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Madeira E Mobiliário Na Zona Sul Do Rio Grande Do Sul

O presente informe junto com dois outros ? Indústria Naval e Indústria Plástica ? fazem parte do programa INVESTCENTRO da UCPEL que busca subsidiar tecnicamente investidores com vistas à expansão econômica de Pelotas e Zona Sul do Rio Grande do Sul e conseqüente redução dos desequilíbrios regionais. A indústria de móveis do Brasil está geograficamente dispersa pelo território nacional, localizando-se principalmente na região centro-sul do país, que corresponde por 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra do...

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FUNDAÇÃO DOM ANTÔNIO ZATTERA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS MADEIRA E MOBILIÁRIO NA ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL MARÇO/2006 INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA E ASSESSORIA ESCOLA DE CIÊNCIAS ECONÔMICO-EMPRESARIAIS Fundação Dom Antônio Zattera Presidente: Sérgio Ávila Cardoso Universidade Católica de Pelotas Chanceler: D. Jayme Henrique Chemello Reitor: Alencar Mello Proença Pró-Reitor de Graduação: Miriam Siqueira da Cunha Pró-Reitor de Graduação, Pesq e Ext: Vini Rabassa da Silva Pró-Reitor Administrativo: Carlos Ricardo Gass Sinott Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria Coordenador: Erli Soares Massaú Equipe Técnica: Bel. Adm. Eduardo Amaral Meireles Acad. Econ. Tiale do Amaral Domingues Acad. Econ. Tiago Sabino Machado da Silva SIGLAS ABIMCI – Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente. ABIMÓVEL – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. AGFLOR – Agência Gaúcha de Empresas Florestais. AZONASUL – Associação dos Municípios da Zona Sul. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. CERFLOR – Sistema Brasileiro de Certificação Florestal. CETEMO – Centro Tecnológico do Mobiliário. CNC – Controle Numérico Computadorizado. EGP – Edge Glued Panel. FAMURS – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul. FAO – Food and Agriculture Organization FEE – Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ITEPA – Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria. MBRE – Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões. MDF – Medium Density Fiberboard. MDIC – Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio. MMA – Ministério do Meio Ambiente. MTb – Ministério do Trabalho. PMEb – Pequenas e Médias Empresas. PMVA – Produção de Maior Valor Agregado. PNF – Programa Nacional de Florestas. PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar. PROPFLORA – Programa de Plantio Comercial de Florestas. SEMA/RS – Secretaria do Meio Ambiente/RS. SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura. UCPEL – Universidade Católica de Pelotas. VA – Valor Adicionado. INDICE "APRESENTAÇÃO.................................................."08 " ".............................................................." " "JUSTIFICATIVA................................................."09 " ".............................................................." " "... " " "METODOLOGIA..................................................."11 " ".............................................................." " ". " " "1. REGIÃO – "12 " "ALVO.........................................................." " "................................................... " " " 1.1 A "12 " "região........................................................" " ".............................................................." " ".. " " " 1.2 Características "13 " "gerais........................................................" " "............................................ " " "2. PANORAMA FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO "19 " "SUL................... " " " 2.1 Base florestal "19 " "brasileira...................................................." " "............................................ " " " 2.1.1 Brasil no contexto "19 " "mundial......................................................." " ".............................. " " " 2.1.1.1 Celulose e "20 " "papel........................................................." " ".................................... " " " 2.1.1.2 Carvão "20 " "vegetal......................................................." " "........................................ " " " 2.1.1.3 Compensados e "20 " "laminados....................................................." " "....................... " " " 2.1.1.4 Painéis de madeira "20 " "reconstituída................................................." " ".................. " " " 2.1.1.5 "21 " "Serrados......................................................" " "................................................... " " " 2.1.1.6 "21 " "Móveis........................................................" " "................................................... " " " 2.1.1.7 Comentários e aspectos "22 " "mercadológicos................................................" " "....... " " " 2.1.1.8 Mercado "23 " "mundial......................................................." " "................................... " " " 2.1.2 Produção "23 " "florestal....................................................." " ".............................................. " " " 2.1.2.1 "24 " "Multiuso......................................................" " "................................................... " " " 2.1.2.2 "25 " "Caracterização................................................" " "............................................... " " " 2.1.2.3 "26 " "Competitividade..............................................." " "............................................. " " " 2.1.2.4 Produção e consumo de produtos "26 " "florestais.................................................. " " " 2.1.2.5 Estímulo para "31 " "plantar......................................................." " ".............................. " " " 2.1.2.6 Um modelo "32 " "nacional......................................................" " "................................ " " " 2.2 Base florestal do Rio Grande do "32 " "Sul..........................................................." " "................. " " " 2.2.1 Cobertura "32 " "florestal....................................................." " "............................................. " " " 2.2.2 A indústria de base florestal do Rio Grande do "34 " "Sul............................................... " " " 2.2.3 Exportação de produtos florestais do Rio Grande do"36 " "Sul....................................... " " "3. INDÚSTRIA DE BASE FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO "37 " "SUL... " " " 3.1 Madeira "39 " "processada...................................................." " ".................................................. " " " 3.1.1 "39 " "Compensados..................................................." " "....................................................... " " " 3.1.2 "40 " "Serrados......................................................" " "............................................................ " " " 3.1.3 Celulose e "41 " "papel........................................................." " "............................................. " " " 3.1.4 Produtos de maior valor "41 " "agregado......................................................" " ".................... " " " 3.1.5 Painéis "42 " "reconstituídos................................................" " "........................................... " " " 3.1.6 "43 " "Móveis........................................................" " ".......................................................... " " " 3.1.7 Exportação de produtos "44 " "brasileiros..................................................." " "................... " " " 3.1.8 Localização da indústria de "45 " "móveis........................................................" " ".............. " " " 3.1.9 Formação da cultura industrial "45 " "moveleira....................................................." " "....... " " " 3.1.10 Características gerais dos pólos "46 " "moveleiros...................................................." " "..... " " " 3.1.11 "49 " "Comercialização..............................................." " ".................................................... " " " 3.1.11.1 Canais de "49 " "comercialização..............................................." " "........................... " " " 3.1.11.2 "50 " "Exportação...................................................." " "............................................... " " " 3.1.11.3 Sucesso da "51 " "produção......................................................" " ".............................. " " " 3.1.11.4 Processo produtivo e "51 " "tecnológico..................................................." " "............. " " " 3.1.11.5 "52 " "Investimentos/tecnológicos...................................." " "..................................... " " " 3.1.11.6 Novos "54 " "materiais....................................................." " ".................................... " " " 3.1.11.7 "54 " "Design........................................................" " ".................................................. " " " 3.1.11.8 Relações "54 " "empresariais.................................................." " "............................... " " "4. "58 " "MERCADO......................................................." " ".............................................................." " ".. " " " 4.1 "58 " "Oferta........................................................" " ".............................................................." " "...... " " " 4.1.1 Estrutura "58 " "setorial......................................................" " "............................................... " " " 4.1.2 Tecnologia e "64 " "design........................................................" " "........................................ " " " 4.1.3 "65 " "Concorrência.................................................." " "......................................................... " " " 4.2 "65 " "Demanda......................................................." " ".............................................................." " ".. " " " 4.2.1 Produto e "65 " "renda........................................................." " ".............................................. " " " 4.2.2 Potencial de "67 " "consumo......................................................." " "...................................... " " " 4.2.3 Mercado de "68 " "Pelotas......................................................." " ".......................................... " " "5.VAZIOS "72 " "INDÚSTRIAIS..................................................." " "................................................ " " "6. COMENTÁRIOS "76 " "GERAIS........................................................" " "....................................... " " "7. "78 " "CONCLUSÃO....................................................." " ".............................................................." " "BIBLIOGRAFIA.................................................."81 " ".............................................................." " "... " " TABELAS "Tab 01 – População e área (Km2) dos municípios da região de " " "Pelotas/Rio Grande (Zona Sul) " " " "12 " "Tab 02 – Áreas Plantadas com pinus e eucalipto no Brasil – "28 " "2000 " " "Tab 03 – Necessidades anuais de florestamento do Brasil "29 " "Tab 04 – Produção dos principais produtos florestais – 2001 "29 " "Tab 05 – Atividade Florestal Brasileira – 2003 "30 " "Tab 06 – Cobertura florestal no Rio Grande do Sul – 1983 e "32 " "2001 " " "Tab 07 – Produção de produtos florestais no Rio Grande do "35 " "Sul – 1998/2001 " " "Tab 08 – Exportações de produtos florestais no Rio Grande do"36 " "Sul 2000/2002 " " "Tab 09 – Consumo de madeira industrial em toras no Brasil – "39 " "2000 " " "Tab10 – Produção, consumo e posição no mercado externo de " " "produtos florestais brasileiros - 2000 "40 " "Tab 11 – Produção de PMVAs no Brasil – 1995/2000 "42 " "Tab 12 – Produção, consumo, exportação e importação de " " "painéis reconstituídos – 2000 "43 " "Tab 13 – Exportação de produtos florestais, Brasil – "44 " "2000/2002 " " "Tab 14 – Distribuição relativa da comercialização por canais" " "dos pólos moveleiros do Brasil - 1997/1998 "50 " "Tab 15 – Participação relativa das empresas exportadoras e " " "não-exportadoras de móveis por pólo moveleiro no Brasil – "50 " "1996/1997 " " "Tab 16 – Níveis relativos de terceirização nos pólos "56 " "moveleiros do Brasil – 1996/1997 " " "Tab 17 – Número de estabelecimentos de transformação de " " "madeiras nos municípios da Zona Sul – 2004 "58 " "Tab 18 – Segmentos de produtos de madeira industrializada na"60 " "Zona Sul – 2005 " " "Tab 19 – Destinos dos produtos acabados da indústria da "60 " "madeira da Zona Sul – 2005 " " "Tab 20 – Matérias-primas usadas na industrialização de "61 " "madeira na Zona Sul – 2005 " " "Tab 21 – Origens das matérias-primas utilizadas na " " "industrialização de madeira na Zona Sul - 2005 "61 " "Tab 22 – Segmento de móveis industrializados na Zona Sul - "62 " "2005 " " "Tab 23 – Destinos dos produtos acabados da indústria de "63 " "móveis da Zona Sul – 2005 " " "Tab 24 – Matérias-primas utilizadas na industrialização de "63 " "móveis da Zona Sul – 2005 " " "Tab 25 – Origens das matérias-primas utilizadas na " " "industrialização de móveis na Zona Sul - 2005 "64 " "Tab 26 – Produto Interno Bruto e renda "per capita" nos " " "municípios da Zona Sul – 2003 "66 " "Tab 27 – Potencial de consumo por categoria de produtos e " " "serviços na Zona Sul – 2005 "67 " "Tab 28 – Potencial de consumo por categoria de produtos e " " "serviços no município de Pelotas - 2005 "68 " "Tab 29 – Vetores de atração, no varejo, por grupos de " " "produtos consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003 "69 " "Tab 30 – Vetores de atração, no atacado, por grupos de " " "produtos consumidos nos municípios da Zona Sul - 2003 "70 " "Tab 31 – Vetores de atração nos serviços consumidos nos " " "municípios da Zona Sul – 2003 "71 " APRESENTAÇÃO Este informe é resultado do CONTRATO de PRESTAÇÃO de SERVIÇO entre o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE (CONTRATANTE) e a Fundação Dom Antônio Zattera (CONTRATADA) com sede no município de Pelotas/RS. Para a elaboração do informe Madeira e Mobiliário na Zona do Rio Grande do Sul a Fundação assinou convênio com a Universidade Católica de Pelotas – UCPEL para que seu INSTITUTO TÉCNICO DE PESQUISA e ASSESSORIA – ITEPA o fizesse. O presente informe junto com dois outros – Indústria Naval e Indústria Plástica – fazem parte do programa INVESTCENTRO da UCPEL que busca subsidiar tecnicamente investidores com vistas à expansão econômica de Pelotas e Zona Sul do Rio Grande do Sul e conseqüente redução dos desequilíbrios regionais. A indústria de móveis do Brasil está geograficamente dispersa pelo território nacional, localizando-se principalmente na região centro-sul do país, que corresponde por 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra do setor. No Brasil como em outros países, a indústria moveleira caracteriza- se pela organização em pólos regionais, sendo os principais: Grande São Paulo (SP), Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Arapongas (PR), Ubá (MG) e Votuporanga e Mirassol (SP). Com uma estrutura bastante fragmentada, o setor conta com, aproximadamente, 13.500 empresas. Desse total, 10 mil são microempresas (até 15 funcionários), 3 mil são pequenas empresas (de 15 até 150 funcionários) e 500 empresas são de porte médio (acima de 150 funcionários). Na quase totalidade são empresas familiares, de capital inteiramente nacional. No entanto, nos últimos anos se verifica a entrada de empresas estrangeiras no segmento de móveis de escritório, em geral, via aquisição de fabricantes locais. JUSTIFICATIVA A produção mundial de móveis está estimada em mais de US$200 bilhões por ano, com um mercado internacional de, aproximadamente, US$ 55 bilhões anuais. Cerca de 50 países compram e vendem móveis, entre si. No Brasil o setor também vem crescendo, acompanhando o panorama mundial. Com razoável capacidade tecnológica o parque moveleiro nacional, segundo o BNDES, está estruturado em mais de 13 mil empresas que empregam, mais ou menos, 200 mil pessoas. Alguns fatores têm contribuído para a expansão do setor no Brasil: abertura da economia, ampliação do mercado interno ( melhora do poder aquisitivo), estabilidade da inflação, redução dos custos indiretos (político-conjunturais), baixo custo das madeiras reflorestadas, aprimoramento da produção e investimentos em tecnologia e design. Quase 90% da produção está concentrada no sul e no sudeste. As madeiras processadas e reconstituídas (aglomeradas, MDF) são as mais utilizadas em móveis. As madeiras maciças naturais são também usadas mas estão em declínio. É de registrar que o eucalipto vem sendo cada vez mais usado, principalmente, em dormitórios e salas de jantar. Embora os investimentos venham crescendo, o design pode ser considerado o aspecto mais vulnerável da indústria brasileira de móveis. Mas esforços concretos são desenvolvidos pela ABIMÓVEL e por outras instituições ligadas ao setor. Hoje já estão implantadas dois núcleos de desenvolvimento de design (Curitiba e São Bento do Sul) e a meta é chegar em trinta núcleos em todo o Brasil. A ABIMÓVEL e a ABNT já realizam normatização e certificação em alguns segmentos moveleiros como: escritório, escolar, cozinhas, vidros, tecidos e ferragens e acessórios. As previsões de crescimento do setor no Brasil são de 10% a 12% anuais entre 2006 e 2010. isto, porque o setor apresenta competitividade em razão da disponibilidade de mão-de-obra e de matérias-primas. É neste contexto que se visualiza para a região polarizada pelo eixo econômico Pelotas/Rio Grande o estímulo à consolidação de um pólo madeireiro-mobiliário apoiado num conjunto de fatores, já presentes na região: - parque industrial de quase 300 empresas ligadas à produção de móveis e ao beneficiamento de madeiras; - vocação natural para atividades de florestamento e reflorestamento, contando a região com mais de 60 mil hectares de eucalipto, pinus e acácia. Estas atividades já estão presentes, na área, há mais de 30 anos; - investimentos de grupos ligados à cadeia de celulose e papel que entre outros objetivos buscarão a geração de excedentes de madeiras que possam ser encaminhados para a indústria moveleira, para o beneficiamento e para a construção civil. METODOLOGIA O informe setorial MADEIRA E MOBILIÁRIO NA ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL foi elaborado tendo como instrumentos: pesquisa secundária, bibliografia especializada, pesquisa de campo e entrevistas com empresários. Assim foram coletadas informações em diversas fontes como: FEE, FAMURS, IBGE, sindicatos e outros. No caso do BRDE foram transcritos alguns textos integrais do estudo Florestamento na Região Sul do Brasil – Uma Análise Econômica (setembro/2003). Essa transcrição se justifica primeiro, por ser o referido estudo atualizado e segundo por ser o presente informe de circulação restrita à decisão do Banco. O conteúdo geral é de responsabilidade do ITEPA/UCPel que se responsabiliza, também, por erros de transcrições ou interpretações das fontes. Para conhecimento do setor na Zona Sul do Estado o ITEPA, além das fontes já citadas, fez ampla pesquisa junto à empresas de base florestal localizadas na região que, no decorrer do estudo é denominada de Zona Sul ou Eixo Econômico Pelotas/Rio Grande. As informações e dados quantitativos demonstrados são os mais atualizados disponíveis. 1. REGIÃO – ALVO 1.1 A região Os levantamentos tiveram como origem a composição político- administrativa do Rio Grande do Sul tendo por base os municípios componentes da Associação dos Municípios da Zona Sul – AZONASUL. Além dos municípios da Zona Sul, o ITEPA/UCPel incluiu em seus trabalhos os municípios de Bagé, Candiota, Caçapava do Sul, Hulha Negra e Aceguá. Isto porque estes municípios possuem vínculos econômicos mais fortes com o eixo Pelotas/Rio Grande, do que com suas regiões de origem. Dessa forma, a região de abrangência deste informe é composta pelos municípios da Zona Sul mais os municípios atraídos pelo eixo Pelotas/Rio Grande. A tabela 01 mostra a constituição político-administrativa da região- alvo. São 28 municípios numa área de 47.734,88 Km2 e uma população de 1.027.580 habitantes. Tabela 01 – População e área (Km2) dos municípios da região Pelotas/Rio Grande (Zona Sul) – 2003 "Municípios "População "Área km2 " "Aceguá "4.001 "1.551,15 " "Amaral Ferrador "5.878 "506,60 " "Arroio do Padre "2.637 "130,00 " "Arroio Grande "19.253 "2.544,80 " "Bagé "116.999 "4.095,52 " "Caçapava do Sul "34.308 "3.047,12 " "Candiota "8.805 "933,84 " "Canguçu "54.519 "3.525,06 " "Capão do Leão "25.337 " 784,00 " "Cerrito "6.994 " 461,50 " "Chuí "5.839 " 200,70 " "Cristal "6.720 " 682,10 " "Herval "7.161 "2.798,30 " "Hulha Negra "5.523 "822,94 " "Jaguarão "30.816 "2.070,90 " "Morro Redondo "5.977 " 247,10 " "Pedras Altas "2.627 "1.381,00 " "Pedro Osório "8.212 " 598,50 " "Pelotas "329.833 "1.647,90 " "Pinheiro Machado "14.134 "2.549,00 " "Piratini "19.921 "3.562,50 " "Rio Grande "190.242 "2.835,80 " "Santa Vitória do Palmar "33.282 "5.242,70 " "Santana da Boa Vista "8.800 "1.461,90 " "São José do Norte "25.699 "1.135,30 " "São Lourenço do Sul "44.480 "2.028,30 " "Tavares "5.576 "604,25 " "Turuçu "4.007 " 286,10 " "Total Z.S. "1.027.580 "47.734,88 " "Fonte: Famurs e FEE " " " " " " " 1.2 Características gerais Berço econômico do Rio Grande do Sul, a região se constitui, atualmente, na melhor opção para a desconcentração industrial do Estado e redistribuição espacial da economia gaúcha. A localização geográfica, a topografia plana, a proximidade do Uruguai e da Argentina, as boas condições climáticas e a baixa incidência de problemas sociais apontam a Zona Sul como área de excelência para o surgimento de uma economia ao mesmo tempo mais equilibrada e mais justa. Investir na região é reduzir inversões, aliando economias de escala à redução dos custos de projetos e dos custos públicos de disponibilização de infra-estrutura. Centro do Mercosul, a região está pronta para receber indústrias de vários setores, seja de mão-de-obra intensiva, seja de tecnologia de ponta. Dentre os muitos pontos fortes regionais os mais importantes são: - infra-estrutura de excelente nível, principalmente rodoviária, telecomunicações e portuária; - proximidade dos principais mercados do Cone-Sul, Uruguai e Argentina, via marítima e interconexão rodoviária de bom nível; - distribuição fundiária que contempla todos os tamanhos de propriedades, e com isso permite uma diversificada pauta de produtos agropecuários; - centro de excelência acadêmica e de pesquisa com a presença de quatro universidades o que gera qualificação de mão-de- obra; - condições edafo-climáticas próprias para expansão e diversificação da lavoura; - hierarquia urbana bem distribuída entre municípios de médio porte (Pelotas, Rio Grande e Bagé) municípios de pequeno porte (São Lourenço, Santa Vitória do Palmar e Canguçu) e os demais municípios; - estrutura terciária que abrange todos os segmentos do comércio e dos serviços; - terras irrigáveis que atingem um milhão de hectares e terras aptas para florestamento; - recursos hídricos em abundância; - importantes jazidas de calcário mineral e de conchas marinhas (calcário orgânico), e mais de 1,2 bilhões de toneladas de carvão. Todo esse potencial precisa ser realimentado através da integração da atual estrutura produtiva com segmentos econômicos mais dinâmicos, segundo uma política de promoção industrial que priorize setores de ponta e indústrias pesadas capazes de compor uma matriz transformadora de riqueza. Em sua área geográfica, vivem aproximadamente um milhão de habitantes, dos quais 85,2% estão nas cidades e 14,8% estão na zona rural. O colégio eleitoral atinge 76% da população. A região possui sua economia sustentada na agropecuária e na agroindústria, tendo como principais lavouras arroz, feijão, milho, soja, batata-inglesa, cebola e pêssego e, como principais atividades pecuárias, a criação de bovinos de corte, suínos, ovinos e derivados: leite e lã. No setor industrial, predominam os produtos alimentares, minerais não- metálicos, metalurgia e madeira. O comércio atacadista e varejista é grande gerador de emprego e de renda e a estrutura de serviços diversificada com ênfase na presença do setor financeiro. A análise da economia da Zona Sul, através do Valor Adicionado, indica a priori uma economia internamente equilibrada, uma vez que o VA se distribui razoavelmente nas atividades produtivas. Assim, a produção agrícola participa com 24,4% e a indústria de transformação com 23,5% do VA, o que mantêm o equilíbrio entre as duas atividades puxadoras dos fluxos financeiros. Esta estrutura melhora quando se observa que as atividades de beneficiamento e comércio varejista respondem juntas por 28,9% do VA o que, no conjunto, atinge 76,8%, caracterizando uma economia tipicamente bem distribuída. O atacado e os serviços respondem por 23,2%. Já do ponto de vista das relações da Zona Sul com outras regiões, esta distribuição explica a transferência continuada de poupança a partir da importância de bens semiduráveis e bens de capital que na região não são produzidos. A exportação de recursos funde-se no cotejo direto da estrutura de produção com outras mais dinâmicas. Quanto ao retorno do ICMS, a Zona Sul, no seu todo, encontra-se em condições iguais a de outras regiões, uma vez que seus vinte e oito municípios apresentam um coeficiente em torno de 7,6%. Do total que retorna, Pelotas e Rio Grande detêm cerca de 25% cada um e Bagé detêm 10%. Com uma qualidade de vida igual à média estadual, a região pode criar um modelo de crescimento em que se combine o tradicional e o moderno, o rural e o urbano. A Zona Sul detém 21% da produção de arroz e 10% de todos os grãos. Cerca de trinta outras culturas são economicamente viáveis em toda a região, destacando-se cebola, batata-inglesa, fumo, alho, pêssego, laranja, tangerina, morango e outras. Na pecuária, a região responde por 16% do rebanho gaúcho de corte, possuindo também vários redutos de excelente pecuária leiteira, 23% do rebanho ovino e uma nascente suinocultura que já conta com mais de três mil matrizes. Pelotas é um dos principais centros de comercialização de bovinos. No âmbito dos minerais, a Zona Sul possui 58% das reservas gaúchas de carvão energético, sendo, portanto, a maior área de concentração do Brasil. Além do carvão, minerais como calcário, pedra ornamental, brita e areia, igualmente possuem suas maiores reservas na região, enquanto cerca de duas dezenas de outros minerais, como estanho, cobre, tungstênio, titânio, turfa, diatomito, quartzo, feldspato, e molibdêmio encontram boas perspectivas econômicas. Tendo uma indústria com predominância dos gêneros alimentícios, é preciso registrar a presença da maior rede de beneficiamento de grãos da América Latina com uma centena de unidades beneficiadoras e armazenadoras de arroz. Segue-se um importante parque processador de carnes apoiado numa excelente capacidade de frio industrial e um importante setor conserveiro com duas dezenas de unidades. No setor terciário, a Zona Sul é considerada o maior centro atacadista do interior gaúcho e se destaca por ter um setor de serviços em que despontam as atividades bancárias. No contexto fisiográfico, a Zona Sul faz parte de duas regiões: a serra do Sudeste e sua encosta e o litoral sul. Segundo o sistema de classificação climática de Keffen, na Zona Sul ocorre uma variedade específica de clima temperado úmido "cf". É o chamado clima subtropical "cfa" (ou virginiano), úmido, com chuvas todos os meses, com temperaturas do mês mais quente superior a 22ºC, e do mês mais frio, oscilando entre 3 e 18ºC. As unidades de grupos de solos incluem: litossolo, podzólico, castanho acinzentado, podzólico vermelho amarelo, planossolo, aluvião bem drenado, aluvião mal drenado, podzólico hidromórfico e dunas. Quanto às águas, a Zona Sul é contemplada com a presença dos três maiores reservatórios de água doce do estado: Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Lagoa Mangueira. 2. PANORAMA FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL 1. Base florestal brasileira 2.1.1 Brasil no contexto mundial De acordo com a FAO: " Num cenário mais amplo e de longo prazo, o setor florestal mundial tenderá a passar por um processo de reordenamento, cabendo às florestas nativas um papel cada vez mais importante na bioprospecção e no fornecimento de serviços ambientais (fixação de carbono, conservação do solo, regularização do regime hídrico, manutenção da paisagem, da biodiversidade e ecoturismo) e um papel secundário no fornecimento de madeira. Por outro lado, a demanda por madeira será cada vez mais suprida por florestas cultivadas de forma intensiva, em rotações mais curtas e de alta produtividade. As espécies de crescimento rápido, como pinus e eucalipto, terão papel preponderante no fornecimento de fibras industriais. As regiões tropicais e subtropicais do planeta deverão ampliar significativamente suas participações no fornecimento de madeira cultivada para a indústria, com destaque para os países do Cone Sul, na América Latina, especialmente o Brasil e o Chile" (FAO. Unasylva, v. 52 n. 204,2001). Em relação ao setor florestal brasileiro, segundo o MMA e estudos realizados pela SBS, foi apontado um desequilíbrio entre oferta e demanda de madeira já em 2004, obrigando parte da indústria brasileira de base florestal a importar. As perspectivas e tendências para a indústria de base florestal brasileira foram contempladas no Programa Nacional de Florestas e no Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis (2001), e por instituições privadas representativas do setor e são apresentadas nos itens a seguir. 2.1.1.1 Celulose e papel Para atender demandas nacionais e internacionais, é previsto um crescimento para o segmento de celulose e papel de 5% ao ano na produção, ou seja, cerca de 3 milhões de toneladas. Esse aumento acelerado da produção será obtido com a implantação de novas unidades industriais. Com relação às projeções para o mercado externo, as perspectivas são de um crescimento de 2,7% a.a. na demanda mundial. Quanto ao consumo, as projeções indicam que a ampliação da produção das indústrias de celulose e papel deparar-se-á com a limitação nos maciços e com as restrições legais crescentes à extração de matas nativas. 2.1.1.2 Carvão vegetal Mesmo com a tendência de estabilização no consumo e na produção, o setor carvão vegetal e lenha é o que exigirá maior necessidade de plantio de florestas devido ao esgotamento das localizadas nos maciços e às restrições legais. 2.1.1.3 Compensados e laminados A demanda nacional por compensados e laminados deverá crescer 3% a.a., sendo que o consumo nacional de compensados em 2005 foi da ordem de 1,0 a 1,2 milhão m³. A previsão é de que 50% da madeira utilizada na sua fabricação sejam provenientes de florestas de pinus e 50% de madeira de florestas nativas. Esta indústria deverá ser atingida pela escassez de toras no mercado, muito embora suas previsões de demanda estejam situadas num nível inferior à sua capacidade instalada. 2.1.1.4 Painéis de madeira reconstituída Em 2004, a produção nacional de painéis reconstituídos alcançou 5,4 milhões m³, sendo que o segmento que apresentará o crescimento mais expressivo será o de MDF. As projeções indicam que a produção de MDF será quadruplicada nos próximos 5 anos. Já a indústria de aglomerados alcançou em 2004, uma produção de 3,2 milhões de m³, com destino quase que totalmente direcionado ao mercado interno, principalmente de móveis. Quanto ao consumo, para a produção de painéis reconstituídos estão sendo utilizados, a partir de 2004, 10 milhões de m³/ano de eucalipto e pinus, o que implica a necessidade de dobrar , em curto prazo, as áreas florestais ligadas a estas indústrias. Como o limite estimado de produção sustentada de toras de pinus é de 7 milhões m³/ano, se a demanda for superior a este valor, ter-se-á, necessariamente, que consumir os estoques em crescimento ou importar madeira. 2.1.1.5 Serrados O crescimento previsto para a produção de serrados com utilização de madeira de florestas nativas é de 3% a.a. e de 5% a.a. com madeira de florestas plantadas. Os serrados de eucalipto contribuirão com 10 a 15% dos serrados oriundos de plantações. A tendência é de que ocorra a substituição parcial e gradativa na demanda de serrados de madeiras nativas por oriundos de florestas plantadas. Essa tendência, aliada à limitação da oferta no curto prazo devido às reduzidas taxas de plantio nos anos 80 e 90, provocará escassez da matéria- prima, especialmente no sul do País, com reflexo nos preços, fato que restringirá processos de expansão da indústria brasileira, sobretudo no segmento de fabricação de móveis maciços. 2.1.1.6 Móveis Com relação a metas de crescimento, o fórum de competitividade da cadeia produtiva da madeira e móveis estabeleceu para o setor moveleiro: Aumentar as exportações de móveis de aproximadamente US$ 500 milhões, em 2000, para US$ 1 bilhão, em 2004; Ampliar a produção do setor moveleiro a uma taxa média de crescimento de 12% ao ano, o que alcançou um faturamento de R$ 15,26 bilhões em 2004; e Aumentar a base exportadora de móveis, passando das atuais 80 empresas para 300 empresas exportadoras. 2.1.1.7 Comentários e aspectos mercadológicos A tendência crescente do consumo pelas indústrias de produtos de base florestal aponta para a exaustão da base florestal plantada em 8 anos, a partir de 1998, com a previsão de uma maior aceleração do processo nos últimos anos. Diversas iniciativas vêm sendo tomadas por governos, ONGs, empresas e proprietários rurais, visando o aumento da cobertura florestal com sistemas agroflorestais ou florestamentos propriamente ditos. A obrigatoriedade, já imposta por alguns estados, de reposição florestal por parte dos consumidores de matéria-prima, aliada a uma crescente conscientização por parte da população e dos empresários em relação à importância da preservação das florestas, tem ensejado uma redução gradativa do ritmo do desmatamento e já se percebem os sinais de recuperação da floresta brasileira, especialmente nos estados da região sul. Tais iniciativas, todavia, não são suficientes para que possa ser revertido o atual quadro de degradação das florestas brasileiras, sendo necessárias medidas de caráter mais efetivo. Entre as principais medidas que precisam ser adotadas, de acordo com o PNF e com as entidades representativas do setor, destacam-se: desburocratização e simplificação dos instrumentos normativos; descentralização da gestão das ações de fomento florestal; criação e adequação de linhas de crédito e financiamento compatíveis com as especificidades de prazo, carência e maturação dos empreendimentos do setor; e fortalecimento das instituições de pesquisas Outras medidas requerem implantação urgente, segundo as empresas do setor: modernização da indústria de base florestal; elevação da agregação de valor da produção, e ampliação da base florestal, integrando no processo produtivo as pequenas e médias propriedades rurais. No setor externo, as perspectivas de evolução da demanda por produtos florestais demonstram a grande possibilidade que o Brasil tem de assumir posição de destaque no cenário mundial. Contudo, para ser competitivo, manter e ampliar sua participação no mercado externo é imprescindível a adoção de práticas científicas e tecnológicas que assegurem elevado padrão social e ambiental na produção. Isso se traduz na crescente necessidade de utilização de práticas de manejo sustentável e de certificação florestal, fatores cada vez mais identificados como vantagem competitiva no mercado exportador. 2.1.1.8 Mercado mundial O mercado florestal é dominado pelo Canadá (20,5%), os Estados Unidos (11,5%) e Finlândia (7,5%) com áreas de florestas bem menores que as do Brasil e sem as mesmas condições climáticas. Os 10 maiores importadores respondem por quase 70% das compras. Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália figuram como os maiores compradores. Nos últimos cinco anos, a França aumentou suas importações em 46%, e a China em 34%. Celulose, papel e papelão são produtos de alto valor e respondem por mais de 60% do movimento mundial do setor. Toras e madeiras serradas respondem por 25% do mercado. Painéis e chapas ficam em terceiro lugar, seguindo-se carvão vegetal, cavacos e resíduos. Em termos mundiais, 3% das florestas cobrem 30% da madeira consumida. No Brasil, 1% dos recursos atendem a 62% do consumo. As exportações brasileiras seguem a estrutura encontrada no mercado internacional. Papel, papelão e celulose participam com 68,5%, painéis, chapas e laminados com 12,4%, toras e madeiras serradas com 17,3% e outros produtos com 1,8%. " O setor moveleiro incluindo móveis de outras matérias- primas, vem experimentando expressivo crescimento nas exportações. Já são quase US$ 500 milhões anuais (Abimovel, apud Anuário Brasileiro da Silvicultura / 2005). 2. Produção florestal Em 2004, a produção primária florestal brasileira somou R$ 8,5 bilhões, dos quais 62% vieram da silvicultura (florestas plantadas) e 38% do extrativismo vegetal (produtos coletados em vegetações nativas espontâneas). Os produtos madeireiros representam 84% do valor da produção extrativa vegetal e os não madeireiros, 16%. Os dados oriundos da Pesquisa da Produção Vegetal e da Silvicultura de 2003 e 2004 (FIBGE) mostram a participação dos segmentos no valor total da exploração florestal. Dos produtos da silvicultura que apresentaram crescimento entre os anos 2003 e 2004, a resina vegetal foi o destaque. Sua produção saltou de 50.957 t para 53.390 t, ou seja, uma expansão de 4,77%. Além desse produto aparecem com aumento de produção casca de acácia-negra (1,55%), lenha (0,30%) e carvão ( 0,15%). O volume da madeira para celulose e papel caiu 6,55%, enquanto de madeiras para outras finalidades apresentou uma redução de 17,81%. Em razão disso, o volume total de mercadoria produzida no segmento da silvicultura (87.515.161 m3) apresentou um recuo geral de 12,12% em 2004 em relação ao ano de 2003. No segmento da silvicultura, a produção de lenha no Brasil alcançou 34.004.554 m3 e o Rio Grande do Sul, o maior estado produtor, respondeu por 36,38% deste total. Os municípios gaúchos de Butiá, Santa Cruz do Sul e Taquari foram os maiores produtores ao responderem, respectivamente, por 2,35%, 2,18% e 1,85% da produção nacional. O segundo estado maior produtor foi São Paulo, com uma participação de 20,19% no total da produção nacional de lenha proveniente da silvicultura. Em São Paulo, os principais municípios produtores foram, Itapetininga, Itaberá e Ibiúna. No ranking da produção nacional de madeira em tora para outras finalidades (moveleira, construção civil etc), originada de florestas plantadas, o estado do Paraná foi o primeiro produtor com 11.423.356 m3 produzidos, ou 27,70% do total nacional, que foi de 41.230.327 m3 . Seguem- no, nas quatro colocações seguintes, Santa Catarina, com 25,03% do total do país, São Paulo (21,35%), Rio Grande do Sul (10,74%), e Minas Gerais (8,07). 2.1.2.1 Multiuso De uma tora de árvore, a primeira e a segunda partes, de baixo para cima, retiram-se as lâminas, a terceira parte da madeira serrada e o restante servem para produção de celulose. Da madeira serrada são produzidas pranchas, vigas, caibros, tábuas, serrados e outras. O multilaminado é uma chapa feita por um número ímpar de lâminas, dispostas perpendicularmente umas às outras. Normalmente, os painéis são de pinus, mas existem diversos tipos de painéis, como painel lateralmente colado e painéis aglomerados. O MDF (chapa de fibra de média densidade) resulta de madeira especialmente moída. É um processo caro, mas que produz painéis de alta qualidade. O OSB são lascas de madeira colocadas de forma orientada. Os serrados assumem diversas denominações como: pranchas, vigas, vigotas, caibros, tábuas, sarrafos, e outros. A matéria-prima da madeira serrada é proveniente de floresta plantada de pinus e eucalipto. O reprocessamento da madeira serrada busca obter produtos com maior vigor agregado. As espécies utilizadas na fabricação são o pinus e algumas nativas, como ipê, imbuia e jatobá. Os produtos são variados: molduras, painéis, pisos, pré-cortados, componentes estruturais e outros. Em molduras, incluem-se portas, janelas e rodapés. A madeira pode, ainda, receber revestimento. Existem três formas básicas: tinta, verniz e stain. A tinta e o verniz formam uma película sobre a madeira e com o stain ela é impregnada. Esse revestimento tem o propósito de proteção contra fungos, cupins e intempéries. 2.1.2.2 Caracterização A indústria de base florestal caracteriza-se pelos segmentos como celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, geração de energia, móveis e madeira, abastecimento na elaboração dos produtos terápicos e cosméticos, e uma variada linha de tintas, resinas e vernizes, e também na cadeia de erva- mate e borracha, entre outras. Com faturamento anual de US$ 21 bilhões, o setor florestal apresenta grande relevância no desenvolvimento nacional, devido ao grande número de empregos que gera. Para o faturamento total, o segmento de papel e celulose contribui com 57,1%, a indústria moveleira com 15,5%, a siderurgia com 14,3% e o setor de madeira com 13,1%. O setor de celulose e pasta mecânica produz 7,3 milhões de toneladas por ano, sendo 75,3 proveniente de eucalipto e 24,7% de pinus; o de chapas reconstituídas rende 3,6 a 3,8 milhões de m3 por ano; o de madeira serrada de 7 a 10 milhões de m3 por ano; o de compensados de 1,2 a 1,8 milhões de m3 por ano. O consumo anual de toras é estimado em 33 a35 milhões de m3 de pinus e de 61 a 64 milhões de m3 de eucalipto, além de 53 milhões de m3 de madeira nativa. 2.1.2.3 Competitividade O Brasil é o país mais competitivo em produção de madeiras derivadas de florestas plantadas como resultado de excelentes condições de clima e solo. Eucalipto e pinus crescem mais rápido que nos países do hemisfério norte, lideres, ainda, da produção mundial. No Brasil, o pinus leva 14 anos para chegar no ponto de corte, enquanto que no hemisfério norte o tempo mínimo é de 40 anos. Com o eucalipto, a relação é ainda melhor, pois enquanto no Brasil o corte pode ocorrer aos sete anos, nas demais regiões o tempo varia entre 20 e 30 anos. Além dessa vantagem, o Brasil possui uma das tecnologias mais avançadas em florestas plantadas de reflorestamento e de recuperação de áreas degradadas. Dimensões continentais, acesso marítimo e mão-de-obra qualificada completam o rol de vantagens brasileiras. Apesar das vantagens, a performance da indústria florestal no Brasil ainda é pouco dinâmica, inclusive há previsões de falta de madeira para esta década. O Brasil já importa madeira do Chile, do Uruguai e da Argentina. 2.1.2.4 Produção e consumo de produtos florestais Entidades especializadas identificaram a existência de um débito florestal que poderá levar ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda de madeira para atender às projeções de crescimento das indústrias brasileiras de base florestal. O estoque anual de madeira, oriundo de florestas plantadas destinada a todos os segmentos da indústria de base florestal, é da ordem de 815 milhões de m3. No Brasil, estima-se que sejam cortados anualmente 450 mil hectares de pinus e eucalipto para suprir todos os segmentos industriais. Enquanto isso, a área média reflorestada estimada é de 180 mil hectares por ano, o que ocasiona um déficit de 270 mil hectares. O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal do mundo, o que eqüivale a 14,5% da superfície florestal mundial, sendo superado apenas pela Rússia (FAO, 2000). Dos 845,7 milhões de ha que formam o território nacional , aproximadamente 63,7% são cobertos por florestas nativas e apenas 06% por florestas plantadas . Essa ampla extensão de cobertura florestal impõe ao Brasil uma posição estratégica nas questões ambientais mundiais, além de dotá-lo de um grande potencial produtivo de produtos florestais madereiros e não madereiros. Até meados da década de 60, as florestas nativas, principal fonte de suprimento de madeira para o setor de base florestal, foram cortadas sem qualquer preocupação ou critérios oficiais com a racionalização da sua extração. Os programas de reflorestamento com incentivos fiscais (1967 a 1987) imprimiram um crescimento vertiginoso ao setor, o que permitiu que a atividade se estruturasse e se consolidasse como de vital importância para a economia do país, criando empregos, elevando a renda e gerando excedentes exportáveis. Com a extinção do Fundo de Incentivo Setorial (1987), ocorreu uma redução drástica nos plantios, fato que comprometeu a expansão do setor. Em abril de 2000, o Governo Federal, através do Ministério do Meio Ambiente, lançou o Programa Nacional de Florestas – PNF com o objetivo de promover o desenvolvimento florestal sustentável. Entre as várias metas estabelecidas destacam-se: ampliar a base florestal plantada, passando dos atuais 180 mil para 630 mil ha/ano de plantio; integrar processo produtivo às pequenas e médias propriedades rurais, aumentando em 50% sua produtividade em 10 anos; assegurar o suprimento de, no mínimo 10% da demanda de madeira em toras na amazônia a partir da exploração de florestas nacionais até o ano de 2003; incorporar 20 milhões de hectares da Amazônia e 560 mil do nordeste ao regime de manejo Florestal Sustentado até 2010; aumentar a participação do Brasil no mercado de madeiras tropicais de 4% para 10% até 2010; e incrementar as exportações de madeira de origem sustentável de menos de 5% para, no mínimo, 30% até 2010. Para suprir o resto do déficit de madeira, a partir de 2002 o Brasil precisa cumprir a meta prevista no PNF. Observadas as tendências de crescimento de produção e consumo para cada um dos principais produtos, as necessidades de reflorestamento no Brasil se encontram distribuídas conforme a tabela 02. Tabela 02 – Áreas plantadas com pinus e eucalipto no Brasil – 2000 1 "Estado "Pinus "Eucalipto "TOTAL " "Paraná "605.130 "67.000 "672.130 " "Santa Catarina "318.120 "41.550 "359.670 " "Rio Grande do "136.800 "115.900 "252.700 " "Sul " " " " "Região Sul "1.060.050 "224.450 "1.284.500 " "Total Brasil "1.840.050 "2.965.880 "4.805.930 " Fonte: SBS, 2001. Mesmo deficitária como matéria-prima industrial, a realidade mostra que as florestas cultivadas estão assumindo um grau de importância cada vez maior no cenário florestal brasileiro. As florestas plantadas no Brasil ocupam, aproximadamente, 4,8 milhões de hectares, dos quais cerca de 3 milhões de ha correspondem a reflorestamento com eucalipto e 1,8 milhão a reflorestamento com pinus, sendo a maior das plantações efetuadas pelas indústrias do setor ou por iniciativa de alguns estados. Do total de florestas plantadas, 75% estão vinculadas diretamente às indústrias e 25% são florestas que estão disponíveis para o consumo no mercado de roliças em geral. Quanto ao rendimento florestal, segundo dados do MMA, as florestas tropicais sob manejo produzem 20 a 30 m3/ha de madeira comercial, em ciclos de corte de 30 anos, e as plantações florestais crescem até 45 m3/ha/ano em ciclos de corte que variam (7,10,15,ou 25 anos) de acordo com a finalidade da madeira (celulose, painéis e serrados) e do gênero (pinus ou eucalipto). 1 As estatísticas da SBA referem-se, principalmente, ao reflorestamento empresarial e, por isso, apresentam em alguns estados diferenças significativas em relação ao IBGE, as quais incluem todas as áreas reflorestadas nas pequenas propriedades. Em função das condições climáticas e da reconhecida capacitação tecnológica desenvolvida nas últimas décadas, a silvicultura no Brasil apresenta vantagens comparativas em relação a outros países. Na Finlândia, o rendimento é de 5 m3/ha/ano; em Portugal, é de 10 m3/ha/ano; nos Estados Unidos é de 15 m3/ha/ano; e, na Africa do Sul, é de 18 m3/ha/ano (PNF/2000). Tabela 03 – Necessidades anuais de florestamento no Brasil "Produtos "Mil ha/ano " "Lenha "80 " "Madeira serrada "130 " "Carvão vegetal "250 " "Celulose e papel "170 " "TOTAL "630 " Fonte: PNF Essas necessidades indicam o plantio de 630 mil ha/ano. Tabela 04 – Produção dos principais produtos florestais em 2001. "Produto "Medida "2001 " "Extração Vegetal " "Carvão vegetal "t "1.729.319 " "Erva-mate "t "182.177 " "Lenha "m3 "49.001.583 " "Madeira em tora "m3 "20.069.287 " "Silvicultura " "Carvão vegetal "t "2.092.309 " "Erva-mate "t "645.965 " "Madeira "m3 "30.042.485 " "Madeira p/papel e "m3 "40.999.323 " "celulose " " " "Madeira p/ outras "m3 "28.758.815 " "finalidades " " " Fonte: PNF Na exportação vegetal o maior volume se destina à produção de lenha e, na silvicultura, o maior volume se destina à produção de papel e celulose. Tabela 05 – Atividade florestal brasileira – 2003 "Dados Econômicos " " "PIB Florestal "US$ 21 bilhões (4% do " " "total) " "- Celulose papel "US$ 7,5 bilhões " "- Siderurgia e carvão vegetal "US$ 4,2 bilhões " "- Madeira e móveis "US$ 9,3 bilhões " "Exportações "US$ 5,4 bilhões (10% do" " "total) " "Impostos Recolhidos "US$ 2 bilhões " "Consumo de madeira (nativas + plantas) "300 milhões m3/ano " "Empregos (diretos e indiretos) "2 milhões " "Áreas Florestais " " "Florestas nativas "530 milhões hectares " "Unidades de Conservação Federal "43,5 milhões de ha " "Plantações (eucalipto e pinus) "4,8 milhões de ha " "Plantio anual "200 mil hectares " "Florestas naturais " " "Floresta natural densa "64% " "Outras formas de vegetação natural "26% " "Floresta aberta "10% " "Uso do solo brasileiro (**) " " "Floresta natural "66% " "Outros usos (agricultura, pecuária, áreas "33,5% " "urbanas etc) " " "Floresta plantada "0,5% " "Distribuição das florestas naturais por " " "Estado (**) " " "Amazonas "26,2% " "Pará "23,7% " "Mato Grosso "11,2% " "Bahia "5,4% " "Mato Grosso do Sul "4,2% " "Rondônia "4,2% " "Outros "25,2% " "Distribuição das florestas plantadas por " " "Estado " " "Minas Gerais "1.678.700 ha " "São Paulo "776.160 ha " "Paraná "672.130 ha " "Bahia "451.790 ha " "Santa Catarina "359.670 ha " "Rio Grande do Sul "252.700 ha " "Espírito Santo "152.330 ha " "Mato Grosso do Sul "143.700 ha " "Amapá "92.860 ha " "Outros "225.890 ha " Fonte: SBS ** Fonte: Abimci A tabela 05 mostra a grande importância que o setor tem para a economia do país. São 4% da formação anual do PIB, que se distribuem por mais de duas dezenas de atividades. 2.1.2.5 Estímulo para plantar A prática da silvicultura, por parte dos agricultores brasileiros, tem o apoio do governo, através de varias linhas de financiamento, quase todas vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Principais programas de incentivo ao reflorestamento são: Pronaf Florestal: Esta linha de crédito contempla agricultores em três faixas de rendimentos anuais, entre R$ 2 mil e R$ 14 mil. Os limites de créditos oscilam em R$ 1 mil e R$ 6 mil. O pagamento pode ser feito em até 12 anos com oito de carência e juros entre 1% e 4% ao ano, dependendo da faixa de rendimento. Propflora: Podem fazer uso dessa linha de financiamento empresas, associações e cooperativas de produtores rurais, além de pessoas físicas que atuem no segmento agropecuário. Os encargos financeiros aplicados são de 8,75% ao ano, com a periodicidade do programa podendo ser semestral ou anual, num prazo total de 144 meses. O crédito é limitado a R$ 150 mil. Em 2005 foram disponibilizados R$ 50 milhões. FNO Florestal: O crédito destina-se a estimular a prática de silvicultura e do manejo florestal de uso múltiplo, a implantação de sistemas agroflorestais e silvopastoris, assim como a aquisição de máquinas e equipamentos, além dos projetos integrados. Os valores a serem acessados variam de R$ 80 mil a R$ 4,3 milhões por contrato, com juros de 6% a 10,75% ao ano. O prazo de pagamento é de 16 anos, com até nove de carência. FNE Verde: Nos mesmos moldes do FNO Florestal, tem o limite de financiamento definido pela capacidade de pagamento gerada para o projeto e pelas garantias disponíveis. A taxa de juros anual varia de 6% a 10,75%. O prazo mínimo de pagamento é de 12 anos, com seis de carência. FCO Pronatureza: A concessão de financiamento tem como teto R$ 4,8 milhões por contrato e taxas de juros anuais que variam de 6% a 10,75%. O pagamento do financiamento tem prazo máximo de 20 anos, com 10 de carência. 2.1.2.6 Um modelo nacional O Brasil também já possui o seu mercado para negociação de ativos gerados por projetos que promovam a redução das emissões de gases do efeito estufa, lançado, no Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o primeiro desse tipo a ser implantado em um país em desenvolvimento. O MBRE entrou em operação no segundo semestre de 2005. Com abertura do comércio nacional de créditos de carbono, o Brasil amplia a possibilidade de que empresas nacionais e do exterior façam investimentos em reflorestamento, utilizando o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite não só que um país reduza suas emissões, mas que possa investir em uma nação em desenvolvimento, além de obter créditos que auxiliem no cumprimento das metas do Protocolo de Kyoto. 1. Base florestal do Rio Grande do Sul 1. Cobertura florestal O Rio Grande do Sul realiza, a cada cinco anos, a atualização do seu inventário florestal. O inventário de 2001 apresenta dados como os apresentados na tabela abaixo. Tabela 06 – Cobertura florestal no Rio Grande do Sul –1983 e 2001 " "1983 "2001 "Acréscimo " "Floresta " " " " " "Área "% "Área "% "Área " " "( 1000 " "( 1000 " "( 1000 ha) " " "ha) " "ha) " " " "Natural "1.585,7 "5,6 "4.955,7 "17,5 "3.370,0 " "Plantada "174,4 "0,6 "274,7 "1,0 "100,3 " "Total "1.760,1 "6,2 "5.230,4 "18,5 "3.470,3 " Fonte: Inventário Florestal – 2002, apud BRDE. A cobertura vegetal existente corresponde a uma expansão de 197,2% relativamente à posição verificada em 1983 e decorre principalmente do abandono das áreas mais difíceis de serem cultivadas, o que possibilita uma regeneração natural da vegetação dentro da legislação vigente, do reconhecimento da importância e necessidade de conservação de florestas nativas pela população, além de um aumento, embora pequeno, da área cultivada. A legislação e o plano de Manejo Florestal do Governo do estado estabelecem que "para cada arvore cortada, os proprietários de florestas ou empresas exploradoras de matéria-prima de florestas nativas, além da reposição, deverão plantar 15 (quinze) mudas, preferencialmente das mesmas espécies, com plantio obrigatório dentro de 1 (um) ano, sendo permitido o máximo de 10% (dez por cento) de falhas, comprovado mediante laudo técnico e vistoria do órgão florestal competente", (BNDES). As florestas primárias, também conhecidas como matas virgens, encontram-se nas unidades de conservação do Estado. Outra parte dos remanescentes florestais estão em regiões elevadas, como topos de morros, serras, encostas... Segundo a SEMA/RS, atualmente as florestas nativas sujeitas ao manejo têm, de um modo geral, grande valor ambiental e baixo valor econômico. As áreas em processo de recuperação encontram-se em fase inicial de regeneração onde predominam espécies pioneiras, importantíssimas para o ambiente, mas com restrito potencial de utilização além de lenha como energia. Os resultados do Inventário mostram que o acréscimo da base florestal plantada com essências exóticas, no Rio Grande do Sul foi de 100.352 ha nos últimos 18 anos (crescimento de 57,4%) e as espécies mais utilizadas para florestamento são: pinus elliottii, pinus taeda, eucalyptus grandis, eucalyptus saligna e acácia mearnsi. O pinus é a matéria-prima mais consumida na fabricação de móveis; o eucalipto na produção de celulose, enquanto a acácia é fornecida para a produção de carvão e tanino. Demonstram, também, que havia no Rio Grande do Sul, em 2001, 153.583 ha plantados de pinus, 111.525 ha de eucalipto e 9.640 ha de acácia, totalizando uma extensão de 274.748 ha plantados com estas três essências florestais. A madeira proveniente de reflorestamento abastece a indústria florestal gaúcha, estando prevista a falta de madeira de qualidade no mercado a médio prazo, o que exige do poder público a adoção urgente de medidas que estimulem o plantio de novas florestas. Segundo dados da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), a base florestal plantada hoje de pinus, eucalipto e acácia é suficiente para atender à demanda somente até o ano 2005. Atualmente são plantados 9.000 ha/ano para um consumo de 28.000 ha. O estado do Rio Grande do Sul enfrenta, atualmente, a concorrência da Argentina e do Uruguai no fornecimento da madeira para as indústrias gaúchas de base florestal. 2. A indústria de base florestal no Rio Grande do Sul Segundo dados do sindicato da Madeira do RS, a indústria de base florestal do estado é composta por cerca de cinco mil empresas, que empregam diretamente 50 mil pessoas. O faturamento anual é de, aproximadamente, US$ 2.500 milhões, distribuídos, principalmente, entre o setor moveleiro (US$1.400 milhão), celulose e papel (US$ 550 milhões) e serrarias (US$ 200 milhões). O setor contribui com 4% na formação do PIB estadual e com 5% do ICMS gerado no estado. No mercado externo a participação da indústria foi bastante expressiva, atingindo US$ 366,5 milhões em exportações em 2001 segundo dados da Secex. O segmento da madeira serrada é composto por 1.680 empresas e produz 720 mil m³ por ano, sendo 15% desse total destinados ao mercado externo, principalmente Itália e Estados Unidos. Já a produção de chapas e painéis é de cerca de 258 mil m³ por ano. Quanto à indústria do mobiliário, representada por 2.800 empresas, ocupa diretamente 30 mil pessoas e participa com 22% de toda a produção nacional de móveis. Este segmento da indústria exportou em 2001 US$ 152,7 milhões, levando o Rio Grande do Sul a ocupar a segunda posição entre os estados brasileiros exportadores de móveis. O Rio Grande do Sul apresenta uma posição privilegiada na produção e no comércio de produtos florestais. É praticamente o único produtor de acácia negra no país, tendo atingido em 2001 uma produção de 212,4 mil toneladas de casca. No mesmo período, a produção de madeira bruta de espécies cultivadas para a produção de papel e celulose alcançou 2.600 mil m³, correspondendo a um acréscimo de 28,4% sobre a produção do ano anterior e equivalente a 6,4% da produção brasileira. Toda a madeira para transformação em papel e celulose provém da silvicultura. A participação das florestas nativas no fornecimento de madeira para processamento mecânico vem diminuindo ano a ano no Rio Grande do Sul. Tabela 07 – Produção de produtos florestais no Rio Grande do Sul 1998 / 2001 " " " "ANOS " " " "Produto "Unidade" " " " " " " "1998 "1999 "2000 "2001 " " " "EXTRAÇÂO VEGETAL " "Carvão Vegetal "t "1.879 "1.889 "1.865 "1.740 " "Erva-mate "t "25.622 "23.095 "23.234 "24.001 " "cancheada " " " " " " "Lenha "m³(mil)"3.113 "2.929 "2.737 "3.107 " "Madeira em tora "m³(mil)"105 "127 "132 "123 " "Palmito "t "- "- "- "- " "Pinhão "t "524 "562 "550 "568 " "Pinheiro "m³ "3.565 "489 "366 "389 " "brasileiro " " " " " " "(nó-de-pinho) " " " " " " "Pinheiro "mil "5 "6 "5 "2 " "brasileiro " " " " " " "(árvores " " " " " " "abatidas) " " " " " " "Pinheiro "m³ "8.779 "10.589 "10.014 "2.122 " "brasileiro " " " " " " "(madeira em tora)" " " " " " " " "SILVICULTURA " "Acácia negra "t "255.947 "242.544 "277.807 "212.425 " "(casca) " " " " " " "Carvão Vegetal "t "39.713 "41.188 "37.238 "35.117 " "Eucalipto (folha)"t "18 "17 "17 "17.116 " "Lenha "m³(mil)"8.292 "9.109 "9.350 "9.159 " "Madeira em tora "m³(mil)"4.520 "4.012 "4.629 "5.312 " "Madeira em tora/ "m³(mil)"1.629 "1.687 "2.057 "2.642 " "papel e celulose " " " " " " "Madeira em tora /"m³(mil)"2.891 "2.325 "2.572 "2.670 " "outras " " " " " " "finalidades " " " " " " "Resina "t "2.108 "3.208 "3.218 "1.947 " "Fonte: IBGE, Produção da extração vegetal e da silvicultura, sistema " "SIDRA, apud BRDE " Como no Brasil, o setor florestal gaúcho expande anualmente sua participação na riqueza estadual. 3. Exportação de produtos florestais no Rio Grande do Sul As exportações de produtos florestais do Rio Grande do Sul vêm sofrendo uma ligeira retração, decorrente, principalmente, da queda nas exportações de pastas celulósicas e móveis. Tabela 08 – Exportações de produtos florestais no Rio Grande do Sul 2000 / 2002 (US$ 1000 – FOB) "ITEM "2000 "2001 "2002 " "Erva-mate "20.185 "21.135 "15.212 " "Madeira e obras de madeira "80.247 "84.955 "110.405 " "Papel e Celulose "162.077 "107.684 "112.419 " "Pasta de mad. e outras mat. "135.804 "81.573 "87.369 " "fibrosas " " " " "Papel e cartão Kraft e suas "26.273 "26.111 "25.050 " "obras " " " " "Móveis madeira e suas partes "129.221 "152.736 "119.316 " "Total de produtos florestais "391.730 "366.510 "357.352 " "Total das exportações "5.779.942 "6.345.359 "6.375.466 " Fonte: MDIC/SECEX – Sistema Alice – 2003, apud BRDE. Em 2002, o Rio Grande do Sul ocupou a sexta posição entre os estados exportadores de produtos florestais, respondendo por 8,3% das exportações brasileiras deste segmento. 3. INDÚSTRIA DE BASE FLORESTAL NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL A cadeia produtiva da madeira pode ser compreendida pela observação do gráfico abaixo. Cadeia Produtiva da Madeira Fonte: BNDES, Apud BRDE. No que diz respeito à integração (verticalização) da cadeia produtiva, há diferentes situações dentro do setor: há atividades constituídas e operacionalizadas de forma altamente integrada, como é o caso das ligadas à produção de papel e celulose, e atividades com um baixo nível de integração, como as das serrarias e laminadoras2. Quanto maior a integração da cadeia, maiores as condições de elevarem-se os ganhos de operacionalização e de produtividade. Dessa forma, os florestadores não integrados tem um risco adicional3 em relação aos integrados: em situações de deficiência de demanda, à época do corte da floresta, os não integrados obterão retorno médio em relação ao mercado, podendo em situação extrema, se virem obrigados a adiar a colheita para não chegar a sofrer perdas significativas de receitas. A indústria brasileira de base florestal é constituida por 255 fábricas de celulose e papel, pertencentes a 205 empresas, distribuidas em 16 estados; cerca de 7.000 unidades de processamento primário e secundário de madeira, a maior parte localizada na Amazônia; 15.000 fábricas de móveis e componentes de móveis; e 110 indústrias siderúrgicas que utilizam carvão vegetal, concentradas, principalmente, no estado de Minas Garais. O setor registrou, no ano de 2001, um consumo superior a 300 milhões de m3/ano, que foram destinados ao uso industrial. Empregou cerca de 2 milhões de pessoas, direta e indiretamente, gerou aproximadamente US$ 2 bilhões em impostos. Teve uma participação de 4% na composição do PIB nacional, com um faturamento de US$ 21 bilhões, e as exportações atingiram cerca de US$ 4,2 bilhões, o que corresponde a 8% do total das exportações do Brasil. Não obstante possuir o maior estoque de madeira tropical do mundo, solos e climas favoráveis e disponibilidade em termos de terra e mão-de- obra, a participação brasileira no mercado mundial tem sido muito modesta. O comércio internacional de produtos florestais, no ano de 2001, foi de US$ 290 bilhões e a participação brasileira foi de apenas 1,4%. Há um espaço amplo para o crescimento do setor no mercado internacional, dependendo de fatores como agregação tecnológica e inovação, maior capacidade organizacional da iniciativa privada e aporte de recursos financeiros em condições adequadas às características do setor, dentre outros. 2Serrarias e laminadoras somadas às indústrias de compensados e aglomerados diversos, são os principais fornecedores da indústria de móveis. 3O fato do setor ter um longo ciclo de produção já é indicador de elevação do risco para as empresas que nele operam. 1. Madeira processada A tabela abaixo indica que as florestas nativas são utilizadas, principalmente, nas serrarias e laminadoras. Por outro lado, as florestas plantadas têm a preferência de utilização dos demais produtos. Tabela 09 – Consumo de madeira industrial em toras no Brasil – 2000 (mil m3) "Produto "Nativas "Plantadas "Total "% Nativa " "Celulose e papel "0 "32.000 "32.000 "0,0 " "Carvão vegetal "11.800 "33.400 "45.200 "26,1 " "Lenha industrial "16.000 "13.000 "29.000 "55,2 " "Serrados "34.000 "15.100 "49.100 "69,2 " "Lâminas e compns. "2.050 "3.960 "6.010 "34,1 " "Painéis "0 "5.000 "5.000 "0,0 " "reconstituidos* " " " " " "TOTAL "63.850 "102.460 "166.310 "38,4 " Fonte: Abracave, STCP, Abipa, Abimci, Bracelpa, SBS, 2001, apud BRDE. *Inluem: Aglomerados, Chapas de Fibra e MDF. 3.1.1 Compensados Uma característica importante desse ramo de indústria é o porte bastante diversificado, predominando empreendimentos de pequeno porte, com organização tipicamente familiar. Estima-se que no Brasil, atualmente, existam, operando, cerca de 300 empresas no setor. Informações da ABIMCI indicam que 60% do compensado nacional é produzido com madeira tropical, e os demais 40% com madeiras de florestas plantadas (na região Sul e Sudeste, sobretudo pinus)4. A principal destinação dos compensados é a indústria moveleira, que absorve, aproximadamente, 45% da produção, seguida da construção civil, com 34% e embalagem, com cerca de 17% (ABIMCI/2001). O mercado de compensados, no Brasil, vem crescendo a uma média anul de 8% na produção, para um cerescimento anual de aproximadamente 3% no consumo. 4Registre-se que o compensado do tipo "combi" (face em madeira tropical e miolo em madeira de pinus) está ganhando cada vez mais espaço, principalmente no mercado interno. Nas exportações, o crescimento médio anual tem se situado em torno de 16,5% sendo os principais destinos do compensado brasileiro o Reino Unido (24,5%), EUA (17,9%) e Alemanha (11,0%). Enquanto o compensado de pinus é responsavel por cerca de 80% do volume exportado no período de 1998 a 2000, o mercado interno tem sido suprido predominantemente, com compensado produzido de madeira tropical4. 3.1.2 Serrados A agregação da tecnologia é um dos fatores responsáveis pela evolução média anual de 4,4% na produção e de 3,9% no consumo de madeira serrada nos últimos anos e tem contribuído para dar competitividade aos três principais segmentos a que se encontra vinculada: a indústria moveleira, a indústria de embalagens e a indústria da construção civil. A utilização da madeira proveniente de florestas plantadas é uma tendência que vem se consolidando nos últimos anos, principalmente o pinus. Em 1990, a madeira serrada correspondia a 26% do total da produção de serrados no Brasil, passando para 30% em 2000 (ABIMCI – 2000). Com relação ao mercado externo, é crescente a participação da madeira serrada no comércio internacional. Os principais destinos das exportações brasileiras de serrado são EUA (36,3%) e França (11,0%). Tabela 10 – Produção, consumo e posição no mercado externo de produtos florestais brasileiros – 2000. "Produto "Unidade "Produção "Consumo "Part. Mundial " " " "(milhões) "(milhões) " " "Celulose "ton "7,6 "4,4 "4,2 " "Papel "ton "7,2 "5,9 "2,2 " "Carvão "mdc "26,0 "25,4 "- " "vegetal " " " " " "Serrados "m3 "19,6 "18,3 "4,3 " "Compensados "m3 "1,95 "1,0 "2,9 " "Painéis "m3 "2,7 "2,5 "3,0 " "reconst. " " " " " Fontes. BRDE. 3. Celulose e papel As empresas brasileiras do setor registraram, em 2000, a produção de 7,6 milhões de toneladas no segmento de celulose, e 7,2 milhões de toneladas no segmento de papel. O setor de papel e celulose tem hoje a totalidade do seu abastecimento oriundo de madeira de florestas plantadas, principalmente dos gêneros eucalipto e pinus. No ano em questão, 64% da matéria-prima consumida foi de fibra curta e 36% de fibra longa. O país exportou 4,5 milhões de toneladas, confirmando sua posição como 7º produtor mundial de celulose e 12º produtor mundial de papel, consolidando-se como principal fornecedor de celulose branqueada de eucalipto (fibra curta) no mercado internacional, sendo responsável por 47% da capacidade mundial desse tipo de fibra (SBS-2000). 3.1.4 Produtos de maior valor agregado (PMVA) No final dos anos 80, a crescente competitividade a que se viram submetidas as empresas brasileiras produtoras de serrados, sobretudo as de médio e grande porte, levaram-nas a investir em processos e produtos que agregassem maior valor ao produto serrado. Destacam-se como principais PMVA produzidos no Brasil os blocks, blancks, molduras, painéis reconstituídos (aglomerados, chapas de fibra a MDF), pisos de madeira e janelas, pré-cortados, componentes estruturais e EGP (Edge Glued Panel). A principal matéria-prima utilizada para a fabricação de PMVA é o pinus, que provém, principalmente, de florestas plantadas localizadas nos estados do Paraná e de Santa Catarina, e de algumas espécies nativas da Amazônia, como o ipê, imbuia, jatobá e outras. O eucalipto, devido ao seu potencial produtivo, vem ganhando importância nos últimos anos. A maior parte da produção de EGP é absorvida pela indústria moveleira nacional, através de uma atuação integrada. O crescimento anual da produção do EGP tem se situado em torno de 4% e o do consumo abaixo de 1%. As exportações têm como principal destino Alemanha e Coréia, e vêm evoluindo a uma média anual de 29%. Já o segmento blocks e blanks, e o de molduras vêm atingindo um crescimento médio anual de produção de 10% e 54%, respectivamente. No consumo, a média anual de crescimento tem sido de 40% para blocks/blanks e de 171% para molduras. Tabela 11 – Produção de PMVAs no Brasil – 1995/2000 "Ano "Total "Blocks/Blanks"EGP "Molduras (1) " "1995 "515 "250 "230 "35 " "1996 "560 "270 "240 "50 " "1997 "645 "310 "250 "85 " "1998 "695 "330 "255 "110 " "1999 "781 "361 "267 "133 " "2000 "975 "390 "285 "300 " Fonte: ABIMCI, 2001, apud BRDE. 1) Tipo exportação. 3.1.5 Painéis reconstituídos O segmento de painéis reconstituídos no Brasil é composto por um reduzido número de indústrias, com a caracteríistica de atuarem em grande escala. A matéria-prima utilizada para a fabricação de painéis reconstituídos consiste somente nas madeiras tipo pinus e eucalipto. Tabela 12 – Produção, consumo, exportação e importação de painéis reconstituídos – 2000 "Produtos "Produção "Consumo "Exportação "Importação " "Aglomerados "1.762.220 "1.761.857 "15.712 "15.349 " "Chapa de "558.766 "363.846 "194.920 "0 " "fibra " " " " " "MDF "381.356 "388.878 "3.037 "10.559 " Fontes: ABIPA,SECEX 2000, apud BRDE. O MDF, que apresenta um parque fabril bastante moderno por ter sido instalado recentemente no país, vem conquistando mercado pela sua utilização cada vez mais crescente no país, pela indústria moveleira e de construção civil e ocupando um espaço até então reservado à madeira maciça e a outros painéis reconstituídos. Até o ano de 1996, todo o material de MDF era importado pelas empresas brasileiras. O segmento de chapas de fibra (cujo parque fabril nacional data dos anos 60), não obstante a significativa participação no desempenho atual do segmento, vem perdendo participação devido à substituição por outros produtos, notadamente o MDF. 3.1.6 Móveis Dados do ministério do trabalho (MTb – Rais 2000) indicam que o setor mobiliário é formado por 15.540 micro, pequenas e médias empresas, a grande maioria constituída por capital nacional, registrando concentração bastante elevadas nas regiões Sul e Sudeste. Na região Sul, estão localizadas, principalmente, nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Dada a expressividade das atividades informais do ramo, o número de estabelecimentos informais da indústria moveleira é bastante diferente do número total de estabelecimentos existentes. Segundo informações da Abimóvel, o número total de empresas produtoras de móveis, incluindo as informais, deve chegar a 50.000, enquanto o faturamento, em 2001, atingiu R$ 9,7 bilhões. A competitividade do setor moveleiro brasileiro é uma realidade. Fatores como: variedades de matérias-primas, mão-de-obra, profissionais e experiência acumulada, sobretudo nos pólos localizados na região Sul e Sudeste, contríbuiíram para a sua efetivação. Também merecem dsestaques como fatores que contribuíram para o desempenho do setor no mercado externo as melhorias ocorridas nos processos e produtos, a renovação do parque tecnológico, com elevação dos investimentos em equipamentos mais atualizados e maior participação do mercado americano. Os principais destinos das exportações brasileiras de móveis em 2002 foram: Estados Unidos (39%), França (18%), Alemanha (8%), Reino Unido (7,1%) e Países Baixos (6,8%). Devido à retração do mercado argentino, houve um deslocamento das vendas para o mercado americano, o qual passou de uma participação de 23,5% em 2000, para os 39% de 2002. 3.1.7 Exportações de produtos brasileiros Apesar das vantagens comparativas na produção de madeira, o país ainda detém modesta posição no mercado mundial. Segundo dados de instituições representativas do setor, o comércio internacional de produtos florestais em 2001 foi de US$ 290 bilhões, enquanto as exportações brasileiras foram de apenas US$ 4,2 bilhões. Os maiores exportadores foram os Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo e os principais destinos foram os Estados Unidos e Países da União Européia. Os dados revelam que cresce a dependência do comércio de madeira do Brasil com os Estados Unidos e a União Européia, diminuindo a relação comercial com os demais países. Tabela 13 – Exportações de produtos florestais – Brasil - 2001/2002 (US$ 1000,00 FOB) "Item "2000 "2001 "2002 " "Erva-mate "28.178 "27.729 "20.990 " "Madeiras e obras de "1.478.419 "1.491.391 "1.765.358 " "madeira " " " " "Papel e celulose "2.543.412 "2.190.119 "2.055.585 " "Pasta de mat. e outras "1.602.407 "1.247.590 "1.161.237 " "mat.fibrosa " " " " "Papel e cartão Kraft e "941.005 "942.529 "894.348 " "suas obras " " " " "Moveis de madeira e suas"392.229 "508.964 "453.782 " "partes " " " " "Total produtos "4.442.238 "4.218.203 "4.295.715 " "florestais " " " " "Total Geral das "55.085.595 "58.222.642 "60.391.786 " "Exportações " " " " Fonte: MDIC/SECEX – Sistema Alice; Instituto CEPA, apud BRDE. A exportação de móveis de madeira e suas partes ainda apresenta uma participação muito modesta nas exportações de produtos florestais. No período exposto na tabela 13 a participação foi em média de 0,77% por ano. 8. Localização da indústria do mobiliário A indústria de móveis do Brasil está geograficamente dispersa pelo território nacional, localizando-se na região centro-sul do país, que responde por 90% da população nacional e 70% da mão-de-obra do setor. No Brasil, como em outros países, a indústria moveleira caracteriza-se pela organização em pólos regionais, sendo os principais: Grande São Paulo (SP), Arapongas (PR), Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Ubá (MG) e Votuporanga e Mirassol (SP). Com uma estrutura bastante fragmentada, o setor conta, aproximadamente, com 13.500 empresas. Desse total, 10 mil são microempresas (até 15 funcionários), 3 mil são pequenas empresas (de 15 até 150 funcionários) e 500 empresas são de porte médio (acima de 150 funcionários). Na sua quase totalidade, são empresas familiares, de capital inteiramente nacional. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado a entrada de empresas estrangeiras no segmento de móveis de escritório, em geral, via aquisição de fabricantes locais. 9. Formação da cultura industrial moveleira No começo do século XX, na região da grande São Paulo, de pequenas macenarias de artesãos italianos surgiram as principais indústrias moveleiras, com a maior parte de sua produção voltada para o mercado popular em formação. Os pólos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são igualmente pioneiros na produção de móveis5. 5.Adaptado de http://www.abimóvel.org.br/d_suma.htm, (3. 1. 9 e 3. 1. 10). Quadro 01 – Caracteristicas da formação industrial dos pólos moveleiros no Brasil "Pólos "Origem "Consolidação " "Grande São Paulo (SP) "Marcenarias familiares "Década de 50 " " "(imigração italiana) " " "Noroeste Paulista (SP) " "Década de 80 " "(Votuporanga e "Iniciativa dos empresários " " "Mirassol) "locais. " " "Ubá (MG) "Empresas atraídas pela "Década de 80 " " "instalação da Móveis Itatiaia" " " "na década de 60. " " "Arapongas (PR) "Iniciativa de empresários "Década de 80 " " "locais, com apoio " " " "governamental (em particular " " " "do município). " " "São Bento do Sul (SC) "Instalação nos anos 60/inicio"Década de 70 " " "dos 70, com apoio " " " "governamental. " " "Bento Gonçalves (RS) "Manufaturas de móveis de "Década de 60 " " "madeira e metal originados da" " " "fabricação de instrumentos " " " "musicais e telas metálicas. " " Fonte: Abimóvel, NEIT/IE/Unicamp Os outros pólos como Mirassol, Votuporanga, Ubá e Arapongas - foram implantados mais recentemente. Na década de 90, o setor adotou, como estratégia básica, a renovação de máquinas e equipamentos num processo que se estendeu, também, à qualificação da mão-de-obra e à gestão administrativa. No entanto, a estrutura empresarial continuou fragmentada, e, mesmo diante dos avanços tecnológicos, foi pouco expressivo o número de fusões, parcerias e outros mecanismos associativos. 10. Características gerais dos pólos moveleiros No estado do Rio Grande do Sul, encontra-se o pólo moveleiro de Bento Gonçalves, um dos mais importantes do país. Este pólo localiza-se na região serrana do estado, incluindo outros municípios como Flores da Cunha e Antônio Prado. Esta indústria é constituída por cerca de 160 empresas, empregando mais de 6 mil funcionários e faturando acima de R$ 1 bilhão, o que representa aproximadamente 50% das atividades econômicas destes municípios. Além da região serrana, o município de Lagoa Vermelha apresenta- se como um pólo moveleiro secundário do estado. As empresas deste pólo moveleiro estão entre as maiores e mais modernas do país, em particular as produtoras de móveis retilíneos seriados, com destaque para Todeschini, Carraro e Florense, fundadas respectivamente em 1968, 1961 e 1953. Além destas, destacam-se também Delano, SCA, Pozza, Madem, Madesa, Marelli, Bertolini e Telasul, esta última que produz móveis tubulares para dormitórios, pertence ao Grupo Grendene. Apesar da produção estar voltada para o mercado interno, o pólo moveleiro de Bento Gonçalves responde por aproximadamente 1/4 das exportações brasileiras de móveis, sendo o segundo maior pólo exportador do país. O desenvolvimento da indústria moveleira de Bento Gonçalves deve-se, em grande parte, ao notável associativismo existente entre os empresários locais. A rica experiência de um trabalho conjunto com o objetivo de construir vantagens competitivas consolidou-se na década de 80, com a criação pelo SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do CETEMO - Centro Tecnológico do Mobiliário, ainda hoje o principal do país. Este centro de tecnologia tem como objetivo fornecer cursos de aprendizado e treinamento e atendimento às empresas em forma de consultoria, além de constituir um núcleo setorial de informações tecnológicas. Este associativismo dos empresários também permitiu, em 1994, a criação do curso superior de Tecnologia em Produção Moveleira pela Universidade de Caxias do Sul. O pólo moveleiro de São Bento do Sul possui, aproximadamente, 170 empresas, com elevada participação de médias e grandes empresas. Estas empresas destinam cerca de 80% da produção para o mercado externo, composta quase exclusivamente por móveis residenciais de madeira pinus. Entre as principais empresas da região, destacam-se Rudnick, Artefama, Neumann, Leopoldo, Zipperer, Weiherman, Serraltense e Três Irmãos. A indústria moveleira de Arapongas concentra-se na produção de móveis residenciais populares destinados ao mercado interno. Entretanto, possui também algumas médias e grandes empresas de alta tecnologia que exportam parte da sua produção, sendo responsáveis por aproximadamente 7% das vendas externas de móveis do país. Cabe, ainda, destacar a existência de um certo grau de associativismo entre as empresas da região, o que permitiu a construção, em 1997, de um grande centro de eventos, com mais de 20 mil metros quadrados, onde se realizou a primeira Movelpar - Feira de Móveis do Paraná. O pólo moveleiro de Ubá localiza-se no estado de Minas Gerais, na "zona da mata mineira", a cerca de 300 km de Belo Horizonte. As primeiras empresas surgiram nos anos 50, e hoje este pólo moveleiro se destaca por possuir a maior fábrica de móveis do país, a Itatiaia, criada em 1964, e que atualmente se concentra na produção de armários de aço para cozinha. O pólo reúne, ainda, um conjunto de, aproximadamente, 300 empresas, na sua maioria de pequeno e médio portes, voltadas quase exclusivamente para a produção de móveis residenciais de madeira, destinados na sua totalidade ao mercado interno. No estado de São Paulo, a indústria de móveis apresenta produção geograficamente dispersa, espalhando-se pela capital e pelo interior do estado, mas é possível identificar a existência de duas aglomerações regionais bem definidas: a da Grande São Paulo e a do Noroeste Paulista. Deve-se ressaltar que Itatiba se apresenta como um pólo moveleiro secundário e, no interior do Estado, os municípios de Araçatuba, Fernandópolis, Osvaldo Cruz, Piracicaba e Porto Ferreira possuem grandes e médias empresas produtoras de móveis, sem entretanto se constituírem em pólos moveleiros. A indústria de móveis do Noroeste do estado de São Paulo pode ser subdividida, por sua vez, em dois centros regionais, representados pelas cidades de Votuporanga e Mirassol. Apesar da proximidade geográfica e de alguns projetos realizados em conjunto, é importante salientar que estes pólos apresentam estruturas diferenciadas. A indústria moveleira de Mirassol congrega cerca de 80 empresas, responde por cerca de três mil empregos diretos e por mais de 50% das atividades industriais do município, sendo responsável por aproximadamente 1/3 da arrecadação municipal. As empresas deste pólo estão concentradas na produção de móveis residenciais de madeira. As grandes e médias empresas atuam no segmento de móveis retilíneos seriados, enquanto as pequenas empresas atuam quase exclusivamente na produção de móveis torneados de madeira maciça. A região de Votuporanga abriga aproximadamente 350 empresas moveleiras, das quais 170 apenas no município de Votuporanga. Criada recentemente, esta indústria já tem peso significativo na região, empregando mais de 6 mil pessoas e representando cerca de 50% das atividades econômicas dos municípios. A empresa mais antiga tem apenas 35 anos de existência e a média de idade do conjunto das empresas é inferior a dez anos. A maioria das empresas do pólo de Votuporanga está voltada para a produção de móveis residenciais de madeira. Neste segmento, atuam dois grupos de empresas: duas grandes/médias empresas (com destaque para a Davanço), que produzem móveis retilíneos com painéis de madeira, e um grupo expressivo de pequenas e médias empresas, que produzem móveis torneados a partir de madeira maciça. Verifica-se, também, a importante participação das empresas produtoras de móveis estofados. Além destas, nos últimos anos observa-se uma crescente participação dos fabricantes de móveis metálicos (tubulares). A indústria moveleira da Grande São Paulo, o maior e mais diversificado "pólo" do país, depois de sofrer significativa retração nas últimas décadas, reúne aproximadamente 3,8 mil empresas e emprega 5,8 mil trabalhadores. Esta indústria apresenta características bastante particulares, ao se comparar com os demais pólos moveleiros do país. De certa forma, é errôneo referir-se à indústria moveleira da Grande São Paulo como um pólo homogêneo produtor de móveis, devido à sua elevada heterogeneidade. Apesar da heterogeneidade, pode-se dividi-la em dois grandes segmentos, para sua melhor caracterização: o de móveis residenciais e o de móveis para escritório. 11. Comercialização 1. Canais de comercialização Na comercialização, o principal canal adotado pelas empresas são os representantes comerciais que atendem aos pequenos varejistas. No caso das grandes e médias empresas, a venda também é feita direta ao varejo. A franquia é usada, principalmente pelos pólos de Bento Gonçalves e São Bento do Sul. Cabe destacar que o pólo da grande São Paulo não segue o padrão de comercialização do restante da indústria moveleira. Entre as empresas selecionadas neste pólo, mais de 70% das vendas são realizadas diretamente aos clientes finais. No segmento de móveis para escritório, a maioria das vendas é efetuada diretamente aos usuários finais, existindo uma relação muito próxima com estes. Por sua vez, a quase totalidades das PMEs da indústria moveleira da grande São Paulo executa a sua produção sob encomenda, atendendo diretamente aos seus clientes. Tabela 14 – Distribuição relativa da comercialização por canais dos pólos moveleiros do Brasil – 1997/1998 "Canais de "PÓLOS " "Comercializaçã" " "o " " " "Mir. "Vot.1 "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S."B. Gonç " "Sob "11% "10% "74% "10% "7% "0% "4% " "encomenda/loja" " " " " " " " "s " " " " " " " " "Grandes "32% "32% "11% "43% "32% "22% "45% " "varejistas " " " " " " " " "Peq. "57% "58% "15% "47% "59% "50% "45% " "Varejistas/rep" " " " " " " " "re. " " " " " " " " "Rede de "0% "0% "0% "0% "2% "0% "4% " "franquias " " " " " " " " "Representantes"0% "0% "0% "0% "0% "28% "2% " "no exterior " " " " " " " " "TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% " Fonte: Elaboração Própria, com base de Dados do NEIT/IE/Unicamp,, Apud Abimóvel. Por fim, é importante ressaltar o processo de concentração do varejo, já em estágio adiantado na Europa e principalmente nos EUA e que, devido ao processo de internacionalização, também tem avançado no Brasil. Esta nova estrutura de distribuição, por um lado, exige maior eficiência produtiva das empresas moveleiras, em particular no que se refere ao design. Por outro lado, leva a uma redução de margem de lucro da indústria de móveis, devido ao maior poder de barganha dos varejistas (vide gorini, 1998 apud BRDE). 2. Exportações O pólo de São Bento do Sul está voltado para a exportação e responde por 50% das exportações brasileiras de móveis. Tabela 15 – Participação relativa das empresas exportadoras e não- exportadoras de móveis por pólo-moveleiro no Brasil – 1996/1997 "Exportações "PÓLOS " " "Mir. "Vot. "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S "B. Gonç." "Exportadores "16% "0% "15% "0% "11% "92% "42% " "Não exportam "84% "100% "85% "100% "89% "8% "58% " "TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% " Fonte: Elaboração própria, com base no banco de Dados do NEIT/IE/Inicamp, Apud Abimóvel. Também o pólo de Bento Gonçalves possui um expressivo número de empresas exportadoras. Este pólo responde por 25% do total brasileiro de exportações de móveis. No pólo da grande São Paulo, aproximadamente, 15% das indústrias, ao mesmo tempo que atendem o mercado interno, também vendem para o exterior, quase que exclusivamente móveis para escritório. Os demais pólos estão voltados para o mercado interno. 3. Sucesso da produção As pessoas destacam em primeiro lugar o preço e depois a marca como os principais fatores para o sucesso dos produtos. As pequenas empresas apostam mais nos preços enquanto que as empresas de porte consideram mais importante a marca, indicando segmentos de mercado mais sofisticadas tecnologicamente. Além desses dois fatores, a assistência técnica também define preferência em móveis. 4. Processo produtivo e tecnológico O padrão tecnológico da indústria brasileira de móveis é reconhecidamente muito heterogêneo, variando de pólo para pólo, e também de acordo com o porte das empresas. Nos casos das empresas líderes de Bento Gonçalves, São Bento do Sul e Grande São Paulo, verifica-se que elas apresentam níveis de atualização tecnológica similares aos internacionais. As empresas líderes dos diversos pólos moveleiros encontram-se, em geral, em fase avançada de atualização tecnológica e de modernização administrativa, o que acarretou reduções significativas (de até dois terços) da mão-de-obra nos últimos cinco anos. Por outro lado, as empresas menores, em todos os pólos, apresentam processos de produção intensivos em mão-de-obra, combinados com uma surpreendente capacidade de introduzir mudanças nos modelos produzidos (com rápida capacidade de absorção, por meio da cópia, dos novos modelos das empresas maiores), decorrente da grande flexibilidade e aptidão produtiva que caracteriza essas empresas. Em suma, a "estratégia" adotada pelas empresas menores consiste na rápida atualização tecnológica de produtos, fomentada pela cópia de modelos lançados pelas empresas maiores. Desta forma, o sistema generalizado de cópia introduz uma dinâmica própria no processo de capacitação produtiva e tecnológica que não deve ser ignorada. As empresas de maior porte, por outro lado, ao recorrer à padronização em maiores escalas produtivas apresentam menor flexibilidade para os novos lançamentos, pois demandam maior tempo para sincronizar todas as interfaces dos seus processos de produção. 3.1.11.5 Investimentos/tecnológicos Os investimentos realizados pelas grandes empresas na década de 90 justificam-se, principalmente, pela aquisição de equipamentos mais sofisticados para trabalhar a madeira como as máquinas CNC (controle numérico computadorizado) em geral importadas da Itália, Alemanha e Espanha. Quanto às empresas de menor porte, os investimentos destinaram-se à aquisição de equipamentos convencionais, quase sempre de fabricação nacional. O segmento de móveis retilíneos seriados, composto quase exclusivamente por grandes empresas, apresenta o maior grau de atualização tecnológica da indústria brasileira de móveis, sendo aquele que respondeu pelo maior volume de investimentos dos últimos anos. Cabe apontar que a tecnologia mais sofisticada se concentra particularmente na produção de móveis planos. Tem-se, portanto, a formação de uma cultura industrial na qual os processos produtivos e a maquinaria passaram a determinar a forma do produto final, a matéria-prima utilizada e a qualificação da mão-de-obra envolvida na fabricação dos produtos. Toda essa estratégia produtiva conduziu a padronizações que restringiram as alternativas de um design diferenciado, de "identidade nacional", tornando a aparência dos móveis residenciais cada vez mais similares entre si. No segmento de móveis de madeira maciça, constatou-se uma grande heterogeneidade tecnológica, que inclui desde as modernas empresas exportadoras até as pequenas empresas artesanais voltadas para produção sob encomenda. Por fim, no segmento de móveis para escritório existe uma grande disparidade quanto à atualização tecnológica, mesmo entre as empresas líderes. Neste segmento, a maioria das empresas apresenta processos produtivos bastante sofisticados e simultaneamente convencionais, como a marcenaria, convivendo com outros, como a metalurgia e a tapeçaria, que, em geral, estão defasados tecnologicamente. Em resumo, são relevantes os patamares de investimento das empresas líderes em todos os pólos, sobretudo as de Bento Gonçalves, São Bento do Sul e Grande São Paulo, mesmo tomando por referência o padrão internacional. As tendências de investimentos em atualização tecnológica parecem atingir todos os pólos e as empresas de todos os portes. Com efeito, pode-se afirmar que a atualização tecnológica tem se mostrado um fator indispensável para se atingir os níveis de produtividade e competitividade exigidos atualmente pelo mercado. Quadro 02 – Tecnologia de produção dos pólos moveleiros no Brasil – 1997/98 "Pólos "Tecnologia "Atualização " "Grande São Paulo "Heterogênea: "Diferenciada: " "(SP) "Seriados: Alta tecnologia "Rápida (incremental) " " "Sob Encomenda: Artesanal "Lenta (cópias) " " "Escritório: Elevada "2 anos (full line) " " "complexidade " " "Noroeste Paulista"Líderes (móveis retilíneos"Rápida " "(SP) "e metálicos): Alta "Em andamento " "(Votuporanga e "tecnologia " " "Mirassol) "PMEs: Investimento em " " " "mão-de-obra " " "Ubá (MG) "Itatiaia: Alta tecnologia "Rápida " " "PMEs: Níveis inferiores "Ritmo lento " "Arapongas (PR) "Líderes: Média capacitação"Em andamento " " "PMEs: Níveis inferiores "Em andamento " "São Bento do Sul "Grandes Exportadoras: "Ritmo acelerado " "(SC) "Capacitação acima da média"Rápida " " "nacional " " " "Médias Empresas: Boa " " " "capacitação " " "Bento Gonçalves "Maior capacitação nacional"Similar às empresas " "(RS) " "estrangeiras " Fonte: Abimóvel, com base no Banco de Dados do NEIT/IE/Unicamp 6. Novos Materiais O uso do MDF (medium density fiberboard) pelas médias e grandes empresas em substituição às chapas de aglomerados, significou um avanço para o setor. O MDF é versátil, permitindo maior diferenciação no produto final e substituindo tanto as chapas de aglomerados quanto a madeira maciça. O MDF tem um custo mais elevado, mas no processo industrial as empresas conseguem redução de custos, já que muitas etapas de produção podem ser dispensadas. Além disto, o MDF possibilita a incorporação de novas tecnologias e inovações no design. Cabe registrar, entretanto, que o MDF ainda está sendo utilizado em paralelo com o aglomerado tradicional. Junto com o MDF, as empresas líderes também têm utilizado novas matérias no acabamento dos painéis de madeira. Entre os materiais que são utilizados de forma combinada, destacam-se madeira, metal, plásticos, vidro, mármore ou granito e vime. O uso combinado de matérias-primas tão variadas implica alterações no conceito do produto, levando assim a importantes modificações do design moveleiro, que exige um maior grau de liberdade para a criação de novas formas de acabamento. 7. Design As pequenas e médias indústrias não investem em design próprio, utilizam o sistema "cópias" que se generalizou no setor. Assim, o design próprio é uma característica das empresas de grande porte, principalmente das empresas líderes. Quadro 3 – Origem do "design" dos pólos moveleiros do Brasil – 1997/1998. "Pólos "Tecnologia " "Grande São Paulo (SP) "Residenciais: " " "Grandes empresas: design próprio " " "PMEs: projeto híbrido e cópias " " "simples " " "Escritório: alta sofisticação " " "Compra e adaptação de projetos " " "estrangeiros (maioria) " " "Desenvolvimento próprio (design de" " "padrão internacional) " "Noroeste Paulista (SP) "3 líderes de Mirassol: estágio " "(Votuporanga e Mirassol) "razoável de design próprio " " "Projeto pólo IPD Votuporanga: " " "associação de 25 empresas, algumas" " "com desenvolvimento próprio de " " "design " " "PMEs: cópias " "Ubá (MG) "Itatiaia: projetos próprios com " " "destaque nacional " " "PMEs: projetos híbridos e cópias " " "simples " "Arapongas (PR) "Líderes: projetos híbridos " " "(visitas às feiras internacionais)" " "PMEs: projetos híbridos (cópias de" " "empresas nacionais) " "São Bento do Sul (SC) "Grandes exportadoras: projetos " " ""sob encomenda" " " "Grandes empresas: projetos " " "próprios e escritórios de design, " " "com destaque para os móveis de " " "cozinha " " "PMEs: projetos híbridos " "Bento Gonçalves (RS) "Líderes: desenvolvimento próprio " " "(designers e escritório de design)" " "com design de nível internacional " " "PMEs: solução cooperatiovas " Fonte: Elaboração própria, com base no Banco de Dados do NEIT/IE/Unicamp. O quadro acima mostra que predominam no setor o "design" próprio ou projetos híbridos. 3.1.11.8 Relações empresariais A indústria moveleira é, em geral, pouco concentrada na maioria dos países. Uma tendência observada nos principais produtores de móveis desde os anos 80 é a menor verticalização da produção, com a predominância de empresas especializadas mais fortes, com marcas importantes e design diferenciado, que passam a articular cadeias produtivas por meio de redes de subcontratação. As empresas brasileiras apresentam um grau de verticalização surpreendente, conforme ilustram as palavras de uma designer, de uma das grandes empresas entrevistadas: "aqui nós fazemos tudo; hoje, temos fornecedores apenas de ferro e plástico, que são os únicos setores que nós não possuímos aqui dentro. Entretanto, ao conceber algumas peças mais volumosas, de frete dispendioso, procuramos produzir internamente mesmo em se tratando de peças de ferro ou plástico. Portanto, de fato, produzimos tudo". Os pólos de Ubá e Mirassol são os que apresentam as estruturas produtivas mais verticalizadas. Por outro lado, nos pólos de São Paulo, São Bento do Sul e Bento Gonçalves, em torno de 50% das empresas trasnferem para terceiros alguma parte de suas etapas produtivas. Tabela 16 – Níveis relativos de terceirização nos pólos moveleiros do Brasil – 1996 / 1997 "Subcontratação "PÓLOS " " "Mir. "Vot. "S.P. "Ubá "Arap. "S.B.S. "B. Gonç " "Até 5% da "21% "19% "25% "0% "14% "21% "22% " "produção " " " " " " " " "de 5 a 10% "0% "10% "5% "0% "6% "21% "15% " "de 10 a 20% "0% "5% "20% "18% "6% "8% "12% " "de 20 a 30% "0% "5% "5% "0% "3% "0% "0% " "Acima de 30% "0% "5% "0% "0% "3% "0% "3% " "Subcontratam "21% "44% "55% "18% "32& "50% "52% " "Não "79% "56% "45% "82% "68% "50% "48% " "subcontratam " " " " " " " " "TOTAL "100% "100% "100% "100% "100% "100% "100% " Fonte: Elaboração Própria, com base de Dados do NEIT/IE/Unicamp, Apud Abimóvel. No caso de São Paulo, esta menor verticalização deve-se ao segmento de móveis de escritório, que apresenta um processo de produção de maior complexidade, envolvendo etapas produtivas muito diferenciadas (estruturas metálicas, peças plásticas e injeção de espumas). Verifica-se, assim, a subcontratação de algumas destas etapas a terceiros, devido às próprias características técnicas inerentes aos produtos deste segmento de móveis. A menor verticalização existe nos pólos de Bento Gonçalves e São Bento do Sul, e decorre, principalmente, da existência de um grande número de PMEs. Nestes pólos, as empresas formam redes de subcontratação que fornecem peças e partes para as empresas líderes. Entretanto, na maioria dos casos, estas empresas líderes subcontratam apenas algumas etapas intensivas em mão-de-obra (como montagem de gavetas) e componentes, o que representa em média menos de 20% do valor total do produto. De modo geral, o segmento de móveis retilíneos seriados apresenta elevado grau de especialização, pois os produtos são menos complexos e passíveis de automação padronizada (corte de painéis, usinagem e embalagem) com escalas produtivas mais elevadas. Por sua vez, o segmento de móveis torneados de madeira maciça e, principalmente, o segmento de móveis para escritórios reúnem etapas produtivas bastante distintas numa mesma planta industrial. Isto se deve ao fato de estes segmentos produzirem móveis mais complexos e que, em geral, fazem parte de uma diversificação linha de produtos. Verifica-se, portanto, que a indústria brasileira de móveis ainda precisa avançar bastante em direção ao paradigma competitivo dominante nos países desenvolvidos, o que significa: a) especialização e desverticalização das empresas que trabalham com produtos mais complexos, apoiadas em redes organizadas e eficientes (o que implica desenvolvimento de fornecedores aptos e capacitados); b) "upgrade" das linhas produtivas automatizadas dos produtos padronizados mais simples em direção à automação mais flexível, capaz de permitir maior diferenciação de produtos. 4. MERCADO 4.1 Oferta 4.1.1 Estrutura setorial O setor madeira-imobiliária da Zona Sul é composto de 203 estabelecimentos beneficiadores de madeira e 61 estabelecimentos industriais de móveis. Tabela 17 – Número de estabelecimentos de transformação de madeiras nos municípios da Zona Sul – 2004 "Municípios "Beneficiamento "Mobiliário " "Arroio Grande "6 "- " "Bagé "15 "8 " "Caçapava do Sul "11 "4 " "Canguçu "6 "1 " "Capão do leão "4 "- " "Cerrito "5 "- " "Cristal "5 "- " "Jaguarão "1 "1 " "Morro Redondo "3 "- " "Pedro Osório "3 "- " "Pelotas "76 "31 " "Pinheiro Machado "- "3 " "Piratini "33 "1 " "Rio Grande "16 "5 " "Santa. V. do Palmar "1 "- " "Santana. da B. Vista "6 "- " "São José do Norte "3 "1 " "São. Lour. do Sul "4 "5 " "Tavares "4 "- " "Turuçu "1 "1 " "TOTAL "203 "61 " Fonte: Pesquisa direta ITEPA/UCPel Os municípios da região que não constam na tabela não possuem estabelecimentos de madeira e mobiliário registrados. O município de Piratini é o principal pólo madeireiro da região quando se inclui as atividades de reflorestamento. São 17 empresas reflorestadoras, 16 serrarias, 17 marcenarias, 4 produtoras de carvão vegetal, uma indústria de móveis e uma geradora de energia elétrica a partir da madeira. No segmento madeireiro, Pelotas é o município que possui o maior número de estabelecimentos. São 76, o que equivale a 37,4% do total regional. Seguem os municípios de Piratini, Rio Grande e Bagé que, em conjunto, possuem 64 unidades, ou 31,5%. Os demais municípios abrigam 63 unidades, ou 31,0%. No segmento de móveis, Pelotas também lidera, com 31 estabelecimentos ou 50,8% do total. Seguem-se os municípios de Bagé, Rio Grande e São Lourenço do Sul que, em conjunto, possuem 18 unidades ou 29,5% do total. Os demais municípios somam 12 estabelecimentos ou 19,7%. O conjunto de indústrias da região emprega, aproximadamente, 5.567 empregados e é responsável por 18.400 empregados indiretos, incluindo o florestamento. Aproximadamente, 80% das unidades são micro e pequenas empresas. Na atividade reflorestadora se destacam, além de Piratini, os municípios de Caçapava do Sul, São José do Norte e Tavarez. Madeira No segmento madeireiro foram levantados 203 estabelecimentos, dos quais, 174 responderam à pesquisa de campo. Tabela 18 – Segmentos de produtos de madeira industrializada na Zona Sul – 2005 " "Respostas " " "Segmentos " "Empresas % " " "Abs " " " "% " " "Assoalhos "61 "19,7 "35,0 " "Portas e janelas "18 "5,8 "10,3 " "Forros/forrinhos "42 "13,6 "24,1 " "Compensados "55 "17,8 "31,6 " "Laminados "24 "7,8 "13,8 " "Lambris "30 "9,8 "17,2 " "Paredes "6 "1,9 "3,4 " "Derivados de madeira "55 "17,8 "31,6 " "Madeiras em geral "18 "5,8 "10,3 " "Total de respostas "309 "100,00 "- " "Total das empresas "- "- "177 " Fonte: pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 309 - Número de empresas: 174 - Leitura da tabela: 61 empresas ou 35% das 174 produzem assoalhos 61 respostas ou 19,7% das 309 disseram: assoalhos - Ordem dos segmentos de produtos: aleatório As 174 empresas participantes da pesquisa geraram 309 respostas. Nota- se pela tabela 18 que a oferta de produtos madeireiros é diversificada e que diversas empresas ofertam vários produtos. Assoalhos, compensados, derivados de madeira e forros são os itens mais ofertados. Tabela 19 – Destinos dos produtos acabados da indústria da madeira da Zona Sul – 2005 "Destinos predominantes"Números de empresas "% " "Zona Sul "115 "66,1 " "Rio Grande do Sul "45 "25,9 " "Outras "14 "8,0 " "Total "174 "100,0 " Fonte: Pesquisa direta – ITEPA/UCPEL Os destinos predominantes não descartam os demais. Do total de empresas, 115 colocam seus produtos, predominantemente, na própria região, enquanto 45 os destinam a outras regiões gaúchas e 14 colocam fora do estado. Tabela 20 – Matérias-primas usadas na industrialização de madeiras na Zona Sul – 2005 " "Respostas " " "Matérias-primas " "Empresas % " " "Abs " " " "% " " "Eucalipto "95 "29,8 "54,5 " "Pinus "68 "21,3 "39,0 " "Acácia " 0 "0,0 "0,0 " "Cedro " 0 "0,0 "0,0 " "Cedrinho "68 "21,3 "39,1 " "Cerejeira " 5 "1,6 "2,8 " "MDF "10 "3,1 "5,7 " "Outras "73 "22,9 "41,9 " "Total respostas "319 "100,0 "- " "Total de empresas "- "- "174 " Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 319 - Número de empresas: 174 - Leitura da tabela: 95 empresas ou 54,5% das 174 usaram eucalitto. 95 respostas ou 21,3% das 319 disseram: eucalipto. - Sabe-se que acácia e cedro são utilizados mas, não foram identificados na pesquisa. O número de respostas obtido deixa claro que as empresas utilizam, em seu processo, várias matérias primas. Eucalipto, pinus e cedrinho são as mais utilizadas. Na região, o MDF ainda é pouco usado o que ocorre, também com outras madeiras pouco expressivas na produção. Tabela 21 – Origens das matérias-primas utilizadas na industrialização de madeira na Zona Sul – 2005 " "Respostas " " " " " " "Segmentos " "Empresas " " "Abs " " " "% " " "Zona Sul "109 "55,1 "62,6 " "Outras regiões do rs " 6 "3,0 "3,4 " "Paraná " 6 "3,0 "3,4 " "Norte do Brasil " 64 "32,3 "36,8 " "Centro-oeste do Brasil " 13 "6,6 "7,5 " "Total de respostas "198 "100,0 "- " "Total empresas "- "- "174 " Fonte: Pesquisa de campo - Número de respostas: 198 - Número de empresas: 174 - Leitura da tabela: 109 empresas ou 62,6% de 174 compram na Zona Sul. 109 respostas ou 55,1% de 198 compram na Zona Sul. - A origem dominante não elimina as demais. As 174 unidades geraram 198 informações sobre as principais origens de suas matérias-primas. Do total, 109 indústrias buscam preferentemente, suas matérias-primas na própria região, 64 buscam no norte do Brasil, 13 no Centro-oeste, 6 no Paraná e 6 em outras regiões do estado. Móveis O segmento de industrialização de móveis na Zona Sul é composto de 61 estabelecimentos devidamente registrados. Desse total, 58 responderam à pesquisa de campo. Tabela 22 – Segmentos de móveis industrializados na Zona Sul – 2005 " "Respostas " " "Segmentos " "Empresas % " " "Abs " " " "% " " "Escritório "27 "14,9 "46,5 " "Comerciais "25 "13,8 "43,1 " "Hospitalares " 0 "0,0 "0,0 " "Copa/cozinha "27 "14,9 "46,5 " "Dormitórios "24 "13,3 "41,4 " "Salas "22 "12,2 "37,9 " "Estofados "22 "12,2 "37,9 " "Escolares "19 "10,5 "32,7 " "Estilos " 3 "1,6 "5,2 " "outros "12 "6,6 "20,7 " "Total respostas "181 "100,00 "- " "Total de empresas "- "- "58 " Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 181 - Número de empresas: 58 - Leitura da tabela: 27 empresas ou 46,5% das 58 produzem escritórios. 27 respostas ou 14,9 dos 181 disseram escritórios. - Ordem dos segmentos de produtos: aleatórios. As 58 empresas entrevistadas geraram 181 respostas que apontaram as linhas de escritório, copa/cozinha, comerciais e dormitórios como as mais produzidas. As linhas salas, estofados e escolas também são relevantes no mercado. Tabela 23 – Destinos dos produtos acabados da indústria de móveis da Zona Sul – 2005 " "Respostas " " " " " " "Segmentos " "Empresas " " "Abs " " " "% " " "Zona Sul "42 "56,0 "72,4 " "Rio Grande do Sul "19 "25,3 "32,7 " "Brasil "10 "13,3 "17,1 " "Exterior " 2 "2,7 "3,4 " "Outros " 2 "2,7 "3,4 " "Total de respostas "75 "100,0 "- " "Total empresas "- "- "58 " Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 75 - Número de empresas: 58 - Leitura da tabela: 42 empresas ou 72,4% das 58 vendem para a Zona Sul. 42 respostas ou 56% das 75 vendem para a Zona Sul. A Zona Sul é o principal mercado consumidor para móveis. São 42 empresas cujo mercado se concentra na própria área de industrialização. A tabela 22 mostra, também, que várias empresas, além de atender os seus principais mercados, atendem também outros destinos. Tabela 24 – Matérias-primas utilizadas na industrialização de móveis da Zona Sul – 2005 " "Respostas " " "Matérias-primas " "Empresas % " " "Abs " " " "% " " "Eucalipto " 8 "9,4 "13,8 " "Pinus "12 "14,1 "20,7 " "Acácia " 3 "3,5 "5,2 " "Cedro " 5 "5,9 "8,6 " "Cedrinho " 4 "4,7 "6,9 " "Cerejeira " 4 "4,7 "6,9 " "MDF "23 "27,1 "39,6 " "Outras "26 "30,6 "44,8 " "Total respostas "85 "100,0 "- " "Total de empresas "- "- "58 " Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 85 - Número de empresas: 58 - Leitura da tabela: 8 empresas ou 13,8% de 58 utilizam eucalipto. 8 respostas ou 9,4% de 85 responderam eucalipto. A matéria-prima predominante na fabricação de móveis na região é o MDF. Das 58 empresas entrevistadas, 23 afirmaram utilizar o MDF em seus processos. Em segunda posição, encontra-se o pinus, seguindo-se eucalipto apontado por 8 indústrias. Como demonstra a tabela 23 as empresas utilizam mais de uma matéria- prima. No grupo "outras" encontram-se, mogno compensados, aglomerados e etc. Tabela 25 – Origens das matérias-primas utilizadas na industrialização de móveis na Zona Sul – 2005 " "Respostas " " " " " " "Segmentos " "Empresas " " "Abs " " " "% " " "Zona Sul "22 "26,5 "37,9 " "Rio Grande do Sul "18 "21,7 "31,0 " "Paraná "14 "16,9 "24,1 " "Norte do Brasil " 7 "8,4 "12,1 " "Centro-oeste do Brasil "22 "26,5 "37,9 " "Outras regiões do Brasil" 0 "0,0 "0,0 " "Total de respostas "83 "100,0 "- " "Total empresas "- "- "58 " Fonte: Pesquisa de campo – ITEPA/UCPEL - Número de respostas: 83 - Número de empresas: 58 - Leitura da tabela: 22 empresas ou 37,9% de 58 compram na Zona Sul. 22 respostas ou 21,7% de 58 responderam Zona Sul. As origens dominantes das matérias-primas utilizadas pelas indústrias de móveis da região são a própria Zona Sul e o Centro-oeste do Brasil. Figuram, também, como fornecedores madeireiros de outras regiões do Rio Grande do Sul, do Paraná e do norte do Brasil. 4.1.2 Tecnologia e "design" Tanto no segmento madeira como no segmento mobiliário as indústrias da região são deficientes em tecnologia e "design". No segmento de móveis o "sistema de cópia" é largamente utilizado em substituição ao desenvolvimento do "design" próprio, enquanto máquinas e equipamentos utilizados na produção das linhas de móveis não sejam de última geração. Na verdade, os processos adotados são boas práticas de marcenaria. O que acontece, também, com a produção no segmento madeireiro, que é menos exigente em tecnologia. 4.1.3 Concorrência Como não poderia deixar de ser, as empresas da região sofrem concorrência de fornecedores de outras regiões, principalmente do pólo moveleiro de Bento Gonçalves. Em algumas linhas de móveis modulados, quase 100% do consumo é coberto por indústrias localizadas fora da região. Além dos produtos oriundos de Bento Gonçalves, móveis produzidos em outros municípios também foram encontrados no mercado regional. Do Rio Grande do Sul aparecem municípios como Caxias do Sul, Flores da Cunha, Garibaldi, Lagoa Vermelha e Gramado. O mercado também é abastecido por móveis procedentes de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. No segmento madeireiro a concorrência é menos acentuada e as indústrias locais abastecem mais de 50% do consumo. 4.2 Demanda 4.2.1 Produto e renda Em 2003, o Produto Interno Bruto da Zona Sul foi de R$ 9.615.846.895,00. Com uma população total de 1.027.580 habitantes, a renda "per capita" anual foi de R$ 9.357,76. Como as famílias da região possuem em média 3,25 pessoas, a renda familiar média mensal foi de R$ 2.534,39. Os municípios de maior riqueza são Rio Grande e Pelotas que, em 2003, atingiram, em conjunto, um PIB equivalente a 53,75% do total regional. O município de Rio Grande alcançou um PIB de R$ 3.023.180.831,00, e uma renda "per capita" de R$ 15.891,24 anual; e o município de Pelotas obteve um PIB de R$ 2.145.418.019,00 e uma renda "per capita" de R$ 6.504,56 anual. A renda "per capita" na região varia acentuadamente entre os municípios. Vai de R$ 2.691,98 em Santana da Boa Vista a R$ 49.726,71 em Pedro Osório. Tabela 26 – Produto Interno Bruto e renda "per capita" nos municípios da Zona Sul – 2003 "Municípios "R$* "População 2003 "PIB Per Capita R$" "Aceguá "123.119.408 "4.001 "30.772,16 " "Amaral Ferrador "41.264.637 "5.878 "7.020,18 " "Arroio do Padre "19.434.824 "2.637 "7.370,05 " "Arroio Grande "245.859.213 "19.253 "12.769,92 " "Bagé "756.229.034 "116.999 "6.463,55 " "Caçapava do Sul "335.345.791 "34.308 "9.774,57 " "Candiota "350.945.533 "8.805 "39.857,53 " "Canguçu "232.178.372 "54.519 "4.258,67 " "Capão do Leão "191.293.009 "25.337 "7.549,95 " "Cerrito "20.173.454 "6.994 "2.884,39 " "Chui "67.288.807 "5.839 "11.524,03 " "Cristal "59.256.951 "6.720 "8.818,00 " "Herval "25.886.595 "7.161 "3.614,94 " "Hulha Negra "69.866.355 "5.523 "12.650,07 " "Jaguarão "186.531.480 "30.816 "6.053,07 " "Morro Redondo "61.304.660 "5.977 "10.256,76 " "Pedras Altas "30.617.453 "2.627 "11.654,91 " "Pedro Osório "408.355.760 "8.212 "49.726,71 " "Pelotas "2.145.418.019 "329.833 "6.504,56 " "Pinheiro Machado "179.685.953 "14.134 "12.713,03 " "Piratini "123.814.348 "19.921 "6.215,27 " "Rio Grande "3.023.180.831 "190.242 "15.891,24 " "Sta. Vitória do "477.588.235 "33.282 "14.349,75 " "Palmar " " " " "Stna. da Boa "23.689.402 "8.800 "2.691,98 " "Vista " " " " "São José do Norte"81.464.605 "25.699 "3.169,95 " "São Lourenço do "279.097.080 "44.480 "6.274,66 " "Sul " " " " "Tavares "29.944.218 "5.576 "5.370,20 " "Turuçu "27.012.870 "4.007 "6.741,42 " "Total "9.615.846.895 "1.027.580 "9.357,76 " Fonte: http://www.terragaucha.com.br/economia/pibs_2003_alfab.htm *Valor em reais calculado pelo ITEPA/UCPel. Alguns municípios apesar de serem pequenos, agrícolas e terem PIB total não elevado, apresentam rendas "per capita" elevadíssimas. É o caso de Aceguá, Candiota e Pedro Osório. Outros municípios possuem renda acima de R$ 10 mil reais por ano como Arroio Grande, Chuí, Hulha Negra, Morro Redondo, Pedras Altas, Pinheiro Machado e Santa Vitória do Palmar. Os demais municípios possuem renda abaixo de dez mil reais. 4.2.2 Potencial de Consumo (ver anexo) Os municípios da região de eixo econômico Pelotas/Rio Grande possuem um potencial de consumo de 66% do PIB regional o que equivale, aproximadamente, a R$ 6,3 bilhões anuais. Tabela 27 – Potencial de consumo por categorias de produtos e serviços na Zona Sul – 2005 " "Potencial " "Categorias " " " "R$ 1000 " " "% " "Alimentos "1.726.237 "27,2 " "Fumo " 145.969 "2,3 " "Higiene e limpeza " 298.284 "4,7 " "Móveis " 323.669 "5,1 " "Eletrodoméstico e som " 330.016 "5,2 " "Educação " 279.244 "4,4 " "Saúde " 469.638 "7,4 " "Vestuário " 564.835 "8,9 " "Patrimônio "2.024.520 "31,9 " "Outros " 184.047 "2,9 " "Total "6.346.459 "100,0 " Fonte: origem – florenzano Marketing, Gazeta Mercantil, 2002 Estimativa – ITEPA/UCPel (IGP dez/2005) - Alimentos inclui cervejas, outras bebidas e refeições fora de casa. - Educação inclui somente ensino fundamental e médio. - Saúde inclui médicos, dentistas, remédios e planos de saúde. - Patrimônio inclui imóveis, reformas, veículos e manutenção. O gasto com móveis na Zona Sul fica em torno de R$ 323 milhões por ano, o que corresponde a 5,1% da propensão marginal de consumo. Na estrutura de consumo regional, as categorias de móveis mais vendidos são, pela ordem, cozinhas, quartos e salas. Nestes itens, predominam móveis sob-medida e artesanais. Nas demais categorias a predominância é de móveis padronizados. Preços, qualidade e tempo de entrega são os aspectos que mais influem nas decisões de compra. Muitas vezes os altos preços dos móveis sob-medida acabam determinando a opção por móveis seriados ou padronizados. No segmento de produtos madeireiros como forro, portas e janelas, assoalhos e outros o principal mercado consumidor é o da construção civil. Estima-se que os produtos derivados de madeiras participem de 18% a 22% nos custos das construções. 4.2.3 Mercado de Pelotas Pelotas é o principal mercado distribuidor da região. O município vem se mantendo, nos últimos anos, como o terceiro município em potencial de consumo do Rio Grande do Sul. Apenas Porto Alegre e Caxias do Sul consomem mais que Pelotas. Tabela 28 – Potencial de consumo por categoria de produtos e serviços no município de Pelotas – 2005 " "Potencial " "Categorias " " " "R$ 1000 " " "% " "Alimentos " 534.587 "27,2 " "Fumo " 45.504 "2,3 " "Higiene e limpeza " 92.767 "4,7 " "Móveis " 100.256 "5,1 " "Eletrodoméstico e som " 103.197 "5,2 " "Educação " 86.208 "4,4 " "Saúde " 144.380 "7,4 " "Vestuário " 175.041 "8,9 " "Patrimônio " 626.961 "31,9 " "Outros " 55.491 "2,9 " "Total "1.964.392 "100,0 " Fonte: Florenzano Marketing Mercantil, 2002 estimativa: ITEPA/UCPel (IGP dez/2005) - Alimentos inclui cervejas, outras bebidas e refeições fora de casa. - Educação inclui somente ensino fundamental e médio. - Saúde inclui médicos, dentistas, remédios e planos de saúde. - Patrimônio inclui imóveis, reformas, veículos e manutenção. A estrutura de consumo em Pelotas aponta a formação de patrimônio (moradia e veículos) como a categoria de maior participação nos gastos das famílias com 31,9%. Já a categoria alimentos ocupa o segundo lugar, com 27,2%. As categorias móveis e eletrodomésticos, juntos respondem por 10,3% do consumo. As categorias citadas perfazem 69,4% do consumo do município. Vestuário e Saúde participam com 8,9% e 7,4%, respectivamente. As demais categorias possuem participações menores nos gastos. O ITEPA/UCPEL elaborou, em 2003/2004, o estudo HIERARQUIZAÇÂO COMERCIAL DO MUNICÍPIO DE PELOTAS EM RELAÇÃO AOS OUTROS MUNICIPIOS DA ZONA SUL, que teve como objetivo hierarquizar os municípios da região geoeconômica Pelotas/Rio Grande, fundamentado em um conjunto de fatores político-administrativos, econômicos e sociais. Convém registrar que o município de Pelotas é predominante nesta hierarquização e atua como polarizador do consumo regional de bens e serviços, exercendo forte influência sobre 27 outros municípios. Tabela 29 – Vetores de atração, no varejo, por grupos de produtos consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003 "Produtos "Vetores de Atração % " " "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total " " " "Grande " " " " " Carne Vermelha "25,7 "10,0 "35,0 "29,3 "100,0 " "G1 Carne frango " " " " " " "Produtos lácteos " " " " " " "Leite e derivados " " " " " " " "31,4 "17,9 "13,2 "37,5 "100,0 " " "30,0 "16,8 "17,1 "36,1 "100,0 " " "30,0 "16,8 "17,1 "36,1 "100,0 " " Óleo cozinha "31,4 "17,5 "13,2 "37,9 "100,0 " "Macarrão " " " " " " "Panificados " " " " " " "G2 Enlatados/Cons. " " " " " " "Frutas " " " " " " "Legumes/Verduras " " " " " " " "31,4 "17,5 "13,2 "37,9 "100,0 " " "34,6 "17,5 "13,2 "37,7 "100,0 " " "34,0 "17,5 "13,2 "35,3 "100,0 " " "33,6 "17,5 "13,2 "35,7 "100,0 " " "33,6 "17,5 "13,2 "35,7 "100,0 " "G3 Produto limpeza "33,6 "19,3 "10,7 "36,4 "100,0 " "Produto higiene " " " " " " " "33,6 "19,3 "10,7 "36,4 "100,0 " " Roupas Masculinas "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 " "G4 Roupas femininas " " " " " " "Roupas infantis " " " " " " "Calçados " " " " " " " "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 " " "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 " " "34,6 "19,3 "10,7 "35,4 "100,0 " "G5 Veículos (compra) "36,1 "20,7 "15,0 "28,2 "100,0 " "Veículos (manut/peças) " " " " " " " "36,1 "20,7 "15,0 "28,2 "100,0 " "G6 Imóveis (reforma) "33,2 "22,9 "10,7 "33,2 "100,0 " "Imóveis (aquisição) " " " " " " " "33,2 "22,9 "10,7 "33,2 "100,0 " " Eletrodomésticos "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 " "G7 Aparelhos de som " " " " " " "Móveis " " " " " " " "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 " " "37,7 "22,9 "10,2 "29,2 "100,0 " " Tratamento dentário "37,1 "23,2 "10,4 "29,3 "100,0 " "Óculos/lentes " " " " " " "G8 Remédios " " " " " " "Plano de saúde " " " " " " "Médicos " " " " " " " "37,1 "23,2 "10,4 "29,3 "100,0 " " "32,8 "23,6 "10,0 "33,6 "100,0 " " "36,3 "22,9 "10,2 "30,6 "100,0 " " "36,3 "22,9 "10,2 "30,6 "100,0 " "G9 Livros/ revistas "36,8 "24,0 "10,3 "28,9 "100,0 " "Técnicas " " " " " " "Educação (fund. e Médio) " " " " " " " "36,4 "26,4 "15,4 "21,8 "100,0 " "G10 Fumo "30,0 "21,4 "10,4 "38,2 "100,0 " "Cerveja " " " " " " " "30,0 "21,4 "10,4 "38,2 "100,0 " "Média "33,9 "20,2 "12,7 "33,2 "100,0 " Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios. - A hierarquia de Pelotas foi estabelecida com Rio Grande, Bagé ( junto com Pelotas respondem por 60% da economia regional) e outros (inclui 27 municípios da região mais outros municípios que abastecem a região). Os vetores da atração varejista, conforme os dez grupos selecionados, demonstram que, na média, enquanto Pelotas abastece 33,9% do consumo, Rio Grande abastece 20,2%, Bagé abastece 12,7% e outros abastecem 32,2%. Isto estabelece um grau de hierarquia de 1,67 de Pelotas sobre Rio Grande, de 2,66 sobre Bagé e de 1,02 sobre outros.5 Tabela 30 – Vetores de atração, no atacado, por grupos de produtos consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003 " "Vetores de Atração % " "Produtos " " " "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total " " " "Grande " " " " "G2 Óleo de cozinha "32,1 "21,8 "10,0 "36,1 "100,0 " "Enlatados / Conservas " " " " " " " "32,1 "21,8 "10,0 "36,1 "100,0 " "G3 Produtos de limpeza"31,2 "21,5 "10,0 "37,3 "100,0 " "G4 Calçados "30,0 "21,8 "10,0 "38,2 "100,0 " "G5 Veículos "37,8 "23,6 "10,0 "28,2 "100,0 " "G7 Móveis "37,8 "23,6 "10,0 "28,6 "100,0 " "G8 Remédios (farm) "31,4 "23,6 "10,0 "35,0 "100,0 " "G9 Livros "34,3 "23,6 "10,0 "32,1 "100,0 " "G10 Fumo "30,4 "21,8 "10,0 "37,8 "100,0 " " Cerveja "30,4 "21,8 "10,0 "37,8 "100,0 " "Média "32,7 "22,5 "10,0 "34,8 "100,0 " Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios. Os vetores do atacado demonstram que, na média, enquanto Pelotas abastece 32,7% do consumo, Rio Grande abastece 22,5%, Bagé 10,0% e outros 34,8%. Isto estabelece um grau hierárquico de 1,45% de Pelotas sobre Rio Grande, de 3,27 sobre Bagé e de 0,93 em relação a outros. 6 Leitura das tabelas (ex: média dos vetores): para cada "unidade monetária" consumida em Rio Grande, Bagé e Outros, em Pelotas são consumidos 1,67 unidades monetárias em relação a Rio Grande, 2,66 unidades monetárias em relação a Bagé e 1,02 em relação a outros (mais de 20 municípios onde a população faz suas compras incluindo Porto Alegre). Tabela 31 – Vetores de atração nos serviços consumidos nos municípios da Zona Sul – 2003 " "Vetores de Atração % " "Bens e Serviços " " "Selecionados " " " "Pelotas "Rio "Bagé "Outros "Total " " " "Grande " " " " "Serviços " " " " " " "Medicina Pediátrica "37,1 "20,3 "19,3 "23,3 "100,0 " "Medicina Ginecológica "37,1 "21,4 "14,2 "27,3 "100,0 " "Tomografia Computad. "37,1 "19,6 "17,2 "26,1 "100,0 " "Hospitalizações "37,1 "20,0 "17,2 "25,7 "100,0 " " " " " " " " "Estações de TV "34,3 "22,1 "14,6 "29,0 "100,0 " " " " " " " " "Ensino Universitário "37,1 "25,0 "15,0 "22,9 "100,0 " " " " " " " " "Jornais Diários "33,6 "22,1 "10,0 "34,3 "100,0 " " " " " " " " "Gás de Cozinha "33,9 "21,8 "16,4 "27,9 "100,0 " " " " " " " " "Serviços Bancários "36,1 "20,7 "16,4 "26,8 "100,0 " "Serviços Advocatícios "36,9 "21,4 "16,2 "25,5 "100,0 " "Serviços Gráficos "37,0 "23,2 "17,0 "22,8 "100,0 " "Média "35,9 "21,6 "16,0 "26,5 "100,0 " Fonte: Pesquisa direta – Outros inclui mais de 20 municípios. Os vetores dos serviços demonstram que, na média, enquanto Pelotas atende 35,9% da demanda, Rio Grande atende 21,6%, Bagé atende 16% e Outros 26,5%. Isto estabelece um grau de hierarquia de 1,66 de Pelotas sobre Rio Grande, de 2,24 sobre Bagé e de 1,34 sobre Outros. O estudo aqui sintetizado, deixa claro que o município de Pelotas é um pólo comercial importante para o Rio Grande do Sul. O município além de ser forte centro de consumo é um grande ponto de distribuição de produtos e serviços. 5. VAZIOS INDUSTRIAIS Como vazios industriais ou oportunidades de investimentos se entende a industrialização de produtos ou linhas de produtos para os quais existem pré-condições favoráveis. É evidente que as oportunidades detectadas devem ser estudadas por meio da elaboração de projetos específicos de viabilidade. No estudo VAZIOS INDUSTRIAIS, OPORTUNIDADES DE INVESTIMRNTOS e PERSPECTIVAS REAIS (Investcentro Vol. IV, 2005) o ITEPA – UCPel indicou 41 grupos. São subgêneros que se compõem de centenas de produtos que podem ser fabricados por grupos, linhas de produtos ou isoladamente. Estes subgêneros foram selecionados na comparação detalhada entre a Matriz Insumo Produto Brasil (MIP – Brasil) e a Matriz Insumo Produto Pelotas (MIP – Pelotas). Dos subgêneros identificados, quatro correspondem ao segmento madeira/mobiliário: - Serrarias e fabricação de madeira folhada, compensada, aglomerada (15010). - Fabricação de ressecados, estruturas e artefatos de madeira (15020). - Fabricação de móveis de madeira e artefatos de colchoaria (16010). - Fabricação de móveis de metal ou partes (16020). Estes subgêneros compõem dois grandes gêneros: Indústria da Madeira e Indústria do Mobiliário. Gênero: Indústria de Madeira Subgênero: Serralheria e fábrica de madeira, folheado, compensado e aglomerado. Fábrica resserados, estruturas e artefatos de madeira. Insumos: Madeiras em toras Pesticidas e preparos químicos Artigos de serralheria Madeira serrada, compensada e aglomerada Outros preparos químicos. Produtores de Insumos: Extração vegetal Fábrica de produtos químicos diversos Fábrica de trefilados de aço Serralheria e madeira compensada. Gênero: Indústria do Mobiliário Subgênero: Fábrica de móveis de madeira e artigos de colchoaria Fábrica de móveis de metal. Insumos: Parafusos porcas e trefilados Artigos de serralheria Madeira serrada, compensada e aglomerada Tintas e solventes Laminados plásticos Tecido de algodão ou natural Chapas finas laminadas de aço Estrutura metálica Tubos com costaneiras e outros serviços metálicos. Produtores de Insumos: Fábrica de trefilados de aço Serralheria e estruturas metálicas Serralheria e madeiras compensadas Fábrica de pigmentos, tintas e solventes Fábrica laminados de plásticos Fiação tecido fibra natural Fábrica laminados de aço Metais não-ferrosos Serraria fábrica de madeira Fábrica e outros produtos metálicos. Definidos gêneros e subgêneros e analisadas as características de mercado da região indica-se como vazios possíveis de terem seus estudos aprofundados: Quadro 04 – Vazios industriais presumíveis na Zona Sul "Vazios "Gêneros de inclusão " " "Ind. Madeira "Ind. Mobiliário " "Produtos finais " " " "Laminados "X " " "Portas e janelas "X " " "Lambris "X " " "Paredes/divisórias "X " " "Móveis de estilo " "X " "Móveis hospitalares " "X " "Móveis escolares " "X " "Salas " "X " "Estofados " "X " "Insumos p/ o setor " " " "Madeiras em toras "X "X " "Parafusos, porcas e "X "X " "trefilados " " " "Madeira em geral "X "X " "Artigos de serralheria"X "X " "Laminados plásticos " "X " "Estruturas metálicas " "X " "Tubos com costaneiras " "X " Fonte: ITEPA/UCPEL Os produtos finais indicados como vazios já encontram na região indústrias que os fabricam, mas que abastecem apenas uma pequena parte do mercado. Isto significa que existem espaços de mercado que podem vir a ser ocupados, no todo ou parcialmente, por indústrias da região que para tanto precisarão de apoio tecnológico e creditício para sua expansão e modernização. Nos vazios insumos para o setor a situação é a mesma. A Zona Sul já dispõe de um número razoável de empresas fornecedoras que, no entanto precisam aumentar suas participações no setor. De resto, cabe registrar que os vazios indicados são aqueles que, aparentemente, oferecem melhores oportunidades, não se descartando os demais produtos que atualmente, são abastecidos por empresas de outras regiões. 6. COMENTÁRIOS GERAIS - No mercado internacional o Brasil ocupa o nono lugar na produção de móveis. Nos últimos anos o faturamento médio do setor foi de R$ 9,5 bilhões com um volume de exportações entre UR$ 560 milhões e UR$ 700 milhões. O Rio Grande do Sul é o segundo estado exportador com 60% de sua produção com destino aos Estados Unidos, França, Reino Unido e outros. Em 2003, 270 empresas gaúchas formavam um grande grupo exportador que vem aumentando as vendas ao exterior em 8,7% ao ano. - No Rio Grande do Sul o faturamento da indústria de móveis gira em torno de R$ 2,6 bilhões e as exportações variaram nos últimos anos de UR$ 147 a UR$ 184 milhões. O estado contribuiu com 26% das exportações brasileiras e com 30% do faturamento do setor no Brasil. Um total de 87% dos estabelecimentos brasileiros e gaúchos se dedicam à fabricação de móveis de madeira. - A determinação da capacidade instalada dificilmente pode ser obtida devido à diversidade dos produtos fabricados, à variedade de formas e designs, à segmentação social do mercado interno e às exigências de qualidade do mercado externo. Pelas mesmas razões a escala econômica é difícil de ser medida. No cotidiano do setor é a experiência e os recursos disponíveis para investimentos que determinam a escala mínima para cada linha de produto a ser fabricado. Assim a escala é planejada a partir do segmento de mercado a ser abastecido e, em consonância com os custos fixos da linha de produto a ser oferecido. Por tanto a escala econômica é determinada caso a caso. Via de regra, máquinas e equipamentos permitem a produção de várias linhas de produção, com adequações de uma linha para outra. - Os materiais mais utilizados na produção de móveis no Rio Grande do Sul são pinus e eucalipto em madeira maciça e o MDF em painéis. - As transformações do setor decorrentes de novas tecnologias, dos ganhos de produtividade e da utilização de painéis de madeira como matéria- prima principal diminuiriam o preço dos móveis e com isto há uma maior dinamização do setor, pois o ciclo de reposição passou por importante redução. 7. CONCLUSÕES A região polarizada pelo eixo econômico Pelotas/Rio Grande (Zona Sul) é a terceira região isoeconômica – entre treze – do estado. Ao longo da ultima década tem participado de 7% a 9% na formação do PIB estadual. Na composição econômica fica atrás da Grande Porto Alegre, que gera cerca de 50% do PIB e da região da Serra que gera, mais ou menos, 25% do PIB gaúcho. Com uma população de 1,1 milhões de habitantes a região, em 2003, alcançou 9,6 bilhões de reais de riquezas com diversos municípios com renda "per capita" superior à média do estado. Municípios como Aceguá, Candiota e Pedro Osório possuem renda "per capita" superior a 30 mil reais por ano. A região apresenta, além de aspectos fisiográficos e climáticos positivos, excelente disponibilidade de infra-estrutura econômica e social. No setor madeireiro-mobiliário, a Zona Sul possui razoável tradição. São 203 indústrias de beneficiamento de madeira e 61 de móveis. Quando se incluem as atividades florestais, o setor emprega mais de cinco mil pessoas diretamente e mais de 16 mil indiretamente. No segmento de madeiras, os principais produtos são assoalhos, forros e janelas que usam, entre outras matérias-primas, eucalipto, pinus e cedrinho, cujas origens predominantes são a própria Zona Sul e o norte do Brasil. Quase 70% desses produtos são vendidos dentro da região. No segmento de móveis, as principais linhas são escritórios, copa-cozinha e comerciais, que utilizam, como matérias-primas, principalmente, MDF, pinus e eucalipto, cujas origens são a própria região e o centro-oeste do Brasil. O principal mercado desse segmento é a Zona Sul, que absorve quase 60% da oferta. O mercado regional se caracteriza por um contingente de 1.027.580 consumidores – 31.618 famílias cuja renda média mensal é de R$ 2.534,00 – e cujo potencial de consumo no item móveis é de R$ 323 milhões/ ano. No segmento de produtos de madeira ( assoalhos forros e outros) embora não haja números precisos,cálculos do setor da construção civil indicam que a madeira ( beneficiada e industrializada) participa com 8% a 12% no custo das obras. No contexto mercadológico, o município de Pelotas é o principal centro de consumo regional. Segundo estudo do ITEPA/UCPEL, aproximadamente 56% do consumo de produtos e serviços da região é feito em Pelotas, o que o torna um dos principais pólos comerciais do Rio Grande do Sul. O estimulo à consolidação de um parque industrial madeireiro- mobiliário na região, no eixo econômico Pelotas/Rio Grande poderá se apoiar nos aspectos acima indicados e nos indutores abaixo salientados: - forte vocação do estado e da região nas atividades econômicas de base florestal; - tradição gaúcha na produção de bens madeireiros e de móveis, principalmente a partir do pólo de Bento Gonçalves, um dos mais avançados do país, - necessidades de agregar maiores valores às matérias-primas produzidas na região (PMVA), e , - existência de programas de incremento às atividades de base florestal como: PRONAF/Florestal, PROPFLORA, FNO/Florestal e Ageflor/RS. No que se refere a projetos de base florestal, três grandes grupos empresariais já iniciaram atividades com reflexos expressivos na Zona Sul. Os grupos STORA ENZO e ARACRUZ embora tenham suas bases operacionais fora da região – Encruzilhada do Sul e Barra do Ribeiro – desenvolverão ações em vários municípios da Zona Sul. Já o grupo VOTORANTIM tem sua sede em Pelotas e seu viveiro no município do Capão do Leão, numa área coberta de 20 hectares para a produção de 30 milhões de mudas. Até dezembro de 2005, o grupo Votorantim já investiu R$ 310 milhões, comprou 67 mil hectares, plantou 28,5 mil hectares (5 mil em terras de terceiros) e gerou 3400 empregos. Até 2010 serão adquiridas mais 73 mil hectares ficando a empresa com 140 mil hectares. Do total, 70 mil serão fixados como área própria de preservação e 70 mil serão florestados junto com mais 360 mil hectares de terceiros. A partir de 2012, o projeto estará disponibilizando 70 mil m3 de madeira por ano envolvendo 14 municípios da Zona Sul e mais 30 municípios limítrofes com essa região. BIBLIOGRAFIA ABIMÓVEL, Indústria Moveleira. – http://www.abimovel.org.br/d_suma.htm. São Paulo, 2005. ALVES, André Gustavo de Miranda Pineli. Florestamento na região sul do Brasil – uma análise econômica. Porto Alegre: Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, Diretório de Planejamento, superintendência de Planejamento, dez/2003. BRANCO, Flavio Pinheiro de Castelo. Economia Brasileira – desempenho e perspectivas. Brasília Confederação Nacional da Indústria, Boletim especial do Informe Conjuntural, ed Unicom, 2005. GAZETA MERCANTIL, Anuário brasileiro da silvicultura. Santa Cruz do Sul, ed Gazeta Santa Cruz, 2005. IBGE. Produção florestal brasileira soma 8,5 bilhões de reais em 2004. Rio de Janeiro: Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Agropecuária, Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2003 e 2004. INDÚSTRIA moveleira – htpp/www.abimóvel.org.br/d_suma.htm MASSAÚ, Erli Soares. Banco de Dados da Zona Sul nº 16, Pelotas: Instituto Técnico de Pesquisa e assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2005. MASSAÚ, Erli Soares. Hierarquização Comercial do município de Pelotas em relação ao outros municípios da Zona Sul, Pelotas: Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2003. MASSAÚ, Erli Soares. Vazios industriais, oportunidades de investimentos e perspectivas reais (Investcentro Vol. IV), Pelotas: Instituto Técnico de Pesquisa e Assessoria, Universidade Católica de Pelotas, 2005. SEBRAE, Móveis de madeira – Perfil de oportunidades de investimentos. Curitiba, 1995. VALENÇA, Antonio Carlos de. Medium Derisity Fiber Boord – Produtos Florestais. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Área de Operação Industrial, Gerência Social, 2004. VASCONCELOS, Antonio Carlos de, e outros. Os novos desafios para a indústria moveleira. Rio de Janeiro: : Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Área de Operação Industrial, Gerência Social, pg 83 a 95, 2003. ----------------------- TORAS DE MADEIRA FINS INDUSTRIAIS COMBUSTÍVEL Lenha Carvão POLPA SERRADOS PAINÉIS Pastas de Alto Rendimento Celulose RECONSTITUIDOS MADEIRA SÓLIDA Aglomerados Compensados Lâminas M D F Chapas de Fibras O S B H D F