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Mandi Pintado - Uma Espécie Com Potencial De Cultivo Para O Rio Iguaçu

Livro sobre criação, nutriçao, tecnologia do pescado do Mandi Pintado

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Mandi-Pintado Uma espécie com potencial de cultivo para o rio Iguaçu Roberto Requião de Mello e Silva Governador do Estado do Paraná Lygia Lumina Pupatto Secretária da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI Alcibíades Luiz Orlando Reitor da Unioeste José Dilson Silva de Oliveira Diretor Geral da Unioeste Campus Toledo Wilson Rogério Boscolo Líder do GEMAq Aldi Feiden Wilson Rogério Boscolo Mandi-Pintado Uma espécie com potencial de cultivo para o rio Iguaçu Fábio André Manz Diretor da Editora Conselho Editorial Instituto Água Viva/GFM Fábio Bittencourt, Zootecnista - Presidente Instituto Água Viva Adilson Reidel, Engenheiro de Pesca Instituto Federal do Paraná Campus Foz do Iguaçu Altevir Signor, Engenheiro de Pesca Instituto Água Viva André Gentelini, Engenheiro de Pesca Universidade Federal de Alagoas Campus Polo Penedo Josemar Raimundo da Silva, Economista Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Toledo Wilson João Zonin, Engenheiro Agrônomo Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Marechal Cândido Rondon Rafael Lazzari, Zootecnista Universidade Federal de Santa Maria CESNORS Alberto Feiden, Engenheiro Agrônomo EMBRAPA Pantanal Guilherme Levinski Marins Análise e Revisão do Texto Carlos Eduardo Almeida Trage Projeto Gráfico e Capa GFM Gráfica e Editora Ltda Editoração Marilene de Fátima Donadel CRB 9/924 Ficha Catalográfica M272 Mandi-pintado : uma espécie com potencial de cultivo para o rio Iguaçu / organização de Aldi Feiden, Wilson Rogério Boscolo; análise e revisão do texto de Guilherme Levinski Marins. – Toledo : GFM Gráfica & Editora, 2010. 98 p. ; il. ; tab. ISBN: 9788560308095 1. Aqüicultura 2 Peixes de água doce - Criação 2. Peixes – Criação – Iguaçu, Rio – Paraná (Estado) 3. Mandi-pintado (Peixe) – Reprodução 4. Piscicultura – Criação e manejo 5. Tanques rede I. Feiden, Aldi, Org. II. Boscolo, Wilson Rogério, Org. CDD 20. ed. 639.3752 Agradecimentos Ao MDA/PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, pelo apoio ao projeto de extensão que deu suporte a esta publicação. À SETI – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, pelo apoio aos projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que permitiram o desenvolvimento dos produtos derivados de peixes cultivados. Dedicatória Prefácio Apoiar projetos para criar uma base técnico-científica estadual que contribua para o desenvolvimento da sociedade paranaense é parte das políticas públicas desenvolvidas pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI. Por meio da Unidade Gestora do Fundo de Ciência e Tecnologia e da Fundação Araucária, a SETI apóia projetos que buscam aliar o conhecimento gerado nas Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado com as práticas empreendedoras dos setores econômicos e sociais paranaenses. Exemplo disso é o presente texto, resultado do trabalho de nossos pesquisadores. Um belo manual para conhecer, entender hábitos e a biologia de um peixe que pertence a uma das três principais espécies nativas com potencial de cultivo na bacia do rio Iguaçu. Os autores descrevem minuciosamente como selecionar, manter e reproduzir o chamado mandi-pintado, mesmo nas condições adversas ao seu ambiente natural quando é cultivado em cativeiro. Assim, compartilham o conhecimento acadêmico com aqueles que desejam iniciar-se, ou com aqueles que têm na atividade pesqueira seu empreendimento, seja ele de mera subsistência ou gerador de emprego e renda. Para aqueles que querem investir na atividade, os detalhes expostos no livro são de enorme clareza, de modo a oferecer informações absolutamente necessárias para suas análises quanto às incertezas e retorno do investimento que se quer fazer. Mais do que isso: colocam a ciência a serviço do homem, a serviço da sociedade. Disponibilizam informações essenciais para os que vivem da pesca ou para os que querem fazer dela uma atividade econômica complementar à sua geração de renda. Trata-se de um texto objetivo, ricamente ilustrado e que certamente fará parte dos compêndios escolares bem como servirá como manual necessário para quem quer compreender a espécie estudada com objetivos de empreender atividade econômica ou subsidiar políticas públicas de repovoamento de rios com espécies nativas. Políticas que apoiam iniciativas que buscam contribuir para o equilíbrio ecológico das nossas bacias hidrográficas, preservando o meio ambiente. Prof. Dr. José Tarcísio Pires Trindade Presidente da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná Autores Aldi Feiden Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (1989); mestrado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais pela Universidade Estadual de Maringá (1999); e doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais pela Universidade Estadual de Maringá (2003). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná e Gerente de Transferência e Popularização de Ciência e Tecnologia da Unidade Gestora do Fundo Paraná, na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná. Tem experiência na área de Recursos Pesqueiros, com ênfase em Aquicultura, atuando principalmente nos seguintes temas: piscicultura, tanquesrede, criação de tilápias e peixes nativos, e alimentação e nutrição de peixes. Também atua na difusão de tecnologias pesqueiras, na organização da cadeia produtiva do pescado cultivado em viveiros de terra e tanques-rede. É orientador do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, e do Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca da Unioeste, Campus de Toledo, níveis de Mestrado. Wilson Rogério Boscolo Zootecnista graduado pela Universidade Estadual de Maringá (1997), com mestrado em Produção Animal pela Universidade Estadual de Maringá (2001) e doutorado em Zootecnia pela mesma universidade (2003). Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Nutrição e Alimentação Animal, e atua principalmente nos seguintes temas: avaliação de alimentos, nutrição de organismos aquáticos, e tecnologia do pescado, realizando diversas pesquisas, tais como o aproveitamento de resíduos da indústria do pescado e o desenvolvimento de novos produtos a base de pescado. É orientador do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, e do Programa de Pós- Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca da Unioeste, Campus de Toledo, níveis de Mestrado. Cesar Sary Possui graduação em Zootecnia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUCPR (2008). Atualmente é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Pesquisador do Grupo de Estudo de Manejo na Aquicultura – GEMAq, da UNIOESTE. Tem experiência na área de aquicultura, com ênfase em reprodução, nutrição e manejo de espécies nativas, e Aquicultura Sustentável. Dacley Hertes Neu Possui graduação em Engenharia de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2008). Atualmente é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. É Pesquisador do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura e do Instituto Água Viva. Sua experiência abarca a área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em Recursos Pesqueiros de Águas Interiores, com atuação nos seguintes temas: Aquicultura, nutrição, digestibilidade de nutrientes, larvicultura, e manejo de peixes. Bruno Estevão de Souza Formou-se Engenheiro de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, em 2005. Concluiu o mestrado em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da UNESP – CAUNESP no ano de 2007, onde atualmente é doutorando. Hoje atua como professor do curso de Técnico em Aquicultura do Instituto Federal do Paraná – IFPR, pesquisador tanto do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq), quanto do Instituto Água Viva, e estudante do Grupo de Pesquisa FishReproduction do Instituto de Pesca, em SP. Tem experiência na área de Aquicultura de Águas Interiores, atuando principalmente com Nutrição, Manejo e Reprodução de Espécies Tropicais. Altevir Signor Engenheiro de Pesca formado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2004). É mestre em Aquicultura pelo Programa de Pós-Graduação em Aquicultura de Organismos Aquáticos de Águas Continentais, do Centro de Aquicultura da Unesp -- CAUNESP -- Campus de Jaboticabal/SP (2007). É também doutor em Zootecnia pelo Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – FMVZ – Campus de Botucatu, e sua área de concentração é Nutrição e Produção Animal (2009). Atualmente atua como pesquisador do Grupo de Estudo de Manejo na Aquicultura – GEMAq, da UNIOESTE –, do Instituto Água Viva e de Nutrição e Saúde de Peixes do AquaNutri da FMVZ – UNESP. Tem experiência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, suas principais áreas de estudo sendo: Tecnologia e Industrialização do Pescado, Nutrição, Fisiologia, Saúde, Reprodução e Desenvolvimento de organismos aquáticos, Qualidade de Água, Manejo Alimentar e Aquicultura Sustentável. Elenice Souza dos Reis Acadêmica de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e acadêmica do 8º período de Administração com Habilitação em Gestão Empresarial pela Faculdade Sul Brasil (FASUL). É bolsista e pesquisadora no Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura – GEMAq –, nas áreas de Tecnologia do Pescado: desenvolvimento de produtos a base de peixe, aquicultura, e desempenho e nutrição de peixes. Fausto Renato Weirich Acadêmico do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Toledo –, é bolsista e pesquisador do Grupo de Estudos de Manejos na Aquicultura (GEMAq). Desenvolve atividades nos laboratórios de Aquicultura e na Estufa do Laboratório de Aquicultura do GEMAq. Jakeline Marcela Azambuja de Freitas Acadêmica de Engenharia de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. É bolsista e pesquisadora do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura – GEMAq. Desenvolve atividades nos laboratórios de Controle de Qualidade, Aquicultura e Microbiologia do pescado. Joana Karin Finkler Acadêmica de Engenharia de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. É bolsista e pesquisadora no Grupo de Estudos e Manejo em Aquicultura GEMAq, nas áreas de tecnologia do pescado, aquicultura, desempenho e nutrição de peixes nativos e hematologia de peixes. Juliana Alice Lösch Acadêmica de Engenharia de Pesca na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Bolsista PIBIC/CNPq nos anos de 2006, 2008 e 2009, atuando juntamente ao Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura – GEMAq e ao Instituto Água Viva. Tem experiência na Aquicultura de Águas Interiores, atuando principalmente com nutrição e manejo de peixes. Juliana Cristina Veit Formou-se Nutrição pela Universidade Paranaense – UNIPAR, em 2009, atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca da Unioeste. Pesquisadora do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura - GEMAq, e do Instituto Água Viva. Tem experiência na área de nutrição e tecnologia do pescado. Júnior Dasoler Luchesi Possui graduação em Engenharia de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2007). É bolsista do Programa Universidade Sem Fronteiras, em parceria com o Instituto Água Viva, e pesquisador do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura – GEMAq. Tem experiência na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em Aquicultura. Micheli Zaminhan Acadêmica do curso de Engenharia de Pesca na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em 2006. Foi bolsista da Fundação Terra/EMATER nos anos de 2006 e 2007, e também da Universidade sem Fronteiras em 2008 e 2009. É parte do Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura (GEMAq) e sua experiência engloba as áreas de hematologia e microbiologia, com atuação principal na área de hematologia e bioquímica. Luciana Nakaghi Ganeco Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Jaboticabal-SP (2000), Mestrado em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da Unesp (2003). Seu Doutorado em Aquicultura foi feito no Centro de Aquicultura da Unesp (2007), com realização parcial de estágio de doutorando no exterior, pela CAPES, na Universidad de Cádiz, na Espanha (2006). Tem experiência na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, com ênfase em Aquicultura, e sua atuação principal se dá nos seguintes temas: reprodução, histologia, e desenvolvimento embrionário. Odair Diemer Formou-se Engenheiro de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE no ano de 2008. Atualmente é Mestrando em Zootecnia, na área de nutrição animal, sendo também Pesquisador do Instituto Água Viva, "Pesquisa e Extensão". Tem experiência na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, nas áreas de nutrição de organismos aquáticos, reprodução de peixes e Limnologia. Apresentação A riqueza da ictiofauna brasileira é inquestionável, e muitas vezes desconhecida. Isso se deve às características faunísticas de cada região. O Rio Iguaçu apresenta desde sua nascente até sua foz cinco usinas hidrelétricas que contribuem na ameaça à conservação da biodiversidade, caso em que há endemismo de diversas espécies de peixes. Como o mandi-pintado é uma espécie com potencial de cultivo para os produtores que vivem na região do baixo Iguaçu, surgiu a ideia de elaborar um livro que contemplasse o ciclo de vida desta espécie e seu processamento. Dessa forma surge o livro “Mandi-pintado, uma espécie com potencial de cultivo para o rio Iguaçu”, elaborado com a colaboração de diversos pesquisadores, em parceria da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI, durante mais de um ano de trabalho e dedicação. É com imenso e honroso prazer que disponibilizamos esta obra a toda a comunidade. Desejamos que sirva para todas as classes, produtores, estudantes, universitários, pesquisadores e a quem interessar. Acreditamos que a partir de pequenos gestos podemos caminhar ao desenvolvimento da aquicultura sustentável, passando por todos os alicerces da comunidade, desde a capacitação de produtores até a coordenação e organização de materiais que sirvam de auxílio para a concretização de um ideal. Os Autores Dezembro de 2009 Sumário Conteúdo Introdução .............................................................................................19 1.1 Características regionais e da ictiofauna.................................19 1.2 Área de ocorrência da espécie.................................................. 20 1.3 Biologia da Espécie ....................................................................... 20 1.4 Referências.....................................................................................21 Reprodução do mandi-pintado......................................................... 23 2.1 Considerações gerais ................................................................... 23 2.2 Seleção e manutenção de matrizes ......................................... 23 2.3 Indução e reprodução ................................................................. 24 2.3.1 Indução........................................................................................ 24 2.3.2 Coleta dos gametas e fertilização........................................ 25 2.3.3 Dados reprodutivos.................................................................. 25 2.4 Referências bibliográficas......................................................... 26 2.5 Figuras............................................................................................ 27 Avaliação quali-quantitativa de gametas de peixes ................ 29 3.1 Considerações gerais ................................................................... 30 3.2 Análise do sêmen.......................................................................... 30 3.3 Análise dos ovócitos .....................................................................31 3.4 Taxa de fertilização e eclosão...................................................31 3.5 Referências bibliográficas......................................................... 32 3.6 Figuras............................................................................................ 33 Desenvolvimento embrionário e larval do Mandi-Pintado....... 35 4.1 Introdução ..................................................................................... 35 4.2 Desenvolvimento embrionário ................................................... 36 4.3 Desenvolvimento larval ............................................................... 37 4.4 Considerações finais ................................................................... 38 4.5 Referências Bibliográficas ........................................................ 38 4.6 Figuras.............................................................................................41 Larvicultura do mandi-pintado........................................................ 43 5.1 Introdução ..................................................................................... 43 5.2 Salinidade ...................................................................................... 43 5.3 Densidade ...................................................................................... 44 5.4 Luminosidade................................................................................. 45 5.5 Alimento vivo em dietas para larvas de peixes ..................... 46 5.6 Processamento da dieta ............................................................. 48 5.7 Utilização de micronutrientes .................................................. 49 5.8 Considerações finais ................................................................... 50 5.9 Referências ................................................................................... 50 Cultivo do mandi-pintado em tanque-rede ................................. 53 6.1 Considerações gerais ................................................................... 53 6.2 Nutrição ......................................................................................... 54 6.3 Densidade de estocagem............................................................ 55 6.4. Manejo dos peixes em tanque-rede........................................ 55 6.4.1. Boas práticas de manejo......................................................... 55 6.4.2. Acompanhamento da produção ............................................. 56 6.4.3 Manutenção dos tanques-rede............................................... 56 6.5 Referências ................................................................................... 56 6.6 Figuras............................................................................................ 59 Processamento do Mandi-pintado...................................................61 7.1 Composição Centesimal e Valor Nutricional ............................61 7.2 Valor Tecnológico......................................................................... 62 7.3. Produtos Processados ................................................................ 63 7.3.1. Empanado de mandi-pintado .................................................. 63 7.3.2. Hambúrguer de mandi-pintado ............................................. 65 7.3.3. Defumação................................................................................. 67 7.4 Referências Bibliográficas ........................................................ 68 7.5 Figuras............................................................................................ 70 Histórico e atividades do GEMAq Capítulo 1 1.Introdução Aldi Feiden1 Dacley Hertes Neu2 Altevir Signor3 Bruno Estevão de Souza4 1.1 Características regionais e da ictiofauna A bacia do rio Paraná apresenta rios tipicamente de planalto, e a ictiofauna de vários de seus afluentes apresentam muitas espécies endêmicas, devido ao isolamento geográfico provocado por corredeiras e cachoeiras. O Rio Iguaçu é um dos principais afluentes da margem esquerda e abrange área de cerca de 72.000 km2, dos quais 79% pertencem ao Estado do Paraná, 19% à Santa Catarina e 2% à Republica Argentina. Tem 1.080km de extensão e um desnível de 830 metros entre a nascente e a foz (Godoy, 1979). Após a serra da Boa Esperança, o rio apresenta inúmeras corredeiras e cachoeiras (Maack, 1981), que são responsáveis pelo isolamento e que conferem o caráter endêmico da ictiofauna (Fuem/Copel, 1994). No terceiro planalto, o rio atravessa áreas predominantemente agrícolas, caracterizadas pelo intenso desmatamento, altas taxas de uso de agrotóxicos e processos erosivos bastante acentuados, e com despejos industriais e domésticos (Copel, 1990), além de ser impactado por represamentos para fins hidrelétricos. Estes afetam significativamente o regime fluvial, impedindo a migração reprodutiva de espécies reofílicas, alteram o fluxo, provocando grandes variações no nível fluviométrico (Neu, 2008), que modifica a composição da vegetação ripária. Na região da hidrelétrica Salto Santiago, as encostas são dominadas por vegetação arbustiva e a área é sujeita a grande flutuação de nível. Entre a região de Salto Osório e as cataratas do Iguaçu são apenas 280 km (Maack, 1981), dos quais dois terços estão represados pelas hidrelétricas de Salto Osório e Governador José Richa (Salto Caxias), e atualmente está sendo licenciada a instalação de mais uma unidade, a hidrelétrica do Baixo Iguaçu (antiga Capanema), cerca de 20 km da jusante da hidrelétrica de Salto Caxias (Paraná, 1998). Segundo Sampaio (1988), a ictiofauna da bacia é integrada por no mínimo 37 espécies, 24 gêneros e 10 famílias, das quais 28 espécies (76%) e 2 gêneros (8%) são endêmicos, e no médio rio Iguaçu pelo menos 80% é considerada endêmica (Agostinho et al., 2002). Segundo estes autores, a distribuição longitudinal da ictiofauna ao longo do seu curso não é uniforme, pois algumas espécies são encontradas apenas nas regiões de maior altitude, enquanto outras, nas regiões mais baixas, apresentando graus de dominância distintos ao longo do rio. Este, por sua vez, caracteriza-se por ter um grande número de espécies de pequeno e médio porte, excetuando-se o grande pimelodídeo surubim do Iguaçu – Steindachneridion melanodermatum (Garavello 2005), que é considerado o maior peixe da bacia, e pode atingir até 70 cm (Copel, 2001). O Steindachneridion melanodermatum, o Pimelodus britskii (também 1 Engenheiro Agrônomo. Dr. em Ciências Ambientais. [email protected] - Unioeste de Pesca. Mestrando em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca. [email protected] –Unioeste 3 Engenheiro de Pesca. Dr. em Produção Animal. – [email protected] – Instituto Água Viva 4 Engenheiro de Pesca. Doutorando em Aquicultura - Caunesp. – [email protected] Professor do Instituto Federal do Paraná – IFPR, Campus de Foz do Iguaçu, Paraná. 2 Engenheiro conhecido como mandi-pintado) e o Rhamdia voulezi, apresentam-se como as três principais espécies nativas com potencial de cultivo na bacia do rio Iguaçu. 1.2 Área de ocorrência da espécie O gênero Pimelodus é o mais rico da família Pimelodidae, incluindo 29 gêneros, com 94 espécies distribuídas em toda a região Neotropical, a partir do Panamá até a Argentina (Ferraris, 2007). P. britskii é um espécie endêmica do rio Iguaçu (este rio é um afluente do rio Paraná), originário da Serra do Mar que percorre a região leste-oeste, formando 115 km de borda fronteiriça entre o Brasil e a Argentina. Neste caso, as Cataratas do Iguaçu agem como uma barreira natural e intransponível pelos peixes (Almirón et al., 2009). A figura 1 apresenta o local de distribuição de P. britskii e P. ortmanni, dois bagres longitudinalmente observados e que comumente eram confundidos entre si. Figura 1. Distribuição geográfica de Pimelodus britskii para o rio Iguaçu. Adaptado de Garavello e Shibata (2007). 1.3 Biologia da Espécie O conhecimento da biologia da maioria das espécies de peixes da região neotropical ainda é incipiente, principalmente em relação à fase inicial e juvenil do desenvolvimento destes animais. Espécies com potencial para pesca e cultivo têm sido muito afetadas pela ação antropológica, pelo excesso em pescas, por represamentos, desmatamentos das matas ciliares, e destruição de ambientes para reprodução e desenvolvimento de larvas e juvenis (Agostinho e Zalewski, 1996). Para várias espécies foram obtidos grandes avanços quanto ao desenvolvimento de técnicas apropriadas para a produção de juvenis, e já estão sendo utilizadas em todo o Brasil. Para muitas espécies, entretanto, ainda não foi possível a produção de juvenis em larga escala para fins de produção. Dentre o gênero Pimelodus, a espécie Pimelodus maculatus é a maior entre elas, podendo chegar a 50 cm (Nakatani et al., 2001). As espécies desse gênero apresentam de 190 a 500 mm, com a primeira maturação ocorrendo por volta dos 120mm. O período reprodutivo (que tem fecundação interna) se estende de outubro a abril, e não há cuidado com a prole. Os ovos recém fecundados têm diâmetro que varia entre 1,30 a 2,0mm. Quando larvas, a pigmentação inicial geralmente é escassa; há 3 pares de barbilhões; o número de miômeros varia de 38 a 41; e a sequência de aparecimento das nadadeiras é: caudal, dorsal, anal, pélvicas e peitorais. Os olhos são considerados pequenos, com cabeça variando de pequena a moderada e corpo de longo a moderado. Quando adultos, o tamanho dos barbilhões varia, podendo se aproximar da nadadeira caudal (Nakatani et al., 2001). Há plasticidade na dieta que pode ser adaptada à disponibilidade do alimento. Toda essa variabilidade está relacionada com fatores bióticos e abióticos do ambiente (Lolis e Andrian, 1996). O P. britskii, que também é denominado mandi-pintado, é uma nova espécie do gênero Pimelodus descrita no rio Iguaçu na drenagem do rio Paraná, nas divisas dos estados do Paraná e Santa Catarina. Os autores descrevem-no como sendo endêmico à bacia do rio Iguaçu. Anteriormente à descrição desta nova espécie, os exemplares de P. britskii eram descritos como sendo Pimelodus sp. A nova espécie recebeu a nomenclatura em homenagem ao ictiólogo Dr. Heraldo Antonio Britski (Garavello e Shibatta, 2007). Segundo os mesmos autores, a espécie P. britskii difere de seus congêneres pelo padrão de cor, com máculas arredondadas, geralmente menores que o diâmetro do olho, dispersas regularmente no tronco. Em relação à P. ortmanni, a nova espécie descrita na bacia do rio Iguaçu difere pela altura do corpo no nível do processo cleitral posterior, sendo o comprimento da cabeça e o comprimento da nadadeira adiposa maiores. Também apresenta maior distância entre a órbita e abertura opercular, lábios não proeminentes e barbilhão maxilar atingindo ou ultrapassando a linha vertical que passa pela região mediana da nadadeira adiposa (Garavello e Shibatta, 2007). 1.4 Referências AGOSTINHO, A.A.; ZALESWSKI M. A planície alagável do alto rio Paraná: importância e preservação. Maringá Eduem. 100p. il. 1996. AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C.; SUZUKI, H.I. Caracterização da ictiofauna do Reservatório de Salto Caxias. 2002. ALMIRÓN, A.; CASCIOTTA, J.; PIALEK, L.; RICAN, O. First record of Pimelodus britskii Garavello & Shibatta, 2007 (Siluriformes: Pimelodidae) in freshwaters of Argentina. Ichthyology Contribution of Peces Criollos, v. 12, p.1-2, 2009. COPEL. Usina hidrelétrica de Segredo: Estudos ambientais. Programa de implantação da Estação Experimental de Estudos Ictiológicos. Relatório. Curitiba:MDKCenco. 36p. 1990. COPEL. Disponível em 0,05). Um dos motivos que explica a melhora no crescimento dos peixes através da dieta extrusada moída é o fato de ela ter passado pelo processo de extrusão, que em si proporciona maior estabilidade e disponibilidade de seus nutrientes devido às mudanças físicas que ocorrem através do aquecimento (Signor, 2008). Além disso, a moagem, por tornar os grânulos menores, faz com que os peixes tenham maior facilidade de se alimentar. Porém, esse processo acaba elevando o preço devido ao maior tempo gasto, a mão-de-obra e ao maior consumo de energia (Meurer et al., 2005). 5.7 Utilização de micronutrientes Dentre os nutrientes, as vitaminas destacam-se na dieta dos animais potencializando o crescimento, apresentando excelente quadro de saúde, e colaborando nos processos metabólicos normais (Lovell, 1998). Estas são classificadas como hidrossolúveis e lipossolúveis. As vitaminas hidrossolúveis são necessárias em quantidades relativamente pequenas e têm funções essenciais como coenzimas. Três vitaminas hidrossolúveis têm outras funções além de coenzimas, e por vezes são necessárias em maiores quantidades, podendo ser indicadas como as macrovitaminas. Neste grupo inclui-se a vitamina C, mioinositol e a colina (Lovell, 1998). Portanto, as vitaminas são nutrientes vitais no desenvolvimento dos animais e participam de inúmeros processos metabólicos (Halver, 2002). Embora sejam consideradas de grande importância na nutrição animal, as vitaminas têm recebido pouca atenção e raros são os trabalhos relacionados com peixes tropicais (Fracalossi et al., 1998). Logo, as exigências vitamínicas da maioria das espécies de peixes cultivados não estão determinadas. Assim, os dados obtidos com salmonídeos, catfish ou carpas são usualmente aplicados em formulação de alimentos para outras espécies (Silva & Anderson, 1998). Um dos maiores problemas das espécies nativas está relacionado ao início de seu desenvolvimento, período no qual ocorrem grandes mortalidades. Para o correto funcionamento do metabolismo, a vitamina C está presente em órgãos vitais, o que, entretanto, não ocorre nos peixes, visto que não apresentam a enzima L-gulonolactona oxidase, responsável pela síntese da vitamina C. Isto torna necessária a suplementação dessa vitamina na dieta. Devido a sua importante participação no metabolismo, acredita-se que sua suplementação possa melhorar as características de desempenho e sobrevivência das larvas de peixes (Lovell, 1998), pois tem função importante na formação de colágeno, que é o principal componente do esqueleto. Sabese que a deficiência da vitamina C pode causar deformações ósseas, hemorragias, anorexia e baixa resistência ao estresse. As exigências nutricionais dos peixes por vitamina C são influenciadas por vários fatores, como idade, tamanho, estado reprodutivo, estresse, entre outros (Halver, 1985). Os requerimentos de vitaminas pelos peixes variam de acordo com a espécie, tamanho, taxa de crescimento, inter-relações de nutrientes, ambientes tóxicos, e a função metabólica (crescimento, resistência a doenças, etc.). Desse modo, foi realizado um experimento para avaliar o melhor nível de inclusão de vitamina C em dietas para larvas de mandi-pintado. Os resultados de desempenho das larvas são apresentados na tabela 9. Tabela 9. Peso final, comprimento final, sobrevivência e coeficiente de variação de alevinos de mandi-pintado, alimentados com ração contendo diferentes níveis suplementação de vitamina C. Variáveis Níveis de Suplementação de Vitamina C (mg/kg de ração) 600 (controle) 850 1100 1600 2600 C.V. PF (mg) 90±30 80±20 80±30 80±20 70±20 28,62 CT(mm) 21,83±1,66 22,13±1,84 21,92±2,35 21,43±2,38 21,08±2,47 9,00 SO (%) 87,5 87,5 81,25 78,12 24,55 84,37 PF – Peso Final (mg) CF – Comprimento Total (mm); SO – Sobrevivência (%); e C.V. – Coedificiente de Variação (%). Como as rações formuladas para este trabalho já continham premix vitamínico e mineral, possivelmente o tratamento que não recebeu suplementação (tratamento controle), que apresentava 600mg de vitamina C/kg de ração, atendeu aos requerimentos desta vitamina às larvas desta espécie. Desse modo, os peixes do tratamento controle desenvolveram-se em condições normais, tendo a sua disposição a concentração necessária de vitamina C aos seus processos metabólicos. Como não foram verificados sinais clínicos visíveis, acredita-se que 600 mg de vitamina C para cada quilo de dieta são suficientes, embora haja relatos de que os sinais de deficiência nos peixes apareçam a partir da décima oitava semana de cultivo. Levando-se em consideração que o presente experimento teve somente 30 dias, talvez períodos mais prolongados pudessem demonstrar melhor a influência de suplementação da vitamina C. Por outro lado, é válido mencionar que o experimento foi realizado com larvas de processo metabólico acelerado, chegando a dobrar de peso em poucos dias, o que nos permite afirmar que os níveis de vitamina C disponibilizados pela dieta controle apresentam-se como os exigidos pela espécie. 5.8 Considerações finais A larvicultura é um processo produtivo altamente complexo independentemente da espécie a ser cultivada. Conhecer a biologia e a fisiologia das larvas é o primeiro passo para desenvolver ferramentas que venham a auxiliar na melhoria do desenvolvimento e cultivo destas. O estabelecimento de um manejo, seja ele nutricional ou de cultivo, é fundamental para garantir o mínimo de sobrevivência e desenvolvimento das larvas. A falta de conhecimento sobre o desenvolvimento larval, das exigências nutricionais na fase inicial, das características fisiológicas das larvas e os raros trabalhos direcionados sobre o assunto comprometem o sucesso no cultivo de inúmeras espécies nativas. Pouca importância vem sendo dada à deposição de nutrientes nos ovócitos por parte das fêmeas reprodutoras e experimentos têm demonstrado que podem grandemente contribuir com melhorias no desenvolvimento das larvas. Portanto, novas investigações devem ser realizadas no sentido de ampliar os conhecimentos relacionados ao desenvolvimento das larvas, suas exigências nutricionais, processos metabólicos, fisiológicos, na formação de tecidos, sejam eles teciduais ou gastrointestinais. 5.9 Referências BALDISSEROTTO, B. Fisiologia de peixes aplicada a piscicultura. Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria, 2002. BARAS, E.; JOBLING, M. Dynamics of intracohort cannibalism in cultured fish. Aquaculture Research, v.33, p.461-479, 2002. CARNEIRO, P.S.F.; MIKOS, J.D.; SCHORER, M.; FILHO, P.R.C.O.; BENDHACK, F. Live and formulated diet evaluation through initial growth and survival of jundiá larvae, Rhamdia quelen. Scientia Agrícola, v. 60, n. 4. p. 615-619. 2003. CESTAROLLI, M.A. PORTELA, M.C.; ROJAS, N.E.T. Efeito do nível de alimentação e do tipo de alimento na sobrevivência e no desempenho inicial de larvas de Curimbatá Prochilodus scrofa (Steindachner, 1881). 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Capítulo 6 Cultivo do mandi-pintado em tanque-rede César Sary1 Fausto Renato Weirich2 Junior Dasoler Luchesi3 Aldi Feiden4 6.1 Considerações gerais A produção de peixes em tanques-rede é definida como a criação de peixes em um volume delimitado que permita a livre e constante circulação de água (Baldisserotto & Radunz Neto, 2004). Os tanques-rede são estruturas flutuantes de variados formatos e tamanhos, constituídos por redes ou telas que permitem a passagem da água (Figura 1). As primeiras criações com este sistema se iniciaram com o cultivo da carpa comum em 1963, nos lagos Suwa e Kazumigaura (Castagnolli, 2000). O acréscimo na utilização desse sistema é devido a algumas vantagens sobre o sistema convencional, como o aproveitamento de ambientes aquáticos já existentes -- oceanos, rios, lagos, grandes reservatórios, entre muitos outros (Ono & Kubtiza, 1999). Também se explica pela possibilidade de sua instalação em áreas de difícil acesso, onde a construção de represas e viveiros escavados é inviável. Além disso, as condições de manejo permitem seu uso em escala comercial e familiar (Cavero et al., 2003a). Ainda assim, apesar dos benefícios, este sistema de cultivo é atualmente muito questionado pelos seus elevados custos de produção (Zimmermann & Fitzsimmons, 2004). O território brasileiro representado pelos seis milhões de hectares de águas represadas (Marengoni, 2006) e a grande disponibilidade de grãos para o processamento de rações (Signor, 2006) apresenta um ambiente favorável para a ampliação do cultivo de pescado em sistemas intensivos. O decreto 4.895 de 25 de novembro de 2003 estabelece que os espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter uso autorizado para fins da prática de aquicultura. É fundamental que a implantação do estabelecimento vincule viabilidade econômica com a sustentabilidade ambiental, evitando, assim, conflitos no uso de recursos hídricos e promovendo o desenvolvimento regional (Bittencourt, 2008). Segundo Tataje et al. (2004), as espécies nativas geralmente apresentam bons resultados devido à rusticidade dos peixes durante o confinamento. Aliado ao potencial hídrico do Brasil, este fato tem revelado um enorme potencial para o incremento da produção piscícola em águas continentais. Neste sistema, os peixes estão confinados em locais restritos, sendo impedidos de buscar ambientes onde a qualidade da água apresente condições satisfatórias ao desenvolvimento, sendo, então, de suma importância o monitoramento das características físico1Zootecnista. Mestrando em Zootecnia PPZ-Unioeste. [email protected] – Unioeste em Engenharia de Pesca. [email protected] – Unioeste 3Engenheiro de Pesca. [email protected] – Instituto Água Viva 4Engenheiro Agrônomo. Dr. Ciências Ambientais. [email protected] - Unioeste 2Graduando químicas do corpo hídrico (Bozano & Cyrino, 1999). Consequentemente, a aquicultura intensiva deve ser conduzida de maneira planejada e sustentável (Ayrosa et al., 2006). 6.2 Nutrição O mandi-pintado apresenta alimentação variada, mostrando-se claramente oportunista. Segundo Cassemiro et al. (2005), outras espécies do gênero descritas nos locais de ocorrência do mandi-pintado apresentam hábito alimentar variável (carcinófaga, onívora, piscívora, insetívora) durante as fases de crescimento, dependendo da quantidade e da qualidade do alimento no ambiente. O fornecimento de rações balanceadas nutricionalmente é fundamental nas diferentes fases de vida dos peixes, melhorando o crescimento, a sobrevivência e a conversão alimentar (Cho et al., 2003). O manejo alimentar adequado proporciona uma taxa de ingestão maior, que reflete na relação entre a quantidade de alimento fornecido e a produção de biomassa. Logo, o gasto com ração na produção de uma mesma biomassa de peixe, ou o tempo de cultivo, se torna menor (Crescêmcio et al., 2005). As informações sobre as exigências nutricionais em cultivo para o mandi-pintado na fase de engorda são hipotéticas. Freitas et al. (2008), avaliando os níveis de proteína bruta em rações para juvenis de mandi Pimelodus sp., não observou diferença significativa (tabela 10) quando forneceu rações contendo 30, 34, 38, 42 e 46 % de proteína bruta, em peixes com peso inicial médio de 106,53 ± 29,02 g, comprimento total inicial médio de 21,53 ± 1,97 cm, exceto para comprimento total e comprimento padrão entre os tratamentos. Tabela 10. Parâmetros avaliados encontrados para o mandi submetido a dietas contendo diferentes níveis de proteína bruta. Níveis de proteína bruta (PB) CV(%) Parâmetros 30% 34% 38% 42% 46% PF 122,84a 131,86a 138,88a 134,03a 143,21a 12,351NS GP 16,30a 25,33a 32,35a 27,50a 36,68a 59,960 NS CR 391,53a 647,49a 462,49a 454,79a 593,53a 36,949 NS CA 27,36a 31,01a 22,45a 29,09a 16,04a 77,663 NS EA 0,04a 0,04a 0,07a 0,06a 0,06a 59,628 NS CFT 22,00b 22,97ab 22,90ab 22,57ab 24,25a 5,225* CFP 10,25b 18,97ab 19,06ab 18,70ab 19,69a 4,510* SO 95,00a 70,00a 80,00a 85,00a 70,00a 22,003 NS FC 1,15a 1,09a 1,15a 1,15a 1,02a 9,497 NS RC 89,34a 92,87a 93,52a 91,38a 93,67a 3,883 NS GV 2,11a 1,95a 1,90a 1,97a 1,95a 18,507 NS Médias na mesma linha seguida de letras distintas diferem pelo teste de Duncan (P<0,05). PF= peso final; GP= ganho de peso; CR= consumo de ração; CA= conversão alimentar; EA= eficiência alimentar; CFT= comprimento final total; CFP= comprimento final padrão; SO= sobrevivência; FC= fator de condição; RC= rendimento de carcaça; GV= gordura visceral. Considerando que os peixes criados em tanques-rede não têm acesso ao alimento natural, a dieta fornecida torna-se a única fonte de alimento, sendo essencial que a mesma apresente em sua composição todos os nutrientes que possibilitem o adequado funcionamento metabólico do peixe, permitindo a máxima expressão do seu genótipo. Desta forma, diferentes trabalhos demonstram que fatores tais como taxa de arraçoamento (Chagas et al., 2007), período de alimentação (Hayashi et al., 2004; Crescêncio et al., 2005), densidade de estocagem (Vilela et al., 2001; Cavero et al., 2003b; Ostini et al., 2007; Bittencourt, 2008; Almeida & Nuñer, 2009), e biomassa sustentável (Cavero et al., 2003a) estão relacionados com o desempenho da espécie cultivada e a viabilidade do sistema. 6.3 Densidade de estocagem Estabelecer a densidade ideal de estocagem em tanque-rede é fundamental para tornar viável a produção de pescado. Segundo Marengoni (2006), o aumento na densidade de estocagem inicial proporciona um acréscimo linear da biomassa final por m3 útil do tanque-rede, proporcionando, assim, aumento na produção e retorno do investimento. Normalmente, peixes criados em baixas densidades de estocagem apresentam boa taxa de crescimento e alta porcentagem de sobrevivência (Brandão et al., 2005). Entretanto, o emprego de quantidades reduzidas de animais leva a uma subutilização do espaço disponível (Luz & Santos, 2008). Por outro lado, a utilização de densidades elevadas que permitam o máximo uso da água com maior produção de peixes (Urbinati & Carneiro, 2004) pode acarretar na redução da sobrevivência e afetar a biomassa final (Andrade et al., 2004; Campagnolo & Nuñer, 2006). Pode, ainda, provocar alterações no comportamento dos peixes, gerando maior exigência metabólica (Salaro et al., 2003) em ambas as fases de cultivo. Trabalhos com densidade de estocagem com P. britskii nesta fase são inexistentes. Almeida & Nuñer (2009) encontraram para Pimelodus maculatus densidade ideal de 56 peixes/m3 na fase de juvenis estocados com peso médio de 31,4±12,2g e comprimento médio de 15,0±1,8cm. 6.4. Manejo dos peixes em tanque-rede 6.4.1. Boas práticas de manejo As boas práticas de manejo no sistema de produção de peixes em tanques-rede são essenciais para o gerenciamento das atividades desenvolvidas. Desta forma, é possível manter o controle de gastos com insumos, materiais e equipamentos para a unidade produtora em tanque-rede. Também facilitam e possibilitam o acompanhamento dos parâmetros zootécnicos dos peixes estocados, a qualidade de água e a comercialização do pescado. É imprescindível que a unidade produtora de peixes em tanques-rede garanta não só a credibilidade da atividade, como também o uso sustentável dos recursos hídricos, mantendo a sua compatibilidade com os processos ecológicos que ocorrem nesses locais através da escolha criteriosa do local adequado para a implantação dos tanques-rede (Rotta e Queiroz, 2003). 6.4.2. Acompanhamento da produção O acompanhamento zootécnico da produção é fundamental para estabelecer as estratégias ou tomada de decisões quando necessárias. O acompanhamento da produção baseia-se na realização de biometrias (figura 2) através do auxílio de uma balsa. Os tanquesrede são parcialmente retirados da água para captura dos peixes, com o objetivo de mensurar peso e comprimento. A biometria pode ser total (realizando a pesagem de todos os peixes) ou parcial, por amostragem do lote (acima de 20% do numero total estocado). Através da biometria o produtor pode calcular o ganho de peso dos peixes, a conversão alimentar, a mortalidade (biometria total), além da possibilidade de acompanhamento mais apurado da sanidade dos peixes. Havendo irregularidades, a tomada de decisões será imediata, amenizando os prejuízos. 6.4.3 Manutenção dos tanques-rede Os materiais utilizados para confecção dos tanques-rede apresentam tempo de uso útil, sendo necessária a sua manutenção ou, em casos mais graves, a sua reposição. O rompimento (figura 3) da malha dos tanques-rede é um dos casos de fuga de peixe que resulta em prejuízo, sendo fundamental a vistoria dos tanques-rede antes do povoamento dos animais. A ocorrência de mexilhão dourado, bivalve originário do sudoeste asiático (figura 4), é um dos grandes problemas no momento do manejo dos tanques-rede, para realização das biometrias e despesca. Sua ocorrência também dificulta a renovação de água nos tanques-rede, pois diminui a passagem da água e pode provocar lesões nos peixes no momento da biometria e despesca. A limpeza dos tanques-rede para retirada do mexilhão é através da raspagem com auxílio de escovas de aço. 6.5 Referências ALMEIDA, S.C.A; NUÑER, A.P.O. Crescimento de Pimelodus Maculatus (Actinopterygii, Pimelodidae) estocados em diferentes densidades em tanques-rede. Revista Biotemas, v.22, n.3, 2009. ANDRADE, L.S.; HAYASHI, C.; SOUZA, S.R.; SOARES, C.M. Canibalismo entre larvas de pintado Pseudoplatystoma corruscans cultivadas sob diferentes densidades de estocagem. Acta Scientiarum Biological Sciences. Maringá, v. 26, n° 3, p. 299-302, 2004. AYROZA, D.M.M.R.; FURLANETO, F.P.B.; AYROSA, L.M.S. Regularização dos projetos de tanques-rede em águas públicas continentais de domínio da União no estado de São Paulo. Boletim Técnico do Instituto de Pesca, São Paulo, v. 36, p. 131, 2006. BALDISSEROTO, B.; RADÜNZ NETO, J. 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Além disso, o conhecimento da composição corporal e dos fatores que a afetam permite a avaliação da saúde do peixe, a determinação da eficiência de transferência de nutrientes do alimento ao peixe e possibilitam, enfim, prever modificações na composição da carcaça (Shearer, 1994). Segundo Contreras-Guzmán (1994), o conhecimento da composição química dos pescados é de fundamental importância também para a padronização dos produtos alimentares na base de critérios nutricionais, pois fornece subsídios para decisões de caráter dietário, acompanhamento de processos industriais e seleção de equipamentos para otimização econômico-tecnológica. Para tanto, a avaliação da composição corporal dos peixes, entre eles o mandi-pintado (Pimelodus britskii), é importante para seu aproveitamento comercial, pois com a caracterização do seu valor nutricional, ele pode ser uma ótima opção para o setor industrial e ao mercado consumidor. A Tabela 11 apresenta a composição centesimal dos filés de mandi-pintado, sendo possível observar a alta concentração de proteínas que se encaixa nos padrões estabelecidos por Pereira (2003). Estes dizem que a proteína da carne dos peixes deve estar entre 15% a 20%, tornando-o uma ótima opção de consumo, tendo em vista que as proteínas são os elementos principais dos tecidos orgânicos (Franco, 2005). Tabela 11. Composição centesimal dos filés de mandi-pintado (P. britskii), capturados no rio Iguaçu em maio de 2009. Parâmetro Proteína Lipídios Cinzas Umidade Média (%) 17,39 12,34 1,11 68,71 CV (%) 7,88 17,67 1,47 2,57 O mandi-pintado apresenta uma carne com alto teor de lipídios, sendo então considerado gordo, pois, segundo Bressan (2002), peixes com percentual de gordura acima de 1Nutricionista. [email protected] – Instituto Água viva do curso de Engenharia de Pesca. [email protected] Unioeste 3Graduanda do curso de Engenharia de Pesca. [email protected] – Unioeste 4Zootecnista. Dr. em Produção Animal. [email protected] - Unioeste 2Graduanda 8% são assim classificados. Em geral, o alto teor de lipídios no pescado pode ser benéfico, tendo em vista que esta característica torna a carne mais saborosa (Ogawa, 1999b). Além disso, os lipídios são fonte de energia, constituintes de membranas, têm grande poder de saciedade e são essenciais para a absorção das vitaminas lipossolúveis. São, portanto, fundamentais para o desenvolvimento adequado e para a manutenção da saúde humana. 7.2 Valor Tecnológico O valor tecnológico do peixe geralmente depende de dois fatores principais: rendimento no processamento preliminar (ex. filetagem), e qualidade da carne e dos subprodutos (Kubota & Emanuelli, 2004). Muitas espécies de peixes são subutilizadas, pois apresentam tamanho demasiadamente pequeno, alto conteúdo de espinhas, aspecto pouco atrativo ou alto teor de gordura (Kubota & Emanuelli, 2004). Este não é o caso do mandi-pintado, pois apresentou um rendimento de tronco limpo em 55,11%, valor próximo de outros pimelodídeos do rio Iguaçu, como o surubim-do-Iguaçu (Steindachneridion melanodermatum) com 50% (Feiden et al. 2001). Em relação ao processo de filetagem, o mandi-pintado apresentou 40,44%, resultado superior ao do jundiá-cinza (Rhamdia quelen) com variação de 29,22 a 34,74% (Carneiro et al., 2003) e até mesmo à tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) com uma variação de 31,98 a 37,34%, segundo Souza et al. (1999). Isso demonstra quão rentável pode ser o processo para o mandi-pintado. As proporções corporais do mandi-pintado, coletados no rio Iguaçu, podem ser observadas na Tabela 12. Tabela 12. Proporções corporais do mandi-pintado (P. britskii), coletados no rio Iguaçu em maio de 2009. Parâmetro Médias Individua s Desvio padrão Pesos iniciais (g) Desvio padrão Rendimentos (%) Desvio padrão 2,45 - 139,16 76,84 1,81 37,83 56,84 25,38 0,71 14,59 20,92 55,11 1,38 27,35 40,44 41,96 6,70 0,65 7,79 6,11 is CT (cm) Peso (g) TL (%) GV (%) PCAB (%) Filé (%) 22,01 - CT = comprimento total; TL = tronco limpo; GV = gordura visceral; PCAB = peso da cabeça. Fonte: GEMAq (2009). É possível verificar que o mandi-pintado apresenta alto rendimento de tronco limpo e baixo teor de gordura visceral, o que o torna uma ótima opção para a industrialização. Freitas (2007) avaliou as proporções corporais do mandi P. britskii em duas estações do ano (inverno e verão), conforme a Tabela 13. Tabela 13. Proporção corporal para o mandi P. britskii coletado no rio Iguaçu, no inverno e no verão. Parâmetros CT (cm) Peso (g) Estação Inverno 23,10a 111,23a Verão 18,16b 54,67b CV(%) 9,78* 24,97* TL (%) GV (%) PCAB (%) Filé (%) 51,77a 1,24a 25,68a 26,12b 47,58ª 2,10ª 26,77ª 30,06ª 14,63NS 129,92NS 16,23NS 21,91* *Médias na mesma linha seguida de letras distintas diferem (p < 0,05) pelo teste de Duncan. Os parâmetros observados no inverno e no verão demonstram que houve diferenças (P>0,05) quanto a CT, Peso e Filé. A porcentagem de tronco limpo mostrou-se alta nas duas estações, o que é importante resultado quanto ao potencial para industrialização, e encontra-se dentro da faixa de outros pimelodídeos do rio Iguaçu. 7.3. Produtos Processados A América do Sul apresenta um dos índices mais baixos de consumo de pescado em relação a outros continentes. Segundo a FAO (2008), o consumo de pescado na América do Sul em 2008 foi de 8,7 kg/habitante/ano, bem abaixo dos índices observados na China, de 26 kg/habitante/ano. Na Ásia, excluindo-se a China, o consumo de pescado foi de 14,3 kg/habitante/ano; na Europa, de 19,9 kg/habitante/ano; e, nas Américas do Norte e Central, apresenta um consumo de 18,6 kg/habitante/ano. De acordo com Moreira (2005), o baixo consumo de pescado pode estar atribuído à falta de tradição quanto ao consumo, à pequena oferta do produto, ao pouco conhecimento da sua importância na alimentação, bem como falhas na indústria processadora em oferecer produtos de conveniência e de maior diversificação. O consumidor dá preferência a alimentos que sejam de fácil preparo, que geralmente são de baixa qualidade nutricional. E é possível verificar isto tendo em vista que há mais de um bilhão de adultos com excesso de peso no mundo (Organização Pan-Americana de Saúde, 2003). Num esforço para contornar esta tendência, a composição dos alimentos e as dietas estão sendo reavaliadas. Para atender a essas necessidades, o consumo de produtos à base de pescado têmse tornado ótima alternativa, pois são alimentos com elevado valor nutritivo, sendo excelentes fontes de proteína de alto valor biológico, cálcio, fósforo, ferro, ácidos graxos insaturados, vitaminas A, D e do complexo B. Portanto, a carne dos peixes apresenta maiores vantagens nutricionais que a carne ou mesmo outros alimentos de origem animal (Ogawa & Maia, 1999). Assim, alguns produtos como o empanado tipo nuggets, hambúrguer de peixe e defumação, são ótimas opções de consumo, pois são produtos com valor agregado, de fácil preparo e muito saborosos. 7.3.1. Empanado de mandi-pintado Entende-se por empanado, o produto cárneo industrializado, obtido a partir de carnes de diferentes espécies de animais de açougue, acrescido de ingredientes, moldado ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize. Pode tratar-se de um produto cru, semicozido, cozido, semi-frito, frito ou outros (Brasil, 2001). Os empanados estão largamente inseridos na cultura alimentar da população, proporcionando propriedades sensoriais muito importantes como: sabor, textura (crocância), cor e aparência (Suderman, 1983). A operação de empanar compreende duas etapas. Na primeira fase, o produto porcionado é submetido a uma imersão chamada de predust, que consiste em envolver as porções com uma fina camada de farinha, antes de aplicar o batter, e tem como função melhorar a adesão pela absorção da umidade, funcionando como agente físico para a adesão do líquido de empanamento (Minozzo & Dieterich, 2007). O batter, de forma geral, é uma mistura de farinhas, amidos e temperos, misturados com água, formando um líquido viscoso de forma a cobrir uniformemente as porções e promover a adesão da farinha de cobertura (Minozzo & Dieterich, 2007). Uma vez que o produto está coberto pelo batter, procede-se a empaná-lo (breading) (Hurni & Loewe, 1990). A operação mecânica do breading consiste em passar o produto que previamente foi submetido ao batter por uma pulverização de farinha de empanamento sobre a superfície do produto (Hurni & Loewe, 1990). Após o empanamento, as porções são submetidas à pré-fritura, a uma temperatura de 180 a 193ºC, por um minuto e meio, tendo como objetivos manter a cobertura do empanamento, evitar a desidratação e contribuir para o gosto e cor do produto (Minozzo & Dieterich, 2007). Antes da moldagem dos empanados é interessante que a temperatura da massa esteja baixa, do contrário ela se torna mole e não adquire a forma desejada. A Tabela 14 apresenta uma proposta para formulação de empanados de mandipintado e a Figura 1, o fluxograma operacional. Tabela 14. Proposta para formulação de empanado elaborado com filé de mandi-pintado (P. britskii). INGREDIENTES Filé de pescado triturado Água gelada Amido de milho Proteína texturizada de soja Isolado Protéico de soja Sal Cebola desidratada Óleo de soja Alho desidratado Cebolinha desidratada Salsinha desidratada Glutamato monossódico Pimenta branca Total Porcentagem (%) 83,0 4,0 2,5 2,0 2,0 1,5 1,5 1,2 0,8 0,6 0,6 0,2 0,1 100 Filé de mandipintado triturado Homogeneização da polpa Adição dos ingredientes Mistura Resfriamento Moldagem Empanamento Pré-fritura Embalagem Congelamento Figura 1. Fluxograma operacional para obtenção de empanado de mandi-pintado (P. britskii). Os valores da composição centesimal do empanando de mandi-pintado podem ser visualizados na Tabela 15, os quais se ajustam aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, na forma da Instrução Normativa nº 6, sob o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Empanados, que estabelece os seguintes parâmetros: adição máxima de proteínas não cárneas: 4,0%; teor máximo de carboidratos: 30%; e proteínas, no mínimo 10% (Brasil, 2001). Tabela15. Composição centesimal de empanado de mandi-pintado (P. britskii). Parâmetro Proteína Lipídios Cinzas Umidade Média (%) 14,67 10,11 2,69 56,08 CV 10,80 0,59 3,25 0,31 Os empanados de mandi-pintado apresentaram valor superior de proteínas em relação aos empanados desenvolvidos com tilápia-do-nilo (Kirschnik, 2007). Como a Legislação Brasileira (Brasil, 2001) determina que empanados devam apresentar em sua composição centesimal o mínimo de 10% de proteínas, os empanados de mandi-pintado atenderam a essas exigências, o que torna sua produção interessante. De acordo com a Resolução 12, de 02 de janeiro de 2001, que aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos, está estabelecido para produtos empanados de pescado ausência de Salmonella sp/25g de alimento, contagem máxima de coliformes fecais 10² UFC/g e 5x10² UFC/g para Staphylococcus coagulase positiva (Anvisa, 2001), objetivando a garantia da qualidade microbiológica e sanitária do alimento. 7.3.2. Hambúrguer de mandi-pintado Entende-se por hambúrguer o produto cárneo industrializado, obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado (Brasil, 2000). Atualmente, como uma grande quantidade de pescado de baixo valor comercial vem sendo desperdiçada, a indústria de hambúrguer de peixe é uma ótima oportunidade de negócio. Elaborado a partir de carne triturada de pescado, o hambúrguer de peixe, ou fishburguer, como é conhecido, tem grandes chances de prosperidade no Brasil (Couto & Pinto, 2007). À matéria-prima são adicionados aditivos e condimentos, tais como: sal, amido, proteína vegetal, glutamato monossódico, cebola desidratada, alho, salsinha desidratada, cebolinha desidratada, pimenta branca, óleo e água. Segundo o Ministério da Agricultura e Abastecimento, na forma da Instrução Normativa nº 20, sob o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Hambúrgueres, estabelecemse os seguintes parâmetros: adição máxima de proteínas não cárneas na forma agregada de 4,0%; teor máximo de carboidratos totais: 3%; gordura máxima: 23%; proteína mínima: 15%; e teor máximo de cálcio em base seca nos hambúrgueres cozidos de 0,54% e, nos crus, de 0,1% (Brasil, 2001). A tabela 16 apresenta uma proposta para formulação de hambúrguer de mandipintado e a Figura 2 o fluxograma operacional. Tabela 16. Proposta para formulação de hambúrguer produzido com filé de mandi-pintado (P. britskii). INGREDIENTES Filé de pescado triturado Água gelada Proteína texturizada de soja Amido de milho Óleo de soja Sal Cebola desidratada Alho desidratado Salsinha desidratada Cebolinha desidratada Glutamato monossódico Pimenta branca Total % 81,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,5 1,4 0,8 0,5 0,4 0,2 0,2 100 Filé de mandipintado triturado Homogeneização da polpa Adição dos ingredientes Mistura Moldagem Empanamento Pré-fritura Embalagem Congelamento Figura 2. Fluxograma operacional para obtenção de hambúrguer de mandi-pintado (P. britskii). Na Tabela 17 é possível observar a composição centesimal do hambúrguer de mandipintado, que apresenta valores de proteína, lipídios e cinzas superiores aos de hambúrguer de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) (Marengoni et al., 2009), comprovando seu forte potencial para industrialização e comercialização de produtos processados de alto valor agregado. Tabela 17. Composição centesimal de hambúrguer de mandi-pintado (P. britskii). Parâmetro Proteína Lipídios Cinzas Umidade Média (%) CV 18,57 12,75 3,08 61,29 0,67 3,23 2,92 0,02 Em relação a microbiologia, a Resolução 12, 02 de janeiro de 2001, que aprova Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos, estabelece para hambúrgueres e similares de pescado ausência de Salmonella sp/25g de alimento, contagem máxima de coliformes fecais 10³ UFC/g e 10³ UFC/g para Staphylococcus coagulase positiva (Anvisa, 2001). 7.3.3. Defumação A defumação, embora seja uma antiga técnica de conservação, atualmente tem sido utilizada para melhorar a qualidade dos pescados, tendo em vista que a fumaça provoca mudanças nos atributos sensoriais (aroma, sabor, coloração e textura) (Minozzo & Boscolo, 2007; Sigurgisladottir et al., 2000). Dois métodos de defumação são comumente conhecidos: a frio e a quente Porém, podem também ser utilizados a fumaça líquida, o método eletrostático e a elaboração de produtos defumados condimentados (Minozzo & Boscolo, 2007). A defumação a quente tem como principal objetivo proporcionar sabor característico. Já na defumação a frio, o objetivo maior é o prolongamento da vida útil do produto. O tempo de exposição à fumaça é menor na defumação a quente, em função da maior temperatura empregada (Minozzo & Boscolo, 2007). Alguns fatores influenciam na composição centesimal do pescado, tais como: idade, peso, alimentação, sazonalidade, fase fisiológica, bem como as diferentes partes do corpo (Minozzo & Boscolo, 2007). Como o mandi-pintado é um peixe gorduroso, seu teor de umidade é proporcionalmente menor. Assim, após o processo de defumação, os teores de proteínas, lipídios e cinzas aumentam, conforme a Tabela 18. Tabela 18. Composição centesimal do mandi-pintado inteiro e filés defumados a quente. Parâmetro Proteína Lipídios Cinzas Umidade Filé in natura CV Média (%) (%) 17,39 12,34 1,11 68,71 7,88 17,67 1,47 2,57 Filé defumado Média (%) CV (%) Mandi Inteiro Defumado Média (%) CV (%) 31,50 25,31 9,73 39,16 2,20 20,34 3,22 1,46 30,37 27,54 10,57 37,54 0,63 1,84 2,29 0,25 De acordo com Gonçalves & Prentice-Hernández (1998) e Ribeiro (2000), em pescados defumados o conteúdo de proteína e lipídios é mais elevado que no pescado in natura, principalmente devido à perda excessiva de umidade decorrente do processo de desidratação e lixiviação de lipídios do músculo, que ocorre durante a defumação (Sigurgisladottir et al., 2000). Com a defumação, ocorre redução da umidade do filé em torno de 57 %. Consequentemente, o rendimento é reduzido em aproximadamente 59,7% em relação ao peso do peixe inteiro eviscerado pré- e pós-defumação. Já para os filés de mandi-pintado, o rendimento é reduzido em torno de 51,8%. Por se tratar de um peixe nativo proveniente do rio Iguaçu, e por apresentar resultados positivos em seu processamento e na agregação de valor, o mandi-pintado possui grande potencial ao cultivo, à industrialização e ao consumo, contribuindo, dessa forma, com a melhoria da saúde dos indivíduos que o consomem. 7.4 Referências Bibliográficas ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. D.O.U. Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 10 de janeiro de 2001. BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 20, de 31 de julho de 2000. Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Almôndega, Fiambre, Hambúrguer, Kibe, Presunto cozido e de presunto. Brasília: Ministério da Agricultura e do abastecimento, 2000. BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 6, de 31 de julho de 2000. 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