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Atividade de estágio apresentada na
Disciplina de modelos e maquetes
Aplicada ao Design, no Curso de
Tecnologia de Design de Interiores da
UNIBAN, ministrado pelos Professores Ed
Sarro e Alessandra Maleatoux
Índice :
O que é
vime........................................................................
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Materiais...................................................................
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Trançado
............................................................................
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O cultivo do
vime........................................................................
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O que é vime
Vime vem do latim "Vimen", um material utilizado desde
tempos primitivos, originalmente oriundo de varas moles e flexíveis do
vimeiro e que passou a designar qualquer matéria-prima de origem vegetal
com tais características e que, trançado, possui diversos usos,
principalmente na manufatura de cestos e móveis.
Na Antiguidade alguns escudos chegaram a utilizar este material,
como no batalhão persa dos Imortais. Referências documentais dão conta de
sua existência no Antigo Egito e seu uso é sugerido como tendo se expandido
na Idade do Ferro, com grande influência no desenvolvimento da arte
Céltica.
O vime esteve presente nos primeiros protótipos de balões e
aviões, por seu baixo peso e resistência; nos balões, até em tempos atuais,
é um dos materias com os quais são confeccionados os cestos em que seguem
os passageiros.
Nos tempos modernos sua estética foi influenciada fortemente pelo
Movimento de Artes e Ofícios, do final do Século XX.
O registro mais antigo na América de artefato de vime é o de
Heywood-Wakefiel, em Gardner, Massachussets. Os artefatos antigos em vime
são bastante valorizados, pelos colecionadores.
Materiais
Além da vimeira original, são usados outros materiais bastante
comuns como algumas gramíneas, como canas e bambus. São usados galhos, ou
mesmo o tronco principal, desde que fino e flexível.
Sua composição parece delicada, mas é robusta, tornando-se numa
opção de matéria-prima barata e de fácil obtenção.
Trançado
O vime é alvo de uma tessitura que, adquirindo firmeza, possui
grande resistência e durabilidade.
O Cultivo do Vime
O vime é um produto obtido de espécies do gênero Salix, da família
Salicaceae. São conhecidas cerca de 300 espécies desse gênero, entre
árvores e arbustos, espalhadas pela Europa, América do Norte, Ásia e
África.
A Salix humboldtiana Wiild é a única espécie nativa da América do
Sul, ocorrendo ao longo de rios e canais desde o sul do México (23º N) até
a província de Chubut, na Argentina (45º S). O gênero Salix ocorre
predominantemente em solos úmidos de climas frios e temperados, mas
diversas espécies de Salix se adaptam perfeitamente a áreas secas,
incluindo zonas alpinas e de altas latitudes.
Os exemplares arbóreos de Salix são conhecidos como salgueiro,
salso, chorões (willows); as formas arbustivas, de uso tradicional em
artesanato e cestaria são denominadas de vime.
A literatura destaca, pela boa qualidade na confecção de cestas,
Salix viminalis L., Salix purpurea L., Salix cinerea L., Salix caprea L.,
Salix triandra L., Salix alba L., subsp. Vitellina e Salix fragilis L.
(Comunicado Técnico nº 71 da Embrapa, da autoria do Eng. Florestal, PhD,
Vicente Pongitory Gifoni Moura. Este mesmo autor nos informa que o cultivo
do vime tem sido objeto de interesse há séculos, devido ao fato de que a
madeira do Salix, tanto arbórea como arbustiva, é fácil de ser trabalhada e
de ser propagada.
A utilização do vime é relatada desde a antiguidade, sendo que em
Ur, pátria de Abrahão, foram descobertos sarcófagos de vime que datam de
mais de 5.000 anos. A bíblia lhe faz referência quando descreve que, no
reinado de Ramsés II, no Egito, Moisés foi resgatado das águas do Nilo em
uma cesta de vime. O Salix começou a ser plantado na Europa no início do
século passado, registrando-se na França cultivo superior a 100.000
hectares. Com o advento dos produtos sintéticos, que o substituíram, seu
cultivo diminuiu sensivelmente. Hoje, somente alguns países do leste
europeu, como a ex-União Soviética, Polônia e Hungria, mantém seu cultivo
em níveis consideráveis. Moura ressalta que, atualmente, poucos países se
interessam pela fabricação de móveis de vime, apesar de, durante muito
tempo, ter existido uma indústria desenvolvida na França, Espanha e Itália.
Esses países mantêm atualmente uma pequena produção, destinada
principalmente à elaboração de produtos de alta qualidade, que permitam
diluir os altos custos associados. Já nos países do leste europeu, onde os
custos da terra e da mão-de-obra são mais reduzidos, a indústria se mantém,
com a Polônia e a Hungria liderando o comércio do vime bruto na região. Na
América do Sul, o Chile utiliza o S. viminalis em trabalhos de cestaria,
movelaria e artesanato.
Espécies de Salix produtoras de vime foram introduzidas no Brasil
há mais de meio século, em São Paulo e nos estados do Sul. Segundo M. Pio
Correa, em seu Dicionário de Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas
Cultivadas (1978), as espécies S. alba e S. purpurea foram introduzidas e
aclimatadas no Brasil e se destacam pelo valor medicinal, na produção de
"salicina", na fabricação de perfumes artificiais e no tratamento do
reumatismo e de outras doenças febris. A espécie S. babilonica L.,
tradicionalmente conhecida como "chorão", é originária da China. É
cultivada em diversos países como planta ornamental, na arborização urbana,
sendo seus brotos e flores indicados pra combater febres, tuberculose,
úlceras e dor de dente.
Em Santa Catarina o vime está presente há quase um século,
acompanhando principalmente os imigrantes italianos. Introduzido juntamente
com a vinicultura, persistiu ao longo do tempo com diversos usos e
aplicações, com destaque para a proteção de barrancas de rio, fabrico de
canoas, cangas de boi, calçados (tamancos) e artigos trançados de uso
doméstico (cestas, balaios, gaiolas, etc.). É utilizado ainda em
paisagismo, fabrico de brinquedos, amarração de vegetais (parreiras e
kiwi), bioenergia, fitorremediação (descontaminação de solos e lençóis
freáticos), na fitoterapia e na terapia ocupacional.
A partir da década de sessenta do século passado, o incremento da
vitivinicultura e o declínio das plantações de vime na serra gaúcha ensejou
a comercialização catarinense do vime "in natura", para suprir as demandas
daquela atividade (amarração das plantas de videira e trançados para
garrafas, garrafões e cestas de colheita). O vime passou a ter importância
econômica, com aumento da área plantada e da produção no vale do Rio
Canoas.
O cultivo se concentra hoje na região da Serra Catarinense, nos
municípios de Rio Rufino, Bom Retiro, Bocaina do Sul, Urubici, Urupema,
Painel e Lages, de onde expandiu-se para outras regiões do estado (Rio dos
Cedros e Garuva) e do país. Atualmente, na região Serrana, 1266 famílias se
dedicam ao cultivo de 1215 hectares de vime.
A produção anual é de 15790 toneladas de varas verdes (cerca de
6000 toneladas de varas secas, prontas para o artesanato). Se
comercializada na forma de varas verdes a atividade pode gerar, anualmente,
cerca de R$ 2,36 milhões – uma estimativa -, uma vez que as oscilações no
preço recebido pelos agricultores são um dos principais entraves à
atividade.
A transformação da conjuntura nacional e mundial, com os
agricultores saindo da agricultura de subsistência para a economia de
mercado, exigiu mudanças na forma de exploração das propriedades. Nesse
ambiente o vime, cujo cultivo pouco depende de recursos externos à
propriedade, tornou-se importante fonte de renda e contribuiu para a
permanência de significativo número de famílias no campo. A atividade
contribui para a manutenção das unidades produtivas, ocupando a mão-de-obra
local. Remunera essencialmente os fatores internos de produção (mão-de-obra
e recursos naturais).
É pouco mecanizada, a maioria das atividades são executadas
manualmente. Não compete com as lavouras tradicionais, desenvolvendo-se em
áreas marginais que apresentam restrições ao cultivo. O processo produtivo
do vime é ambientalmente recomendável, pois nele não são usados pesticidas
(inseticidas, fungicidas e herbicidas). Além do sistema de produção
utilizar o mínimo de insumos externos, recicla nutrientes normalmente
indisponíveis aos cultivos convencionais, preserva o solo, melhora a
qualidade da água, protege as margens dos rios e está adaptado às condições
locais. O volume de artesanato produzido regionalmente é incipiente quando
comparado à produção de matéria prima.
Apenas 10% do total colhido são transformados nos municípios
produtores, o que confirma a baixa apropriação, pelos agricultores e
artesãos, dos recursos gerados pela atividade na região. É necessário
estimular a produção local de artesanato com melhor acabamento, pela
introdução de novas técnicas e novos desenhos que atendam o mercado
consumidor, mudando a realidade atual, onde 90% da produção é
comercializada na forma de varas, para outras regiões do Estado e do país.
Cabe salientar que no processo de transformação artesanal, 800 a 1000
quilos de varas secas são suficientes para uma pessoa trabalhar o ano
inteiro na confecção de peças. A produção anual gera ocupação para 6.000 a
7.500 pessoas, trabalhando em tempo integral, somente no artesanato, sem
considerar o restante da cadeia produtiva.
A comercialização, inicialmente realizada diretamente entre
produtores e consumidores, foi sendo paulatinamente assumida por
intermediários, que detêm estoques e regulam o mercado, o que provoca
oscilações dos preços. Os intermediários visitam isoladamente os produtores
e compram o produto a granel, sem classificação e sem tipificação – os
produtores desconhecem as exigências de qualidade requeridas pelos
artesãos. Nessa forma de comercialização o produtor é prejudicado, os
preços recebidos sofrem grandes flutuações e é ínfimo em relação ao que é
cobrado dos artesãos. Os produtos do artesanato local também são pouco
competitivos, suas peças geralmente não possuem as qualidades desejáveis e
o design deixa a desejar.
À medida que a atividade ganhou importância regional, produtores
e suas lideranças sentiram a necessidade de melhorar o sistema produtivo e
agregar valor ao produto pela transformação artesanal local. Solicitada, a
Epagri, que até então não desenvolvia qualquer ação nesta atividade,
reconhecendo sua importância social, econômica e ambiental, aliou-se aos
produtores para seu planejamento conjunto. Foram contratadas duas
consultoras, nas áreas de agronomia e artesanato, ao tempo em que foi
elaborado o "sistema de produção do vime", necessário à inclusão da cultura
como atividade financiável no sistema nacional de credito rural.
A consultoria evidenciou a importância e a dimensão da atividade
e apontou para a necessidade de trabalhos de pesquisa e extensão rural,
visando resolver os problemas resultantes da baixa apropriação, pelos
agricultores e artesãos, dos recursos gerados pela atividade na região.
Como principais entraves foram enumerados:
Baixa agregação de valor à matéria prima;
Dificuldade de acesso ao mercado consumidor;
Pouca tradição em trabalhos associativos;
Dificuldade de incorporação de novas técnicas de produção e transformação
artesanal.
Outras instituições públicas e privadas, além da sociedade civil,
demonstraram interesse em formar parcerias, oportunidade em que foi criado
o Projeto de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Vime na Serra
Catarinense. Fazem parte desse projeto:
o Serviço Nacional de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae-SC);
a Agência de Desenvolvimento da Serra Catarinense (Ageserra);
a Associação de Produtores de Vime de Rio Rufino (Aprovime);
a Cooperativa de Crédito Rural de Rio Rufino (Sicoob/SC - Cediunião);
a Cooperativa de Artesanato de Vime e Outros Produtos do Planalto
Catarinense (Cooperart) e
a Associação de Micro e Pequenos Empresários de Lages (AMPE).
Foi proposta a construção de uma Unidade de Capacitação, nas
dependências do Cetrejo – Centro de Treinamentos da Epagri de São Joaquim
-, para estimular o aprimoramento das áreas de produção de matéria-prima e
da produção artesanal, pela incorporação de novas técnicas que permitam
competição de mercado. A Unidade facilitaria a busca de conhecimento pelos
agricultores, tendo em vista que hoje não existe uma estrutura regional
para suprir esta demanda.
Individualmente, os agricultores não possuem condições
financeiras para o aperfeiçoamento em outros locais. No projeto estão
previstas ações em áreas importantes como pesquisa e extensão aplicadas ao
cultivo, capacitação para o trabalho artesanal, gerenciamento dos
empreendimentos, além de assessoramento na organização e na comercialização
dos produtores de vime. À par de várias ações desenvolvidas nas áreas de
comercialização e de capacitação cumpre lembrar que, na área de pesquisa,
foram instalados ensaios de densidade e espaçamento de plantio, durante
três anos, além de uma coleção de cultivares e espécies oriundas do país e
do exterior (Argentina, Chile e paises da Europa). Um amplo trabalho de
diagnóstico de solos e nutrientes foi realizado durante quatro anos. Os
dados estão em fase de análise.