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Monografia Yuri

Estágio Supervisionado Obrigatório de Graduação

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL CURSODE ENGENHARIA FLORESTAL Conservação e Manejo Florestal em Áreas de Abrangência do Plano Nacional de Reforma Agrária no Estado de Pernambuco Yuri Rommel Vieira Araújo Recife-PE Novembro/2009 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL Conservação e Manejo Florestal em Áreas de Abrangência do Plano Nacional de Reforma Agrária no Estado de Pernambuco Relatório de Estágio Supervisionado Obrigatório apresentado a Coordenação do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em cumprimento às exigências acadêmicas para a conclusão do curso de Engenharia Florestal. Yuri Rommel Vieira Araújo Avaliadores: _______________________________________________________ Nota: _______________________________________________________ Nota: IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO Título: Conservação e Manejo Florestal em Áreas de Abrangência do Plano Nacional de Reforma Agrária no Estado de Pernambuco. Executor: Yuri Rommel Vieira Araújo. Local: Associação Plantas do Nordeste – APNE Recife/PE Supervisor: João Paulo Ferreira da Silva. Engenheiro Florestal. Orientadora: Profª MSc. Isabelle Maria Jacqueline Meunier – UFRPE Período de Estágio: 03/08/2009 à 30/11/2009 Carga horária total: 264 h Orientadora Supervisor Executor Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço a todos da minha família e parentes que sempre me apoiaram e deram forças para seguir caminhando. Aos amigos e colegas que acompanharam e torceram pelo meu sucesso, a minha namorada por me agüentar. As pessoas que de alguma forma contribuíram para a minha formação intelectual e profissional. A todos da equipe de campo que trabalham na Associação Plantas do Nordeste pela experiência vivida e o pelo conhecimento repassado por eles. Ao João Paulo (Supervisor) e Frans (Diretor) que possibilitou a realização deste trabalho. E aos meus avós que sempre quiseram ter um “neto doutor”, me viram entrar na universidade, mas não tiveram tempo de me vê formado. Apresentação Este relatório descreve as atividades desenvolvidas na Associação Plantas do Nordeste (APNE), durante o período de 03/07/2009 à 30/11/2009, realizando ações de promoção da conservação e manejo florestal em áreas de abrangências do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) no Estado de Pernambuco. A APNE é uma organização não-governamental que tem como missão aumentar o conhecimento e compreensão das plantas nativas no Nordeste para permitir melhor gestão do meio ambiente, visando sua conservação e uso sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população. A Associação foi oficialmente estabelecida em julho de 1994, com sede em Recife, Pernambuco, sendo responsável, inicialmente, pela gestão do Programa Plantas do Nordeste - PNE. Foram desenvolvidas atividades em projetos para “Promoção da conservação, do uso sustentável e do Combate à Desertificação em Projetos de Assentamentos no Semi-árido de Pernambuco”, visando a ampliação da área averbada como da reserva legal no Estado, e contribuir no sentido para a redução da ação antrópica sobre os recursos naturais pela educação ambiental e divulgação de práticas conservacionistas. O projeto de implementação de plano de manejo florestal sustentável em projetos de assentamentos no sertão de semi-árido tem objetivo de gerar renda aos assentados, uso racional dos recursos naturais e promover um desenvolvimento sustentável. A última atividade desenvolvida foi a elaboração do plano de manejo florestal sustentável na Associação de Agricultores(as) Familiares Nova Aliança, Itapetim-PE, gerando uma nova fonte de renda e criando uma nova utilização da vegetação nativa, evitando que a mesma seja destruída para a prática de atividades rurais tradicionais (agricultura e pecuária). Sumário 1. Introdução ________________________________________________________1 2. Atividades Realizadas _______________________________________________3 2.1. Participação no projeto “Promoção da Conservação, do Uso Sustentável e do Combate à Desertificação em Projetos de Assentamentos no Semi-árido de Pernambuco”________________________________________________________3 2.1.1. Visitas de Reconhecimento e Apresentação do Projeto _____________3 2.1.1.1. Avaliação das Associações Visitadas _________________________4 2.2. Participação no projeto “Implementação do Manejo Florestal Sustentável em Projetos de Assentamento no Sertão Pernambucano” ______________________6 2.2.1. Visitas de Reconhecimento e Abordagem Inicial ___________________7 2.2.1.1. Avaliação das Visitas de Reconhecimento _____________________8 2.3. Participação na “Elaboração do Plano de Manejo Florestal Sustentável na Associação de Agricultores (as) Familiares Nova Aliança” _________________11 2.3.1. Mapeamento e Geoprocessamento da Propriedade ________________11 2.3.2. Inventario Florestal __________________________________________13 2.3.2.1. Sistema Amostral _________________________________________13 2.3.2.2. Coleta dos Dados _________________________________________13 2.3.2.3. Análise dos Dados dos dados do Inventário____________________15 3. Considerações Finais ______________________________________________19 4. Bibliografia. ______________________________________________________21 5. Anexos __________________________________________________________23 1. Introdução A reforma agrária é uma necessidade urgente no Brasil, com um potencial transformador na sociedade, gerando emprego e renda, garantindo a segurança alimentar e abrindo uma nova trilha para a democracia e para o desenvolvimento com justiça social, sendo um ponto estratégico para um projeto de nação moderna e democrática (MDA, 2004). Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) foi um plano desenvolvido para realizar a maior reforma agrária da história do Brasil, prevendo ações para que homens e mulheres pudessem produzir, gerar renda e ter acesso a direitos fundamentais, como saúde e educação, energia e saneamento. Nesse novo modelo de reforma agrária, a recuperação dos atuais e a implantação dos novos assentamentos contam com assistência técnica e acesso ao conhecimento e as tecnologias apropriadas, estão orientadas por projetos produtivos adequados às potencialidades regionais e às especificidades de cada bioma e comprometidos com a sustentabilidade ambiental (MDA, 2004). Estudos desenvolvidos pelo DIEESE (2008) mostram que no ano de 2007 foram assentadas 7.436 famílias no Nordeste, ocupando uma área total de 150.577 ha e em Pernambuco, neste mesmo ano, foram assentadas 334 famílias, ocupando uma área de 6.898 ha. Nesse mesmo trabalho, observou-se que em 2006 o número de empregados formais no setor florestal em florestas plantadas no Nordeste foi de 5.421, em florestas nativas foi de 2.836 e com a produção de mudas e sementes certificadas foi de 3.402 empregados. Os recursos florestais são, geralmente, os primeiros a serem explorados pelos agricultores nos assentamentos rurais e também têm uma fundamental importância para a sobrevivência econômica e social destes assentamentos, principalmente no caso daqueles em que não possuem alternativas de ocupação de mão de obra. As principais formas de utilização destes recursos dentro dos assentamentos são com fonte energética (lenha e carvão), pastagens naturais, infraestrutura (estacas e mourões) e uso medicinal (fabricação de remédios caseiros) (FRANCELINO et al., 2003). O manejo florestal sustentável é definido como a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. Esta atividade implica em realizar uma exploração planejada, aplicando tratamentos silviculturais à floresta e com a extração de espécies previamente selecionadas. As experiências de manejo sustentável têm mostrado ser possível aumentar a produtividade da extração de madeira, reduzindo o ciclo de corte e a área necessária, conservar a biodiversidade, mantendo a qualidade da água e do ar e gerar benefícios socioeconômicos (JUVENAL e MATTOS, 2002). Segundo Silva et al. (2008), a prática do manejo florestal sustentado da caatinga representa uma alternativa viável para o desenvolvimento em projetos de assentamentos rurais no semi-árido nordestino, atendendo aos anseios de produção e conservação, e aproveitando os recursos mais abundantes nos assentamentos que é a mata nativa e a mão de obra. O Bioma Caatinga ocupa uma extensa área, estimada em cerca de 850.000 km2, correspondendo à maior parte da região do semiárido do Nordeste brasileiro. O nome caatinga deriva da língua Tupi, significando “mata clara”, fazendo referência ao aspecto acinzentado e claro na estação seca, quando a maioria das árvores e arbustos se encontra sem folhas e a luz pode penetrar no solo. Este bioma apresenta um clima megatérmico semi-árido, com temperaturas médias anuais entre 26 e 28°C, embora as médias das temperaturas, máximas raramente ultrapassem 40°C, com vegetação predominantemente composta de um estrato arbóreo ou arbustivo-arbóreo (QUEIROZ, 2009). É um ecossistema rico em variedades de fauna e flora como também apresenta muitas espécies endêmicas (ALVES et al, 2008). Segundo Rodal & Sampaio (2002) apud Queiroz (2009) existem três critérios para classificar a vegetação da Caatinga. O primeiro é o geográfico, ou seja, a vegetação que recobre uma área mais ou menos contínua sob clima quente e semiárido, circundada por áreas de clima úmido. O segundo critério é referente a características estruturais e adaptativas à deficiência hídrica: caducifólia, herbácea anuais, suculentas, armamento, predominância de arbustos e arvores de pequeno porte e cobertura descontínua das copas. O terceiro é florístico: presença de espécies endêmicas e outras que ocorrem na caatinga e outras áreas secas mais ou menos distantes, mas não ocorrem nas áreas úmidas que fazem o limite com a caatinga (QUEIROZ, 2009). Segundo SCHACHT (1989) apud Silva e Sampaio (2008) grande parte da mata nativa da caatinga é usada para a produção de lenha, seja como produto principal, seja como abertura de área de plantio tradicional, e outra parte é utilizada como pastagem natural para animais que consomem a vegetação herbácea presente na época de chuvas e as folhas de árvores e arbustos que caem durante as estações secas do ano. A pecuária é a principal atividade econômica dentro da Caatinga, proporcionado pela vegetação nativa que permite um consumo de matéria seca capaz de atender as necessidades dos animais. Em decorrência da relevância que representa para o meio ambiente, a Caatinga precisa ser conservada e estudada, em especial seus mecanismos de sustentabilidade (ALVES et al., 2008). A realização deste estágio supervisionado obrigatório teve com objetivo colaborar em projetos voltados ao desenvolvimento de maneira ecologicamente sustentável em projetos de assentamentos da reforma agrária da região do semiárido do Estado de Pernambuco, com a implantação de atividades que visem implementar as estratégias de sustentabilidade, aliadas a conservação e preservação ambiental, sendo este um caminho para alcançar o equilíbrio entre sociedade e meio ambiente. Espera-se, com os projetos, aumentar a informação, o conhecimento e a assistência técnica sobre como manejar os recursos florestais da caatinga, e desta forma garantir o uso sustentável dos recursos florestais. 2. Atividades Realizadas 2.1. Participação no projeto “Promoção da Conservação, do Uso Sustentável e do Combate à Desertificação em Projetos de Assentamentos no Semi-árido de Pernambuco” O Projeto desenvolvido pela associação Plantas do Nordeste (APNE) teve como objetivo contribuir para o combate a desertificação no Estado de Pernambuco por meio da adequação ambiental e divulgação de práticas de conservação nos projetos de assentamento assistidas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário. O trabalho consistiu em duas ações: Sensibilizar e capacitar os agricultores referentes ao uso e conservação dos recursos naturais, legislação ambiental, planejamento do uso da terra e adequação ambiental e Implementação do planejamento do uso sustentável da terra e da adequação ambiental em Projetos de Assentamentos (PA). A etapa inicial consistiu em visitas de reconhecimento e apresentação do projeto aos integrantes de cada associação, avaliando o grau de interesse da comunidade sobre as questões ambientais e sua participação em projetos voltados a essa temática, verificar a situação atual de desenvolvimento e organização comunitária da associação. 2.1.1. Visitas de Reconhecimento e Apresentação do Projeto Foram visitadas 18 associações de agricultores em cinco municípios do interior de Pernambuco. Quinze associações estão localizadas na Mesorregião do São Francisco pernambucano, sendo sete da microrregião de Itaparica, oito da microrregião de Petrolina e três na microrregião de Salgueiro. Na Tabela 1 estão listados as associações, os municípios em que se localizam, área (ha) e número de famílias existente em cada assentamento. As associações situam-se no bioma Caatinga, com a vegetação classificada como Savana Estépica Florestada e Savana Estépica Parque, com solos classificados como Luvissolo Crômico, Neossolo Litólico, Neossolo Regolítico e Neossolo Quartzarênico e de clima semi-árido quente (IBGE, 2004). Tabela 1. Associações dos Agricultores visitados para a implantação do projeto de combate a desertificação do semiárido de Pernambuco. Associação Município Área (ha) Número de Famílias Pau-de-Colher Belém do São Francisco 445,77 16 Carapuça Belém do São Francisco 86,93 12 Barra da Serra Belém do São Francisco 611,96 9 Toco Preto Belém do São Francisco 128,24 23 Belemitas Belém do São Francisco 218,07 16 Francisco de Assis Belém do São Francisco 302,18 18 Padre Cícero Belém do São Francisco 222,22 9 Sítio Serrote da Lagoinha Salgueiro 143,52 7 Baixio Verde Salgueiro 182,00 10 Umari II Cabrobó 162,15 13 Poço do Angico Cabrobó 769,59 15 Nossa Senhora da Conceição Cabrobó 167,43 10 Vitória Orocó 150,41 10 Almirante Orocó 220,49 10 Riacho da Madeira Orocó 417,18 20 Cacimba do Meio Parnamirim 225,46 7 Fazendo Chinum Parnamirim 164,00 10 2.1.1.1. Avaliação das Associações Visitadas As sete associações localizadas no município de Belém de São Francisco, de modo geral, estão passando por dificuldades na área produtiva devido à falta de assistência técnica por parte dos órgãos competentes ou por condições da propriedade. A pouca produção agrícola e criação de animais são para o consumo interno. Todas as associações apresentaram interesse em participar do projeto. A associação Pau-de-Colher (Figura 1) não prosperou de maneira planejada por falta de recursos para financiar projetos produtivos, a única aquisição foi a compra de ovelhas. Apenas a associação Carapuça se apresentou bem estruturada, capaz de desenvolver uma agricultura irrigada e atividades agropecuárias. Algumas associações passam por problemas organizacionais como é o caso das Belemitas e Toco Preto, e outras não têm serviços básicos como energia elétrica e água. Há moradores que trabalham fora para complementar a renda e com os recursos financeiros externos ajudam a pagar as dívidas da propriedade, como é o caso da associação Francisco de Assis (Figura 2). Figura 1. Apresentação do projeto aos associados da Associação Pau-de-Colher/ Belém de São Francisco,PE. Figura 2. Apresentação do projeto aos associados da Associação Francisco de Assis/Belém de São Francisco, PE. As duas associações visitadas em Salgueiro apresentaram interesse em participar do projeto. A Associação Baixio Verde já participa de projeto de pesquisa desenvolvido pelo IPA em parceria com a APNE. Na Associação Serrote da Lagoinha, dois moradores informaram a necessidade de promover uma atividade sustentável na propriedade. No município de Cabrobó, as associações dos PA apresentaram uma situação mais desconfortável para a implantação do trabalho. Todas as associações apresentam casas construídas ou em fase de acabamento, mas não estão totalmente ocupadas. Na Umari II cultivam milho, arroz e feijão, além da criação de animais, em sistema de produção de subsistência, apresentando dificuldades para pagar as dividas da propriedade. A associação Poço de Angico aguarda a divisão dos lotes para começar os trabalhos produtivos, acreditando que com o plantio e a retornada da produção podem sustentar economicamente a associação. Em Orocó foram visitadas três associações. A associação Vitória está iniciando as atividades produtivas e precisam de suporte técnico para garantir a produtividade e sustentabilidade da fazenda. Na associação Almirante, os moradores estão trabalhando fora da propriedade para sustentar a fazenda e a associação Riacho da Madeira passa por dificuldades administrativas herdados da administração passada. No último município, Parnamirim, as duas associações mostraram interesse em participar do projeto, porém apresentaram alguns pontos críticos para a sua realização. Na associação Cacimba do Meio, as casas ainda não foram construídas, terão acesso ao PRONAF-A e compraram uma bomba para irrigar o capim e na associação Chinum, os associados estão com os projetos bloqueados, necessitando de apoio externo para se desenvolver. A realização das visitas de reconhecimento possibilitou concluir que as associações passam por dificuldades organizacionais, estruturais ou financeiras. Com a implantação deste projeto nas associações selecionadas, além de combate a desertificação no semi-árido e planeja a utilização dos recursos naturais nas associações, também ira trazer uma nova esperança de desenvolvimento aos assentados. 2.2. Participação no projeto “Implementação do Manejo Florestal Sustentável em Projetos de Assentamento no Sertão Pernambucano” Este projeto tem como objetivo implementar o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Projetos de Assentamentos (PA) no Sertão Pernambucano, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, uso racional dos recursos naturais e geração de emprego e renda. As etapas deste projeto consistem em selecionar inicialmente os PA, implementar o programa de capacitação dos produtores rurais dos assentados selecionados em manejo, buscar a adequação ambiental e produção melhorada, planejamento participativo do uso dos recursos naturais, e finalmente, elaboração do PMFS e acompanhamento e assessoramento técnico para a implantação do Plano de Manejo. 2.2.1. Visitas de Reconhecimento e Abordagem Inicial Foram realizadas visitas de reconhecimento em 13 assentamentos de seis municípios do interior de Pernambuco. Nos assentamentos, foram realizadas entrevistas com os moradores, que responderam a um questionário (Anexo 1), levantando basicamente informações sobre a área tipo e composição da vegetação nativa, o estado de conservação e/ou uso, formas de utilização da terra, interesse da comunidade no manejo da caatinga, organização da comunidade e experiências anteriores com o manejo ou produção florestal e acesso do Projeto de Assentamento (PA). A Tabela 2 apresenta os assentamentos visitados durante esta fase inicial do projeto, que corresponde a seleção e apresentação do projeto. Tabela 2: Assentamentos visitados durante a fase de reconhecimento e abordagem inicial. Os quais desenvolvem a Agricultura (Agri.), Pecuária (Pec.), Caprinocultura (Capr.) e Ovinocultura (Ovi.) Área total (ha) Área coletiva florestal Área coletiva agrícola (ha) Área/ família Atividade Produtiva no PA Assentamento Município Ano da criação Cacimba da Furna Itaíba 2001 860,3 Não tem Não tem 20 ha Agri. Santa Luzia Itaíba 2001 883,3 Não tem Não tem 25 ha Agri./Pec. São Geraldo Itaíba 2005 461,7 11ha Não tem 20 ha Agri./Pec. Brabinho Itaíba 2005 494,7 Não tem Não tem Agri./Pec. Ilha Grande Tupanatinga 2005 890,6 Não tem Não tem 19 ha 40,5 ha Riacho do Carié Tupanatinga 2005 848,6 Não tem Não tem 23 ha Agri./Pec. Arcoverde 2003 462,5 Não tem 7,0 17 ha Agri. Arcoverde 2005 715,6 Não tem Não tem 26,5 ha Agri./Pec. Sítio Cajueiro Iguaraci 1987 330,1 Não tem 4,0 26 ha Agri. Malhada do Riachão Iguaraci 1987 310,7 Não tem 4,0 25 ha Agri./Pec. Sítio Jardim Tuparetama 1987 330,1 Não tem 25,0 Santo Izídro Nossa Senhora do Carmo Tuparetama 2001 250,2 Não tem Não tem 23,5 ha 31 ha Sertânia 2005 732,5 Não tem Não tem 46 ha Serrote Redondo Queimada da Onça Agri./Pec. Agri./Ovi.. Agri./Pec. Capr. Os assentamentos estão localizados na região fisiográfica da Caatinga, com solos classificados como Luvissolos Crômico, Neossolo Quartzarênico e Planossolo Nátrico, vegetação classificado, como Savana Estépica Arborizada, Savana Estépica Florestada e Savana Estépica Parque, e de clima quente semi-árido (IBGE, 2004). 2.2.1.1. Avaliação das Visitas de Reconhecimento No município de Itaíba foram visitados quatro PA, que de maneira geral, todos praticam a agricultura com o cultivo de milho e feijão e comercializam quando tem boa colheita. Em três deles, Santa Luzia (Figura 3), Brabinho e São Geraldo, a pecuária é a atividade principal, para a comercialização da produção de leite. A área total dos assentamentos varia entre 431,7 e 883,3 ha e a quantidade de famílias ocupadas entre 20 e 32. Cada família tem os seus lotes definidos e demarcados, variando entre 20,7 e 32,7 ha/família. Em relação às questões ambientais, nenhum deles (Cacimba da Furna, Santa Luzia, São geral e Brabinho) apresenta a Reserva Legal (RL) averbada e demarcada, apenas localizada, com áreas entre 92,3 e 173,7 há. Não houve incêndios na vegetação nativa da propriedade e todos tem Área de Preservação Permanente (APP) nas margens de riachos e açudes artificiais. O assentamento São Geraldo é o único que apresenta área coletiva florestal comunitária (11ha), nenhum apresenta áreas de produção coletivas ou quintais agrícolas. Nas propriedades, a vegetação nativa só existe na reserva legal e nas áreas de preservação permanente. Figura 3. Entrevista com alguns moradores do assentamento Santa Luzia,Itaíba-PE. Em Tupanatinga foram visitados dois assentamentos, Ilha Grande (Figura 4) e Riacho do Carié. As áreas dos assentamentos variam entre 848,6 e 890,6 ha e são ocupadas por 22 e 29 famílias, em lotes definidos e demarcados apenas no assentamento Riacho do Carié. De maneira geral, todos cultivam o milho e feijão, além da criação de animais, nenhum dos dois tem áreas coletivas agrícolas ou florestais, e quintais agrícolas. Em relação às questões ambientais, as propriedades não têm a reserva legal averbada e demarcada, apenas localizada com áreas variam entre 168,7 e 178,1 ha, em nenhum deles se relatou a ocorrência de incêndios florestais na propriedade. Apresentam áreas de preservação permanente nas margens de açudes artificiais e rios. O assentamento Ilha Grande tem experiência na produção de carvão vegetal. Figura 4. Entrevista com alguns moradores do assentamento Ilha Grande, Tupanatinga-PE. No município de Arcoverde foram visitados dois assentamentos, com áreas entre 462,5 e 715,6 ha. As propriedades são formadas por 27 famílias cada, com áreas aproximadas de 26,5 e 16,6 ha/família, produzindo de maneira geral milho, feijão, jerimum, fava e sorgo, além de uma pequena criação de animais e não há ocorrência de incêndios florestais nas propriedades. No assentamento Serrote Redondo, a reserva legal não está demarcada e averbada, apenas localizada com área de 92,5 ha. Apresenta área de preservação permanente às margens de rios e açudes artificiais, os seus lotes estão definidos e demarcados por família, apresenta apenas áreas coletiva agrícola de 7 ha e quintais agrícolas. No assentamento Queimada da Onça, a reserva legal está averbada e demarcada com uma área de 143,1 ha, apresenta área de preservação permanente na margem de riachos, açudes artificiais e nascente do rio Ipojuca, não têm áreas coletivas e nem quintais agrícolas, os lotes não estão demarcados, a propriedade apresenta vegetação nativa significativa além da reserva legal e área de preservação permanente e preliminarmente tem o potencial de implantação do PMFS. Dois assentamentos foram visitados em Iguaraci, com áreas de 330,1 e 310,7 ha. Os PA apresentam 12 famílias cada, com área entre 25,9 e 27,5 ha/família com os lotes definidos e demarcados, cultivam milho e feijão. As áreas de reserva legal não estão demarcadas e averbadas, apenas localizadas com áreas de 62,1 e 66,0 ha, as propriedades só apresentam área coletiva agrícola com 4 ha cada. O assentamento Malhada do Riachão também desenvolve a pecuária para gerar renda e apresenta quintal agrícola. No assentamento Sítio Cajueiro se observou êxodo rural, sendo relatado que os filhos dos agricultores estão saindo da propriedade para trabalhar em outras cidades. Na Cidade de Tuparetama foram visitados dois assentamentos, Sítio Jardim e Santo Izídro. As propriedades apresentam uma área de 330,1 e 250,2 ha, respectivamente, com os lotes definidos e demarcados, ambas formadas por 8 famílias que tem como atividade produtiva o cultivo de milho, feijão e hortaliça, além da criação de animais. Cada lote tem uma área entre 28,3 e 31,3 ha/família. As reservas legais dos dois assentamentos não estão demarcadas e averbadas e não há registro de incêndios florestais nas propriedades. O assentamento Sítio Jardim tem apenas área coletiva agrícola com 25 ha e apresenta vegetação nativa significa além da reserva legal e área de preservação permanente, apresentando preliminarmente potencial para a implantação do PMFS. O último assentamento visitado foi o Nossa Senhora do Carmo, localizado no município de Sertânia. Apresenta uma área de 732,5 ha, com 16 famílias onde tem como atividade produtiva a criação de caprinos. Não tem áreas coletivas agrícola e florestal, e nem quintais agrícolas. A reserva legal, com uma área de 146,5 ha, não está demarcada e averbada, não ocorreram incêndios florestais no assentamento e a propriedade apresenta área de área de preservação permanente. A propriedade apresenta uma vegetação nativa significativa além da reserva legal e área de preservação permanente apresentando potencial para a implantação do PMFS. Na análise dos dados obtidos nas entrevistas, preliminarmente, dos 13 assentamentos visitados, apenas três apresentaram potencial para o manejo florestal sustentado, haja vista que os assentamentos que não apresentaram área de vegetação, a não ser a existente na reserva legal e área de preservação permanente ou devido à baixa densidade da vegetação nativa. Os assentamentos que apresentam previamente potencial para o manejo foram Queimada da Onça em Arcoverde, Sítio Jardim em Tuparetama e o Nossa Senhora do Carmo em Sertânia. 2.3. Participação na “Elaboração do Plano de Manejo Florestal Sustentável na Associação de Agricultores (as) Familiares Nova Aliança” A Associação de Agricultores(as) Familiares Nova Aliança, assentados na Fazenda Melancia, está localizada a 24 km da sede do município de Itapetim/PE. O município encontra-se na Macrorregião do Sertão de Pernambuco e na Microrregião de Pajeú, distante 414,13 km de Recife. Tem sua posição geográfica determinada pelo paralelo de -7º 22’ 40.8” da latitude e -37º 11’ 25” de longitude, e uma altitude de 637 m. O clima é semi-árido quente, com temperaturas variando entre 20ºC e 36ºC. Apresenta uma área total de 405 km2 e uma população de 13.849 pessoas, em 2007. Desenvolve uma atividade florestal de exploração da vegetação nativa, com a produção de lenha e carvão. Em 2007, no município foram produzidas 75 toneladas de carvão vegetal somando um valor de 10 mil reais, e 50 mil m 3 de lenha movimentando 57 mil reais (IBGE, 2008). A propriedade apresenta uma área de 533,9 há e está totalmente cercada e apresenta um relevo levemente ondulado. Apresenta recursos hídricos composto de dois açudes, um poço amazonas e um poço tubular. A associação é composta por 15 famílias onde tem como atividades produtivas o cultivo de milho, feijão, capim e sorgo, e a agropecuária com a criação de bovinos, caprinos, ovinos e aves. 2.3.1. Mapeamento e Geoprocessamento da Propriedade O mapa foi elaborado com base nas informações cedidas pelos próprios associados, localizando as áreas de interesse (agricultura, pecuária, agrovila, mata, serras, etc.). O mapeamento foi realizado com o auxílio de um aparelho receptor de GPS. Todo o perímetro da propriedade foi percorrido, com a ajuda de alguns associados, totalizando aproximadamente 10 km de perímetro. No reconhecimento da propriedade, foram registrados as coordenadas geográficas (pontos) no GPS (Figura 5), que transportados para o mapa, em seguida, com a utilização do software específico GPS TrackMaker. Os pontos foram registrados seguindo a divisão das áreas da propriedade (área de reserva legal, área dos lotes, área coletiva, agrovila, área de agricultura, área do manejo florestal, área de preservação permanente, área de futuras agriculturas e área de pecuária). Durante a realização do mapeamento foi possível classifica a vegetação nativa como sendo homogêneas com um único estrato. Figura 5. Registro das coordenadas geográficas no GPS durante o mapeamento na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. A Figura 6 representa o mapa da propriedade com as divisões das áreas: agrovila e agricultura (55,04 ha); reserva legal (106,7 ha); área futura da agricultura e pecuária (200 ha) e área para o manejo (172,16 ha). Figura 6: Mapa da propriedade localizada na fazenda Melancia, em Itapetim-PE, produzida pelo Eng. Florestal João Paulo Ferreira da Silva para subsidiar o planejamento do uso da terra. 2.3.2. Inventário Florestal 2.3.2.1. Sistema Amostral A vegetação nativa da propriedade foi identificada, durante o mapeamento, como bastante homogênea e uniestratificada. Devido a sua homogeneidade, foi utilizada a amostragem inteiramente aleatória. Foram sorteadas 10 unidades amostrais piloto na área com o objetivo de identificar as espécies existentes e determinar o seu estoque lenhoso. As unidades amostrais (parcelas) foram sorteadas com o auxílio de um computador através do sistema de coordenadas geográficas, para em seguida serem adicionadas ao aparelho receptor de GPS e assim serem identificados em campo. As parcelas apresentaram forma quadrada de tamanho de 20 m x 20 m (400 2 m ), seguindo as recomendações da Rede de Manejo Florestal da Caatinga. Na Figura 7 pode ser observado a abertura das parcelas. As parcelas foram abertas com o auxílio de mateiros do assentamento. Figura 7. Instalação de unidades amostrais em caatinga na fazenda Melancia, Itapetim-PE. 2.3.2.2. Coleta dos Dados Os dados coletados dentro das parcelas foram: CAP: Circunferência à altura do peito (Figura 8), mensurada à altura de 1,30 m do solo; CNB: Circunferência no Nível da Base (Figura 9), mensurada a uma altura de 0,30 m do solo; Altura da árvore, mensurada com uma régua graduada (Figura 10) e; Registro do nome vulgar da espécie, informado por mateiros e conhecimento da equipe, se necessário coleta de amostra para identificação em herbário. Foram mensurados indivíduos com CAP maior que 6 cm. A ficha de campo (Anexo II) preenchida foi o modelo para a medição de parcelas fixas do protocolo da Rede de Manejo Florestal da Caatinga. Figura 8. Medição da circunferência a altura do peito durante a realização do inventário na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. Figura 9. Medição da circunferência no nível da base durante a realização do inventário na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. Figura 10. Medição da altura da árvore durante a realização do inventário na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. Nas mensurações das árvores foram avaliados também: o estado de vitalidade e sanidade, classificandos-os como sadia, doente (atacado por cupins ou patógenos) e morto; qualidade do fuste, podendo ser totalmente reto (sem defeitos e/ou bifurcações até 2,50m), ligeiramente torto ou com poucos defeitos (sem bifurcação ate 2,50m) e muito torto, com defeitos graves (oco, rachado, podre), ou com bifurcações até 2,50m e; posição da copa sendo classificadas como dominantes (se pertencer aos 10% das árvores mais altas da parcela), intermediária (se localizada no nível média de altura das árvores das parcelas) e oprimida (se localizado por debaixo de outras copas da parcela). 2.3.2.3. Analise dos Dados do Inventário Florestal Os dados foram digitados e calculados no programa Mata Nativa 2. Devido a falta de tempo para a mensuração das parcelas e as dificuldades encontradas, foram mensuradas apenas 8 parcelas, das 10 sorteadas. A Tabela 3 pode ser observados os nomes vulgares e científicos das espécies encontradas na amostra. Para o cálculo do volume total utilizou-se a equação 1: VT x (DAP) 2 x HT 40000 (1) Em que: DAP é o diâmetro a altura do peito e HT altura total. O volume total obtido foi o volume cilíndrico que serve de base para as análises do estoque lenhoso da vegetação. Na análise da viabilidade econômica para a implantação do plano de manejo na propriedade, é necessária a estimativa do volume real e do volume empilhado. A estimativa do volume real e empilhada é obtida pela utilização de fatores de conversões (fatores de forma e de empilhamento) encontrados na literatura ou através de equações volumétricas. Na literatura podemos encontra fator de forma igual a 0,9 do projeto IBDF/FAO/PNUD/BRA/87/007 no Plano de Manejo Florestal do Seridó e Arcanjo, J. e fator de empilhamento igual a 3,32, apresentado no trabalho de Carvalho e Oliveira ( (1993) in “Avaliação do estoque lenhoso. Inventário Florestal do Estado do Ceará”. Tabela 3. Nome científico e vulgar das espécies arbóreas identificadas no inventário da Fazenda Melancia, Itapetim-PE. Nome Vulgar Angico de caroço Angico manjola Aroeira Bom nome Brauna Canafístula Catinga Branca Nome Científico Anadenanthera colubrina (Vell.) Parapiptadenia zehntneri (Harms)M.P. Myracrodruon urundeuva Fr Allemão Maytenus rigida Mart Schinopsis brasiliensis Engl Senna spectabilis (DC.)H.S. Irwin & Barneby Croton rhamnifolioides Pax Catingueira Chorão Cumaru Feijão bravo indeterminada 1 indeterminada 2 indeterminada 3 indeterminada 4 Juazeiro Jurema Branca Jurema de imbira Jurema preta Juremaçu Maniçoba Marmeleiro Moleque duro Mororó Mufumbo Pau piranha Pereiro Pinhão Quipembe Quixabeira Umburana de cambão Umburana de cheiro Unha de gato Caesalpinia pyramidalis Tul inderteminada Amburana cearensis (Allemão)A.C.Sm. Capparis sp Indeterminada Indeterminada Indeterminada indeterminada Ziziphus joazeiro Mart. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Mimosa ophthalmocentra Mart. Mimosa tenuiflora (Mart.)Benth indeterminada Manihot glaziovii Müll. Arg Croton sonderianus Müll.Arg. Cordia leucocephala Moric Bauhinia cheilantha (Borg.) Steud Combretum sp Pisonia sp. Aspidosperma pyrifolium (Mart) Jatropha mollissima Pohl. Piptadenia moniliformis Benth Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) Commiphora leptophloeos (Mart.)J.B. Gillett Amburana cearensis (Allemão)A.C.Sm Mimosa arenosa wiild As espécies não identificadas serão posteriormente encaminhadas ao herbário do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) para identificação. Na Tabela 4 pode-se observar que três espécies compõem as maiores densidades: marmeleiro (Croton sonderianus Müll.Arg), com 618 indivíduos nas parcelas; em seguida, a jurema de imbira (Mimosa ophthalmocentra Mart), com 490 indivíduos e catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul), com 163 indivíduos, totalizando 84,7% dos indivíduos das parcelas e representando 69,95% do volume total (m3) por hectare. Tabela 4. Valores absolutos das espécies encontradas no inventário realizado na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. Nome Vulgar Nº nas Parcelas Nº/ha Área Basal (m2/ Amostra) Volume Total (m3/Amostra) Volume Total 3 (m /ha) Catingueira Jurema de imbira Quixabeira Marmeleiro Angico de caroço Aroeira 163 490 2 618 7 3 509 1531 6 1931 22 9 1,8897 1,1016 0,6124 0,6595 0,1304 0,0945 9,8738 5,1196 3,0619 2,397 1,0258 0,9645 30,8555 15,9988 9,5684 7,4907 3,2057 3,014 Pereiro Maniçoba Pinhão Umburana de cambão Catinga Branca Feijão bravo Canafístula Mufumbo Jurema Branca Mororó Quipembe Indeterminada 4 Indeterminada 3 Juazeiro Cumaru Indeterminada 2 Bom nome Pau piranha Umburana de cheiro Jurema preta Indeterminada 1 Chorão Brauna Unha de gato Angico manjola Juremaçu Moleque duro Total 29 12 55 3 33 2 8 17 4 17 3 2 2 4 1 2 2 1 1 1 1 3 1 2 2 1 1 1500 91 38 172 9 103 6 25 53 13 53 9 6 6 13 3 6 6 3 3 3 3 9 3 6 6 3 3 0 0,098 0,0541 0,0669 0,0507 0,0551 0,0334 0,0277 0,0178 0,0126 0,0092 0,0067 0,0049 0,0054 0,0051 0,0038 0,0029 0,0051 0,0026 0,0031 0,0016 0,0017 0,002 0,0017 0,0016 0,001 0,0003 0,0003 4,9769 0,5825 0,3971 0,2648 0,2278 0,1889 0,1454 0,1334 0,1058 0,0871 0,0345 0,0268 0,0231 0,019 0,019 0,0173 0,0143 0,0138 0,0129 0,0125 0,0078 0,0075 0,0074 0,0067 0,0054 0,0037 0,0012 0,001 24,8597 1,8203 1,2411 0,8275 0,7118 0,5904 0,4543 0,4169 0,3306 0,2721 0,1079 0,0838 0,0722 0,0593 0,0592 0,0541 0,0448 0,0432 0,0403 0,0392 0,0244 0,0236 0,023 0,021 0,017 0,0116 0,0037 0,0031 77,6867 A distribuição por classes diamétrica (Tabela 5) revelou que os indivíduos com diâmetro menor que 10 cm representam 92,18% da população amostrada. Tabela 5. Distribuição de número de árvores, área basal e volume por classe diamétrica. Classes Diamétricas Nº de Ind. nas Parcelas Nº/ha Àrea Basal 2 (m /amostra) Volume Total 3 (m /amostra) Volume Total 3 (m /ha) < 5,0 1046 3269 0,8404 3,177 9,9281 5,0 |- 10,0 338 1056 1,2086 5,3537 16,7303 10,0 |- 15,0 66 206 0,7176 3,5375 11,0548 15,0 |- 20,0 28 88 0,6189 3,4106 10,6582 >= 20,0 23 72 1,5915 9,3809 29,3152 Total 1501 4691 4,9769 24,8597 77,6867 A Figura 12 exibe a distribuição volumétrica por classe diamétrica. O volume total (m3/ha) na propriedade foi de 77,6867 m3/ha, sendo a maior parte (37,74 %), formado por indivíduos de classe diamétrica maior que 20 cm. A vegetação apresenta uma densidade de 4.666 árvores/ha. Percentual do volume total por classe diamétrica Volume total (%) Volume Total da classe (%/classe) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 < 5,0 5,0 |- 10,0 10,0 |- 15,0 15,0 |- 20,0 >= 20,0 Classe diamétrica (cm) Figura 12. Distribuição volumétrica total (%) por classe diamétrica. A Tabela 6 apresenta as informações de número de árvores, área basal e volume total por parcela do inventário realizado na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. A média de indivíduo por parcela é de 187, sendo que as parcelas 3 e 5 foram as de maior densidade, com 14,25% e 15,32%, respectivamente, do total de indivíduos. Tabela 6. Área basal e volume por parcela do inventário na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. 2 3 Parcela Nº Área Basal (m ) Volume Total (m ) 1 2 3 4 5 6 7 8 Total 169 158 214 196 230 177 174 183 1501 1,0134 0,5004 0,4296 0,7008 0,5993 0,5552 0,6124 0,5658 4,9769 5,405 2,7435 1,7802 4,037 2,5291 2,5965 3,0012 2,7672 24,8597 A análise estatística demonstrou que o inventário florestal realizado na propriedade obteve um erro de 24,11%, acima do erro limite aceitado pelo órgão ambiental do Estado, a CPRH (20%), sendo necessárias 12 parcelas para obter o erro de 20% (Tabela 7). Devido a este erro, a equipe voltará ao campo para que sejam realizadas novas medições em mais 4 parcelas. Tabela 7. Análise estatística a partir de oito parcelas mensuradas em caatinga na Fazenda Melancia. Itapetim- PE. Área Total (ha) 172,16 Média (m /parcela) 3 Desvio Padrão (m /parcela) Variância Coeficiente de Variação % 3 3,1075 1,1187 1,2514 35,99 t de Student Tabelado para 90% de probabilidade 1,8946 Erro de Amostragem % 24,1134 Intervalo de Confiança para 90% de Probabilidade 58,9538 m3/ha <= X <= 96,4196 m3/ha n (Número Ótimo de Parcelas) para limite de erro de 20% 12 3. Considerações Finais A realização dos trabalhos proporcionou seleção de assentamentos e associações de agricultores rurais da reforma agrária em Pernambuco, para a implantação de projetos que visam a adequação ambiental e divulgação de práticas conservacionistas. Com a implantação do manejo florestal sustentável na associação Agricultores (as) Familiares Nova Aliança, Itapetim/PE, será possível criar um novo rumo para a vegetação nativa onde provavelmente seria devastada pela adoção das atividades tradicionais (agricultura e pecuária). Com a realização dos trabalhos e posterior análise dos dados foi possível constatar que a assistência técnica dentro dos projetos de assentamento da reforma agrária não é bem conduzida e a ausência dessa assistência dificulta o desenvolvimento social e ambiental de maneira satisfatória, e devido a falta de conhecimento em tecnologia alternativa e atividades menos danosas ao meio ambiente proporcionam uma degradação do solo e má utilização da vegetação nativa. Algumas espécies encontradas na realização do inventário apresentam potencial para outras utilizações, além da utilização madeireira. O angico de caroço e a jurema branca apresentam um potencial para a apicultura, assim como a aroeira e braúna que são espécies isentas do corte, por lei. A jurema de imbira é outra espécie que apresenta potencial para a apicultura, além da madeireira, e tem uma densidade significativa de 1.531 ind/ha. A propriedade apresenta elementos para desenvolver uma atividade de exploração de óleos e ceras com a catinga branca, pinhão, pereiro e maniçoba que representam juntas uma densidade de 404 ind/ha. Algumas espécies apresentam potencial para forragem como é o caso da catingueira, marmeleiro e catinga branca. A espécie marmeleiro com maior densidade apresenta vários potenciais de uso, como medicinal, madeireiro, óleos e ceras, apícola e forrageira. Um bom planejamento de utilização desta espécie, pode significar o desenvolvimento de novas atividades produtivas na propriedade e promoção de desenvolvimento econômico e ambiental em harmonia. A vegetação nativa da Fazenda Melancia apresenta potencial para o desenvolvimento de atividades não madeireiras, como a apicultura e extração de ceras e óleos. A introdução de sistemas silviculturais deve ser considerada, a vegetação apresenta espécies com potencial forrageiro em grande densidade por hectare. Os conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso de graduação foram de grande importância para a realização das atividades, principalmente na realização do mapeamento e no planejamento e realização do inventário florestal, sendo necessário aplicar os conhecimentos em imagens de satélites, localização geográfica, conhecimento de inventário, dendrologia e dendrometria. Porém concluiu-se que há a necessidade de maior quantidade de aulas no campo e de aulas mais dinâmicas que interliguem as disciplinas à prática. O aprendizado e experiência adquiridos durante a realização das atividades foram satisfatórios porque possibilitou a aplicação do conhecimento adquirido durante o curso de graduação. 4. Referências ALVES, J. J. A.; ARAÚJO, M. A. e NASCIMENTO, S. S. Devastação da Caatinga: uma investigação ecogeográfica. Caminhos da Geografia, Uberlândia-MG, v. 9, n. 26, p. 143-155, Jun-2008. ISSN 1678-6343. Disponível em: http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html. Acesso em: 24/10/2009. BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA). 2004. p 38. Disponível 25/08/2009. em: http://www.mda.gov.br/arquivos/PNRA_2004.pdf. Acesso em: DIEESE - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDO SOCIECONÔMICOS; NÚCLEO DE ESTUDO AGRÁRIO E DESENVOLVIMENTO RURAL. Estatísticas do meio rural 2008, Brasília: MDA: DIEESE, 2008. Disponível em: http://www.dieese.org.br/anu/estatisticasMeioRural2008.pdf. Acesso em: 25/08/2009. FRANCELINO, M. R.; FILHO, E. I. F.; RESENDE, M e LEITE, H. G. Contribuição da Caatinga na Sustentabilidade de Projetos de Assentamentos no Sertão Norte-RioGrandense. R. Árvore, Viçosa-MG, v.27, n.1, p.79-86, 2003. IBGE 2004 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapas Temáticos do Brasil de 2004. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/mapas_ibge/. Acesso em: 27/10/2009. IBGE 2008 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Extração vegetal e Silvicultural de 2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 . Acesso em: 16/11/2009. JUVENAL, T. L. e MATTOS, R. L. G. O Setor Florestal no Brasil e a Importância do Reflorestamento. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 16, p. 3-30, set. 2002. Disponível em: http://www.sinap.org.br/pdf/meio_ambiente/O%20setor%20florestal%20no%20brasil% 20e%20a%20importancia%20do%20reflorestamento.pdf. Acesso em: 26/10/2009. QUEIROZ, L. P. Leguminosas da Caatinga. Feira da Santana-BA: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2009. p.267. ISBN 978-85-7395-174-5. SILVA, J. P. F. da; SOARES, D. G. e PAREYN, F. G. C. Manejo Florestal da Caatinga: Uma alternativa de desenvolvimento sustentável em projetos de assentamento rurais do semi-árido em Pernambuco. R. Estatística Florestal da Caatinga, Natal-RN: APNE, Ano 1., v.1, p 6-17. 2008. ISBN 978-85-89692-12-0. SILVA, G. C. e SAMPAIO, E. V. de S. B. Biomassa de Partes Aéreas em Plantas da Caatinga. R. Árvore, Viçosa-MG, v.32, n.3, p. 567-575, 2008. 5. Anexos Anexo I: Questionário para seleção dos Projetos de Assentamentos para a implementação do manejo florestal sustentável. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS PROJETOS DE ASSENTAMENTO PROJETO GTZ-INCRA Projeto de Assentamento: Área total: Município: Data: Técnicos Reconhecimento prévio: 1. 1. Obtenção de cartas planialtimétricas e imagens de satélites: Sim Não Obs.: Fonte: 2. 2. Arquivo digital da localização (ArcView, MicroStation, GTM, AutoCad): Sim Não Obs.: Fonte: Avaliação dos recursos naturais e humanos: 1. Aspectos quali-quantitativos da floresta nativa presente no PA, levando em consideração o seu potencial para o manejo florestal e averbação da área de Reserva Legal: Potencial para o manejo florestal: Sim Não Obs.: Reserva Legal: Averbada e demarcada Localizada não-localizada Observações: 2. Percentual APP na propriedade: Margens de: Rios Riachos Serras declividade ≥100% montanha Observações: Açudes artificiais Topos de morros Lagos naturais cadeia de 3. Impactos ambientais recentes, pendências jurídicas com órgãos ambientais: Incêndios florestais: tempo ha causa: natural acidente criminoso Desmatamentos: Observações: 4. Prática de caça e ações predatórias nas áreas de Preservação Permanente ou na propriedade como um todo: Espécies da fauna caçadas: Frequência: 5. Consolidação da área agrícola (definição dos lotes e áreas coletivas): Lotes: Definidos e demarcados não demarcados Área coletiva agrícola: Existe: sim não quantidade : não quantidade : não quantidade : Área coletiva para pecuária Existe: sim Área coletiva florestal: Existe: sim 6. Proposta e projetos com a participação de outras entidades que estão previstas ou em fase de implementação que necessitem intervenções nos recursos naturais: 7. Relação da área/número de famílias: Observações: 8. Condições de acesso nos períodos de chuva e seca. Acesso à propriedade: Estradas internas: 1. Jurídicos Aspectos Jurídicos e organização social 1. Histórico do PA: 3. Início da ocupação e desapropriação: Formalização da Associação: N.º de famílias inicial: N.º de famílias atual: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 2. Registro em ATA dos processos decisórios: Formação da associação: Divisão dos lotes: Participação em projetos: Organização social: Regras para o Trabalho comunitário: 3. Estatuto da associação: Data de elaboração: Observações: 4. Existência de Assistência Técnica: Instituição 5. Conflitos internos: Ação principal Existem: sim não Quais? Como solucionam? Precisam de apoio externo? 6. Atividades produtivas desenvolvidas no PA: Atividade Quantidade Preço de venda Potencialidades: Praticam irrigação: sim não Se sim quantos ha irrigadas: 7. Atividade florestal na comunidade: Aptidão: sim não Porquê?: Interesse da comunidade em implementar o manejo florestal: sim não Porquê?: Condições de atender a Legislação ambiental: sim não Porquê?: 8. Regime de utilização da terra (Organização do trabalho): Individual por lotes: Em áreas coletivas e individuais/lotes: Em áreas coletivas: Observação Quintais agrícolas: 9. 9. Possui Licenciamento ambiental, autorizações ambientais para desenvolvimento de atividades florestais, quais?: Avaliação e agendamento 2. Contexto geral: 1. Pontos fortes e fracos: Pontuação 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 2. Agenda: Data Atividade Data Atividade / / / / / / / / / / / / / / / / Anexo II: Ficha de Campo utilizado no inventário florestal na Fazenda Melancia, Itapetim-PE. REDE DE MANEJO FLORESTAL DA CAATINGA Página ____ de____ Local:................................................................Número da parcela:............................... Data:...../...../..... Equipe:.................................................................................................................................................. Coordenadas geográficas: S................................... W............................... Número Número CNB CAP Altura Posição Classe de Qualidade OBSERVAÇÕES de de Espécie no (cm) (cm) (m) Vitalidade de Fuste Ordem Plaqueta Dossel Classe de vitalidade S = sadio; D = doente; M = morto. Qualidade do fuste: 1 = Totalmente reto, sem defeitos, em bifurcações até 2,50 m; 2 = ligeiramente torto ou poucos defeitos, sem bifurcações até 2,50 m; 3 = muito torto, com defeitos graves, com bifurcações até 2,50 m. Posição da copa : D = dominante, O = oprimida e I = intermediária.