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Monografia De Geografia Upe 2010

MINHA MONOGRAFIA 8,5

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO-UPE FACULDADE DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DE GARANHUNS-FACETEG CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA AGRICULTURA FAMILAIR E O DESENVOLVIMENTO DA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE BREJÃO-PE CINTIA VERÔNICA A. DE BARROS FÁBIO DE MELO SILVA GARANHUNS-PE 2010 CINTIA VERÔNICA A. DE BARROS FÁBIO DE MELO SILVA AGRICULTURA FAMILAIR E O DESENVOLVIMENTO DA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE BREJÃO-PE Monografia apresentada ao curso de licenciatura plena em Geografia da Faculdade de Ciências, educação e tecnologia de Garanhuns da Universidade de Pernambuco, em cumprimento às exigências para obtenção do título de licenciado. Orientador: PROF.ª: Denize Tomaz de Aquino GARANHUNS-PE 2010 CINTIA VERÔNICA A. DE BARROS FÁBIO DE MELO SILVA AGRICULTURA FAMILAIR E O DESENVOLVIMENTO DA FEIRA LIVRE DO MUNICÍPIO DE BREJÃO-PE Aprovada em:___/___/___ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Professor Orientador ___________________________________________________ Professor Examinador AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter permitido que tudo isso acontecesse e a ajuda prestimosa da nossa Orientadora, Denize, pela paciência e carinho com que nos acolheu e pelos conhecimentos passados. RESUMO Nas últimas décadas a discursão sobre agricultura familiar tem ganhado força devido ás dificuldades que os produtores familiares têm para se posicionar no mercado sendo a comercialização a principal dificuldade encontrada por eles. No município de Brejão-PE essa realidade não é diferente. O objetivo deste estudo é analisar o processo de produção e comercialização da agricultura familiar no município de Brejão, visando uma maior participação destes na feira livre local. Para o desenvolvimento do trabalho foram feitas visitas às propriedades rurais e aos feirantes do município onde foram aplicados questionários junto aos mesmos. Entre os resultados obtidos pôde se verificar que alguns produtores são assistidos pelo IPA, que a maioria dos pesquisados são homens, que os jovens pouco participam das atividades, que essa produção familiar no município de Brejão pouco contribui para o desenvolvimento da feira livre local. Também foi evidenciado que a maioria dos feirantes vem de outros municípios. PALAVRAS-CHAVE: agricultura familiar, comercialização, desenvolvimento, Feira livre. LISTA SIGLAS EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO. Fundo das Nações Unidas para a Agricultura IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPA. Instituto Agronômico de Pernambuco INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria ONG. Organização não Governamental PAA. Programa de Aquisição de Alimentos PRONAF. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar UNICAMP. Universidade de Campinas UFRJ. Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRGS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul SUMÁRIO Introdução.............................................................................................. 08 CAPITULO 1 1. Caracterização da área em estudo................................................10 1.1 Aspectos socioeconômicos..................................................12 1.2 Agricultura familiar breves comentários...............................15 CAPITULO 2 2. Universo da agricultura familiar.....................................................18 CAPITULO 3 3. Agricultura familiar e comercialização no município de Brejão..... 21 4. Conclusão e apreciação dos resultados....................................... 26 5. Referências................................................................................... 29 Anexos............................................................................................... 30 INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo analisar a contribuição da Agricultura Familiar para a feira livre do município de Brejão-PE, bem como as dificuldades enfrentadas pelos produtores familiares do município. No Brasil, a agricultura familiar vem a cada ano tendo mais destaque na economia do país como reflexo das transformações que vem acontecendo no campo. Conforme dados da FAO (1997), Fundo das Nações Unidas para Agricultura, a importância da agricultura familiar tem sua contribuição econômica, na maioria dos municípios, principalmente das pequenas cidades, mas mesmo com tanta importância ainda é vista com certo preconceito por ser constituída de pequenas propriedades com rentabilidade baixa. Tal como se apresenta acima, a agricultura familiar tem uma grande importância para a economia nacional, pois ela está presente na mesa dos brasileiros, e de acordo com Contini; Gasques; Leonardi (2004), “ela é responsável pelo leite, feijão, milho, suíno, mandioca, aves e ovos” de várias famílias. Mas o que se percebe na região objeto de estudo é que existe outra cultura muito praticada pelos agricultores familiares que é a produção de hortaliças pelo fato do processo produtivo não exigir muito tempo para colheita, e ser responsável por parte da renda das famílias. Para analisar a agricultura familiar é preciso conceituar o que é exploração familiar. Segundo Lamarche (1993, p.15) “A exploração familiar,tal como a percebemos, corresponde a uma unidade de produção agrícola onde prioridade e trabalhos estão inteiramente ligados à família”. A agricultura familiar tornou-se hoje um tema importante nas diversas instituições de pesquisa do país, como a EMBRAPA, facilitadora do acesso ao crédito, e nas Universidades é no enfoque dessas pesquisas que o presente trabalho busca analisar a contribuição da agricultura familiar e sua relevância para o desenvolvimento da feira livre do município de Brejão – PE. Busca-se analisar o processo de produção e comercialização bem como o percentual de participação dessa produção na feira livre do município. Este trabalho também se justifica por ser um tema pouco estudado na região agreste de Pernambuco e pela contribuição socioeconômica para as famílias. CAPITULO 1 1. CARATERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO A cidade de Brejão como a maioria dos pequenos municípios do agreste Pernambucano, tem uma atividade comercial muito pequena, e não chega a suprir as necessidades da população local. Por isso toda mão-de-obra e renda de trabalho assalariado fica restrita a prefeitura local e representações estaduais. No demais a geração de renda provem da agricultura principalmente a familiar. O município de Brejão está localizado na Mesorregião Geográfica do agreste pernambucano, fazendo parte da Microrregião de Garanhuns sob o Planalto da Borborema, distante da capital pernambucana, Recife, 249 km. O Percurso parte de Recife pela BR 232 até são Caetano. Daí pela BR 424 até Garanhuns um percurso pela BR 423 e PE 218 até Brejão. O município em estudo localiza-se a uma latitude 09º01'49" sul, a uma longitude 36º34'07" oeste, fazendo divisa ao norte e leste com o município de Garanhuns ao sul com Lagoa do Ouro e oeste com o município de Terezinha. Com altitude de 788 metros, também faz parte da área de abrangência do semiárido nordestino. Faz parte da bacia hidrográfica do rio Mundaú, que abrange vários municípios de Pernambuco e Alagoas, tem forte produção agrícola, ainda com pouca produção de café, cuja economia está baseada na agricultura familiar, onde se destaca a produção de hortaliças, feijão, milho, mandioca e a produção de frango de corte. Mapa 1: Localização de Brejão na mesorregião do agreste pernambucano Fonte: secretaria de agricultura de Brejão Com população predominante rural, segundo o IBGE (2000), Brejão apresenta uma economia voltada para a agricultura com 5,699 do total da sua população perfazendo em termos percentuais 63,9 % e, 3,217 vivendo na zona urbana do município o que corresponde a (36,1%) da população. Esse total da população rural está distribuído no espaço rural do município onde desenvolvem atividades econômicas em propriedades pequenas e baseadas na agricultura familiar. 1.1. ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS O município de Brejão tem hoje uma população de 8,812 habitantes. Segundo dados do IBGE (2010), sua população é predominantemente rural baseada na produção familiar onde também se destaca as produções de hortaliças, milho, feijão e mandioca que vem cada vez mais tendo maior produção devido ao apoio que esses produtores vêm tendo por parte do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).Esse apoio foi mais notado a partir da criação do programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar (PRONAF) implantado em 1996, que dentre outras ações financia a estrutura necessária; unidade local do (IPA) vem viabilizando o credito para esses produtores familiares através dos principais programas de crédito do órgão. Ver dados abaixo: CRÉDITO RURAL MUNICÍPIO DE BREJÃO-PE 2009 LINHA DE CRÉDITO Nº DE PROJETOS AGROAMIGO CRÉDITO R$ 111 204.873,00 MAIS ALIMENTOS 9 121, 351,00 PRONAF COMUM 2 21, 174,00 CUSTEIO 2 18.109,00 124 365.509,00 TOTAL Tabela 1: Fonte dos dados IPA unidade Brejão Percebe se na tabela acima que a maior parte do credito destina-se para o programa agroamigo, mas em termos percentuais esse valor vai para Programa Mais Alimento, pois o mesmo só tem Nove projetos. Todos esses programas são destinados à agricultura familiar. Esses programas apoiam as mais variadas culturas, praticadas por esses agricultores como: bovinocultura de leite e de corte, floricultura. A atuação do IPA unidade Brejão não está só para a viabilização do crédito, mas também com apoio técnico aos agricultores como também outros benefícios como: aração de terras no período de plantio e a distribuição de sementes aos agricultores. Figura 1 Fonte: IPA Aração de terra sítio Brejinho, essa é uma ação do IPA para os agricultores familiares que não possuem recursos para fazer o beneficiamento da terra. Figura 2: Fonte: IPA Na imagem agricultores familiares recebendo sementes para o plantio no sitio baixa do Imbé no município de Brejão, através das ações o IPA é o principal agente de apoio técnico aos agricultores do município de Brejão-PE. 1.2. GRICULTURA FAMILIAR BREVES COMENTÁRIOS Para discutir agricultura familiar necessário se faz analisaremos os vários conceitos do que é agricultura familiar nos vários espaços geográficos. Para BITTENCOURT E BIANCHINI (1996) “Agricultura familiar é todo aquele (a) agricultor (a) que tem na agricultura sua principal fonte de renda (+80%) e que a base da força utilizada no estabelecimento seja desenvolvida por membro da família”. Nesse conceito os autores acima afirmam que, para ser caracterizada a agricultura familiar é necessário que a maior parte da renda da família venha da atividade produtora. Já que sua contribuição para o desenvolvimento rural sustentável reporta-se para uma produção responsável com as dimensões econômicas, sociais e ambientais, compreendendo suas funções ao desenvolvimento econômico do país. Para SCHINEIDER (1999) “Além da estratégia da mão-de-obra familiar em atividades agrícolas e não agrícolas os agricultores familiares conciliam mão-de-obra familiar com a contratada (temporária ou permanente)”. Como citado pelos autores acima, a estratégia de produção familiar é muito diversificada e dependendo da região geográfica onde ela esteja inserida essa diversificação pode ser ainda maior. Nas outras regiões brasileiras ( Norte, Sudeste, Centro-oeste e no Sul), ela tende a ter mais mão-de-obra contratada enquanto no Nordeste ela é predominantemente familiar. Diante do exposto acima nos deparamos sobre o pensar da agricultura familiar no município de Brejão. Nota-se que a agricultura familiar ainda está longe de ser uma categoria respeitada pela sua contribuição econômica e pela contribuição ao mercado consumidor de alimentos. Ela mereceria uma atenção ainda maior por parte do governo, que investe cada ano mais na agricultura patronal que por sua vez destina toda sua produção para o mercado externo, não contemplando a mão de obra local, isso faz com que as famílias abandonem esse espaço. No que se refere às questões ambientais a agricultura familiar tem um papel importantíssimo no que tange as melhorias de condições para um desenvolvimento sustentável, isso por que seu funcionamento econômico está direcionado as necessidades da família e em uma produção natural visto como um bem familiar. No município de Brejão essas famílias praticam a agricultura de forma rudimentar, usam pouco agrotóxico em alguns casos não utilizam nem agrotóxicos nem adubo químico, a adubação principalmente na produção de hortaliças é feita com o resto da produção que é adicionado ao solo servindo como adubo essa atividade é praticada principalmente pelos pequenos agricultores familiares. Para CONTINI et al. (2004. p.5-28). “A agricultura familiar é responsável pelo leite, feijão, milho, suínos mandioca, aves e ovos.” Ele ressalta que a pequena agricultura é responsável por diversos tipos de alimentos que chegam a mesa dos brasileiros todos os dias. O modo produtivo desse sistema está cada vez mais presente no meio rural se manifesta na agricultura familiar utiliza-se de mão-de-obra essencialmente familiar, Como destaca LAMARCHE (1993, p. 15) “A agricultura familiar, tal como percebemos, corresponde a uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalhos estão intimamente ligados a família”, outro conceito muito utilizado é o do INCRA/FAO este conceito se divide pelas suas características: 1)a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados é feita por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou casamento; 2)a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família;3) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertença a familiar e é em seu interior que se realiza sua transição em caso de falecimento ou de aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva (INCRA/FAO,1996, apud INCRA/FAO, 2000,p.08) Analisando como fator de melhoria social a agricultura familiar significa desenvolvimento humano já que esses estabelecimentos são os principais geradores de postos de trabalho no meio rural, isso é acontece por causa da valorização dos produtos sem agrotóxicos e de um desejo dessas famílias de permanecerem no meio rural o que vem proporcionando uma valorização da agricultura familiar e gerando novos postos de trabalho. Ainda no que diz respeito ao acesso a crédito e assistências aos produtores, existe uma grande lacuna entre os produtores familiares do Nordeste e Sul do país. Importante se faz analisar e perceber que mesmo não sendo a região que detém a maior quantidade de propriedades familiares em termos absolutos isso por que a região sul está dividida em minifúndios o que propicia a agricultura familiar por isso ela fica com mais de 50% do credito destino pelo Governo Federal para essa prática, enquanto que o Nordeste e as outras regiões são caracterizados por latifúndios indicando uma politica de concentração de recursos matérias ficando assim com o restante dos investimentos destinados para a agricultura familiar, isso demostra a pouca importância dada pelo governo a esse segmento tão importante para o desenvolvimento rural no Brasil. A atual realidade é um pouco diferente, pois, o governo vem distando a cada ano uma quantidade maior de recursos para o setor agrícola principalmente para a agricultura familiar que após muitos anos vem conseguindo se manter como principal empregador do setor do espaço rural no Brasil. E proporcionando uma melhor qualidade de vida para as famílias. CAPITULO 2 2. UNIVERSO DA AGRICULTURA FAMILIAR No mundo moderno a cada dia a população urbana é maior e a necessidade por alimentos também acompanha esse ritmo. Mas com toda essa demanda quem seria responsável pela produção de tanto gênero alimentício? Depois da fragmentação das grandes propriedades na década de 1960 foi dando origem a pequenas propriedades produtivas inicialmente conhecidas como “pequena agricultura”, “agricultura de subsistência”, “pequeno produtor” sem nenhum reconhecimento por parte dos governos e sem expressão socioeconômica. Essa população, tipicamente rural, diante das dificuldades do campo passa a migrar para as cidades aumentando as estatísticas de desemprego. Nesse sentido o governo vem se mobilizando para incentivar aos produtores a voltarem para o espaço rural, viabilizando um pouco mais de capital financeiro para financiamento da agricultura a exemplo da implantação do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) criado 1996. Criado com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, de modo a propiciar-lhe o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e a melhoria da renda. O que se percebe é que essa política não vem se estabelecendo, como a proposta do papel, na região Nordeste pelo fato dessa agricultura ser efetivada através de práticas ultrapassadas e os produtores não serem na maioria das vezes os donos da terra. Nesse sentido, segundo entrevistado: “as taxas de juros são muito altas, e burocratizadas, dificultando a liberação de financiamento para os pequenos produtores” uma vez que os mesmos não conseguem a valorização do produto para pagar ao banco. Em muitos casos alguns agricultores desistem da atividade só por falta de um apoio financeiro desburocratizado. Para (ABRAMOVAY, 1999) “esse incentivo não deve vir apenas do governo, mas sim de todos, desde os agentes bancários através de empréstimos com taxas menores até o mercado consumidor”. Percebe-se que mesmo com a política econômica do Governo Federal principalmente do governo LULA no sentido de promover incentivos para a agricultura familiar, existe restrições de recursos, taxas de juros que deixam a margem o pequeno agricultor impossibilitando o melhoramento no seu sistema produtivo. Essa dicotomia entre a agricultura familiar e a patronal em termos de aquisição do crédito como mostra Oliveira (2007, p.151) “A agricultura familiar consome apenas 25,3% do crédito, enquanto a agricultura patronal 73,8 do crédito” representa o caos no processo de produção econômica do espaço e consequentemente a marginalidade do pequeno produtor e, segundo relatório do INCRA/FAO “A renda total por hectare demonstra que a agricultura familiar é muito mais eficiente que a patronal, produzindo uma media de R$ 104,00/ ha/ano contra apenas R$ 44,00 ha/ano pelos agricultores patronais”. O que mostra o gráfico abaixo é a diferença de produção ente agricultura familiar e patronal mesmo sem receber a maior parte dos investimentos: Gráfico 1 Fonte: EMBRAPA Comparando a região nordeste com as demais regiões, o nordeste ocupa o terceiro lugar em produtividade atrás da região sul e da região sudeste, mas o que fica evidenciado é que em todas as regiões a agricultura familiar esta sempre com maior produção do que a patronal, isso demonstra a sua importância econômica para o Brasil. Mas a que é vista pelo governo e que detém a maior parte do crédito não é a que produz em maior quantidade, deixando assim a agricultura familiar que é a responsável pela maior parte da produção que abastece o mercado interno pouco assistido de crédito para melhoramento da produção. CAPITULO 3 3. AGRICULTURA FAMILIAR E COMERCIALIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE BREJÃO Todo esse discurso sobre agricultura familiar não levaria a um entendimento se não fosse aqui abordado a questão da comercialização. Um dos grandes entraves do desenvolvimento da agricultura familiar é sem duvida fazer a comercialização do seu excedente. Para (BARROS 2004 s/p) “A comercialização é um processo social que envolve uma estrutura de demandas por bens e serviços. Esta é satisfeita através da concepção, promoção, intercambio e distribuição física de bens e serviços”. É perceptível que além da produção para o sustento da família, o excedente é destinado para comercialização onde se concretiza sua participação na economia local, essa atividade traz melhorias para as feiras livres locais e até regionais devido ao deslocamento da produção. Nesse enfoque, se faz necessário o entendimento sobre a contribuição da agricultura familiar para o desenvolvimento econômico e na comercialização Nesse sentido: Podemos identificar três formas tradicionais de acesso a os mercados: acesso direto; sobretudo no caso do mercado local (formal ou informal); intermediação via atravessador; integração com a agroindústria e compras por parte do poder público. Com isso deve ser considerado que as feiras livres e pequenos supermercados devem estar dentre as novas organizações para o consumo e estratégias para o desenvolvimento da agricultura familiar. WILKINSON apud OLIVEIRA &MELLO (2006) Diante do exposto, fica evidenciado no município de Brejão que os produtos são vendidos também em outros centros consumidores tanto nas feiras livres como no mercado formal, nesse caso os mercados e mercadinhos. O grande problema para o escoamento dessa produção no município de Brejão é que o transporte na sua grande maioria não chega aos locais onde é feita a produção, com isso os produtores são obrigados a fazer o transporte de forma inadequada, através de carroças, carro de boi, cavalo, prejudicando a qualidade dos produtos. Na maioria dos casos não são os produtores que fazem a venda para o consumidor final nas feiras livres eles criam uma espécie de fidelidade com os feirantes e donos de mercadinho. No entanto isso não caracteriza contrato formal, mas garante ao produtor garantia de compra da produção já que ele produz com a certeza da venda, mas isso apenas favorece o comprador que geralmente compra uma quantidade maior de produtos forçando o produtor a reduzir o preço. Diante dessa realidade, o produtor já não está, mas só no processo de comercialização de seus produtos. “Torna-se assim necessário o intermediário, (atravessador) comerciante, que passou a figura entre o produtor e consumidor”. (Oliveira. 2007.p. 18.) Essa relação cria um intercambio entre a produção (no espaço rural) e a comercialização (no espaço urbano). O “atravessador” quando vai para o estabelecimento rural para adquirir o produto já sabe por quanto vai comprar, por que também já sabe por quanto poderá vendê-lo. Como ele está sempre no espaço urbano sabe as variações de preço, e por desconhecer essa alternância o produtor é sempre quem sai perdendo. Percebe-se que nos últimos anos esse cenário vem sendo modificado por diversas ações por parte do governo Federal especificamente o governo LULA e de ONGs que buscam alternativas para uma melhoria nos produtos e na comercialização. Essas ações preveem a participação da produção familiar nas feiras livres ou no mercado informal com a venda sendo feita pelo próprio produtor, evitando o “atravessador”. As parcerias com agroindústrias também é uma alternativa, mas no caso do produtor familiar isso se torna um pouco mais difícil por estarem dispersos e desorganizados. As vendas em mercadinhos e na feira livre se mostra uma boa alternativa já que nesses casos o produtor pode negociar diretamente com o consumidor ou comprador. Mas, as parcerias com o setor público no atual momento têm sido também uma boa alternativa com a criação em 2003 do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), criado em 02 de julho de2003 e instituído pela Lei 10.696, justamente para fortalecer a agricultura familiar. Onde o programa foi implantado vem demonstrando essa viabilidade já que o produto é adquirido diretamente no espaço rural evitando gastos com transporte, e dispensa a licitação pública. Isso pode ampliar a capacidade de ganhos dos agricultores familiares, além de gerar um amplo processo de organização e transformação social. Já que garante a compra da produção dos agricultores familiares beneficiados pelo PRONAF garantindo assim a renda do agricultor e desenvolvendo as economias locais e dispensando a figura do “atravessador”. O programa surgiu das políticas publicas estruturadoras do Programa Fome Zero do Governo Federal que buscou viabilizar a distribuição de alimentos agropecuários a grupos em situação de insegurança alimentar o que facilitou no processo de comercialização para a agricultura familiar já que o programa esta direcionado para essa categoria. Isso facilita por que os agentes do programa buscam saber dos preços a compra é feita por preços praticados no mercado. O PAA se apresenta na maioria dos estados estando mais presente nas unidades federativas onde a agricultura familiar tem maior participação: No caso à região sul e nordeste do país. O PAA é um instrumento de políticas publicas instituído pelo artigo 19 da Lei 10.696, de 02 de julho de 2003, e regulamentado pelo decreto nº. 4.772, de 02 de julho de 2003, o qual foi alterado pelo decreto nº. 5.873 de 15 de agosto de 2006. O grupo gestor do PAA, coordenado pelo ministério do desenvolvimento social e combate à fome é composto ainda pelo ministério do planejamento, orçamento e gestão, ministério de desenvolvimento agrário, ministério da agricultura, pecuária e abastecimento e ministério da fazenda. (MDS, 2005). Percebe-se que o PAA é um programa realmente muito viável para os agricultores familiares, mas o que também pode ser constado na região é que poucos municípios estão usando essa ferramenta já que poderia firmar parcerias com os ministérios envolvidos para aquisição da merenda escolar uma vez que não é necessário licitação para isso. Acredita-se que essas parcerias representam credibilidade para ambas as partes. A agricultura familiar é uma forma social de produção e trabalho que no atual momento está sendo mercantilizada. No que diz respeito ao fator social e econômico isso está levado o agricultor a uma fragilização social. Nessa abordagem se faz necessário desenvolver outras estratégias para os agricultores familiares visando uma maior diversificação das economias e das atividades produtivas. Entendemos que é nesse sentido importante se faz o papel das instituições governamentais para viabilizar o crédito para uma melhor produção. No caso do município de Brejão essa ação vem sendo feita pelo IPA com a viabilização dos créditos necessários para uma produção com melhor qualidade e uma agregação de valor aos insumos produzidos o que aumentaria consideravelmente a renda do agricultor familiar. Em nossa pesquisa, percebemos que um dos pontos desfavoráveis para os produtores aqui do município de Brejão é sem dúvida a falta do PAA, já que esse órgão poderia viabilizar a compra dos produtos e, como a politica do órgão é o desenvolvimento do agricultor familiar, poderia ter uma melhor renda e consequentemente um melhor índice de desenvolvimento socioeconômico no espaço rural do município. A produção familiar é sem dúvidas uma boa alternativa de renda para as famílias que praticam a atividade. O problema são as dificuldades por elas enfrentadas que faz com que, cada ano mais produtores deixem o espaço rural para tentar uma melhor condição de sobrevivência nas cidades, muitas vezes para sobreviver apenas do rendimento do chefe da família que recebe um salário de aposentadoria. 4. CONCLUSÃO E APRECIAÇÃO DOS RESULTADOS As pesquisas realizadas nas propriedades rurais e na feira livre do município de Brejão nos direcionaram para algumas constatações importantes diante dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários aos agricultores familiares e feirantes do município produtores e feirantes onde os mesmo não vendem apenas nas feiras livres do município de Brejão, mas também se deslocam para outros municípios vizinhos como Garanhuns, especificamente no distrito de Miracica, e nos municípios Terezinha, Bom Conselho e Lagoa do Ouro. Foi identificado que os produtores que vendem na feira livre do município de Brejão-PE também são os que produzem em sua maioria os alimentos básicos da agricultura nordestina: feijão, milho e mandioca. No caso das frutas, os produtores levam para a CEAGA (Central de abastecimento de Garanhuns) no município de mesmo nome. Na opinião deles a feira livre do município de Brejão não tem movimento suficiente para absorver a produção. Também foi evidenciado uma grande participação de feirantes de outras cidades na feira livre do município de Brejão – PE. Estes vêm dos municípios vizinhos já citados, principalmente de Terezinha. A produção de hortaliças é marcante no município de Brejão e é um dos principais produtos produzidos e vendidos na feira livre do município já que os outros insumos já citados são produção de época, ou seja, só é colhido uma vez ao ano. Faz-se necessário apresentar que as entrevistas envolveram também produtores de hortaliças que produzem especificamente para abastecer supermercados e mercadinhos, da cidade de Garanhuns. Conforme analisamos o município constatamos que mais da metade da população vive no espaço rural do município dependendo das suas práticas geradoras de renda para sobrevivência das famílias. No entanto essas práticas não têm muitos incentivos, os apoios técnicos nem sempre chegam a todos os produtores e na sua grande maioria desconhece meios de melhoramento da produção e da comercialização que poderia ser melhorado com a implantação do PAA aqui no município. Para aqueles para que pudessem comercializar sua produção. Melhorando e condição de sobrevivência das famílias. Certamente que o melhoramento e apoio dos órgãos governamentais nas vias de escoamento e infraestrutura da feira iriam atrair uma quantidade maior de produtores para a feira livre aumentando assim a contribuição da agricultura familiar no desenvolvimento do município de Brejão. Das 30 propriedades visitadas durante a pesquisa de campo evidenciou-se que 9 produtores vendem seus produtos na feira livre, (isso dá um percentual de 30% de participação da produção familiar na feira livre do município de Brejão), o restante vende em outros municípios ou só produzem para o próprio consumo que representa 70% do total. Mas esses produtores que vendem seus produtos no município também se deslocam para vender em municípios vizinhos, o que comprova que a agricultura familiar no município de Brejão contribui, mas muito pouco para o desenvolvimento da feira livre local. Dos feirantes pesquisados na feira livre local foram identificadas suas principais rotas Com destino a município local. Ver mapa abaixo: Mapa 2: Municípios de onde vem os feirantes para o para o município de Brejão Fonte: secretária de agricultura de brejão, modificado. As pesquisas também mostraram que a média de idade dos produtores visitados é de 43,5 anos o que demonstra que os jovens já não se interessam pelo trabalho rural e estão cada dia buscando novas alternativas nos centros urbanos. Com isso a média de pessoas da família trabalhando nas atividades agrícolas nas propriedades visitadas é de 2,5 por unidade, mesmo assim foram encontradas famílias onde 7 pessoas participam das atividades e outras que apenas 1 participa. Quanto o gênero predominou a participação de homens nas atividades 20 dos 30 entrevistados enquanto que mulheres foram 10, o que comprova que a maioria das atividades ainda é feita por homens, mas as mulheres como tendência do mundo do moderno vêm também assumindo um papel importante na atividade rural no caso de Brejão elas representam 33,3 % do total. 5. REFERÊNCIAS ABRAMOWAY, Ricardo. Agricultura familiar e desenvolvimento territorial. Publicado em 1999. Disponível em:. Acesso em: 20/ago./2010. BARROS, Geraldo Sant’ana de. Economia da comercialização agrícola. Disponível em: acesso em: 12 out. 2010. BITTENCOURT, G.; BIANCHINI, V. Agricultura familiar na região Sul do Brasil, Consultoria UTF-FRO/INCRA. 1996. BRASIL. Ministério do desenvolvimento social. Programa de aquisição de alimentos. Disponível em:.acesso agosto de 2010 CONTINI, Elísio; GASQUES, José Garcia; LEONARDI, Renato Barros de Aguiar. Revolução recente e tendências do agronegócio. Revista de Politica Agrícola, Brasília ano XV, numero 1,p. 5-28 trimestral, jan./fev./mar. 2006 INCRA/FAO. Guia metodológico: diagnostico de sistemas agrários. Projeto de cooperação técnica INCRA/FAO .Brasília. 1999.p. 58. _______Novo retrato da agricultura familiar: O Brasil redescoberto. Projeto de cooperação técnica INCRA/FAO. Brasília. 2000. P. 74. LAMARCHE. Hughes. (coord.); A agricultura familiar. Tradução: Ângela Maria Naoko Tijiwa. 2. ed. Campinas, SP. Editora UNICAMP. 1993. OLIVEIRA, Daniela; MELLO, Marcio Antônio. Novas formas de inserção da agricultura familiar ao mercado como estratégia de desenvolvimento rural. Porto alegre, 2006. Programa de pós-graduação em desenvolvimento rural. UFRGS. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Modo produção capitalista, agricultura e reforma agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007. PORTUGAL, Alberto Duque. O desafio da agricultura familiar. 2004. s/p disponível em: Acesso em: 08/10/2010. SCHNEIDER, Sergio. Agricultura familiar e pluriatividade. 1999. 470p. Tese (Doutorado em Sociologia) – UFRGS, Porto Alegre, 1999. SILVA, Augusto Cesar. Em busca do rural moderno no estado do Rio de janeiro: Projeto, estratégia e gestão do território, exemplificados no Norte e Noroeste Fluminense. Tese (doutorado em Geografia) – instituto de Geociências, UFRJ, 2005. pagina oficial do PRONAF na internet: www.pronaf.gov.br ANEXOS Plantação de alface no sitio lagoa do arroz: foto do autor Agricultor familiar na produção de hortaliças no sitio Brejinho: foto do autor Feira livre do município de Brejão: foto do autor Comercialização de hortaliças na feira livre local: foto do autor Plantação de mandioca no sitio baixa do Imbé. Foto do IPA