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Livro - Melo - O Bibliotecario Como Agente Cultural

Informações sobre o bibliotecario como agente cultural

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O bibliotecário como agente cultural Priscilla Melo Ronaldo Vieira 2012 O bibliotecário como gente cultural 2012 by Priscilla Melo & Ronaldo Vieira Projeto gráfico e revisão: Ronaldo Vieira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Melo, Priscilla; Vieira, Ronaldo P48 O bibliotecário como agente cultural / Priscilla Melo; Ronaldo Vieira -- São Paulo: AGBOOK, 2012. 1. Biblioteconomia 2. Ação cultural I. Título CDD 025 Índices para catálogo sistemático: 1. Biblioteconomia 2. Ação cultural CDU 020 Todos os direitos reservados e protegidos. Proibida a duplicação ou produção desta obra ou partes da mesma, sob quaisquer meios, sem autorização expressa do autor. SUMÁRIO Agradecimentos Dedicatórias Apresentação 1. A Biblioteca 1.1 Manifesto da UNESCO 1.2 As Missões da Biblioteca Pública 1.3 Qual deve ser o foco da biblioteca? 2. O papel do Bibliotecário como agente cultural 2.1 As características básicas para um bibliotecário exercer o papel de agente cultural 3. Elaborando ação cultural 3.1 A diferença entre ação cultural e Animação Cultural 4. Como fazer a apresentação 4.1Como elaborar um Projeto Cultural 5.1 Ideias para ações culturais 6. Conclusão 7. Referências Bibliográficas Agradecimentos Este livro é começo de uma longa caminhada, e nessa caminhada sempre tive o prazer de ter ao meu lado o Pedro, meu marido, leal escudeiro, que me escuta, incentiva e segura minha mão em todos os momentos, certamente a melhor companhia que poderia querer, pois, em sua companhia sou uma pessoa melhor, e isso é tudo o que posso querer. Priscilla Melo Agradeço a querida amiga Priscila Melo, pela oportunidade de participar de seu projeto e à todas as pessoas que fazem ou fizeram parte de minha vida em seu curso até os dias atuais, verdadeiros responsáveis por minha formação! Ronaldo Vieira 04 Dedicatória Dedico este livro ao meu filho Pablo, que é minha inspiração para ir sempre em frente! Pablo seu sorriso não custa nada, mas produz muito, te amo filho! A meu pai que não esta mais ao meu lado; obrigado pai, por orientar meu caminho, meus feitos, lutas e incertezas! Pai lhe agradeço por tudo que hoje sou: independente, de caráter e personalidade, porque me fez assim. Dedico ao meu amigo Ronaldo Vieira parceiro de escrita, um poeta sonhador, obrigado por ter investido tanta sabedoria, cuidado e imaginação na nossa amizade, por compartilhar tantas coisas boas e por me marcar com tantas lembranças. Priscilla Melo 05 Apresentação Esperamos que com este livro consigamos conscientizar o colega bibliotecário de que não somos apenas mediadores entre o saber e quem o busca, somos também um propagador do saber, da cultura, e responsáveis por disseminar e difundir o conhecimento nas comunidades, instituições e organizações em que participamos ou trabalhamos. O bibliotecário é a chama responsável por acender a curiosidade do pesquisador e posteriormente iluminar seu caminho! Quando falamos de comunidade, gostaríamos que os leitores entendessem que pode ser aplicado a qualquer grupo de pessoas, seja dentro de uma instituição, uma empresa, escola ou biblioteca. Acreditamos que independentemente da organização onde o profissional da informação for atuar, poderá sim, desenvolver seu trabalho de agenciar a cultura. Acreditamos ainda ser possível e necessário ou até mais que isso, uma obrigação desse profissional, que possui em sua mão uma das maiores ferramentas de disseminação da cultura, a biblioteca, que a utilize de forma intensa e com foco na continuidade dessa disseminação no meio em que atua. 06 Alguns autores abordam a biblioteconomia em São Paulo, e acreditamos no Brasil, como sendo ainda muito tecnicista, porém, acreditamos que nesse aspecto, com as novas gerações associadas aos visionários das antigas gerações estamos conseguindo mudar esse perfil. Agradecemos aos profissionais que não obscurecem, ao contrário, enaltecem o nome da biblioteconomia, são seres em extinção? Por outro lado, procuramos o lado bom nos atos falhos dos maus profissionais, pois é por conta destes que detectamos cotidianamente o que não fazer, e ainda, aos profissionais que buscam desenvolver ações e que desejam fazer a diferença, mas que, por falta de apoio financeiro, politico e tanto outros entraves não conseguem transformar suas ideias em prática, rogamos que não desistam, perseverem em sua missão, pois o reconhecimento pode não vir com glórias e focos de reconhecimento “público”, mas sim pelo reconhecimento de um público, este sim, que vivencia e reconhece seu trabalho, que aos poucos foi responsável pela modificação de sua vida e seu redor, e por consequência, parte da sociedade. Aqui pedimos desculpas aos que não foram citados diretamente, pois são tantos bons profissionais, amigos e livros que nos 07 inspiraram, que compreensivelmente, se impossível citar e debater as ideias de todos. torna Esperamos que este pequeno livro seja apenas uma faísca, e que seja o responsável pela propagação de um grande incêndio. 08 1 A Biblioteca “O homem começou recolhendo dados sobre o seu mundo, contando, mediando e atribuindo valores a cada coisa. A relação entre dados cria a informação. Logo, organizar dados é o mesmo que elaborar a informação. Organizar informações leva o homem ao conhecimento. Sistematizar conhecimento nos conduz à ciência e à arte. A evolução das ciências e das artes cria a cultura. A sedimentação das culturas produz a civilização. Sobre o alicerce das civilizações, constrói-se a sabedoria humana. É a sabedoria que talvez nos conduza um dia à PAZ e a FELICIDADE sobre a terra. Isto é CIDADANIA”. OMAR CARRASCO 09 Desde os primórdios o homem busca preservar o conhecimento, inicialmente com tabuas de argila ou figuras em cavernas, várias formas foram usadas com tal propósito, e desde os primórdios a biblioteca tem um papel fundamental na história da humanidade como repositório do conhecimento e guardiã da história em sua evolução. Existiram épocas em que apenas a igreja ou a elite tinha acesso aos livros, e por consequência, acesso ao conhecimento. Hoje já não é mais assim, a biblioteca é uma casa aberta a qualquer pessoa que busque informação, e deve ser também o local onde se busca repouso e também recreação e entretenimento, e não um local onde se busca exclusivamente o conhecimento e aonde se vai exclusivamente pesquisar. Em uma biblioteca os livros podem e devem ser usados livremente por qualquer pessoa, pois promove a leitura em meio a quem não pode comprar livros; isso entre tantas outras funções, certamente é a mais conhecida desse universo chamado “biblioteca”, porém, não se deve limitar o uso desse espaço público, ao contrário, deve ser explorado ao máximo e usado com imaginação e de forma multicultural. O papel da biblioteca é ser um laboratório de cultura e educação para a sociedade em geral. 10 Se partimos desse princípio, entende-se então que propagar a cultura é papel da biblioteca, logo, ser um agenciador cultural é papel do bibliotecário. Seguindo tal raciocínio, concluímos que as bibliotecas devem oferecer às pessoas, independente de idade e situação social, recursos informacionais necessários a sua formação, informação, cultura e lazer. Atualmente com os novos e diversos suportes da informação disponíveis, sua utilização passou a ser imediata e banalizada. Na chamada geração “fast food” cabe a biblioteca não somente a responsabilidade de acompanhar essas mudanças, como também de orientar os usuários a um uso coerente da informação, além de incutir-lhe a conscientização quanto a confiabilidade da mesma, para isso, a principal ferramenta da biblioteca acaba sendo o próprio profissional da informação, ou bibliotecário, pois sem ele, a uma biblioteca não passaria de um deposito de livros, documentos e outros materiais soltos aguardando pelo ato de sorte de um pesquisador. Quando dizemos que o papel social da biblioteca está no acesso e disponibilização da informação, traçamos claramente um dos objetivos cruciais dessas instituições, que poderá ser alcançado 11 através de projetos multiculturais que visem à disseminação da leitura em seus diversos aspectos, criação e estudo de textos, direcionamento às pesquisas, etc. A nosso ver, um dos serviços essenciais da Biblioteca perante a sua comunidade é a introdução de projetos culturais, atendendo ao seu objetivo de disseminar a cultura e incentivar a leitura aos seus usuários. A realização de projetos culturais que envolvam direta ou indiretamente o incentivo a leitura em bibliotecas deve ser uma constante em sua rotina diária e fazer parte do leque de suas atividades, e isso coincide com seu objetivo principal, que é incentivar a leitura e a cultura na comunidade. Nossa opinião coincide com o manifesto da UNESCO, que se aplica a qualquer biblioteca e frisa as tarefas e obrigações da biblioteca pública, ou seja, toda biblioteca tem a obrigação de proporcionar livre acesso aos interessados em seu acervo, independente da instituição a qual pertence, caso contrário, estaremos podando o acesso do usuário, e então o que é considerado um dever das bibliotecas, ou seja, informar e dar acesso a informação para todo e qualquer interessado nessa informação, não será cumprido, o que é considerado crime. Através do Esboço do Manifesto sobre Biblioteca Escolar e Centro de Pesquisa, a UNESCO 12 evidencia a preocupação com o aspecto pedagógico e com a ação cultural praticada na biblioteca como pontos básicos, referindo-se ao desenvolvimento da cultura, como um dos serviços fundamentais da mesma. 1.1 MANIFESTO DA UNESCO A Biblioteca Pública A biblioteca pública é o centro local de informação, tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de todos os géneros. Os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes, como por exemplo: minorias linguísticas, pessoas deficientes, hospitalizadas ou reclusas. Todos os grupos etários devem encontrar documentos adequados às suas necessidades. 13 As coleções e serviços devem incluir todos os tipos de suporte e tecnologias modernas e apropriadas assim como os suportes tradicionais. É essencial que sejam de elevada qualidade e adequadas às necessidades e condições locais. As coleções devem refletir as tendências atuais e a evolução da sociedade, bem como a memória da humanidade e o produto da sua imaginação. As coleções e os serviços devem ser isentos de qualquer forma de censura ideológica, política ou religiosa e de pressões comerciais. 1.2 As Missões da Biblioteca Pública As missões-chave da biblioteca pública relacionadas com a informação, a alfabetização, a educação e a cultura são as seguintes: 1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância; 2. Apoiar a educação individual e a autoformação assim como a educação formal a todos os níveis; 3. Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa; 4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens para que possam viver como cidadãos responsáveis; 14 5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas; 6. Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do espetáculo; 7. Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradição oral; 9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local; 10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática; 12. Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização para os diferentes grupos etários. O manifesto em toda a sua conjuntura política cita somente a Biblioteca Pública, mas torna-se claro que pode ser aplicada fielmente a qualquer instituição, sendo ela uma ferramenta a ser utilizada pelo bibliotecário. 15 1.3 Qual deve ser o foco da biblioteca? O foco principal de qualquer biblioteca; seja ela pública ou privada, sem dúvida alguma, deve ser o usuário como indivíduo e a comunidade que se utiliza de seu espaço e serviços como um todo, afinal, sem o usuário, uma biblioteca não seria de serventia alguma, e todos os profissionais da área sabem, ou pelo menos deveriam, que uma biblioteca não é feita de processamento técnico e catalogação, esses são apenas parte dos serviços que devemos desempenhar. O agenciamento cultural, o incentivo a leitura, novas pesquisas e a disseminação da informação e tantos outros serviços devem ser considerados de igual importância e possivelmente, se analisados do ponto de vista acima citado, certamente de maior importância devido a sua relevância nos objetivos de qualquer biblioteca. 16 2. O papel do Bibliotecário como agente cultural O bibliotecário como agente cultural estimula, compartilha, dissemina e impulsiona as atividades culturais voltadas a uma comunidade, e deve ter a percepção para diagnosticar e posteriormente atender as necessidades da comunidade de acordo com seu perfil. Jamais deve se esquecer do bom e necessário estudo de usuário, que tem papel fundamental em qualquer biblioteca, pois identifica as necessidades de seus usuários na formação do acervo. O estudo de usuário deve ser iniciado antes mesmo da criação da própria biblioteca, para que não haja enganos ou obtenção de materiais desnecessários à formação do acervo. O profissional deve tentar identificar não somente os desejos de leitura atuais, mas também 17 identificar o tipo de comunidade ao seu redor, como exemplo, situaremos uma biblioteca dentro de uma comunidade que a fonte principal de renda vem da pesca, nesse caso, as atividades culturais a serem desenvolvidas devem pender para suas características peculiares, e os projetos que visem desenvolver a pesca, e toda gama de assuntos relacionado a ela, certamente deverão ser itens obrigatórios na formação do acervo. As atividades culturais estipuladas devem ser próprias de um regime democrático, para isso, o agente cultural deve procurar, na medida do possível, desenvolver as atividades em locais públicos e comunitários e com isenção, por isso, a biblioteca se torna o local ideal para tais práticas, devendo haver, por parte de todos os colaboradores o compromisso de procurarem sempre agir com isenção e transparência, buscando com isso, estimular a comunidade para que dê prosseguimento ao projeto em desenvolvimento até que não seja mais necessária sua intervenção e em muitos casos, se reproduzam em pequenas células. Como exemplo de ações culturais continuadas pela comunidade, e muitas vezes, apenas seguindo o exemplo de ações anteriores. Neste contexto, podemos citar as diversas oficinas de criação literária, oficinas de leitura dramática, contação de histórias, etc. 18 Através da ação cultural em bibliotecas o bibliotecário assume papel de principal protagonista, conduzindo os indivíduos envolvidos no desenrolar de um enredo/projeto onde a comunidade se torna além de expectadores, também os atores coadjuvantes que irão compor essa peça de acordo com suas necessidades, gostos, dúvidas e dilemas que fazem parte do seu dia a dia, e cumprindo duplo papel em sua execução, além de parcialmente responsáveis por sua continuação. Novamente frisamos que o bibliotecário deve ter plena convicção e entendimento que a catalogação, classificação e a organização e manutenção do acervo é muito importante, e sem dúvida alguma, partes essenciais de nossas funções na organização de um acervo e agente facilitador de acesso, porém não deve ser encarada como foco principal em nossas tarefas que deve visar sempre o usuário, a principal razão de nossa existência! Sendo ele o foco e o motivo pelo qual devemos desenvolver trabalhos e ações na comunidade que nos rodeia e o fator necessário e imprescindível na carreira de todo bibliotecário. Após identificar o tipo de ação cultural a ser desenvolvida na comunidade, escola, instituição etc., é necessário que o bibliotecário esteja ciente da necessidade de se percorrer alguns passos básicos, para que a ação se desenvolva, aconteça, seja bem 19 aceita, e que seja levada a diante e cuidada pela própria comunidade, para tanto deve inteirar-se, manter-se atualizado e se possível, se relacionar com outros profissionais responsáveis por práticas culturais no âmbito do poder público, assim como da sociedade, não devendo em hipótese alguma se comportar como um mero expectador, mas sim como agente ativo nesse processo. Deve ainda ter sua sensibilidade voltada para as ações socioculturais realizando sua gestão e implantação sendo o elo imediato entre a biblioteca e a instituição. 2.1 As características básicas para um bibliotecário exercer o papel de agente cultural: 1) Cabe ao gestor cultural, buscar, gerenciar e implantar projetos culturais, e após sua implantação delegar tarefas e reponsabilidades para sua melhor realização, além de ajudar na formação de agentes culturais. 2) O Agente Cultural deve agir como um bom exemplo a ser seguido pelos demais, deve ser o que se envolve, participa de todas as etapas na realização dos projetos, o criador e a criatura, enfim, o que ocupa a função fundamental para a elaboração da ação. 3) Cabe ainda ao gestor cultural a escolha 20 do Coprodutor cultural, pessoa competente que o ira auxiliar na busca por resultados das ações desenvolvidas pelos membros das comunidades e instituições, é um coadjuvante na elaboração mas não menos importante que o gestor. Podemos observar que, durante a elaboração e andamento de um projeto cultural, o ideal seria termos perfis diversificados e direcionados às funções delegadas para sermos agenciadores bem sucedidos porém, isso quase nunca é possível, em muitos casos, devido ao quadro de colaboradores previamente existente, ou pela escassez de recursos financeiros, etc. O profissional deve ter em mente que não podemos apenas dar ordens ou centralizar tudo, temos que dispor das ferramentas, conhecimento prévio e todo tipo de apoio possível para que a comunidade se sinta valorizada, se sinta como parte integrante e essencial ao bom andamento do projeto, e com isso cresça e consiga nutrir o interesse necessário a dar continuidade ao projeto que na verdade pertence a ela. Quanto aos resultados, nem sempre são ou ecoam como deveriam, ou seja, nem sempre repercutem com justiça os objetivos atingidos, porém deve se considerar os benefícios para a comunidade e para os usuários que a ação atinge antes mesmo de se medir sua popularidade. 21 Quanto à duração, o bibliotecário deve ter em mente que o período de duração dos projetos varia muito, podendo durar dias ou anos. Deve haver um comprometimento por parte dos profissionais envolvidos, assim como dos colaboradores voluntários, o que certamente ira se refletir em interesse em entender a temática cultural da região, e no interesse da busca de informações, pois estando bem informado, certamente maiores serão as chances de sucesso do projeto, para isso, não deve hesitar em buscar auxílio de colegas e estudar casos similares de projetos culturais já existentes. (...) que é vital a ação cultural é a operação com princípios da prática em arte, fundamentados no pensamento divergente no pensamento organizado, e movido pela possibilidade pelo vir a ser. E esse tipo de pensamento e essa modalidade de prática [...], que permite o movimento de mentes e corpos tão privilegiados pela ação cultural. (COELHO, 2006, p. 33) 22 3. Elaborando uma ação cultural Como dissemos anteriormente, o bibliotecário tem em mãos uma ferramenta poderosa, que se bem usada terá um poder transformador na vida de sua comunidade, essa ferramenta é a biblioteca. Neste capítulo iremos abordar alguns passos necessários para a elaboração de um projeto de ação cultural, lembrando sempre que o modelo pode e deve ser adaptado as necessidades e disponibilidade de recursos de cada biblioteca. Antes da elaboração de um projeto cultural, deve haver uma conscientização do profissional Bibliotecário quanto a uma das suas principais funções, a disseminação da informação, feito isso, deve repensar outro aspecto de sua profissão: A propagação da cultura e cidadania. Sendo assim, é imprescindível 23 ao profissional ter conhecimento, e mais que isso, pensar no cotidiano da comunidade, ou seja, na cultura e costumes da região, para não haver enganos na elaboração da ação, e para que não tenha discrepâncias e nem se distancie no perfil da comunidade. Quanto ao projeto, durante sua elaboração, é essencial tanto para a solicitação de apoios e patrocínios, como também para a produção da prática artístico-cultural que o responsável pelo projeto descreva com clareza e objetividade o tipo de atividade pretendida, como será realizada, e quando, qual período previsto para sua realização, onde será realizada e quanto custará, sem jamais se esquecer de que não existe custo zero em projetos, por menor que seja o custo, deve ser previsto e discriminado. Aqui deixamos algumas perguntas que devem ser feitas pelo agente cultural durante a elaboração do projeto, são questões norteadoras que possibilitam a identificação de possíveis falhas durante sua elaboração: ü O que pretendemos com a ação cultural? ü Para quem foi pensado? ü Quais são os benefícios dos projetos a curto e longo prazo? 24 Definidos os pontos principais: O público a quem se destina e os benefícios que trarão à comunidade, não se pode em hipótese alguma esquecer o estudo de usuário, evitando discrepâncias, levando em consideração que o tipo de ação pensada deve ser voltado para o tipo de atividade sócio econômico e cultural da comunidade para que se consiga êxito; ou seja, uma ação de esportes radicais praticada em uma comunidade em que a maior parte da população é composta por aposentados, previamente está fadada ao fracasso e descontinuidade. É preciso que se saiba de antemão que o estudo de usuário normalmente vai além do que se imagina, e o que se sabe por conta própria, Nele devemos buscar informações junto a órgãos competentes como prefeituras, escolas e até delegacias, de acordo com a ação pensada, e realizar esse levantamento de informações é papel do bibliotecário. Manutenção e aplicação da ação BIBLIOTECA Elaborando a ação cultural Estudo do usuário 3.1 A diferença entre ação cultural e Animação Cultural É importante lembrar que uma ação cultural não é a mesma coisa que uma animação cultural. Os principais aspectos que as distinguem são: Na animação cultural há um fim e começo definido, não deixa raízes em seus objetivos. Na ação cultural você não se prende ao fazer e sim aos resultados e ao acompanhamento destes, raramente se sabe onde vai dar e qual será o resultado. A ação cultural é o desejo da arte e da cultura, instrumentos deliberados de mudança do homem e do mundo. Diferenças entre ação cultural e Animação Cultural Animação Cultural Ação Cultural Fazer a leitura de um poema. Promover ações em torno da literatura, cultura. Montar uma peça de teatro. Estudar o teatro. Realizar algum esporte. Estudar a relação entre o esporte e a educação. Assistir um filme. Educar pelo e para o cinema, mostrar o sentido do que se passa no filme. Realizar pinturas, desenhos. Ensinar sobre e para a Arte. 26 Ação cultural geralmente, quando citada, não é ligada à biblioteca, sempre é destacada sua ligação ás artes: música, teatro, dança, recitais, etc. Sabendo disso, cabe ao bibliotecário não só aplicar as ferramentas utilizáveis em sua biblioteca, para que os usuários, principalmente as crianças, desde muito cedo possam conhecer, valorizar e creditar outras formas de ações que não as mais conhecidas e reconhecidas publicamente e inerente à sua profissão, fazendo disso um ato prazeroso, assim como deixar patente sua responsabilidade pela ação. “Para cada atividade cultural no âmbito de uma biblioteca, é fundamental que se identifiquem outros registros disponíveis sobre o tema da ação: livros, fotos, vídeos, endereços na internet, gravações sonoras... É sobre o já conhecido que são construídas as atividades.” (MILANESI, 2002, p.96) Passo 1 - FOCO Onde irá ocorrer, qual o período da ação, com que frequência irá ocorrer? Determinados esses pontos, mesmo que não seja o bibliotecário a assumir a responsabilidade sobre o projeto, ou mesmo que sua participação seja nula, orientar usuários e colaborar com o bom andamento dos mesmos são funções básicas de sua função. 27 Passo 2 – APRESENTAÇÃO / DESCRIÇÃO A apresentação é a descrição do objeto do projeto, o objeto pode ser uma ação, uma atividade ou um produto cultural. 4. COMO FAZER A APRESENTAÇÃO: Para uma melhor apresentação, o projeto deve ser estudado e dividido em partes, e sua elaboração é algo de estrema importância, levando em consideração a elucidação de possíveis dúvidas aos assistentes, destacando suas vantagens e o resultado “positivo” esperado, pois depende de uma apresentação bem feita e de forma positiva, levar o projeto a concretização e conseguir apoio e patrocínios, da mesma forma, uma ação mal apresentada pode levar a seu encerramento e não realização. Por essas razões, o projeto deve ser bem planejado, para que se consiga culminar em sua implantação. Todo projeto é composto por etapas, por maior, melhor e mais romântica que seja a ideia, pode ir por água abaixo se não forem planejados e previstos com antecedência maneiras de se driblar as dificuldades em sua execução. 28 A seguir iremos apresentar algumas etapas básicas no planejamento de um projeto, porém o bibliotecário deve adaptá-las as realidades de seus usuários e gestão. 5. Elaboração de um Projeto Cultural 5.1 Identificação do Projeto: Título - Segmento Cultural - Período de Realização e Local Título: é o nome do projeto, deve ser curto, claro e objetivo, os títulos de projetos em continuação devem ter a edição identificada. Segmento Cultural: pede-se a especificação dos segmentos artísticos envolvidos (p. ex.: dança, circo, música instrumental, museu de rua, artesanato, edição de livros, CDs, etc.). Período de realização: são as datas previstas para o início e o final da execução do projeto. Locais de realização: se na própria biblioteca, ou em outros locais, às vezes, de acordo com o calendário, em locais diferentes, etc. 29 5.2 Produtor: Proponente Pessoa responsável, que propõe a ação; é o dirigente que a assina perante os Produtores Culturais (pessoa Jurídica ou Pessoa Física), ou Sistema LIC (SISTEMA ESTADUAL DE FINANCIAMENTO E INCENTIVO ÀS ATIVIDADES CULTURAIS), ou quando este é proponente. As demais informações sobre o proponente devem ser apresentadas de acordo com a sua categoria. 5.3 Outros Participantes ou Responsáveis Neste item, devem ser identificados todos os envolvidos na ação, ex.: coprodutores que possuam direitos patrimoniais no projeto. Deve ser anexado o contrato de coprodução onde estão especificados os deveres e direitos de cada parte em todos os âmbitos da ação. 5.4 Equipe Principal do Projeto Antes de qualquer ação, devem ser Identificados os componentes da equipe principal, sem os quais o projeto não seria exequível, sejam eles: 30 Empresas prestadoras de serviço ou profissionais contratados interna e externamente, indicando sua área de atuação no projeto. Ex.: Fernanda Montenegro/atriz; Empresa Lux/iluminação. 5.5 Resumo e Justificativa do Projeto 5.5.1 Apresentar uma Sinopse do projeto (máximo 10 linhas) sobre o que se pretende realizar com o projeto. 5.5.2 Justificar a importância do projeto cultural apresentado, seja em relação ao desenvolvimento cultural da comunidade, suas repercussões, até que nível poderão chegar, etc. Ex.: abrangência municipal, Estadual, nacional, etc., salientando os benefícios que trará para a produção e difusão de bens e serviços culturais, suas características intrínsecas de originalidade, inovação estética, excelência, qualidade, etc., seja quanto à importância para a sociedade, referindo-se ao modo como o projeto tratará de dar resposta a questões como: memória, patrimônio simbólico, a democratização do acesso à cultura, a integração com outros agentes e criadores, a proximidade com seus públicos, a oferta de alternativas qualificadas de lazer, etc. Por fim, as razões do tipo de escolha do financiamento do projeto. Ex.: Pelo Sistema LIC (SISTEMA ESTADUAL DE FINANCIAMENTO E INCENTIVO ÀS ATIVIDADES CULTURAIS), justificando os motivos porque o projeto necessita do incentivo. 31 5.6 Objetivos e Metas Uma ação cultural deve ter como principal objetivo identificar as motivações filosóficas do projeto, apontando os resultados esperados (meta) com a sua realização. Ex.: Promover o acesso às técnicas circenses por parte de públicos não tradicionais; difundir manifestações culturais de origens étnicas e regionais, etc. Observação: Metas são objetivos quantificáveis que permitam a avaliação do projeto ao seu final: ações a desenvolver, bens culturais a produzir, público a mobilizar, etc. ex.: META UNIDADE DE MEDIDA QUANTIDADE Oficinas de malabarismo Oficinas 22 Edição de livro Exemplares 2.000 Exposição de fotografia Exposições 20 5.7 Estratégia Trata-se de descrever os meios e ações que se pretende desenvolver para realizar as metas e alcançar os objetivos. Apresentar as etapas do projeto e as 32 ações correspondentes com as datas de início e fim previstas para cada uma delas, ou seja, planejar o modo de desenvolvimento do projeto. Observações Complementares são esclarecimentos adicionais caso sejam necessários para o entendimento da estratégia. 5.8 Contrapartida pelo Benefício Nada mais é que a quantificação da parte dos bens culturais permanentes, espetáculos, quotas de ingressos, exemplares de livros, CDs, vídeos, apresentações gratuitas entre outros. 5.9 Plano Básico de Divulgação Aqui deve ser indicado o veículo de comunicação escolhido para divulgação da ação, assim como as peças gráficas e todo material audiovisuais, com o tamanho, duração e as quantidades previstas. 33 5.10 Orçamento O orçamento deve ser apresentado em planilha padrão e constituirá um anexo obrigatório, onde apontará os itens de despesa, com a quantificação de custos. Os itens constantes nas planilhas de custo são variáveis, alguns poderão ser desprezados e acrescidos outros, conforme as necessidades do projeto. 5.11 Financiamento O financiamento do projeto deve identificar suas fontes com o valor da participação de cada uma delas e o percentual sobre o total do projeto. Os projetos que produzirem bens ou serviços comercializáveis devem fazer constar a previsão das receitas e sua aplicação com a venda de ingressos, CDs, livros, CD-ROMs, etc. 5.12 Anexos Devem ser anexados ao projeto todos os documentos (orçamentos, folhetos, etc.) e informações que o proponente considere essenciais para a documentação, compreensão e avaliação do projeto, sendo obrigatórios, para cada área do mesmo. 34 6. Documentos importantes Como sugestão, um exemplo de carta para solicitar patrocínio, lembrando que, deverá ser adaptada as necessidades da ação a ser feita. Carta para apoio ao projeto de uma festa do dia das crianças. (Adeque o conteúdo ao seu projeto e envie (ou entregue em mãos) aos possíveis patrocinadores da região onde haverá o evento). Antes de tudo, a data e o nome da pessoa a quem se destina; pessoa física ou jurídica: São Paulo, 10 de agosto de 2012. Caro Sr. Responsável Papelaria Papel & Lápis Represento o projeto "Um Dia, Criança", evento que tem como objetivo realizar um dia de atividades culturais para as crianças do bairro de Jacupiranga e adjacências, que será realizado do dia 12 de outubro, das 8:00 às 17:00. O evento será realizado ao ar livre na Rua Frederico Chaves, que será fechada ao trânsito. 35 Ofereceremos uma roda de leitura pela manhã e uma à tarde, com apresentação da Tia Rosa, professora da Escolinha Pontinho Amarelo. O palhaço Bolinha, artista da localidade, prestigiará o evento, com apresentação às 14 horas. Contaremos ainda com a presença do Grupo Tradição no Pique, comandando brincadeiras tradicionais, e uma oficina de pintura, e outra de modelagem, durante todo o evento. As crianças serão identificadas por crachás e receberão lanche composto de pipoca, frutas, refrescos, cachorro quente, bolos e biscoitos doces e salgados no decorrer do dia. Aproveitando o fluxo de responsáveis, apresentaremos palestras sobre nutrição, planejamento orçamentário familiar e dicas de saúde e beleza. A empresa de Recursos Humanos, Pré-emprego, estará cadastrando gratuitamente aqueles que estão em busca de colocação no mercado de trabalho, visando suprir a demanda de mão de obra da região. Em julho do ano corrente, iniciamos uma de nossas metas, que é a captação de recursos entre os amigos e comércio do bairro. Até o momento, já atingimos a marca de R$ 12.000,00, através da Associação de Moradores de Jacupiranga e de Creches locais, restando ainda a captação de R$ 24.000,00 para a complementação dos recursos necessários à realização do evento. Atingir a meta é de grande importância para trazer benefícios à nossa comunidade, e agradeceríamos muito o seu apoio. A contribuição da 36 Papelaria Papel & Lápis, de qualquer quantia entre R$ 200,00 e R$ 2.000,00, será de grande ajuda para que nosso projeto possa atingir sua meta até o dia 12/09/2010. Também aceitamos outras formas de doação, como: Pacotes de papel ofício branco, pacotes de papel ofício colorido, caixas de giz de cera, pacotes de massas de modelar, folhas de papel pardo, brindes para sorteio entre as crianças, entre outros de sua escolha. Como forma de agradecimento por sua contribuição para a melhoria de qualidade de vida de nossa comunidade, divulgaremos o nome da empresa doadora em todo material promocional relacionado ao evento. Agradecemos o interesse e o tempo dispensado na leitura desta carta e conhecimento de nosso projeto, esperando que a Papelaria Papel & Lápis considere nosso pedido de doação. Se houver qualquer dúvida, ou necessitar de maiores informações, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: [email protected], ou ligar para o tel. 0909-0909, ou venha nos fazer uma visita pessoalmente ou virtual em nossa página na internet: www.paginadoevento.blogspot.com. Atenciosamente, Nome e assinatura Endereço: Rua tal, 101. Jacupiranga. Telefone 00000000 (das 8h às 20h) 37 Observação: Acrescente, em anexo, um currículo de suas atividades. Deixe que o responsável pela empresa conheça você. Modelo de Carta de Anuência O que é uma "Carta de Anuência"? É um documento no qual o membro participante de um projeto, declara que tem conhecimento e que concorda com os termos apresentados. Com esses dados, já é considerado uma Carta de Anuência, e sendo diagramada e impressa, fica mais apresentável, mas, não é obrigatório que seja apresentada neste formato. A carta totalmente manuscrita também cumpre o seu papel. A principal exigência, é que seja assinada à mão, ou seja, além da carta, a caneta é fundamental. Como em todas as esferas (federal, estaduais e municipais) estão sendo implantados sistemas on-line, a carta deve ser redigida, assinada, escaneada, transformada em imagem e entregue ao proponente ou ao produtor responsável - nesta ordem. Não tendo escâner, bata uma foto (com qualidade) do documento e envie. 1. Modelo básico Individual Eu, [nome do cidadão], CPF nº [número do CPF], residente em [endereço completo], afirmo que 38 tenho ciência e concordo em participar do projeto [nome do projeto], do proponente [nome do proponente]. 2. Modelo básico – Grupo Os profissionais abaixo listados declaram ter ciência e concordam em participar do projeto [nome do projeto]: Nome: ___________________ CPF: ______________ Endereço: _____________________________________________ _________ Local, ____ / ____ / ________ Assinatura: _________________ Nome: ___________________ CPF: ______________ Endereço: _____________________________________________ _________ Local, ____ / ____ / ________ Assinatura: _________________ 39 Saudações culturais, Art, Art & Art Brasil. Certificação em Projetos Culturais: Avaliação, certificação e conteúdo. O objetivo principal do Projeto Cultural é a transmissão do conhecimento ao maior número de pessoas através do melhor custo x benefício, e a realização eficaz de diferentes projetos culturais. Projetos Culturais promovem a realização de cursos, oficinas, workshops e palestras de capacitação de forma gratuita ou com valores visivelmente mais em conta do que os praticados pelo mercado. A formação e fortalecimento da rede cultural, visando o incremento das ações e a democratização da cultura e valorização da participação dos membros da comunidade se dá pela emissão de certificados de conclusão ou participação emitidos pela organização do evento ou pelo próprio palestrante. O certificado pode ser emitido em nome da própria biblioteca ou da instituição patrocinadora, é claro que deve ser acordado entre o bibliotecário e a empresa com antecedência. 40 Modelos de Certificados Abaixo alguns modelos de certificados, que podem ser utilizados, porém existe uma gama de modelos diferentes disponíveis na Internet, e que podem ser utilizados gratuitamente. 41 Modelo de Planilha de Orçamento Todo projeto deve ter sua contabilidade registrada e formalizada, para isso, o bibliotecário deve dispor de conhecimentos para fazê-lo, ou para auxiliar o desenvolvedor da ação a conseguir chegar a essas ferramentas de forma correta. De acordo com as orientações conceituais sobre administração financeira e orçamentária é necessário seguir quatro caminhos: - Previsto (Dados futuros); - Realizado (Dados do presente); 42 - Acima do previsto (com margem considerável fora da variação média); - Abaixo do previsto (com margem considerável fora da variação média); A planilha pode ser feita em Excel, Word, ou capturada em sites gratuitamente e alteradas de acordo com as necessidades e especificações de cada projeto. Abaixo uma imagem de planilha capturada na internet a título de ilustração. Fonte: google imagens 43 7. Ideias para ações culturais Aqui sugerimos algumas ações que podem ser elaboradas por qualquer biblioteca: ü Biblioteca Móvel. Por seu caráter itinerante, pretende aproximar a biblioteca e o livro da comunidade, facilitando o acesso à leitura, à cultura, à informação e ao conhecimento às comunidades distantes e periféricas. ü Jornada de Contadores de Histórias. Formar uma rede de leitura, relacionando a prática de contar histórias à leitura e ao livro. As atividades diversificam-se com oficinas para a formação de novos agentes culturais. 44 ü Roda de Leitura. Voltado para o incentivo à leitura, propicia diálogo, aprendizagem e valorização da leitura e da literatura por meio do trabalho lúdico de interpretação de textos variados, como contos, poemas, capítulos de romances e crônicas. ü Debate-Papo com o Escritor. Promove a interação entre autores locais e o público, em encontros com periodicidade mensais, bimestrais ou semestrais, onde são convidados escritores para conversar sobre experiências literárias, suas obras e o contexto em que foram escritas. ü Roda de Histórias. Apresentação de contadores de histórias, a fim de se valorizar a narrativa oral como modo de conhecimento do texto literário e promover o reconhecimento público da biblioteca como espaço não só de pesquisa, mas também de cultura e lazer. ü Serviço de apoio à inclusão digital. Possibilita o acesso digital aos que não possuem acesso a internet, às pessoas com deficiência visual, etc., permitindo a apropriação e o uso social das tecnologias de informação, comunicação e o direito de se fazer ouvir, publicar e intervir pelos canais on-line. 45 ü Visitas monitoradas. Tem como objetivo divulgar a instituição e seus serviços, a fim de incentivar a comunidade a ver a biblioteca não apenas como local de pesquisa e de silêncio, restrito aos iniciados, mas também como opção de lazer e de convivência. ü Oficinas de criação literária. Promove a criação de pequenos textos de gêneros literários como poesia, conto e crônica, capacitando e incentivando a criação literária, incentivando a leitura e valorizando os jovens e adultos das comunidades em redor. Se torna claro que toda a ação necessita ser elaborada previamente, e ao elaborar um projeto com todos os passos necessários para que possamos atingir a meta (onde queremos chegar), começa de verdade a empreitada. 46 6. Conclusão Podemos perceber que a ação cultural é uma das obrigações do bibliotecário, pois se o mesmo tem o poder de interceder em sua comunidade, deve fazê-lo. As ações vão muito além das paredes da biblioteca, que é um instrumento para colocá-la em prática, enquanto que o bibliotecário é o meio pelo qual se concretiza a ação. A ação cultural possibilita mudança de comportamento oferecendo novas perspectivas de vida e, em termos mais amplos, possibilita que crianças, jovens e adultos tomem conhecimento de parte de seus direitos, além de servir como instrumento que visa levantar sua autoestima e combater a marginalização e a violência. Possibilita ainda a interação da sociedade com a biblioteca, que ainda nos dias de hoje é vista como um ambiente exclusivo de intelectuais e burgueses. Acorda o poder público para um manifesto válido e chama a atenção para a informação e cultura, uma carência da sociedade como todo, e não somente as áreas menos privilegiadas, que normalmente ficam aquém de ações culturais, que são amplamente incentivadas e nada tem a ver com sua comunidade. 47 A postura da família muda diante da cultura, que ainda é considerada por grande parte como sendo supérflua, diante de necessidades com itens de sobrevivência que tem, como saúde, segurança, moradia, etc. Quando se inicia uma ação social com a participação da comunidade, seus integrantes começam a acreditar na força da cultura e informação, e que são partes essenciais e necessárias para que se consiga uma mudança social. Enfim, através de ações sociais bem planejadas, executadas e continuadas, o bibliotecário sente durante as mudanças observadas ao seu redor, e entende que seu papel não é somente tecnicista, e que sua interação com toda a comunidade é o caminho que propícia cumprir seu verdadeiro papel: auxiliá-los nas mudanças socioculturais e propagador da cultura, e que tais ações são tão importantes quanto qualquer outra tarefa dentro da biblioteca. Esta é uma área rica e transformadora para o bibliotecário, devendo ser levada a sério e ser considerada como prioridade. Seja qual for a área de atuação do bibliotecário, a cultura somente soma, nunca subtrai. 48 7 . Referencias Bibliográficas BUFFA, Ester. Educação e cidadania: quem educa o cidadão. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1993. 95 p. COELHO, Teixeira. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2006. 96p. FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Educação escolar, cultura e competência cognitiva: uma aproximação. In.: VASCONCELOS, Maria Lucia Marcondes Carvalho (org.). Educação e história da cultura: fronteiras. São Paulo: Mackenzie. 2002. P.122-134. FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. 6 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 149 p. MACHADO, Nilson José. Cidadania e educação. 4 ed. São Paulo: Escrituras,2002. 191 p. MILANESI, Luis. Biblioteca. São Paulo: Ateliê, 2002, 116 p. SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. São Paulo: Cortez, 1995. UNESCO. Manifesto IFLA/UNESCO para biblioteca escolar. São Paulo: [s.n], 2002. 49 Contato com os autores: Ronaldo Vieira: [email protected] Priscilla Melo: [email protected] 50