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Labaredas de raios gama questionam Einstein e podem sinalizar "Nova Física"
Com colaboração de Andy Fell
15/10/2007
O telescópio MAGIC (Major Atmospheric Gamma-ray Imaging
Cherenkov) descobriu que os fótons de alta energia da radiação gama de uma
galáxia distante chegaram na Terra quatro minutos após os fótons de baixa
energia, embora aparentemente tenham sido emitidos ao mesmo tempo. Se a
observação estiver correta, ela contraria a teoria da relatividade de
Einstein, que estabelece que todos os fótons (partículas da luz) devem se
mover na velocidade de luz.
Espuma quântica
"Está todo mundo muito entusiasmado com este resultado," afirmou Daniel
Ferenc, professor de física na Universidade Davis, Estados Unidos e membro
do MAGIC. Ferenc advertiu que os resultados precisam ser repetidos com
outras fontes de raios gama e que uma explicação mais simples não foi
descartada. Mas, "parece que tais medições são possíveis," disse.
Os pesquisadores propõem que o atraso pode ter sido causado pela interação
dos fótons com uma "espuma quântica," um tipo de estrutura do próprio
espaço. A espuma quântica é prevista pela teoria da gravidade quântica, uma
tentativa para unificação da física quântica e da relatividade em escalas
cósmicas.
Labaredas de raios gama
Os astrônomos apontaram o telescópio para Markarian 501, uma galáxia a meio
bilhão de anos-luz de distância, que contém um "blazar" -- um buraco negro
maciço que libera jatos de raios gama. Uma parte desse material, caindo em
direção ao buraco negro, é comprimido em jatos que brotam dos pólos do
objeto a uma velocidade próxima à da luz. Esses jatos fazem brilhar
"labaredas" de raios gama com vários minutos de duração.
Os cientistas classificaram os fótons de raios gama vindos do objeto em
alta e baixa energia a cada labareda. Junto com um grupo de físicos
teóricos liderados por John Ellis, do CERN, a equipe MAGIC mostrou que os
fótons de alta e baixa energia parecem ter sido emitidos ao mesmo tempo.
Mas os fótons de alta energia chegaram quatro minutos mais tarde, após
viajar através do espaço por aproximadamente 500 milhões de anos.
Questionando Einstein
Agora teremos que esperar um pouco mais, até que outros cientistas revejam
os dados do estudo, propondo explicações alternativas ou confirmando os
resultados. Ainda que confirmadas, certamente deverão ser agendadas novas
observações com outros telescópios.
Não é a primeira vez que as teorias de Albert Einstein são questionadas.
Para uma coleção não completa desses questionamentos, veja Cientistas
tentam desmentir Einstein, Sonda poderá desmentir Einstein, Testando a
Teoria da Relatividade de Einstein e Einstein estaria errado sobre as
viagens espaciais?.
Há também o outro lado: Sonda da Gravidade confirma teoria de Einstein e,
para resumir, Einstein estava certo (de novo).