Transcript
FUNDAÇÃO DOM ANTÔNIO ZATTERA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
MADEIRA E MOBILIÁRIO NA
ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL
MARÇO/2006
INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA E ASSESSORIA
ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÔMICO-EMPRESARIAIS
Fundação Dom Antônio Zattera
Presidente: Sérgio Ávila Cardoso
Universidade Católica de Pelotas
Chanceler: D. Jayme Henrique Chemello
Reitor: Alencar Mello Proença
Pró-Reitor de Graduação: Miriam Siqueira da Cunha
Pró-Reitor de Graduação, Pesq e Ext: Vini Rabassa da Silva
Pró-Reitor Administrativo: Carlos Ricardo Gass Sinott
Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria
Coordenador: Erli Soares Massaú
Equipe Técnica: Bel. Adm. Eduardo Amaral Meireles
Acad. Econ. Tiale do Amaral Domingues
Acad. Econ. Tiago Sabino Machado da Silva
SIGLAS
ABIMCI – Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada
Mecanicamente.
ABIMÓVEL – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AGFLOR – Agência Gaúcha de Empresas Florestais.
AZONASUL – Associação dos Municípios da Zona Sul.
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
CERFLOR – Sistema Brasileiro de Certificação Florestal.
CETEMO – Centro Tecnológico do Mobiliário.
CNC – Controle Numérico Computadorizado.
EGP – Edge Glued Panel.
FAMURS – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul.
FAO – Food and Agriculture Organization
FEE – Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
ITEPA – Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria.
MBRE – Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões.
MDF – Medium Density Fiberboard.
MDIC – Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio.
MMA – Ministério do Meio Ambiente.
MTb – Ministério do Trabalho.
PMEb – Pequenas e Médias Empresas.
PMVA – Produção de Maior Valor Agregado.
PNF – Programa Nacional de Florestas.
PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar.
PROPFLORA – Programa de Plantio Comercial de Florestas.
SEMA/RS – Secretaria do Meio Ambiente/RS.
SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura.
UCPEL – Universidade Católica de Pelotas.
VA – Valor Adicionado.
INDICE
"APRESENTAÇÃO.................................................."08 "
".............................................................." "
"JUSTIFICATIVA................................................."09 "
".............................................................." "
"... " "
"METODOLOGIA..................................................."11 "
".............................................................." "
". " "
"1. REGIÃO – "12 "
"ALVO.........................................................." "
"................................................... " "
" 1.1 A "12 "
"região........................................................" "
".............................................................." "
".. " "
" 1.2 Características "13 "
"gerais........................................................" "
"............................................ " "
"2. PANORAMA FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO "19 "
"SUL................... " "
" 2.1 Base florestal "19 "
"brasileira...................................................." "
"............................................ " "
" 2.1.1 Brasil no contexto "19 "
"mundial......................................................." "
".............................. " "
" 2.1.1.1 Celulose e "20 "
"papel........................................................." "
".................................... " "
" 2.1.1.2 Carvão "20 "
"vegetal......................................................." "
"........................................ " "
" 2.1.1.3 Compensados e "20 "
"laminados....................................................." "
"....................... " "
" 2.1.1.4 Painéis de madeira "20 "
"reconstituída................................................." "
".................. " "
" 2.1.1.5 "21 "
"Serrados......................................................" "
"................................................... " "
" 2.1.1.6 "21 "
"Móveis........................................................" "
"................................................... " "
" 2.1.1.7 Comentários e aspectos "22 "
"mercadológicos................................................" "
"....... " "
" 2.1.1.8 Mercado "23 "
"mundial......................................................." "
"................................... " "
" 2.1.2 Produção "23 "
"florestal....................................................." "
".............................................. " "
" 2.1.2.1 "24 "
"Multiuso......................................................" "
"................................................... " "
" 2.1.2.2 "25 "
"Caracterização................................................" "
"............................................... " "
" 2.1.2.3 "26 "
"Competitividade..............................................." "
"............................................. " "
" 2.1.2.4 Produção e consumo de produtos "26 "
"florestais.................................................. " "
" 2.1.2.5 Estímulo para "31 "
"plantar......................................................." "
".............................. " "
" 2.1.2.6 Um modelo "32 "
"nacional......................................................" "
"................................ " "
" 2.2 Base florestal do Rio Grande do "32 "
"Sul..........................................................." "
"................. " "
" 2.2.1 Cobertura "32 "
"florestal....................................................." "
"............................................. " "
" 2.2.2 A indústria de base florestal do Rio Grande do "34 "
"Sul............................................... " "
" 2.2.3 Exportação de produtos florestais do Rio Grande do"36 "
"Sul....................................... " "
"3. INDÚSTRIA DE BASE FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO "37 "
"SUL... " "
" 3.1 Madeira "39 "
"processada...................................................." "
".................................................. " "
" 3.1.1 "39 "
"Compensados..................................................." "
"....................................................... " "
" 3.1.2 "40 "
"Serrados......................................................" "
"............................................................ " "
" 3.1.3 Celulose e "41 "
"papel........................................................." "
"............................................. " "
" 3.1.4 Produtos de maior valor "41 "
"agregado......................................................" "
".................... " "
" 3.1.5 Painéis "42 "
"reconstituídos................................................" "
"........................................... " "
" 3.1.6 "43 "
"Móveis........................................................" "
".......................................................... " "
" 3.1.7 Exportação de produtos "44 "
"brasileiros..................................................." "
"................... " "
" 3.1.8 Localização da indústria de "45 "
"móveis........................................................" "
".............. " "
" 3.1.9 Formação da cultura industrial "45 "
"moveleira....................................................." "
"....... " "
" 3.1.10 Características gerais dos pólos "46 "
"moveleiros...................................................." "
"..... " "
" 3.1.11 "49 "
"Comercialização..............................................." "
".................................................... " "
" 3.1.11.1 Canais de "49 "
"comercialização..............................................." "
"........................... " "
" 3.1.11.2 "50 "
"Exportação...................................................." "
"............................................... " "
" 3.1.11.3 Sucesso da "51 "
"produção......................................................" "
".............................. " "
" 3.1.11.4 Processo produtivo e "51 "
"tecnológico..................................................." "
"............. " "
" 3.1.11.5 "52 "
"Investimentos/tecnológicos...................................." "
"..................................... " "
" 3.1.11.6 Novos "54 "
"materiais....................................................." "
".................................... " "
" 3.1.11.7 "54 "
"Design........................................................" "
".................................................. " "
" 3.1.11.8 Relações "54 "
"empresariais.................................................." "
"............................... " "
"4. "58 "
"MERCADO......................................................." "
".............................................................." "
".. " "
" 4.1 "58 "
"Oferta........................................................" "
".............................................................." "
"...... " "
" 4.1.1 Estrutura "58 "
"setorial......................................................" "
"............................................... " "
" 4.1.2 Tecnologia e "64 "
"design........................................................" "
"........................................ " "
" 4.1.3 "65 "
"Concorrência.................................................." "
"......................................................... " "
" 4.2 "65 "
"Demanda......................................................." "
".............................................................." "
".. " "
" 4.2.1 Produto e "65 "
"renda........................................................." "
".............................................. " "
" 4.2.2 Potencial de "67 "
"consumo......................................................." "
"...................................... " "
" 4.2.3 Mercado de "68 "
"Pelotas......................................................." "
".......................................... " "
"5.VAZIOS "72 "
"INDÚSTRIAIS..................................................." "
"................................................ " "
"6. COMENTÁRIOS "76 "
"GERAIS........................................................" "
"....................................... " "
"7. "78 "
"CONCLUSÃO....................................................." "
".............................................................." "
"BIBLIOGRAFIA.................................................."81 "
".............................................................." "
"... " "
TABELAS
"Tab 01 – População e área (Km2) dos municípios da região de " "
"Pelotas/Rio Grande (Zona Sul) " "
" "12 "
"Tab 02 – Áreas Plantadas com pinus e eucalipto no Brasil – "28 "
"2000 " "
"Tab 03 – Necessidades anuais de florestamento do Brasil "29 "
"Tab 04 – Produção dos principais produtos florestais – 2001 "29 "
"Tab 05 – Atividade Florestal Brasileira – 2003 "30 "
"Tab 06 – Cobertura florestal no Rio Grande do Sul – 1983 e "32 "
"2001 " "
"Tab 07 – Produção de produtos florestais no Rio Grande do "35 "
"Sul – 1998/2001 " "
"Tab 08 – Exportações de produtos florestais no Rio Grande do"36 "
"Sul 2000/2002 " "
"Tab 09 – Consumo de madeira industrial em toras no Brasil – "39 "
"2000 " "
"Tab10 – Produção, consumo e posição no mercado externo de " "
"produtos florestais brasileiros - 2000 "40 "
"Tab 11 – Produção de PMVAs no Brasil – 1995/2000 "42 "
"Tab 12 – Produção, consumo, exportação e importação de " "
"painéis reconstituídos – 2000 "43 "
"Tab 13 – Exportação de produtos florestais, Brasil – "44 "
"2000/2002 " "
"Tab 14 – Distribuição relativa da comercialização por canais" "
"dos pólos moveleiros do Brasil - 1997/1998 "50 "
"Tab 15 – Participação relativa das empresas exportadoras e " "
"não-exportadoras de móveis por pólo moveleiro no Brasil – "50 "
"1996/1997 " "
"Tab 16 – Níveis relativos de terceirização nos pólos "56 "
"moveleiros do Brasil – 1996/1997 " "
"Tab 17 – Número de estabelecimentos de transformação de " "
"madeiras nos municípios da Zona Sul – 2004 "58 "
"Tab 18 – Segmentos de produtos de madeira industrializada na"60 "
"Zona Sul – 2005 " "
"Tab 19 – Destinos dos produtos acabados da indústria da "60 "
"madeira da Zona Sul – 2005 " "
"Tab 20 – Matérias-primas usadas na industrialização de "61 "
"madeira na Zona Sul – 2005 " "
"Tab 21 – Origens das matérias-primas utilizadas na " "
"industrialização de madeira na Zona Sul - 2005 "61 "
"Tab 22 – Segmento de móveis industrializados na Zona Sul - "62 "
"2005 " "
"Tab 23 – Destinos dos produtos acabados da indústria de "63 "
"móveis da Zona Sul – 2005 " "
"Tab 24 – Matérias-primas utilizadas na industrialização de "63 "
"móveis da Zona Sul – 2005 " "
"Tab 25 – Origens das matérias-primas utilizadas na " "
"industrialização de móveis na Zona Sul - 2005 "64 "
"Tab 26 – Produto Interno Bruto e renda "per capita" nos " "
"municípios da Zona Sul – 2003 "66 "
"Tab 27 – Potencial de consumo por categoria de produtos e " "
"serviços na Zona Sul – 2005 "67 "
"Tab 28 – Potencial de consumo por categoria de produtos e " "
"serviços no município de Pelotas - 2005 "68 "
"Tab 29 – Vetores de atração, no varejo, por grupos de " "
"produtos consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003 "69 "
"Tab 30 – Vetores de atração, no atacado, por grupos de " "
"produtos consumidos nos municípios da Zona Sul - 2003 "70 "
"Tab 31 – Vetores de atração nos serviços consumidos nos " "
"municípios da Zona Sul – 2003 "71 "
APRESENTAÇÃO
Este informe é resultado do CONTRATO de PRESTAÇÃO de SERVIÇO entre o
Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE (CONTRATANTE) e a
Fundação Dom Antônio Zattera (CONTRATADA) com sede no município de
Pelotas/RS.
Para a elaboração do informe Madeira e Mobiliário na Zona do Rio
Grande do Sul a Fundação assinou convênio com a Universidade Católica de
Pelotas – UCPEL para que seu INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA e ASSESSORIA –
ITEPA o fizesse.
O presente informe junto com dois outros – Indústria Naval e
Indústria Plástica – fazem parte do programa INVESTCENTRO da UCPEL que
busca subsidiar tecnicamente investidores com vistas à expansão econômica
de Pelotas e Zona Sul do Rio Grande do Sul e conseqüente redução dos
desequilíbrios regionais.
A indústria de móveis do Brasil está geograficamente dispersa pelo
território nacional, localizando-se principalmente na região centro-sul do
país, que corresponde por 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra do
setor. No Brasil como em outros países, a indústria moveleira caracteriza-
se pela organização em pólos regionais, sendo os principais: Grande São
Paulo (SP), Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Arapongas (PR),
Ubá (MG) e Votuporanga e Mirassol (SP).
Com uma estrutura bastante fragmentada, o setor conta com,
aproximadamente, 13.500 empresas. Desse total, 10 mil são microempresas
(até 15 funcionários), 3 mil são pequenas empresas (de 15 até 150
funcionários) e 500 empresas são de porte médio (acima de 150
funcionários). Na quase totalidade são empresas familiares, de capital
inteiramente nacional. No entanto, nos últimos anos se verifica a entrada
de empresas estrangeiras no segmento de móveis de escritório, em geral, via
aquisição de fabricantes locais.
JUSTIFICATIVA
A produção mundial de móveis está estimada em mais de US$200 bilhões
por ano, com um mercado internacional de, aproximadamente, US$ 55 bilhões
anuais. Cerca de 50 países compram e vendem móveis, entre si.
No Brasil o setor também vem crescendo, acompanhando o panorama
mundial. Com razoável capacidade tecnológica o parque moveleiro nacional,
segundo o BNDES, está estruturado em mais de 13 mil empresas que empregam,
mais ou menos, 200 mil pessoas.
Alguns fatores têm contribuído para a expansão do setor no Brasil:
abertura da economia, ampliação do mercado interno ( melhora do poder
aquisitivo), estabilidade da inflação, redução dos custos indiretos
(político-conjunturais), baixo custo das madeiras reflorestadas,
aprimoramento da produção e investimentos em tecnologia e design.
Quase 90% da produção está concentrada no sul e no sudeste. As
madeiras processadas e reconstituídas (aglomeradas, MDF) são as mais
utilizadas em móveis. As madeiras maciças naturais são também usadas mas
estão em declínio. É de registrar que o eucalipto vem sendo cada vez mais
usado, principalmente, em dormitórios e salas de jantar.
Embora os investimentos venham crescendo, o design pode ser
considerado o aspecto mais vulnerável da indústria brasileira de móveis.
Mas esforços concretos são desenvolvidos pela ABIMÓVEL e por outras
instituições ligadas ao setor. Hoje já estão implantadas dois núcleos de
desenvolvimento de design (Curitiba e São Bento do Sul) e a meta é chegar
em trinta núcleos em todo o Brasil.
A ABIMÓVEL e a ABNT já realizam normatização e certificação em alguns
segmentos moveleiros como: escritório, escolar, cozinhas, vidros, tecidos
e ferragens e acessórios.
As previsões de crescimento do setor no Brasil são de 10% a 12%
anuais entre 2006 e 2010. isto, porque o setor apresenta competitividade em
razão da disponibilidade de mão-de-obra e de matérias-primas.
É neste contexto que se visualiza para a região polarizada pelo eixo
econômico Pelotas/Rio Grande o estímulo à consolidação de um pólo
madeireiro-mobiliário apoiado num conjunto de fatores, já presentes na
região:
- parque industrial de quase 300 empresas ligadas à produção de móveis
e ao beneficiamento de madeiras;
- vocação natural para atividades de florestamento e reflorestamento,
contando a região com mais de 60 mil hectares de eucalipto, pinus e acácia.
Estas atividades já estão presentes, na área, há mais de 30 anos;
- investimentos de grupos ligados à cadeia de celulose e papel que
entre outros objetivos buscarão a geração de excedentes de madeiras que
possam ser encaminhados para a indústria moveleira, para o beneficiamento e
para a construção civil.
METODOLOGIA
O informe setorial MADEIRA E MOBILIÁRIO NA ZONA SUL DO RIO GRANDE DO
SUL foi elaborado tendo como instrumentos: pesquisa secundária,
bibliografia especializada, pesquisa de campo e entrevistas com
empresários. Assim foram coletadas informações em diversas fontes como:
FEE, FAMURS, IBGE, sindicatos e outros.
No caso do BRDE foram transcritos alguns textos integrais do estudo
Florestamento na Região Sul do Brasil – Uma Análise Econômica
(setembro/2003). Essa transcrição se justifica primeiro, por ser o referido
estudo atualizado e segundo por ser o presente informe de circulação
restrita à decisão do Banco.
O conteúdo geral é de responsabilidade do ITEPA/UCPel que se
responsabiliza, também, por erros de transcrições ou interpretações das
fontes.
Para conhecimento do setor na Zona Sul do Estado o ITEPA, além das
fontes já citadas, fez ampla pesquisa junto à empresas de base florestal
localizadas na região que, no decorrer do estudo é denominada de Zona Sul
ou Eixo Econômico Pelotas/Rio Grande.
As informações e dados quantitativos demonstrados são os mais
atualizados disponíveis.
1. REGIÃO – ALVO
1.1 A região
Os levantamentos tiveram como origem a composição político-
administrativa do Rio Grande do Sul tendo por base os municípios
componentes da Associação dos Municípios da Zona Sul – AZONASUL.
Além dos municípios da Zona Sul, o ITEPA/UCPel incluiu em seus
trabalhos os municípios de Bagé, Candiota, Caçapava do Sul, Hulha Negra e
Aceguá. Isto porque estes municípios possuem vínculos econômicos mais
fortes com o eixo Pelotas/Rio Grande, do que com suas regiões de origem.
Dessa forma, a região de abrangência deste informe é composta pelos
municípios da Zona Sul mais os municípios atraídos pelo eixo Pelotas/Rio
Grande.
A tabela 01 mostra a constituição político-administrativa da região-
alvo. São 28 municípios numa área de 47.734,88 Km2 e uma população de
1.027.580 habitantes.
Tabela 01 – População e área (Km2) dos municípios da região Pelotas/Rio
Grande (Zona Sul) – 2003
"Municípios "População "Área km2 "
"Aceguá "4.001 "1.551,15 "
"Amaral Ferrador "5.878 "506,60 "
"Arroio do Padre "2.637 "130,00 "
"Arroio Grande "19.253 "2.544,80 "
"Bagé "116.999 "4.095,52 "
"Caçapava do Sul "34.308 "3.047,12 "
"Candiota "8.805 "933,84 "
"Canguçu "54.519 "3.525,06 "
"Capão do Leão "25.337 " 784,00 "
"Cerrito "6.994 " 461,50 "
"Chuí "5.839 " 200,70 "
"Cristal "6.720 " 682,10 "
"Herval "7.161 "2.798,30 "
"Hulha Negra "5.523 "822,94 "
"Jaguarão "30.816 "2.070,90 "
"Morro Redondo "5.977 " 247,10 "
"Pedras Altas "2.627 "1.381,00 "
"Pedro Osório "8.212 " 598,50 "
"Pelotas "329.833 "1.647,90 "
"Pinheiro Machado "14.134 "2.549,00 "
"Piratini "19.921 "3.562,50 "
"Rio Grande "190.242 "2.835,80 "
"Santa Vitória do Palmar "33.282 "5.242,70 "
"Santana da Boa Vista "8.800 "1.461,90 "
"São José do Norte "25.699 "1.135,30 "
"São Lourenço do Sul "44.480 "2.028,30 "
"Tavares "5.576 "604,25 "
"Turuçu "4.007 " 286,10 "
"Total Z.S. "1.027.580 "47.734,88 "
"Fonte: Famurs e FEE " " "
" " " "
1.2 Características gerais
Berço econômico do Rio Grande do Sul, a região se constitui,
atualmente, na melhor opção para a desconcentração industrial do Estado e
redistribuição espacial da economia gaúcha.
A localização geográfica, a topografia plana, a proximidade do
Uruguai e da Argentina, as boas condições climáticas e a baixa incidência
de problemas sociais apontam a Zona Sul como área de excelência para o
surgimento de uma economia ao mesmo tempo mais equilibrada e mais justa.
Investir na região é reduzir inversões, aliando economias de escala à
redução dos custos de projetos e dos custos públicos de disponibilização de
infra-estrutura. Centro do Mercosul, a região está pronta para receber
indústrias de vários setores, seja de mão-de-obra intensiva, seja de
tecnologia de ponta.
Dentre os muitos pontos fortes regionais os mais importantes são:
- infra-estrutura de excelente nível, principalmente
rodoviária, telecomunicações e portuária;
- proximidade dos principais mercados do Cone-Sul, Uruguai e
Argentina, via marítima e interconexão rodoviária de bom
nível;
- distribuição fundiária que contempla todos os tamanhos de
propriedades, e com isso permite uma diversificada pauta de
produtos agropecuários;
- centro de excelência acadêmica e de pesquisa com a presença
de quatro universidades o que gera qualificação de mão-de-
obra;
- condições edafo-climáticas próprias para expansão e
diversificação da lavoura;
- hierarquia urbana bem distribuída entre municípios de médio
porte (Pelotas, Rio Grande e Bagé) municípios de pequeno
porte (São Lourenço, Santa Vitória do Palmar e Canguçu) e os
demais municípios;
- estrutura terciária que abrange todos os segmentos do
comércio e dos serviços;
- terras irrigáveis que atingem um milhão de hectares e terras
aptas para florestamento;
- recursos hídricos em abundância;
- importantes jazidas de calcário mineral e de conchas marinhas
(calcário orgânico), e mais de 1,2 bilhões de toneladas de
carvão.
Todo esse potencial precisa ser realimentado através da integração da
atual estrutura produtiva com segmentos econômicos mais dinâmicos, segundo
uma política de promoção industrial que priorize setores de ponta e
indústrias pesadas capazes de compor uma matriz transformadora de riqueza.
Em sua área geográfica, vivem aproximadamente um milhão de habitantes,
dos quais 85,2% estão nas cidades e 14,8% estão na zona rural. O colégio
eleitoral atinge 76% da população.
A região possui sua economia sustentada na agropecuária e na
agroindústria, tendo como principais lavouras arroz, feijão, milho, soja,
batata-inglesa, cebola e pêssego e, como principais atividades pecuárias, a
criação de bovinos de corte, suínos, ovinos e derivados: leite e lã. No
setor industrial, predominam os produtos alimentares, minerais não-
metálicos, metalurgia e madeira. O comércio atacadista e varejista é grande
gerador de emprego e de renda e a estrutura de serviços diversificada com
ênfase na presença do setor financeiro.
A análise da economia da Zona Sul, através do Valor Adicionado,
indica a priori uma economia internamente equilibrada, uma vez que o VA se
distribui razoavelmente nas atividades produtivas.
Assim, a produção agrícola participa com 24,4% e a indústria de
transformação com 23,5% do VA, o que mantêm o equilíbrio entre as duas
atividades puxadoras dos fluxos financeiros. Esta estrutura melhora quando
se observa que as atividades de beneficiamento e comércio varejista
respondem juntas por 28,9% do VA o que, no conjunto, atinge 76,8%,
caracterizando uma economia tipicamente bem distribuída. O atacado e os
serviços respondem por 23,2%.
Já do ponto de vista das relações da Zona Sul com outras regiões, esta
distribuição explica a transferência continuada de poupança a partir da
importância de bens semiduráveis e bens de capital que na região não são
produzidos. A exportação de recursos funde-se no cotejo direto da estrutura
de produção com outras mais dinâmicas. Quanto ao retorno do ICMS, a Zona
Sul, no seu todo, encontra-se em condições iguais a de outras regiões, uma
vez que seus vinte e oito municípios apresentam um coeficiente em torno de
7,6%. Do total que retorna, Pelotas e Rio Grande detêm cerca de 25% cada um
e Bagé detêm 10%.
Com uma qualidade de vida igual à média estadual, a região pode criar
um modelo de crescimento em que se combine o tradicional e o moderno, o
rural e o urbano.
A Zona Sul detém 21% da produção de arroz e 10% de todos os grãos.
Cerca de trinta outras culturas são economicamente viáveis em toda a
região, destacando-se cebola, batata-inglesa, fumo, alho, pêssego, laranja,
tangerina, morango e outras.
Na pecuária, a região responde por 16% do rebanho gaúcho de corte,
possuindo também vários redutos de excelente pecuária leiteira, 23% do
rebanho ovino e uma nascente suinocultura que já conta com mais de três mil
matrizes.
Pelotas é um dos principais centros de comercialização de bovinos. No
âmbito dos minerais, a Zona Sul possui 58% das reservas gaúchas de carvão
energético, sendo, portanto, a maior área de concentração do Brasil. Além
do carvão, minerais como calcário, pedra ornamental, brita e areia,
igualmente possuem suas maiores reservas na região, enquanto cerca de duas
dezenas de outros minerais, como estanho, cobre, tungstênio, titânio,
turfa, diatomito, quartzo, feldspato, e molibdêmio encontram boas
perspectivas econômicas.
Tendo uma indústria com predominância dos gêneros alimentícios, é
preciso registrar a presença da maior rede de beneficiamento de grãos da
América Latina com uma centena de unidades beneficiadoras e armazenadoras
de arroz. Segue-se um importante parque processador de carnes apoiado numa
excelente capacidade de frio industrial e um importante setor conserveiro
com duas dezenas de unidades.
No setor terciário, a Zona Sul é considerada o maior centro atacadista
do interior gaúcho e se destaca por ter um setor de serviços em que
despontam as atividades bancárias.
No contexto fisiográfico, a Zona Sul faz parte de duas regiões: a
serra do Sudeste e sua encosta e o litoral sul.
Segundo o sistema de classificação climática de Keffen, na Zona Sul
ocorre uma variedade específica de clima temperado úmido "cf". É o chamado
clima subtropical "cfa" (ou virginiano), úmido, com chuvas todos os meses,
com temperaturas do mês mais quente superior a 22ºC, e do mês mais frio,
oscilando entre 3 e 18ºC.
As unidades de grupos de solos incluem: litossolo, podzólico, castanho
acinzentado, podzólico vermelho amarelo, planossolo, aluvião bem drenado,
aluvião mal drenado, podzólico hidromórfico e dunas. Quanto às águas, a
Zona Sul é contemplada com a presença dos três maiores reservatórios de
água doce do estado: Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Lagoa Mangueira.
2. PANORAMA FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL
1. Base florestal brasileira
2.1.1 Brasil no contexto mundial
De acordo com a FAO: " Num cenário mais amplo e de longo prazo, o
setor florestal mundial tenderá a passar por um processo de reordenamento,
cabendo às florestas nativas um papel cada vez mais importante na
bioprospecção e no fornecimento de serviços ambientais (fixação de carbono,
conservação do solo, regularização do regime hídrico, manutenção da
paisagem, da biodiversidade e ecoturismo) e um papel secundário no
fornecimento de madeira. Por outro lado, a demanda por madeira será cada
vez mais suprida por florestas cultivadas de forma intensiva, em rotações
mais curtas e de alta produtividade. As espécies de crescimento rápido,
como pinus e eucalipto, terão papel preponderante no fornecimento de fibras
industriais. As regiões tropicais e subtropicais do planeta deverão ampliar
significativamente suas participações no fornecimento de madeira cultivada
para a indústria, com destaque para os países do Cone Sul, na América
Latina, especialmente o Brasil e o Chile" (FAO. Unasylva, v. 52 n.
204,2001).
Em relação ao setor florestal brasileiro, segundo o MMA e estudos
realizados pela SBS, foi apontado um desequilíbrio entre oferta e demanda
de madeira já em 2004, obrigando parte da indústria brasileira de base
florestal a importar.
As perspectivas e tendências para a indústria de base florestal
brasileira foram contempladas no Programa Nacional de Florestas e no Fórum
de Competitividade da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis (2001), e por
instituições privadas representativas do setor e são apresentadas nos itens
a seguir.
2.1.1.1 Celulose e papel
Para atender demandas nacionais e internacionais, é previsto um
crescimento para o segmento de celulose e papel de 5% ao ano na produção,
ou seja, cerca de 3 milhões de toneladas. Esse aumento acelerado da
produção será obtido com a implantação de novas unidades industriais.
Com relação às projeções para o mercado externo, as perspectivas são
de um crescimento de 2,7% a.a. na demanda mundial. Quanto ao consumo, as
projeções indicam que a ampliação da produção das indústrias de celulose e
papel deparar-se-á com a limitação nos maciços e com as restrições legais
crescentes à extração de matas nativas.
2.1.1.2 Carvão vegetal
Mesmo com a tendência de estabilização no consumo e na produção, o
setor carvão vegetal e lenha é o que exigirá maior necessidade de plantio
de florestas devido ao esgotamento das localizadas nos maciços e às
restrições legais.
2.1.1.3 Compensados e laminados
A demanda nacional por compensados e laminados deverá crescer 3% a.a.,
sendo que o consumo nacional de compensados em 2005 foi da ordem de 1,0 a
1,2 milhão m³. A previsão é de que 50% da madeira utilizada na sua
fabricação sejam provenientes de florestas de pinus e 50% de madeira de
florestas nativas.
Esta indústria deverá ser atingida pela escassez de toras no mercado,
muito embora suas previsões de demanda estejam situadas num nível inferior
à sua capacidade instalada.
2.1.1.4 Painéis de madeira reconstituída
Em 2004, a produção nacional de painéis reconstituídos alcançou 5,4
milhões m³, sendo que o segmento que apresentará o crescimento mais
expressivo será o de MDF. As projeções indicam que a produção de MDF será
quadruplicada nos próximos 5 anos.
Já a indústria de aglomerados alcançou em 2004, uma produção de 3,2
milhões de m³, com destino quase que totalmente direcionado ao mercado
interno, principalmente de móveis.
Quanto ao consumo, para a produção de painéis reconstituídos estão
sendo utilizados, a partir de 2004, 10 milhões de m³/ano de eucalipto e
pinus, o que implica a necessidade de dobrar , em curto prazo, as áreas
florestais ligadas a estas indústrias. Como o limite estimado de produção
sustentada de toras de pinus é de 7 milhões m³/ano, se a demanda for
superior a este valor, ter-se-á, necessariamente, que consumir os estoques
em crescimento ou importar madeira.
2.1.1.5 Serrados
O crescimento previsto para a produção de serrados com utilização de
madeira de florestas nativas é de 3% a.a. e de 5% a.a. com madeira de
florestas plantadas. Os serrados de eucalipto contribuirão com 10 a 15% dos
serrados oriundos de plantações. A tendência é de que ocorra a substituição
parcial e gradativa na demanda de serrados de madeiras nativas por oriundos
de florestas plantadas.
Essa tendência, aliada à limitação da oferta no curto prazo devido às
reduzidas taxas de plantio nos anos 80 e 90, provocará escassez da matéria-
prima, especialmente no sul do País, com reflexo nos preços, fato que
restringirá processos de expansão da indústria brasileira, sobretudo no
segmento de fabricação de móveis maciços.
2.1.1.6 Móveis
Com relação a metas de crescimento, o fórum de competitividade da
cadeia produtiva da madeira e móveis estabeleceu para o setor moveleiro:
Aumentar as exportações de móveis de aproximadamente US$ 500
milhões, em 2000, para US$ 1 bilhão, em 2004;
Ampliar a produção do setor moveleiro a uma taxa média de
crescimento de 12% ao ano, o que alcançou um faturamento de R$
15,26 bilhões em 2004; e
Aumentar a base exportadora de móveis, passando das atuais 80
empresas para 300 empresas exportadoras.
2.1.1.7 Comentários e aspectos mercadológicos
A tendência crescente do consumo pelas indústrias de produtos de base
florestal aponta para a exaustão da base florestal plantada em 8 anos, a
partir de 1998, com a previsão de uma maior aceleração do processo nos
últimos anos.
Diversas iniciativas vêm sendo tomadas por governos, ONGs, empresas e
proprietários rurais, visando o aumento da cobertura florestal com sistemas
agroflorestais ou florestamentos propriamente ditos. A obrigatoriedade, já
imposta por alguns estados, de reposição florestal por parte dos
consumidores de matéria-prima, aliada a uma crescente conscientização por
parte da população e dos empresários em relação à importância da
preservação das florestas, tem ensejado uma redução gradativa do ritmo do
desmatamento e já se percebem os sinais de recuperação da floresta
brasileira, especialmente nos estados da região sul. Tais iniciativas,
todavia, não são suficientes para que possa ser revertido o atual quadro de
degradação das florestas brasileiras, sendo necessárias medidas de caráter
mais efetivo.
Entre as principais medidas que precisam ser adotadas, de acordo com
o PNF e com as entidades representativas do setor, destacam-se:
desburocratização e simplificação dos instrumentos normativos;
descentralização da gestão das ações de fomento florestal;
criação e adequação de linhas de crédito e financiamento compatíveis
com as especificidades de prazo, carência e maturação dos
empreendimentos do setor; e
fortalecimento das instituições de pesquisas
Outras medidas requerem implantação urgente, segundo as empresas do
setor:
modernização da indústria de base florestal;
elevação da agregação de valor da produção, e
ampliação da base florestal, integrando no processo produtivo as
pequenas e médias propriedades rurais.
No setor externo, as perspectivas de evolução da demanda por produtos
florestais demonstram a grande possibilidade que o Brasil tem de assumir
posição de destaque no cenário mundial. Contudo, para ser competitivo,
manter e ampliar sua participação no mercado externo é imprescindível a
adoção de práticas científicas e tecnológicas que assegurem elevado padrão
social e ambiental na produção. Isso se traduz na crescente necessidade de
utilização de práticas de manejo sustentável e de certificação florestal,
fatores cada vez mais identificados como vantagem competitiva no mercado
exportador.
2.1.1.8 Mercado mundial
O mercado florestal é dominado pelo Canadá (20,5%), os Estados Unidos
(11,5%) e Finlândia (7,5%) com áreas de florestas bem menores que as do
Brasil e sem as mesmas condições climáticas.
Os 10 maiores importadores respondem por quase 70% das compras.
Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália
figuram como os maiores compradores. Nos últimos cinco anos, a França
aumentou suas importações em 46%, e a China em 34%.
Celulose, papel e papelão são produtos de alto valor e respondem por
mais de 60% do movimento mundial do setor. Toras e madeiras serradas
respondem por 25% do mercado. Painéis e chapas ficam em terceiro lugar,
seguindo-se carvão vegetal, cavacos e resíduos. Em termos mundiais, 3% das
florestas cobrem 30% da madeira consumida. No Brasil, 1% dos recursos
atendem a 62% do consumo.
As exportações brasileiras seguem a estrutura encontrada no mercado
internacional. Papel, papelão e celulose participam com 68,5%, painéis,
chapas e laminados com 12,4%, toras e madeiras serradas com 17,3% e outros
produtos com 1,8%. " O setor moveleiro incluindo móveis de outras matérias-
primas, vem experimentando expressivo crescimento nas exportações. Já são
quase US$ 500 milhões anuais (Abimovel, apud Anuário Brasileiro da
Silvicultura / 2005).
2. Produção florestal
Em 2004, a produção primária florestal brasileira somou R$ 8,5
bilhões, dos quais 62% vieram da silvicultura (florestas plantadas) e 38%
do extrativismo vegetal (produtos coletados em vegetações nativas
espontâneas). Os produtos madeireiros representam 84% do valor da produção
extrativa vegetal e os não madeireiros, 16%.
Os dados oriundos da Pesquisa da Produção Vegetal e da Silvicultura de
2003 e 2004 (FIBGE) mostram a participação dos segmentos no valor total da
exploração florestal.
Dos produtos da silvicultura que apresentaram crescimento entre os
anos 2003 e 2004, a resina vegetal foi o destaque. Sua produção saltou de
50.957 t para 53.390 t, ou seja, uma expansão de 4,77%. Além desse produto
aparecem com aumento de produção casca de acácia-negra (1,55%), lenha
(0,30%) e carvão ( 0,15%).
O volume da madeira para celulose e papel caiu 6,55%, enquanto de
madeiras para outras finalidades apresentou uma redução de 17,81%. Em razão
disso, o volume total de mercadoria produzida no segmento da silvicultura
(87.515.161 m3) apresentou um recuo geral de 12,12% em 2004 em relação ao
ano de 2003.
No segmento da silvicultura, a produção de lenha no Brasil alcançou
34.004.554 m3 e o Rio Grande do Sul, o maior estado produtor, respondeu por
36,38% deste total. Os municípios gaúchos de Butiá, Santa Cruz do Sul e
Taquari foram os maiores produtores ao responderem, respectivamente, por
2,35%, 2,18% e 1,85% da produção nacional. O segundo estado maior produtor
foi São Paulo, com uma participação de 20,19% no total da produção nacional
de lenha proveniente da silvicultura. Em São Paulo, os principais
municípios produtores foram, Itapetininga, Itaberá e Ibiúna.
No ranking da produção nacional de madeira em tora para outras
finalidades (moveleira, construção civil etc), originada de florestas
plantadas, o estado do Paraná foi o primeiro produtor com 11.423.356 m3
produzidos, ou 27,70% do total nacional, que foi de 41.230.327 m3 . Seguem-
no, nas quatro colocações seguintes, Santa Catarina, com 25,03% do total do
país, São Paulo (21,35%), Rio Grande do Sul (10,74%), e Minas Gerais
(8,07).
2.1.2.1 Multiuso
De uma tora de árvore, a primeira e a segunda partes, de baixo para
cima, retiram-se as lâminas, a terceira parte da madeira serrada e o
restante servem para produção de celulose. Da madeira serrada são
produzidas pranchas, vigas, caibros, tábuas, serrados e outras. O
multilaminado é uma chapa feita por um número ímpar de lâminas, dispostas
perpendicularmente umas às outras.
Normalmente, os painéis são de pinus, mas existem diversos tipos de
painéis, como painel lateralmente colado e painéis aglomerados.
O MDF (chapa de fibra de média densidade) resulta de madeira
especialmente moída. É um processo caro, mas que produz painéis de alta
qualidade. O OSB são lascas de madeira colocadas de forma orientada.
Os serrados assumem diversas denominações como: pranchas, vigas,
vigotas, caibros, tábuas, sarrafos, e outros. A matéria-prima da madeira
serrada é proveniente de floresta plantada de pinus e eucalipto.
O reprocessamento da madeira serrada busca obter produtos com maior
vigor agregado. As espécies utilizadas na fabricação são o pinus e algumas
nativas, como ipê, imbuia e jatobá. Os produtos são variados: molduras,
painéis, pisos, pré-cortados, componentes estruturais e outros. Em
molduras, incluem-se portas, janelas e rodapés.
A madeira pode, ainda, receber revestimento. Existem três formas
básicas: tinta, verniz e stain. A tinta e o verniz formam uma película
sobre a madeira e com o stain ela é impregnada. Esse revestimento tem o
propósito de proteção contra fungos, cupins e intempéries.
2.1.2.2 Caracterização
A indústria de base florestal caracteriza-se pelos segmentos como
celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, geração de energia, móveis e
madeira, abastecimento na elaboração dos produtos terápicos e cosméticos, e
uma variada linha de tintas, resinas e vernizes, e também na cadeia de erva-
mate e borracha, entre outras.
Com faturamento anual de US$ 21 bilhões, o setor florestal apresenta
grande relevância no desenvolvimento nacional, devido ao grande número de
empregos que gera.
Para o faturamento total, o segmento de papel e celulose contribui com
57,1%, a indústria moveleira com 15,5%, a siderurgia com 14,3% e o setor de
madeira com 13,1%.
O setor de celulose e pasta mecânica produz 7,3 milhões de toneladas
por ano, sendo 75,3 proveniente de eucalipto e 24,7% de pinus; o de chapas
reconstituídas rende 3,6 a 3,8 milhões de m3 por ano; o de madeira serrada
de 7 a 10 milhões de m3 por ano; o de compensados de 1,2 a 1,8 milhões de
m3 por ano. O consumo anual de toras é estimado em 33 a35 milhões de m3 de
pinus e de 61 a 64 milhões de m3 de eucalipto, além de 53 milhões de m3 de
madeira nativa.
2.1.2.3 Competitividade
O Brasil é o país mais competitivo em produção de madeiras derivadas
de florestas plantadas como resultado de excelentes condições de clima e
solo. Eucalipto e pinus crescem mais rápido que nos países do hemisfério
norte, lideres, ainda, da produção mundial. No Brasil, o pinus leva 14 anos
para chegar no ponto de corte, enquanto que no hemisfério norte o tempo
mínimo é de 40 anos. Com o eucalipto, a relação é ainda melhor, pois
enquanto no Brasil o corte pode ocorrer aos sete anos, nas demais regiões o
tempo varia entre 20 e 30 anos.
Além dessa vantagem, o Brasil possui uma das tecnologias mais
avançadas em florestas plantadas de reflorestamento e de recuperação de
áreas degradadas. Dimensões continentais, acesso marítimo e mão-de-obra
qualificada completam o rol de vantagens brasileiras.
Apesar das vantagens, a performance da indústria florestal no Brasil
ainda é pouco dinâmica, inclusive há previsões de falta de madeira para
esta década. O Brasil já importa madeira do Chile, do Uruguai e da
Argentina.
2.1.2.4 Produção e consumo de produtos florestais
Entidades especializadas identificaram a existência de um débito
florestal que poderá levar ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda de
madeira para atender às projeções de crescimento das indústrias brasileiras
de base florestal.
O estoque anual de madeira, oriundo de florestas plantadas destinada a
todos os segmentos da indústria de base florestal, é da ordem de 815
milhões de m3.
No Brasil, estima-se que sejam cortados anualmente 450 mil hectares de
pinus e eucalipto para suprir todos os segmentos industriais. Enquanto
isso, a área média reflorestada estimada é de 180 mil hectares por ano, o
que ocasiona um déficit de 270 mil hectares.
O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal do mundo, o que
eqüivale a 14,5% da superfície florestal mundial, sendo superado apenas
pela Rússia (FAO, 2000).
Dos 845,7 milhões de ha que formam o território nacional ,
aproximadamente 63,7% são cobertos por florestas nativas e apenas 06% por
florestas plantadas . Essa ampla extensão de cobertura florestal impõe ao
Brasil uma posição estratégica nas questões ambientais mundiais, além de
dotá-lo de um grande potencial produtivo de produtos florestais madereiros
e não madereiros.
Até meados da década de 60, as florestas nativas, principal fonte de
suprimento de madeira para o setor de base florestal, foram cortadas sem
qualquer preocupação ou critérios oficiais com a racionalização da sua
extração.
Os programas de reflorestamento com incentivos fiscais (1967 a 1987)
imprimiram um crescimento vertiginoso ao setor, o que permitiu que a
atividade se estruturasse e se consolidasse como de vital importância para
a economia do país, criando empregos, elevando a renda e gerando excedentes
exportáveis.
Com a extinção do Fundo de Incentivo Setorial (1987), ocorreu uma
redução drástica nos plantios, fato que comprometeu a expansão do setor.
Em abril de 2000, o Governo Federal, através do Ministério do Meio
Ambiente, lançou o Programa Nacional de Florestas – PNF com o objetivo de
promover o desenvolvimento florestal sustentável. Entre as várias metas
estabelecidas destacam-se:
ampliar a base florestal plantada, passando dos atuais 180 mil para 630
mil ha/ano de plantio;
integrar processo produtivo às pequenas e médias propriedades rurais,
aumentando em 50% sua produtividade em 10 anos;
assegurar o suprimento de, no mínimo 10% da demanda de madeira em toras
na amazônia a partir da exploração de florestas nacionais até o ano de
2003;
incorporar 20 milhões de hectares da Amazônia e 560 mil do nordeste ao
regime de manejo Florestal Sustentado até 2010;
aumentar a participação do Brasil no mercado de madeiras tropicais de 4%
para 10% até 2010; e
incrementar as exportações de madeira de origem sustentável de menos de
5% para, no mínimo, 30% até 2010.
Para suprir o resto do déficit de madeira, a partir de 2002 o Brasil
precisa cumprir a meta prevista no PNF. Observadas as tendências de
crescimento de produção e consumo para cada um dos principais produtos, as
necessidades de reflorestamento no Brasil se encontram distribuídas
conforme a tabela 02.
Tabela 02 – Áreas plantadas com pinus e eucalipto no Brasil – 2000 1
"Estado "Pinus "Eucalipto "TOTAL "
"Paraná "605.130 "67.000 "672.130 "
"Santa Catarina "318.120 "41.550 "359.670 "
"Rio Grande do "136.800 "115.900 "252.700 "
"Sul " " " "
"Região Sul "1.060.050 "224.450 "1.284.500 "
"Total Brasil "1.840.050 "2.965.880 "4.805.930 "
Fonte: SBS, 2001.
Mesmo deficitária como matéria-prima industrial, a realidade mostra
que as florestas cultivadas estão assumindo um grau de importância cada vez
maior no cenário florestal brasileiro.
As florestas plantadas no Brasil ocupam, aproximadamente, 4,8 milhões
de hectares, dos quais cerca de 3 milhões de ha correspondem a
reflorestamento com eucalipto e 1,8 milhão a reflorestamento com pinus,
sendo a maior das plantações efetuadas pelas indústrias do setor ou por
iniciativa de alguns estados.
Do total de florestas plantadas, 75% estão vinculadas diretamente às
indústrias e 25% são florestas que estão disponíveis para o consumo no
mercado de roliças em geral.
Quanto ao rendimento florestal, segundo dados do MMA, as florestas
tropicais sob manejo produzem 20 a 30 m3/ha de madeira comercial, em ciclos
de corte de 30 anos, e as plantações florestais crescem até 45 m3/ha/ano
em ciclos de corte que variam (7,10,15,ou 25 anos) de acordo com a
finalidade da madeira (celulose, painéis e serrados) e do gênero (pinus ou
eucalipto).
1 As estatísticas da SBA referem-se, principalmente, ao reflorestamento
empresarial e, por isso, apresentam em alguns estados diferenças
significativas em relação ao IBGE, as quais incluem todas as áreas
reflorestadas nas pequenas propriedades.
Em função das condições climáticas e da reconhecida capacitação
tecnológica desenvolvida nas últimas décadas, a silvicultura no Brasil
apresenta vantagens comparativas em relação a outros países. Na Finlândia,
o rendimento é de 5 m3/ha/ano; em Portugal, é de 10 m3/ha/ano; nos Estados
Unidos é de 15 m3/ha/ano; e, na Africa do Sul, é de 18 m3/ha/ano
(PNF/2000).
Tabela 03 – Necessidades anuais de florestamento no Brasil
"Produtos "Mil ha/ano "
"Lenha "80 "
"Madeira serrada "130 "
"Carvão vegetal "250 "
"Celulose e papel "170 "
"TOTAL "630 "
Fonte: PNF
Essas necessidades indicam o plantio de 630 mil ha/ano.
Tabela 04 – Produção dos principais produtos florestais em 2001.
"Produto "Medida "2001 "
"Extração Vegetal "
"Carvão vegetal "t "1.729.319 "
"Erva-mate "t "182.177 "
"Lenha "m3 "49.001.583 "
"Madeira em tora "m3 "20.069.287 "
"Silvicultura "
"Carvão vegetal "t "2.092.309 "
"Erva-mate "t "645.965 "
"Madeira "m3 "30.042.485 "
"Madeira p/papel e "m3 "40.999.323 "
"celulose " " "
"Madeira p/ outras "m3 "28.758.815 "
"finalidades " " "
Fonte: PNF
Na exportação vegetal o maior volume se destina à produção de lenha
e, na silvicultura, o maior volume se destina à produção de papel e
celulose.
Tabela 05 – Atividade florestal brasileira – 2003
"Dados Econômicos " "
"PIB Florestal "US$ 21 bilhões (4% do "
" "total) "
"- Celulose papel "US$ 7,5 bilhões "
"- Siderurgia e carvão vegetal "US$ 4,2 bilhões "
"- Madeira e móveis "US$ 9,3 bilhões "
"Exportações "US$ 5,4 bilhões (10% do"
" "total) "
"Impostos Recolhidos "US$ 2 bilhões "
"Consumo de madeira (nativas + plantas) "300 milhões m3/ano "
"Empregos (diretos e indiretos) "2 milhões "
"Áreas Florestais " "
"Florestas nativas "530 milhões hectares "
"Unidades de Conservação Federal "43,5 milhões de ha "
"Plantações (eucalipto e pinus) "4,8 milhões de ha "
"Plantio anual "200 mil hectares "
"Florestas naturais " "
"Floresta natural densa "64% "
"Outras formas de vegetação natural "26% "
"Floresta aberta "10% "
"Uso do solo brasileiro (**) " "
"Floresta natural "66% "
"Outros usos (agricultura, pecuária, áreas "33,5% "
"urbanas etc) " "
"Floresta plantada "0,5% "
"Distribuição das florestas naturais por " "
"Estado (**) " "
"Amazonas "26,2% "
"Pará "23,7% "
"Mato Grosso "11,2% "
"Bahia "5,4% "
"Mato Grosso do Sul "4,2% "
"Rondônia "4,2% "
"Outros "25,2% "
"Distribuição das florestas plantadas por " "
"Estado " "
"Minas Gerais "1.678.700 ha "
"São Paulo "776.160 ha "
"Paraná "672.130 ha "
"Bahia "451.790 ha "
"Santa Catarina "359.670 ha "
"Rio Grande do Sul "252.700 ha "
"Espírito Santo "152.330 ha "
"Mato Grosso do Sul "143.700 ha "
"Amapá "92.860 ha "
"Outros "225.890 ha "
Fonte: SBS
** Fonte: Abimci
A tabela 05 mostra a grande importância que o setor tem para a
economia do país. São 4% da formação anual do PIB, que se distribuem por
mais de duas dezenas de atividades.
2.1.2.5 Estímulo para plantar
A prática da silvicultura, por parte dos agricultores brasileiros,
tem o apoio do governo, através de varias linhas de financiamento, quase
todas vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Principais programas
de incentivo ao reflorestamento são:
Pronaf Florestal: Esta linha de crédito contempla agricultores em três
faixas de rendimentos anuais, entre R$ 2 mil e R$ 14 mil. Os limites de
créditos oscilam em R$ 1 mil e R$ 6 mil. O pagamento pode ser feito em
até 12 anos com oito de carência e juros entre 1% e 4% ao ano, dependendo
da faixa de rendimento.
Propflora: Podem fazer uso dessa linha de financiamento empresas,
associações e cooperativas de produtores rurais, além de pessoas físicas
que atuem no segmento agropecuário. Os encargos financeiros aplicados são
de 8,75% ao ano, com a periodicidade do programa podendo ser semestral ou
anual, num prazo total de 144 meses. O crédito é limitado a R$ 150 mil.
Em 2005 foram disponibilizados R$ 50 milhões.
FNO Florestal: O crédito destina-se a estimular a prática de silvicultura
e do manejo florestal de uso múltiplo, a implantação de sistemas
agroflorestais e silvopastoris, assim como a aquisição de máquinas e
equipamentos, além dos projetos integrados. Os valores a serem acessados
variam de R$ 80 mil a R$ 4,3 milhões por contrato, com juros de 6% a
10,75% ao ano. O prazo de pagamento é de 16 anos, com até nove de
carência.
FNE Verde: Nos mesmos moldes do FNO Florestal, tem o limite de
financiamento definido pela capacidade de pagamento gerada para o projeto
e pelas garantias disponíveis. A taxa de juros anual varia de 6% a
10,75%. O prazo mínimo de pagamento é de 12 anos, com seis de carência.
FCO Pronatureza: A concessão de financiamento tem como teto R$ 4,8
milhões por contrato e taxas de juros anuais que variam de 6% a 10,75%. O
pagamento do financiamento tem prazo máximo de 20 anos, com 10 de
carência.
2.1.2.6 Um modelo nacional
O Brasil também já possui o seu mercado para negociação de ativos
gerados por projetos que promovam a redução das emissões de gases do efeito
estufa, lançado, no Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o
primeiro desse tipo a ser implantado em um país em desenvolvimento.
O MBRE entrou em operação no segundo semestre de 2005.
Com abertura do comércio nacional de créditos de carbono, o Brasil
amplia a possibilidade de que empresas nacionais e do exterior façam
investimentos em reflorestamento, utilizando o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, que permite não só que um país reduza suas emissões, mas que possa
investir em uma nação em desenvolvimento, além de obter créditos que
auxiliem no cumprimento das metas do Protocolo de Kyoto.
1. Base florestal do Rio Grande do Sul
1. Cobertura florestal
O Rio Grande do Sul realiza, a cada cinco anos, a atualização do seu
inventário florestal. O inventário de 2001 apresenta dados como os
apresentados na tabela abaixo.
Tabela 06 – Cobertura florestal no Rio Grande do Sul –1983 e 2001
" "1983 "2001 "Acréscimo "
"Floresta " " " "
" "Área "% "Área "% "Área "
" "( 1000 " "( 1000 " "( 1000 ha) "
" "ha) " "ha) " " "
"Natural "1.585,7 "5,6 "4.955,7 "17,5 "3.370,0 "
"Plantada "174,4 "0,6 "274,7 "1,0 "100,3 "
"Total "1.760,1 "6,2 "5.230,4 "18,5 "3.470,3 "
Fonte: Inventário Florestal – 2002, apud BRDE.
A cobertura vegetal existente corresponde a uma expansão de 197,2%
relativamente à posição verificada em 1983 e decorre principalmente do
abandono das áreas mais difíceis de serem cultivadas, o que possibilita uma
regeneração natural da vegetação dentro da legislação vigente, do
reconhecimento da importância e necessidade de conservação de florestas
nativas pela população, além de um aumento, embora pequeno, da área
cultivada.
A legislação e o plano de Manejo Florestal do Governo do estado
estabelecem que "para cada arvore cortada, os proprietários de florestas ou
empresas exploradoras de matéria-prima de florestas nativas, além da
reposição, deverão plantar 15 (quinze) mudas, preferencialmente das mesmas
espécies, com plantio obrigatório dentro de 1 (um) ano, sendo permitido o
máximo de 10% (dez por cento) de falhas, comprovado mediante laudo técnico
e vistoria do órgão florestal competente", (BNDES).
As florestas primárias, também conhecidas como matas virgens,
encontram-se nas unidades de conservação do Estado. Outra parte dos
remanescentes florestais estão em regiões elevadas, como topos de morros,
serras, encostas...
Segundo a SEMA/RS, atualmente as florestas nativas sujeitas ao manejo
têm, de um modo geral, grande valor ambiental e baixo valor econômico. As
áreas em processo de recuperação encontram-se em fase inicial de
regeneração onde predominam espécies pioneiras, importantíssimas para o
ambiente, mas com restrito potencial de utilização além de lenha como
energia.
Os resultados do Inventário mostram que o acréscimo da base florestal
plantada com essências exóticas, no Rio Grande do Sul foi de 100.352 ha nos
últimos 18 anos (crescimento de 57,4%) e as espécies mais utilizadas para
florestamento são: pinus elliottii, pinus taeda, eucalyptus grandis,
eucalyptus saligna e acácia mearnsi. O pinus é a matéria-prima mais
consumida na fabricação de móveis; o eucalipto na produção de celulose,
enquanto a acácia é fornecida para a produção de carvão e tanino.
Demonstram, também, que havia no Rio Grande do Sul, em 2001, 153.583
ha plantados de pinus, 111.525 ha de eucalipto e 9.640 ha de acácia,
totalizando uma extensão de 274.748 ha plantados com estas três essências
florestais.
A madeira proveniente de reflorestamento abastece a indústria
florestal gaúcha, estando prevista a falta de madeira de qualidade no
mercado a médio prazo, o que exige do poder público a adoção urgente de
medidas que estimulem o plantio de novas florestas.
Segundo dados da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), a
base florestal plantada hoje de pinus, eucalipto e acácia é suficiente para
atender à demanda somente até o ano 2005. Atualmente são plantados 9.000
ha/ano para um consumo de 28.000 ha.
O estado do Rio Grande do Sul enfrenta, atualmente, a concorrência da
Argentina e do Uruguai no fornecimento da madeira para as indústrias
gaúchas de base florestal.
2. A indústria de base florestal no Rio Grande do Sul
Segundo dados do sindicato da Madeira do RS, a indústria de base
florestal do estado é composta por cerca de cinco mil empresas, que
empregam diretamente 50 mil pessoas. O faturamento anual é de,
aproximadamente, US$ 2.500 milhões, distribuídos, principalmente, entre o
setor moveleiro (US$1.400 milhão), celulose e papel (US$ 550 milhões) e
serrarias (US$ 200 milhões).
O setor contribui com 4% na formação do PIB estadual e com 5% do ICMS
gerado no estado. No mercado externo a participação da indústria foi
bastante expressiva, atingindo US$ 366,5 milhões em exportações em 2001
segundo dados da Secex.
O segmento da madeira serrada é composto por 1.680 empresas e produz
720 mil m³ por ano, sendo 15% desse total destinados ao mercado externo,
principalmente Itália e Estados Unidos. Já a produção de chapas e painéis é
de cerca de 258 mil m³ por ano.
Quanto à indústria do mobiliário, representada por 2.800 empresas,
ocupa diretamente 30 mil pessoas e participa com 22% de toda a produção
nacional de móveis. Este segmento da indústria exportou em 2001 US$ 152,7
milhões, levando o Rio Grande do Sul a ocupar a segunda posição entre os
estados brasileiros exportadores de móveis.
O Rio Grande do Sul apresenta uma posição privilegiada na produção e
no comércio de produtos florestais. É praticamente o único produtor de
acácia negra no país, tendo atingido em 2001 uma produção de 212,4 mil
toneladas de casca.
No mesmo período, a produção de madeira bruta de espécies cultivadas
para a produção de papel e celulose alcançou 2.600 mil m³, correspondendo a
um acréscimo de 28,4% sobre a produção do ano anterior e equivalente a 6,4%
da produção brasileira. Toda a madeira para transformação em papel e
celulose provém da silvicultura.
A participação das florestas nativas no fornecimento de madeira para
processamento mecânico vem diminuindo ano a ano no Rio Grande do Sul.
Tabela 07 – Produção de produtos florestais no Rio Grande do Sul 1998 /
2001
" " " "ANOS " " "
"Produto "Unidade" " " " "
" " "1998 "1999 "2000 "2001 "
" "
"EXTRAÇÂO VEGETAL "
"Carvão Vegetal "t "1.879 "1.889 "1.865 "1.740 "
"Erva-mate "t "25.622 "23.095 "23.234 "24.001 "
"cancheada " " " " " "
"Lenha "m³(mil)"3.113 "2.929 "2.737 "3.107 "
"Madeira em tora "m³(mil)"105 "127 "132 "123 "
"Palmito "t "- "- "- "- "
"Pinhão "t "524 "562 "550 "568 "
"Pinheiro "m³ "3.565 "489 "366 "389 "
"brasileiro " " " " " "
"(nó-de-pinho) " " " " " "
"Pinheiro "mil "5 "6 "5 "2 "
"brasileiro " " " " " "
"(árvores " " " " " "
"abatidas) " " " " " "
"Pinheiro "m³ "8.779 "10.589 "10.014 "2.122 "
"brasileiro " " " " " "
"(madeira em tora)" " " " " "
" "
"SILVICULTURA "
"Acácia negra "t "255.947 "242.544 "277.807 "212.425 "
"(casca) " " " " " "
"Carvão Vegetal "t "39.713 "41.188 "37.238 "35.117 "
"Eucalipto (folha)"t "18 "17 "17 "17.116 "
"Lenha "m³(mil)"8.292 "9.109 "9.350 "9.159 "
"Madeira em tora "m³(mil)"4.520 "4.012 "4.629 "5.312 "
"Madeira em tora/ "m³(mil)"1.629 "1.687 "2.057 "2.642 "
"papel e celulose " " " " " "
"Madeira em tora /"m³(mil)"2.891 "2.325 "2.572 "2.670 "
"outras " " " " " "
"finalidades " " " " " "
"Resina "t "2.108 "3.208 "3.218 "1.947 "
"Fonte: IBGE, Produção da extração vegetal e da silvicultura, sistema "
"SIDRA, apud BRDE "
Como no Brasil, o setor florestal gaúcho expande anualmente sua
participação na riqueza estadual.
3. Exportação de produtos florestais no Rio Grande do Sul
As exportações de produtos florestais do Rio Grande do Sul vêm
sofrendo uma ligeira retração, decorrente, principalmente, da queda nas
exportações de pastas celulósicas e móveis.
Tabela 08 – Exportações de produtos florestais no Rio Grande do Sul 2000 /
2002
(US$ 1000 – FOB)
"ITEM "2000 "2001 "2002 "
"Erva-mate "20.185 "21.135 "15.212 "
"Madeira e obras de madeira "80.247 "84.955 "110.405 "
"Papel e Celulose "162.077 "107.684 "112.419 "
"Pasta de mad. e outras mat. "135.804 "81.573 "87.369 "
"fibrosas " " " "
"Papel e cartão Kraft e suas "26.273 "26.111 "25.050 "
"obras " " " "
"Móveis madeira e suas partes "129.221 "152.736 "119.316 "
"Total de produtos florestais "391.730 "366.510 "357.352 "
"Total das exportações "5.779.942 "6.345.359 "6.375.466 "
Fonte: MDIC/SECEX – Sistema Alice – 2003, apud BRDE.
Em 2002, o Rio Grande do Sul ocupou a sexta posição entre os estados
exportadores de produtos florestais, respondendo por 8,3% das exportações
brasileiras deste segmento.
3. INDÚSTRIA DE BASE FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL
A cadeia produtiva da madeira pode ser compreendida pela observação
do gráfico abaixo.
Cadeia Produtiva da Madeira
Fonte: BNDES, Apud BRDE.
No que diz respeito à integração (verticalização) da cadeia produtiva,
há diferentes situações dentro do setor: há atividades constituídas e
operacionalizadas de forma altamente integrada, como é o caso das ligadas à
produção de papel e celulose, e atividades com um baixo nível de
integração, como as das serrarias e laminadoras2. Quanto maior a integração
da cadeia, maiores as condições de elevarem-se os ganhos de
operacionalização e de produtividade. Dessa forma, os florestadores não
integrados tem um risco adicional3 em relação aos integrados: em situações
de deficiência de demanda, à época do corte da floresta, os não integrados
obterão retorno médio em relação ao mercado, podendo em situação extrema,
se virem obrigados a adiar a colheita para não chegar a sofrer perdas
significativas de receitas.
A indústria brasileira de base florestal é constituida por 255
fábricas de celulose e papel, pertencentes a 205 empresas, distribuidas em
16 estados; cerca de 7.000 unidades de processamento primário e secundário
de madeira, a maior parte localizada na Amazônia; 15.000 fábricas de móveis
e componentes de móveis; e 110 indústrias siderúrgicas que utilizam carvão
vegetal, concentradas, principalmente, no estado de Minas Garais.
O setor registrou, no ano de 2001, um consumo superior a 300 milhões
de m3/ano, que foram destinados ao uso industrial. Empregou cerca de 2
milhões de pessoas, direta e indiretamente, gerou aproximadamente US$ 2
bilhões em impostos. Teve uma participação de 4% na composição do PIB
nacional, com um faturamento de US$ 21 bilhões, e as exportações atingiram
cerca de US$ 4,2 bilhões, o que corresponde a 8% do total das exportações
do Brasil.
Não obstante possuir o maior estoque de madeira tropical do mundo,
solos e climas favoráveis e disponibilidade em termos de terra e mão-de-
obra, a participação brasileira no mercado mundial tem sido muito modesta.
O comércio internacional de produtos florestais, no ano de 2001, foi de US$
290 bilhões e a participação brasileira foi de apenas 1,4%. Há um espaço
amplo para o crescimento do setor no mercado internacional, dependendo de
fatores como agregação tecnológica e inovação, maior capacidade
organizacional da iniciativa privada e aporte de recursos financeiros em
condições adequadas às características do setor, dentre outros.
2Serrarias e laminadoras somadas às indústrias de compensados e aglomerados
diversos, são os principais fornecedores da indústria de móveis.
3O fato do setor ter um longo ciclo de produção já é indicador de elevação
do risco para as empresas que nele operam.
1. Madeira processada
A tabela abaixo indica que as florestas nativas são utilizadas,
principalmente, nas serrarias e laminadoras. Por outro lado, as florestas
plantadas têm a preferência de utilização dos demais produtos.
Tabela 09 – Consumo de madeira industrial em toras no Brasil – 2000 (mil
m3)
"Produto "Nativas "Plantadas "Total "% Nativa "
"Celulose e papel "0 "32.000 "32.000 "0,0 "
"Carvão vegetal "11.800 "33.400 "45.200 "26,1 "
"Lenha industrial "16.000 "13.000 "29.000 "55,2 "
"Serrados "34.000 "15.100 "49.100 "69,2 "
"Lâminas e compns. "2.050 "3.960 "6.010 "34,1 "
"Painéis "0 "5.000 "5.000 "0,0 "
"reconstituidos* " " " " "
"TOTAL "63.850 "102.460 "166.310 "38,4 "
Fonte: Abracave, STCP, Abipa, Abimci, Bracelpa, SBS, 2001, apud BRDE.
*Inluem: Aglomerados, Chapas de Fibra e MDF.
3.1.1 Compensados
Uma característica importante desse ramo de indústria é o porte
bastante diversificado, predominando empreendimentos de pequeno porte, com
organização tipicamente familiar. Estima-se que no Brasil, atualmente,
existam, operando, cerca de 300 empresas no setor.
Informações da ABIMCI indicam que 60% do compensado nacional é
produzido com madeira tropical, e os demais 40% com madeiras de florestas
plantadas (na região Sul e Sudeste, sobretudo pinus)4.
A principal destinação dos compensados é a indústria moveleira, que
absorve, aproximadamente, 45% da produção, seguida da construção civil,
com 34% e embalagem, com cerca de 17% (ABIMCI/2001). O mercado de
compensados, no Brasil, vem crescendo a uma média anul de 8% na produção,
para um cerescimento anual de aproximadamente 3% no consumo.
4Registre-se que o compensado do tipo "combi" (face em madeira tropical e
miolo em madeira de pinus) está ganhando cada vez mais espaço,
principalmente no mercado interno.
Nas exportações, o crescimento médio anual tem se situado em torno de
16,5% sendo os principais destinos do compensado brasileiro o Reino Unido
(24,5%), EUA (17,9%) e Alemanha (11,0%). Enquanto o compensado de pinus é
responsavel por cerca de 80% do volume exportado no período de 1998 a
2000, o mercado interno tem sido suprido predominantemente, com compensado
produzido de madeira tropical4.
3.1.2 Serrados
A agregação da tecnologia é um dos fatores responsáveis pela evolução
média anual de 4,4% na produção e de 3,9% no consumo de madeira serrada nos
últimos anos e tem contribuído para dar competitividade aos três principais
segmentos a que se encontra vinculada: a indústria moveleira, a indústria
de embalagens e a indústria da construção civil.
A utilização da madeira proveniente de florestas plantadas é uma
tendência que vem se consolidando nos últimos anos, principalmente o pinus.
Em 1990, a madeira serrada correspondia a 26% do total da produção de
serrados no Brasil, passando para 30% em 2000 (ABIMCI – 2000).
Com relação ao mercado externo, é crescente a participação da madeira
serrada no comércio internacional. Os principais destinos das exportações
brasileiras de serrado são EUA (36,3%) e França (11,0%).
Tabela 10 – Produção, consumo e posição no mercado externo de produtos
florestais brasileiros – 2000.
"Produto "Unidade "Produção "Consumo "Part. Mundial "
" " "(milhões) "(milhões) " "
"Celulose "ton "7,6 "4,4 "4,2 "
"Papel "ton "7,2 "5,9 "2,2 "
"Carvão "mdc "26,0 "25,4 "- "
"vegetal " " " " "
"Serrados "m3 "19,6 "18,3 "4,3 "
"Compensados "m3 "1,95 "1,0 "2,9 "
"Painéis "m3 "2,7 "2,5 "3,0 "
"reconst. " " " " "
Fontes. BRDE.
3. Celulose e papel
As empresas brasileiras do setor registraram, em 2000, a produção de
7,6 milhões de toneladas no segmento de celulose, e 7,2 milhões de
toneladas no segmento de papel.
O setor de papel e celulose tem hoje a totalidade do seu
abastecimento oriundo de madeira de florestas plantadas, principalmente dos
gêneros eucalipto e pinus. No ano em questão, 64% da matéria-prima
consumida foi de fibra curta e 36% de fibra longa.
O país exportou 4,5 milhões de toneladas, confirmando sua posição como
7º produtor mundial de celulose e 12º produtor mundial de papel,
consolidando-se como principal fornecedor de celulose branqueada de
eucalipto (fibra curta) no mercado internacional, sendo responsável por 47%
da capacidade mundial desse tipo de fibra (SBS-2000).
3.1.4 Produtos de maior valor agregado (PMVA)
No final dos anos 80, a crescente competitividade a que se viram
submetidas as empresas brasileiras produtoras de serrados, sobretudo as de
médio e grande porte, levaram-nas a investir em processos e produtos que
agregassem maior valor ao produto serrado.
Destacam-se como principais PMVA produzidos no Brasil os blocks,
blancks, molduras, painéis reconstituídos (aglomerados, chapas de fibra a
MDF), pisos de madeira e janelas, pré-cortados, componentes estruturais e
EGP (Edge Glued Panel).
A principal matéria-prima utilizada para a fabricação de PMVA é o
pinus, que provém, principalmente, de florestas plantadas localizadas nos
estados do Paraná e de Santa Catarina, e de algumas espécies nativas da
Amazônia, como o ipê, imbuia, jatobá e outras. O eucalipto, devido ao seu
potencial produtivo, vem ganhando importância nos últimos anos.
A maior parte da produção de EGP é absorvida pela indústria moveleira
nacional, através de uma atuação integrada. O crescimento anual da produção
do EGP tem se situado em torno de 4% e o do consumo abaixo de 1%. As
exportações têm como principal destino Alemanha e Coréia, e vêm evoluindo a
uma média anual de 29%.
Já o segmento blocks e blanks, e o de molduras vêm atingindo um
crescimento médio anual de produção de 10% e 54%, respectivamente. No
consumo, a média anual de crescimento tem sido de 40% para blocks/blanks e
de 171% para molduras.
Tabela 11 – Produção de PMVAs no Brasil – 1995/2000
"Ano "Total "Blocks/Blanks"EGP "Molduras (1) "
"1995 "515 "250 "230 "35 "
"1996 "560 "270 "240 "50 "
"1997 "645 "310 "250 "85 "
"1998 "695 "330 "255 "110 "
"1999 "781 "361 "267 "133 "
"2000 "975 "390 "285 "300 "
Fonte: ABIMCI, 2001, apud BRDE.
1) Tipo exportação.
3.1.5 Painéis reconstituídos
O segmento de painéis reconstituídos no Brasil é composto por um
reduzido número de indústrias, com a caracteríistica de atuarem em grande
escala. A matéria-prima utilizada para a fabricação de painéis
reconstituídos consiste somente nas madeiras tipo pinus e eucalipto.
Tabela 12 – Produção, consumo, exportação e importação de painéis
reconstituídos – 2000
"Produtos "Produção "Consumo "Exportação "Importação "
"Aglomerados "1.762.220 "1.761.857 "15.712 "15.349 "
"Chapa de "558.766 "363.846 "194.920 "0 "
"fibra " " " " "
"MDF "381.356 "388.878 "3.037 "10.559 "
Fontes: ABIPA,SECEX 2000, apud BRDE.
O MDF, que apresenta um parque fabril bastante moderno por ter sido
instalado recentemente no país, vem conquistando mercado pela sua
utilização cada vez mais crescente no país, pela indústria moveleira e de
construção civil e ocupando um espaço até então reservado à madeira maciça
e a outros painéis reconstituídos. Até o ano de 1996, todo o material de
MDF era importado pelas empresas brasileiras.
O segmento de chapas de fibra (cujo parque fabril nacional data dos
anos 60), não obstante a significativa participação no desempenho atual do
segmento, vem perdendo participação devido à substituição por outros
produtos, notadamente o MDF.
3.1.6 Móveis
Dados do ministério do trabalho (MTb – Rais 2000) indicam que o setor
mobiliário é formado por 15.540 micro, pequenas e médias empresas, a grande
maioria constituída por capital nacional, registrando concentração bastante
elevadas nas regiões Sul e Sudeste. Na região Sul, estão localizadas,
principalmente, nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Dada a expressividade das atividades informais do ramo, o número de
estabelecimentos informais da indústria moveleira é bastante diferente do
número total de estabelecimentos existentes. Segundo informações da
Abimóvel, o número total de empresas produtoras de móveis, incluindo as
informais, deve chegar a 50.000, enquanto o faturamento, em 2001, atingiu
R$ 9,7 bilhões.
A competitividade do setor moveleiro brasileiro é uma realidade.
Fatores como: variedades de matérias-primas, mão-de-obra, profissionais e
experiência acumulada, sobretudo nos pólos localizados na região Sul e
Sudeste, contríbuiíram para a sua efetivação.
Também merecem dsestaques como fatores que contribuíram para o
desempenho do setor no mercado externo as melhorias ocorridas nos processos
e produtos, a renovação do parque tecnológico, com elevação dos
investimentos em equipamentos mais atualizados e maior participação do
mercado americano.
Os principais destinos das exportações brasileiras de móveis em 2002
foram: Estados Unidos (39%), França (18%), Alemanha (8%), Reino Unido
(7,1%) e Países Baixos (6,8%).
Devido à retração do mercado argentino, houve um deslocamento das
vendas para o mercado americano, o qual passou de uma participação de 23,5%
em 2000, para os 39% de 2002.
3.1.7 Exportações de produtos brasileiros
Apesar das vantagens comparativas na produção de madeira, o país
ainda detém modesta posição no mercado mundial. Segundo dados de
instituições representativas do setor, o comércio internacional de produtos
florestais em 2001 foi de US$ 290 bilhões, enquanto as exportações
brasileiras foram de apenas US$ 4,2 bilhões.
Os maiores exportadores foram os Estados de Santa Catarina, Paraná e
São Paulo e os principais destinos foram os Estados Unidos e Países da
União Européia.
Os dados revelam que cresce a dependência do comércio de madeira do
Brasil com os Estados Unidos e a União Européia, diminuindo a relação
comercial com os demais países.
Tabela 13 – Exportações de produtos florestais – Brasil - 2001/2002
(US$ 1000,00 FOB)
"Item "2000 "2001 "2002 "
"Erva-mate "28.178 "27.729 "20.990 "
"Madeiras e obras de "1.478.419 "1.491.391 "1.765.358 "
"madeira " " " "
"Papel e celulose "2.543.412 "2.190.119 "2.055.585 "
"Pasta de mat. e outras "1.602.407 "1.247.590 "1.161.237 "
"mat.fibrosa " " " "
"Papel e cartão Kraft e "941.005 "942.529 "894.348 "
"suas obras " " " "
"Moveis de madeira e suas"392.229 "508.964 "453.782 "
"partes " " " "
"Total produtos "4.442.238 "4.218.203 "4.295.715 "
"florestais " " " "
"Total Geral das "55.085.595 "58.222.642 "60.391.786 "
"Exportações " " " "
Fonte: MDIC/SECEX – Sistema Alice; Instituto CEPA, apud BRDE.
A exportação de móveis de madeira e suas partes ainda apresenta uma
participação muito modesta nas exportações de produtos florestais. No
período exposto na tabela 13 a participação foi em média de 0,77% por ano.
8. Localização da indústria do mobiliário
A indústria de móveis do Brasil está geograficamente dispersa pelo
território nacional, localizando-se na região centro-sul do país, que
responde por 90% da população nacional e 70% da mão-de-obra do setor. No
Brasil, como em outros países, a indústria moveleira caracteriza-se pela
organização em pólos regionais, sendo os principais: Grande São Paulo (SP),
Arapongas (PR), Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Ubá (MG) e
Votuporanga e Mirassol (SP).
Com uma estrutura bastante fragmentada, o setor conta,
aproximadamente, com 13.500 empresas. Desse total, 10 mil são microempresas
(até 15 funcionários), 3 mil são pequenas empresas (de 15 até 150
funcionários) e 500 empresas são de porte médio (acima de 150
funcionários). Na sua quase totalidade, são empresas familiares, de capital
inteiramente nacional. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado a
entrada de empresas estrangeiras no segmento de móveis de escritório, em
geral, via aquisição de fabricantes locais.
9. Formação da cultura industrial moveleira
No começo do século XX, na região da grande São Paulo, de pequenas
macenarias de artesãos italianos surgiram as principais indústrias
moveleiras, com a maior parte de sua produção voltada para o mercado
popular em formação. Os pólos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são
igualmente pioneiros na produção de móveis5.
5.Adaptado de http://www.abimóvel.org.br/d_suma.htm, (3. 1. 9 e 3. 1. 10).
Quadro 01 – Caracteristicas da formação industrial dos pólos moveleiros no
Brasil
"Pólos "Origem "Consolidação "
"Grande São Paulo (SP) "Marcenarias familiares "Década de 50 "
" "(imigração italiana) " "
"Noroeste Paulista (SP) " "Década de 80 "
"(Votuporanga e "Iniciativa dos empresários " "
"Mirassol) "locais. " "
"Ubá (MG) "Empresas atraídas pela "Década de 80 "
" "instalação da Móveis Itatiaia" "
" "na década de 60. " "
"Arapongas (PR) "Iniciativa de empresários "Década de 80 "
" "locais, com apoio " "
" "governamental (em particular " "
" "do município). " "
"São Bento do Sul (SC) "Instalação nos anos 60/inicio"Década de 70 "
" "dos 70, com apoio " "
" "governamental. " "
"Bento Gonçalves (RS) "Manufaturas de móveis de "Década de 60 "
" "madeira e metal originados da" "
" "fabricação de instrumentos " "
" "musicais e telas metálicas. " "
Fonte: Abimóvel, NEIT/IE/Unicamp
Os outros pólos como Mirassol, Votuporanga, Ubá e Arapongas - foram
implantados mais recentemente.
Na década de 90, o setor adotou, como estratégia básica, a renovação
de máquinas e equipamentos num processo que se estendeu, também, à
qualificação da mão-de-obra e à gestão administrativa. No entanto, a
estrutura empresarial continuou fragmentada, e, mesmo diante dos avanços
tecnológicos, foi pouco expressivo o número de fusões, parcerias e outros
mecanismos associativos.
10. Características gerais dos pólos moveleiros
No estado do Rio Grande do Sul, encontra-se o pólo moveleiro de Bento
Gonçalves, um dos mais importantes do país. Este pólo localiza-se na região
serrana do estado, incluindo outros municípios como Flores da Cunha e
Antônio Prado. Esta indústria é constituída por cerca de 160 empresas,
empregando mais de 6 mil funcionários e faturando acima de R$ 1 bilhão, o
que representa aproximadamente 50% das atividades econômicas destes
municípios. Além da região serrana, o município de Lagoa Vermelha apresenta-
se como um pólo moveleiro secundário do estado.
As empresas deste pólo moveleiro estão entre as maiores e mais
modernas do país, em particular as produtoras de móveis retilíneos
seriados, com destaque para Todeschini, Carraro e Florense, fundadas
respectivamente em 1968, 1961 e 1953. Além destas, destacam-se também
Delano, SCA, Pozza, Madem, Madesa, Marelli, Bertolini e Telasul, esta
última que produz móveis tubulares para dormitórios, pertence ao Grupo
Grendene. Apesar da produção estar voltada para o mercado interno, o pólo
moveleiro de Bento Gonçalves responde por aproximadamente 1/4 das
exportações brasileiras de móveis, sendo o segundo maior pólo exportador do
país.
O desenvolvimento da indústria moveleira de Bento Gonçalves deve-se,
em grande parte, ao notável associativismo existente entre os empresários
locais. A rica experiência de um trabalho conjunto com o objetivo de
construir vantagens competitivas consolidou-se na década de 80, com a
criação pelo SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do CETEMO
- Centro Tecnológico do Mobiliário, ainda hoje o principal do país. Este
centro de tecnologia tem como objetivo fornecer cursos de aprendizado e
treinamento e atendimento às empresas em forma de consultoria, além de
constituir um núcleo setorial de informações tecnológicas. Este
associativismo dos empresários também permitiu, em 1994, a criação do curso
superior de Tecnologia em Produção Moveleira pela Universidade de Caxias do
Sul.
O pólo moveleiro de São Bento do Sul possui, aproximadamente, 170
empresas, com elevada participação de médias e grandes empresas. Estas
empresas destinam cerca de 80% da produção para o mercado externo, composta
quase exclusivamente por móveis residenciais de madeira pinus. Entre as
principais empresas da região, destacam-se Rudnick, Artefama, Neumann,
Leopoldo, Zipperer, Weiherman, Serraltense e Três Irmãos.
A indústria moveleira de Arapongas concentra-se na produção de móveis
residenciais populares destinados ao mercado interno. Entretanto, possui
também algumas médias e grandes empresas de alta tecnologia que exportam
parte da sua produção, sendo responsáveis por aproximadamente 7% das vendas
externas de móveis do país. Cabe, ainda, destacar a existência de um certo
grau de associativismo entre as empresas da região, o que permitiu a
construção, em 1997, de um grande centro de eventos, com mais de 20 mil
metros quadrados, onde se realizou a primeira Movelpar - Feira de Móveis do
Paraná.
O pólo moveleiro de Ubá localiza-se no estado de Minas Gerais, na
"zona da mata mineira", a cerca de 300 km de Belo Horizonte. As primeiras
empresas surgiram nos anos 50, e hoje este pólo moveleiro se destaca por
possuir a maior fábrica de móveis do país, a Itatiaia, criada em 1964, e
que atualmente se concentra na produção de armários de aço para cozinha. O
pólo reúne, ainda, um conjunto de, aproximadamente, 300 empresas, na sua
maioria de pequeno e médio portes, voltadas quase exclusivamente para a
produção de móveis residenciais de madeira, destinados na sua totalidade ao
mercado interno.
No estado de São Paulo, a indústria de móveis apresenta produção
geograficamente dispersa, espalhando-se pela capital e pelo interior do
estado, mas é possível identificar a existência de duas aglomerações
regionais bem definidas: a da Grande São Paulo e a do Noroeste Paulista.
Deve-se ressaltar que Itatiba se apresenta como um pólo moveleiro
secundário e, no interior do Estado, os municípios de Araçatuba,
Fernandópolis, Osvaldo Cruz, Piracicaba e Porto Ferreira possuem grandes e
médias empresas produtoras de móveis, sem entretanto se constituírem em
pólos moveleiros.
A indústria de móveis do Noroeste do estado de São Paulo pode ser
subdividida, por sua vez, em dois centros regionais, representados pelas
cidades de Votuporanga e Mirassol. Apesar da proximidade geográfica e de
alguns projetos realizados em conjunto, é importante salientar que estes
pólos apresentam estruturas diferenciadas.
A indústria moveleira de Mirassol congrega cerca de 80 empresas,
responde por cerca de três mil empregos diretos e por mais de 50% das
atividades industriais do município, sendo responsável por aproximadamente
1/3 da arrecadação municipal.
As empresas deste pólo estão concentradas na produção de móveis
residenciais de madeira. As grandes e médias empresas atuam no segmento de
móveis retilíneos seriados, enquanto as pequenas empresas atuam quase
exclusivamente na produção de móveis torneados de madeira maciça.
A região de Votuporanga abriga aproximadamente 350 empresas
moveleiras, das quais 170 apenas no município de Votuporanga. Criada
recentemente, esta indústria já tem peso significativo na região,
empregando mais de 6 mil pessoas e representando cerca de 50% das
atividades econômicas dos municípios. A empresa mais antiga tem apenas 35
anos de existência e a média de idade do conjunto das empresas é inferior a
dez anos.
A maioria das empresas do pólo de Votuporanga está voltada para a
produção de móveis residenciais de madeira. Neste segmento, atuam dois
grupos de empresas: duas grandes/médias empresas (com destaque para a
Davanço), que produzem móveis retilíneos com painéis de madeira, e um grupo
expressivo de pequenas e médias empresas, que produzem móveis torneados a
partir de madeira maciça. Verifica-se, também, a importante participação
das empresas produtoras de móveis estofados. Além destas, nos últimos anos
observa-se uma crescente participação dos fabricantes de móveis metálicos
(tubulares).
A indústria moveleira da Grande São Paulo, o maior e mais
diversificado "pólo" do país, depois de sofrer significativa retração nas
últimas décadas, reúne aproximadamente 3,8 mil empresas e emprega 5,8 mil
trabalhadores. Esta indústria apresenta características bastante
particulares, ao se comparar com os demais pólos moveleiros do país. De
certa forma, é errôneo referir-se à indústria moveleira da Grande São Paulo
como um pólo homogêneo produtor de móveis, devido à sua elevada
heterogeneidade. Apesar da heterogeneidade, pode-se dividi-la em dois
grandes segmentos, para sua melhor caracterização: o de móveis residenciais
e o de móveis para escritório.
11. Comercialização
1. Canais de comercialização
Na comercialização, o principal canal adotado pelas empresas são os
representantes comerciais que atendem aos pequenos varejistas. No caso das
grandes e médias empresas, a venda também é feita direta ao varejo. A
franquia é usada, principalmente pelos pólos de Bento Gonçalves e São Bento
do Sul.
Cabe destacar que o pólo da grande São Paulo não segue o padrão de
comercialização do restante da indústria moveleira. Entre as empresas
selecionadas neste pólo, mais de 70% das vendas são realizadas diretamente
aos clientes finais. No segmento de móveis para escritório, a maioria das
vendas é efetuada diretamente aos usuários finais, existindo uma relação
muito próxima com estes. Por sua vez, a quase totalidades das PMEs da
indústria moveleira da grande São Paulo executa a sua produção sob
encomenda, atendendo diretamente aos seus clientes.
Tabela 14 – Distribuição relativa da comercialização por canais dos pólos
moveleiros do Brasil – 1997/1998
"Canais de "PÓLOS "
"Comercializaçã" "
"o " "
" "Mir. "Vot.1 "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S."B. Gonç "
"Sob "11% "10% "74% "10% "7% "0% "4% "
"encomenda/loja" " " " " " " "
"s " " " " " " " "
"Grandes "32% "32% "11% "43% "32% "22% "45% "
"varejistas " " " " " " " "
"Peq. "57% "58% "15% "47% "59% "50% "45% "
"Varejistas/rep" " " " " " " "
"re. " " " " " " " "
"Rede de "0% "0% "0% "0% "2% "0% "4% "
"franquias " " " " " " " "
"Representantes"0% "0% "0% "0% "0% "28% "2% "
"no exterior " " " " " " " "
"TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% "
Fonte: Elaboração Própria, com base de Dados do NEIT/IE/Unicamp,, Apud
Abimóvel.
Por fim, é importante ressaltar o processo de concentração do varejo,
já em estágio adiantado na Europa e principalmente nos EUA e que, devido ao
processo de internacionalização, também tem avançado no Brasil. Esta nova
estrutura de distribuição, por um lado, exige maior eficiência produtiva
das empresas moveleiras, em particular no que se refere ao design. Por
outro lado, leva a uma redução de margem de lucro da indústria de móveis,
devido ao maior poder de barganha dos varejistas (vide gorini, 1998 apud
BRDE).
2. Exportações
O pólo de São Bento do Sul está voltado para a exportação e responde
por 50% das exportações brasileiras de móveis.
Tabela 15 – Participação relativa das empresas exportadoras e não-
exportadoras de móveis por pólo-moveleiro no Brasil – 1996/1997
"Exportações "PÓLOS "
" "Mir. "Vot. "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S "B. Gonç."
"Exportadores "16% "0% "15% "0% "11% "92% "42% "
"Não exportam "84% "100% "85% "100% "89% "8% "58% "
"TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% "
Fonte: Elaboração própria, com base no banco de Dados do NEIT/IE/Inicamp,
Apud Abimóvel.
Também o pólo de Bento Gonçalves possui um expressivo número de
empresas exportadoras. Este pólo responde por 25% do total brasileiro de
exportações de móveis. No pólo da grande São Paulo, aproximadamente, 15%
das indústrias, ao mesmo tempo que atendem o mercado interno, também vendem
para o exterior, quase que exclusivamente móveis para escritório.
Os demais pólos estão voltados para o mercado interno.
3. Sucesso da produção
As pessoas destacam em primeiro lugar o preço e depois a marca como os
principais fatores para o sucesso dos produtos. As pequenas empresas
apostam mais nos preços enquanto que as empresas de porte consideram mais
importante a marca, indicando segmentos de mercado mais sofisticadas
tecnologicamente. Além desses dois fatores, a assistência técnica também
define preferência em móveis.
4. Processo produtivo e tecnológico
O padrão tecnológico da indústria brasileira de móveis é
reconhecidamente muito heterogêneo, variando de pólo para pólo, e também de
acordo com o porte das empresas. Nos casos das empresas líderes de Bento
Gonçalves, São Bento do Sul e Grande São Paulo, verifica-se que elas
apresentam níveis de atualização tecnológica similares aos internacionais.
As empresas líderes dos diversos pólos moveleiros encontram-se, em geral,
em fase avançada de atualização tecnológica e de modernização
administrativa, o que acarretou reduções significativas (de até dois
terços) da mão-de-obra nos últimos cinco anos.
Por outro lado, as empresas menores, em todos os pólos, apresentam
processos de produção intensivos em mão-de-obra, combinados com uma
surpreendente capacidade de introduzir mudanças nos modelos produzidos (com
rápida capacidade de absorção, por meio da cópia, dos novos modelos das
empresas maiores), decorrente da grande flexibilidade e aptidão produtiva
que caracteriza essas empresas.
Em suma, a "estratégia" adotada pelas empresas menores consiste na
rápida atualização tecnológica de produtos, fomentada pela cópia de modelos
lançados pelas empresas maiores. Desta forma, o sistema generalizado de
cópia introduz uma dinâmica própria no processo de capacitação produtiva e
tecnológica que não deve ser ignorada. As empresas de maior porte, por
outro lado, ao recorrer à padronização em maiores escalas produtivas
apresentam menor flexibilidade para os novos lançamentos, pois demandam
maior tempo para sincronizar todas as interfaces dos seus processos de
produção.
3.1.11.5 Investimentos/tecnológicos
Os investimentos realizados pelas grandes empresas na década de 90
justificam-se, principalmente, pela aquisição de equipamentos mais
sofisticados para trabalhar a madeira como as máquinas CNC (controle
numérico computadorizado) em geral importadas da Itália, Alemanha e
Espanha. Quanto às empresas de menor porte, os investimentos destinaram-se
à aquisição de equipamentos convencionais, quase sempre de fabricação
nacional.
O segmento de móveis retilíneos seriados, composto quase
exclusivamente por grandes empresas, apresenta o maior grau de atualização
tecnológica da indústria brasileira de móveis, sendo aquele que respondeu
pelo maior volume de investimentos dos últimos anos.
Cabe apontar que a tecnologia mais sofisticada se concentra
particularmente na produção de móveis planos. Tem-se, portanto, a formação
de uma cultura industrial na qual os processos produtivos e a maquinaria
passaram a determinar a forma do produto final, a matéria-prima utilizada e
a qualificação da mão-de-obra envolvida na fabricação dos produtos. Toda
essa estratégia produtiva conduziu a padronizações que restringiram as
alternativas de um design diferenciado, de "identidade nacional", tornando
a aparência dos móveis residenciais cada vez mais similares entre si.
No segmento de móveis de madeira maciça, constatou-se uma grande
heterogeneidade tecnológica, que inclui desde as modernas empresas
exportadoras até as pequenas empresas artesanais voltadas para produção sob
encomenda.
Por fim, no segmento de móveis para escritório existe uma grande
disparidade quanto à atualização tecnológica, mesmo entre as empresas
líderes. Neste segmento, a maioria das empresas apresenta processos
produtivos bastante sofisticados e simultaneamente convencionais, como a
marcenaria, convivendo com outros, como a metalurgia e a tapeçaria, que, em
geral, estão defasados tecnologicamente.
Em resumo, são relevantes os patamares de investimento das empresas
líderes em todos os pólos, sobretudo as de Bento Gonçalves, São Bento do
Sul e Grande São Paulo, mesmo tomando por referência o padrão
internacional. As tendências de investimentos em atualização tecnológica
parecem atingir todos os pólos e as empresas de todos os portes. Com
efeito, pode-se afirmar que a atualização tecnológica tem se mostrado um
fator indispensável para se atingir os níveis de produtividade e
competitividade exigidos atualmente pelo mercado.
Quadro 02 – Tecnologia de produção dos pólos moveleiros no Brasil – 1997/98
"Pólos "Tecnologia "Atualização "
"Grande São Paulo "Heterogênea: "Diferenciada: "
"(SP) "Seriados: Alta tecnologia "Rápida (incremental) "
" "Sob Encomenda: Artesanal "Lenta (cópias) "
" "Escritório: Elevada "2 anos (full line) "
" "complexidade " "
"Noroeste Paulista"Líderes (móveis retilíneos"Rápida "
"(SP) "e metálicos): Alta "Em andamento "
"(Votuporanga e "tecnologia " "
"Mirassol) "PMEs: Investimento em " "
" "mão-de-obra " "
"Ubá (MG) "Itatiaia: Alta tecnologia "Rápida "
" "PMEs: Níveis inferiores "Ritmo lento "
"Arapongas (PR) "Líderes: Média capacitação"Em andamento "
" "PMEs: Níveis inferiores "Em andamento "
"São Bento do Sul "Grandes Exportadoras: "Ritmo acelerado "
"(SC) "Capacitação acima da média"Rápida "
" "nacional " "
" "Médias Empresas: Boa " "
" "capacitação " "
"Bento Gonçalves "Maior capacitação nacional"Similar às empresas "
"(RS) " "estrangeiras "
Fonte: Abimóvel, com base no Banco de Dados do NEIT/IE/Unicamp
6. Novos Materiais
O uso do MDF (medium density fiberboard) pelas médias e grandes
empresas em substituição às chapas de aglomerados, significou um avanço
para o setor.
O MDF é versátil, permitindo maior diferenciação no produto final e
substituindo tanto as chapas de aglomerados quanto a madeira maciça. O MDF
tem um custo mais elevado, mas no processo industrial as empresas conseguem
redução de custos, já que muitas etapas de produção podem ser dispensadas.
Além disto, o MDF possibilita a incorporação de novas tecnologias e
inovações no design.
Cabe registrar, entretanto, que o MDF ainda está sendo utilizado em
paralelo com o aglomerado tradicional. Junto com o MDF, as empresas líderes
também têm utilizado novas matérias no acabamento dos painéis de madeira.
Entre os materiais que são utilizados de forma combinada, destacam-se
madeira, metal, plásticos, vidro, mármore ou granito e vime. O uso
combinado de matérias-primas tão variadas implica alterações no conceito do
produto, levando assim a importantes modificações do design moveleiro, que
exige um maior grau de liberdade para a criação de novas formas de
acabamento.
7. Design
As pequenas e médias indústrias não investem em design próprio,
utilizam o sistema "cópias" que se generalizou no setor. Assim, o design
próprio é uma característica das empresas de grande porte, principalmente
das empresas líderes.
Quadro 3 – Origem do "design" dos pólos moveleiros do Brasil – 1997/1998.
"Pólos "Tecnologia "
"Grande São Paulo (SP) "Residenciais: "
" "Grandes empresas: design próprio "
" "PMEs: projeto híbrido e cópias "
" "simples "
" "Escritório: alta sofisticação "
" "Compra e adaptação de projetos "
" "estrangeiros (maioria) "
" "Desenvolvimento próprio (design de"
" "padrão internacional) "
"Noroeste Paulista (SP) "3 líderes de Mirassol: estágio "
"(Votuporanga e Mirassol) "razoável de design próprio "
" "Projeto pólo IPD Votuporanga: "
" "associação de 25 empresas, algumas"
" "com desenvolvimento próprio de "
" "design "
" "PMEs: cópias "
"Ubá (MG) "Itatiaia: projetos próprios com "
" "destaque nacional "
" "PMEs: projetos híbridos e cópias "
" "simples "
"Arapongas (PR) "Líderes: projetos híbridos "
" "(visitas às feiras internacionais)"
" "PMEs: projetos híbridos (cópias de"
" "empresas nacionais) "
"São Bento do Sul (SC) "Grandes exportadoras: projetos "
" ""sob encomenda" "
" "Grandes empresas: projetos "
" "próprios e escritórios de design, "
" "com destaque para os móveis de "
" "cozinha "
" "PMEs: projetos híbridos "
"Bento Gonçalves (RS) "Líderes: desenvolvimento próprio "
" "(designers e escritório de design)"
" "com design de nível internacional "
" "PMEs: solução cooperatiovas "
Fonte: Elaboração própria, com base no Banco de Dados do NEIT/IE/Unicamp.
O quadro acima mostra que predominam no setor o "design" próprio ou
projetos híbridos.
3.1.11.8 Relações empresariais
A indústria moveleira é, em geral, pouco concentrada na maioria dos
países. Uma tendência observada nos principais produtores de móveis desde
os anos 80 é a menor verticalização da produção, com a predominância de
empresas especializadas mais fortes, com marcas importantes e design
diferenciado, que passam a articular cadeias produtivas por meio de redes
de subcontratação.
As empresas brasileiras apresentam um grau de verticalização
surpreendente, conforme ilustram as palavras de uma designer, de uma das
grandes empresas entrevistadas: "aqui nós fazemos tudo; hoje, temos
fornecedores apenas de ferro e plástico, que são os únicos setores que nós
não possuímos aqui dentro. Entretanto, ao conceber algumas peças mais
volumosas, de frete dispendioso, procuramos produzir internamente mesmo em
se tratando de peças de ferro ou plástico. Portanto, de fato, produzimos
tudo".
Os pólos de Ubá e Mirassol são os que apresentam as estruturas
produtivas mais verticalizadas. Por outro lado, nos pólos de São Paulo, São
Bento do Sul e Bento Gonçalves, em torno de 50% das empresas trasnferem
para terceiros alguma parte de suas etapas produtivas.
Tabela 16 – Níveis relativos de terceirização nos pólos moveleiros do
Brasil – 1996 / 1997
"Subcontratação "PÓLOS "
" "Mir. "Vot. "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S. "B. Gonç "
"Até 5% da "21% "19% "25% "0% "14% "21% "22% "
"produção " " " " " " " "
"de 5 a 10% "0% "10% "5% "0% "6% "21% "15% "
"de 10 a 20% "0% "5% "20% "18% "6% "8% "12% "
"de 20 a 30% "0% "5% "5% "0% "3% "0% "0% "
"Acima de 30% "0% "5% "0% "0% "3% "0% "3% "
"Subcontratam "21% "44% "55% "18% "32& "50% "52% "
"Não "79% "56% "45% "82% "68% "50% "48% "
"subcontratam " " " " " " " "
"TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% "
Fonte: Elaboração Própria, com base de Dados do NEIT/IE/Unicamp, Apud
Abimóvel.
No caso de São Paulo, esta menor verticalização deve-se ao segmento
de móveis de escritório, que apresenta um processo de produção de maior
complexidade, envolvendo etapas produtivas muito diferenciadas (estruturas
metálicas, peças plásticas e injeção de espumas). Verifica-se, assim, a
subcontratação de algumas destas etapas a terceiros, devido às próprias
características técnicas inerentes aos produtos deste segmento de móveis.
A menor verticalização existe nos pólos de Bento Gonçalves e São
Bento do Sul, e decorre, principalmente, da existência de um grande número
de PMEs. Nestes pólos, as empresas formam redes de subcontratação que
fornecem peças e partes para as empresas líderes. Entretanto, na maioria
dos casos, estas empresas líderes subcontratam apenas algumas etapas
intensivas em mão-de-obra (como montagem de gavetas) e componentes, o que
representa em média menos de 20% do valor total do produto.
De modo geral, o segmento de móveis retilíneos seriados apresenta
elevado grau de especialização, pois os produtos são menos complexos e
passíveis de automação padronizada (corte de painéis, usinagem e embalagem)
com escalas produtivas mais elevadas. Por sua vez, o segmento de móveis
torneados de madeira maciça e, principalmente, o segmento de móveis para
escritórios reúnem etapas produtivas bastante distintas numa mesma planta
industrial. Isto se deve ao fato de estes segmentos produzirem móveis mais
complexos e que, em geral, fazem parte de uma diversificação linha de
produtos.
Verifica-se, portanto, que a indústria brasileira de móveis ainda
precisa avançar bastante em direção ao paradigma competitivo dominante nos
países desenvolvidos, o que significa: a) especialização e
desverticalização das empresas que trabalham com produtos mais complexos,
apoiadas em redes organizadas e eficientes (o que implica desenvolvimento
de fornecedores aptos e capacitados); b) "upgrade" das linhas produtivas
automatizadas dos produtos padronizados mais simples em direção à automação
mais flexível, capaz de permitir maior diferenciação de produtos.
4. MERCADO
4.1 Oferta
4.1.1 Estrutura setorial
O setor madeira-imobiliária da Zona Sul é composto de 203
estabelecimentos beneficiadores de madeira e 61 estabelecimentos
industriais de móveis.
Tabela 17 – Número de estabelecimentos de transformação de madeiras nos
municípios da Zona Sul – 2004
"Municípios "Beneficiamento "Mobiliário "
"Arroio Grande "6 "- "
"Bagé "15 "8 "
"Caçapava do Sul "11 "4 "
"Canguçu "6 "1 "
"Capão do leão "4 "- "
"Cerrito "5 "- "
"Cristal "5 "- "
"Jaguarão "1 "1 "
"Morro Redondo "3 "- "
"Pedro Osório "3 "- "
"Pelotas "76 "31 "
"Pinheiro Machado "- "3 "
"Piratini "33 "1 "
"Rio Grande "16 "5 "
"Santa. V. do Palmar "1 "- "
"Santana. da B. Vista "6 "- "
"São José do Norte "3 "1 "
"São. Lour. do Sul "4 "5 "
"Tavares "4 "- "
"Turuçu "1 "1 "
"TOTAL "203 "61 "
Fonte: Pesquisa direta ITEPA/UCPel
Os municípios da região que não constam na tabela não possuem
estabelecimentos de madeira e mobiliário registrados.
O município de Piratini é o principal pólo madeireiro da região
quando se inclui as atividades de reflorestamento. São 17 empresas
reflorestadoras, 16 serrarias, 17 marcenarias, 4 produtoras de carvão
vegetal, uma indústria de móveis e uma geradora de energia elétrica a
partir da madeira.
No segmento madeireiro, Pelotas é o município que possui o maior
número de estabelecimentos. São 76, o que equivale a 37,4% do total
regional. Seguem os municípios de Piratini, Rio Grande e Bagé que, em
conjunto, possuem 64 unidades, ou 31,5%. Os demais municípios abrigam 63
unidades, ou 31,0%.
No segmento de móveis, Pelotas também lidera, com 31 estabelecimentos
ou 50,8% do total. Seguem-se os municípios de Bagé, Rio Grande e São
Lourenço do Sul que, em conjunto, possuem 18 unidades ou 29,5% do total. Os
demais municípios somam 12 estabelecimentos ou 19,7%.
O conjunto de indústrias da região emprega, aproximadamente, 5.567
empregados e é responsável por 18.400 empregados indiretos, incluindo o
florestamento. Aproximadamente, 80% das unidades são micro e pequenas
empresas.
Na atividade reflorestadora se destacam, além de Piratini, os
municípios de Caçapava do Sul, São José do Norte e Tavarez.
Madeira
No segmento madeireiro foram levantados 203 estabelecimentos, dos
quais, 174 responderam à pesquisa de campo.
Tabela 18 – Segmentos de produtos de madeira industrializada na Zona Sul –
2005
" "Respostas " "
"Segmentos " "Empresas % "
" "Abs " "
" "% " "
"Assoalhos "61 "19,7 "35,0 "
"Portas e janelas "18 "5,8 "10,3 "
"Forros/forrinhos "42 "13,6 "24,1 "
"Compensados "55 "17,8 "31,6 "
"Laminados "24 "7,8 "13,8 "
"Lambris "30 "9,8 "17,2 "
"Paredes "6 "1,9 "3,4 "
"Derivados de madeira "55 "17,8 "31,6 "
"Madeiras em geral "18 "5,8 "10,3 "
"Total de respostas "309 "100,00 "- "
"Total das empresas "- "- "177 "
Fonte: pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 309
- Número de empresas: 174
- Leitura da tabela: 61 empresas ou 35% das 174 produzem
assoalhos
61 respostas ou 19,7% das 309 disseram: assoalhos
- Ordem dos segmentos de produtos: aleatório
As 174 empresas participantes da pesquisa geraram 309 respostas. Nota-
se pela tabela 18 que a oferta de produtos madeireiros é diversificada e
que diversas empresas ofertam vários produtos. Assoalhos, compensados,
derivados de madeira e forros são os itens mais ofertados.
Tabela 19 – Destinos dos produtos acabados da indústria da madeira da Zona
Sul – 2005
"Destinos predominantes"Números de empresas "% "
"Zona Sul "115 "66,1 "
"Rio Grande do Sul "45 "25,9 "
"Outras "14 "8,0 "
"Total "174 "100,0 "
Fonte: Pesquisa direta – ITEPA/UCPEL
Os destinos predominantes não descartam os demais.
Do total de empresas, 115 colocam seus produtos, predominantemente,
na própria região, enquanto 45 os destinam a outras regiões gaúchas e 14
colocam fora do estado.
Tabela 20 – Matérias-primas usadas na industrialização de madeiras na Zona
Sul – 2005
" "Respostas " "
"Matérias-primas " "Empresas % "
" "Abs " "
" "% " "
"Eucalipto "95 "29,8 "54,5 "
"Pinus "68 "21,3 "39,0 "
"Acácia " 0 "0,0 "0,0 "
"Cedro " 0 "0,0 "0,0 "
"Cedrinho "68 "21,3 "39,1 "
"Cerejeira " 5 "1,6 "2,8 "
"MDF "10 "3,1 "5,7 "
"Outras "73 "22,9 "41,9 "
"Total respostas "319 "100,0 "- "
"Total de empresas "- "- "174 "
Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 319
- Número de empresas: 174
- Leitura da tabela: 95 empresas ou 54,5% das 174 usaram
eucalitto.
95 respostas ou 21,3% das 319 disseram: eucalipto.
- Sabe-se que acácia e cedro são utilizados mas, não foram
identificados na pesquisa.
O número de respostas obtido deixa claro que as empresas utilizam, em
seu processo, várias matérias primas. Eucalipto, pinus e cedrinho são as
mais utilizadas. Na região, o MDF ainda é pouco usado o que ocorre, também
com outras madeiras pouco expressivas na produção.
Tabela 21 – Origens das matérias-primas utilizadas na industrialização de
madeira na Zona Sul – 2005
" "Respostas " "
" " " "
"Segmentos " "Empresas "
" "Abs " "
" "% " "
"Zona Sul "109 "55,1 "62,6 "
"Outras regiões do rs " 6 "3,0 "3,4 "
"Paraná " 6 "3,0 "3,4 "
"Norte do Brasil " 64 "32,3 "36,8 "
"Centro-oeste do Brasil " 13 "6,6 "7,5 "
"Total de respostas "198 "100,0 "- "
"Total empresas "- "- "174 "
Fonte: Pesquisa de campo
- Número de respostas: 198
- Número de empresas: 174
- Leitura da tabela: 109 empresas ou 62,6% de 174 compram na Zona
Sul.
109 respostas ou 55,1% de 198
compram na Zona Sul.
- A origem dominante não elimina as demais.
As 174 unidades geraram 198 informações sobre as principais origens
de suas matérias-primas. Do total, 109 indústrias buscam preferentemente,
suas matérias-primas na própria região, 64 buscam no norte do Brasil, 13 no
Centro-oeste, 6 no Paraná e 6 em outras regiões do estado.
Móveis
O segmento de industrialização de móveis na Zona Sul é composto de 61
estabelecimentos devidamente registrados. Desse total, 58 responderam à
pesquisa de campo.
Tabela 22 – Segmentos de móveis industrializados na Zona Sul – 2005
" "Respostas " "
"Segmentos " "Empresas % "
" "Abs " "
" "% " "
"Escritório "27 "14,9 "46,5 "
"Comerciais "25 "13,8 "43,1 "
"Hospitalares " 0 "0,0 "0,0 "
"Copa/cozinha "27 "14,9 "46,5 "
"Dormitórios "24 "13,3 "41,4 "
"Salas "22 "12,2 "37,9 "
"Estofados "22 "12,2 "37,9 "
"Escolares "19 "10,5 "32,7 "
"Estilos " 3 "1,6 "5,2 "
"outros "12 "6,6 "20,7 "
"Total respostas "181 "100,00 "- "
"Total de empresas "- "- "58 "
Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 181
- Número de empresas: 58
- Leitura da tabela: 27 empresas ou 46,5% das 58 produzem
escritórios.
27 respostas ou 14,9 dos 181
disseram escritórios.
- Ordem dos segmentos de produtos: aleatórios.
As 58 empresas entrevistadas geraram 181 respostas que apontaram as
linhas de escritório, copa/cozinha, comerciais e dormitórios como as mais
produzidas. As linhas salas, estofados e escolas também são relevantes no
mercado.
Tabela 23 – Destinos dos produtos acabados da indústria de móveis da Zona
Sul – 2005
" "Respostas " "
" " " "
"Segmentos " "Empresas "
" "Abs " "
" "% " "
"Zona Sul "42 "56,0 "72,4 "
"Rio Grande do Sul "19 "25,3 "32,7 "
"Brasil "10 "13,3 "17,1 "
"Exterior " 2 "2,7 "3,4 "
"Outros " 2 "2,7 "3,4 "
"Total de respostas "75 "100,0 "- "
"Total empresas "- "- "58 "
Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 75
- Número de empresas: 58
- Leitura da tabela: 42 empresas ou 72,4% das 58 vendem para a
Zona Sul.
42 respostas ou 56% das 75 vendem
para a Zona Sul.
A Zona Sul é o principal mercado consumidor para móveis. São 42
empresas cujo mercado se concentra na própria área de industrialização. A
tabela 22 mostra, também, que várias empresas, além de atender os seus
principais mercados, atendem também outros destinos.
Tabela 24 – Matérias-primas utilizadas na industrialização de móveis da
Zona Sul – 2005
" "Respostas " "
"Matérias-primas " "Empresas % "
" "Abs " "
" "% " "
"Eucalipto " 8 "9,4 "13,8 "
"Pinus "12 "14,1 "20,7 "
"Acácia " 3 "3,5 "5,2 "
"Cedro " 5 "5,9 "8,6 "
"Cedrinho " 4 "4,7 "6,9 "
"Cerejeira " 4 "4,7 "6,9 "
"MDF "23 "27,1 "39,6 "
"Outras "26 "30,6 "44,8 "
"Total respostas "85 "100,0 "- "
"Total de empresas "- "- "58 "
Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 85
- Número de empresas: 58
- Leitura da tabela: 8 empresas ou 13,8% de 58 utilizam eucalipto.
8 respostas ou 9,4% de 85
responderam eucalipto.
A matéria-prima predominante na fabricação de móveis na região é o
MDF. Das 58 empresas entrevistadas, 23 afirmaram utilizar o MDF em seus
processos. Em segunda posição, encontra-se o pinus, seguindo-se eucalipto
apontado por 8 indústrias.
Como demonstra a tabela 23 as empresas utilizam mais de uma matéria-
prima. No grupo "outras" encontram-se, mogno compensados, aglomerados e
etc.
Tabela 25 – Origens das matérias-primas utilizadas na industrialização de
móveis na Zona Sul – 2005
" "Respostas " "
" " " "
"Segmentos " "Empresas "
" "Abs " "
" "% " "
"Zona Sul "22 "26,5 "37,9 "
"Rio Grande do Sul "18 "21,7 "31,0 "
"Paraná "14 "16,9 "24,1 "
"Norte do Brasil " 7 "8,4 "12,1 "
"Centro-oeste do Brasil "22 "26,5 "37,9 "
"Outras regiões do Brasil" 0 "0,0 "0,0 "
"Total de respostas "83 "100,0 "- "
"Total empresas "- "- "58 "
Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL
- Número de respostas: 83
- Número de empresas: 58
- Leitura da tabela: 22 empresas ou 37,9% de 58 compram na Zona
Sul.
22 respostas ou 21,7% de 58
responderam Zona Sul.
As origens dominantes das matérias-primas utilizadas pelas indústrias
de móveis da região são a própria Zona Sul e o Centro-oeste do Brasil.
Figuram, também, como fornecedores madeireiros de outras regiões do Rio
Grande do Sul, do Paraná e do norte do Brasil.
4.1.2 Tecnologia e "design"
Tanto no segmento madeira como no segmento mobiliário as indústrias
da região são deficientes em tecnologia e "design".
No segmento de móveis o "sistema de cópia" é largamente utilizado em
substituição ao desenvolvimento do "design" próprio, enquanto máquinas e
equipamentos utilizados na produção das linhas de móveis não sejam de
última geração. Na verdade, os processos adotados são boas práticas de
marcenaria. O que acontece, também, com a produção no segmento madeireiro,
que é menos exigente em tecnologia.
4.1.3 Concorrência
Como não poderia deixar de ser, as empresas da região sofrem
concorrência de fornecedores de outras regiões, principalmente do pólo
moveleiro de Bento Gonçalves. Em algumas linhas de móveis modulados, quase
100% do consumo é coberto por indústrias localizadas fora da região.
Além dos produtos oriundos de Bento Gonçalves, móveis produzidos em
outros municípios também foram encontrados no mercado regional. Do Rio
Grande do Sul aparecem municípios como Caxias do Sul, Flores da Cunha,
Garibaldi, Lagoa Vermelha e Gramado. O mercado também é abastecido por
móveis procedentes de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
No segmento madeireiro a concorrência é menos acentuada e as
indústrias locais abastecem mais de 50% do consumo.
4.2 Demanda
4.2.1 Produto e renda
Em 2003, o Produto Interno Bruto da Zona Sul foi de R$
9.615.846.895,00. Com uma população total de 1.027.580 habitantes, a renda
"per capita" anual foi de R$ 9.357,76. Como as famílias da região possuem
em média 3,25 pessoas, a renda familiar média mensal foi de R$ 2.534,39.
Os municípios de maior riqueza são Rio Grande e Pelotas que, em 2003,
atingiram, em conjunto, um PIB equivalente a 53,75% do total regional. O
município de Rio Grande alcançou um PIB de R$ 3.023.180.831,00, e uma renda
"per capita" de R$ 15.891,24 anual; e o município de Pelotas obteve um PIB
de R$ 2.145.418.019,00 e uma renda "per capita" de R$ 6.504,56 anual.
A renda "per capita" na região varia acentuadamente entre os
municípios. Vai de R$ 2.691,98 em Santana da Boa Vista a R$ 49.726,71 em
Pedro Osório.
Tabela 26 – Produto Interno Bruto e renda "per capita" nos municípios da
Zona Sul – 2003
"Municípios "R$* "População 2003 "PIB Per Capita R$"
"Aceguá "123.119.408 "4.001 "30.772,16 "
"Amaral Ferrador "41.264.637 "5.878 "7.020,18 "
"Arroio do Padre "19.434.824 "2.637 "7.370,05 "
"Arroio Grande "245.859.213 "19.253 "12.769,92 "
"Bagé "756.229.034 "116.999 "6.463,55 "
"Caçapava do Sul "335.345.791 "34.308 "9.774,57 "
"Candiota "350.945.533 "8.805 "39.857,53 "
"Canguçu "232.178.372 "54.519 "4.258,67 "
"Capão do Leão "191.293.009 "25.337 "7.549,95 "
"Cerrito "20.173.454 "6.994 "2.884,39 "
"Chui "67.288.807 "5.839 "11.524,03 "
"Cristal "59.256.951 "6.720 "8.818,00 "
"Herval "25.886.595 "7.161 "3.614,94 "
"Hulha Negra "69.866.355 "5.523 "12.650,07 "
"Jaguarão "186.531.480 "30.816 "6.053,07 "
"Morro Redondo "61.304.660 "5.977 "10.256,76 "
"Pedras Altas "30.617.453 "2.627 "11.654,91 "
"Pedro Osório "408.355.760 "8.212 "49.726,71 "
"Pelotas "2.145.418.019 "329.833 "6.504,56 "
"Pinheiro Machado "179.685.953 "14.134 "12.713,03 "
"Piratini "123.814.348 "19.921 "6.215,27 "
"Rio Grande "3.023.180.831 "190.242 "15.891,24 "
"Sta. Vitória do "477.588.235 "33.282 "14.349,75 "
"Palmar " " " "
"Stna. da Boa "23.689.402 "8.800 "2.691,98 "
"Vista " " " "
"São José do Norte"81.464.605 "25.699 "3.169,95 "
"São Lourenço do "279.097.080 "44.480 "6.274,66 "
"Sul " " " "
"Tavares "29.944.218 "5.576 "5.370,20 "
"Turuçu "27.012.870 "4.007 "6.741,42 "
"Total "9.615.846.895 "1.027.580 "9.357,76 "
Fonte: http://www.terragaucha.com.br/economia/pibs_2003_alfab.htm
*Valor em reais calculado pelo ITEPA/UCPel.
Alguns municípios apesar de serem pequenos, agrícolas e terem PIB
total não elevado, apresentam rendas "per capita" elevadíssimas. É o caso
de Aceguá, Candiota e Pedro Osório. Outros municípios possuem renda acima
de R$ 10 mil reais por ano como Arroio Grande, Chuí, Hulha Negra, Morro
Redondo, Pedras Altas, Pinheiro Machado e Santa Vitória do Palmar. Os
demais municípios possuem renda abaixo de dez mil reais.
4.2.2 Potencial de Consumo (ver anexo)
Os municípios da região de eixo econômico Pelotas/Rio Grande possuem
um potencial de consumo de 66% do PIB regional o que equivale,
aproximadamente, a R$ 6,3 bilhões anuais.
Tabela 27 – Potencial de consumo por categorias de produtos e serviços na
Zona Sul – 2005
" "Potencial "
"Categorias " "
" "R$ 1000 "
" "% "
"Alimentos "1.726.237 "27,2 "
"Fumo " 145.969 "2,3 "
"Higiene e limpeza " 298.284 "4,7 "
"Móveis " 323.669 "5,1 "
"Eletrodoméstico e som " 330.016 "5,2 "
"Educação " 279.244 "4,4 "
"Saúde " 469.638 "7,4 "
"Vestuário " 564.835 "8,9 "
"Patrimônio "2.024.520 "31,9 "
"Outros " 184.047 "2,9 "
"Total "6.346.459 "100,0 "
Fonte: origem – florenzano Marketing, Gazeta Mercantil, 2002
Estimativa – ITEPA/UCPel (IGP dez/2005)
- Alimentos inclui cervejas, outras bebidas e refeições fora de
casa.
- Educação inclui somente ensino fundamental e médio.
- Saúde inclui médicos, dentistas, remédios e planos de saúde.
- Patrimônio inclui imóveis, reformas, veículos e manutenção.
O gasto com móveis na Zona Sul fica em torno de R$ 323 milhões por
ano, o que corresponde a 5,1% da propensão marginal de consumo.
Na estrutura de consumo regional, as categorias de móveis mais
vendidos são, pela ordem, cozinhas, quartos e salas. Nestes itens,
predominam móveis sob-medida e artesanais. Nas demais categorias a
predominância é de móveis padronizados.
Preços, qualidade e tempo de entrega são os aspectos que mais influem
nas decisões de compra. Muitas vezes os altos preços dos móveis sob-medida
acabam determinando a opção por móveis seriados ou padronizados.
No segmento de produtos madeireiros como forro, portas e janelas,
assoalhos e outros o principal mercado consumidor é o da construção civil.
Estima-se que os produtos derivados de madeiras participem de 18% a 22% nos
custos das construções.
4.2.3 Mercado de Pelotas
Pelotas é o principal mercado distribuidor da região. O município vem
se mantendo, nos últimos anos, como o terceiro município em potencial de
consumo do Rio Grande do Sul. Apenas Porto Alegre e Caxias do Sul consomem
mais que Pelotas.
Tabela 28 – Potencial de consumo por categoria de produtos e serviços no
município de Pelotas – 2005
" "Potencial "
"Categorias " "
" "R$ 1000 "
" "% "
"Alimentos " 534.587 "27,2 "
"Fumo " 45.504 "2,3 "
"Higiene e limpeza " 92.767 "4,7 "
"Móveis " 100.256 "5,1 "
"Eletrodoméstico e som " 103.197 "5,2 "
"Educação " 86.208 "4,4 "
"Saúde " 144.380 "7,4 "
"Vestuário " 175.041 "8,9 "
"Patrimônio " 626.961 "31,9 "
"Outros " 55.491 "2,9 "
"Total "1.964.392 "100,0 "
Fonte: Florenzano Marketing Mercantil, 2002
estimativa: ITEPA/UCPel (IGP dez/2005)
- Alimentos inclui cervejas, outras bebidas e refeições fora de
casa.
- Educação inclui somente ensino fundamental e médio.
- Saúde inclui médicos, dentistas, remédios e planos de saúde.
- Patrimônio inclui imóveis, reformas, veículos e manutenção.
A estrutura de consumo em Pelotas aponta a formação de patrimônio
(moradia e veículos) como a categoria de maior participação nos gastos das
famílias com 31,9%. Já a categoria alimentos ocupa o segundo lugar, com
27,2%. As categorias móveis e eletrodomésticos, juntos respondem por 10,3%
do consumo. As categorias citadas perfazem 69,4% do consumo do município.
Vestuário e Saúde participam com 8,9% e 7,4%, respectivamente. As demais
categorias possuem participações menores nos gastos.
O ITEPA/UCPEL elaborou, em 2003/2004, o estudo HIERARQUIZAÇÂO
COMERCIAL DO MUNICÍPIO DE PELOTAS EM RELAÇÃO AOS OUTROS MUNICIPIOS DA ZONA
SUL, que teve como objetivo hierarquizar os municípios da região
geoeconômica Pelotas/Rio Grande, fundamentado em um conjunto de fatores
político-administrativos, econômicos e sociais. Convém registrar que o
município de Pelotas é predominante nesta hierarquização e atua como
polarizador do consumo regional de bens e serviços, exercendo forte
influência sobre 27 outros municípios.
Tabela 29 – Vetores de atração, no varejo, por grupos de produtos
consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003
"Produtos "Vetores de Atração % "
" "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total "
" " "Grande " " " "
" Carne Vermelha "25,7 "10,0 "35,0 "29,3 "100,0 "
"G1 Carne frango " " " " " "
"Produtos lácteos " " " " " "
"Leite e derivados " " " " " "
" "31,4 "17,9 "13,2 "37,5 "100,0 "
" "30,0 "16,8 "17,1 "36,1 "100,0 "
" "30,0 "16,8 "17,1 "36,1 "100,0 "
" Óleo cozinha "31,4 "17,5 "13,2 "37,9 "100,0 "
"Macarrão " " " " " "
"Panificados " " " " " "
"G2 Enlatados/Cons. " " " " " "
"Frutas " " " " " "
"Legumes/Verduras " " " " " "
" "31,4 "17,5 "13,2 "37,9 "100,0 "
" "34,6 "17,5 "13,2 "37,7 "100,0 "
" "34,0 "17,5 "13,2 "35,3 "100,0 "
" "33,6 "17,5 "13,2 "35,7 "100,0 "
" "33,6 "17,5 "13,2 "35,7 "100,0 "
"G3 Produto limpeza "33,6 "19,3 "10,7 "36,4 "100,0 "
"Produto higiene " " " " " "
" "33,6 "19,3 "10,7 "36,4 "100,0 "
" Roupas Masculinas "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 "
"G4 Roupas femininas " " " " " "
"Roupas infantis " " " " " "
"Calçados " " " " " "
" "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 "
" "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 "
" "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 "
"G5 Veículos (compra) "36,1 "20,7 "15,0 "28,2 "100,0 "
"Veículos (manut/peças) " " " " " "
" "36,1 "20,7 "15,0 "28,2 "100,0 "
"G6 Imóveis (reforma) "33,2 "22,9 "10,7 "33,2 "100,0 "
"Imóveis (aquisição) " " " " " "
" "33,2 "22,9 "10,7 "33,2 "100,0 "
" Eletrodomésticos "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 "
"G7 Aparelhos de som " " " " " "
"Móveis " " " " " "
" "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 "
" "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 "
" Tratamento dentário "37,1 "23,2 "10,4 "29,3 "100,0 "
"Óculos/lentes " " " " " "
"G8 Remédios " " " " " "
"Plano de saúde " " " " " "
"Médicos " " " " " "
" "37,1 "23,2 "10,4 "29,3 "100,0 "
" "32,8 "23,6 "10,0 "33,6 "100,0 "
" "36,3 "22,9 "10,2 "30,6 "100,0 "
" "36,3 "22,9 "10,2 "30,6 "100,0 "
"G9 Livros/ revistas "36,8 "24,0 "10,3 "28,9 "100,0 "
"Técnicas " " " " " "
"Educação (fund. e Médio) " " " " " "
" "36,4 "26,4 "15,4 "21,8 "100,0 "
"G10 Fumo "30,0 "21,4 "10,4 "38,2 "100,0 "
"Cerveja " " " " " "
" "30,0 "21,4 "10,4 "38,2 "100,0 "
"Média "33,9 "20,2 "12,7 "33,2 "100,0 "
Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios.
- A hierarquia de Pelotas foi estabelecida com Rio Grande, Bagé (
junto com Pelotas respondem por 60% da economia regional) e
outros (inclui 27 municípios da região mais outros municípios
que abastecem a região).
Os vetores da atração varejista, conforme os dez grupos selecionados,
demonstram que, na média, enquanto Pelotas abastece 33,9% do consumo, Rio
Grande abastece 20,2%, Bagé abastece 12,7% e outros abastecem 32,2%. Isto
estabelece um grau de hierarquia de 1,67 de Pelotas sobre Rio Grande, de
2,66 sobre Bagé e de 1,02 sobre outros.5
Tabela 30 – Vetores de atração, no atacado, por grupos de produtos
consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003
" "Vetores de Atração % "
"Produtos " "
" "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total "
" " "Grande " " " "
"G2 Óleo de cozinha "32,1 "21,8 "10,0 "36,1 "100,0 "
"Enlatados / Conservas " " " " " "
" "32,1 "21,8 "10,0 "36,1 "100,0 "
"G3 Produtos de limpeza"31,2 "21,5 "10,0 "37,3 "100,0 "
"G4 Calçados "30,0 "21,8 "10,0 "38,2 "100,0 "
"G5 Veículos "37,8 "23,6 "10,0 "28,2 "100,0 "
"G7 Móveis "37,8 "23,6 "10,0 "28,6 "100,0 "
"G8 Remédios (farm) "31,4 "23,6 "10,0 "35,0 "100,0 "
"G9 Livros "34,3 "23,6 "10,0 "32,1 "100,0 "
"G10 Fumo "30,4 "21,8 "10,0 "37,8 "100,0 "
" Cerveja "30,4 "21,8 "10,0 "37,8 "100,0 "
"Média "32,7 "22,5 "10,0 "34,8 "100,0 "
Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios.
Os vetores do atacado demonstram que, na média, enquanto Pelotas
abastece 32,7% do consumo, Rio Grande abastece 22,5%, Bagé 10,0% e outros
34,8%. Isto estabelece um grau hierárquico de 1,45% de Pelotas sobre Rio
Grande, de 3,27 sobre Bagé e de 0,93 em relação a outros.
6 Leitura das tabelas (ex: média dos vetores): para cada "unidade
monetária" consumida em Rio Grande, Bagé e Outros, em Pelotas são
consumidos 1,67 unidades monetárias em relação a Rio Grande, 2,66 unidades
monetárias em relação a Bagé e 1,02 em relação a outros (mais de 20
municípios onde a população faz suas compras incluindo Porto Alegre).
Tabela 31 – Vetores de atração nos serviços consumidos nos municípios da
Zona Sul – 2003
" "Vetores de Atração % "
"Bens e Serviços " "
"Selecionados " "
" "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total "
" " "Grande " " " "
"Serviços " " " " " "
"Medicina Pediátrica "37,1 "20,3 "19,3 "23,3 "100,0 "
"Medicina Ginecológica "37,1 "21,4 "14,2 "27,3 "100,0 "
"Tomografia Computad. "37,1 "19,6 "17,2 "26,1 "100,0 "
"Hospitalizações "37,1 "20,0 "17,2 "25,7 "100,0 "
" " " " " " "
"Estações de TV "34,3 "22,1 "14,6 "29,0 "100,0 "
" " " " " " "
"Ensino Universitário "37,1 "25,0 "15,0 "22,9 "100,0 "
" " " " " " "
"Jornais Diários "33,6 "22,1 "10,0 "34,3 "100,0 "
" " " " " " "
"Gás de Cozinha "33,9 "21,8 "16,4 "27,9 "100,0 "
" " " " " " "
"Serviços Bancários "36,1 "20,7 "16,4 "26,8 "100,0 "
"Serviços Advocatícios "36,9 "21,4 "16,2 "25,5 "100,0 "
"Serviços Gráficos "37,0 "23,2 "17,0 "22,8 "100,0 "
"Média "35,9 "21,6 "16,0 "26,5 "100,0 "
Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios.
Os vetores dos serviços demonstram que, na média, enquanto Pelotas
atende 35,9% da demanda, Rio Grande atende 21,6%, Bagé atende 16% e Outros
26,5%. Isto estabelece um grau de hierarquia de 1,66 de Pelotas sobre Rio
Grande, de 2,24 sobre Bagé e de 1,34 sobre Outros.
O estudo aqui sintetizado, deixa claro que o município de Pelotas é um
pólo comercial importante para o Rio Grande do Sul. O município além de ser
forte centro de consumo é um grande ponto de distribuição de produtos e
serviços.
5. VAZIOS INDUSTRIAIS
Como vazios industriais ou oportunidades de investimentos se entende
a industrialização de produtos ou linhas de produtos para os quais existem
pré-condições favoráveis. É evidente que as oportunidades detectadas devem
ser estudadas por meio da elaboração de projetos específicos de
viabilidade.
No estudo VAZIOS INDUSTRIAIS, OPORTUNIDADES DE INVESTIMRNTOS e
PERSPECTIVAS REAIS (Investcentro Vol. IV, 2005) o ITEPA – UCPel indicou 41
grupos. São subgêneros que se compõem de centenas de produtos que podem ser
fabricados por grupos, linhas de produtos ou isoladamente. Estes subgêneros
foram selecionados na comparação detalhada entre a Matriz Insumo Produto
Brasil (MIP – Brasil) e a Matriz Insumo Produto Pelotas (MIP – Pelotas).
Dos subgêneros identificados, quatro correspondem ao segmento
madeira/mobiliário:
- Serrarias e fabricação de madeira folhada, compensada, aglomerada
(15010).
- Fabricação de ressecados, estruturas e artefatos de madeira
(15020).
- Fabricação de móveis de madeira e artefatos de colchoaria (16010).
- Fabricação de móveis de metal ou partes (16020).
Estes subgêneros compõem dois grandes gêneros: Indústria da Madeira e
Indústria do Mobiliário.
Gênero: Indústria de Madeira
Subgênero: Serralheria e fábrica de madeira, folheado, compensado e
aglomerado. Fábrica resserados, estruturas e artefatos de
madeira.
Insumos: Madeiras em toras
Pesticidas e preparos químicos
Artigos de serralheria
Madeira serrada, compensada e aglomerada
Outros preparos químicos.
Produtores de Insumos: Extração vegetal
Fábrica de produtos químicos diversos
Fábrica de trefilados de aço
Serralheria e madeira compensada.
Gênero: Indústria do Mobiliário
Subgênero: Fábrica de móveis de madeira e artigos de colchoaria
Fábrica de móveis de metal.
Insumos: Parafusos porcas e trefilados
Artigos de serralheria
Madeira serrada, compensada e aglomerada
Tintas e solventes
Laminados plásticos
Tecido de algodão ou natural
Chapas finas laminadas de aço
Estrutura metálica
Tubos com costaneiras e outros serviços metálicos.
Produtores de Insumos: Fábrica de trefilados de aço
Serralheria e estruturas metálicas
Serralheria e madeiras compensadas
Fábrica de pigmentos, tintas e solventes
Fábrica laminados de plásticos
Fiação tecido fibra natural
Fábrica laminados de aço
Metais não-ferrosos
Serraria fábrica de madeira
Fábrica e outros produtos metálicos.
Definidos gêneros e subgêneros e analisadas as características de
mercado da região indica-se como vazios possíveis de terem seus estudos
aprofundados:
Quadro 04 – Vazios industriais presumíveis na Zona Sul
"Vazios "Gêneros de inclusão "
" "Ind. Madeira "Ind. Mobiliário "
"Produtos finais " " "
"Laminados "X " "
"Portas e janelas "X " "
"Lambris "X " "
"Paredes/divisórias "X " "
"Móveis de estilo " "X "
"Móveis hospitalares " "X "
"Móveis escolares " "X "
"Salas " "X "
"Estofados " "X "
"Insumos p/ o setor " " "
"Madeiras em toras "X "X "
"Parafusos, porcas e "X "X "
"trefilados " " "
"Madeira em geral "X "X "
"Artigos de serralheria"X "X "
"Laminados plásticos " "X "
"Estruturas metálicas " "X "
"Tubos com costaneiras " "X "
Fonte: ITEPA/UCPEL
Os produtos finais indicados como vazios já encontram na região
indústrias que os fabricam, mas que abastecem apenas uma pequena parte do
mercado. Isto significa que existem espaços de mercado que podem vir a ser
ocupados, no todo ou parcialmente, por indústrias da região que para tanto
precisarão de apoio tecnológico e creditício para sua expansão e
modernização.
Nos vazios insumos para o setor a situação é a mesma. A Zona Sul já
dispõe de um número razoável de empresas fornecedoras que, no entanto
precisam aumentar suas participações no setor.
De resto, cabe registrar que os vazios indicados são aqueles que,
aparentemente, oferecem melhores oportunidades, não se descartando os
demais produtos que atualmente, são abastecidos por empresas de outras
regiões.
6. COMENTÁRIOS GERAIS
- No mercado internacional o Brasil ocupa o nono lugar na produção de
móveis. Nos últimos anos o faturamento médio do setor foi de R$ 9,5 bilhões
com um volume de exportações entre UR$ 560 milhões e UR$ 700 milhões. O Rio
Grande do Sul é o segundo estado exportador com 60% de sua produção com
destino aos Estados Unidos, França, Reino Unido e outros. Em 2003, 270
empresas gaúchas formavam um grande grupo exportador que vem aumentando as
vendas ao exterior em 8,7% ao ano.
- No Rio Grande do Sul o faturamento da indústria de móveis gira em
torno de R$ 2,6 bilhões e as exportações variaram nos últimos anos de UR$
147 a UR$ 184 milhões. O estado contribuiu com 26% das exportações
brasileiras e com 30% do faturamento do setor no Brasil. Um total de 87%
dos estabelecimentos brasileiros e gaúchos se dedicam à fabricação de
móveis de madeira.
- A determinação da capacidade instalada dificilmente pode ser obtida
devido à diversidade dos produtos fabricados, à variedade de formas e
designs, à segmentação social do mercado interno e às exigências de
qualidade do mercado externo. Pelas mesmas razões a escala econômica é
difícil de ser medida. No cotidiano do setor é a experiência e os recursos
disponíveis para investimentos que determinam a escala mínima para cada
linha de produto a ser fabricado. Assim a escala é planejada a partir do
segmento de mercado a ser abastecido e, em consonância com os custos fixos
da linha de produto a ser oferecido. Por tanto a escala econômica é
determinada caso a caso. Via de regra, máquinas e equipamentos permitem a
produção de várias linhas de produção, com adequações de uma linha para
outra.
- Os materiais mais utilizados na produção de móveis no Rio Grande do
Sul são pinus e eucalipto em madeira maciça e o MDF em painéis.
- As transformações do setor decorrentes de novas tecnologias, dos
ganhos de produtividade e da utilização de painéis de madeira como matéria-
prima principal diminuiriam o preço dos móveis e com isto há uma maior
dinamização do setor, pois o ciclo de reposição passou por importante
redução.
7. CONCLUSÕES
A região polarizada pelo eixo econômico Pelotas/Rio Grande (Zona Sul)
é a terceira região isoeconômica – entre treze – do estado. Ao longo da
ultima década tem participado de 7% a 9% na formação do PIB estadual. Na
composição econômica fica atrás da Grande Porto Alegre, que gera cerca de
50% do PIB e da região da Serra que gera, mais ou menos, 25% do PIB gaúcho.
Com uma população de 1,1 milhões de habitantes a região, em 2003,
alcançou 9,6 bilhões de reais de riquezas com diversos municípios com renda
"per capita" superior à média do estado. Municípios como Aceguá, Candiota e
Pedro Osório possuem renda "per capita" superior a 30 mil reais por ano.
A região apresenta, além de aspectos fisiográficos e climáticos
positivos, excelente disponibilidade de infra-estrutura econômica e social.
No setor madeireiro-mobiliário, a Zona Sul possui razoável tradição.
São 203 indústrias de beneficiamento de madeira e 61 de móveis. Quando se
incluem as atividades florestais, o setor emprega mais de cinco mil pessoas
diretamente e mais de 16 mil indiretamente. No segmento de madeiras, os
principais produtos são assoalhos, forros e janelas que usam, entre outras
matérias-primas, eucalipto, pinus e cedrinho, cujas origens predominantes
são a própria Zona Sul e o norte do Brasil. Quase 70% desses produtos são
vendidos dentro da região. No segmento de móveis, as principais linhas são
escritórios, copa-cozinha e comerciais, que utilizam, como matérias-primas,
principalmente, MDF, pinus e eucalipto, cujas origens são a própria região
e o centro-oeste do Brasil. O principal mercado desse segmento é a Zona
Sul, que absorve quase 60% da oferta.
O mercado regional se caracteriza por um contingente de 1.027.580
consumidores – 31.618 famílias cuja renda média mensal é de R$ 2.534,00 – e
cujo potencial de consumo no item móveis é de R$ 323 milhões/ ano. No
segmento de produtos de madeira ( assoalhos forros e outros) embora não
haja números precisos,cálculos do setor da construção civil indicam que a
madeira ( beneficiada e industrializada) participa com 8% a 12% no custo
das obras.
No contexto mercadológico, o município de Pelotas é o principal
centro de consumo regional. Segundo estudo do ITEPA/UCPEL, aproximadamente
56% do consumo de produtos e serviços da região é feito em Pelotas, o que o
torna um dos principais pólos comerciais do Rio Grande do Sul.
O estimulo à consolidação de um parque industrial madeireiro-
mobiliário na região, no eixo econômico Pelotas/Rio Grande poderá se apoiar
nos aspectos acima indicados e nos indutores abaixo salientados:
- forte vocação do estado e da região nas atividades econômicas de
base florestal;
- tradição gaúcha na produção de bens madeireiros e de móveis,
principalmente a partir do pólo de Bento Gonçalves, um dos mais avançados
do país,
- necessidades de agregar maiores valores às matérias-primas
produzidas na região (PMVA), e ,
- existência de programas de incremento às atividades de base
florestal como: PRONAF/Florestal, PROPFLORA, FNO/Florestal e Ageflor/RS.
No que se refere a projetos de base florestal, três grandes grupos
empresariais já iniciaram atividades com reflexos expressivos na Zona Sul.
Os grupos STORA ENZO e ARACRUZ embora tenham suas bases operacionais fora
da região – Encruzilhada do Sul e Barra do Ribeiro – desenvolverão ações em
vários municípios da Zona Sul. Já o grupo VOTORANTIM tem sua sede em
Pelotas e seu viveiro no município do Capão do Leão, numa área coberta de
20 hectares para a produção de 30 milhões de mudas.
Até dezembro de 2005, o grupo Votorantim já investiu R$ 310 milhões,
comprou 67 mil hectares, plantou 28,5 mil hectares (5 mil em terras de
terceiros) e gerou 3400 empregos. Até 2010 serão adquiridas mais 73 mil
hectares ficando a empresa com 140 mil hectares. Do total, 70 mil serão
fixados como área própria de preservação e 70 mil serão florestados junto
com mais 360 mil hectares de terceiros. A partir de 2012, o projeto estará
disponibilizando 70 mil m3 de madeira por ano envolvendo 14 municípios da
Zona Sul e mais 30 municípios limítrofes com essa região.
BIBLIOGRAFIA
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Paulo, 2005.
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Brasil – uma análise econômica. Porto Alegre: Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul, Diretório de Planejamento, superintendência
de Planejamento, dez/2003.
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perspectivas. Brasília Confederação Nacional da Indústria, Boletim especial
do Informe Conjuntural, ed Unicom, 2005.
GAZETA MERCANTIL, Anuário brasileiro da silvicultura. Santa Cruz do Sul, ed
Gazeta Santa Cruz, 2005.
IBGE. Produção florestal brasileira soma 8,5 bilhões de reais em 2004. Rio
de Janeiro: Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Agropecuária, Produção da
Extração Vegetal e da Silvicultura 2003 e 2004.
INDÚSTRIA moveleira – htpp/www.abimóvel.org.br/d_suma.htm
MASSAÚ, Erli Soares. Banco de Dados da Zona Sul nº 16, Pelotas: Instituto
Técnico de Pesquisa e assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2005.
MASSAÚ, Erli Soares. Hierarquização Comercial do município de Pelotas em
relação ao outros municípios da Zona Sul, Pelotas: Instituto Técnico de
Pesquisa e Assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2003.
MASSAÚ, Erli Soares. Vazios industriais, oportunidades de investimentos e
perspectivas reais (Investcentro Vol. IV), Pelotas: Instituto Técnico de
Pesquisa e Assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2005.
SEBRAE, Móveis de madeira – Perfil de oportunidades de investimentos.
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VALENÇA, Antonio Carlos de. Medium Derisity Fiber Boord – Produtos
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Social, Área de Operação Industrial, Gerência Social, 2004.
VASCONCELOS, Antonio Carlos de, e outros. Os novos desafios para a
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Econômico e Social, Área de Operação Industrial, Gerência Social, pg 83 a
95, 2003.
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