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Manejo Reprodutivo
Vitor Visintin Silva de Almeida
Manejo Reprodutivo
Para que haja produção de leite é necessário que as novilhas entrem logo em reprodução e que as vacas recém-paridas voltem a ciclar logo após o parto e concebam, visando um intervalo entre partos de 12 meses
Para que o manejo como um todo ande bem sincronizado é necessário que haja um relacionamento muito bom entre o proprietário, o encarregado, os vaqueiros e os técnicos
Objetivo do manejo reprodutivo 1.
Estabelecer ou reestabelecer a lactação e maximinizar a eficiência da conversão alimentar.
2.
Produção de bezerros geneticamente superiores para reposição ou Produção de bezerros(as) para venda a rebanhos leiteiros.
3.
Minimizar os custos associados com manutenção de vacas não lactantes, desmamar alta porcentagem de bezerros e reduzir os descartes reprodutivos.
4.
Programar parições para melhor época dos preços do leite ou da disponibilidade de alimentos.
5. 6.
Direcionar cruzamentos para reduzir distocias em novilhas. Minimizar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis → uso da I.A.
Termos comumente usados para caracterizar várias fases da vida ou de um ciclo estral de um animal:
Pré-púberes
Púbere
Anestro
Período de serviço
Intervalo de partos
Cicio estral
Primeiro parto → cuidados com as novilhas
Antes do parto, suprir as demandas para:
Crescimento do corpo do útero do feto e suas membranas acumular reservas para a primeira lactação
Após o parto, suprir as demandas para:
Manutenção Lactação Crescimento Retorno ao ciclo estral
Idade ao 1º parto → Ideal: 24 meses
Boa: 30 meses Mestiços: entre 30 e 36 meses
Quanto mais cedo se chega à puberdade e quanto mais cedo o 1° parto, maiores deverão ser os cuidados com o animal pós-parto, porque ocorre uma diminuição da capacidade reprodutiva.
Deseja-se que o parto seja o mais cedo possível, com o animal tendo boas condições corporais para suportar a gestação e a lactação. Peso à cobrição
kg
Holandês e Pardo Suíço Jersey
330-370 250
Mestiços
320-330
O peso à parição é mais importante que o peso à cobrição???
Vantagens da idade ao 1° parto precoce
maior produção leiteira maior pressão de seleção no rebanho menor intervalo entre gerações
A facilidade do parto está relacionada com o tamanho do bezerro, a abertura da cavidade pélvica e o vigor e a força da novilha ao parto.
Problemas de parto ocorrem:
novilhas pequenas e/ou subalimentadas novilhas cruzadas com touros que produzem bezerro muito grande
Falta de exercício ou confinamento restrito aumentam os problemas de parto.
Efeito da idade ao primeiro parto sobre a produção de leite (305 dias) nas raças Holandesa e Jersey Holandesa
Jersey
Idade ao 1º parto
Produção
Aumento em %
Produção
Aumento em %
20
4434
0,0
2831
0,0
21
4615
4,1
2930
3,5
22
4790
8,0
3023
6,8
23
4930
11,2
3116
10,1
24
5012
13,0
3168
12,0
25
5073
14,4
3193
12,7
26
5116
15,4
3211
13,4
27
5139
15,9
3227
14,0
28
5160
16,4
3238
14,4
29
5180
16,8
3227
14,7
30
5198
17,2
3256
15,0
31
5216
17,6
3265
15,3
32
5234
18,0
3272
15,6
5252 33 Fonte: Norman et al. (1974)
18,4
3279
15,8
MANEJO DAS VACAS
As vacas devem:
ter um período seco de aproximadamente 60 dias parir com uma boa condição corporal após o parto, receber alimentação de boa qualidade
Os animais devem apresentar cio até 60 dias após o parto normal
Examinar condições das vacas que não apresentaram cio até 60 dias pós-parto
Infecções subclínicas
Vacas inseminadas com mais de 45 dias e que não apresentaram cio
Vacas com histórico de anormalidades reprodutivas
cisto ovariano retenção de placenta Distocia
As inseminações ou cobrições poderão ser realizadas a partir do 45° dia pós-parto
Inseminações antes do 45° dia:
menor chance de sucesso eleva-se o número de doses de sêmen por cria nascida poderá afetar a produção de leite
Diagnóstico de prenhez o mais precoce possível:
35 dias palpação 21 dias teste progesterona no leite 21 dias ultras-som
CONTROLE REPRODUTIVO DO REBANHO
Os baixos índices reprodutivos podem ser melhorados por maior atenção:
Alimentação Detecção de cio Ao diagnóstico precoce das vacas problema e eliminação das mesmas A um maior envolvimento do pessoal responsável
Existem várias formas de se ter o controle reprodutivo do rebanho:
1ª Identificação mais visível possível de cada animal
Tatuagem + brinco Ferro a quente Corrente no pescoço, etc.
2ª Fichamento, seja em fichas próprias ou em computadores
Processo seguro e de fácil acesso Qual método dependerá da estrutura de cada fazenda
Quadros de parede são muito simples e práticos → desde que as instruções sejam dadas e estes estejam fixados em lugares de fácil visualização
1. Partos ocorridos
2. Cio ou inseminação
3. Parto provável
Sempre anotar datas:
de parto Cio Coberturas e Inseminações Secreções Medicamentos aplicados Abortos Partos distócicos Retenção de placenta Outros
As anotações zootécnicas são importantes para técnicos e produtores, pois retratam a eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho.
Cio ou inseminação J 1 2 3 4 5 6 . . . 23 24 25 26 27 28 29 30 31
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
Intervalo entre Partos -
Intervalo de partos (IP) = período compreendido entre dois partos subseqüentes
- Divido em 2 períodos: - período de serviço (PS) = parto até a concepção (variável) - período de gestação (PG) = definido geneticamente (fixo)
-
Ciclo lactacional (CL) = período compreendido pelo IP
- Divido em 2 períodos: - período de lactação (PL): data do parto até a data secagem - período seco (PSeco): período entre a data de secagem e o próximo parto - A duração do IP afeta a duração do ciclo lactacional - maior duração do IP → maior duração período seco → maior ciclo lactação
Conseqüências da Redução do Intervalo de Partos
Efeitos da Duração do Intervalo de Partos no rebanho:
No de nascimento de animais (taxa de natalidade) Produção de leite (% vacas em lactação/total de vacas) -6000kg de leite - 2 bezerros
IP = 18 meses
IP = 12 meses
6000x0,60 = 3600,00 2bezx300 = 600,00 Total = 4200,00
-9000kg de leite - 3 bezerros 9000x0,60 = 5400,00 3bezx300 = 900,00 Total = 6300,00
Exemplo do efeito da redução do intervalo de partos num determinado rebanho Rebanho A: intervalo de partos 18 meses e período de lactação de 10 meses Rebanho B: intervalo de partos 12 meses e período de lactação de 10 meses Produção de leite por vaca em lactação = 10 kg/vaca lactação/dia (ambos os rebanhos)
Fatores que Afetam a Duração do Intervalo de Partos 1 FATORES GENÉTICOS 1.1 – Herdabilidade (h2) - Estimativa de h2 para intervalo de parto próximo a zero - Implicações 1.2 – Raças e Cruzamentos
2 FATORES DE MEIO AMBIENTE 2.1 – Nível Nutricional
Balanço de energia (BE) = Consumo de energia - Demanda de energia
Deficiência nutricional → leva à baixa condição corporal ao parto e ao agravamento (extensão e intensidade) da fase de balanço energético negativo, principalmente no terço inicial de lactação → causa anestro (ausência de cio - ovários pequenos e lisos) nutricional → prolongamento do período de serviço → aumento do intervalo de partos
Condição Ideal: - Escore de condição corporal ao parto: 3,5 (escala de 1 a 5). - Perda de condição corporal durante a fase de balanço energético negativo: < 1,0 (escala de 1 a 5) Equivale entre 40 a 60 kg de peso corporal para vacas de alta produção.
2.2 – Deficiência na identificação do cio Levantamentos no Brasil indicaram perdas de até 47,3% dos cios em fazendas leiteiras (Ferreira, 1991) 2.3 – Momento inadequado da inseminação/cobertura
Detecção de cio
É o principal problema em gado de leite, é o grande responsável pela baixa eficiência reprodutiva nos rebanhos leiteiros
O observador deve conhecer bem os sinais de cio:
a vaca deixa-se ser montada a tenta montar outras vacas ou rufião fica inquieta diminui a produção de leite tem corrimento de muco pela vulva vulva edemaciada
Cio não observado é dinheiro perdido
21 dias de alimentação com baixa produção de leite ou sem produção de leite
US$ 5,00 por dia excedente a 12 meses, calculados por:
Perdas com produção de leite custos de reposição custos adicionais com reprodução serviços veterinários Medicamentos redução do melhoramento genético
Como solucionar o problema de detecção de cio 1) A observação de cios deve ter prioridade máxima dentro do manejo 2) Não sobrepor nenhuma atividade à observação do cio, como: alimentação, limpeza
de curral; estas atividades afetam o comportamento dos animais e distraem o observador 3) Utilizar fichas e quadros de rebanho, que possibilitem ter idéia de quando o cio vai
ocorrer 4) A observação dos cios deve começar logo após o parto 5) As observações de cio devem ser realizadas por um período não inferior a 30
minutos, pelo menos, duas vezes ao dia
Manhã e à tarde Meio-dia e à noite → ↑ eficiência
6) Vacas, estabuladas ou não, devem ser observadas em grupo, em área onde os
animais se sintam seguros 7) As pessoas envolvidas no serviço de inseminação devem conhecer os sinais de cio 8) Usar a ajuda de rufião para detecção de cios marcador bursal
Efeito do rufião na detecção de cio de novilhas e vacas Ciclo estral Grupo
Retorno ao cio
Número de animais
Intervalo médio (dias)
Número de animais
Intervalo médio (dias)
com rufião
88
34
97
29
sem rufião
184
44
146
36
com rufião
74
28
91
26
sem rufião
138
35
180
33
Novilhas
Vacas
Fonte: Kiddy et al. 1979
Quando o número de vacas é >150 são aconselháveis agrupamentos por estádio reprodutivo Grupos reprodutivos
Grupos de alimentação
1) Vacas pré-inseminação - 45-50 dias pós-parto
1. Pré-pico (até 45 dias pósparto)
2) Período de inseminação >45-50 dias pós-parto. Não repetiu cio com 24 dias pósinseminação → Grupo 3
2. Pico de lactação (45 a 90 dias pós-parto
3) Diagnóstico de gestação - 45-60 dias.
3) Faixa de menor produção
4) Lactantes e gestantes
4) Final de lactação
5) Secas e gestantes
5) Período seco
6) Vacas com problemas reprodutivos
Rebanhos não homogêneos → identificação com cordas de cores diferentes
Tratar, o mais breve possível, anormalidades clínicas pós-parto (principalmente retenção de placenta e infecções uterinas)
Quanto mais cedo o animal ciclar antes de iniciar o período de cobertura pós-parto, melhor.
2.4 – Conforto térmico ITU => índice de temperatura e umidade ITU = 0,8 Tbs + UR (Tbs – 14,3)/100 + 46,3 ( Buffington et al., 1982)
Tbs = temperatura de bulbo seco, oC UR = umidade relativa do ar (%)
Efeito do calor
Temperatura ambiente elevada tem efeito negativo na fertilidade ↓ Taxa de concepção e ↑ de mortalidade embrionária
Temperatura elevada no dia seguinte ao dia de inseminação
Radiação solar no dia da inseminação
Estresse térmico
↑ a incidência de ovulações silenciosas ↓ tempo que o animal permanece em cio 18h →10h
Segundo Thatcberer al. (1978)
Vacas que tiveram acesso à sombra Vacas que não tiveram acesso à sombra
Produção de leite
Taxa de concepção
+ 10,6%
44,4% 25,3%
2.5 - Idade da Vaca 2.6 - Período seco anterior 2.7 - Presença da cria 2.8 – Outras
Uso de touros inférteis ou subférteis e sêmen de baixa qualidade: Ferreira (1991) encontrou que em fazendas leiteiras 54% dos touros eram subférteis ou inférteis, devido à degeneração testicular (40%) ou imaturidade (20%)