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Manejo Sanitário De Suínos

Trabalho de Higiene Veterinária: Manejo Sanitário de Suínos.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS EDUCAÇÃO E ZOOTECNIA – ICSEZ CAMPUS DO BAIXO AMAZONAS CURSO BACHARELADO EM ZOOTECNIA HIGIENE VETERINÁRIA Parintins – AM Novembro de 2010 FRANCISCA SOUZA ROCHA JOZINALDO GOMES DOS SANTOS MAIARA FERREIRA RENNAN BARAÚNA VALENTE UZIEL FERREIRA SUWA MANEJO SANITÁRIO DE SUÍNOS Trabalho apresentado à Universidade Federal do Amazonas, para obtenção de nota parcial na disciplina higiene Veterinária ministrada pela professora MSc. Érika Dias na referida Universidade. Professora/ Orientadora: MSc. Érika Dias Parintins – AM Novembro de 2010 SUMÁRIO Introdução............................................................................................................................03 Relação entre a Contaminação Ambiental e a Ocorrência de Doenças................................ Tipos de Sistema de Manejo das Instalações................................................................ Sistema de Manejo Contínuo....................................................................................... Sistema de Manejo Contínuo e "instalações cansadas".................................................. 3.2 Sistema de Manejo Todos Dentro Todos Fora........................................................... Programa de limpeza e desinfecção das Instalações............................................................ 4.1. Limpeza....................................................................................................................... 4.1.2 Mecanização da limpeza............................................................................................. 4.1.3 Pressão d'água......................................................................................................... 4.1.4 Débito..................................................................................................................... 4.1.5 Temperatura da água............................................................................................... 4.2. Desinfecção............................................................................................................... 4.2.1 Limpeza Prévia 4.2.2 Escolha do Desinfetante 4.2.3 Concentração da solução 4.2.4 Tempo de ação e temperatura de solução 4.2.5 Qualidade da água utilizada para desinfecção 5. Equipamentos 6. Aplicação Prática de um programa de Limpeza e Desinfecção 6.1 Limpeza diária de instalações ocupadas com animais 6.1.1 Cela Parideira 6.1.2 Outras Instalações 6.2 Limpeza e Desinfecção Após a Saída dos Animais 6.2.1 Limpeza seca e Desmontagem dos Equipamentos 6.2.2 Lavagem da Instalação 6.2.3 Limpeza do Equipamento Móvel 6.2.4 Desinfecção Das partes Inferiores Das Paredes, Pisos e Equipamentos 6.2.5 Desinfecção do Teto e das Paredes 7. Comentário sobre a Limpeza e Desinfecção de Setores Específicos 7.1 Setor de Reprodução 7.2 Baia dos Cachaços 7.3 Setor de Cobertura/Monta 7.4 Fêmeas recém-cobertas e setor de gestação Limpeza da creche Limpeza da terminação 8. Vazio Sanitário 9. Vassoura-de-fogo ou Lança Chama 10. Esquema de Utilização da Vassoura-de-Fogo 11. Fumigação 11.1 Fumigação das instalações 11.2 Fumigação de materiais a serem introduzidos na granja 11.3 Fumigação do depósito de maravalha 12. Nebulização de Instalação Ocupadas Com Uma Solução de Desinfetante 13. Medidas Complementares a Uma Limpeza e Desinfecção 13.1 Pedilúvio 13.2 Pedilúvlos contendo cal 13.3 Pedilúvio com solução de desinfetante 13.4 Pedilúvio com esponja e solução de desinfetante Rodolúvios 13.6 Desinfecção de veículos por pulverização 13.7 Limpeza e desinfecção de veículos 13.8 Limpeza e desinfecção dos arredores das construções 13.9 Limpeza e desinfecção do sistema de fornecimento de água 13.10 Desinfecção da água 13.11 Tratamento da água 13.12 Limpeza dos silos de ração 13.13 Destino de animais mortos 13.14 Enterramento 13.15 Incineração 13.16 Compostagem 13.17 Processamento em plantas Industriais Introdução Em criações intensivas, a freqüência da ocorrência de doenças e a sua gravidade estão diretamente relacionadas com o nível de contaminação ambiental e esse, por sua vez, depende do sistema de manejo das instalações e do Programa de Limpeza e Desinfecção em uso na granja. A adoção de um programa de limpeza e desinfecção é um dos componentes indispensáveis dentro do conjunto de práticas de manejo presentes nas granjas com suinocultura eficiente e lucrativa. A observância dos princípios e técnicas listados na presente revisão permitirão a técnicos e criadores a esquematização de programas desse tipo, direcionados especificamente a cada situação particular, pois os sistemas de criação presentes nas diferentes unidades de produção de suínos não permitem a adoção de um programa de limpeza e desinfecção que se adapte a todas as situações. Os PLD requerem uma atenção permanente e um monitoramento contínuo por parte de um técnico qualificado, por exemplo, de um Médico Veterinário que represente assistência à granja. A utilização dessa rotina exige alguns cuidados, como a supressão do contato dos funcionários da granja com outras criações e o uso de uniformes e calçados exclusivos da granja. Além disso, deve ser limitado ao máximo o número de visitantes e instruída a obrigatoriedade do banho e roca de indumentária para as visitas. A adoção de programas de limpeza e desinfecção geralmente é bem aceita pelos criadores de suínos. Sua aplicação constante, entretanto, é realmente difícil. Um dos principais motivos dessa dificuldade é o fato de que, comparado com outras medidas, o custo do processo é imediato, enquanto que seus benefícios somente aparecem com o tempo e são difíceis de manusear. Os processos de limpeza e desinfecção não conseguem impedir totalmente o risco da ocorrência de doenças. Sua aplicação, entretanto, ajuda a minimizar os efeitos negativos determinados pela maioria das infecções endêmicas às criações de suínos. Apesar de estar bem definida a importância da limpeza e desinfecção para garantir uma suinocultura eficiente e lucrativa, muitos técnicos não recomendam ou não adotam, com o necessário rigor, programas desse tipo. O costume generalizado, num passado recente, de utilizar apenas a passagem da cal, uma a duas vezes por ano como forma de garantir a desinfecção das instalações dos suínos, é totalmente insatisfatório. Os conhecimentos atuais demonstram que as dependências que abrigam suínos durante longos períodos são locais de intensa multiplicação de agentes infecciosos, com o que se rompe o equilíbrio existente entre os animais e os microorganismos de seu meio ambiente. Entre os benefícios que um Programa de Limpeza e Desinfecção (PLD) traz ao criador, pode-se citar: melhoria na performance e na produtividade; redução dos gastos com medicamentos por porca/ano; redução dos gastos com mão-de-obra; e redução na ocorrência de algumas doenças como as diarréias, doenças da pele, doenças parasitárias e respiratórias. Este trabalho tem objetivo expor informações sobre manejo sanitário e apresentar alguns detalhes sobre a sua aplicação prática na suinocultura. Relação entre a Contaminação Ambiental e a Ocorrência de Doenças A ocorrência de doenças numa criação de suínos depende diretamente do tipo e da concentração da flora microbiana presentes no ambiente. O tipo de flórea microbiana pode ser dividida nos seguintes grupos: Agentes microbianos patogênicos responsáveis por doenças especificas. Esses, em grande parte, independem da existência de fatores predisponentes e desencadeantes. Para o seu controle, a utilização de antibióticos, quimioterápicos e vacinas são, em geral, eficazes; Agentes microbianos de baixa patogenicidade que, em determinadas condições, podem manifestar certo poder patogênico; e Agentes microbianos de baixa saprófitas ou comensais, que se encontram sobre a pele, trato respiratório e no intestino dos animais e que são incapazes de causar doenças. O numero de microrganismos dos grupos b e c, presentes numa determinada instalação da granja, está relacionado com as seguintes variáveis: Características dos pisos (piso áspero, rachaduras nas paredes); Presença de ração umedecida, mofada ou poeira no piso; Presença de fezes sobre o piso (1g de fezes pode ter de 107 a 1012 bactérias); Presença de leitões ou de refugos; presença de cadáveres não enterrados; e Uso de roupas e de materiais sujos: contaminação do instrumental usado nas rotinas de manejo com o leitão na maternidade (como tesouras, bisturi, alicates, mossadores), macacões, sapatos ou botas, pás, carrinhos etc. Em condições adequadas, estabelece-se um estado de equilíbrio entre os agentes patogênicos presentes no ambiente e os mecanismos de defesa do animal. Além disso, ocorre uma competição entre os agentes microbianos comensais e os agentes patogênicos; dessa forma, se estabelece, nas criações de suínos, um equilíbrio microbiano que é próprio a cada granja. A fonte de infecção para a maioria das doenças de higiene muitas vezes determinam o tempo de sobrevivência do agente fora do hospedeiro, bem como sua concentração. Apesar de a ocorrência de microorganismos e de doenças multifatoriais variar de granja para granja, o fator desencadeante na maioria dos casos é o número de organismos presentes no meio ambiente. Nesse contexto, vários autores demonstram que a sanidade e a produtividade das criações intensivas dependem fundamentalmente das dos níveis de contaminação presentes em seus ambientes. Os microorganismos relacionados com infecções urinárias, por exemplo, nem sempre fazem parte da flora microbiana normal do aparelho urinário. A falta de higiene expressada pelo acúmulo de fezes sobre o piso e na região posterior da baia da porca favorece a penetração de microorganismos na vagina, os quais podem atingir a bexiga através da uretra. A má higiene, principalmente nos locais onde as porcas habitualmente sentam, promove uma alta pressão infectiva ambiental, possibilitando maior ocorrência de infecções urinárias. Tipos de Sistema de Manejo das Instalações A forma como os animais de diferentes idades são mantidos e transitam nas instalações, considerando a entrada e saída associada à forma de limpeza e desinfecção, é conhecida como manejo da instalação. Em condições confinadas, a freqüência e gravidade de ocorrência de doenças estão diretamente relacionadas ao nível contaminação ambiental e este, por sua vez, está relacionado ao sistema de manejo das instalações e ao Programa de Limpeza e Desinfecção. Atualmente existe dois tipos de sistemas de manejo das instalações denominados Sistema de Manejo Contínuo e Sistema de Manejo Descontínuo (Todos dentro- todos fora). Sistema de Manejo Contínuo O Sistema de Manejo Contínuo (SMC) é aquele em que os suínos de diferentes idades são mantidos numa instalação e em geral existe a transferência de novos lotes para as baias sem que ocorra um programa de limpeza e desinfecção prévios. Os animais mais velhos acumulam e transferem uma flora microbiana para os mais novos. Dessa forma os agentes infecciosos se perpetuam nas instalações e dificilmente consegue-se manter um nível abaixo de um limiar crítico. O uso do (SMC) de produção na maternidade implica a ocorrência ininterrupta de partos, o que resulta na presença simultânea de porcas com leitões recém-nascidos e com leitões mais velhos. A partir do momento em que a concentração de agentes patogênicos ultrapassar o limiar de infecção, poderão ocorrer patologias como diarréias, pneumonias ou artrites e taxas de mortalidade e de refugo que tende a aumentar progressivamente. 3.1.1 Sistema de Manejo Contínuo e "instalações cansadas" Entende-se por "instalações cansadas" um quadro em que, na ausência de sinais clínicos característicos, animais de uma mesma faixa etária apresentam uma queda crescente nos índices de produtividade. Esses fenômenos ocorrem com maior freqüência com instalações manejadas no sistema contínuo, a causa está relacionada a um aumento lento, mas progressivo das cargas microbianas. Em geral, esse problema é observado mais em maternidades em que durante os primeiros dois anos de ocupação o registro de doenças tende a ser esporádico. A partir de determinado momento, entretanto, a diarréia, a pneumonia, a onfalite e a artrite em leitões tronam-se constantes. Além disso, uma vez que a passagem de microorganismos patogênicos entre animais tende aumentar a sua virulência, podem ocorrer ciclicamente surtos graves de doenças, como por exemplo, a diarréia e ou doenças do aparelho respiratório e de origem multifatorial. Nessa situação, sem a adoção de um programa de limpeza e desinfecção dirigido, ou mesmo de um (descanso) das instalações, pela remoção temporária do hospedeiro susceptível, dificilmente consegue-se reverter a situação. O uso de sistemas contínuos de produção não significa que, provavelmente, a concentração de agentes patogênicos vai ultrapassar o limiar de infecção ou que ocorrerá o fenômeno das "instalações cansadas". Além da elaboração de um programa de limpeza e desinfecção que se adapte à granja é fundamental que o produtor adote o sistema de manejo em lotes, isto é, em vez de transferir periodicamente para maternidade uma fêmea, transferir um grupo de fêmeas. Atualmente, não é mais admissível que mesmo em granjas com manejo contínuo se trabalhe no setor de reprodução com fêmeas individuais. Nessas criações, também, pode-se implantar um programa de desinfecção mesmo com os animais nas baias. Nesse contexto Menguy (1992) afirma que somente manejo em lotes permite uma limpeza e desinfecção boa e regular das instalações e um vazio sanitário. Sistema de Manejo Todos Dentro Todos Fora O sistema de manejo todos dentro - todos fora (TD-TF) fundamenta-se na formação de grupos de animais que são todos transferidos uma instalação para outra, em períodos pré-estabelecidos considerando os manejos na maternidade, esse sistema consiste numa série de salas de parto em vez de uma única, onde um grupo de porcas parem numa mesma sala num mesmo período de tempo e são todas desmamadas simultaneamente. Dessa forma pode-se fazer a limpeza e a desinfecção completas e ao mesmo tempo em todas as baias de parto, quebrando-se o ciclo de transmissão da flora microbiana de um lote para outro. Com isso, os leitões do próximo lote terão um ambiente com concentração de agentes patogênicos semelhantes ao de uma granja nova. Atualmente (SM TD-TF) é adotado principalmente na maternidade e na creche. Infelizmente a possibilidade de se usar o mesmo sistema nas outras instalações na granja, especialmente na terminação, só raramente é considera, o que se resulta numa perda potencial na produtividade da granja. O seu uso só recomendado com criações com mais de 36 matrizes, sendo ideal em granjas com mais de 72. Os eventuais aumentos nos gastos com alojamentos são plenamente compensados e recuperados na taxa de mortalidade e morbidade e pela redução nos gastos com medicamentos. Por meio de interrupção do ciclo de transmissão de doenças dos leitões mais velhos aos mais novos, consegue-se uma redução na taxa de mortalidade na maternidade e os leitões tendem a apresentar o melhor desenvolvimento, o que pode ser medido por melhores pesos médios das leitegadas ao desmame. Entretanto, através da adoção do (SM TD-TF) não se consegue evitar a ocorrência daquelas doenças infecto-contagiosa, cuja prevenção se baseia na imunoprofilaxia ou em medias especificas. As principais vantagens do (SM TD-TF) são: Melhoria de alguns parâmetros produtivos: Leitões que apresentam bom desenvolvimento na maternidade são menos susceptíveis ao contrair doenças do aparelho respiratório de gastrointestinal após o desmame. Reduzindo a ocorrência de algumas patologias, por exemplo, diarréias, doenças da pele e doenças respiratórias, consegue-se aumentar em até 10 % o peso aos 21 dias. Maior facilidade de manejo: O fato de trabalharmos com lotes de animais com idade uniformes permite racionalizar rotinas de manejo, arraçoamento e controle ambiental adaptando-as para atender as necessidades especificas relativas a idade média dos lotes alojados nas instalações. Além da melhoria das condições para a criação dos animais, ocorre uma redução na demanda da mão- de – obra. Menores gastos com aquecimento: Uma vez que os animais num determinado setor ou num prédio tem idade semelhante evita-se ter de aquecer toda a sala para atender somente as necessidades dos leitões apenas uma faixa etária (os mais jovens). Redução da possibilidade de infecção: Existe uma relação das principais doenças que podem ser evitadas através da adoção do (SM TD-TF). Doenças do aparelho respiratório: rinite atrófica e pneumonia enzoótica. Doenças do aparelho digestivo: colibacilose, doença do edema, diarréia dos leitões e desinterias. Doenças parasitárias: estrongilose, piolho, sarna. Doenças de pele: eczema úmido, piobacilose. Melhoria na eficiência dos tratamentos contra endo e ectoparasitas: No (SMTD-TF), o controle de endo e ectoparasitas é mais eficaz. Nesse caso, o risco de reinfecção por infecção cruzada é bastante menor, pois todos os animais dos diferentes setores da granja são tratados simultaneamente e essas áreas são isoladas entre si. Programa de limpeza e desinfecção das Instalações. Atualmente, a limpeza e a desinfecção deixaram de ser utilizadas apenas após o surgimento de doenças contagiosas, assumindo um importante papel como medida preventiva. Se desejarmos obter um controle eficiente de doenças, não basta limpar somente as áreas próximas àquelas onde se encontram alojados os animais ou que estejam ocorrendo os problemas sanitários. É indispensável que se siga um PDL abrangente, envolvendo todas as áreas da granja e, sem dúvida, é do proprietário da granja a adesão sobre conseqüência e as etapas de um PDL a serem adotadas. Isso vê ao encontro da afirmação de Vieira (1985): é função do proprietário proteger os animais contra o contato de todo e qualquer objeto ou matéria que possa veicular agentes microbianos. Um PLD deve fazer parte do planejamento da granja, isto é, já por ocasião da elaboração do projeto deve-se prever a utilização de materiais de fácil limpeza e desinfecção. Entende-se por programa de limpeza e desinfecção um conjunto de atividades que visem eliminar das instalações todos os micróbios capazes de causar doenças. Um PLD, também chamado simplesmente de limpeza e desinfecção, é uma técnica de produção e não um substituto para outras medidas preventivas tais como banho, troca de roupa ao entrar na granja. Proibição da entrada de veículos, crematório para cadáveres e um sistema de eliminação de dejetos, entre outros. Um programa de limpeza e desinfecção é composto por dois processos distintos. Algumas pesquisas demonstram claramente o efeito positivo de u PLD na capacidade dos animais expressarem plenamente o seu potencial genético, refletido nos níveis de produção. 4.1. Limpeza A limpeza consiste na remoção dos detritos acumulados nas instalações. Visa fundamentalmente reduzir a carga de contaminação microbiana e minimizar o contato dos animais com excesso de matéria orgânica, a qual potencialmente aumenta o risco da veiculação de agentes patogênicos aos animais. A limpeza prévia é um passo essencial ao sucesso dos programas de desinfecção. A limpeza pode ser subdividida em limpeza úmida. Quando se limpa uma instalação deve-se iniciar pela limpeza seca a qual se caracteriza pela retirada de cama, de restos de ração, do esterco, da sujeira impregnada no piso e paredes e nas baias. Em muitas granjas, antes da limpeza tem-se por norma umedecer as diferentes partes da instalação com água ou com uma solução de detergente, o que além de facilitar a limpeza reduz o tempo gasto para tal. É muito comum confundir-se limpeza com desinfecção. O fato de ser passada a vassoura e água numa instalação não significa que essa esteja livre de agentes microbianos indesejáveis; da mesma forma o uso de um desinfetante sem uma limpeza prévia do local não tem significado algum a não ser o de desperdício de mão-de-obra e de desinfetante. 4.1.1 Detergentes Detergentes são substâncias que tem ação umedecedora e surfatante que quando adicionados à água reduzem a tensão superficial aumentando capacidade de penetração da água e o poder de remoção da sujeira aderida no piso, nos equipamentos e nas paredes de uma instalação. Além disso, eles têm efeito emulsionante, dissolvido e, sobretudo, saponificando as gorduras, impedindo que as mesmas voltem a se depositar sobre as superfícies. A velocidade das reações de um detergente pode ser aumentada pelo calor. Muitas vezes, na limpeza úmida com água quente, o aumento de fatores tais como pressão, débito e temperatura d'água não é suficiente para realizar-se uma limpeza de boa qualidade. Através da adição de um detergente à água quente, pode-se melhorar a qualidade da limpeza. As qualidades de um bom detergente são: Capacidade para dissolver sujeiras; Capacidade para manter a sujeira em solução; Estabilidade térmica; Não ser corrosivo; Ter boa solubilidade na concentração de até 10%; Ser econômico Soluções de detergentes podem ser utilizadas de duas formas: Sob forma de solução na concentração de 0,3 a 3,0%, a ser aplicada através de jato de água quente sob pressão; Aplicando-as em altas concentrações, com auxilio de um balde ou regador diretamente sobre o que se deseja limpar. Nesse caso, após um tempo de ação de até 20 minutos, enxágua-se com jato de água para, após 30 minutos, eliminar a sujeira com água sob pressão. Essa forma de aplicação requer mais tempo que a anterior. 4.1.2 Mecanização da limpeza A evolução crescente do custo mão-de-obra, a aspiração por condições de trabalho facilitadas e a exigência por uma limpeza de boa qualidade tiveram como resultado uma racionalização progressiva das tarefas de limpeza. Nesse contexto, foi introduzida na suinocultura moderna a mecanização da limpeza, ou seja, a limpeza úmida com jaó de água fria ou quente sob pressão. A mecanização da limpeza humanizou e dignificou a função de quem limpa, pois com alta pressão combinada com temperatura elevada e aditivos (detergentes) a sujeira ressecada ou encrostada são facilmente removidas sem que a pessoa entre em contato com o material. As vantagens da limpeza com água quente sob pressão são: Baixo custo e rapidez; Redução do tempo de lavagem; Redução do número de pessoas necessárias para fazer a limpeza; A qualidade da limpeza é boa; (com jato de alta pressão) limpeza dos lugares de mais difícil acesso; Prepara a instalação para uma desinfecção eficaz; O mesmo aparelho pode ser utilizado também para desinfecção e pintura das instalações com cal; Ação eficaz sobre ovos de parasitas. 4.1.3 Pressão d'água Aqui não se trata da pressão que serve para destruir partícula, mas sim da pressão de impacto da água sobre o objeto a ser lavado. Essa pressão depende dos seguintes fatores: Da pressão do aparelho: a pressão de impacto para lavagem de equipamentos de 0,6 a um bar, para determinado débito, a pressão de 80 bares bem como aumentando a pressão, há um considerável acréscimo no gasto de energia elétrica. Quando se aumenta em 50% a pressão de impacto o gasto em energia elétrica triplica e corre-se o risco de alterar a estrutura do objeto que está sendo lavado. Do ângulo de abertura do jato: à medida que aumenta o ângulo do jato, a pressão de impacto diminui. Para uma boa limpeza de instalações com animais, recomenda-se um ângulo de até 25º; para limpeza de instalações com animais o ângulo pode ser de 50º a 80º. Da distância entre o bico de saída do jato e o objeto: para uma boa limpeza, a distância de saída do jato e o objeto está entre 10 e 30 cm. Quanto maior essa distância menor será a pressão de impacto. 4.1.4 Débito Para uma boa limpeza, o débito mínimo deve ser de 400 litros/hora e o máximo de 3.000 litros/hora. No caso de valores acima de 400 litros/hora o jato facilmente é pulverizado e a força mecânica exercida por ele é muito baixo sendo seu efeito de limpeza muito baixo. No caso de valores acima de 3.000 litros/hora a força de recuo dificilmente é suportada pelo operador e em pouco tempo o acúmulo e desperdício de água na instalação é grande. Para aumentar o rendimento de uma limpeza, para uma determinada pressão de impacto deve-se aumentar o débito e não a pressão. 4.1.5 Temperatura da água Uma boa limpeza é muito difícil de ser realizada somente com água fria uma vez que, por exemplo, a eliminação de películas de gordura sobre o piso ou em paredes é praticamente irrealizável. Quando se utiliza água quente para limpeza pode-se reduzir o tempo gasto nessa atividade, em relação à água fria, de 40% a 60%. O efeito da água quente pode ser melhorado quando se adiciona um detergente. Com relação a água quente podemos distinguir os jatos em: Jato de água quente: a água no máximo 100ºC e o jato tem forte efeito mecânico, o que facilita o desprendimento e a eliminação de sujeira. Ao mesmo tempo, parte da temperatura da água é transmitida ao objeto que está sendo limpo. Jato de vapor: sob pressão em forma de vapor atinge até 140ºC e seu poder de penetração nas ranhuras existentes, principalmente em pisos, é maior do que da água quente. Considerando esses fatores, para uma lavagem eficiente, recomenda-se, por exemplo, ao lavar o piso de uma instalação, utilizar inicialmente o jato de água quente com detergente e posteriormente passar um jato de água. 4.2. Desinfecção A desinfecção consiste na eliminação de microorganismos indesejáveis de materiais inanimados dos limpos, através de processos químicos ou físicos, que atuem sobre a espessura ou o metabolismo desses microorganismos, independente de seu estado funcional. Busca-se, dessa forma, a redução da dose infectante. Entende-se por desinfecção o ato que resulta na inativação de agentes patogênicos no exterior do animal e inibe o desenvolvimento de microorganismos na granja, evitando, assim, uma infecção. A desinfecção pode ser classificada em preventiva e de emergência, esta última adotada e casos de surtos de doenças contagiosas. No passado, era prática apenas comum realização de desinfecção apenas nos casos de ocorrência de surtos de doenças. Hoje, através da utilização de programas como parte integrante de esquemas de profilaxia, a desinfecção preventiva representa uma prática muito mais comum do que a desinfecção de emergência. Entretanto, ainda ocorrem surtos de doenças infecto-contagiosas em que é necessária uma rápida ação visando desinfetar todas as dependências de uma criação. Uma vez conhecido o agente responsável pelo problema, deve-se lançar mão de produtos de reconhecida eficiência para garantir a eliminação do mesmo. Com isso, as desinfecções, em casos como esses, estão na dependência direta do agente infeccioso responsável, o qual determinará o tipo de produto a ser utilizado, sua concentração e as demais medidas complementares para permitir a interrupção do ciclo da doença na criação. Quando a agente não for reconhecido imediatamente, deve-se utilizar substâncias desinfetantes com maior atividade sobre os vírus e bactérias de ocorrência mais comuns em granjas de suínos. A maioria dos países possui regulamentações específicas para os casos de doenças de notificação obrigatória. Essas determinam, entre outros aspectos, o esquema de desinfecção a ser utilizado no caso da ocorrência de cada doença. Ela pode ser subdividida em desinfecção parcial periódica (com a presença dos animais na instalação) e desinfecção completa (sem a presença dos animais nas instalações). A desinfecção preventiva em merecendo cada vez mais atenção quando pode ser realizada com intervalo de sete dias através da pulverização. Essa pulverização é feita semanalmente no ambiente em que estão alojados os animais nas fases de maernidade, crescimento, terminação e gestação. São usados para tal desinfetantes de baixa toxicidade. Esse tipo de desinfecção é recomendada principalmente nos casos em que existam animais suspeitos ou doentes no lote (os quais constantemente eliminam os agente causadores de doenças). Em alguns casos, o suíno reage a essa pulverização esfregando-se contra paredes ou divisórias, mas essa reação normalmente é passageira e sem importância. Uma desinfecção completa somente pode ser executada após a retirada dos animais das instalações. Somente assim se obtém o máximo de ação do desinfetante, uma vez que o produto tenha um contato direto com os microorganismos e tempo suficiente para agir. A eficácia de uma desinfecção depende de vários fatores, cabendo ressaltar os seguintes: 4.2.1 Limpeza Prévia Uma limpeza prévia tem por finalidade a obtenção de superfícies limpas, uma vez que a maioria dos desinfetantes são inativados pela matéria orgânica. Sua presença sobre as superfícies dificulta ou até mesmo torna impossível a penetração dos desinfetantes em todas as frestas onde possam se alojar os microorganismos. Dessa maneira, a limpeza prévia. Pode-se até dizer que é preferível limpar sem desinfetar do que desinfetar sem limpar. A limpeza e a desinfecção são duas operações distintas que se complementam. 4.2.2 Escolha do Desinfetante O crescente desenvolvimento de indústrias químicas coloca à disposição dos criadores de suínos uma grande variedade de produtos destinados à desinfecção. Um desinfetante ideal seria aquele capaz de eliminar na mesma concentração e no mesmo espaço de tempo todas as bactérias, vírus, fungos, protozoários, parasitas e suas formas intermediárias. Esse tipo produto não existe. Um bom desinfetante, além de possuir um largo espectro, deveria reunir os seguintes requisitos: Ter ação rápida, porém durável e co poder residual, os quais devem persistir quando diluído; Não sofrer alterações em sua ação na presença de matéria orgânica, água dura ou detergente. A presença de material orgânico reduz significativamente a eficiência de um desinfetante inativando-o protegendo os microorganismos da ação do mesmo. Grande número de desinfetantes tem afinidade por material orgânico e, quando tais desinfetantes são utilizados em situações em que há considerável quantidade de matéria orgânica (poeiras, fezes,...), haverá pouca (se ainda houver) atuação contra microorganismos; Ser econômico. Importante calcular o custo por metro quadrado da área desinfetada. Ser fácil de transportar; Ter uma capacidade de conservação ilimitada; Não ser corrosivo, não manchar, não deixar odor e não atacar roupa e matérias de uso corrente na granja; Ser compatível com outras drogas; Ser atóxico e não irritar a pele do homem e dos animais. Ele deve ser tóxico para os microorganismos que se deseja eliminar; Ser biodegradável; Ser solúvel e estável em água; Não ter efeito de seleção passiva de um ou diversos agentes patogênicos; Ter elevado poder de penetração nas superfícies dos materiais. Ele deve ser capaz de penetrar nas superfícies, pois de outra forma a ação germicida estará limitada à parte superficial do local da aplicação; Seu efeito não deve ser afetado pelo armazenamento; Não deve ter odor ofensivo; Espectro de ação. Deve ser bactericida em uma determinada concentração e em uma determinada concentração mais baixa e ter efeito bacteriostático. A escolha de um detergente é decisiva para que se obtenha o efeito desejado. Em princípio, a escolha de um produto que ofereça todas as condições ideais de atuação parece extremamente difícil, considerando o grande número de produtos existentes. Entretanto, o exame criterioso de sua composição, espectro de ação e custo por metro quadrado, entre outros, torna a tarefa bastante fácil. 4.2.3 Concentração da solução Um desinetante deve sempre ser utilizado na dosagem preconizada pelo fabricante ou prescrita pelo médico veterinário. É inútil diminuir a dose e é uma ilusão pensar que agindo assim será alcançado um custo menor e com mesmo efeito. Reduzindo a dose, não se consegue um bom resultado a partir da aplicação do produto, além de poder ocorrer uma seleção de microorganismos resistentes. O desinfetante sempre deve ser aplicado em superfícies secas, sob risco de estar diluindo o produto quando aplicado em instalações molhadas. 4.2.4 Tempo de ação e temperatura de solução O tempo de ação depende essencialmente da temperatura e da natureza da superfície a ser desinfetada, uma vez que nenhum desinfetante tem efeito instantâneo. Quanto mais baixa for a temperatura da superfície, maior deve ser o tempo necessário para ação, uma vez que as temperaturas baixas diminuem o efeito dos desinfetantes. Em superfícies lisas, com aplicação de desinfetante em paredes verticais, a capacidade de aderência da solução é menor em função da menor porosidade e da tensão superficial. Por isso, a ação do desinfetante fica prejudicada devido ao baixo tempo de contato. 4.2.5 Qualidade da água utilizada para desinfecção A qualidade da água utilizada é importante tanto para limpeza como para desinfecção. No caso da desinfecção, a utilização de águas poluídas por coliformes e Streptococcus fecais, por exemplo, causa uma diminuição antes da solução ser aplicada sobre as superfícies. Ademais, a qualidade química da água é importante. A carga em matéria orgânica, a dureza e o pH da água podem interferir sobre a eficiência do desinfetante, em graus variados de acordo com a natureza do desinfetante empregado. Devido a esses fatos, recomenda-se que seja realizada pelo menos uma análise físico-química e bacteriológica da água a cada seis meses. Equipamentos Para aplicar um PLD de forma que se atinja seus objetivos, é fundamental que o funcionário utilize equipamentos adequados e necessários. A utilização de desinfetantes exige medidas de proteção específicas. Em primeiro lugar deve-se proteger os olhos e a pele do contato com soluções de desinfetantes assim como respiratórias. Os equipamentos que devem estar disponíveis para funcionários que realizam a limpeza e desinfecção são: Capas impermeáveis com capuz; Macacões, máscaras, luvas e botas de borracha; Baldes de 10 ou 15 litros; Pulverizador manual, bomba costal ou elétrica; Equipamentos para dosagem de desinfetante; Escovas, sabão, toalhas e esponjas. Aplicação prática de um programa de Limpeza e Desinfecção Apesar de fazerem parte de um PLD dois processos distintos limpeza e desinfecção nem sempre aplica-se os dois seqüencialmente. No caso da presença de animais na instalação somente o processo de limpeza é aplicado, enquanto que, nas instalações das quais foram retirados os animais, aplicam-se os dois processos. 6.1 Limpeza diária de instalações ocupadas com animais Uma limpeza diária e completa é necessária para manter boa higiene e reduzir a probabilidade da ocorrência de infecções gastrointestinais, da pele e de verminoses, entre outras. A falha nesse tipo de manejo na maternidade pode resultar num aumento da probabilidade da ocorrência de infecções em leitões e num maior gasto com medicamentos curativos e com mão-de-obra. Efeito semelhante é observado em outras faixas etárias, resultando num aumento na incidência de doenças clínicas e subclínicas. Estas têm como resultado uma pior conversão alimentar, queda no ganho de peso e aumento no número de refugos. As principais etapas de um programa de limpeza em instalações que estejam ocupadas com animais são as seguintes: 6.1.1 Cela Parideira Iniciar a limpeza retirando as fezes e a parte úmida da cama dos leitões. A lavagem da cela com água e a sua posterior desinfecção (nesse caso, a desinfecção é feita mesmo com os animais presentes na instalação) podem ser feitas quando houver necessidade, como por exemplo, na presença de diarréia dos leitões sejam molhados, deve-se colocá-los numa caixa sob a fonte de calor, ou mantê-los presos no escamoteador. A solução do desinfetante a ser usada deve ser de baixa toxicidade e não irritante, aplicada por meio de pulverizador. Uma vez aplicada à solução, deixa-se secar o ambiente e coloca-e a cama para, posteriormente, soltar os leitões. 6.1.2 Outras Instalações As demais instalações devem sofrer diariamente uma limpeza completa com vassoura e pá, retirando-se o esterco. Naqueles que tiverem cama, trocar apenas a parte úmida. 6.2 Limpeza e Desinfecção Após a Saída dos Animais As principais etapas de um PLD para construções de onde foram retirados todos os animais são as seguintes: 6.2.1 Limpeza seca e Desmontagem dos Equipamentos A limpeza deve ser feita no mesmo dia da retirada dos animais, na seguinte seqüência: Após saída dos animais das instalações, retirar os equipamentos desmontáveis (como comedouros e lâmpadas de aquecimento) para um lugar onde possam ser levados e guardados, de tal forma que não sofram contaminação; Retirar e queimar materiais remanescentes nas salas (como sacos de ração, restos de cordão utilizados para amarrar umbigo, algodão, toalhas de papel, etc...); Retirar todo o esterco solto nas instalações, incluindo o que estiver incrustado no piso. Utilizar, para tal, ferramentas como escovas e pás. 6.2.2 Lavagem da Instalação Essa operação deve ser executada até, no máximo, um dia após a retirada dos animais na seguinte seqüência: Molhar todas as superfícies internas, adicionando um detergente à água, assegura-se um máximo de impregnação e limpeza, sendo que o volume de água a ser usado e o tempo necessário para a limpeza pode ser reduzido em até 60%. Entretanto, adicionando ao mesmo tempo um detergente e um desinfetante, pode-se inativar durante essa pré-lavagem até 80% dos microrganismos causadores de doenças. Em instalações com baias metálicas, utilizar produtos com baixa corrosividade. O tempo necessário para amolecer a sujeira mais dura presa sobre o piso ou partes baixas das paredes varia com freqüência da limpeza diária da instalação. Em geral, na maternidade e creche, onde na maioria das granjas é realizada uma limpeza diária, não se observa, após a retirada dos animais, muita sujeira presa sobre o piso e os equipamentos. Nesse caso, o tempo necessário para amolecer a sujeira é de até três horas. Já as baias de crescimento e terminação, onde a freqüência de limpeza não é diária, por ocasião da saída dos animais a quantidade de sujeira impregnada nas partes baixas das paredes ou nas divisórias e sobre o piso é grande. Com isso, o tempo necessário para amolecer a sujeira varia de 12 a 16 horas; Após esse período, passar a vassoura e lavar com água; Trabalhar de uma extremidade de instalação até a outra. Prestar atenção principalmente aos cantos, rachaduras e outros lugares onde a sujeira possa estar presa. 6.2.3 Limpeza do Equipamento Móvel Os equipamentos móveis, em geral, se efetuada durante o período de impregnação, num local limpo e onde haja um fácil escoamento da água, devendo-se proceder da seguinte forma: Molhar ou colocar o equipamento num tanque com água, detergente e desinfetante; Deixar impregnar, para amolecer a sujeira incrustada; Escovar e lavar com água sob pressão, para retirar o restante da sujeira residual; Guardar o equipamento num lugar limpo, protegido da poeira normal da granja, para evitar o risco de nova contaminação; Deixar a instalação secar por um dia. 6.2.4 Desinfecção Das partes Inferiores Das Paredes, Pisos e Equipamentos Grande número de organismos patogênicos passam por intermédio das fezes para o piso e para as partes inferiores das paredes. A desinfecção nessas áreas deve seguir a seguinte seqüência: Preparar a solução do desinfetante a ser usado; Montar os equipamentos que estejam desmontados; Impregnar completamente as regiões inferiores das paredes, o piso e o equipamento em geral. Prestar especial atenção aos cantos, aberturas e demais locais onde a sujeira tende a se acumular; As superfícies da madeira e outras áreas porosas devem ser impregnadas totalmente, pois essas abrigam agentes infecciosos com maior facilidade; Desinfetar a área de acesso à instalação. Manter a sala tratada fechada por 24 h; Limpar e trocar o desinfetante dos pedilúvios colocados na entrada das instalações. 6.2.5 Desinfecção do Teto e das Paredes A presença de organismos patogênicos no teto e nas partes superiores das paredes representa uma importante fonte de infecção para os animais que serão introduzidos nas instalações. A poeira que cobre essas superfícies representa um risco especial, pois na mesma são encontrados altos títulos de microorganismos. Para diminuir a carga infecciosa nessas áreas, deve-se proceder da seguinte forma: Utilizar um desinfetante de largo espectro, que mantenha sua atividade em presença de matéria orgânica; Pulverizar, com uso de pressão, as superfícies internas do teto e das paredes laterais; Prestar atenção especial aos cantos, rachaduras nas superfícies que estão sendo tratadas e canos onde possa estar acumulada poeira. Comentário Sobre a Limpeza e Desinfecção de Setores Específicos 7.1 Setor de Reprodução O setor de reprodução é praticamente o único local que jamais passa por um vazio sanitário. Devido a isso, pode haver proliferação significativa de microorganismos. Portanto, do ponto de vista da higiene, deve ser tomado o máximo de preocupações para evitar uma contaminação externa e/ou interna da esfera genital tanto da fêmea como do cachaço. 7.2 Baia dos Cachaços Os cachaços devem ser mantidos em ambiente limpo e confortável. As baias devem ser limpas uma a duas vezes por dia com pá e vassoura. Quando se utiliza maravalha a parte úmida deve ser retirada uma vez por semana, logo após a limpeza, a baia deve ser pulverizada com solução de desinfetante. Uma vez por mês as baias devem ser lavadas e desinfetadas. Nessa ocasião deve-se dar um banho nos cachaços com água morna e sabão e, dependendo da recomendação, pode-se realizar a lavagem prepucial. 7.3 Setor de Cobertura/Monta Em muitos sistemas de produção de suínos iremos encontrar, na área de gestação e cobertura, uma baia de cobertura, uma baia cobertura/monta. Essa é assim chamada por ser o local onde todas as coberturas de rotina são realizadas. As fêmeas identificadas em estro são levadas para essa baia e são cobertas por cachaços que também é transportado para essa baia. Após a cobertura, ambos animais são retornados para suas respectivas baias ou gaiolas. De um modo geral recomenda-se utilização de algum tipo de material que servirá para cobrir o piso da baia e propiciar ao cachaço e a fêmea ótimas condições de apoio, as quais são muito importantes para que a monta ocorra da maneira mais apropriada. Os materiais normalmente utilizados são areia, palha, feno, ou maravalha. Durante a realização das montas, é comum ocorrer a eliminação de urina e fezes pelos animais e, portanto, é muito importante que o material utilizado como cobertura do piso seja trocado rotineiramente para que o ambiente da baia seja sempre o mais limpo possível. Essa cama não deve estar excessivamente úmida e nem conter excesso de matéria orgânica, a qual propicia uma alta pressão de infecção no ambiente da baia. O momento mais apropriado para troca da baia irá variar de um sistema de produção para outro e vai depender basicamente do tipo de material em uso e do número de montas realizadas diariamente. O médico veterinário que dá assistência ao rebanho e o funcionário responsável pela área de cobertura e gestação deverão estabelecera melhor rotina de troca do material do piso da baia de cobertura. Uma recomendação de ordem geral é fazer a troca de duas a quatro vezes ao mês. A troca desse material deve seguir a seguinte ordem: Retirada de todo material do piso; Lavagem da baia com água sob pressão mais detergente para uma retirada completa de toda matéria orgânica; Desinfecção da baia, após essa ter secado; Colocação do novo material para cobertura do piso, somente após o desinfetante ter secado e a baia ter ficado vazia pelo tempo mínimo necessário recomendado pelo fabricante para uma ação efetiva do desinfetante. 7.4 Fêmeas recém-cobertas e setor de gestação Uma limpeza e desinfecção completa deve ser realizada após a transferência de cada lote de fêmeas ou para o setor de gestação ou de gestantes para a maternidade. As demais etapas de um PLD a serem praticadas nesse setor dependem muito do modelo da edificação. Em granjas com piso compacto deve-se, duas vezes ao dia, retirar os excrementos da região posterior das fêmeas, enquanto que em granjas com piso ripado uma vez por dia é suficiente. Quando as fêmeas em gestação são mantidas presas em celas individuais deve-se, pelo menos uma vez por semana, pulverizar com desinfetante a parte, do piso na região posterior das baias das porcas. Limpeza da creche Durante o seu período de ocupação, os corredores e a área abaixo das gaiolas de creches devem ser limpos com água sob pressão duas ou três vezes por semana. No caso de baias com piso compacto, devem ser varridas diariamente com auxílio de rodo metálico e de vassoura e os resíduos devem ser empurrados para dentro da canaleta de dejetos ou para a vala existente abaixo do piso ripado. A finalidade é a de remover os resíduos sólidos compostos por fezes, urina e restos de ração. Quando os leitões são retirados da sala, as paredes, gaiolas ou baias, piso, parte interna dos telhados e equipamentos são lavados com água sob pressão e todo o ambiente é desinfetado, podendo ser usada a cai ação como complemento desse processo. A seguir, deve permanecer fechada (em vazio sanitário ou descanso) por um período mínimo de 72 horas, para secagem e para permitir a ação do desinfetante. 7.6 Limpeza da terminação Uma ou duas vezes por semana, os coordenadores são lavados. As baias são varridas diariamente com auxílio de rodo metálico e de vassoura e os resíduos são empurrados para dentro da canaleta de dejetos ou para o interior da vala existente abaixo do piso ripado. Toda vez que um lote de suínos sair das instalações, procede-se à remoção da matéria sólida remanescente no interior das baias. A seguir, os boxes, paredes laterais, corredores e parte interna dos telhados são lavados com água sob pressão e desinfetados, permanecendo em descanso (vazio sanitário) por um período mínimo de 72 horas (para permitir a secagem e a ação do desinfetante). VAZIO SANITÁRIO Atualmente considera-se como vazio sanitário o período em que a instalação permanece vazia após ser realizada a limpeza seguida de desinfecção. Essa rotina é um complemento à desinfecção e permite a destruição de microorganismos não atingidos pela desinfecção, mas que se tornam sensíveis à ação dos agentes físicos naturais. Além disso, o vazio sanitário permite a secagem das instalações. A prática do vazio sanitário somente será eficiente se for possível que o local seja fechado, impedindo-se a passagem de pessoas ou animais. O período de vazio sanitário para uma sala, por exemplo, de maternidade ou creche, deve ser no mínimo de cinco dias e para crescimento e terminação de dez dias. Nos casos de população total de granjas, o vazio sanitário recomendado varia de 30 a 120 dias dependendo dos agentes patogênicos presentes no ambiente e que se pretendam eliminar. VASSOURA-DE-FOGO OU LANÇA CHAMAS A vassoura-de-fogo ou lança-chamas é um equipamento comercial que produz uma chama ou língua de fogo sob pressão, utilizando como combustível o gás de cozini1a (GLP, gás liquefeito de petróleo). O objetivo principal do uso desse tipo de equipamento em programas de desinfecção é uma efetiva eliminação de certos microorganismos das instalações de produção de suínos. A vassoura-de-fogo é utilizada, principalmente, contra bactérias e parasitas formadores de esporos (Clostridium perfringens tipo A e C, Clostridium tetani, e Clostridium novyi tipo C), parasitas (Isospora suis, agente da coccidiose suína que produz oocistos esporulados os quais são liberados no meio ambiente juntamente com as fezes dos animais contaminados) e contra o agente da sarna suína (Sarcoptes scabiei var. suis). O uso da vassoura-de-fogo deve, obrigatoriamente, seguir os passos básicos de um programa de limpeza e desinfecção. Ou seja, a vassoura-de-fogo somente deverá ser utilizada em instalações secas, após terem sido completamente lavadas com água sob pressão e detergente. A chama ou língua de fogo deve ser aplicada vagarosamente para que a temperatura na superfície do piso e paredes seja alcançada e a chama deve ser mantida a uma distância de aproximadamente 20-30 cm da superfície a ser desinfetada. A utilização da vassoura-de-fogo na desinfecção de instalações de suínos vem diminuindo gradativamente durante os últimos anos, pois apesar de ser um método de desinfecção muito efetivo quando aplicado apropriadamente, apresenta algumas desvantagens operacionais importantes, tais como: É bastante demorado, pois a aplicação da chama sobre as superfícies deve seguir um /imite de velocidade máxima, caso contrário, a desinfecção não ocorrerá; É um equipamento potencialmente muito perigoso ao aplicador e, portanto, é necessário um treinamento completo e rotineiro bem como a utilização obrigatória de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Além disso, com o surgimento de vários novos princípios ativos desinfetantes nos últimos anos, os quais possuem um largo espectro de ação, inclusive contra esporos, o uso da vassoura-de-fogo deixou de ser usado por muitos produtores. ESQUEMA DE UTILIZAÇÃO DA VASSOURA-DE-FOGO A aplicação deve iniciar pelo lado oposto ao da porta de entrada de forma que o local que tenha sido queimado não volte a ser pisado pelo operador. Para uma sala de maternidade manejada no sistema TD-TF, com uma área de 36 m², com cinco celas parideiras e escamoteador, o tempo necessário para passar a vassoura de fogo sobre o piso e equipamentos é de 45 minutos, sendo que para tal gasta-se em torno de 1,5kg de gás. Após a aplicação da vassoura-de-fogo deve-se deixar a instalação vazia por 12 horas. FUMIGAÇÃO Entende-se por fumigação a exposição de determinada área a um desinfetante em forma de gás. Ela é realizada como um processo complementar a um programa de limpeza e desinfecção. Por intermédio do mesmo, procuramos atingir as superfícies da construção que, por alguma razão, não foram atingidas pelo processo de desinfecção. 11.1 Fumigação das instalações A fumigação somente é eficaz nas seguintes condições: Se as construções puderem ser fechadas completamente; Se a temperatura ambiental não estiver abaixo de 200C; e Se a umidade relativa do ar não estiver abaixo de 60%. Em nosso meio, a combinação de formol com permanganato de potássio e soluções de clorhexidina tem sido a mais utilizada nas fumigações. No caso de ser usado o formol, a técnica a ser seguida para a fumigação é a seguinte: Calcular a área da instalação a ser fumigada multiplicando comprimento por largura e altura; Fechar bem as janelas para evitar perdas do desinfetante (não fechar a porta). Para uma melhor atuação do formol, recomenda-se molhar, as paredes, piso e equipamentos antes de realizar a fumigação; Num balde de metal, colocar 10 g de permanganato de potássio para cada metro cúbico de área da sala. Não colocar o balde sobre uma superfície inflamável ou de plástico; No caso de instalações muito grandes, colocar o produto em dois ou três locais diferentes; Para alcançar o nível de umidade ideal para a ação do produto, colocar bacias com água quente ao lado do recipiente em que se produz a vaporização do desinfetante; Observar, mais uma vez, se a porta está aberta e se as demais aberturas estão bem fechadas; Derramar formol (sol. 40%) sobre o permanganato de potássio, na dosagem de 20 ml por m³; Abandonar rapidamente a instalação e fechar a porta; e Manter a sala fechada por 24 a 48 horas. Imediatamente após derramar formol sobre o permanganato de potássio, ocorre forte efervescência, com produção de calor e conseqüente desprendimento do gás formaldeído. O gás é dotado de cheiro leve, porém de ação irritante para os olhos e para as mucosas das vias aéreas. Por isso, deve-se evitar a inalação do mesmo. Antes de introduzir os animais na sala desinfetada, ela deverá permanecer aberta por um período entre 12 e 24 horas, para promover uma boa ventilação e permitir a saída dos gases. Para o caso de ser usada a clorhexidina, são desnecessárias as precauções detalhadas anteriormente, pois aerossóis do produto na diluição de uso como, desinfetante, 1:500 a 1: 1000, não causam efeitos tóxicos ao homem. 11.2 Fumigação de materiais a serem introduzidos na granja Um fumigador de materiais a serem introduzidos em uma granja, como por exemplo, medicamentos, máquina fotográfica, entre outros, possui duas portas sendo uma na área suja e outra na área limpa. Esse procedimento é utilizado para desinfecção de materiais que se deseja introduzir na granja (área limpa) e que não podem ser lavados e desinfetados com soluções desinfetantes. As portas do fumigador devem ser bem vedadas e no seu interior devem existir recipientes com medidas corretas dos produtos a serem utilizados para fumigação, de acordo com suas dimensões. Os produtos normalmente utilizados para fumigação são o permanganato de potássio e o formol. A fonte de calor para vaporização do formol é a própria reação química que ocorre entre esses produtos. É importante salientar que a eficácia da fumigação deve ser maior se a temperatura do fumigador estiver próxima a 25° C e a umidade relativa em 65%, no mínimo. Para fumigação com permaganato de potássio e formol, o recipiente onde é feita a queima do produto deve ser limpo antes de cada fumigação, retirando os resíduos da fumigação anterior. O fumigador deve ser limpo diariamente. 11.3 Fumigação do depósito de maravalha É recomendável fazer essa fumigação também no depósito de serragem ou maravilha, para impedir que haja introdução e/ou proliferação de agentes patogênicos nessas áreas. O procedimento a ser adotado é o mesmo descrito para a fumigação das instalações. NEBULIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES OCUPADAS COM UMA SOLUÇAO DE DESINFETANTE. Em instalações com uma densidade excessiva de animais (superlotação) ou no caso da movimentação insuficiente do ar (má ventilação) geram-se condições favoráveis de transmissão de agentes patogênicos entre animais doentes e sadios. E geralmente aceito que esses agentes "viajam" através do ar na forma de aerossóis ou em partículas de poeira (infecções de origem aerógena). Esse tipo de transmissão é considerada especialmente relevante no caso de algumas doenças respiratórias. As perdas determinadas por esse tipo de infecção podem ser minimizadas se for mantida baixa a exposição dos animais aos patógenos presentes no ar. Entre as medidas que podem ser usadas para isso, destacasse o uso da aspersão (nebulização) com água com a adição de produtos com ação desinfetante ou antimicrobiana. O uso da aspersão de instalações ocupadas com desinfetante com amplo espectro bactericida e fungicida que não apresenta efeito tóxico para os animais nem para seres humanos. Deve-se salientar que, antes de fazer uso da nebulização, o produtor deve procurar orientação junto ao veterinário sobre qual produto a ser utilizado e os riscos que a aplicação representa, tanto para produtor como para os animais. MEDIDAS COMPLEMENTARES A UM PROGRAMA DE LIMPEZA E DESIFECÇÃO Tanto o homem como veículos participam com freqüência na introdução e difusão de doenças numa granja. O isolamento completo de uma propriedade é bastante difícil. Por isso, deve-se utilizar todos os recursos disponíveis para diminuir ao máximo a possibilidade da introdução de agentes infecciosos. Mediante a utilização de rodolúvio, da pulverização de veículos e de pedilúvios o risco de transmissão de agentes patogênicos pode ser reduzido consideravelmente. Para tal, porém, é indispensável que os mesmos estejam localizados estrategicamente, para que os empregados e os visitantes venham a utilizá-los antes de entrar na granja. 13.1 Pedilúvio Para reduzir a possibilidade da introdução de agentes patogênicos, em algumas criações se usa um sistema em que as pessoas pisam num pedilúvio contendo um desinfetante. O objetivo dessa prática é o de destruir os microorganismos patogênicos que eventualmente estejam contaminando os calçados. Essa prática é recomendável uma vez que, várias vezes, as partículas de sujeira aderidas nos calçados podem abrigar muitos microorganismos. Os pedilúvios devem sempre estar localizados na entrada da granja e na saída de cada instalação. Em nosso meio, os tipos mais comuns são caixas de metal, de madeira ou em forma de caixas de concreto integradas no próprio piso, contando com um sistema de drenagem próprio. O pedilúvio deve ser construído de tal forma a evitar que os funcionários ou visitantes consigam deixar de pisar no mesmo (com um passo ou com um pulo). Com relação ao conteúdo, pode-se dividir os pedilúvios em três grupos: 13.2 Pedilúvlos contendo cal Esse tipo de pedilúvio consta, em geral, de uma caixa de metal ou de madeira contendo no fundo entre dois a três centímetros de cal. Esse cal pode destruir uma ampla gama de microorganismos no momento do contato. A desvantagem do sistema é que a aderência de cal em forma de pó à sola dos calçados é geralmente insuficiente para que ocorra uma boa desinfecção. Além disso, dependendo do tipo de calçado usado pelo visitante, a cal não cobre adequadamente toda a superfície dos calçados. Isso ocorre, por exemplo, com sapatos com saltos altos. Devido a essas desvantagens, esse tipo de pedilúvio só é recomendado para uso dentro da granja, na entrada e/ou saída de prédios. A cal deve ser trocada, no mínimo a cada três dias. 13.3 Pedilúvio com solução de desinfetante Esse tipo de pedilúvio deve ter até seis centímetros de profundidade com um nível aproximado de dois a quatro centímetros de uma solução de desinfetante. Nesse caso, ocorre um contato rápido com o calçado cobrindo a maior parte do mesmo. A desvantagem está na rápida agregação de matéria orgânica e de sujeira à solução desinfetante, reduzindo gradativamente a sua eficiência. 13.4 Pedilúvio com esponja e solução de desinfetante Esse tipo de pedilúvio deve ter até oito centímetros de profundidade e conter uma esponja de até 5 cm de altura, embebida cem solução desinfetante. O sistema é eficiente, pois ao se pisar sobre a esponja a solução entra em contato com toda a sela de calçado e ao mesmo tempo forma-se uma espuma que praticamente cobre as partes laterais da sela e de salte de mesmo. Dessa forma, e sapato ou a bota ficará ligeiramente umedecida pela solução de desinfetante e conseqüentemente considera-se desinfetada a área atingida. Uma vantagem adicional é que, ao se retirar os sapatos de cima da esponja, ela praticamente absorverá o excesso da solução desinfetante, não havendo maiores perdas da mesma. Em geral, funcionários da granja não se opõem ao use desse tipo de pedilúvio. Já os visitantes que não trocam de roupa e/ou de calçados ao entrar na granja procuram evitar seu use, cem receie que os sapatos estraguem. A principal desvantagem de use desse sistema está na dificuldade de limpar a esponja. Para preceder à limpeza, inicialmente deve-se deixar escorrer a solução absorvida e lavar cuidadosamente a esponja. A seguir, a fossa deve ser esgotada e limpa, incluindo a retirada de todos os resíduos de matéria orgânica, e depois lavada. Após devidamente seca, a esponja é recolocada e acrescida de uma neva solução de desinfetante. Rodolúvios Rodolúvios servem para desinfecção de veículos que entram na granja. Devem estar localizados na entrada da granja e apresentarem as seguintes características: Pisos firmes e planos; Quebra-molas para que os veículos passem devagar pelos mesmos. Assim, evitam-se perdas da solução por transbordamento; Comprimento suficiente para que as rodas dos veículos dêem no mínimo uma volta completa no desinfetante. A profundidade deve permitir que no mínimo a metade da roda seja coberta pela solução; Na sua entrada e na saída,deve ter um ralo de retorno através do qual o líquido transbordado é coletado e retorna ao rodolúvio, diminuindo dessa forma as perdas da solução; e Depósito para receber a solução usada. Em case de emergência, pede-se utilizar como rodolúvio uma camada de serragem, a qual deve ser colocada sobre um piso impermeável. Essa deve ter no mínimo 15 cm de altura e ser embebida com desinfetante. Uma vez que a serragem contém ácidos que pedem neutralizar as soluções de desinfetantes, é necessário renovar a solução diariamente. O uso de rodolúvios tem sido abandonado nas criações modernas, uma vez que a entrada de veículos à granja é proibida, além do alto custo de manutenção. 13.6 Desinfecção de veículos por pulverização A pulverização de veículos que entram na granja tem sido utilizada em combinação com rodolúvios ou como substituta para o uso dos mesmos. Devem ser escolhidos princípios ativos de baixa ação corrosiva, visando preservar a lataria dos veículos. 13.7 Limpeza e desinfecção de veículos Não existe dúvida que veículos que transportam animais ao frigorífico devem ser considerados como fonte de contaminação para uma granja, principalmente quando transporta também ração ou insumos usados na granja. A seqüência a ser seguida na desinfecção desses veículos é a seguinte: Remoção do esterco, palha ou maravalha, raspagem do piso e das laterais do veículo com instrumento apropriado (limpeza seca); Lavagem com solução de detergente quente ou Água quente à pressão; Secagem durante 30 minutos; Aplicação de solução de desinfetante; Secagem. 13.8 Limpeza e desinfecção dos arredores das construções O criador deve eliminar o lixo recolhido durante o processo de limpeza de forma adequada para evitar a formação de depósitos de detritos em locais adjacentes aos prédios da granja. Quando houver negligência nesse manejo, poderá ser criado um foco permanente de infecção. A limpeza e a desinfecção dos arredores das construções devem ser feitas da seguinte forma: Retirar a sujeira e o lixo existente ou depositados junto aos prédios, eliminado-os adequadamente (p. ex, enterrando); Preparar uma solução de desinfetante e pulverizar essas áreas e; Limpar e encher todos os pedilúvios existentes nas construções. 13.9 Limpeza e desinfecção do sistema de fornecimento de água Os depósitos e os sistemas de fornecimento de água podem estar contaminados com poeira e pela formação de limo. Esses, por sua vez, podem obstruir os encanamentos, favorecendo o crescimento bacteriano. O sistema de fornecimento de água pode ser limpo após a retirada dos animais das instalações. Para a limpeza e desinfecção do depósito e canalização, proceder da seguinte forma: Fechar a entrada; Esvaziar o depósito; Limpar e lavar a caixa; Encher o depósito, fechar a entrada de água e Adicionar um desinfetante; Após 12 horas deixar escoar a solução através de todo sistema de fornecimento de água até esvaziar o depósito, desprezando a água com o desinfetante; Encher com água limpa e fresca. Em criações de suínos onde o sistema de fornecimento de água não permite esse procedimento deve-se agir da seguinte forma: Fechar a entrada da água no depósito até toda a água ser consumida; Limpar e lavar; encher o depósito novamente; e Adicionar à água um desinfetante, em dosagem não tóxica aos animais. A limpeza e a desinfecção do sistema de fornecimento de água devem ser realizadas, no mínimo, uma vez a cada seis meses. 13.10 Desinfecção da água Constantemente a água de beber dos animais atua como agente de transmissão e disseminação de doenças dentro das criações. O desinfetante para uso na água de beber deve ser atóxico, ter amplo espectro de ação, ser ativo na presença de matéria orgânica e não provocar efeitos colaterais. Em geral tem-se utilizado o hipoclorito de sódio, sendo que sua concentração deve ser ajustada baseando-se nos níveis de cloro obtidos nos bebedouros. A avaliação dos níveis de cloro deve ser feita periodicamente com o uso do clorímetro. 13.11 Tratamento da água O tratamento da água tem por objetivo melhorar o seu aspecto físico-químico e bacteriológico, a fim de torná-la aceitável para o consumo humano e animal. Para tratar a água, existem vários métodos, entre os quais se destaca a desinfecção. Desinfecção significa eliminar os microorganismos existentes na água. O desinfetante mais empregado é o cloro por que: Age sobre os microorganismos; Tem uma ação residual ativa na água e uma ação contínua depois de aplicado; Não é nocivo ao homem; É de aplicação relativamente fácil; É bem tolerado pela maior parte da população; e É econômico. Ao se estabelecer um esquema de tratamento de água, inicialmente todas as caixas d'água devem ser examinadas e limpas. Todas as caixas deverão possuir tampa, impedindo a contaminação da água. A lavagem das mesmas deve ser feita da seguinte forma: impedir a entrada de água na caixa, amarrando a bóia da mesma ou interrompendo o cano de alimentação; esvaziar a caixa completamente e lavar a mesma, retirando de suas paredes internas e do fundo a sujeira e o limo impregnado; impedir que a água proveniente do processo de lavagem da caixa seja consumida pelos animais ou por pessoas. Esse processo de limpeza deve ser repetido a cada três a quatro meses de forma a fornecer aos animais e aos funcionários da granja uma água de boa qualidade. Após o processo de limpeza a caixa deve ser bem enxaguada e as conexões ligadas novamente. Para manter a qualidade da água, aplicar o cloro na mesma. Uma maneira prática de aplicar o cloro na caixa é por meio do uso de cloradores. Um clorador é simples de ser construído e é basicamente uma mistura de cloro em pó (hipoclorito de cálcio ou cal clorada (340g) e areia lavada (850g)). Essa mistura é colocada em uma embalagem plástica vazia (embalagem de água sanitária) de um litro. São feitas duas perfurações de 0,6 cm de diâmetro 10 cm abaixo do gargalo, para que o cloro possa sair. A função da areia é facilitar a liberação lenta do cloro para a água. O clorador é colocado na caixa d'água ou no poço com o auxílio de um fio de nylon que deve ficar amarrado em qualquer ponto de apoio. O clorador deve ficar dentro da água, mas próximo à superfície. Geralmente essa mistura é suficiente para tratar 2.000 litros de água. O clorador deve permanecer durante 30 dias. E depois deve ser trocado por uma nova mistura. 13.12 Limpeza dos silos de ração Uma limpeza periódica dos silos onde é armazenada a ração é indispensável, uma vez que podem se formar placas ou depósitos de ração rançosa ou mofada nas suas paredes. Em geral é suficiente uma limpeza a seco. A ração aderida à parede pode ser retirada com o auxílio de uma vassoura de cabo longo, a qual deve ser passada em todas as paredes do silo a partir da parte mais alta. Se a ração estiver muito aderida, pode-se utilizar um cabo de madeira suficientemente longo munido de uma lâmina de metal numa das pontas. Quando for necessário entrar no silo, devido à sua profundidade, recomenda-se que o processo seja acompanhado por uma segunda pessoa para prevenir acidentes. 13.13 Destino de animais mortos A eliminação de carcaças de suínos que morrem nas condições normais de criação representam um problema de difícil solução, pois o volume de material a ser eliminado é bastante significativo. Nos Estados Unidos, estima-se que ocorra uma mortalidade de 11 % dos animais entre o nascimento e o abate. No Brasil, esse número tende a ser um pouco menor; valores entre 5 a 8% têm sido registrados em granjas com bom manejo. A essas carcaças somam-se reprodutores mortos e outros restos biológicos como placentas, testículos e cordões umbilicais. Através de uma projeção, pode-se calcular um volume anual superior a cinco toneladas desse tipo de material numa granja de cem matrizes. O mesmo representa um risco potencial de transmitir aos suínos agentes causadores de doenças de uma forma direta ou indireta. Algumas doenças de alto risco de serem transmitidas a partir de carcaças de suínos mortos incluiriam carbúnculo hemático, triquilenose, Doença de Aujeszky, salmonelose, rotavirose e gastroenterite transmissível. Outro problema a ser considerado é o fato de que as carcaças de animais mortos por uma infecção geralmente possuem altos títulos do agente patogênico causador da doença, aumentando em muito o risco de difusão do mesmo e a possibilidade de contaminação humana durante a sua movimentação e eliminação. Com a finalidade não só de proteger a saúde dos animas e do pessoal da granja, mas também para evitar a poluição ambiental, prevenir problemas como mau cheiro, proliferação de moscas e contaminação para populações urbanas em áreas próximas às criações, tornam-se necessários processos adequados de eliminação desses restos. As características de um bom método de eliminação de carcaças são: Ser biologicamente eficiente; Ser economicamente viável; e Ser aceitável para os produtores e para as comunidades. Ainda não foi desenvolvido um método perfeito. A seguir serão descritos os métodos atualmente existentes bem como suas vantagens e desvantagens. 13.14 Enterramento É o método mais simples e econômico. Consiste em enterrar os animais mortos. Em geral usa-se uma vala em que os animais mortos são colocados e logo após cobertos com terra. Em condições ideais, a cobertura de terra deve ser de no mínimo 1 m e o fundo da cova deve se situar a pelo menos 1,5 m acima do nível do lençol subterrâneo de água na época em que o mesmo estiver com o seu maior volume. Caso se opte pelo uso desse sistema, em nenhuma circunstância as carcaças devem permanecer descobertas por mais de 24 horas. Com isso, evita-se que animais domésticos (como cães e gatos), silvestres e pássaros carnívoros tenham acesso às mesmas, pois esses, reconhecidamente, são capazes de transmitir doenças entre diferentes propriedades. 13.15 Incineração A incineração, quando bem realizada, reduz os corpos dós animais mortos a cinzas (e, dessa forma, os agentes patogênicos são totalmente destruídos). O problema com o uso desse tipo de sistema reside no custo dos equipamentos de incineração e nos altos gastos com combustível, inerentes ao processo. Existem também inconvenientes com a poluição do ar e geração de mau cheiro. 13.16 Compostagem Esse é um método muito eficiente, dá-se pela ação de bactérias termofílicas aeróbicas. Através da digestão que é realizada pelas mesmas, o nitrogênio proveniente da matéria orgânica é convertido em ácidos, biomassa bacteriana e resíduos orgânicos (o material resultante é chamado de composto ou húmus, é rico em nutrientes, praticamente sem odor e pode ser usado como adubo). São gerados calor, CO2 e água durante esse processo. Usam, para permitir uma boa metabolização bacteriana, uma mistura de componentes orgânicos ricos em proteínas (carcaças e restos animais) e componentes ricos em carbono (maravalha, palha, restos de ração, grãos). Considera-se como ideal uma relação carbono: nitrogênio na faixa de 20: 1 a 35: 1. Para que o processo seja eficiente, a temperatura da massa em decomposição deve ser suficientemente alta para permitir e manter o crescimento das bactérias responsáveis pela transformação das carcaças em húmus. Numa fermentação eficiente são esperados máximos de temperaturas entre 55 e 72°C. Esse tipo de sistema ainda não existe de forma operacional para uso em suinocultura. O empilhamento dos materiais a serem degradados em baias de concreto com dimensões de 2,5 m x 1,5 m. A mistura era de 1 parte de carcaça suína, 0,1 parte de palha de trigo, 1,5 parte da camada superior de cama de aviário e 33 litros de água para cada 100 kg de carcaça. As camadas eram formadas por leitões mortos intactos ou reprodutores cortados, alternadas com cama de aviário e palha de trigo, até que a pilha atingisse 90 cm de altura. As pilhas foram montadas ao curso de cinco meses. A mistura criou um bom meio para o crescimento e fermentação bacteriana, e as carcaças foram reduzidas a ossos que puderam ser facilmente eliminados. Uma outra questão relativa ao uso do sistema se relaciona com sua eficiência em neutralizar agentes infecciosos presentes nas carcaças pelo efeito do calor. 13.17 Processamento em plantas Industriais Esse método tem sido usado principalmente nos Estados Unidos e consiste em transportar os animais para unidades (fábricas) processadoras em que as carcaças são convertidas em subprodutos como farinha de carne e de vísceras para uso em rações animais e adubos. Existem riscos pelo transporte das carcaças e os custos de transporte e processamento tornam o método de alto custo (especialmente se as distâncias entre a granja e a unidade de processamento forem grandes). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROCERES. Divisão Animal. Manual de blossegurldade. Rio Claro, 1995. BARCELLOS, D.E. das N. Uso de aerossóis de sterllan no controle de doenças respiratórias em suinocultura. Rio de Janeiro: RDM - Química e Farmacêutica, [19,,]. 6p. DONALDSON, AJ. 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