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Monografia Francisco Eudes Carvalho De Lima

Meio Ambiente

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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA FRANCISCO EUDES CARVALHO DE LIMA Impacto Ambiental referente à contaminação do lençol freático produzido pelo chorume na área de influência do aterro de MARACANAÚ-CE. FORTALEZA – CEARÁ 2014 1 Francisco Eudes Carvalho de Lima Impacto Ambiental referente à contaminação do lençol freático produzido pelo chorume na área de influência do aterro de MARACANAÚ-CE. Monografia apresentada ao curso de graduação em Geografia, modalidade Licenciatura Plena, do Centro de Ciências e Tecnologia – CCT da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Antonio de Oliveira Gomes Neto. FORTALEZA – CEARÁ 2014 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3 / 1070 L732i Lima, Francisco Eudes Carvalho de Impacto ambiental referente a contaminação do lençol freático produzido pelo chorume na área de influência do aterro de Maracanaú – Ce / Francisco Eudes Carvalho de Lima. — 2014 .CD-ROM. 89 f. : il. (algumas color); 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”. Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia, Curso de Graduação em Geografia, Fortaleza, 2014. Orientação: Prof. Dr. Antônio de Oliveira Gomes Neto. 1. Chorume. 2. Resíduos sólidos. 3. Lençol freático. 4. Impacto ambiental – Maracanaú (CE). I. Título. CDD: 363.7 3 1 4 A minha adorável esposa Viviane e aos meus filhos Daniel, Dyullia, Érika e Melissa. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus pela minha existência e por me proporcionar forças espirituais no combate ao câncer, no qual estou fazendo tratamento médico há mais de dois anos. Aos meus pais Antonio Carvalho Sisnando de Lima (in memória) e Maria Zélia Linda da Mota. Ao meu tio José Newton Carvalho Sisnando de Lima (in memória), o tio Dedé por me oferecer vasto conhecimentos na área da astronomia e geografia na minha época de adolescente. A minha esposa Viviane Santos Carvalho de Lima pelos grandes momentos vividos juntos e por ter me dado forças para dar continuidade aos meus estudos Aos meus filhos Daniel, Dyullia, Érika e Melissa pelo amor recíproco e verdadeiro entre pai e filhos. Aos meus tios, tias, primos, primas e irmãs, em fim, toda minha família Ao professor Dr. Antonio de Oliveira Gomes Neto por ter sido orientador desse trabalho. Aos professores da UECE; Otávio Lemos, Edilson, Cláudia Grangeiro, Alexandre Sabino, Elmo Vasconcelos, Santiago, Ana Maria, Fábio Perdigão, Ângela falcão, Cristiane França, Iara Gomes, Francisco Gleison, Lúcia Brito, Luciana Freire, Elton Benevides, Tarcísio Pinheiro, Mariana Fernandes, Clairton Ciarlini e Paulo Pessoa. Aos colegas de geografia licenciatura (UECE), turma 2009.1; principalmente o colega Alexandre e Otávio. Ao meu amigo de infância prof. Dr. Francisco Humberto de Carvalho Júnior, por ter contribuído na elaboração dessa monografia, através de indicação de material didático relacionado a essa pesquisa. Ao colega de trabalho Engenheiro Gleydson Amorim por ter repassado vasto conhecimento sobre aterros sanitários. A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura da Prefeitura Municipal de Maracanaú por ter fornecidos dados relevantes a essa pesquisa. 6 RESUMO A geração de resíduos sólidos vem aumentando significativamente nas últimas décadas devido ao elevado consumismo em todo território brasileiro. E a destinação final desses resíduos gera impactos ambientais ao meio ambiente se não tiver uma destinação correta e adequada. Os Aterros Sanitários, Aterros Industriais e os Incineradores são os locais mais indicados por especialistas para sua destinação final, de acordo com a classificação desses resíduos gerados. O Município de Maracanaú, apesar de ter apenas quatro décadas de emancipação, tornou-se densamente populoso devido ao seu Polo Industrial e o surgimento de grandes comércios e de serviços, elevando-se então, a geração de resíduos sólidos neste município, os quais são coletados e destinados ao Aterro Sanitário de Maracanaú. O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de identificar se este aterro produz impacto ambiental ocasionado pela infiltração dos líquidos percolados no subsolo provocando a contaminação no lençol freático em torno de sua área. Através de pesquisas, entrevistas e visitas no citado aterro para a conclusão desse trabalho, foi verificado várias irregularidades constatando então, que esse Aterro Sanitário induz a contaminação do lençol freático produzido pelo chorume. Palavras - chave: Chorume, resíduos sólidos, lençol freático e impacto ambiental. 7 ABSTRACT The generation of solid waste has been increasing significantly in recent decades due to the high consumption throughout Brazil. And the final disposal of such waste leads to environmental impacts to the environment if you do not have a correct and proper disposal. Landfills, industrial landfills and incinerators are the most suitable locations for specialists to its final destination, according to the classification of waste generated. The city of Maracanaú, despite having only four decades of emancipation, became densely populated due to its Industrial Complex and the emergence of large trades and services, then rising, the generation of solid waste in this city, which are listed and for the Landfill Maracanaú. This work was developed in order to identify whether this produces landfill environmental impact caused by the infiltration of liquids percolate underground causing contamination in groundwater around your area. Through research, interviews and visits in that landfill for the completion of this work, several irregularities were then verified noting that this induces Landfill contamination of groundwater by leachate produced. Keywords: Manure, solid waste, groundwater and environmental impact. 8 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.......................................................................................10 LISTA DE QUADROS.....................................................................................12 LISTA DE SIGLAS..........................................................................................13 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................15 2. Revisão Literária...............................................................................19 2.1.Resíduos Sólidos................................................................................................19 2.2.Chorume..............................................................................................................27 2.3.Lixão....................................................................................................................33 2.4.Aterro Sanitário...................................................................................................35 2.4.1 Processos de decomposição de massa de aterros.........................................37 2.4.2 Implantação de aterro sanitário e sistema operacional...................................38 2.5.Água Subterrânea..............................................................................................41 2.5.1 Lençol freático.................................................................................................41 2.5.2 Aquífero...........................................................................................................43 2.6.3 Qualidade das águas subterrâneas.................................................................46 2.7 Impacto Ambiental..............................................................................................49 3. Análise Geodinâmica do Município de Maracanaú-Ce.................56 3.1 Aspectos gerais..................................................................................................56 3.2 Breve históricos da criação do município...........................................................57 3.3 Aspectos físico-ambientais.................................................................................58 4. Aspecto Sócio Econômico e Ambiental de Maracanaú................65 4.1 Configuração espacial.........................................................................................65 4.2 Perfil econômico e social.....................................................................................65 5. Análise Estrutural e Geoambiental do Aterro de Maracanaú........68 6. Considerações Finais.......................................................................76 9 Referências...........................................................................................83 Anexos...................................................................................................89 A. Fotos da barragem de contenção do rio Maranguapinho construído próximo ao Aterro de Maracanaú.................................................................................................89 B. Fotos de um poço localizada próximo ao Aterro de Maracanaú...........................91 10 LISTAS DE FIGURAS Figura 1: Aterro Sanitário de Maracanaú.................................................................14 Figura 2: Lixo domiciliar e comercial........................................................................19 Figura 3: Resíduo industrial......................................................................................20 Figura 4: Resíduo de construção civil – entulho.......................................................20 Figura 5: Resíduo de origem hospitalar....................................................................21 Figura 6: Chorume....................................................................................................26 Figura 7: Chorume sendo captado em uma cisterna para tratamento.....................30 Figura 8: Estação de tratamento do chorume (ASMOC)..........................................31 Figura 9: Lixão..........................................................................................................32 Figura 10: Moradias em torno do antigo lixão do Jangurussú..................................33 Figura 11: Aterro Sanitário – Bandeirantes – São Paulo..........................................34 Figura 12: Perfil de Aterro Sanitário..........................................................................38 Figura 13: Impermeabilizando o solo de uma célula de aterro sanitário...................39 Figura 14: Ciclo hidrológico.......................................................................................41 Figura 15: Rochas sedimentares no estado do Ceará..............................................44 Figura 16: Mapa do município de Maracanaú-Ce.....................................................54 Figura 17: Solos tipos pediplanos – Maracanaú-Ce.................................................57 Figura 18: Tabuleiros................................................................................................58 Figura 19: Solo – Maracanaú....................................................................................58 Figura 20: Tipos de solos encontrados em Maracanaú............................................59 Figura 21: Vegetação tipo caatinga em Maracanaú..................................................60 Figura 22: Aterro de Maracanaú................................................................................66 Figura 23: Conjunto Habitacional Vida Nova............................................................66 Figura 24: Conj. habitacional em construção pela Caixa Econômica.......................67 11 Figura 25: Casas sendo erguidas em frente ao aterro de Maracanaú....................67 Figura 26: Catadores aguardando o descarrego da coleta domiciliar.....................68 Figura 27: Catadores separando materiais reciclados............................................68 Figura 28: Materiais já segregados pelos catadores...............................................69 Figura 29: Poeira.....................................................................................................69 Figura 30: Solo do tipo arenoso de cor amarelada.................................................70 Figura 31: Escavação para material inerte (areia)..................................................71 Figura 32:Chaminé (saída do gás metano) e lagoa para tratamento do chorume.72 Figura 33: Poço profundo – talude – máquina – balança – prédio da administração e portaria de entrada do aterro de Maracanaú..................................................72 e74 Figura 34: Sacos espalhados no aterro de Maracanaú...........................................76 Figura 35: Talude do aterro de Maracanaú.............................................................77 Figura 36: Poço profundo do aterro de Maracanaú.................................................77 Figura 37: Chorume extravasando na base do talude.............................................78 Figura 38: Lagoa de estabilização para tratamento do chorume do aterro de Maracanaú................................................................................................................78 Figura 39: Poda sendo queimada – aterro de Maracanaú......................................79 Figura 40: Chaminé – saída do gás metano............................................................79 12 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Dados da composição de componentes de resíduos sólidos domiciliares porcentagem em peso base seca (%)........................................................................18 Quadro 2: Estimativa da composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil (2010).........................................................................................23 Quadro 3: Estimativa da quantidade de resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos coletados no Brasil de 2000 à 2008...........................................................................23 Quadro 4: Coleta e geração de RSU no estado do Ceará (2010 – 011)..................24 Quadro 5: Origens do íons encontrados no chorume...............................................28 Quadro 6: Dados típicos da composição do chorume para aterros novos e antigos (valores em Mg/L)......................................................................................................29 Quadro 7: Principais funções dos aquíferos..............................................................42 Quadro 8: Classificação dos problemas de qualidade da água subterrânea............45 Quadro 9: Contaminantes comuns da água subterrânea e fontes de poluição........51 Quadro 10: Atividades antrôpicas potencialmente poluidoras dos aquíferos mais comuns na América Latina........................................................................................52 Quadro 11: Resolução 357/2005.CONAMA. Padrões de qualidade de água doce..75 13 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnica ACFOR – Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental do Município de Fortaleza. ASMOC – Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia. CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo. COEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente. COGERH – Companhia de Gestão de Recursos Hídricos. CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. COT - Carbono Orgânico Total CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais-Serviço Geológico do Brasil. DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral. DQO – Demanda Química de Oxigênio. EIA – Estudo de Impacto Ambiental EPI – Equipamento de Proteção Individual. FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Recursos Renováveis. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IPEECE – Instituto de Pesquisa Estratégica e Econômica do Estado do Ceará. K – Condutividade Hidráulica. MMA – Ministério de Meio Ambiente. MME – Ministério de Minas e Energia OMS – Organização Mundial de Saúde. 14 PBM – Perfil Básico Municipal. PEAD – Polietileno de Alta Densidade. pH – Potencial hidrogeniônico PNRH – Plano Nacional de Recursos Hídricos. PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos. RIMA – Relatório de Impacto Ambiental. RLP – Resíduo de Limpeza Pública. RMF – Região Metropolitana de Fortaleza. RSD – Resíduo Sólido Domiciliar. RSU – Resíduo Sólido Urbano. SEMACE – Superintendência de Meio Ambiente do Ceará. SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente. SOHIDRA – Superintendência de Obras Hidráulicas. STD – Sólidos Totais Dissolvidos. 15 1. INTRODUÇÃO A superfície do planeta terra é constituída praticamente de 75% de água e desse volume total de água, apenas 3% tem característica de água doce. Importante salientar também que, 97% da água doce disponível em nosso planeta (com exceção das geleiras e calotas polares), são de origem subterrânea. Existem perspectivas, que futuramente teremos uma grande escassez de água para o uso e consumo dos seres vivos. Daí a importância do homem ter a consciência de preservar a natureza, para que haja uma interação do ecossistema, viabilizando-se dessa maneira, o aproveitamento e o bem estar de toda sociedade, referente aos recursos hídricos. A água subterrânea, por se encontrar no subsolo, sofre uma menor degradação humana, consequentemente, torna-se uma água potável para uso e consumo humano. Porém quando essa água chega a ser contaminada por ações antrópicas, fica bastante difícil e oneroso sua descontaminação. Com o aumento populacional e a globalização atrelada ao sistema capitalista de produção vivenciada na atualidade, torna a sociedade excessivamente consumista, o que leva a gerar um grande aumento dos resíduos sólidos. Geralmente esses resíduos sólidos são jogados ou depositados inadequadamente nos solos, provocando sérios problemas à saúde pública e induzindo a impactos ambientais ao meio ambiente. A poluição do solo e de águas superficiais e subterrâneas provocada por resíduos sólidos urbanos é motivo de preocupação em todo mundo, principalmente nos países industrializados, tendo em vista o conhecido potencial poluidor e o grande volume gerados diariamente (Costa & Costa, 2003). O aterro sanitário é o local mais adequado para se fazer a destinação final dos resíduos sólidos, por possuir técnicas de engenharia utilizada para diminuir na melhor maneira possível os impactos ambientais ao meio ambiente. O Governo Federal sensibilizado e preocupado com as condições ambientais ao nosso ecossistema criou a Lei 12.305/2010 sobre a Política Nacional de 16 Resíduos Sólidos. Essa Lei dá um prazo para acabar com todos os lixões no Brasil até 2014, prioriza a coleta seletiva, a reciclagem e instituem planos de gerenciamento de resíduos sólidos no âmbito estadual, municipal e nas empresas privadas como indústrias, hospitais, comércio e construção civil. Apesar de o aterro sanitário ser o local mais apropriado para a destinação final dos resíduos sólidos, o mesmo ainda pode causar impactos ambientais em torno de sua estrutura. O chorume, líquido gerado pela biodegrabilidade dos resíduos confinados em aterros é o principal responsável pela contaminação do solo, afetando diretamente o lençol freático em torno dos aterros. O aterro a ser analisado localiza-se no município de Maracanaú na Região Metropolitana de Fortaleza (como mostra a figura 01). É um município relativamente novo cuja emancipação se deu na década de 80, tornando-se grande polo industrial do Ceará, uma cidade predominantemente urbana e que atualmente detém uma grande economia voltada para o setor industrial, comercial e de serviços. Fig. 01 – Aterro Sanitário de Maracanaú-Ce. 17 Atualmente, Maracanaú tem uma população total estimada em torno de 214 mil, habitantes, segundo previsão do IBGE (2010), elevando-se assim a grande procura por produtos, consequentemente gerando um alto índice de consumo, produzindo então um grande aumento dos resíduos sólidos. Esse resíduo sólido gerado por essa população tem que ser levado para um local seguro e adequado de acordo com as normas ambientais. E esse local adequado, é conhecido por aterros sanitários. Se esses aterros sanitários não estiverem condicionados às normas da ABNT, podem produzir impactos ambientais ao meio ambiente como contaminação do solo, dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, poluição do ar e efeito estufa. Sendo assim o objetivo geral dessa pesquisa é observar se o aterro de Maracanaú contribui de forma significativa na produção de contaminação do lençol freático produzido pelo chorume em torno de sua área. E que tem como objetivos específicos os seguintes itens: • Verificar a qualidade da água subterrânea em torno do aterro de Maracanaú-Ce; • Observar se este aterro está implantado e funcionando de acordo com as normas da ABNT referentes à aterro sanitário; • Propor ações de preservação dos recursos hídricos superficiais e subterrâneas; • Avaliar se os moradores residentes próximos ao aterro de Maracanaú estão sendo prejudicados por possível ineficiência de operacionalidade do mesmo. No capítulo 2 são referenciados os conhecimentos técnicos abordados nessa monografia, como também, os principais conceitos relacionados diretamente com o tema. No capítulo 3 são apresentados os aspectos geodinâmicos do Município de Maracanaú, condicionados a geologia, geomorfologia, vegetação e clima, além de uma abordagem sobre o perfil histórico do Município. 18 O capítulo 4 refere-se a importância do espaço geográfico transformado atrelado as condições sociais, econômicas e ambientais do Município de Maracanaú. No capítulo 5 são referenciadas toda estrutura técnica e geoambiental através de uma visita in loco, com o objetivo de obter melhores esclarecimentos técnicos a respeito desse aterro. Nas considerações finais são relatadas duas pesquisas direcionadas ao assunto, como também, as irregularidades encontradas no referido aterro e a constatação do impacto ambiental produzido pelo chorume, afetando diretamente o lençol freático da área pesquisada. 19 2. REVISÃO LITERÁRIA. 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS. Simplesmente pode-se dizer que resíduo sólido ou lixo é todo material que já foi usado ou consumido, não possuindo mais seu valor e uso sendo por isso descartado. Relatam-se, então algumas definições sobre resíduos sólidos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) define o lixo como qualquer coisa que seu proprietário não quer mais, em um dado lugar e em um certo momento, e que não possui valor comercial. Definição sobre resíduos sólidos segundo a NBR 10004 da ABNT. Resíduos nos estados sólidos e semissólidos que resultam de atividades de origem: industrial, domiciliar, comercial, agrícola, de serviços . Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como, determinados líquidos cujas particularidades, tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos dos corpos de água, ou exigem para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004). Pode ser definido também como restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, sem serventia, indesejáveis ou descartáveis. Ou seja, esses resíduos são provenientes das sobras dos produtos consumidos pela população, os quais estão diretamente proporcionais ao aumento da produção devido ao sistema capitalista vivenciado pela globalização. A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) considera resíduo ou lixo, todo e qualquer material sólido proveniente das atividades diárias do homem em sociedade, cujo produtor ou proprietário não o considere com valor suficiente para conserva-lo. 20 Segundo Lima (1991,) lixo urbano resulta da atividade diária do homem em sociedade e que os fatores principais que regem sua origem e produção são o aumento populacional e a intensidade da industrialização. A quantidade e a qualidade desses resíduos dependem de vários fatores como climáticos, econômicos, sazonais, densidade populacional, cultural e educacional. Já Calderoni (2003) afirma que o conceito de lixo ou resíduo pode variar a época e o lugar considerando os fatores econômicos, ambientais, jurídicos, sociais e tecnológicos. Em síntese, todo bem de consumo, que mais cedo ou mais tarde, irá transformar-se em resíduos sólidos. Em relação ao aspecto ou forma, os resíduos sólidos se apresentam por sua natureza física (seco e molhado) e por sua composição química (matéria orgânica e Inorgânica). No quadro 01 constata-se que mais de 50% dos resíduos sólidos proveniente da coleta domiciliar urbano se encontram no estado úmido, ou seja orgânico. Quadro 01 – Dados da composição de componentes de resíduos sólidos domiciliares-porcentagem em peso base seca (%). Componente orgânico CARBONO Restos de alimentos Papel Papelão Plásticos Têxteis Borracha Couro Podas de jardim Madeira Inorgânico Vidro Metais Pó, cinzas, etc. HIDROGÊNIO OXIGÊNIO NITROGÊNIO ENXOFRE 48,0 43,5 44,0 60,0 55,0 78,0 60,0 47,8 49,5 6,4 6,0 5,9 7,2 6,6 10,0 8,0 6,0 6,0 37,6 44,0 44,6 22,8 31,2 11,6 38,0 42,7 2,6 0,3 0,3 4,6 2,0 10,0 3,4 0,2 0,4 0,2 0,2 0,15 0,4 0,3 0,1 0,5 4,5 26,3 0,1 0,6 3,0 0,4 4,3 2,0 <0,1 <0,1 0,5 - Fonte: Iwai(2005) apud Tchobanoglus(1993). 21 Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são compostos pelos Resíduos Sólidos Domiciliar (RSD) e pelo Resíduo de Limpeza Pública (RLP). Existem várias classificações à respeito dos resíduos sólidos, entretanto, relata-se apenas as mais importantes, de forma simples e técnicas. - Resíduos Sólidos Domiciliares: gerados pela vida cotidiana das residências, ou seja, restos de alimento, plásticos, vidros, papéis, papelão, metais, borrachas, tecidos, folhagens, areias, etc. - Resíduos Sólidos Comerciais: gerados por diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como, supermercados, bares, restaurantes, hotéis, bancos, lojas, etc. Embalagens, papéis, papelões, plásticos, vidros e detritos orgânicos. Como mostra a figura 2, os resíduos sólidos domiciliares e comerciais apresentam grande quantidade de materiais reciclados. Figura. 02 - Resíduo domiciliar e comercial. Fonte: Lima (2013) - Resíduos Sólidos Públicos: são aqueles originados dos serviços públicos tais como, varrição, capinação, raspagem, limpeza (das praias, das galerias, dos córregos, dos terrenos baldios, feira livres), poda das árvores, retirada de animais mortos e entulhos de obras. - Resíduos Sólidos Industriais: gerados por atividades do ramo industrial como metalurgia, química, petroquímica, papel celulose, curtume, e indústria alimentícia. Cinzas, lodos, borras, óleos, gorduras, graxas, resíduos alcalinos e ácidos, plásticos, 22 madeiras, fibras, papéis, papelões, metais, vidros, cerâmicas, tecidos, corantes, etc. Enquadram-se também neste item, os materiais provenientes da tecnologia de informação e telecomunicações como pode ser observado na figura 03. Figura. 03 - Resíduo Industrial. Fonte: MMA (2011) Resíduos Sólidos da Construção Civil: materiais provenientes de construção, reformas, demolições, reparos e da preparação e escavações de solos. Na figura 04, observa-se vasto material (entulho) descartado inadequadamente. Fig. 04 - Resíduo de construção civil – entulho Fonte: Lima (2013). Os resíduos sólidos da construção civil são classificados em quatro classes de acordo com a resolução 307 (CONAMA 2002). 23 Classe A – alvenaria, concreto, argamassa e solos; Classe B – madeira, metal, plástico e papel; Classe C – produtos sem tecnologia disponível para a recuperação (gesso); Classe D – resíduos perigosos (tintas, óleos, solventes). - Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde: são constituídos de resíduos provenientes de hospitais, postos de saúde, farmácias, drogarias, laboratórios, clínicas médicas, clínicas odontológicas, clínicas veterinárias. Esses tipos de resíduos podem ser de origens sépticas, assépticas e radioativas. Os resíduos de serviços de saúde de origem sépticos podem conter germes patogênicos, ou seja, resíduos contagiosos suspeitos de contaminação. Agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura, animais usados em testes, sangue coagulado, excreção, secreções, alimentos contaminados, luvas descartáveis, máscaras descartáveis, remédios com a validade vencida, filmes fotográficos de raios-X e entre outros. Todos esse materiais são observados na figura abaixo. Figura. 05 - Resíduo de origem hospitalar. Fonte: Silva (2009) Fonte: Lima (2013). Os resíduos de serviços de saúde de origem assépticos são constituídos por papeis, restos de preparação de alimentos, resíduos de limpeza geral e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou resíduos sépticos. Rejeito Radioativos são os materiais radioativos ou contaminado com 24 radionuclídeos, provenientes de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia. - Resíduos Sólidos das Atividades Agrícolas. Originados por atividades agrícolas e pecuária como adubos, defensivos agrícolas, pesticidas, rações e suas respectivas embalagens e restos de colheita. Classificação quanto a periculosidade, segundo a NBR 10004. - Resíduos - Resíduo Classe I (perigosos): aqueles que em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar risco à saúde pública ou em meio ambiente, ou ainda aqueles tidos como inflamável, corrosivo, reativo, toxicidade ou patogênico. - Resíduo Classe II-A (não inertes): são aqueles que não se enquadram na classificação na classe I e nem na classe II-B, porém, contem propriedades como biodegradabilidade e combustibilidade ou solubilidade em água. - Resíduo Classe II-B: aqueles resíduos que submetidos a um contato dinâmico ou estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente não sofrendo nenhuma solubilidade de concentrações superiores de acordo com os padrões de potabilidade da água, excetuando os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor(ABNT,2004). Caracterização dos Resíduos Sólidos: A quantidade de Resíduos gerados geralmente se dá pela expressão “kg/hab/dia.”, ou seja, a quantidade de lixo gerado por habitantes em um determinado tempo. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE em 2010, o Brasil produziu cerca de aproximadamente 220 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia, e coletados em torno de 213 mil toneladas. Os dados dessa pesquisa são informados no quadro 02, relatando os principais materiais de origem orgânica e inorgânicos. Quadro 2. Estimativa da composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil (2010). 25 RESÍDUOS PARTICIPAÇÃO (%) METAIS AÇO ALUMINIO PAPEL, PAPELÃO E TETRAPAK PLÁSTICO TOTAL PLÁSTICO FILME PLÁTICO RÍGIDO VIDRO MATÉRIA ORGÂNICA OUTROS TOTAL Fonte: IBGE (2010) QUANTIDADE (t/dia) 2,9 2,3 0,6 13,1 13,8 8,9 4,6 2,4 51,4 16,7 100,0 5.293,50 4.213,70 1.079,90 23.997,40 24.847,90 16.399,60 8.448,30 4.399,60 94.335,10 30.618,90 213,922,90 Percebe-se no quadro a cima que 51,4% dos resíduos sólido urbano coletado são de origens orgânicos. Outra pesquisa realizada pelo IBGE sobre a quantidade de RSD coletados de 2000 a 2008 em todas as regiões do Brasil são observados no quadro 03. Tabela 3 – Estimativa da quantidade de resíduos sólidos domiciliares e/ou públicos coletados. UNIDADE DE ANÁLISE REGIÃO QUANTIDADE DE RESÍSUOS COLETADOS ( t/dia). 2000 NORTE 10.991,40 NORDESTE 37.507,40 SUDESTE 74.094,00 SUL 18.006,20 CENTRO-OESTE 8.495,30 BRASIL 149.094,30 Fonte: IBGE (2002.2010a). 2008 14.637,30 47.203,80 68.179,10 37.342,10 16.119,20 183.481,50 QUANTIDADE DE RESÍDUOS POR HABITANTES URBANOS (Kg/hab/dia). 2000 2008 1,2 1,1 1,1 0,9 0,8 1,1 1,3 1,2 0,9 1,6 1,3 1,1 Analisando a tabela referente a quantidades de resíduos domiciliares e públicos coletados de 2000 a 2008 no Brasil através de regiões, verifica-se que a região sudeste produziu menos resíduos, enquanto que as outra regiões teve um aumento significativo na produção de resíduos sólido domiciliar, principalmente a região centro oeste que quase dobrou a geração de resíduos. 26 Já em relação ao Estado do Ceará, que tinha uma população de 6.411.067 habitantes em 2011.A geração neste período foi de 8.735 toneladas de resíduos urbanos por dia, conforma o quadro 4. (IBGE,2011). Quadro 4. Coleta e geração de RSU no Estado do Ceará (2010-2011). 2010 2011 População Urbana 6.343.990 hab. 6.411.067 hab. RSU Coletado (Kg/hab/dia) 1,071 1,092 RSU Coletado (t/dia) 6.794 6.988 RSU Gerado (t/dia) 8.735 9.011 Fontes; Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011, PNAD (2002 a 2010) e IBGE (2011). Em relação ao quadro a cima, verifica-se que em relação ao ano de 2010 a 2011, o Estado do Ceará teve um aumento de 3,16% de RSU gerado por dia e um aumento de 2,86% de RSU coletado por dia. Isso que dizer que em 2011, o Estado do Ceará produziu mais resíduos enquanto teve um decréscimo na sistematização de coleta. O aspecto qualitativo está relacionado com a composição física, química, orgânica ou inorgânica. O tratamento dos resíduos sólidos é a etapa que precede a disposição final e tem por objetivo aproveitar o material que está sendo descartado, reduzir seu volume e/ou torná-lo inerte ao ambiente e a saúde humana. A disposição final dos resíduos sólidos corresponde à etapa final no qual os resíduos, tratados ou não são depositados em lixões ou aterros sanitários. Segundo o PNRS (2010), rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotados todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis não apresentam outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada. Ou seja, o material que não tem mais condições de ser reutilizado e reciclado é chamado de rejeito. Em agosto de 2010, o Presidente da República Federativa do Brasil 27 sancionou a Lei nº 12.305 referente a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Essa lei instituiu a gestão integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, incluídos, os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. A lei 12.305/2010 também prevê a desativação de todos os lixões no Brasil, como também um melhor manejo na destinação final dos resíduos sólidos, utilizando de forma sustentável o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com o objetivo de se aproveitar no máximo esses resíduos no manejo da Reciclagem, Reutilização, Logística Reversa e a Coleta Seletiva. Vale salientar que, é de grande importância a aplicação do sistema de coleta seletiva, facilitando assim a reutilização e reciclagem desses resíduos, gerando mais empregos no surgimento de empresas coletoras e indústrias de produtos reciclados. Diminuindo assim, a quantidade de resíduos sólidos levado aos aterros, consequentemente aumentado o tempo útil dos aterros. O poder público é responsável pelos serviços de limpeza urbana, incluindo-se a coleta, transporte, tratamento e a disposição final. As indústrias, empresas, construções civis, hospitais e os grandes centros comerciais devem ter seus próprios planos de gerenciamento de resíduos sólidos, procurando reutilizar, reciclar e dando uma destinação correta dos resíduos não aproveitados (rejeitos), seja na compostagem, incineração ou aterros sanitários. 2.2 CHORUME. Líquido de cor escura e mau cheiro, originado por processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos, somado a certa quantidade de água de origem pluvial. Na figura 06 observa-se o líquido chorume escoando sobre o solo próximo a base do talude de um aterro. 28 Fig. 06 - Chorume Fonte: Lima (2013). Também conhecido por líquido percolado, é encontrado em aterros e lixões, como também em cemitérios (necro-chorume). É um líquido que devido aos seus processos, possuem altas concentrações de elementos contaminantes. Lima (2003) avalia que chorume é um líquido de cor escura contendo matéria sólida dissolvida e em suspensão certa substâncias químicas, dependendo do tipo de resíduos depositados e produtos de resíduos microbianos. A composição do chorume torna-se importante na determinação dos seus efeitos potenciais sobre a qualidade das águas superficiais e subterrâneas adjacentes a aterros e lixões.. E que os compostos contaminantes carreados pelo chorume dependem diretamente do tipo de resíduo sólido, do clima, das atividades químicas, físicas e biológicas do aterro, como também, do tempo em que esse aterro começou a ser operacionalizado. Chorume é originalmente formado por enzimas expelidas pelos microrganismos, responsáveis pela decomposição de matéria orgânica contida nos resíduos, sendo que essas enzimas agregamse aos líquidos provenientes da umidade natural dos resíduos e líquidos percolados pela água da chuva (Lima, 2003). Verifica-se que fatores como precipitação, evapotranspiração, condição operacional do aterro, cobertura final, tempo de construção, tipo de material inerte na cobertura, drenagem e tipo de resíduo iram influenciar na quantidade, qualidade e concentração do chorume produzido por aterro. 29 Segundo Lima (1991) apud Luz (1981), o chorume provém de três fontes principais: - Umidade natural do lixo, que se agrava sensivelmente nos períodos de chuva. - Água de constituição dos vários materiais, que sobra durante a decomposição. - Líquido proveniente da dissolução de matéria orgânica pelas enzimas expelidas pelas bactérias. Luz (1981) ainda relata que, esses microrganismos unicelulares, para se alimentarem, expelem enzimas que dissolvem a matéria orgânica, possibilitando, em seguida, a absorção através de suas membranas. o excesso escorre como líquido negro. A composição do chorume em aterros ocorre em duas fases, a aeróbia e a anaeróbia. Na primeira fase que é a aeróbia ocorre durante o primeiro mês na deposição do lixo e o recobrimento do mesmo por material inerte. a ação da decomposição é realizada por bactérias aeróbias utilizando o oxigênio presente no interior do aterro. A medida que o oxigênio vai diminuído, a decomposição vai se tornando mais lenta. Durante essa fase a presença da água da chuva, gera grande influência, pois facilita a redistribuição dos nutrientes e microrganismos no interior dos aterros. Na fase anaeróbica, características por total ausência de oxigênio, realizandose assim, a decomposição dos materiais apenas pelas bactérias anaeróbicas, ocorrendo hidrólise e fermentação da celulose e outros materiais presentes nos resíduos. Lima (1991) cita que a descarga do chorume nas águas provoca a depressão do nível de oxigênio, elevando a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Quando o oxigênio dissolvido desaparece ou é reduzido a níveis baixos, os organismos aeróbios são quase que totalmente exterminados, cedendo lugar aos anaeróbios, responsáveis pelo desprendimento de gases, como CH4 e NH3. Vale salientar que DQO (Demanda Química de Oxigênio) é a quantidade de 30 oxigênio consumido na oxidação química da matéria orgânica existente na água . Enquanto que a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) é utilizada na quantidade de oxigênio necessária para ocorrer a degradação da matéria orgânica biodegradável sob condições aeróbias. A DQO e a DBO são indicadores usados para identificar grau de poluição de um corpo de água ou de uma água residuária. Esses indicadores são expresso em miligramas de oxigênio por litro de água. Segundo pesquisas realizadas por P. R. Ducan (1972), a carga orgânica de líquidos provenientes de sistemas de aterros de lixo indicam uma DBO média de 10000 mg/L. Considerando que a DBO do lodo de esgoto sem tratamento é em média 300 mg/l, observa-se então que a DBO do chorume é bastante elevada, reduzindo de maneira acelerada a presença de oxigênio na água. Tchobanoglous (et al 1993), descreve no quadro abaixo a relação dos elementos químicos com sua origem. Esses elementos químicos em forma de Íons são detectados no líquido percolado (chorume) provenientes de aterros e lixões. Quadro 5. Origens dos íons encontrados no chorume. ÍONS Na+, Ka+, Ca2+, Mg2+ PO4-³, NO3-, CO3-² Cu+², Fe+², Sn+² Hg+², Mn+² Ni+², Cd+²,Pb+² Al+³ Cl-,Br-, Ag+ As+³, Sb+³, Cr+³ ORIGEM Material orgânico, entulhos de construção, casca de ovos. Material orgânico. Material eletrônico, latas, tampas de garrafas. Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescente. Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis. Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embalagens, laminados em geral. Tubos de PVC, negativos de filmes raio-X Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos. 31 Cargas contaminantes encontradas no chorume; - Substâncias orgânicas medidas mediante os parâmetros DBO, DQO e COT. - Nitrogênio em forma de nitrogênio amonical, nitratos, nitritos e amônia. - Halogênio inorgânico, carbonatos, cloretos, sulfatos, íon sódio, potássio e cálcio. - Metais como ferro, zinco, manganês, níquel, cobre, etc. Quando a água percola através da massa de lixo aterrada, que está em decomposição, materiais biológicos e componentes químicos são carregados para a solução. No quadro abaixo são apresentados dados representativos das características de chorume, tanto para aterros novos como para os mais antigos (estabilizados), segundo Tchobanoglous (1993). Quadro 6. Dados típicos da composição do chorume para aterros novos e antigos. Valores em Mg/l. Características DBO COT DQO Sólidos suspensos T. Nitrogênio Orgânico Nitrogênio Amoniacal Nitrato Fósforo total Alcalinidade (CaCo3) PH Dureza Total (CaCo3) Aterros novos 2.000 - 3.000 1.500 - 20.000 3.000 - 60.000 200 - 2.000 10 - 800 1 0 - 800 5 - 40 4 - 100 1.000 - 10.000 4,5 - 7,5 300 - 10.000 Típico 10.000 6.000 18.000 500 200 200 25 30 3.000 6 3.500 Aterros antigos 100 - 200 80 - 160 100 - 500 100 - 400 80 - 120 20 - 40 5 - 10 5 - 10 200 - 1.000 6,6 - 7,5 200 - 500 Fonte: Tchobanoglous (1993) Aterros novos (< 2 anos) - Aterros antigos (> 10 anos) - Típico (entre 2 e 10 anos) Iwai (2005), comenta sobre a s pesquisas de Tchobanoglus (1993), em relação ao pH, DBO5, COT e DQO relacionados com as fases que ocorrem na produção do chorume. Afirma que a composição química do chorume varia muito, dependem de vários fatores. Como por exemplo, se o chorume é 32 coletado durante a fase ácida, o pH será baixo, porém parâmetros como DBO5, COT, DQO,nutrientes e metais pesados deverão ser elevados,já na fase metagênica o pH varia entre 6,5 e 7,5, e os valores de DBO5, COT, DQO e nutrientes serão menores (Tchobanoglous, 1993). O chorume por ser um líquido bastante contaminoso e gerado em aterros e lixões, percebe-se a necessidade de uma boa operacionalidade e tratamento desse líquido. Portanto torna-se necessário que esse líquido seja drenado para um sistema de tratamento, ou seja, encaminhado para uma estação de tratamento ou lagoa de estabilização. Na figura 07 observa-se o chorume sendo capitado para o devido tratamento de acordo com as normas ambientais. Fig. 07 - Chorume sendo captado em uma cisterna para tratamento. Fonte: Santos (2004) Sistema de Lagoas ou Estação de Tratamento: são lagoas naturais ou artificiais preparadas para receber efluentes orgânicos. A degradação dos poluentes orgânicos é feita pelos microrganismos presente na lagoa. As reações de degradação podem ser aeróbias (presença de oxigênio), anaeróbicas (sem a presença do oxigênio) ou uma combinação das duas. Em todos os aterros são indispensáveis a presença do tratamento do chorume, seja por estação de tratamento ou lagoas de estabilização, na figura logo abaixo, observa-se um exemplo de estação de tratamento do chorume, verificado no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia. 33 Fig. 08 - Estação de tratamento do chorume (ASMOC ) Fonte: Lima (2013) Essas lagoas são projetadas para realizar a melhor combinação possível de reações. A luz solar e a temperatura são parâmetros determinantes para a regulação das lagoas, fazendo com que elas sejam mais eficientes em clima tropicais e subtropicais (VON SPERLING, 2005). 2.3 LIXÃO. É uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, ou seja, a descarga é feito a céu aberto. Segundo pesquisas realizadas no início dos anos 90 pelo IBGE, 76% dos resíduos sólidos no Brasil são lançado em lixões, sem qualquer critério. Grande parte desses resíduos sólidos gerados não é coletada, permanecendo junto a habitações ou sendo descartada em logradouros públicos, terrenos baldios, encostas e cursos d'água. Essa forma inadequada de descarga causa sérios problemas à saúde, ao meio ambiente e a estética do espaço em torno desses lixões. há proliferações de vetores de doenças( moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.), gerando maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume. Esses lixões sem dúvida nenhuma causam verdadeiros impactos ambientais, 34 contaminando os solos, os recursos hídricos, produzindo gás metano, poeiras e odores indesejáveis. Acrescenta-se também, em uma situação de total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos neste local, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados das unidades de saúde e das indústrias. Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente indesejáveis, como a criação de porcos, a existência de catadores, que muitas vezes, residem no próprio local e o espalhamento do lixo pelo vento, animais e catadores. Observa-se esse fato na figura 09. Fig. 09 - Lixão Fonte: Matos (2005) Geralmente em todos os lixões são encontrados catadores trabalhando diretamente sobre os lixos, separando materiais para serem reciclados e reaproveitados, como também, para uso próprio. Eles trabalham em péssimas condições e sem os equipamentos de proteção individuais (EPIs), os quais estão sujeitos há adquirirem doenças e serem acidentados por cortes (lesões por material perfuro cortante), hematomas (lesões por material perfuro contundente) ou até mesmo atropelados por carros compactadores de coleta de resíduos e pelas máquinas que fazem o manejo dos lixos. Percebe-se também que em torno desses lixões, são construídas casas por catadores com o intuito de residirem mais próximo ao seu local de “trabalho”. Essas casas são construídas sem planejamento urbano e sem infraestrutura, ocasionando 35 o surgimento de favelas (figura 10), transformando aquele espaço em um novo contexto sócio-espacial, ou seja, o espaço sendo modificado por processos ambientais e sociais. Fig. 10 -Moradias em torno do antigo lixão do Jangurussú. Fonte: Lima (2013). A paisagem desse espaço transformado por esses catadores, naturalmente se modificará também, porque a paisagem torna-se dinâmica, ou seja o resultado do movimento realizado pela sociedade em seu espaço vital. Todos os espaços são geográficos porque determinados pelo movimento da sociedade, da produção. Mas tanto a paisagem quanto o espaço resultam de movimentos superficiais e de fundo da sociedade, uma realidade de funcionamento unitário, um mosaico de relações, de formas, funções e sentidos (Santos, 1988). Com a nova Lei 12.305/2010 sobre a Política Nacional sobre Resíduos Sólidos, fica proibida a utilização de lixões e determina um prazo de quatro anos para que seja extintos todos os lixões , substituindo-os por aterros sanitários ou industriais, onde só poderão ser depositados resíduos sem qualquer possibilidade de reciclagem e reaproveitamento. 2.4 ATERRO SANITÁRIO. É o local onde se faz a destinação final dos resíduos sólidos urbanos, com toda infraestrutura, através de normas e técnicas de engenharia ambiental e sanitária. A figura 11 observa-se um aterro sanitário no estado de São Paulo, com todas as infraestruturas necessárias para seu funcionamento de acordo com as 36 normas ambientais. Fig. 11 - Aterro sanitário – Bandeirantes - São Paulo. Fonte: Secretaria de Infraestrutura do Estado de São Paulo (2001) Definição de aterro sanitário segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Aterro sanitário de resíduos sólidos consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos ambientais, método este, que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores, se for necessário (ABNT, NBR 8419, 1992, p.1). Em outras palavras, um aterro sanitário pode ser definido como uma área investida de toda infraestrutura para o correto confinamento dos resíduos sólidos. Já a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) define aterro sanitário como um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente o lixo domiciliar, que fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite uma confinação segura, em termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio ambiente. Então se torna o local mais propício para receber os resíduos sólidos que não tem mais condições de serem reciclados e reaproveitados, os quais serão confinados de forma segura e ambientalmente planejados. 37 O aterro sanitário recebe grandes quantidades de resíduos sólidos e esses resíduos tem uma grande variabilidade, tanto em sua tipicidade como na composição físico-químico. 2.4.1 Processos de decomposição da massa de aterros. Logo depois que esses resíduos são cobertos por material inerte, começa a sofrer processos de decomposição, seja por forma aeróbia ou anaeróbia. Santos (2010) apud Tchobanoglous (1993) descreve a digestão dos resíduos sólidos em cinco fases, ou quatro se for desconsiderada a segunda, por ser uma fase de transição. Na primeira fase os resíduos são depositados no aterro e sua fração biodegradável sofre a decomposição em condições aeróbias. Sendo que a fonte principal, são microorganismo encontrados no material inerte, lodo de estação de tratamento e a circulação do chorume no próprio aterro. Essa fase ocorre em poucos dias à medida que vai decrescendo o teor de oxigênio na massa do aterro. Na segunda fase que pode ser chamada também de transição, ocorre a diminuição dos níveis de oxigênio, começando então a fase anaeróbia. Nesta fase o nitrato e o sulfato presentes na massa do aterro, são reduzidos a gás nitrogênio e sulfeto de hidrogênio. O pH do chorume tende a diminuir devido a presença de ácidos orgânicos e por altas concentrações de CO2 dentro do aterro. Terceira fase; o dióxido de carbono torna-se o principal gás gerado, diminuindo então a concentração do gás metano. Nessa fase há uma grande elevação de DBO e DQO fazendo que a condutividade do chorume tende a aumentar e diminuindo o pH (4-5) do chorume devido a presença de ácidos orgânicos e por grande concentrações de CO2 do aterro, portanto, tornando-se uma fase ácida. Já na fase quatro que também pode ser chamada de fase metanogênica, os microorganismos predominantes são do tipo anaeróbios, convertendo o ácido acético e gás hidrogênio em CH4 e CO2.. Nessa fase o pH do chorume fica na faixa de 6,8 a 8,0 onde ocorre a queda das concentrações de DBO e DQO, como também 38 na diminuição do valor da condutividade do chorume. Metanogênica pode ser descrita como a etapa final no processo da degradação anaeróbia de compostos orgânicos em metano e dióxido de carbono, disseminadas pelas archaebacterias metanogênicas. Fase cinco ou fase de maturação – a umidade continua migrando pela massa de lixo e porções de material biodegradável até então não disponíveis acabam reagindo. As concentrações de gás tendem a diminuir porque a maioria dos nutrientes já foi consumida nas fases anteriores e a degradação dos substratos nessa fase ocorrem de forma muito lento. 2.4.2 Implantação de Aterro Sanitário e Sistema Operacional. A área a ser implantada deve atender uma série de requisitos técnicos e ambientais e, para isso, é necessário um estudo apurado, tanto na parte geomorfológica, como no sócio ambiental. Do ponto de vista técnico, é preciso levar em conta o tipo de solo, a distância de curso d’água, a profundidade do lençol freático, a permeabilidade do solo, a topografia, o volume de solo disponível, a capacidade volumétrica, a acessibilidade e a distância do gerador. Em relação ao meio ambiente, é necessário observar as características da flora e fauna, se são áreas de proteção permanente ou de conservação. É importante também considerar as ocupações do entorno e a população que lá vive. O Estudo do Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) deverão ser elaborados durante o anteprojeto do aterro sanitário a ser implantado. A técnica recomenda que a aplicação de um método de aterro sanitário seja precedida de uma série de estudos técnicos que vão desde os levantamentos básicos até a elaboração do projeto. Vale salientar que esta recomendação é válida para todo e qualquer empreendimento, independentemente do seu porte (Lima, p. 48, 1991). 39 Não resta dúvida que todo empreendimento necessita de projetos e estudos técnicos para sua elaboração e conclusão. Então o aterro sanitário é um empreendimento de suma importância na área ambiental, proporcionando uma melhor qualidade de vida para a sociedade. Sendo assim, todo aterro sanitário requer técnicas de engenharia em seu projeto, construção e funcionamento em sua operacionalidade. Na figura 12 é apresentado um perfil de um aterro sanitário no aspecto técnico e ambiental. Fig. 12 - Perfil de Aterro Sanitário Fonte: Pereira (2010) Procedimentos técnicos utilizados na implantação e na operacionalidade de aterros sanitários; - Levantamento topográfico. - Levantamento geotécnico (constituição do solo, permeabilidade, capacidade de carga, nível do lençol freático, localização de jazidas de material para cobertura). - Abertura de trincheiras, cujas medições são definidas no projeto, em função das projeções estimadas. - Instalação de drenos horizontais e verticais necessários ao controle de poluentes (gases e chorumes). - Controle de Fluxo de veículos provenientes da coleta sistemática. 40 - Prédio administrativo. - Galpão de manutenção e oficina. - Pesagem dos veículos (balança). - Material inerte para o confinamento dos resíduos. - Descarrego, espalhamento, cobertura e compactação dos resíduos sólidos. - Construção de lagoas de estabilização ou estação de tratamentos do chorume. - Drenagem para águas pluviais. - Plantação de árvores em torno dos aterros (cinturão verde). - Poços profundo para monitoramento da água subterrânea (em geral quatro poços perfurados, um a montante e três a jusante do aterro sanitário). - Impermeabilização do solo. Na figura 13 percebe-se que a impermeabilização do solo para a implantação de aterros sanitário é feita por deposição de camadas de argila e uma colocação de lonas plásticas de polietileno (PEAD). Fig. 13 - Impermealizando o solo de uma célula de aterro sanitário. Fonte: CETESB (1998) Portanto, percebe-se que o aterro sanitário é o local mais adequado para se fazer à destinação final dos resíduos sólidos. Mas apesar de todos os cuidados necessários na utilização de técnicas de engenharia, verifica-se ainda a existência 41 de proporções significantes em relação a impactos ambientais. 2.5 ÁGUA SUBTERRÂNEA Água armazenada no subsolo, através da infiltração de águas provenientes das chuvas. As águas subterrâneas são aquelas encontradas sob a superfície da terra, preenchendo os espaços vazios existentes entre os grãos do solo, rochas e fissuras. As águas subterrâneas correspondem a 97% de toda água doce encontrada no planeta (excetuando-se as geleiras e calotas polares). Praticamente todos os países do mundo desenvolvidos ou não, utilizam a água subterrânea para suprir suas necessidades (Rebouças, 1999). Na atualidade verifica-se então que, a exploração e explotação da água subterrânea vêm crescendo consideravelmente em todo o planeta. 2.5.1 Lençol Freático. Chama-se zona não saturada parte do subsolo em que a água e o ar preenchem os espaços vazios entre os grânulos. E zona saturada local do subsolo em que praticamente a maioria dos espaços vazios é preenchida por água. Observa-se que no limite entre a zona não saturada e a zona saturada, ocorre o nível freático, conhecido popularmente como lençol freático. Portanto, lençol freático pode ser definido como a superfície que delimita a zona saturada com a zona não saturada, em relação a água encontrada no subsolo. Desde os primórdios da História das civilizações, as águas subterrâneas são utilizadas pelo homem através de poços rasos escavados. Os primeiros vestígios da utilização das águas subterrâneas são de 12.000 anos antes de Cristo. Acredita-se que os chineses foram os primeiros a dominar a técnica de perfurar poços. Sendo o ciclo hidrológico (figura 14) responsável pelo armazenamento da água subterrânea, e que a capacidade volumétrica e a qualidade dessa água vai 42 depender de vários fatores como o tipo de litologia, topografia, relevo, clima, vegetação, volume de precipitações e aspecto estrutural das rochas. Fig. 14 Ciclo hidrológico Fonte: UNEP (2004) Ciclo hidrológico pede ser definido como o movimento contínuo da água presente nos oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e na atmosfera. Esse movimento é alimentado pela força da gravidade e principalmente pela energia solar, provocando a evaporação das águas dos oceanos e continentes. Na atmosfera forma as nuvens que, quando carregadas, provocam precipitações, na forma de chuva, granizo, orvalho e neve. Nos continentes, a água precipitada pode seguir os diferentes caminhos; - Infiltra e percola no solo ou nas rochas podendo formar aquíferos, ressurgir na superfície na forma de nascentes, fontes, pântanos ou alimentar rios e lagos. - Flui lentamente entre as partículas e espaços vazios dos solos e das rochas, podendo ficar armazenada por muito tempo, formando os aquíferos. - Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior que a capacidade de absorção do solo. - Evapora retornando à atmosfera através da evapotranspiração provocados pelas 43 plantas. - Congela formando as camadas de gelo nos cumes de montanhas e geleiras. 2.5.2 Aquífero Um aquífero é uma formação geológica com suficiente permeabilidade e porosidade interconectada para armazenar e transmitir quantidades significativas de águas, sob gradientes hidráulicos naturais. O termo “quantidades significativas” é obviamente relativo e depende do uso final do poço. No campo da perfuração de poços significa quantidades que são economicamente viáveis (Cleary, 1989). De acordo com a definição de Robert W. Cleary citado a cima pode-se definir aquífero como toda formação geológica com capacidade de armazenar e transmitir a água e cuja exploração seja economicamente rentável. Aquífero também pode ser interpretado como reserva de água subterrânea formada pela água da chuva quando se infiltra no solo, percolando os espaços (poros) entre as rochas e fluindo por gravidade. À medida que a água vai penetrando no solo, ela vai se tornando mais pura devido ao processo de filtração natural. Aquífero livre: formação geológica permeável e parcialmente saturada de água. É limitado na base por uma camada impermeável, sendo que o nível da água no aquífero está à pressão atmosférica. Aquífero confinado: formação geológica permeável e completamente saturada de água, ficando limitado na base por uma camada impermeável, sendo que a pressão da água no aquífero é superior à pressão atmosférica. O Ministério do Meio Ambiente através da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiental Urbano elaborou em 2007 um perfil sobre as principais funções dos aquíferos (quadro 07), caracterizando-as com sua produção, estocagem, filtragem, transporte, estratégica, energética e ambiental;. Evidenciando-se a grande importância dos aquíferos em nosso ambiente natural. 44 Quadro 07. Produção Estocagem/Regularização Filtragem Transporte Estratégica Energética Ambiental Principais funções dos aquíferos Fornecem água em quantidades e qualidades adequadas para os usos múltiplos. Armazenam água em períodos de chuva e cedem em épocas de estiagem para os rios e lagos. Atuam como filtros naturais, minimizando os custos de tratamento para consumo. Conduzem água de uma área de recarga para áreas de bombeamento, onde estão situados os poços. Protegem a água armazenada tanto da evaporação como das consequências das guerras e sabotagens. Permitem a utilização da água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal, como fonte de energia elétrica ou termal. Fornecem água para a manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade. Fonte: MMA- Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiental Urbano. Águas subterrâneas.2007. A facilidade com que a água flui através de um aquífero é medida por um parâmetro chamado condutividade hidráulica (K). Areias e cascalho apresentam altos valores de K (por exemplo, de 10-² a 10 cm/s), enquanto de folhelhos e argilas possuem valores relativamente baixos (1012 a 107 cm/s). A maior parte de valores publicados de condutividade hidráulica está baseada no fluxo de água não contaminada através de material geológico. Verifica-se então que rochas sedimentares como arenitos e conglomerados oferecem um maior armazenamento e escoamento de água, devido ter porosidade e alta permeabilidade, por isso os grandes aquíferos são encontrados nesses sedimentos. Sedimentos dos tipos cársticos, como o calcário, também possui um bom reservatório de água subterrânea. Já as rochas do tipo cristalinas como granitos, grano-dioritos, gnaisses, quartzitos e migmatitos não são boas provedoras de água, mas podem armazenar água quando se encontram bastante fraturadas. Como as rochas do tipo sedimentar são as que oferecem melhores condições na absorção e armazenamento de água proveniente das precipitações chuvosas, verifica-se então que os aquíferos são predominantemente encontrados nas bacias sedimentares. O Brasil por ser um país de grandes extensões territoriais, constata-se a presença de várias bacias sedimentares em todas as suas regiões, predominando aquíferos com grandes volumes d’água, sendo que o maior e principal de todos é o 45 aquífero guarani localizado em grande parte na região Sudeste. O aquífero guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul, ocupando uma área total de 1,2 milhões de Km² na Bacia do Paraná e parte da Bacia Chaco-Paraná. Esse aquífero está inserido em quatro países como Argentina, Paraguai, Uruguai e na maior parte no Brasil, abrangendo os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse aquífero (guarani) tem uma área de recarga de 150.000 Km², sendo constituído pelos sedimentos arenosos de Formação Piramboia na base e arenitos Botucatu no topo. No Estado do Ceará são encontradas grandes aflorações de rochas sedimentares como a Chapada do Apodi, Chapada do Araripe, Bacia do Iguatú, Formação Serra Grande e sedimentos costeiros (Formação Barreiras). Essas formações sedimentares são formadoras de aquíferos no Estado do Ceará, como pode ser observado na figura 15. Fig. 15 - Rochas sedimentares no Estado do Ceará. Fonte:COGERH (2005) Apenas 26% do território do estado do Ceará é constituído por rochas sedimentares enquanto que 76% é constituído por rochas ígneas e metamórficas, ou seja por um embasamento cristalino. 46 Os recursos hídricos superficiais são a principal fonte de suprimento de água no Ceará. Entretanto a exploração de água subterrânea vem crescendo significativamente nesse estado. Com a necessidades cada vez maior de água potável para atender a crescentes fontes hídricas mundial, os recursos hídricos subterrâneos são mais explotados, haja vista que apresentam diversas vantagens quanto à qualidade, quantidade, localização, baixo custo de captação e tratamento (IPECE, 2011). 2.5.3 Qualidade das águas subterrâneas. Por está inserida no sub-solo, a água subterrânea torna-se mais pura do que as águas superficiais, sofrendo menos impactos ambientais. Água potável é a água que pode ser consumida por pessoas e animais, por não possuir substâncias tóxicas sem risco de adquirirem doenças por contaminação. Também pode ser definida como a água que pode ser consumida sem riscos à saúde, preenchendo todos os requisitos de natureza física, química e biológica, seguindo os padrões estabelecidos pela legislação nacional e internacional. As águas podem ser classificadas por diversas formas, segundo suas características naturais químicas, que muito condicionam seu uso, devido ao custo de transformá-la, em água doce aquela que apresenta teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a 1.000 mg/l. Essencial ao consumo humano, ao desenvolvimento das atividades industriais e agrícolas e à sobrevivência dos ecossistemas continentais. Porém a água subterrânea pode sofrer alterações em suas propriedades físicas e químicas provocada por impactos ambientais produzidas pela degradação humana em ambientes naturais. Essas alterações sobre causas e efeitos em relação a qualidade da água subterrânea pode ser analisada no quadro 08, elaborada por Foster, Hirata, Gomes, D’elia e Paris no ano de 2002. Quadro 8. Classificação dos problemas de qualidade da água subterrânea. 47 Tipos de problema Contaminação do Aquífero Contaminação no próprio poço ou captação I Instrusão salina Contaminação natural Causa subjacente Contaminantes principais Proteção inadequada de aquíferos vulneráveis contra emissões e lixiviados provenientes de atividades urbanas/industriais e intensificação do cultivo agrícola. Poço ou captação cuja construção/projeto inadequado permite o ingresso de água superficial ou água subterrânea rasa poluída. Microorganismos patógenos, nitrato ou amônio, cloreto, sulfato, boro, arsênico, metais pesados, carbono orgânico dissolvido, hidrocarbonetos aromáticos e halogenados, certos pesticidas. Principalmente mucoorganismos patógenos. Água subterrânea salina (e as vezes poluída) que, por excesso de extração, é induzida a fluir para o aquífero de água doce. Principalmente cloreto de sódio, mas pode incluir também contaminantes persistentes produzidos antropicamente. Relacionada com a evolução química da água subterrânea e a dissolução de minerais (pode ser agravada pela poluição ocasionada pela atividade humana e/ou extração excessiva. Principalmente fluoreto e ferro solúvel, às vezes sulfato de magnésio, arsênico, Manganês, selênio, cromo e outras espécies inorgânicas. Fonte: Proteção da Qualidade da Água Subterrâneas ( Foster, Hirata, Gomes, D’Elia e Paris) -2002. • Água Poluida – é a água que apresenta alterações físicas como cheiro, turbidez, cor e sabor. Normalmente a alteração física é consequencia da contaminação química e, geralmente devido à presença de substâncias estranhas ou tóxicas. • Água Contaminada – é a água que contém agentes patogênicos vivos, sejam bactérias, vermes, protozoários ou vírus. Verifica-se que, quanto maior profundidade do aquífero e uma menor permeabilidade da rocha, a possibilidade de contaminação das águas subterrâneas diminui consideravelmente. Conclui-se que, as águas subterrâneas sofre uma menor contaminação do que as águas superficiais. Ficando as águas superficiais 48 mais passíveis de contaminação devido a sua exposição natural à degradação humana. Mesmo com todas essas dificuldades de contaminação, os aquíferos são contaminados devido à presença de chorumes provenientes de lixões e aterros, sumidouros de esgotos domésticos, postos de combustíveis quando há rompimento dos tanques, lava jatos, vazamentos de dutos transportadores de produtos domésticos ou produtos químicos e fertilizantes. Existem vários orgãos que regulamentam o padrão de potabiblidade no Brasil, mas o mais importante é o CONAMA, que através de resoluções estabelece normas sobre qualidade ambiental e classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramentos. A Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e alguns orgãos estaduais, ditam normas sobre padrões de qualidade e potabilidade das águas superficiais e subterrâneas, como também de efluentes. Em âmbito nacional, o Govermo Federal através da lei 9.433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) determinando, em seu primeiro artigo que “ a água é um bem de domínio público”. Em 2006, com base na mesma lei, foi criado o Plano Nacional de Recursos Hídrico (PNRH), tendo como principal objetivo dar tratamento gerencial, ratificando a prioridade da água para consumo humano. O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), orgão responsável pelo controle e fiscalização de recursos minerais, como também, de águas minerais. A Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais-Serviço Geológico do Brasil (CPRM), é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, cuja missão é gerar e difundir o conhecimento geológico e hidrológico básico 49 necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Esse orgão realiza estudos geológicos através de prospecções usando a geofísica e geoquímica com o intúito de fornecer informações sobre a geologia, recursos minerais e recursos hídricos no Brasil. Outro orgão federal de grande importância no uso de recursos hídricos é o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), cuja finalidade é a de combater a seca que assola a região Nordeste, através de construções de açudes, barramentos, perfurações de poços profundos e promovendo ações de cunho social que venham amenizar o sofrimento dos nordestinos em épocas de secas. Em relação sobre o Estado do Ceará a respeito dos recursos hídricos, destacam a Secretaria de Recursos Hídricos, a SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas) e a COGERH (Companhia de Gestão de Recursos Hídricos). A SOHIDRA é uma autarquia vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos, criada pela Lei 11.380/87 no governo Tasso Jereissati, que tem como missão, executar, supervisionar e acompanhar empreendimentos de infra-estrutura hídrica, incremetando a oferta d’água subterrâneas e superficial qualitativa e quantitativamente, para atender a população em seus múltiplos usos e contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado do Ceará. A COGERH foi criada pela Lei de nº 12.217/97 através da Política de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, com a finalidade de implantar um sistema de gerenciamento de oferta de água superficial e subterrânea, compreendendo os aspectos de monitoramento dos reservatórios e poços, manutenção, operação de obras hídricas e organização de usuários nas 12 bacias hidrográficas do Ceará. Todos esses orgãos são de grande importância na exploração e explotação da água subterrânea, realizando pesquisas e gerenciamento de forma a obter melhores condições de uso da água pela população. 2.6. IMPACTO AMBIENTAL A partir da década de 60, e principalmente no início dos anos 70 do século 50 XX, a questão ambiental ganhou força e relevância nos temas mundiais. A nova consciência ambiental foi formada principalmente pela sua dimensão em escala mundial, mas sua efetivação necessita atingir e se enraizar na dimensão local. Isso quer dizer que, solucionando os problemas ambientais locais, conseguese chegar a um todo (global), sendo que cada um tem que fazer sua parte em relação a consciência ambiental, ou seja, usando o meio ambiente de forma sustentável. Impacto ambiental é toda alteração que ocorre no meio ambiente, provocada por ações e atividades humanas. O termo meio ambiente necessariamente está atrelado à ciência geográfica, pois a geografia desde sua historicidade epistemológica é a ciência que estuda e analisa as relações homem/espaço/natural. Então no pensamento geográfico, o meio natural corresponde ao espaço geográfico. A partir do século XIX, geógrafos já utilizavam o termo meio ambiente na descrição do quadro natural do planeta correspondendo ao relevo, clima, vegetação, hidrografia, fauna e flora dissociadamente do homem ou de qualquer sociedade humana. Geógrafos como Humboldt, Ritter, Ratzel, Augusto Comte e La Blache descreviam o homem inserido no meio natural, modificando-o ou não, em abordagens diferentes de acordo com seus conceitos epistemológico da geografia como ciência. O que se compreende hoje como meio ambiente – elementos naturais e sociais conjuntamente – faz parte da origem da geografia e isso lhe confere o mérito de ter sido a primeira das ciências a tratar do meio ambiente de forma mais integralizante. Ante o exposto há que se frisar que desde o primeiro período a geografia física é o sub-ramo dentro da qual, o meio ambiente/natureza foi academicamente desenvolvido (Mendonça,1993). ` É considerado impacto ambiental, qualquer alteração das propriedades 51 físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que afeta direta ou indiretamente à saúde, à segurança e o bem estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais. O desenvolvimento e a industrialização provoca por forma direta e indireta a degradação do meio ambiente, alterando todo um ecossistema ocasionando impactos ambientais em nosso planeta. Essas alterações são disseminadas pela poluição do ar, da água e da atmosfera terrestre em nosso planeta. Em relação ao meio ambiente vale salientar que a Carta Mágna Brasileira de l988 (Constituição Federal Brasileira de 1988), do capítulo VI no artigo 225 comenta sobre o meio ambiente: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à saúde da qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-los e preservá-lo para os presentes e futuras gerações. O Ministério do Meio Ambiente (MMA), Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e entre outros são órgãos federais responsáveis pelo gerenciamento, manejo, controle e fiscalização da biodiversidade, ecossistemas e de recursos naturais. Já em âmbito estadual, prevalecem os órgãos COEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente) e a SEMACE (Superintendência do Meio Ambiente do Ceará). Através de várias publicações a respeito sobre impactos ambientais, percebese que existe uma diferença entre contaminação e poluição dos recursos hídricos. Para Pádua (1997) a contaminação é causada por elementos que, lançados na água, tornam-na diferente e nociva, como um veneno ou um ser patogênico, prejudicando o substrato ou seu entorno em um tal grau, que crie ou ofereça riscos à saúde. 52 Já a poluição segundo Pádua (1997), é considerada como qualquer modificação nas características do meio, causada por contaminantes, capaz de torná-lo indevido à saúde, à natureza, à segurança e ao bem estar, prejudicando o equilíbrio natural. Para Branco (1991), a contaminação refere-se à simples transmissão, pela água, de elementos compostos ou microorganismos que possam prejudicar a saúde do homem ou de animais que a bebam. Sendo que a poluição se caracteriza muito mais por seus efeitos ecológicos, que produzem transformações do meio ambiente, de forma a este se tornar impróprio ao desenvolvimento normal das populações aquáticas. Noquadro abaixo, Foster et al (2002), apresenta as fontes de poluição e os contaminantes comuns de cada fonte. Quadro 9 . Contaminantes comuns da água subterrânea e fontes de poluição. Origem de Poluição Tipos de Contaminantes Atividade agrícola Nitrato, amônio, pesticidas, organismos fecais. Saneamento in situ Nitrato, hidrocarbonetos halogenados, microorganismos. Limpeza a seco Hidrocarbonetos aromáticos e halogenados, benzeno, fenóis Amônio, salinidade, hidrocarbonetos halogenados, metais pesados. Tricloroetileno, tetracloroetileno, hidrocarbonetos halogenados, fenóis, metais pesados, cianureto. Alquilbenzeno, hidrocarbonetos halogenados, metais, hidrocarbonetos aromáticos, tetracloretileno. Pentaclorofenol, hidrocarbonetos aromáticos, hidrocarbonetos halogenados. Tricloroetileno, tetracloroetileno Indústria de pesticidas Hidrocarbonetos halogenados, fenóis, arsênico Despejo de lodo de esgoto Nitrato amônio, hidrocarbonetos halogenados, chumbo, zinco. Cromo, hidrocarbonetos halogenados, fenóis. Garagens e postos de serviços Disposição de resíduos sólidos Indústrias metalúrgicas Pintura e esmaltação Indústria de madeiras Curtumes Extração/exploração de gás e petróleo Mineração de carvão e Metalíferos. Salinidade (cloreto de sódio), hidrocarbonetos aromáticos. Acidez, metais pesados, ferros, sulfatos. 53 Fonte: Proteção da Qualidade da Água Subterrânea (Foster, Hirata, Gomes, D’Elia e Paris).2002 Percebe-se que na disposição de resíduos sólidos são encontrados metais pesados, amônia, hidrocarbonetos halogenados e salinidade. O despejo de sedimentos, lixo e esgotos em áreas impróprias, vão acabar indo parar em sistemas de drenagem, contaminando ou poluindo determinados recursos hídricos. Os desmatamentos indevidos, não controlados pela legislação, e o crescimento de áreas urbanas sem as necessárias condições de manutenção de áreas verdes, para permitir o equilíbrio do ciclo hidrológico, sem as mínimas condições de saneamento (lixo, sedimentos e esgotos), são exemplos de impactos indiretos oriundos da bacia de drenagem e que causam a degradação dos canais (CUNHA, 2009). Os efeitos da poluição ambiental são muito mais complexos e difusos do que se poderia avaliar de início; suas consequências além de disseminadas podem ser também cumulativas e crônicas, tornando mais complexa a ação de despoluir (Castagniro, 2006). Uma fonte poluidora exerce efeitos de diferentes dimensões sobre a biosfera e a biota, atingindo consequentemente o solo e as águas (Costa & Costa, 2004). Hirata (1997) cita que quando não existem saneamento básico ou quando se estão implantando redes de esgotos, em pequena escala, com tratamento e disposição inadequada, existirá sempre algum risco de contaminação das águas subterrâneas. No quadro abaixo, Hirata (1997) relaciona as atividades antrôpicas potencialmente poluidoras dos aquíferos mais comuns na América Latina. Quadro 10. ATIVIDADES URBANA(a) SANEAMENTO IN SITU LAGOAS DE OXIDAÇÃO LIXIVIADOS DE CARACTERÍSTICA DA CARGA DISTRIUIÇÃO u/r P-D u/r P u/r P CONTAMINANTE PRINCIPAL CONTAMINANTE nfo ofnm oshm 54 LIXÕES/ATERROS SANITÁRIOS TANQUES DE COMBUSTÍVEL INDÚSTRIA VAZAMENTO DE TANQUES/TUBOS(b) DERRAMAMENTO ACIDENTAL LAGOAS DE EFLUENTES LIXIVIADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS(CHORUME) AGRÍCOLA(c) I – ÁREAS DE CULTIVO - COM AGROQUÍMICOS - COM IRRIGAÇÃO - COM LODOS/RESÍDUOS II- BENEFICIAMENTO DE GADOS E ANIMAIS - LAGOAS DE EFLUENTES SEM REVESTIMENTO u/r P-D o u/r P-D oh u/r P-D u P u/r P oh ohsm oshm r D r D r D n o n o s n o s r P f o n (a) – pode incluir componentes industriais. (b) - pode também ocorrer em áreas não industriais. (c) - apresenta aumento no risco de contaminação. u/r – Urbano/Rural f – Patógenos fecais D – Dispersa P – Pontual o – Compostos orgânicos sintéticos e/ou carga orgânicaL – Linear s - Salinidade m – metais pesados h - hidrocarbonetos A possibilidade de contaminação ambiental, associada a necessidade de grandes áreas para disposição e tratamento dos resíduos sólidos urbano tornou-se um sério problema para a sociedade. Os resíduos sólidos são considerados a expressão mais visível e concreta dos riscos ambientais, ocupando um importante papel na estrutura de saneamento de uma comunidade urbana e consequentemente, nos aspectos relacionados à saúde pública. Sisinno (2003), observou alterações nas características físicas e químicas do solo em regiões adjacentes a aterros sanitários, fenômeno este também constatado por Santana & Imana-Encinas (2004). Essas mudanças são diretamente aferidas pelos aumentos das concentrações de alguns elementos químicos. Santana & Imana-Encinas (2005), observaram aumento significativos de nutrientes (nitrogênio, alumínio, cálcio e potássio), no solo e em águas subterrâneas, 55 principalmente em regiões bem próximas aos depósitos de lixo. Sisinno (2003), também encontrou um significado aumento da concentração de metais pesados no solo e no lençol freático, inclusive com consequências para à saúde humana. Estes resultados se devem principalmente a falta de manejo e manutenção dos aterros à partir de sua implementação, somados com a alta porosidade, permeabilidade e drenagem, típicas de solos arenosos ou intemperizados. 56 3. ANÁLISE GEODINÂMICA DO MUNICÍPIO DE MARACANAÚ-CE. 3.1 Aspectos Gerais. O município de Maracanaú foi criado no ano 1983, quando do desmembramento de seu município de origem, Maranguape, através da lei estadual 10.811/83. Localiza-se na porção nordeste do Estado do Ceará, a 3º 52’ 36” de Latitude Sul e 38º 37’ 32” de Longitude Oeste. Limita-se a norte com os municípios de Fortaleza, capital do Estado, e Caucaia; a sul com os municípios de Maranguape e Pacatuba; a leste com os municípios de Pacatuba e Fortaleza; e a oeste com os municípios de Maranguape e Caucaia conforme a figura 16. Fig. 16 - Mapa do Município de Maracanaú. Fonte IPECE. 57 Este município possui uma área de 105,70 km², altitude de 48 m e distância, em linha reta, 22 km da capital Fortaleza e conta com uma população estimada de 210.520 habitantes (IBGE, 2010). De acordo com a regionalização definida pelo IBGE e pelo IPECE para o Estado do Ceará, o município insere-se na Região Administrativa 1, Macrorregião de Planejamento RMF, Mesorregião Metropolitana de Fortaleza e Microrregião Fortaleza. Maracanaú é dividido em dois distritos: Maracanaú, sede do município, criado em 1983, e Pajuçara, criado em 1990. 3.2 BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO De acordo com as informações contidas no site eletrônico da Prefeitura de Maracanaú sobre a história do município, no ano 1648 se iniciaram os contatos dos colonizadores com indígenas de Jaçanaú, Mucunã e Cágado. A partir do ano 1870 o povoamento cresce em torno inicialmente da lagoa de Maracanaú e depois das lagoas de Jaçanaú e Pajuçara, fazendo com que os nativos perdessem o controle da então chamada Aldeia Nova. Em 1875 foi inaugurada a linha férrea de Maranguape. O povoado travou uma luta para que a via fosse extendida até o seu território. O conseqüente crescimento do povoado promoveu a sua elevação, em 6 de maio de 1882, à categoria de vila. O antigo povoado tornou-se então Vila do Santo Antônio do Pitaguary. Maracanaú tornou-se distrito de Maranguape em 1906. Em 1938, o então distrito de Rodolfo Teófilo (atual Pajuçara), inserido em Fortaleza, foi incorporado ao território de Maranguape. A partir de 1953 houve várias tentativas de emancipação do distrito de Maracanaú do município de Maranguape. Porém, só no ano 1983, a 5 de julho, 58 através da lei estadual 10.811/83, Maracanaú se torna município, englobando os territórios dos distritos de Maracanaú e Pajuçara. 3.3 ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS • Clima Segundo dados da FUNCEME, pesquisados no IPECE (Perfil Básico Municipal – PBM), o clima predominante no município de Maracanaú é o Tropical Quente Sub-úmido. A pluviosidade é de 1.399,9 mm, com o período de chuvas compreendido entre os meses de janeiro e maio. A temperatura, em média, situa-se entre 26º a 28º C. O clima tropical é influenciado pelos ventos alísios, que penetram pela calha do rio Maranguapinho, além dos ventos alísios, a localização do município situado ao sopé de formações rochosas como as serras de Maranguape, Monguba e Aratanha favorece a precipitação de chuvas orográficas. • Geologia e Geomorfologia Em Maracanaú, identificam-se três unidades geológicas: Pré-Cambriano, Terciário e Quartenário. O Pré-Cambriano composto por rochas cristalinas, onde predominam nessa região granitos e migmatitos, representando 61% da área do município, cujas características geomorfológicas são representadas por maciços residuais com morros de pequenas altitudes. A unidade geológica Terciária representa 15% do território, formado por rochas sedimentares da Formação Barreiras, tabuleiros pré-litorâneo e área de transição entre a planície litorânea e a depressão sertaneja. A última unidade geológica do município é o Quartenário, que representa 24% de seu território, representado por sedimentos aluvionares das margens dos rios Maranguapinho, Timbó e Urucutuba. 59 O município de Maracanaú está inserido na unidade geomorfológica denominada Tabuleiros Pré-litorâneos (IPECE – PBM). Esta unidade se caracteriza por situar-se próxima ao litoral, atingindo altitudes que dificilmente ultrapassam os 100 m. Constitui-se de sedimentos argilo-arenosos da Formação Barreiras, a qual se assenta sobre o embasamento cristalino, diminuindo de espessura à medida que se afasta do litoral e penetra o continente. Esse município apresenta duas formas de tabuleiros, um é o tabuleiro de Jaçanaú e o outro é o tabuleiro de Pajuçara, apresentando também algumas feições de pediplanos, como o pediplano visualizado na figura 17, localizado na região do aterro de Maracanaú, próximo a serra de Monguba. Fig. 17 - Solos tipos pediplanos – Maracanaú-Ce. Fonte: Lima (2013). O tabuleiro Jaçanaú, está inserido entre os rios urucutuba e maranguapinho, abrangendo os bairros de Jaçanaú, Tijuca, e Siqueira II. Nesse tabuleiro estão localizados a fazenda Colonial, fazendo Raposa, vários sítios e casas de veraneios. Estão também inseridos duas lagoas, como a lagoa de Jaçanaú e a lagoa Colonial. Já o tabuleiro Pajuçara, localiza-se entre o rio Maranguapinho e o rio Timbó, abrangendo vários bairros como, Alto Alegre, Pajuçara, Cidade Nova, Jardim Bandeirante e os Conjuntos habitacionais Acaracuzinho, Novo Maracanaú, Novo Oriente e o Industrial. É neste tabuleiro que estão implantados os polos Indústrias de Maracanaú, a Ceasa , feira Center e novo polo de atacadista no Alto Alegre. 60 Na figura a baixo torna-se percebível o fim da zona de pré-tabuleiro, limitando-se com a serra de Aratanha e Monguba. Fig. 18 - Tabuleiros Fonte: Lima (2013). • Solos Os tipos de solo encontrados em Maracanaú são o Planossolo Solódico e o Podzólico Vermelho-amarelo (IPECE – PBM). Na figura abaixo se encontra um exemplo típico de solo em Maracanaú, precisamente no bairro Colônia próximo ao aterro. Fig 19 - Solo Maracanaú Fonte: Lima (2013). 61 Os Planossolos Solódicos são solos moderadamente profundos a rasos, raramente profundos. São bastante susceptíveis à erosão, apresentando ligeiro excesso d'água no curto período chuvoso e um grande ressecamento no período seco. São fortemente limitados pela falta d'água em áreas semi-áridas, devendo-se considerar, também, a saturação com sódio elevada, nos horizontes subsuperficiais, fator de restrição importante para a maioria das culturas. Os solos Podzólicos Vermelho-Amarelos são solos ácidos bem desenvolvidos. Possuem na sua maioria textura argilosa que apresentam seqüência de horizonte do tipo A, B e C, cuja espessura não excede a 300 cm, com pronunciada diferenciação entre o A e o B. Apresentando também poucas feições de solos bruno não cálcicos, litólicos, e vertissolos. Na figura 20 apresenta-se um mapeamento de tipos de solos encontrados em todo o município de Maracanaú. Fig. 20 - TIPOS DE SOLOS ENCONTRADOS EM MARACANAÚ-CE. 62 • Vegetação As unidades fitoecológicas existentes, ainda de acordo com o IPECE (PBM), são a Caatinga Arbustiva Densa, o Complexo Vegetacional da Zona Litorânea, a Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial e a Floresta Subperenifólia Plúvio-Nebular. A Caatinga Arbustiva Densa é caracterizada pelo adensamento de tipos arbustivos profundamente esgalhados com muitos espinhos e grande variedade de espécies. A vegetação do tipo caatinga arbórea arbustiva densa, concentra-se na depressão sertaneja e desenvolve-se em áreas de solos rasos e com período de seca mais prolongada, como pode ser observado na figura 21. Fig. 21 - Vegetação tipo caatinga - Maracanaú-Ce. Fonte: Lima (2013). O processo de desmatamento é observado em todo o município, entretanto algumas áreas ainda guardam exemplares desse tipo de vegetação, como nas regiões de Mucunã, do Cágado, do Santo Antonio do Pitaguary e da região do Horto. 63 Hoje a vegetação de maior predominância nesse município é a do tipo secundária, vegetação de pequeno porte, gramíneas que substituíram a vegetação original ( vegetação arbustiva de grande porte). O Complexo Vegetacional da Zona Litorânea abrange vegetação pioneira psamófila, presente na planície litorânea e, muitas vezes, na área de dunas móveis e fixas; floresta a retaguarda das dunas, com espécies vegetais que ocorrem nas serras úmidas, serras secas e na caatinga arbórea; e vegetação dos tabuleiros litorâneos, sendo a maior diversificação vegetacional e florística, podendo ser encontrada mata de tabuleiro, o cerrado e a caatinga. A Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial ou Mata Seca ocorre nas serras, em altitudes entre 300 e 400 m, podendo eventualmente alcançar regiões de até 600 m de altitude. É um tipo de vegetação florestal com predomínio de árvores caducifólias, que perdem suas folhas durante a estação seca. Guarda similaridades florísticas com a caatinga, sendo considerada uma cobertura vegetal intermediária entre esta e a Mata Úmida. A Floresta Subperenifólia Plúvio-Nebular ou Mata Úmida se localiza nos relevos mais elevados das serras cristalinas e vertentes superiores, ocupando as áreas mais úmidas, abrangendo o platô e as cotas mais altas das encostas, mantendo-se sempre acima de 600m de altitude. • Recursos Hídricos Os principais rios que cortam o município são o Maranguapinho e o Timbó. Ambos estão inseridos na Bacia Hidrográfica Metropolitana, a qual, segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH-CE), constitui uma região hidrográfica formada por dezesseis bacias independentes, inscrevendo em sua área o território de quarenta municípios. De acordo com o Atlas dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, produzido pela SRH-CE, não existem açudes de destaque em Maracanaú. O que se tem, de fato, em termos de reservatórios de água, de acordo com o mapa da cidade 64 fornecido pela Prefeitura Municipal, são alguns pequenos açudes, lagos e lagoas distribuídos ao longo do município. Maracanaú é um município que nos últimos anos vem apresentando um elevado crescimento urbano, decorrente, dentre outros aspectos, principalmente do crescimento industrial. A implantação de um parque industrial pressupõe a criação de infra-estrutura básica e de serviços para a adequada realização deste tipo de atividade econômica, além de proporcionar elevado crescimento populacional e expansão do espaço urbano. É importante ressaltar que, se não for realizado um adequado planejamento urbano, este processo de crescimento pode gerar diversos problemas para o município. Dentre eles, podemos destacar a poluição dos recursos hídricos, que compromete a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. O município de Maracanaú, tal qual as demais cidades brasileiras de médio e grande porte, sofre com o problema da poluição dos seus rios, lagos e lagoas. Para o equacionamento destas questões, é necessária, além de vontade política, a realização de planos e projetos que envolvam todo o conjunto da sociedade. Estes, como, por exemplo, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRS), devem indicar diretrizes que sugiram a adequada produção do espaço urbano, na tentativa de promover o bem estar das pessoas e garantir a existência de um meio ambiente mais saudável para a atual e as futuras gerações. 65 4. ASPECTO SÓCIOECONÔMICO E AMBIENTAL DE MARACANAÚ. 4.1 Configuração Espacial. Segundo Mendonça (1993), a geografia desde sua formação como ciência, propôs-se ao estudo do meio ambiente com relação entre a sociedade e meio natural. Neste sentido não resta dúvida que a geografia é a ciência que trata de uma maior afinidade relativa às questões sociais e ambientais vinculadas aos espaços geográficos. As atividades humanas atreladas ao meio natural e ao seu uso possibilita uma transformação de um novo espaço geográfico e porque não afirmar, em um novo ambiente geográfico (meio ambiente). Na evolução do conceito de meio ambiente (environment, environnement) observa-se o envolvimento crescente das atividades humanas, sobretudo nas quatro últimas décadas, mas ele continua fortemente ligado a uma concepção natu ralista, sendo que o homem socialmente organizado parece se constituir mais num fator que num elemento do ambiente[...].(Mendonça, p 214, 2002). Nos últimos 40 anos, Maracanaú passou por intensas alterações de sua configuração espacial como também nas condições ambientais através da implantação dos distritos industriais e das construções dos conjuntos habitacionais nessa localidade. Não resta dúvida que a industrialização trouxe o desenvolvimento para Maracanaú, mas a falta de um planejamento estratégico para o município voltado na economia, política habitacional e infraestrutura, produziu significativa mudanças na estrutura espacial e na degradação do meio ambiente. 4.2 Perfil Econômico.e Social. Em relação ao potencial econômico, Maracanaú possui a segunda maior economia do Ceará, seu Produto Interno Bruto (PIB) estão centralizado principalmente no setor industrial. Porém o setor de serviço e comércio vem se 66 destacando nos últimos anos, ficando também como o segundo maior município exportador do Ceará. Segundo dados informativos da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará (SEPLAG) e do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceara (IPECE) do ano de 1991 a população urbana era de 156.410 e a rural de apenas 741 habitantes. No ano de 2000, a população urbana passou para 179.432, enquanto de a rural foi de apenas 562 habitantes. Tornando-se evidente de que o município de Maracanaú é uma cidade com característica urbana. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Maracanaú do ano de 2000 segundo o IPECE, foi de 0,736. Segundo o IBGE (2010), Maracanaú detinha um total de 57.933 de domicílios particulares ocupados e uma população de 209.057 habitantes. A maioria dessa população vive de emprego informal, mas com o surgimento de novas indústrias, comércios e serviços, o índice de empregos com carteira assinada tem aumentado sistematicamente de acordo com a procura e oferta, de acordo com dados do Sine-Maracanaú. Na década de 80 do século passado, Maracanaú tinha característica de cidade-dormitório, justamente devido ao crescimento migratório populacional desenvolvido pela política de investimentos habitacionais promovidos pelos governos Federal e Estadual no município de Maracanaú-Ce. Ficando a maioria da população trabalhadora, residente em Maracanaú, se deslocando para outra cidade, mais precisamente em Fortaleza, com a finalidade de chegar ao seu local de trabalho. As cidades-dormitório estão atreladas a regiões metropolitanas, normalmente surgidas pelo fenômeno de conurbação entre cidades vizinha e o processo migratório da população carente da periferia de uma determinada cidade para outra. 67 Segundo Ojima et al (2007), cidades-dormitório são aquelas cidades que possuem importantes contingentes de sua população economicamente ativa trabalhando fora do município. Como também são cidades que tiveram um crescimento populacional acentuado e descompassado em relação ao seu crescimento econômico ou à expansão do seu mercado de trabalho. Hoje em dia Maracanaú já dispõe de grandes empreendimentos nos setores industriais, empresariais, construção civil, comerciais e de serviços, tornando-se uma cidade economicamente estável, favorecendo então uma grande oferta de empregos para sua população local. Por esse motivo, percebe-se que atualmente Maracanaú já não tem mais característica de cidade-dormitório. Em relação à saúde, atualmente Maracanaú dispõe de três hospitais, várias clínicas médicas e odontológicas, postos de saúde, centro especializado de odontologia e centro de zoonose. Verifica-se que no ano de 2001 a 2011, algumas doenças transmissíveis por insetos como a dengue, teve um número alto de notificações, ou seja, 8.991 casos de dengue notificados. 197 casos confirmados de leishmaniose e três casos confirmado de malária. 68 5. ANÁLISE GEOAMBIENTAL E ESTRUTURAL DO ATERRO DE MARACANAÚ. O aterro a ser analisado, conforme figura 22, está inserido no município de Maracanaú-Ce., pertencente à Região Metropolitana de Fortaleza, localizado à sudoeste da cidade de Fortaleza. Fig. 22 - Aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013). O aterro de Maracanaú está localizado no bairro Colônia, vizinho ao conj. habitacional Vida Nova, ficando à margem esquerda na avenida Jaime Paulino antiga Ce-451 , no sentido norte-sul, em uma estrada não pavimentada conhecida popularmente como estrada da Tangueira. Próximo ao aterro, mais precisamente ao lado encontra-se um pequeno conjunto habitacional denominado Vida Nova (fig. 23), em um terreno situado quase por trás desse aterro estão sendo construídas casas residenciais pela Caixa Econômica Federal (fig. 24) e nas proximidades logo à frente estão sendo erguidas pequenas casas residenciais (fig. 25). Fig. 23 - Conj. habitacional Vida Nova - Fonte: Lima (2013) 69 Fig. 24 - Conj. Habitacional em construção pela Caixa Econômica Federal. Fonte: Lima (2013). . Fig. 25 - Casa sendo erguida em frente ao aterro. Fonte: Lima (2013). Importante salientar que todas essas residências possuem água ofertada pela cagece, mas nem todas tem rede de esgoto, o que significa dizer que algumas casas fazem uso de fossas assépticas. Através de entrevista realizada com os moradores residentes próximos ao aterro, constata-se que raramente alguma casa tem poço do tipo cacimba e que segundos os mesmos essa água é contaminada devido ao aterro, usufruindo dessa água somente para regar as plantas. A população residente próximo ao aterro de Maracanaú tem a mesma característica socioeconômica do restante do município, mas com renda a per capita 70 bem menor, que fica em torno de R$ 110,00 (cento e dez reais). A renda per capita média da população do município é na faixa de R$ 140 (cento e quarenta reais) segundo o IPECE (2009). Observa-se que esses moradores têm baixa escolaridade e renda mensal inferior ao salário mínimo, vivendo praticamente do bolsa família e da reciclagem de lixo no próprio aterro. Praticamente 70% dos moradores desse local com a idade superior a dezoito anos conseguem uma renda para o sustento de sua família, através da venda de produtos reciclados retirados diretamente do lixo sobre o aterro (figuras 26, 27 e 28). Fig. 26 - Catadores aguardando o descarrego da coleta domiciliar. Fonte : Lima (2013). Fig. 27 - Catadores separando materiais reciclados. Font: Lima (2013). 71 Fig. 28 - Materiais já segregados pelos catadores. Fonte: Lima (2013). A referida estrada encontra-se interditada devido à construção da barragem de contenção de cheias do rio maranguapinho, cuja obra foi realizada pelo governo do Estado do Ceará e governo Federal através do PAC II. Parte da estrada que dá acesso ao aterro não é asfaltada o que vem gerar transtornos aos moradores vizinhos devido a grande quantidade de poeira deixados pelos carros compactadores e caçambas com destino ao aterro, como pode ser constado na figura 29. Fig. 29 - Poeira Fonte: Lima (2013). Vale salientar que essa barragem incorporou uma parte do terreno pertencente ao aterro, ficando aproximadamente à 80 metros da base do talude do 72 referido aterro ( figuras em anexo). O aterro de Maracanaú está situado no Tabuleiro Pré-litorâneo já se sobressaindo no embasamento cristalino sobre um solo do tipo podzólico-eutrófico de cor vermelha e amarelo, resultado do intemperismo da rocha matriz, identificada como sendo do tipo plutônica, ou seja, rochas cristalinas. Está inserido na bacia do rio maranguapinho, e que próximo a esse aterro existem duas lagoas; a lagoa furna que fica por trás do aterro, ou seja à montante, e a lagoa Antonio Justa, ficando a jusante e um pouco mais distante. No solo constata-se a presença de areia quartzosa de cor amarelo claro composto com uma pequena porcentagem de silte e argila, com uma profundidade de aproximadamente de 3 a 5 metros, classificado como um solo poroso e de alta permeabilidade (figura 30). Cujo solo torna-se um bom provedor de água subterrânea, podendo absorver e armazenar considerável volume d’água. Fig. 30 – Solo do tipo arenoso de cor amarelada. Fonte: Lima (2013). Na escavação para a retirada de material inerte (areia) para fins de cobertura dos resíduos, constata-se a presença de grande quantidade de água (figura 31), possivelmente proveniente do lençol freático, pois neste período climático, predomina um clima seco e praticamente sem precipitações de chuvas. Fig. 31 - Escavação para retirada de material inerte ( areia). 73 Fonte: Lima (2013). Esse aterro é atualmente administrado pela construtora G&F. O mesmo recebe os resíduos sólidos urbano da cidade sede e do município vizinho, Maranguape. O aterro de Maracanaú está inserido em uma área de 89 hectares com uma declividade de aproximadamente de 5 graus no sentido leste-oeste. Essa declividade se deve a topografia natural do terreno por influência do rio maranguapinho. O mesmo recebe em média 220 toneladas de resíduos sólidos diariamente da coleta domiciliar desse município, sendo que a empresa responsável por essa coleta é a WF Ambiental, feita através de uma coleta sistemática usando carros compactadores adequados para esse tipo de trabalho. O referido aterro dispõe de uma área destinada ao descarrego do material tipo entulho, cuja finalidade é de estocar para que seja usado para outros fins junto a prefeitura de Maracanaú, recebendo diariamente 320 toneladas. Recebe também diariamente 12 toneladas de poda e 3 toneladas de material provenientes da varrição e capina através do serviço de limpeza feita pela prefeitura municipal de Maracanaú. Segundo o Sr. Aderson engenheiro da construtora G&F, responsável pelo aterro de Maracanaú, o mesmo não dispõe de impermeabilidade do solo, tanto nas células como nas lagoas de estabilização para tratamento do chorume. Mas existe drenagem para o chorume e do gás metano, como se observa na figura logo abaixo. 74 Fig. 32 - Chaminé (saída do gás metano) e lagoa para tratamento do chorume. Fonte: Lima (2013). Em relação ao tratamento do chorume, vale salientar que esse aterro possui três lagoas, a primeira lagoa é do tipo facultativa e as outras duas são do tipo anaeróbias. Verifica-se também que esse aterro tem uma cota (altura) 12 metros, e apenas um poço profundo para o monitoramento da água subterrânea, uma balança tipo rodoviária, uma portaria, um pequeno galpão, uma máquina tipo esteira e um prédio administrativo, conforme as figuras abaixo (fig.33). Fig. 33 - Poço profundo – aterro Maracanaú Máquina Talude do aterro Balança 75 Prédio da administrração Fontes: Lima (2013) Portaria de entrada do aterro 76 6. Considerações finais. Pacheco et al (2007), direcionou seus estudos sobre a qualidade das águas subterrâneas sob o aterro de Maracanaú. Em sua pesquisa verificou que o teor de SDT encontravam-se muito elevado ( 5.101 mg/L para o poço 1 e 16.015 mg/L para o poço 2). Constatou-se também um elevado teor de matéria orgânica representada pelo valores DBO5 ( 124 mg/L para o poço 1 e 119 mg/L para o poço 2) e alta concentração de manganês ( 2,04 mg/L para poço 1 e 2,31 mg/L poço 2). No ponto de vista sanitário os poços apresentaram-se contaminados por coliformes termotolerantes (2,3 x10³ NMP/100mL para poço 1 e 2,3 x 10 NMP/100mL para poço 2). Em sua pesquisa conclui que a qualidade das águas subterrâneas localizadas nas proximidades deste aterro sanitário encontra-se bastante comprometida pela influência do chorume, pois o aterro é a atividade antrópica de maior relevância na área estudada. Outra pesquisa fundamental relacionada com este trabalho foi o estudo coordenado pelo prof. Dr. Carlos Emanuel de Carvalho Magalhães, através pela CNPq em 2006. Essa pesquisa baseava-se na caracterização física, química e da qualidade dos principais recursos hídricos de Maracanaú, com ênfase no aporte de metais pesados. Nesse estudo foram analisados amostras de água em todas as lagoas de Maracanaú, como também em poços devidamente instalados em ponto estratégicos. Essas amostras foram analisados em um período de 10 meses, de maio/2004 à 03/2005 . Nesse procedimento constatou-se que a lagoa Antonio Justa obteve um alto índice do elemento químico Bário (7,346 mg/L), manganês (0,417) e cobre (0,012). Além de elevado teor de DQO (190,00 mg/L), DBO5 (200,00 mg/L), STD (3579 mg/L), amônia (0,514 mg/L), nitritos (0,021 mg/L), nitratos (0,171mg/L), nitrogênio orgânico ( 163,30 mg/L), nitrogênio total Kjedall (12,9), cloretos (1359,45 mg/L), 77 fósforo total ( 0,486mg/L), sulfetos (1,89mg/L), clorofila a (29,72mg/L) e oxigênio dissolvido (7,86mg/L). Em um poço instalado à jusante do aterro sanitário de Maracanaú, também foram encontrados elevados índice de DQO (161,11 mg/L), DBO5 (165,11 mg/L), STD (1045 mg/L), manganês (0,458), cobre (0,008 mg/L), amônia (14,015 mg/L), nitrato (0,206 mg/L), nitrito ( 0,026 mg/L), nitrogênio orgânico (24,51 mg/L), nitrogênio total Kjedall (44,05 mg/L), cloretos (276,69 mg/L), fósforo total (8,250mg/L), sulfetos (2,48mg/L), clorofila a (25,91mg/L) e oxigênio dissolvido (0,08mg/L). Esses alto índice do teor de elementos químicos e físico-químicos encontrados nessas duas pesquisas podem ser comparados na quadro 11, que trata da resolução 357/2005 do CONAMA sobre os valores máximos permitidos nos padrões de qualidade de água doce de classe 01. PARÂMETROS OD ( oxigênio dissolvido) DBO5 (demanda bioquímica de oxigênio) STD Bario total Clorofila a Cloreto total Cobre Fosforo total Manganes total Nitrato Nitrito Nitrogênio amoniacal total Sulfeto Alumínio Chumbo Ferro Zinco VALOR MÁXIMO > 6mg/L 5mg/L 500mg/L 0,7 mg/L Ba 10 μg/L 250 mg/L Cl 0,009 mg/L Cu 0,020 mg/L P 0,1 mg/L Mn 10,0 mg/L N 1,0 mg/L N 3,7mg/L N, para pH ≤ 7,5 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,5 0,5 mg/L N, para pH > 8,5 0,002 mg/L S 0,1mg/L 0,01mg/L 0,3mg/L 0,18mg/L 78 E que segundo Magalhães (2006), esses elevados teores de elementos e substancias químicas encontradas na água através de sua pesquisa, se dá pela proximidade do aterro de Maracanaú. Na pesquisa citada acima, verificou-se que o aterro de Maracanaú contribui significamente para a contaminação dos recursos hídricos localizados próximos a esse aterro. Analisando detalhadamente o aterro de Maracanaú, verificam-se inúmeras irregularidades, dentre elas: • O aterro não dispõe de um cinturão verde, por isso sacos são espalhados em torno do aterro como se observa na figura 34. As árvores plantadas em torno dos aterros evitam a poluição por poeiras, torna o ar mais puro, evita que materiais de natureza mais leves como sacos, sacolas e papéis ultrapassam seu perímetro, proporcionando uma melhor feição paisagística sobre o local. Fig. 34 - Sacos espalhados no aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013). • O talude que tem uma altura de 12 metros deveria ter uma berma para dar mais estabilidade. O mesmo não possui drenagem de água pluvial como também encontra-se totalmente degradada, apresentado fortes erosões como mostra as figuras logo abaixo. 79 Fig. 35 - Talude do aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013). • Observa-se na figura 36, que o referido aterro só dispõe de um poço profundo para o monitoramento da água subterrânea e que de acordo com a norma da ABNT, deveria ter quatro poços, um à montante e três à jusante. Percebe-se também que esse único poço encontra-se totalmente aberto e sem manutenção. Fig. 36 - Poço profundo do aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013). • Em relação ao chorume, percebe-se que sua drenagem não está sendo eficiente, pois foi verificada uma elevação do referido líquido num conduto de drenagem na base do talude, chegando até a extravasar e escoar na superfície da encosta do talude de acordo com a figura abaixo. Percebe-se também que um funcionário da empresa responsável pelo aterro, coloca uma pequena bomba de sucção para retirar o chorume, com a finalidade de evitar que o mesmo não fique escorrendo pelo solo. 80 Fig. 37 – Chorume extravasando na base do talude. - Fonte : Lima (2013). • As lagoas de estabilização para tratamento de chorume não tem o solo impermeabilizado, não possui serviço de escoamento após seu tratamento e nem sua recirculação, prevalecendo-se então a infiltração e evaporação desse líquido. Analisando a figura 38 percebe-se que não há manutenção adequada, fazendo com que suas encostas (paredes) estejam degradadas e cheias de matos. Fig. 38 - Lagoa de estabilização -tratamento do chorume do aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013) 81 • O material proveniente da poda (madeiras e folhas) não é reciclado ou reutilizado. Todo esse material é queimado através da combustão provocando poluição ao meio ambiente, através da liberação do CO² e da fumaça expelida pela combustão como mostra a figura 39.. Fig, 39 - Poda sendo queimada - aterro de Maracanaú. Fonte: Lima (2013). • O gás metano produzido pela massa de aterro não é aproveitado como fonte de energia e nem é realizado sua combustão para evitar menos impacto na camada de ozônio, como se observa na figura 40. Fig. 40 - Chaminé – saída do gás metano. Fonte: Lima (2013) Devido as grandes irregularidades encontradas no aterro de Maracanaú através desse trabalho, nos resultados das pesquisas realizadas por Pacheco et al (2007) e por Magalhães (2006) sobre a qualidade da água próximo a esse aterro, 82 verifica-se que o aterro sanitário de Maracanaú contribui de forma significativa para a contaminação dos recursos hídricos localizados próximos a esse aterro. Observando as valas para a retirada de material inerte para fins de cobertura dos resíduos sólidos do aterro de Maracanaú, constata-se grande quantidade de água (figura 31), constatando-se também, o elevado nível do lençol freático em cacimbas localizado próximo a esse aterro (fotos em anexo). Tornando-se evidente que o solo localizado nessa área tem um perfil de ser um bom provedor de água subterrânea Vale salientar que a visita in loco no aterro de Maracanaú para a obtenção dessa pesquisa, foi realizada no mês de novembro, em pleno clima seco e com total escassez de chuvas, mas mesmo assim, o nível do lençol freático continuava elevado. Inserido nesse contexto, percebe-se que o referido aterro provoca impacto ambiental em torno de sua área, pela contaminação do chorume no lençol freático. Propõe-se então, a necessidade de se aprimorar melhores conhecimentos e técnicas científicas, para obter meios adequados no que se refere a amenizar e evitar os impactos ambientais ao meio ambiente, conscientizando o homem de preservá-lo contra possíveis contaminações através de monitoramento e controle ambiental. 83 Referências ACFOR: plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos de Fortaleza. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Ceará, 2012. ALMEIDA, F. G. O.:ordenamento territorial e a geografia física no processo de gestão ambiental. 2ª edição. Rio de Janeiro,2006. ALMEIDA, l. O.:análise geoambiental como subsídio ao planejamento territorial de Maracanaú-Ce. dissertação de mestrado. UECE, Fortaleza, 2005. AGROPOLOS. Instituto Ceará.https:www.institutoagropolos.org.br/.2008. Agropolos do ARCE. Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado do Ceará. www.arce.gov.br/2010. 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