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Manejo Integrado-milho

manejo integrado de pragas da cultura milho

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MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA MILHO A cultura do mi lho sofre ataque de pragas desde a semente por ocasião do plantio até próximo à colheita. Al ém das pragas tradicionai s da cultura, em anos recent es, tem ocorrido também o ataque de pragas oriundas de outros cultiv os como a soja, trigo e pastagens. Apesar do número rel ativam ente alto de pragas, aquelas inici ais são consideradas as mais import antes em função da capacidade de matar a planta, diminuindo o número de plantas por unidade de área, ou seja, por afetar diretamente a produtividade. Portanto, para se ter pelo menos expectativ a de bons rendim entos, o desafi o é fazer com que se tenha já logo após o plant io o número recomendado de plantas. Para se pensar em estabelecer de maneira correta um programa de manejo i ntegrado é necessário o conhecim ento da bioecol ogia de cada praga bem com o os fatores de mortal idade de cada espécie. O primeiro grupo de pragas que ataca a cultura do milho engloba os insetos de solo. Tais insetos podem ser divi didos em três subgrupos, sendo o primeiro caraterizado pelos insetos subterrâneos, que atacam as sementes e raízes, como muitas larvas de Coleopt era (Elateridae e Escarabaedae), cupi ns e percevejos. O segundo subgrupo é caracteri zado por insetos com ativi dades na superfície do solo atacando plântulas, como Elasmopalpus lignosellus e Agrotis ipsilon.O terceiro subgrupo é representado por insetos que atacam as raízes de plantas já estabelecidas, como as l arvas de Diabrotica speciosa. Os dois primei ros subgrupos são os mais importantes pois causam redução do número de plant as por unidade de área. Além dos insetos de solo, outras espécies important es também atacam a plântula de mi lho, podendo ser citados tripes, Frankliniella williansi, cigarrinhas das pastagens, Deois flavopicta, os percevejos, Nezara viridula e Dichelops furcatus, a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda e mais recentemente, a broca da cana-deaçúcar, Diatraea saccharalis. Esse grupo de insetos também dependendo das condições cli máticas e do nív el de infestação podem provocar danos severos, cujos sintomas v ão desde o amarelecim ento das folhas até sua morte. Pode também ser v erificado o perfilham ento improduti vo da planta. O controle dessas pragas iniciais da cultura do mi lho não é tão simples em função da severi dade e rapidez com que o ataque se v erifica. Há necessidade de monitoramento constante para se detectar a presença das pragas ou o início de seus danos. Além desses problem as apontados, ainda se tem o agrav ante de não se controlar as pragas subterrâneas. Portanto, para as pragas iniciais da cul tura do milho, tem-se buscado alternativ as ao uso de inseticidas via pulverização. Uma dessas alternativas é o tratamento de sementes com inseti cidas sistêmicos. Apesar de ser considerado um m étodo preventi vo, ainda assim tem sido mais efi caz do que as pulveri zações convencionai s. Infelizm ente, pouco se tem feito de pesquisa em relação às pragas subterrâneas, especialmente em rel ação ao nível de dano e monitoram ento. Tem-se usado como indicativo prático do potencial de ocorrência na lav oura de milho, o hi stórico da área e da região. Considera-se como nível de dano econômico das pragas de um modo geral aquel e dano igual ou maior do que o custo de seu control e. O custo do tratamento de semente equivale aproximadam ente a 100 kg de grãos, ou 2% da produção, para tetos de produti vidade ao redor de 5.000 kg/ha, o que é sem dúv ida bem inf erior ao custo dos outros insumos como semente, herbici da e fertil izantes. Em termos percentuais, o custo de controle equivale a 0,5% de plantas atacadas. A probalidade de ocorrer danos iguais ou superiores a esse valor é alta no Brasil, considerando as pragas iniciai s do milho, o que tem sido evidenci ado através dos resultados de pesquisa obti dos como tratament o de sementes ao longo dos anos. As vantagens do uso do tratamento de semente são: a efi ciência, o baix o custo do produto e da mão-de-obra para efetuar o tratamento, e a seletiv idade do processo, por ser uma aplicação localizada. Além disso, dispensa o trabalho de monitoramento e não uti liza água, essenciais e imitant es quando se faz pulverizações. O inseticida tanto atua diretamente sobre as pragas matando-as por ingestão e contato como t ambém pode atuar por repelência. Um outro grupo import ante de pragas geralment e ocorre entre o estádio de 4-6 folhas até o pendoamento. Dentre esses insetos, destacam -se as cigarrinhas, Daubulus maidis, os pulgões, Rhopalosiphum maidis, a lagarta-militar, Mocis latipes, e a lagarta-do-cartucho, S. frugiperda. Os pulgões que antes eram mantidos sob controle pela presença de inimigos naturai s, tais como o complexo de Coccinelidae, Syrphidae e Chrysopidae, m uito provavelm ente pelo uso inadequado de produtos químicos direcionados para o controle de outras pragas como a S. frugiperda vêm-se tornando problema em algumas regiões do Brasil , demandando aplicações de defensivos. A lagarta-militar, M. latipes, é um inseto que não tem no milho seu hospedeiro usual, sendo difíci l prever sua ocorrênci a nessa cultura. No entanto, quando ocorre, tem a capaci dade de destruir toda a área foliar, ocasionando como conseqüência prejuízos elev ados à produção. A lagarta é muito sensível aos inseticidas químicos. No entanto, a efi ciência não é alcançada devi do aos ataques que ocorrem em plantas mai s desenvolvidas, o que impede a entrada dentro da l avoura dos equipamentos convencionai s de pulverização. Muitas v ezes, a identificação e cont role do foco inicial do ataque, geralment e verif icado em gramíneas nativas ou cultiv adas nas proxim idades, evita o dano na cultura do milho. A lagarta-do-cartucho, S. frugiperda, é sem dúvida a principal praga da cultura do milho, não só no Brasil, m as também em toda a Améri ca. Ataca a cultura do milho desde quando essa apresenta área foliar até a formação das espigas. Os danos por esse inseto estim ados no Brasil ultrapassam a 400 milhões de dólares anuais, somente na cultura de m ilho. No entanto, o número de espécies hospedeira desse inseto é alto e div ersificado, sendo em anos recentes, uma ameaça à cultura de algodão. Plantas recém-germinadas de milho são facilmente mortas pela praga a não ser que medidas de control e sejam utilizadas com certa rapidez. O tratamento de sementes tem -se mostrado eficiente no controle dessas populações inici ais da lagarta-do-cartucho. Após a fase de plântula, geralm ente a praga não mata a plant a. A lagarta recém-eclodida alimenta-se da planta, sem ocasionar furos na fol ha, acarretando o sintom a de danos conhecido como folhas raspadas. À medida que a larv a cresce, ela dirige-se para o cartucho da planta, permanecendo nesse local, praticamente durante todo o seu período de desenv olvimento, ocasionando danos significativos, podendo destruir totalmente o cartucho da planta. Em média, plant as com esse sintoma de danos têm seu potenci al produtiv o reduzido em cerca de 20%, quando o ataque ocorre em m ilho de endosperma amarelo comum, sem nenhum tipo de resistência incorporada. Quando o milho cultiv ado é precoce, ou quando a praga ocorre em estágios mais avançados da planta, é comum verif icar o ataque na inserção da espiga, no colmo, na parte basal ou mesmo ponta da espiga. Nessa, além do dano direto, pode-se verif icar a incidência também de micotox inas, fav orecida pelo orif ício de penetração da lagarta-do-cartucho. O ataque na espiga muitas v ezes é confundido com aquele ocasionado pela Helicoverpa zea. No entanto, na maioria das vezes os danos dessa praga é confinado apenas na ponta da espiga. Essa menor importânci a da lagartada-espiga está relaci onada com a alta incidência de i nimigos naturai s, notadamente as espécies de Trichogramma. O controle da lagarta-do-cartucho tem sido fei to de maneira tot almente desordenada, sem critérios de escolha de produtos, doses, época de aplicação. Com i sso, tem-se verif icado um grande desequilíbrio bi ológico pela eliminação de seus principais inim igos naturais e pelo desenvolv imento de populações resistentes. Dessa maneira, o número de aplicações tem aumentado significati vamente em algumas regiões, podendo chegar a 12 durante a saf ra de milho. Portanto, para se alcançar êxito no controle dessa praga, deve-se planejar o seu manejo de maneira correta. Dentro de um program a de manejo para todas as pragas de milho e, em especial, para a lagarta-do-cartucho, em função do desequilíbrio ecológico mencionado, as tendências atuais são a utilização de insetici das de baixa toxicidade, produtos seletivos, controle biológico e uso mais intenso de métodos de monitoramento, especialm ente através de feromônios sexuais. Os ataques logo após a emergência da pl anta podem ser controlados através do tratam ento de sementes. Para ataques posteriores é import ante o monitoram ento da praga. A tomada de decisão sobre o uso de medidas de controle (nível de controle) da lagarta-do-cartucho é dado pela comparação entre o v alor obtido na Tabela 1* e o val or observado no campo. Esse valor sendo igual ou maior do que o valor da Tabela, indica a hora de entrar com as medi das de controle. Independente do estádio de crescim ento da planta, a pulv erização deve ser através de bico leque, preferencialmente com ângulo de 80 graus. O v olume de água a ser utilizado pode v ariar de 80 lit ros (plantas mais jov ens) a 300 litros. No entanto, a efi ciência do control e nas aplicações tratorizadas cai signif icativ amente à medida que a planta se desenvolve. Considerando esse fato e também o fato dela planta ser mais sensível ao ataque da praga no estádio de 8 a 10 folhas, essa é a época essencial para o controle da praga, visando ev itar danos econômicos mais tarde, especialmente em relação ao ataque nas partes reprodutiv as do milho. Também dev e ser considerado o estádio de desenvolv imento da própri a praga, pois a eficiência da aplicação v ai ser menor à medi da que se aplica os produtos sobre larv as mais desenvolv idas. Se a aplicação f or necessária nesse caso, deve-se fazer o ajuste na dose do produto. A lagarta-do-cartucho tem como agentes de controle nat ural, vários inimi gos naturais, distribuídos entre artrópodes (principal mente insetos), nem atóides, fungos, bactérias e vírus. Entre os insetos, os mais importantes são aqueles que atacam os ovos (O) e as lagartas de primeiros instares (L1, L2 e L3). Especi almente para o parasitóide de ovos do gênero Trichogramma, já se tem no Brasil biofábricas com expl oração comercial dos insetos. Novas biofábricas para esse e para outros ini migos naturais dev em surgir nos próximos anos, uma v ez que já ex iste tecnologia de produção. Considerando que esses inimigos naturais eli minam seu hospedeiro na f ase de ovo ou até no início do terceira instar larval , dentro de um program a de manejo, dev e-se considerar esse aspecto, tanto da ponto de vista de controle total por parte desses inimigos naturai s, como do ponto de vi sta de preservação, através da escolha e uso de produtos seletivos. A utilização de entomopatógenos tem se mostrado tão eficiente quanto o uso de inseticidas quím icos especialmente em relação às v iroses (Baculovírus). Potencial também existe para o uso de fungos, especialm ente através de Beauveria bassiana e Nomuraea rilyei. Plantas geneticam ente modif icadas com a introdução de toxinas de Baccilus thuringiensis devem modifi car as estratégias de manejo i ntegrado de pragas de milho no mundo, fav orecendo em especial a i ntegração dessa tecnologia com agentes de controle natural. Nilson Bagatini Eng. Agrônomo Desenvolvimento Produtos RS Nidera Sementes