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Madeira

Trabalho sobre a madeira e suas propriedades. Curso de Engenharia Civil

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    December 2018
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Faculdades Integradas do Norte de Minas – FUNORTE - SOEBRAS Instituto Tecnológico Regional – INTER – Curso de Graduação em Engenharia Civil 5º Período – Noturno Prof.: Cynthia Hassan Hachem Madeira Adilson Lino Edna Alves Gentil Pazeli Jonathan R. Azevedo Josimar da Silva Rocha Orlando Corrêa Vanda de Paula Madeiras Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos. A madeira é comercializada de diversas formas, as quais trataremos a seguir: 1. MADEIRA ROLIÇA A madeira roliça é o produto com menor grau de processamento da madeira. Consiste de um segmento do fuste da árvore, obtido por cortes transversais (traçamento) ou mesmo sem esses cortes (varas: peças longas de pequeno diâmetro). Na maior parte dos casos, sequer a casca é retirada. 2. MADEIRA SERRADA A madeira serrada é produzida em unidades industriais - serrarias - onde as toras são processadas mecanicamente, transformando a peça originalmente cilíndrica em peças quadrangulares ou retangulares, de menor dimensão. As diversas operações pelas quais a tora passa são determinadas pelos produtos que serão fabricados. Na maioria das serrarias, as principais operações realizadas incluem o desdobro, o esquadrejamento, o destopo das peças e o prétratamento. O pré-tratamento tem por objetivo proteger a madeira recém serrada contra fungos e insetos xilófagos, apenas durante o período de secagem natural. É realizado, normalmente, por meio da imersão das pranchas em um tanque com uma Madeira 2 solução contendo um produto preservativo de ação fungicida e outro de ação inseticida. Devido ao método de tratamento e à natureza dos produtos preservativos utilizados, o pré-tratamento confere uma proteção superficial à madeira, pois atinge somente suas camadas mais externas. O pré-tratamento pode ser dispensado pela indústria quando a secagem da madeira é feita em estufas, imediatamente após desdobro das toras, e não deve ser considerado, pelo consumidor, como um tratamento definitivo da madeira que vai garantir sua proteção quando seca e em uso. As serrarias produzem a maior diversidade de produtos: o Pranchas e pranchões No desdobro, a tora sofre cortes longitudinais resultando em peça com duas faces paralelas entre si, mas com os cantos irregulares (mortos) e com casca. A prancha deve apresentar espessura de 40 mm a 70 mm e largura superior a 200 mm. O comprimento é variável. O pranchão caracteriza-se por espessura superior a 70 mm e largura superior a 200 mm. O comprimento também é variável. o Vigas e vigotas As vigas são peças de madeira serrada utilizadas na construção civil. Apresentam-se na forma retangular, com espessura maior do que 40 mm, largura entre 110 e 200 mm e comprimento variável, de acordo com o pedido do solicitante. As vigotas ou vigotes são uma variação de vigas, de menores dimensões, apresentando espessura de 40 mm a 80 mm e largura entre 80 e 110 mm. Madeira 3 o Tábuas, Caibros As tábuas dão origem a quase todas as outras peças de madeira serrada por redução de tamanho. Apresentam-se na forma retangular, com espessura entre 10 e 40 mm, largura superior a 100 mm e comprimento variável, de acordo com o pedido do solicitante. Estes produtos são gerados a partir de toras, pranchas e pranchões. Os caibros, ripas e sarrafos têm múltiplas aplicações tanto na construção civil como na fabricação de móveis. Os quadradinhos são variações do sarrafo, com menores dimensões, utilizadas normalmente para confecção de cabos de vassoura e pincéis. 3. MADEIRAS EM LÂMINAS As lâminas de madeira são obtidas por um processo de fabricação que se inicia com o cozimento das toras de madeira e seu posterior corte em lâminas. Existem dois métodos para a produção de lâminas: o torneamento e o faqueamento. No primeiro, a tora já descascada e cozida é colocada em torno rotativo. As lâminas assim obtidas são destinadas à produção de compensados. Por outro lado, a lâmina faqueada é obtida a partir de uma tora inteira, da metade ou de um quarto da tora, presa pelas laterais, para que uma faca do mesmo comprimento seja aplicada sob pressão, produzindo fatias únicas. Normalmente, essas lâminas são originadas de madeiras decorativas de boa qualidade, com maior valor comercial, prestando-se para revestimento de divisórias, com fins decorativos. Madeira 4 4. PAINÉIS Os painéis de madeira surgiram da necessidade de amenizar as variações dimensionais da madeira maciça, diminuir seu peso e custo e manter as propriedades isolantes, térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem uma necessidade reconhecida no uso da madeira serrada e ampliam a sua superfície útil, através da expansão de uma de suas dimensões - a largura - para, assim, aperfeiçoar a sua aplicação. o Compensado O compensado deve ser feito com madeira seca ou ressecada artificialmente indiferente a qualquer variação de temperatura. Se as madeiras com que se fazem os compensados não forem absolutamente secas, eles se deformarão. A principal característica dos compensados é sua elevada resistência. Assim como as madeiras maciças precisam ficar estacionárias de três a cinco anos antes de serem trabalhadas, assim também os compensados não devem ser empregados nas obras sem terem passado por uma nova secagem de três a cinco meses. O painel compensado é composto de várias lâminas desenroladas, unidas cada uma, perpendicularmente à outra, através de adesivo ou cola, sempre em número ímpar, de forma que uma compense a outra, fornecendo maior estabilidade e possibilitando que algumas propriedades físicas e mecânicas sejam superiores às da madeira original. A espessura do compensado pode variar de 3 a 35 mm, com dimensões planas de 2,10 m x 1,60 m, 2,75 m x 1,22 m e 2,20 m x 1,10 m, sendo esta a mais comum. Madeira 5 Chapas finas de compensado apresentam vantagens sobre as demais madeiras industrializadas, pois são maleáveis e podem ser encurvadas. São encontrados no mercado três tipos: laminados, sarrafeados e multissarrafeados. Os primeiros são produzidos com finas lâminas de madeira prensada. No compensado sarrafeado, o miolo é formado por vários sarrafos de madeira, colados lado a lado. O multissarrafeado é considerado o mais estável, seu miolo compõe-se de lâminas prensadas e coladas na vertical, fazendo um “sanduíche”. o Chapas de fibra: chapa dura As chapas duras, cujas marcas mais conhecidas são Duratex e Eucatex, são chapas obtidas pelo processamento da madeira de eucalipto, de cor natural marrom, apresentando a face superior lisa e a inferior corrugada. As fibras de eucalipto aglutinadas com a própria lignina da madeira são prensadas a quente, por um processo úmido que reativa esse aglutinante, não necessitando a adição de resinas, formando chapas rígidas de alta densidade de massa, com espessuras que variam de 2,5 mm a 3,0 mm. o Chapa de fibra: MDF – Chapa de densidade média As chapas MDF – medium density fiberboard - com densidade de massa entre 500 e 800 kg/m³, são produzidas com fibras de madeira aglutinadas com resina sintética termofixa, que se consolidam sob ação conjunta de temperatura e pressão, resultando numa chapa maciça de composição homogênea de alta qualidade. Estas chapas apresentam superfície plana e lisa, adequada a diferentes acabamentos, como pintura, envernizamento, impressão, revestimento e outros. Estes painéis possuem bordas densas e de textura fina, apropriados para trabalhos de usinagem e acabamento. Madeira 6 As chapas MDF vêm preencher grande parte dos requisitos técnicos que eram demandados, mas não supridos, pelas chapas de fibras em diversos usos – densidade média e maiores espessuras, e pelo aglomerado, boas características de usinabilidade e de acabamento, tanto com equipamentos industriais quanto com ferramentas convencionais. Este tipo de painel pode ser serrado, torneado, lixado, furado, trabalhado em encaixes, malhetes e espigas, e recebe bem pregos, parafusos e colas, desde que seguidas as recomendações do fabricante quanto ao uso dos elementos corretos de fixação. Pode ser usado em móveis e na construção civil, com destaque para portas de armário, frentes de gavetas, tampos de mesa, molduras, pisos e outras aplicações. O produto não deve ser exposto à ação da água nem em ambientes com umidade excessiva. Madeira 7 o Chapas de partículas: MDP – Chapa de partículas de média densidade São painéis compostos de partículas de madeira ligadas entre si por resinas de última geração. Estas resinas, sob ação de pressão e temperatura, polimerizam, garantindo a coesão do conjunto. As partículas são classificadas e separadas por camadas, as mais finas sendo depositadas na superfície, enquanto que aquelas de maiores dimensões são depositadas nas camadas internas. Os MDPs têm a densidade elevada das camadas superiores (950 a 1000 kg/m³ em comparação a 800 kg/m³ do MDF), o que assegura um melhor acabamento para pinturas, impressão e revestimentos. Os MDPs possuem partículas menores na superfície, aumentando de diâmetro da superfície da chapa para o miolo, o que proporciona uma homogeneidade das camadas externas e também internas. O MDP apresenta maior resistência à flexão, comparando-se com aglomerados e MDF, ao empenamento e ao arrancamento de parafusos, maior estabilidade dimensional e menor absorção de umidade. Trata-se de nova geração de painéis de madeira industrializada com características diferenciadas do aglomerado. o Chapas de partículas: OSB – Painéis de partículas orientadas Os painéis de partículas orientadas, mais conhecidos como OSB, foram dimensionados para suprir uma característica demandada, e não encontrada, tanto na madeira aglomerada tradicional quanto nas chapas MDF - a resistência mecânica exigida para fins estruturais. Os painéis são formados por camadas de partículas ou de feixes de fibras com resinas fenólicas, que são orientados em uma mesma direção e então prensados para sua consolidação. Cada painel consiste de três a cinco camadas, orientadas em ângulo de 90 graus umas com as outras. Madeira 8 A resistência destes painéis à flexão estática é alta, não tanto quanto a da madeira sólida original, mas tão alta quanto à dos compensados estruturais, aos quais substituem perfeitamente. O seu custo é mais baixo devido ao emprego de matéria-prima menos nobre, mas não admitem incorporar resíduos ou “finos”, como no caso dos aglomerados. Os OSB têm a elasticidade da madeira aglomerada convencional, mas são mais resistentes mecanicamente. Os painéis OSB têm tido utilização no exterior, principalmente na construção habitacional. Nos EUA, a construção de casas apresenta características de uso intenso de madeira serrada e de painéis, especialmente em paredes internas e externas, pisos e forros, e nestes usos, os painéis OSB têm tido bom desempenho. Mais recentemente, estes produtos estão encontrando nichos de uso também em aplicações industriais, onde a resistência mecânica, trabalhabilidade, versatilidade e valor fazem deles alternativas atrativas em relação à madeira sólida. Entre estes usos estão mobiliário industrial, incluindo estruturas de móveis, embalagens, containers e vagões. No Brasil, a produção de OSB é recente e está restrita a apenas um fabricante. Na construção civil já é possível ver sua aplicação em obras temporárias (tapumes e alojamentos), divisórias e coberturas. 5. MADEIRITE Os madeirites são chapas muitos usados na construção civil, existem três tipos com finalidades diferentes, o madeirite resinado é o mais usado e barato, normalmente em construção residenciais. Já os fenólicos são usados nas construções de prédios e indústrias por serem mais resistentes. Já o plastificado geralmente para fazer concreto aparente e trabalhos que precisam ser resistente à água. Madeira 9 Madeirites que são comercializados: o Madeirite Resinado São chapas formadas por um número ímpar de camadas superposta, prensadas com cola branca e disposta de modo que suas fibras se cruzem. É usado muito para fazer formas de vários tipos, cercar murros, fazer barracas, canteiros de obra e na verdade é muito amplo madeirites para construções. o Madeirite Fenólico São chapas formadas por um número ímpar de camadas superposta, prensadas com cola preta e disposta de modo que suas fibras se cruzem. É usado muito para fazer formas de vários tipos, palcos e em construções pesadas devido a sua grande quantidade de uso. o Madeirite Plastificado São chapas formadas por um número ímpar de camadas superposta, prensadas com cola preta disposta de modo que suas fibras se cruzem e com uma película ( que chamamos de filme )para que fiquem com acabamento "aparente" e suportem mais a umidade. É usado muito para fazer formas de vários tipos para concreto aparente, piso de carroceria de caminhão e outros. A largura e comprimento são padronizados: 1.10 m e 2.20 m. As espessuras variam: 6 mm, 10 mm, 12 mm, 14 mm, 17 mm e 20 mm. Madeira 10 PROPRIEDADES DA MADEIRA A madeira basicamente é um arranjo complexo de células de celulose reforçada por uma substancia polimérica chamada de lignina. Podemos dizer que a madeira é a parte sólida do troco da árvore que se encontra dentro da casca. A madeira possui diversas propriedades, que a tornam muito atraente frente a outros materiais. Podemos citar, por exemplo, o baixo consumo de energia para seu processamento, a alta resistência específica, as boas características de isolamento térmico e elétrico (quando seca), além de ser um material muito fácil de ser trabalhado manualmente ou por máquinas. As propriedades da madeira geralmente são variadas devido a vários fatores, como por exemplo: suas condições de crescimento, clima, solo, suprimento de água entre outros. Para descobrirmos tais propriedades é necessário que se realizem ensaios, na maioria dos testes é necessário equipamentos de alto custo e grande porte que só são disponíveis em grandes centros de pesquisa. Os ensaios mais realizados são os físicos (umidade, densidade e estabilidade dimensional), e os mecânicos (compressão e tração normal paralela às fibras, cisalhamento, fendilhamento, flexão, dureza e tenacidade). o Propriedades físicas Umidade: várias propriedades da madeira são afetadas pelo teor de umidade presente nas peças. As propriedades mecânicas são maiores e a variação de tamanho menor em madeiras secas (teor de umidade em equilíbrio com a umidade relativa do ambiente). O comércio de madeira estrutural na maioria das vezes não leva em consideração essa característica e vedem madeiras verdes Madeira 11 (cerca de 30% de umidade) que são secas em uso. Isso gera o empenamento e o rachamento da peça. Já o mesmo não acontece quando trabalhamos com madeiras que necessitam de estabilidade dimensional (madeiras para pisos, revestimento, etc). Essas madeiras são secas em estufas e assim garantem uma umidade adequada. Para sabermos o teor de água em uma peça basta pesa-lá antes e após a estufagem, após isso utilizaremos à fórmula eo encontraremos o valor porcentual de água na peça. Dependendo da espécie e da qualidade da madeira podemos encontrar teores de água entre 150 a 200%. A secagem pode gerar alguns defeitos na peça, como por exemplo, o surgimento de fissuras devido a retração diferencial (o exterior seca mais rapidamente que o interior criando tensões devidas a secagem não uniforme). Outro defeito muito comum na madeira são os nós. Os nós provocam o desvio dos fios, o nó além de prejudicar a estética da peça pode reduzir a resistência a alguns esforços. A despeito disso, o comércio de madeira serrada para fins estruturais não leva em consideração essa característica e as peças de madeira acabam secando no depósito do comprador ou, o que é mais freqüente, em uso. Tal prática pode resultar em empenamentos e rachamentos das peças após a realização da inspeção de recebimento. Elasticidade: Na compressão simples, a madeira comporta-se com um material elástico para tensões que não ultrapassem ¾, aproximadamente, da tensão-limite de resistência. Madeira 12 Densidade: a densidade da madeira é a relação do peso da peça (em gramas) e seu volume (em cm3). Resistência ao fogo: A madeira não apresenta boa resistência ao fogo, ela é classificada como combustível (em casos que a espessura é reduzida). Já em madeiras com grandes dimensões ocorre a combustão das camadas superficiais gerando uma camada carbonizada protetora que isola o oxigênio do restante da madeira, diminuindo assim a propagação do fogo. Apesar de ser considerada um combustível a madeira só apresenta combustão em temperaturas superiores a 300ºC, sendo mais resistente que o aço e o betão. Já existem tratamentos que garantem à madeira excelente resistência ao fogo. Resistência química: a madeira possui estabilidade química, não reagindo a agentes oxidantes ou redutores. Durabilidade: quando desprotegida a madeira tem sua durabilidade limitada por ser vulnerável a agentes externos (fungos, clima, insetos, etc). o Propriedades mecânicas Tração paralela às fibras: a resistência é maior na base e na parte inferior do tronco. A relação entre a tensão e a deformação é praticamente linear até a ruptura. Compressão paralela às fibras: possui alta resistência à compressão quando seca. A madeira com 0% de umidade consegue resistir a cargas de até 125 MPa, essa resistência cai para 60MPa quando a madeira se encontra com um teor de 30% de umidade (madeira verde). Como exemplo de peças sujeitas a este esforço podemos citar os pilares. A relação entre tensão e deformação é linear numa primeira fase e não linear na segunda fase. O que garante que a resistência à tração seja superior que a compressão em peças livres de defeito. Madeira 13 Tração perpendicular às fibras: ao contrario da tração paralela a perpendicular a fibra é baixa, chega a ser 70 vezes menor. Compressão perpendicular às fibras: a resistência é menor que a compressão paralela às fibras. Flexão: a resistência à flexão é elevada. Exemplos: vigas, vigotas, madres e pernas das coberturas. Cisalhamento: possui resistência mínima quando o cisalhamento ocorre paralelo às fibras (na prática é o que mais ocorre), fendas e defeitos podem agravar essa situação. Possui boa resistência ao cisalhamento perpendicular às fibras. Dureza: quanto mais velha a madeira maior será sua dureza. Madeiras de árvores com crescimento lento são mais duras que as de crescimento rápido. Fluência: resiste muito bem à fluência. Chegam a mais de 100 anos com boa resistência. Fluência x Resistência Qualquer material, quando solicitado prolongadamente sob tensões superiores às de seu estágio de elasticidade, pode, conforme sua natureza, perder sua elasticidade e tornar-se frágil ou acentuadamente plástico. Submetidas a cargas prolongadas, as peças de madeira sofrem, durante um certo tempo, deformações contínuas e progressivas; a ruptura pode, então, ocorrer sob tensões inferiores à tensão-limite de resistência determinada nos ensaios. É como se a deformação final fosse resultante de uma componente elástica e de uma componente plástica que intervém em medidas diferentes conforme o tempo de atuação da carga. Se esta for aplicada rapidamente e permanecer por curto período, a componente plástica não Madeira intervirá e a deformação será 14 predominantemente elástica, o que se traduzirá em maior resistência. Se, pelo contrário, a componente plástica se sobrepuser à componente elástica, a deformação progredirá continuamente, passando a ruptura da madeira a depender da resistência à compressão plástica. Lymann Wood fez um estudo no qual provou que a carga de ruptura ao fim de 27 anos de atuação, corresponde a 56% daquela que determinaria a ruptura no ensaio normal. Este valor é, portanto, o coeficiente de redução com o qual se multiplicará a tensão-limite de resistência dos ensaios para cálculo da tensão admissível a ser adotada em projetos de estrutura de madeira. Em casos de vigas sob cargas permanentes, as flechas podem atingir valores duplos dos iniciais. Por este motivo, no caso de cargas permanentes, deve-se adotar como valor de tensãolimite, metade da encontrada nos ensaios. DEFEITOS DA MADEIRA A presença de defeitos naturais como nós e bolsas de resina, por exemplo, ou de processamento como empenamentos e rachas de secagem, afetam a qualidade e desempenho das peças de madeira serrada. Para adequar a qualidade das peças às necessidades dos consumidores, existem normas de classificação que distribuem as peças produzidas em classes de qualidade. Essa distribuição pode ser realizada de acordo com dois sistemas básicos de classificação, conforme segue: Classificação por defeitos: este sistema, que também é conhecido como classificação por aparência, é empregado largamente em madeiras de coníferas e em madeiras de folhosas (angiospermas-dicotiledôneas) classificadas para mercados especiais. A classificação por defeitos pressupõe que a peça de madeira será utilizada nas dimensões originais, portanto não sujeita a ser recortada em outras dimensões Madeira 15 correspondentes àquelas requeridas pelo uso final. Nesse sistema é considerado o número, a importância e a distribuição dos defeitos que apareçam em uma ou ambas as faces da peça serrada. A ocorrência de defeitos em madeira compromete o seu uso como matéria prima nas suas diversas aplicações. Alguns dos defeitos mais comuns são: Rachaduras internas Durante o processo de secagem de peças de madeira, rachaduras internas podem surgir devido a gradientes de umidade entre o interior e o exterior da peça e a diferenças de retração nas diferentes direções dentro da peça. A retração da madeira ocorre quando o teor de umidade cai abaixo do ponto de saturação das fibras. A retração é um fenômeno anisotrópico, manifestando-se com maior intensidade na direção tangencial, com menor intensidade da direção radial, e de forma pouco pronunciada na direção longitudinal. No início da secagem, a região externa da tora ou da peça de madeira perde umidade de modo mais rápido do que a região interna. Ao atingir um teor de umidade abaixo do ponto de saturação das fibras, as camadas mais externas passam a retrair-se. Como a umidade nas camadas mais internas, por outro lado, é mais elevada, não ocorre o fenômeno de retração nesta região. Assim, as regiões externas passam a sofrer esforços de tensão, e as regiões internas são comprimidas. Se a evaporação na superfície é forte, a retração é intensa e rachaduras superficiais podem surgir. Posteriormente, a umidade da zona interna da peça atinge o ponto de saturação e começa a retrair-se. Neste momento, as rachaduras superficiais tenderão a fechar-se. O fechamento destas fendas dificultará a retração da região interna, resultando na inversão dos esforços mecânicos: a região interna Madeira 16 sofrerá tração, e a região externa será comprimida. Como conseqüência destes esforços, rachaduras internas poderão surgir. Peça de madeira com rachaduras internas. Outros tipos de rachaduras podem surgir antes do corte e da secagem de um tronco. Rachaduras em forma de anel ou em forma de arco, por exemplo, são paralelas aos anéis de crescimento e podem ser causadas pela ação de esforços externos, por tensões de crescimento ou pela presença de lenho de compressão. Tronco com rachadura em forma de anel. Nós O nó é a base de um galho localizada no tronco ou em outro galho. Quando o galho está vivo, os tecidos lenhosos do tronco envolvem o nó e continuam crescendo. O nó é então chamado de nó vivo, e seus tecidos estão em continuidade com os demais tecidos do tronco. Por outro lado, quando um galho morre, os tecidos do tronco crescem em volta sem nenhuma conexão com o nó. Este tipo de nó é denominado nó morto, apresentando descontinuidades nos tecidos. Os nós dificultam o processamento das peças de madeira, reduzem sua resistência mecânica e diminuem o seu valor final. Nós mortos podem sofrer Madeira 17 transformações, acumulando resinas ou outros materiais. Durante a secagem, os nós mortos podem soltar-se da peça de madeira. Nó vivo. Nó morto. Degradação causada por fungos Os fungos são microorganismos biológicos que podem atacar a madeira tanto antes quanto após o corte (como durante a secagem e o transporte). O ataque de fungos pode ocasionar manchas externas ou superficiais, manchas internas e podridão. Por não decompor a parede das células, os fungos que causam manchas não afetam a resistência mecânica da madeira. Estes fungos alimentam-se de substâncias de reserva das células, como carboidratos, aminoácidos e ácidos orgânicos. Os fungos que causam manchas internas nutrem-se principalmente de substâncias de reserva das células do alburno. A cor das manchas internas e externas depende da espécie do fungo. Os fungos causadores de manchas superficiais, também chamados de fungos emboloradores, modificam o aspecto visual das peças, diminuindo o valor da madeira destinada a móveis. Estes tipos de fungos manchadores também comprometem a resistência ao impacto e aumentam a permeabilidade da madeira. Madeira 18 Ao contrário dos fungos manchadores, os fungos apodrecedores consomem a celulose, a lignina e a hemicelulose da madeira. Como conseqüência, a madeira perde peso e sua resistência física e mecânica é comprometida. Os principais requisitos para a proliferação de fungos na madeira são a umidade, a presença de oxigênio e nutrientes e uma temperatura adequada. Deste modo, existem diversas maneiras de proteger a madeira do ataque de fungos: submersão de toras, de forma a reduzir a temperatura e a presença de oxigênio; secagem, com o objetivo de reduzir o teor de umidade da peça; diminuição da temperatura ambiente, de modo a manter os fungos inativos; aplicação de preservativos como forma de proteção. Ataque de insetos Dentre o grande número de insetos que causam danos à madeira, os principais tipos são o cupim, o besouro, a formiga carpinteira, a vespa e a abelha. Os cupins são insetos sociais, ou seja, organizados em sociedade e com diferentes castas. Os cupins xilófagos (nem todas as espécies de cupins alimentam-se de madeira) nutrem-se da madeira graças a um protozoário presente no seu intestino. De acordo com os seus hábitos alimentares, os cupins são classificados em três tipos: cupins de madeira seca, que vivem em madeiras com baixo teor de umidade, cupins de madeira úmida, que vivem em madeiras com elevado teor de umidade e início de apodrecimento, e cupins de solo ou subterrâneos, que constroem seu ninho no solo, próximo a uma fonte de alimentação ou de umidade. Assim como os cupins, os besouros, conhecidos como brocas, alimentam-se da madeira. O ataque tem início quando uma fêmea deposita seus ovos na madeira. As larvas que se desenvolvem dos ovos nutrem-se de madeira até atingir a fase Madeira 19 adulta. Ao chegar ao estágio adulto, o besouro faz um furo na madeira para chegar ao exterior. Ao contrário dos cupins e dos besouros, as formigas carpinteiras, as abelhas e as vespas não se alimentam da madeira. As formigas carpinteiras fazem galerias em troncos de árvores e estruturas de madeira para construir o seu ninho. As vespas, além de inocular uma substância tóxica e um fungo depositam seus ovos nas árvores. Depois de desenvolvidas, as suas larvas constroem galerias na madeira. Defeitos em pintura sobre madeira Pinturas alquídicas (esmaltes, tinta a óleo): os problemas mais comuns são retardamentos indefinido da secagem (repintura foi feita sobre madeira com resíduos de soda cáustica, geralmente utilizada para retirar pinturas anteriores, para evitar isto basta lavar com bastante água a superfície afetada com soda), manchas trincas e má aderência (utilização de massa p.v.a. para corrigir imperfeições da madeira, principalmente em portas, sendo que o produto não é indicado para isso, deve-se utilizar para correção massa a óleo). Madeira 20 FONTE BIBLIOGRÁFICA 1. Madeira : uso sustentável na construção civil / Geraldo José Zenid - São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas :2009. 2. GONZAGA, A. L. Madeira: Uso e Conservação. Programa Monumenta – Cadernos Técnicos. Brasília: IPHAN, Monumenta, 2006. 3. HELLMEISTER, J. C. Sobre a determinação das características físicas da madeira. São Paulo, 1973. P. 119. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo. 4. L. A. Falcão Bauer: Materiais de Construção, volume 2 – 5ª edição Madeira 21