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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS BACHARELADO EM AGROINDÚSTRIA
SOCIOLOGIA RURAL PROF.º: DIOGO FERNANDES
ELTON BELARMINO DE SOUSA
Movimentos Sociais no campo até o golpe de 1964: a literatura sobre as lutas e resistências dos trabalhadores rurais do século XX.
EM RESUMO... Este artigo retrata a historiografia dos movimentos sociais no campo a partir da literatura sobre a luta dos trabalhadores rurais no Brasil até os anos 70 do século XX. Oferecendo para tal uma resenha coletiva dos livros publicados e apontando novas perspectivas de pesquisa.
PARA O PESQUISADOR... É possível encontrar evidencias da existência de movimentos sociais de trabalhadores rurais desde a época colonial até os dias de hoje. Seja camponeses livres ou trabalhadores escravizados, ambos se revoltavam contra a sua exploração em inúmeras ocasiões desde o século XVI.
OS CASOS MAIS FAMOSOS... o
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Os quilombos dos Palmares no século XVII; A resistência de Canudos no século XIX; O Contestado em 1912. Além de tantos outros movimentos clandestinos estimulados por anarquistas e socialistas em fazendas de café e cana-de-açúcar.
SER OU NÃO SER SINDICAL?... o
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Em 1932, foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos (RJ). Constituído por pequenos lavradores e cortadores de cana-de-açúcar, por ser próximo à capital nacional se tornou um sindicato modelo. Todavia, até o fim de 1931, outros seis sindicatos já haviam sido reconhecidos pelo governo. O programa de Vargas com relação aos sindicatos, almejava um desenvolvimento de maneira corporativa e utilizava os sindicatos como forma de organizar as forças produtivas da sociedade e assim “pacificar os conflitos gerados”.
INTERESSES... Inicialmente outros campos ganharam destaque para experimentar a organização sindical, especialmente os setores industriais e comerciais. Isso ocorreu devido a classe dominante da sociedade se encontrar nestes pontos. Logo, a meta de se formar mais sindicatos rurais, como previa o primeiro ministro do trabalho do governo Vargas, foi deixada de lado. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) também passou a desejar a Sindicalização Rural.
PROPOSTAS DO PCB... Exigia a ampliação da liberdade de associação; A organização de “Sindicatos de Assalariados Agrícolas”; Direito a sócios de elegerem representantes para entidades governamentais de fiscalização; Integrar o camponês na classe trabalhadora; Mobilizar os camponeses e os operários urbanos a construir e fortalecer o proletário.
VAI TRABALHANDO, VAI TRABALHANDO... Entre 1949 e 1964, o PCB publicou o primeiro jornal camponês de circulação nacional – Terra Livre – que era redigido unicamente para identificar os problemas dos trabalhadores do campo e mobilizá-los a reivindicar soluções perante as autoridades. O PCB organizou a primeira Conferência Nacional dos Trabalhadores Rurais e fundou a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB), que posteriormente virou a CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.
O CARÁTER CORPORATIVISTA... Para os estadistas vinculados a Vargas os sindicatos ofereciam uma maneira de controlar a classe trabalhadora e algumas facções da oligarquia rural. Confiantes de que o Sindicato Patronal seria mais hábil que o dos trabalhadores. Podemos entender a sindicalização dos trabalhadores rurais do Brasil como uma luta da vanguarda revolucionária contra a classe dominante reacionária.
BRIGA DE CACHORRO GRANDE... A partir de 1960, a Igreja Católica, as Ligas Camponesas e políticos populistas entraram na concorrência para ser identificados como representantes autênticos dos trabalhadores rurais. Então em 1963 é criada uma nova entidade do governo incumbida de ajudar os trabalhadores e seus representantes a formares vários sindicatos – a SUPRA – Superintendência da Política de Reforma Agrária. A Ditadura também não deixou passar nada, durante a repressão quase 80% dos sindicatos recém formados tiveram seus registros cancelados.
PARA AS FUTURAS GERAÇÕES... Todos esses movimentos estavam acontecendo no nosso país e até 1980, poucas obras haviam sido feitas a respeito. A partir dos anos 30, foram publicados estudos e casos jornalísticos a respeito da situação agrária do país. A preocupação do governo Vargas com a produtividade agrícola e resistência dos fazendeiros estimularam os primeiros estudos sobre a questão.
E VIVA A INTELECTUALIDADE... Obras de Destaque: Escravos da terra; O Estatuto do Trabalhador Rural; Revista Brasiliense; Os cristãos e o sindicato na cidade e o campo; O golpe militar de 1964 não acabou com a produção acadêmica, mas poucas obras foram publicadas até os anos 70.
REGISTRANDO OS “GRANDES EVENTOS”... Nos anos 70 a Fundação Ford e outras entidades apoiaram um projeto de que produziu seis estudos sobre os trabalhadores rurais e os bóias-frias. Nos anos 80 a produção intelectual voltou com força, inspirada na onda explosiva dos movimentos rurais. Dos anos 90 até os dias atuais o modernização os mecanismos de produção e a luta por terra, se tornaram os principais focos das novas pesquisas.
FINALMENTE... Apesar da extensão e importância do movimento sindical na vida de milhões de trabalhadores e aposentados, ainda sim são poucos os estudos dos sindicatos rurais até hoje. Quando falamos na questão agrária, é bom que pensemos como um “mundo”, mas ao fazermos uma pesquisa, é aconselhável que consideremos cada local. Porque a história das lutas e resistências teve cada uma o seu desfecho, conquistas e perdas.