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O Que O Trabalho Poderá Vir A Ser

Sociologia do Trabalho

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    December 2018
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Introdução A presente obra tem por finalidade avaliar e discutir o futuro do trabalho no que tange a humanidade. Partindo de visões bilaterais foi elaborado uma síntese do que pode vir a ser o trabalho como forma de vida humana na terra tendo como base a ótica de dois pensadores modernos, Valter Pomar, doutor em História e Secretário Executivo do Foro de São Paulo e Suzana Albornoz, professora de Sociologia e Filosofia, além de escritora. Em síntese daremos pinceladas no que se refere ao modo de ver o trabalho na sociedade de hoje e de amanhã desses dois pensadores. Dizemos pincelas, porque um embate descritivo ou dissertativo acerca da visão particular destes personagens não caberia em um único livro e teríamos de elaborar uma verdadeira enciclopédia discriminado um socialismo democrático de direito. O QUE O TRABALHO PODERÁ VIR A SER Um bom socialismo precisa de uma sociedade maternal (Ernest Borneman). A sociedade humana vem modificando-se ao longo dos séculos no que diz respeito a qualidade de vida com menos esforço. Esforço, este que vem gradativamente sendo substituído pelo pensar. Lembremos, porém, que ao longo da nossa história tivemos o que chamamos de Idade das trevas, período da história em que o homem praticamente paralisou sua evolução ficando resignada a religiosidade como melhor opção de bem estar social, a promessa do divino, uma vida pós-morte sem esforço e dificuldades de mantimentos. Esse atraso na história nos custou quase mil anos de estagnação evolutiva o que ainda culminou com um sem fim de interpretações a respeito do certo e do errado nas ações humanas. Nos primórdios da sociedade organizada, o trabalho era considerado punição e praticado como meio de remissão dos pecados. Suzana Albornoz faz uma reflexão da palavra trabalho no sentido mais puro da palavra. Os significados que ela alcança ao longo da História nos mais diferentes povos e nos diversos pensadores que conviveram com a seguinte indagação: trabalho, prazer ou sacrifício? Trabalho, no sentido mais puro da palavra pode ser denotado como movimento. Porém não precisa ser necessariamente movimento físico. O simples fato de imaginar uma ação, mesmo que ela não se configure realizada fisicamente já pode ser considerado trabalho, pois o pensador teve o "trabalho" de idealizar algo. A tendência para um fim e esforço a que significa a palavra trabalho no que se refere os dicionários filosóficos pode intrigar o leitor e incita-lo a ir mais fundo no significado dessa palavra tão singular e ao mesmo tempo tão entremeada de significados diversos. Parta Wright Mills, (sociólogo anglo saxão,1915-1962), em sua análise dos trabalhadores de colarinho branco acentua como no mundo do trabalho em escritório, por exemplo, perde o sentido e importância do aspecto técnico da atividade. Não se pergunta a alguém o que ele faz e não se pergunta como ele faz o que faz. O que importa nesse caso é qual a renda que ele obtém ou o status que o emprego lhe oferece. Note que não necessariamente é preciso realizar um trabalho físico nesse caso, mas o sentido de trabalho está intrínseco no sistema. Em níveis empresariais sempre tem maior renda e status aquele que está imediatamente acima de outro e o outro acima deste outro com mais renda ainda e com menor volume de trabalho. A medida em que a hierarquia no mundo moderno vai se modelando os que ficam no topo da pirâmide tem a possibilidade de trabalhar menos e terem maior renda que os que ficam na base dessa mesma pirâmide. Vale lembrar que quanto mais no topo da pirâmide, maior o nível de responsabilidade adquirido, o que nos faz relembrar o fato de que trabalho não significa apenas uma ação braçal, pois o nível de estresse nas camadas mais elevadas da sociedade pode ser comparado ao nível de esforço de um trabalhador dito comum, chão de fábrica do labor de oficio, labor físico, mecânico. Analisando a sociedade mais contemporânea e suas diversas crises sociais podemos verificar que ao longo da história a sociedade conviveu e convive com oscilações sociais e políticas, as quais todos estamos engajados, quer queiramos ou não. Segundo Valter Pomar, tendo como base as ultimas crises sociais e politicas da sociedade moderna, o homem tende a reinventar-se dentro do próprio conflito. A saída para as crises organizacionais e trabalhistas podem, provavelmente, serem apaziguadas no âmbito politico, trabalhista e social, com uma reinvenção do próprio sistema vigente. Suzana Albornoz (1991) defende que o futuro da sociedade trabalhista pode surgir de um sistema socialista eficiente. Essa visão é conflitante com a visão de Valter que, embora tenha tendências socialistas, acredita que a sociedade, num futuro próximo se reinvente dentro do próprio capitalismo. Essas observações pouco respondem a pergunta: como será o mundo do trabalho no futuro? Oras, se o socialismo eficiente seria uma boa opção, o capitalismo agressivo nos parece mais provável, pois o ser humano tende a ser absorvido por ele. Mesmo que, em um primeiro momento, defenda uma posição de esquerda. Bom exemplo é a cultura de protesto advinda da musica como forma de afirmação esquerdista. O Hip Hop, o Funk, dentre outros nasceram do protesto ao sistema e logo foram absorvidos por ele. Toda essa reflexão nos faz concluir que o ser humano, de uma forma geral, tende a acomodar-se e procurar refugio em ambientes que exijam menor esforço. É uma condição natural do ser humano, ou seja, independente da forma que se mostre o sistema no futuro o ser humano necessita gozar dosa frutos da sociedade com menos esforço. Essa condição natural tem um preço: a medida em que a sociedade vai usufruindo de mais conforto com menos esforço (visão de futuro da sociedade) ela tem a necessidade incondicional de trabalhar mais com o intelecto, ou seja, no mercado futuro haverá pouco espaço para aqueles que acreditam usufruir de benefícios provindos da tecnologia ou politicas sociais sem que se qualifiquem para isso. O ócio na sociedade futura será uma comum entre nós, porém haverá uma necessidade de aprimoramento da mão de obra trabalhista para que seja possível gerenciar maquinas equipamentos e toda a tecnologia desenvolvida para proporcionar um bem estar com menos esforço físico. O êxodo rural nas ultimas décadas exemplifica esse fato, pois o homem do campo migra para os grandes centros por dois motivos; 1° o poder do capital deixa poucas opções do mundo agrário de subsistência e o agricultor tem de sucumbir e ser absorvido pelo sistema; 2° a migração ocorre pelo simples fato de, nos grandes centros, pode se encontrar todos os equipamentos de sobrevivência em um só lugar sem que se tenha de fabrica-los (lei do menor esforço). Fonte: IBGE.Censo 2010 (Folha de São Paulo,30/04/2011) Em suma torna-se menos trabalhoso vender a força de trabalho com a certeza de que no final do mês a renda mínima para a sobrevivência estará garantida sem depender das intempéries advindas da natureza. O homem se rende as facilidades e menor esforço do mundo moderno. Contudo, para aqueles que não evoluírem intelectualmente e não se adaptarem ao novo modelo vida social baseada em menos trabalho e mais tecnologia só vai aumentar os bolsões de miséria em torno das grandes metrópoles sobrevivendo à custa de um sistema de subsistência patrocinado por programas sociais eleitoreiros. Welinton dos Santos, (Economista e Psicopedagogo), cita: O mundo atual passa por momentos de transformações, dentre eles a razão do trabalho será modificada. Quanto maior for à rede de transmissão de conhecimento e informação, maiores serão as oportunidades potenciais de diminuição das desigualdades sociais, afetando diretamente as relações de empregabilidade das nações. A mudança é rápida e os movimentos de redes de conhecimento definirão o futuro das ocupações profissionais. Práticas desta cadeia de distribuição permitirão o aumento da cidadania e este processo em cadeia permitirá uma orientação ao mundo novo do trabalho. O futuro será marcado por profissionais mais criativos e interagidos. Apesar de ceticismo por parte dos especialistas do assunto, deixo claro que muitas organizações buscam soluções de emprego para a Humanidade. O desemprego tenderá a ser alto nas economias desprovidas ao acesso da educação, do conhecimento e da informação simultânea. Para os profissionais operacionais, com menor nível de educação, alternativas como a criação de bancos do povo, empresas sociais, programas de agricultura familiar, cooperativas de artes, projetos de economia solidária, cooperativas de serviços, podem auxiliar a criar redes de ocupação, abordando nichos mercadológicos ou praticando o utilitarismo, como ferramenta para combater o tradicionalismo das profissões. CONCLUSÃO Segundo Suzana Albornoz, numa sociedade feliz, sem classes, o objetivo supremo não será mais o rendimento, o desempenho, mas a criação. O trabalho não será mais uma carga que o homem suporta apesar dele mesmo porque sem ele não sabe do que viveria. A vida de todos os membros da sociedade será assegurada independentemente de seus desempenhos e façanhas. Concluímos que há um quê de verdade em seu pensamento futurista, porém o ser humano tende a diversidade de opiniões. Mesmo que o trabalho seja facilitado, em algumas vertentes ele pode ser considerado um fardo a ser carregado. Pois aquilo que pode me ser prazeroso para uns pode não ter o mesmo sentido para outros. Sempre haverá discordância. Não é possível agradar a todos da mesma forma e intensidade. O que para uns o trabalho mais braçal pode ser prazeroso, para outros pode ter conotação de suplicio. O prazer no sentido puro da palavra é muito particular de cada pessoa. Alguns podem oferecer resistência às novas tecnologias, mas a parcela ais significativa da sociedade se renderá às facilidades da nova sociedade moderna.