meio de transmissão. O risco real é deduzido baseando-se em evidências epidemiológicas. A possibilidade de uma pessoa contrair uma determinada doença transmissível depende de vários fatores básicos, que são, principalmente: Concentração (quantidade) de microrganismos patogênicos lançada na "rota" de transmissão. Latência, que é a necessidade que certos microrganismos têm de um intervalo de tempo desde a excreção até tornar-se infectivo. Persistência, ou capacidade de sobrevivência do microrganismo no meio ambiente, extra hospedeiro, medida em tempo. Capacidade de multiplicação do microrganismo fora do organismo humano. Dose infectiva, que é o número (em média) de microrganismos necessários para provocar uma infeção (penetração e multiplicação) em uma pessoa. Suscetibilidade da pessoa à doença, que por sua vez depende da reação individual, principalmente em função dos níveis de nutrição e imunidade, e do comportamento da comunidade relativamente aos hábitos culturais e padrões higiênicos. De forma que a probabilidade de uma pessoa (ou várias) contrair uma doença através de uma certa "rota de transmissão", depende da concentração inicial de patogênicos, da latência, da persistência e da capacidade de multiplicação dos mesmos, na "rota", para que constituam dose infectiva e, além disso, da suscetibilidade da pessoa. Ademais, para que certa "rota de transmissão" seja considerada em termos de saúde pública, depende da importância dela relativamente à outras "rotas". Os fatos reais conhecidos (evidências epidemiológicas), que consideram naturalmente os vários fatores envolvidos, demonstram que a análise de risco potencial da utilização de esgotos e efluentes tratados em irrigação, superestima a probabilidade de ocorrência de agravos à saúde pública. Para que uma pessoa, ou várias, efetivamente sofra uma doença por causa do uso de esgotos ou efluentes tratados em irrigação, é necessário que: Uma certa concentração de uma espécie de patogênicos chegue ao campo irrigado. Dependendo da latência, persistência e capacidade de multiplicação, esta concentração atinja, e/ou se mantenha em níveis de dose infectiva. Esta dose infectiva alcance e penetre uma pessoa sã. Esta infecção provoque, efetivamente, um agravo à saúde desta pessoa. Esta última condição, que depende de vários fatores sócio-econômicos, traduzidos pela suscetibilidade da(s) pessoa(s) à doença, diferencia os conceitos de risco potencial e risco real. Na medida em que estas condições vão-se somando o risco é maior. Até a segunda condição o risco é apenas potencial. A partir da terceira condição o risco passa a se configurar como real. Porém, somente ocorre risco real efetivamente quando evidências epidemiológicas demonstram a quarta condição. Em termos de epidemiología, somente há risco efetivo quando ocorre excesso de incidência ou prevalência da doença ou de intensidade da infecção (risco epidemiológico) associado à rota de transmissão (no nosso caso, irrigação com águas residuárias) em uma determinada população. Para a saúde pública o que realmente preocupa é o risco epidemiológico real. E ainda se deve considerar a importância da rota que apresenta risco, em relação a outras rotas concorrentes de transmissão. Para eliminar ou controlar os riscos da irrigação com esgotos, como forma de proteger a saúde, se tem as seguintes opções : Evitar que organismos patogênicos sejam levados a campos irrigados. Evitar que os patogênicos atinjam, e/ou se mantenham em concentrações a níveis das respectivas doses infectivas, nos campos irrigados, até que alcancem pessoas. Evitar que os patogênicos, em dose infectiva, alcancem pessoas (ou estas alcancem aqueles) direta ou indiretamente e, por conseguinte, ocorram infecções (penetração e multiplicação). Evitar que as infecções acarretem doenças. Evitar que organismos patogênicos sejam lançados nos campos irrigados é possível através de técnicas de tratamento de esgotos radicais, capazes de produzir efluentes totalmente livres de patogênicos, que certamente devido aos altos custos inviabilizariam a utilização dos esgotos na irrigação. Reduzir a concentração de patogênicos, nas águas residuárias, a certo nível, é perfeitamente possível através de técnicas conhecidas de tratamento capazes de propiciar qualquer grau de remoção de patogênicos. O grau de tratamento seria determinado em função do risco real de ocorrerem infecções. Dependendo do tipo de planta irrigada, de sua utilização e da técnica de irrigação empregada, haverá maior ou menor possibilidade de contato entre pessoas e patogênicos e, consequentemente, de ocorrerem infecções. Portanto, mediante restrições às culturas a serem irrigadas, associadas à seleção do método de irrigação, e cuidados de proteção individual, a possibilidade de contato entre patogênicos e pessoas pode ser reduzida ou anulada. Estas medidas seriam mais, ou menos, rigorosas, dependendo do grau de tratamento dos esgotos, por um lado, e dos fatores locais condicionantes da suscetibilidade das pessoas expostas, por outro lado. De maneira que combinações adequadas de técnicas de tratamento de esgotos, tipo de cultura, método de irrigação e cuidados pessoais, permitem a utilização de esgotos sanitários em irrigação, com baixo ou nenhum risco à saúde, de forma econômica e tecnicamente viável. A engenharia sanitária domina várias técnicas de tratamento de esgotos que podem propiciar qualquer grau de remoção de patogênico, até a total desinfeção, logicamente a custos variados. Geralmente, os processos biológicos oferecem maior eficiência na remoção de micróbios a mais baixo custo. A remoção de ovos de helmintos é mais efetiva nos processos que favorecem a sedimentação dos mesmos. Os riscos à saúde devido ao uso de esgotos ou efluentes tratados em irrigação, quanto ao grupo de pessoas expostas, são de duas formas: o risco de transmissão de doenças aos trabalhadores do campo (saúde ocupacional) e o risco de contaminar culturas, produtos, animais ou ambientes que de alguma forma possam, assim, transmitir doenças às pessoas em geral (saúde pública). Quanto aos riscos à saúde pública mediante a contaminação de culturas, produtos, animais ou outros elementos do meio ambiente do homem, pode-se agrupar estes, a princípio, da seguinte forma: culturas alimentícias para consumo humano direto; culturas cerealíferas ou industriais; forragens e pastos; campos de desportos e áreas para recreação em parques públicos ou gramados particulares; árvores de bosques, parques e reflorestamento. A subdivisão de produtos para consumo humano direto, como legumes, verduras, tubérculos e frutas, distinguindo os que serão consumidos com ou sem cozimento, ou, com ou sem casca, não é razoável, pois estes, indistintamente, geralmente estão lado a lado nos mercados, misturam-se nas compras, nas cozinhas e nas geladeiras, e contaminam uns aos outros durante a manipulação e/ou preparação. Todos representam riscos elevados. Já os cereais, certamente serão manipulados de forma distinta e serão cozidos antes do consumo. Da mesma forma, as culturas que passarão por processos industriais, mesmo para consumo humano, podem ser consideradas em grupo diferente daquelas para consumo direto. Representam risco baixo. A contaminação de forragens e pastos só pode alcançar as pessoas em geral (afora trabalhadores envolvidos) através dos animais, indiretamente. Vários trabalhos indicam que uma larga variedade de patogênicos animais pode ser encontrada em esgotos, mas geralmente a concentração é insignificante e representa um meio negligenciável de transmissão das doenças. O contato direto de pessoas com plantas de áreas de recreação e gramados é evidentemente muito maior do que com árvores. Atentando-se para possíveis pequenos ferimentos, representam risco elevado. A silvicultura ou cultivo de árvores com esgoto bruto é uma prática que tem sido aceita em alguns países, levando em conta o efeito favorável que têm no meio ambiente a presença de árvores . O risco à saúde dos agricultores depende basicamente do método de irrigação utilizado, além de cuidados pessoais e do grau de tratamento dos esgotos. Os principais métodos de irrigação são: por aspersão; por inundação; por canais e sulcos; por gotejamento; e subsuperficial, com tubulações perfuradas ou porosas ou com cápsulas porosas (elementos cerâmicos). Na seleção do método para irrigação com águas residuárias, além dos fatores econômicos, do tipo de cultura, da natureza do solo e sua topografia (relevo), devem ser considerados também os riscos à saúde dos trabalhadores, os riscos de contaminação da cultura, os aerosóis e odores e os possíveis entupimentos nos equipamentos. Para evitar entupimentos nos equipamentos é necessário tratamento simples para remoção de sólidos dos esgotos. Para irrigação por inundação ou por canais e sulcos não é necessário mais que um gradeamento para sólidos grosseiros, mas para irrigação por aspersão, por gotejamento ou subsuperficial, a concentração de sólidos deve ser baixa, o que requer, no mínimo, uma decantação. Aqui, no entanto, interessa correlacionar o grau de tratamento necessário com o método de irrigação, em função do risco de transmissão de doenças. Em função do risco sanitário, pode-se agrupar os métodos de irrigação em três categorias: a) por aspersão, alto risco tanto para agricultores com para pessoas em geral; b) por inundação ou por sulcos e canais, alto risco para agricultores e riscos controláveis (moderados) para a saúde pública; c) por gotejamento ou subsuperficial, baixo risco para ambos, agricultores e pessoas em geral. Algumas medidas de controle da exposição humana são sempre desejáveis, embora na prática sejam pouco eficazes, devido às dificuldades de implementação (algumas apresentam custo elevado e sempre exigem mudanças culturais quase sempre difíceis). Contudo, quando se utiliza esgotos para irrigação, maior atenção deve ser dada às seguintes medidas de proteção: Educação sanitária, no sentido da higiene pessoal e dos alimentos (cozimentos de carnes, fervura do leite e lavagem de frutas e verduras, pelo menos). Ação médica regular (inclusive imunização). Cuidados pessoais dos agricultores (como uso de calçados e luvas adequadas). Cessar a irrigação de culturas em tempo seguro antes da colheita. Informar a posição dos campos irrigados através de avisos e "linhas divisórias". Como estas recomendações nem sempre podem ser atendidas, é prudente que seja assegurada a proteção à saúde através da associação de restrições às culturas, técnicas de irrigação e tratamento dos esgotos, que são medidas mais controláveis e seguras. Evidentemente, a viabilidade e a eficácia de qualquer combinação de medidas de proteção dependerá dos diversos fatores locais intervenientes, como endemicidade das doenças, costumes e hábitos sociais, práticas agrícolas e disponibilidade de recursos, que devem ser analisados cuidadosamente. A proibição do uso de esgotos na agricultura ou a adoção de padrões muito rigorosos são freqüentemente desrespeitadas, acarretando problemas de saúde pública por práticas clandestinas sem controle efetivo, ou pelo uso indireto, que acaba acontecendo, sem qualquer controle. Após o Encontro de Especialistas da Organização Mundial de Saúde, em 1971, muitos estudos foram realizados, em todo o mundo, para levantar evidências epidemiológicas que orientassem diretrizes mais racionais e menos restritivas. Os resultados desses estudos foram finalmente consolidados no "Encontro Científico sobre Aspectos de Saúde Associados ao Reuso de Esgotos", realizado pela OMS, em Genebra, em novembro de 1987, do que resultou o quadro seguinte. "CONDIÇÕES DE REUSO "GRUPOS "NEMATÓIDES * "COLIFORMES ** " " "EXPOSTOS "(Nº de "FECAIS (Nº /100 " " " "ovos/litro) "ml) " "IRRIGAÇÃO IRRESTRITA " " " " "(culturas para serem comidas "Operários " 1 " 1000 " "cruas, campos de desportos e "Consumidores " " " "parques públicos) "Público " " " "IRRIGAÇÃO RESTRITA " " " " "(cereais, culturas "Operários " 1 "não especificado " "industriais, forragens, " " " " "pastos e árvores) " " " " "IRRIGAÇÃO RESTRITA E " " " " "LOCALIZADA "Nenhum "não se aplica"não se aplica " "(se a exposição de operários " " " " "e do público não ocorre) " " " " Quadro 01 - Qualidade microbiológica recomendada pela Organização Mundial de Saúde para reuso de águas residuárias na agricultura. Observações: * Áscaris, Trichuris, Ancilostoma, Necator - média aritimética do número de ovos viáveis, durante o período de irrigação. ** Média geométrica, durante o período de irrigação. Em casos específicos, fatores epidemiológicos, sócio-culturais e ambientais, locais, devem ser levados em consideração e essas recomendações adaptadas em conseqüência. Um valor mais restritivo (200 CF/100 ml) é apropriado para relvados públicos com os quais as pessoas possam ter contato direto. No caso de árvores frutíferas, a irrigação deverá cessar duas semanas antes dos frutos serem colhidos e frutos não podem ser colhidos do solo. Irrigação por aspersão não pode ser utilizada. Os critérios de qualidade do Quadro 01 devem ser adaptados à realidade de cada região. Devem ser mais ou menos rigorosos de acordo com as condições epidemiológicas, socio-culturais e climatológicas. Na Resolução CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, do Brasil, que estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas, do Território Nacional, encontra-se: "As águas utilizadas para a irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas que se desenvolvem rentes ao solo e que são consumidas cruas, sem remoção de casca ou película, não devem ser poluídas por excrementos humanos, ressaltando-se a necessidade de inspeções sanitárias periódicas". (Art. 4º, águas de Classe 1). Para as águas de Classe 2, águas doces destinadas, entre outros usos, "à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas", "não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de até 5.000 coliformes totais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês". (Art. 5º ). Para as águas de Classe 3, águas doces destinadas, entre outros usos, "à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras", "número de coliformes fecais até 4.000 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de até 20.000 coliformes totais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês". (Art. 6º). Observe que a resolução do CONAMA (1986) é anterior às conclusões e recomendações da OMS (1987). É muito rigorosa quanto aos padrões bacteriológicos para a irrigação restrita mas não refere-se à necessária remoção de helmintos. De qualquer forma, tanto os padrões de qualidade microbiológica recomendados pela OMS como os preconizados pelo CONAMA, podem ser atendidos, sem dificuldades, através de técnicas de tratamento de esgoto do domínio de conhecimento dos engenheiros sanitaristas brasileiros. 4 - ASPECTOS SÓCIO-CULTURAIS E ECONÔMICOS A utilização controlada de esgotos sanitários ou de efluentes de sistemas de tratamento de esgotos, na irrigação, pode contribuir para a melhoria de qualidade de vida e condições sociais, de várias formas: Propicia o aumento da produtividade agrícola por unidade de área (nutrientes), a recuperação de áreas improdutivas e a ampliação da área irrigada (mais água para a irrigação), e a possibilidade de colheitas múltiplas (disponibilidade o ano todo) e, portanto, pode contribuir significativamente para o incremento da produção de alimentos, com influências diretas sobre a nutrição, a superação de estagnação econômica e a reformulação de práticas sócio-culturais. Como forma de disposição adequada para os esgotos sanitários (é mais uma alternativa, econômica) contribui para a melhoria das condições de saúde pública, evitando a transmissão de muitas doenças infecciosas, principais responsáveis pela mortalidade infantil no Brasil. A melhoria das condições de saúde (e de produtividade, consequentemente) tem reflexos sócio- culturais e econômicos óbvios. Contribui para a preservação e proteção do meio ambiente (e consequentemente melhor qualidade de vida) pois evita a descarga de esgotos nas coleções e cursos de águas naturais, prevenindo a poluição, a contaminação e a eutrofização, e possibilita melhor conservação do solo, através da acumulação de humus (composição) e da prevenção da erosão pela cobertura vegetal. Ainda pode contribuir para viabilizar ações de revegetação do solo em áreas que sofreram desmatamento. Como fonte alternativa de água para a irrigação e como medida de controle da poluição das águas naturais, ajuda a preservar as águas de melhor qualidade para o abastecimento público. A disponibilidade de água de boa qualidade para o consumo humano (doméstico) e industrial é um dos condicionantes mais importantes da qualidade de vida de uma população. Pode contribuir para a melhoria das condições climáticas (amenização), estéticas e recreativas, em áreas urbanas, através da irrigação e fertilização de "zonas verdes" tais como parques públicos, jardins e campos para práticas desportivas. Logicamente, em face do exposto, amplia as oportunidades de trabalho e promove a criação de empregos. Sem dúvida a utilização dos esgotos para irrigação pode promover melhoras significativas nas condições sócio-cultural-econômicas de uma população. 5 - PROGNÓSTICO DE UTILIZAÇÃO DOS ESGOTOS NO NORDESTE DO BRASIL Quase toda a Região Nordeste do Brasil (exceto o litoral) é semi-árida, sujeita a grandes estiagens (secas), com recursos hídricos limitados (em quantidade e qualidade) e por vezes insuficientes até para o abastecimento público. O solo é pobre e carece de fertilização orgânica, em muitas áreas. Os rios, intermitentes, quando não estão secos, não apresentam vazão suficiente para diluir cargas poluentes, na maior parte do ano. Na época das estiagens, quando a grande maioria dos corpos d'água ficam totalmente secos, qualquer coleção de água é utilizada, pelas populações locais, para todos os fins. Nas cidades do sertão do Nordeste o clima é seco e quente, o solo quase sempre pobre, a ausência de áreas verdes é uma constante. A utilização dos esgotos no meio urbano como forma de tornar possível a criação e manutenção de áreas verdes, além da grande valia para a amenização climática, com o devido tratamento urbanístico-paisagístico ofereceria áreas de lazer, praças e parques. A falta de água e fertilizante de forma bem distribuída, no tempo e no espaço físico, é reconhecidamente um dos principais problemas da produção agrícola e pecuária do sertão do Nordeste. Por outro lado, o Nordeste brasileiro é uma região que por suas condições climáticas, disponibilidade de área e necessidades agrícolas, em tudo favorece o aproveitamento dos esgotos na irrigação. Se é comprovada a excelência dos esgotos e/ou efluentes tratados para irrigação e se os riscos sanitários podem ser controlados e eliminados, o não aproveitamento dos mesmos só não ocorre quando: não há conhecimento técnico e vontade política; ou quando não são necessários por razões climáticas ou econômicas; ou quando não há sistemas de coleta de esgotos; ou quando a prática não é aceita por motivos culturais. Não há dúvidas que os esgotos seriam úteis no Nordeste, tanto por razões climáticas como econômicas. Há o conhecimento técnico, sendo necessário porém melhor difundi-lo e lutar pela vontade política de aplicá-lo. Na verdade o que falta são sistemas de coleta de esgotos que reúnam vazões significativas. Porém, atualmente, principalmente após o desenvolvimento do modelo Condominial de esgotamento sanitário, várias cidades pequenas e médias estão implantando seus sistemas de esgotos e muitas outras certamente terão sistemas de esgotamento a curto ou médio prazo, em face da crescente conscientização e preocupação com os problemas ambientais e sanitários. Quanto à aceitação cultural, parece haver um equívoco na bibliografia especializada quando registra que a idéia de reuso dos esgotos na irrigação não é facilmente aceita culturalmente. Isso não é verdade em muitas regiões geográficas. Quando do desenvolvimento do sistema condominial de esgotos, no Rio Grande do Norte, o autor deste trabalho participou da equipe e teve a oportunidade de acompanhar a implantação de sistemas de esgotamento em várias cidades do interior do Estado (pelo menos sete, efetivamente: Santa Cruz, Campo Redondo, Caicó, Currais Novos, Goianinha, Parnamirim e Parelhas). Nesses sistemas, que acompanhei a implantação e o funcionamento em regime, o tratamento dos esgotos é através de lagoas de estabilização e sempre se teve a idéia de lhes acoplar formas de aproveitamento dos efluentes. Conquanto os nossos trabalhos não tenham tido o objetivo de questionar ou aperfeiçoar técnicas de irrigação e de produção agrícola, preocuparam-se, no contexto da minimização das perdas dos sistemas urbanos de esgotamento, em verificar a aplicabilidade de sistemas simples de reaproveitamento dos esgotos, em progresso dos rudimentares já existentes, viáveis de imediato em termos de compatibilidade com a cultura local (aceitação social, hábitos e costumes) e com os condicionantes físicos, econômicos e fundiários. Em todos os casos acompanhados, verificou-se que de fato os esgotos são muito apreciados pelos agricultores, não há resistência cultural, e os efluentes tratados incentivam a prática, que, no entanto, não tem qualquer orientação técnica. Em Santa Cruz, imediatamente após a construção das lagoas de estabilização, agricultores locais criaram pequenos sistemas de valetas e sulcos para aproveitamento dos efluentes na irrigação de milho, melancias, abóboras e capim para o gado. Em Campo Redondo um agricultor chegou a furar o muro de contenção da lagoa para que os esgotos fluíssem para uma plantação de milho próxima. Tanto em Santa Cruz como em Campo Redondo, e provavelmente nas outras cidades, ocorreu sifonamento das lagoas, com tubos flexíveis (mangueiras), para aproveitamento em irrigação. Em Caicó, imediatamente a jusante da lagoa, observou-se um sistema de irrigação um pouco mais elaborado, inclusive com sistema de bombeamento dos efluentes. Em Currais Novos, como em todo o sertão, durante a estiagem que ocupa a maior parte do ano (além de geralmente chover pouco, a pluviosidade se concentra em 3 ou 4 meses) os esgotos, lançados "in natura" nos talvegues secos, são assim mesmo aproveitados, ou subaproveitados, apesar dos riscos à saúde. Uma tentativa concreta da Prefeitura de Currais Novos em executar um sistema de infiltração com sumidouros para os esgotos "brutos" de uma sub-bacia que deságua no rio, levantou protestos de proprietários da área, a bem de não prejudicar o aproveitamento rudimentar que ali se dá aos esgotos apesar das precárias condições higiênicas do local, a ponto da Prefeitura desistir do empreendimento. Inibidos pelo risco sanitário, ou pela estética, este reaproveitamento limita-se hoje à cultura de capim para alimentar o gado. Encontra-se, no entanto, desde o simples plantio ao longo de valas abertas (estreitas faixas verdes), até sistemas de irrigação por valetas que formam exuberante campo verde na aridez reinante. Destes últimos destaca-se o caso do homem conhecido com "Chico da Prestação" que mantém estabuladas 05 vacas leiteiras e suas crias, alimentadas com capim produzido em terreno de 600 m², irrigado exclusivamente com esgoto. Tem-se constatado, em nossos estudos de campo, que havendo alguma forma de tratamento, os esgotos passam a ser mais cobiçados, o que era de se esperar, e, o que é importante, o aproveitamento dos mesmos passa a ser mais racional. Exemplo concreto deste fato é o caso do agricultor que teve esgoto "bruto", em vala aberta, escoando em sua terras, e, embora aproveitando as margens da vala para plantar capim "disso não passava"; a simples construção de um tanque séptico a montante lhe deu incentivo para, espontaneamente, elaborar um racional sistema de irrigação por valetas, multiplicando por cinco a sua produção continuada de capim. Uma questão que se tem mostrada complexa é a propriedade dos locais naturais de tratamento. Apesar das negociações de áreas para tratamento, com os proprietários das terras cedendo a área necessária em troca da utilização dos efluentes, serem favoráveis (em todos os casos negociados não se teve dificuldades, por vezes o proprietário até se oferece para assumir a manutenção de rotina das lagoas), a população que coletivamente pagará os ônus destes tratamentos, tem se manifestado no sentido do direito de usufruir dos efluentes tratados. Há de se encontrar uma maneira de aproveitamento de forma participativa ou cooperativa, ou outra a mais justa, que permita a extensão dos benefícios advindos, mesmo que indiretamente, ao maior número possível daqueles que geram os esgotos por meio de água paga. Esta idéia será exeqüível quando a área dos campos de reutilização forem do domínio público. Enfim, nossas investigações de campo levaram a concluir que é socialmente desejável e economicamente viável, a curto prazo, no Sertão do Nordeste, a revitalização do solo através dos esgotos, para incremento da produção agrícola e pecuária e para proteção do meio ambiente e da saúde pública, através de campos de reutilização disseminados, revertendo a produção em benefício da população. 6 - CONCLUSÕES 1 - A quantidade de água e nutrientes, contida nos esgotos, é considerável e representa um desperdício injustificável, principalmente em regiões áridas ou semi-áridas. 2 - Os esgotos sanitários e os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos, por suas características físicas e químicas, são adequados, e até excelentes, para a irrigação de diversas culturas, e há comprovação prática do aumento significativo da produtividade agrícola por unidade de área. 3 - Os riscos para a saúde pública são geralmente bem menores do que se imagina e podem ser perfeitamente controlados, ou eliminados, através de técnicas de tratamento de esgotos consagradas pela engenharia sanitária. 4 - Para eliminar os riscos sanitários e viabilizar economicamente a irrigação com águas residuárias, podem e devem ser associadas técnicas de tratamento de esgotos, de irrigação e manejo e de controle da exposição humana, em função do tipo de cultura e das condições sócio-culturais, climáticas e epidemiológicas, em cada caso. 5 - A utilização dos esgotos na irrigação, como forma de disposição adequada, contribui efetivamente para a preservação do meio ambiente e a proteção da saúde pública. 6 - É socialmente desejável e economicamente viável a utilização dos esgotos na irrigação, em benefício social, e, pelo menos no Nordeste Brasileiro, não há empecilho cultural. 10. BIBLIOGRAFIA ANDRADE NETO, C. O. de. O Uso de Esgotos Sanitários e Efluentes Tratados na Irrigação. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM - CONIRD- ABID. 9, Natal, 1991. Anais do 9º Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem. Fortaleza: ABID, 1992. Vol. 2, p. 1961-2006. ANDRADE NETO, C. O. Sistemas Simples para Tratamento de Esgotos Sanitários - Experiência Brasileira. ABES, Rio de Janeiro, 1997. 301 pp. AYERS, R. S.; WESTCOT, D. W. Utilização de Águas Residuárias na Irrigação. In: A qualidade da Água na Agricultura. FAO, Roma 1985. Tradução: Departamento de Engenharia Agrícola, UFPB, 1991. p. 143-146. BASTOS, R.l K. X. Reuso de Efluentes. Anais do Seminário Internacional Tendências no Tratamento Simplificado de Águas Residuárias Domésticas e Industriais. Belo Horizonte-MG, mar. 1996. p. 222-236. CAVALLINI, J. M.; MUÑOZ, A. F. Reuso en Acuicultura de las Aguas Residuales Tratadas en las Lagunas de Estabilizacion de San Juan. Resumen Ejecutivo. Lima, OMS-OPS-CEPIS, 1991. 36p. CORAUCCI FILHO, B.; CHERNICHARO, C. A. L.; ANDRADE NETO, C. O. de; NOUR, E. A.; ANDREOLI, F. N.; MELO, H. N. S.; MONTEGGIA, L. O.; SPERLING, M. von.; LUCAS FILHO, M.; AISSE, M. M.; FIGUEIREDO, R. F; STEFANUTTI, R. Tecnologia do Tratamento de Águas Residuárias no Solo: Infiltração Rápida, Irrigação e Escoamento Superficial. p. 357 – 407. In: CAMPOS, J. R (coordenador) et all. Tratamento de Esgotos Sanitários por Processo Anaeróbio e Disposição Controlada no Solo. Rio de Janeiro: ABES, 1999. 464 p. HESPANHOL, I. Aspectos Técnicos e de Saúde Pública Relativos ao Uso de Esgotos na Agricultura e Aquacultura. Encontro Internacional sobre o Desenvolvimento da Década da Água. Lisboa, Portugal: 19 a 22 abril 1988. Governo de Portugal, República Federal da Alemanha, PNUD, OMS, 1988. 69p. HESPANHOL, I. Wastewater as a Resource. p. 87-123. In: HELMER, R. & HESPANHOL, I. (Editores). Water Pollution Control. London, WHO/UNEP, 1997. 510p. LEÓN S., G.; CAVALLINI, J. M. Curso de Tratamiento y Uso de Aguas Residuales. Lima, OMS-OPS-CEPIS, 1996. 151p. MARA, D. D.; ALABASTER, G. P.; PEARSON, H. W.; MILLS, S. W. Effluent Reuse. p. 71-77. In: Waste Stabilisation Ponds – a Design Manual for Eastern Africa. Leeds, England: Lagoon Technology International Ltd., 1992. 121p. MOTA, S. Aplicação de Esgoto Doméstico em Irrigação. P.17-30. In: MOTA, S. (organizador). Reuso de Águas: a Experiência da Universidade Federal do Ceará. UFC/CT/DEAH. 2000. 276p.