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Irradiação

Método de conservação de alimentos: Efeitos no alimentos, efeito nos microrganismos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PÓS GRADUAÇÃO MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS MÉTODOS GERAIS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS: RADIAÇÃO IONIZANTE Roberta Godoy Lucidarce da Matta PROCESSO DE IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS • Radiações ionizantes + material irradiado • Energia dos elétrons e moléculas ionizadas em íons positivos e negativos • Estes promovem reações que causam alteração (radiólise)- causam destruição de MO, insetos e parasitas • Alimentos com alto teor de umidade: elétrons são expelidos das moléculas e quebram ligações químicas, formando radicais: H+ ; OH- (vida curta, porém suficiente para destruir mos) FONTES DE RADIAÇÕES IONIZANTES • 2 tipos de radiações ionizantes: Eletromagnéticas e particuladas • Raios γ provenientes dos radioisótopos: • 60CO e 137Cs • Raios x • Doses: • baixas ( menor que 1kGy); • médias (1 – 10 kGy); • altas (maior que 10 kGy) FONTES DE RADIAÇÕES IONIZANTES Fontes de radiação Características 1 Alto poder de penetração Cobalto 60 2 Fonte radioativa permanente 3 Alta eficiência, mas baixo rendimento 4 Necessário ir repondo a fonte 1 Baixo poder de penetração Aceleradores de elétrons 2 Alta eficiência, alto rendimento 3 São necessários sistemas de refrigeração 4 Complexos tecnicamente 1 alto poder de penetração 2 Baixa eficiência, alto rendimento Raios x 3 São necessários sistemas de refrigeração Doses de radiações ionizantes Exemplos Países com processamento 7 - 10 Ervas e condimentos África do Sul, Bélgica, Canadá, Coréia, Croácia, Dinamarca, EUA, Finlândia, Israel, México, Vietnã Até 50 Estocagem a longo prazo de carne a T ambiente Nenhum 10 -25 Rolhas de vinho Hungria Destruição de patógenos 2,5 - 10 Condimentos, carne, frango e camarões congel. Áfica do Sul, Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, EUA, Finlândia, França, Holanda, Irã Controle de fungos 2-5 Estocagem prolongada de frutas frescas África do Sul, China, EUA Aumento de VP refrigerada 2–5 Frutas, peixe fresco e carne África do Sul, China, EUA, França, Holanda Inativação de parasitas 0,1 - 6 Carne suína -- Desinfestação 0,1 - 2 Frutas, grãos, farinhas Argentina, BRASIL, Chile. China Inibe brotamento 0,1 – 0,2 Batatas, alho, cebola Algéria, China, Cuba Aplicação Dose (kGy) Esterilização Estereliz. De embalagens 4. Equipamentos Obs- Uma dose de 5Gy é suficiente para matar um operador APLICAÇÕES EM ALIMENTOS • Alimentos de origem vegetal • Doses baixas de irradiação: controle microrganismos e atraso na maturação; • Irradiação de acima de 1kGy provoca danos as membranas, pode prejudicar amadurecimento de frutas climatérias e desordens fisiológicas. EXEMPLOS DE EFEITOS DA IRRADIAÇÃO Aplicações em alimentos • Alimentos de origem animal • Doses de 0,25 a 1kGy: aumenta a estabilidade microbiológica, mas acelera a rancidez (acumulam rapidamente os peróxidos) • Doses até 2,5kGy: controlar em carnes de aves e outras: Salmonella, Campylobacter, Listeria monocytogenes, Streptococcus aureus e E. Coli. • Acima de 2,5kGy: mudanças de sabor, odor e cor, podendo ser minimizado com uso de baixas temperaturas ou ausência de O2. • Exemplos aplicados: irradiação com vácuo EXEMPLO DE EFEITO DA IRRADIAÇÃO EFEITOS NOS ALIMENTOS • A radiação ionizante pode afetar: • Lipídios • Proteínas • Carboidratos • Vitaminas Lipídios Inicia e/ou acelera processos de auto-oxidação AG polinsaturados: Linolênico, linoléico, araquidônico, etc.. Aroma de Rancidez Trigo 10 kGy Carne 10 kGy 20% de AG livres aroma de rancidez • SOLUÇÃO: Emprego de pré tratamentos a aplicação da radiação ionizante: • Antioxidantes de fontes naturais (temperos): marinamento TOMILHO E ALECRIM • Emprego de embalagens à vacuo ou MAP PROTEÍNAS Desdobramento protéico e liberação de aminoácidos Carne bovina, aves, peixe, ovo, etc.. Alteração de coloração e aromas indesejáveis Ovo 6 kGy (redução efetiva Salmonella): baixa viscosidade da clara, ovo aquoso Queijo Camembert 2,6 kGy (inativação L. monocytogenes): manutenção de características sensorias Carboidratos Despolimerização de CHO de alto peso em unidades menores Frutas, Vegetais e cereais Amolecimento de estrutura Trigo 10 kGy: aumenta quantidade açúcares solúveis Aumenta o aroma do pão (reações de açúcares e aminoácidos: Maylard) VITAMINAS Inicia e/ou acelera o processo de Oxidação Frutas, Vegetais e cereais Tabela 1- Efeito da irradiação nas vitaminas hidrossolúveis de alguns alimentos Perdas (%) Alimento Dose (kGy) Tiamina (B1) Riboflavin a (B2) Niacina (B3) Pirodoxina (B6) Carne Bovina 4,7-7,1 60 4 14 10 Carne suína 4,5 15 22 22 2 Trigo 2,0 12 13 9 - Farinha 0,3-0,5 0 0 11 0 Fonte: Fellows (2006). EFEITOS NOS MICRORGANISMOS PROCESSOS BIOLÓGICOS: •Efeito Direto: •Material Genético: DNA • Duplicação • Efeito Indireto: •Interação: citoplasma • Transporte INFLUÊNCIA DE FATORES • Fatores intrínsecos do microrganismo • Tipo (complexidade estrutural) • Dano na estrutura do DNA • Fase de multiplicação • Fatores extracelular • Conteúdo de água do alimento • Composição do alimento • pH • Temperatura TIPO DE MICRORGANISMO • Inativação de MO: equação de 1ª ordem Figura 2- Destruição de microganismos por irradiação. APseudomonas; B-Salmonella; C- Bacillus cereus; D- Deinococcus radiodurans; E- Vírus típicos. Fonte: Fellows (2006). • Dano na estrutura do DNA: • Tamanho da Fita • Capacidade de reparo • Fase de multiplicação • Lag e estacionária: maior resistência FATORES EXTRACELULARES • Conteúdo de água • Radiólise da água: radicais livres • Alimentos congelados e desidratados: MO mais resistentes • Composição do alimento • Concentração de proteína e lipídio: • redução do conteúdo de água • sequestro dos radicais FATORES EXTRACELULARES • pH • pH próximo a 7: menor resistência • Alimentos ácidos: MO mais resistentes • Temperatura • Variável para MO e alimento Tabela 2- Valores de D10 de bactérias patogênicas. Fonte: Lacroix (2005 Bactérias Meio Condições de irradiação L. monocytogenes Frango 2-4°C 0,77 Carne moída 12°C 0,5-0,9 Staphylococus aureus carne 10°C 0,86 C. Jejuni Carne de Peru moída 0-5°C 0,19 E. coli O157:H7 Carne moída -17°C 0,307 Carne assada 3°C 0,567 Carne moída 20°C 0,55 Frango desossado -40°C 0,497 Carne de frango -30°C 3,56 Salmonella typhimurium C. botulinum (esporos) Valor D10 (kGy) EFEITOS NA EMBALAGEM Radiação induz a alterações nos materiais Hidrocarbonetos de baixo peso molecular Polímeros halogenados Tabela 2 – Alterações em materiais de embalagem causadas pela irradiação Material de embalagem Dose máxima (kGy) Efeito da Irradiação PVC 100 Escurecimento, evolução de HCl Papel e papelão 100 Perda de resistência mecânica Polipropileno Vidro 25 Fellows (2006) Torna-se quebradiço Fonte: 10 Escurecimento VANTAGENS E DESVANTAGENS • Vantagens: • Custo competitivo para produção em escala • Técnica Limpa: questão ambiental • Processo rápido de esterilização • Preserva qualidades nutricionais e sensoriais dos alimentos • Alta penetração: alimentos embalados antes ou depois da irradiação VANTAGENS E DESVANTAGENS • Vantagens: • Processo a frio: alimentos congelados • Aumenta o tempo de comercialização de frutas, verduras e hortaliças • Substituição do uso de aditivos químicos • Alimentos irradiados: atende ao demanda mundial de qualidade VANTAGENS E DESVANTAGENS • Desvantagens: • Alimentos ricos em gordura não podem ser irradiados • Vitaminas Lipofílicas: degradam-se pelos radicais livres • Alimentos líquidos: radiólise da água • Não tem potencial de substituição ao uso de agrotóxico ALIMENTOS IRRADIADOS: CONSUMIDOR  Pesquisa realizada em Belo Horizonte com 218 entrevistados Figura 1 – Nível de instrução dos entrevistados. Fonte: Ornellas et al., (2006) ALIMENTOS IRRADIADOS: CONSUMIDOR  Pesquisa realizada em Belo Horizonte com 218 entrevistados Figura 2 – Atitude do consumidor frente à informação sobre alimentos irradiados. Fonte: Ornellas et al., (2006) ASPECTOS LEGAIS E DE SEGURANÇA • FAO/WHO – irradiação até 10kGy não traz riscos toxicológicos, nem problemas nutricionais ou microbiológicos. • 1993- Conselho da Associação Médica Americana: reforçaram a irradiação de alimentos como ferramenta segura e efetiva, também expressa pelo USDA. • Hoje: 37 países aprovam uso de irradiação de alimentos de mais de 40 alimentos. • União Européia: proibiu uso de óxido de etileno, podendo aumentar uso de irradiação • A grande maioria dos estudos mostram que não há evidência de efeitos tóxicos. Alguns mostram fenômenos de poliploidia em trigo irradiado. (Poliploidia é a situação genética de núcleo celular, célula, ou organismo, em que há dois ou mais conjuntos de cromossomos.) ASPECTOS LEGAIS E DE SEGURANÇA NO BRASIL • título: Decreto nº 72718, de 29 de agosto de 1973 • ementa: Estabelece normas gerais sobre irradiação de alimentos. • Somente será autorizada a irradiação de alimentos sobre os quais se disponha de trabalhos científicos, desenvolvidos por instituições de pesquisa, devidamente aprovados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, desde que se comprove: a) a inocuidade para o consumo do alimento irradiado; b) a Extensão do efeito da irradiação sobre os princípios nutritivos essenciais do alimento, em comparação com as perdas sofridas pelo tratamento do alimento por processos convencionais; c) a sanidade do alimento irradiado e a eficiência da irradiação para a finalidade que se pretende atingir. ASPECTOS LEGAIS E DE SEGURANÇA NO BRASIL título: Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001 ementa: Aprova o Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos. Fontes de radiação: são aquelas autorizadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear, na conformidade das normas pertinentes, a saber: a) Isótopos radioativos emissores de radiação gama: Cobalto 60 e Césio - 137; b) Raios X gerados por máquinas que trabalham com energias de até 5 MeV; c) Elétrons gerados por máquinas que trabalham com energias de até 10 MeV. Dose absorvida a) b) A dose mínima absorvida deve ser suficiente para alcançar a finalidade pretendida; A dose máxima absorvida deve ser inferior àquela que comprometeria as propriedades funcionais e ou os atributos sensoriais do alimento. ASPECTOS LEGAIS E DE SEGURANÇA NO BRASIL título: Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001 Instalações e controle do processo O tratamento por irradiação deve ser realizado em instalações licenciadas pela autoridade competente mediante expedição de Alvará Sanitário, após autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear e cadastramento no órgão competente do Ministério da Saúde. As instalações devem ser projetadas de modo a cumprir os requisitos de segurança radiológica, eficácia e boas práticas de manuseio ASPECTOS LEGAIS E DE SEGURANÇA NO BRASIL título: Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001 Rotulagem Deve constar no painel principal: "ALIMENTO TRATADO POR PROCESSO DE IRRADIAÇÃO", com as letras de tamanho não inferior a um terço (1/3) do da letra de maior tamanho nos dizeres de rotulagem. Quando um produto irradiado é utilizado como ingrediente em outro alimento, deve declarar essa circunstância na lista de ingredientes, entre parênteses, após o nome do mesmo. Exemplo: salsa (tratada por irradiação), sal, temperos. REFERÊNCIAS • FELLOWS, P.J.; Irradiação. In: ____. Tecnologia do Processamento de Alimentos: • • • • • • Princípios e Prática, 2ª ed., Porto Alegra, Artmed, 2006, cap. 8, p. 207-218. LACROIX, MONIQUE. Irradiation of foods. Emerging Technologies for Food Processing, p. 353-386, 2005. LACROIX, M.; OUATTARA, B.; Combined industrial processes with irradiation to ensure innocuitty and preservation of food products – a review. Food Research International, Londres, v. 33, p. 719-724, 2000. LANDGRAF, MARIZA. Fundamentos e perspectivas da irradiação de alimentos visando o aumento de sua segurança e qualidade microbiológica. 91f, 2002. Tese (Livre-Docência)-Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. ORNELLAS, C.B.D.; GONÇALVES, M.P.J.; SILVA, P.R.; MARTINS, R.T.; Atitude do consumidor frente à irradiação de alimentos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n. 1, p. 211-213, 2006. RAHMAN, M.S.; Conservación de alimentos por irradiación. In:____. Manual de Conservación de los Alimentos, Zaragoza, Acríbia, 2003, cap. 13, p.427-448. SÁ e SILVA, ÉRICA FLÁVIA. Irradiação de alimentos. 48f, 2007. Monografia (Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal) – Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, 2007. Obrigada!!! Dúvidas?!