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E quem diria? Eu, aqui, andando livre pelas ruas de Vila Rica. Usando sapatos, ainda por cima!
Esta é realmente uma cidade muito bonita. Graças a todo o ouro encontrado por aqui, Vila Rica tornou-se uma das cidades mais prósperas da Colônia.
Mas não adianta. O Congo ainda é o meu lar, mesmo com toda a distância que separa Brasil e África.
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Vivi no Congo até os meus 15 anos de idade. Depois disso, vivi mais 40 aqui no Brasil. E nem por isso, me considero mais brasileiro que Africano.
O mesmo acontece com a nossa liberdade. Passamos anos servindo como escravos. Mas a chama da liberdade nunca morre em nosso coração.
É muito triste ver meus semelhantes sendo tratados como gado, sem que eu não possa fazer nada. Me dá uma certa culpa; eu, aqui, liberto, olhado meus irmãos escravos, impotente.
Não posso ter como nação um lugar para o qual fui trazido à força. onde meus irmãos do Congo ainda sofrem tantas barbaridades.
Eu fui um privilegiado. Eu ganhei minha liberdade. Mas quantos de meus irmãos ainda penam sob a tirania de seus senhores?
Mas é nessas horas que me pergunto: se Chico Rei pôde fazer tanto, por que eu não posso? Será que não estou sendo muito conformista, por já ter resolvido meus problemas?
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Esse dilema me corrói por dentro... Mas o que posso fazer?
Chico Rei foi nosso maior exemplo. Nosso maior orgulho. Galanga, que já foi um dia rei do Congo. Veio para o Brasil, para se tornar escravo. Mas acabou virando Chico Rei, Rei dos escravos.
E é graças a ele que estou aqui, andando livre pelas ruas de Vila Rica. E usando sapatos...
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Me lembro da última vez que o vi ainda como Rei Galanga. Ele estava ao lado da rainha Djalô. Eu era amigo de Muzinga, filho do rei e príncipe herdeiro. Lembro-me desta imagem como uma pintura, uma imagem estática que nunca mais saiu da minha cabeça.
Naquele dia, algumas horas depois, chegava ao fim o reinado de Galanga, rei do Congo.
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Sabíamos dos planos dos Jagas - povo inimigo dos congoleses - de nos atacarem. O rei Galanga mobilizou as tropas da Cidade Real de Quibango para proteger nossa nação. Era um exército de quase 100.000 homens, destinado a enfrentar e deter as tribos invasoras.
Mas os Jagas também eram numerosos, e em pouco tempo seus homens invadiam Quibango. Muitos dos nossos foram mortos. Junto comigo, cerca de duzentas pessoas foram feitas prisioneiras. E, entre estes trinta, estava o rei Galanga, a rainha, o príncipe e a princesa.
Esta carga é valiosa, capitão. Tem até rei e rainha...
Pois, para mim, todos são igualmente desprezíveis.
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São batizados? O Rei não quer pagãos em nossos navios.
Não devem ser. No Congo, tudo se resolve ainda na feitiçaria...
Fancisco! Maria! Francisco! Francisco! Maria...
Chamem o padre. Mandem que ele batize a todos os homens de Francisco e a todas as mulheres de Maria. Assim, simplifica todo o ritual.
Quero todos os prisioneiros acorrentados nos porões do navio o quanto antes! Homens e mulheres em porões diferentes!
Quantos são eles? Uns 300?
Quase 400, meu caro! Essa viagem está sendo bastante lucrativa!
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É aquele ali! Rei do Congo! Onde já se viu?
Rá! Pois agora é ao Rei de Portugal que ele vai servir!
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Vocês acham que são gente, hein? Pois, a partir de agora, vocês vão saber a escória que vocês são!
Pois vai pagar por esse desaforo, maldito!
Desgraçado!
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Calma, filho! Sejamos fortes!*
*Em congolês.
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Mais difícil ainda seria Galanga consolar sua mulher e sua filha. Estavam totalmente incomunicáveis. Mal sabia o Rei do Congo que jamais tornaria a vê-las.
Ele as amava demais. E nem imaginava que o pior momento de sua vida estava para acontecer em uma da noites seguintes.
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Capitão! O navio vai afundar! A tempestade está muito forte e a nossa carga é muito pesada!
Deus nos ajude!! O navio vai virar!!
Vamos morrer todos! Nunca vi tempestade como essa!
Pois só há uma solução...
Jogue 100 mulheres ao mar. Vamos ter um grande prejuízo, mas nos livraremos do peso excessivo. Mulheres, capitão?...
Quer que eu faça o que? Jogue os homens? O preço de mercado das escravas é inferior; desta forma teremos menos prejuízo do que se jogarmos os homens!
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Entre as mulheres jogadas ao mar, estavam a rainha Djalô e a princesa. Galanga soube disso ouvindo comentários de marujos. A dor foi tanta que Galanga preferiu ter sido jogado junto ao mar, para que terminasse aquele pesadelo.
Terra à vista!
Levamos duas semanas para chegar aqui em Pernambuco.
Até que fizemos em pouco tempo, visto a tempestade que enfrentamos!
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Rá! É sempre assim: os escravos não sabem se comemoravam ou não a chegada! Por um lado, era o fim do martírio da viagem. Mas ninguém sabe que outros desafios virão pela frente!
Qual o destino destes?
Irão para Vila Rica! Muito possivelmente, trabalhar nas minas de ouro daquela região. Afinal, o que mais se faz por lá?
Parece irônico, mas com tanto ouro por lá e os habitantes de Vila Rica não têm nem comida suficiente para comprar! Ninguém lá quer perder tempo plantando, todos querem procurar ouro...
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Hoje as Minas Gerais estão divididas em duas partes: de um lado, os brancos enriquecendo, perseguindo o sonho de encontrar ouro no fundo dos rios ou nas entranhas da terra.
E, do outro lado, os negros escravos que se acabam no trabalho duro, usados como instrumentos para realizar os sonhos de seus senhores.
O senhor esqueceu de um terceiro lado nessa história, Capitão... Nós, os traficantes de escravos, que enchemos os bolsos em conseqÜência de tudo isso que o senhor acabou de falar!
Ah, ah, ah! Tens razão, meu caro!
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Sete mil Réis, freguês! É tudo o que eu peço por este escravo!
Parece ser forte, não?
Dou 7.200!
Estou interessado em levá-lo. Pago os sete mil Réis.
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7.200, hein? Quem dá mais?
7.800! 7.800! Quem dá mais?
7.800! 8.500!
9000!
O senhor fez uma ótima compra. Seu nome é Francisco. Dizem que ele era rei lá na África!
10.000 Réis!
Se quer tanto este negro, ele é todo seu!
Vendido por 10.000 Réis ao Major Augusto!
Rei, hein? Vamos lá, Chico Rei, você agora é minha propriedade!
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Vocês vão trabalhar nas minhas minas. Preparem-se, pois vem muito trabalho árduo pela frente!
Sou um senhor enérgico, mas não sou nenhum tirano. Aqueles que aprontarem comigo, serão duramente castigados; disso eu já advirto vocês.
Mas aqueles que caírem na minha graça, estes serão recompensados. E, para isso, vocês só precisam ser trabalhadores esforçados e fiéis à minha pessoa. Não é para ter problemas que acabei de comprar cada um de vocês, lembrem-se disso!
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Se você achar ouro, escravo, dou-lhe a carta de alforria!
Você ainda não entende português, não é? Claro, está aqui há muito pouco tempo...
Trabalhe direito e terá seu prêmio!
Mas pode contar comigo para traduzir o que o Major Augusto diz! Ele prometeu conceder-lhe a liberdade caso encontre ouro o bastante aqui na mina!*
Obrigado, amigo. Vou precisar mesmo da sua ajuda*
*Em
congolês.
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Pois, se é assim, eu serei o trabalhador mais empnhado de toda esta mina.*
*Em congolês.
aqui nessa terra, nós não temos vez! É a força do nosso trabalho que faz este país caminhar. Mas você acha que eles reconhecem isso? Qualquer descontentamento, já mandam-lhe para o pelourinho. Aí, cabe a você suportar ou não às dezenas de chicotadas que vêm em seguida.
Depois de um dia inteiro de trabalho pesado, a recompensa: dormir em uma senzala escura, fria e úmida, amontoado com vários outros escravos.
Bem, é claro que existem senhores de escravos de todos os tipos. Alguns são vis e cruéis, e fazem questão de nos tratar como trastes.
Mas alguns já são um pouco mais humanos. Nem todos chicoteiam escravos, por exemplo. Já houve até mesmo caso de brancos que se apaixonam e casam com escravas, após libertá-las.
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Todos os negros que vieram para essa terra vieram escravizados. Porém, nem todos hoje que estão aqui são escravos. Muitos ganharam sua liberdade, seja por reconhecimento de nos préstimos, por alguma gratidão de seus antigos donos ou por algum outro motivo.
Você agora faz parte dessa história de dor e sofrimento, amigo. Como você é novo aqui, conte comigo para esclarecê-lo e orientá-lo quanto às suas dúvidas.
Muitos pais escolhem para padrinhos de seus filhos seus próprios senhores, quando há uma boa relação entre eles. Gralmente, quando isso acontece, o padrinho dá a liberdade ao afilhado, logo ao nascer.
Aliás, vou dar logo de uma vez um primeiro conselho: não tente, em hipótese alguma, roubar ouro aqui da mina!
Na saída, cada um de nós será minuciosamente revistado. E aquele que tentar sair com alguma pedrinha de ouro escondida, vai passar por maus momentos quando for descoberto!
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Pode ir. Você! Aqui!
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Ahá! Abre a boca, safado!
Ladrão! Safado! Escondendo ouro na boca, desgraçado!
Vai aprender, maldito!!
Pelo amor de Deus! Perdão! Perdão!!
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Chico Rei, com o tempo, conquistou a minha confiança e o meu respeito! Nunca se envolveu em confusão. Nunca foi pego vadiando. Nem nunca foi visto pronunciando palavras de ódio aos brancos!
Já está aqui há dois anos! Valeu cada moeda que dei por ele!
Pois você terá estas moedas multiplicadas! Dê o seu preço, quero comprá-lo!
Definitivamente ele não está à venda, meu caro! Quem visse seu empenho, poderia achar que aquele trabalho fosse menos pesado do que realmente era.
Chico Rei chegou a ver companheiros caírem mortos na sua frente, enquanto trabalhavam na mina...
Mas eram muitos os escravos que adoeciam, parte devido aos esforços excessivos e parte pela má alimentação que recebiam.
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Ouro...
Ouro!! Ouro!!
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Ah, ah, ah! Escreva assim:...
“...neste dia, concedo a alforria ao escravo francisco, em caráter irrevogável e...”
Chico Rei, eu estou rico. E você é um homem livre!
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Ah, ah, ah!! A partir de agora, tudo vai mudar! E para bem melhor, padre!
Fiquei muito feliz por você, Chico! Sabe que tenho muita estima pelo irmão!
Mas tenho que ter calma! É cedo para comemorar... Ganhei esta batalha, mas não a guerra inteira. Meu filho ainda era escravo. E, junto com ele, milhares de homens, mulheres e crianças...
Mas como?
Calma, irmão! Cada coisa de uma vez! Por hora, você deve festejar sua conquista!
Eles ainda são o meu povo, padre! Eu vou libertá-los, um a um. Se não todos, pelo menos o maior número possível.
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O rei Galanga continuou trabalhando na mina. Agora, como feitor.
Com o passar dos meses, Chico Rei foi juntando o máximo que podia de seu salário. Até juntar a quantia necessária para algo que não saía de sua mente um minuto sequer.
Se já era respeitado por todos, agora o era mais do que nunca. E agora tinha salário e dia de folga. E poderia ir trabalhar em outro lugar assim que quisesse!
Compro seu escravo! Tenho aqui todo o dinheiro. O nome dele é Francisco! Muzinga, na nossa terra natal!
Você vem trabalhar comigo na mina, Muzinga! Já está tudo acertado com o Major!
Pai! Meu pai!! Nem acredito que...
Você é um homem livre, meu filho!
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Vender a mina? O senhor quer me vender a mina?
Os anos passam...
Chico Rei! O major quer falar com você!
Por que o espanto?
Você conhece aquela mina como ninguém! E eu já estou velho, já juntei dinheiro para viver bem pelo resto de meus dias!
Mas não é essa exatamente a minha dúvida, Major...
Você quer saber como pode me pagar, não?
As minhas economias são muito pequenas, quando se fala em comprar uma mina de ouro!
Você vai me pagar aos poucos, com o dinheiro que for extraindo da própria mina! E então, fechamos acordo?
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Vamos lá! Aperte a minha mão! Você só tem a ganhar!
Naquele momento, eu e mais de trezentos escravos estávamos com a nossa liberdade a caminho!
Vou pagar-lhe cada moeda que lhe for devida, major!
O senhor ficou sabendo? O Major Augusto vendeu sua mina ao seu ex-escravo!
Pois estou a par deste absurdo! Veja só, onde vamos parar... Como o chamam mesmo? “Chico Rei”, não é?...
É, o major o apelidou desta forma, pois parece que ele era Rei lá ns terras de onde veio.
E, pelo jeito, quer ser rei aqui também! Que piada!... É o primeiro negro proprietário de uma mina de ouro, em toda a Colônia!
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Preciso de você ao meu lado Vamos arrancar muito dinheiro daqui. E esse dinheiro vai ser todo usado para comprarmos a liberdade de outros escravos!
Então ela é toda nossa, pai?
Não, filho! Ela é de todos os nossos irmãos, que buscam por liberdade como nós já buscamos um dia!
Chico Rei manteve firme a sua determinação de livrar seu povo. Muitos libertos por Chico Rei foram trabalhar na própria mina, ganhando salários.
No começo, foi difícil. Chico Rei e seu filho Muzinga deram duro na mina. E ainda conseguiram encontrar lá muito ouro!
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Chico Rei era totalmente íntegro em tudo o que fazia. Respeitava os direitos de todos os trabalhadores e jamais deixava de pagar o impostos da mina.
Até o fim de sua vida, Chico Rei libertou centenas de nós. E não foram só os escravos do Congo os libertos por ele. Galanga teve mais esta nobreza: comprou a liberdade de negros de outras nações africanas, até mesmo de povos e tribos rivais!
Depois de dois anos, foram libertados cerca de 30 escravos. Mais um tempo, e já eram 80 libertos!
E eu fui um destes.
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É a Chico Rei que devo a minha liberdade.
Ah, ah, ah! Veja só isso, padre!
Veja só que graça! O filhote é muito mais esperto que o grandalhão!
E pensar que há quem tenha´ medo de uma criaturinha dessas...
Veja, aquele junto ao padre não é o tal de Chico Rei?
Ele mesmo! Parece que já libertou mais de 200 negros!
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É um perfeito idiota. Comprar a liberdade do próprio filho, tudo bem. Mas querer libertar tudo quanto é escravo que vê pela frente é um desperdício!
Rá, rá! De rei, ele não tem nada!
Veja aqueles dois. Me olham como se eu fosse um maluco!
Mas, pelo que eu ouvi, ele tem seus méritos. Jamais um escravo liberto por ele foi pego criando confusão pelas ruas.
Pudera! arece que ele proibiu a todos os seus “súditos” o lcool e os jogos!
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A sua luta dificilmente será compreendida pelas pessoas de hoje, Chico. Quem sabe se, daqui a algumas décadas, o Brasil abre os olhos para a barbaridade que é tratar homens, mulheres e crianças como animais, com base apenas na cor da pele...
É um visionário. Quase um maluco, mas´ ainda podemos considerá-lo apenas um visionário.
Quem sabe chegará este dia, quando, aí sim, o seu nome será lembrado por todos. Não como um maluco, mas sim como um herói.
Você está lutando contra a forma de pensar de boa parte da humanidade. Isso não é uma luta, mas sim uma guerra de proporções homéricas! Porém, armas, ódio ou sangue não fazem parte da sua guerra. Você tem a mais nobre das armas: a sua dignidade e o amor ao próximo.
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Não importa o que digam, Chico, mas você é um herói. Talvez o maior que este país já teve. Mas não espere ouvir isso de mais alguém, pois ninguém mais dirá isso.
Continuarão dizendo aquilo que dizem sempre: ele é um maluco, um visionário, um sonhador.
Negro desgraçado! Vai aprender a não me desafiar!
Ahhh! Ahhh!! Chico Rei - Roteiro de André Diniz - Desenhos de Allan Rabelo - www.nonaarte.com.br - Página 37
Só cumpro o meu papel, padre... Que as pessoas pensem o que quiserem.
Sabe, eu não entendi muito o que o padre quis dizer...
É, Chico... Estamos ficando velhos...
O dinheiro da mina foi usado também para construir a Igreja de Santa Ifigênia, como um agradecimento a todas as graças concedidas a Chico Rei e ao seu projeto de liberdade.
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Chico Rei viveu até os 72 anos de idade, cumprindo sua missão até seus últimos dias. Consta que ele libertou, até o fim de sua vida, quase 400 escravos
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