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Hist Ria Da Tecnologia1 - Corpo-trabalho De Histec

trabalho completo de historia da tecnologia..sobre estruturas

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SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO 3. 2. INTRODUÇÃO 4. 3. NO PRINCÍPIO DO CÁLCULO ESTRUTURAL 5. 4. A EVOLUÇÃO RELACIONADA A NOVOS MATERIAIS 12. 1. O cimento portland 12. 1 O concreto armado 14. 2 As estruturas metálicas 14. 3 Estruturas de madeira 15. PARTICIPAÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL DO BRASIL 16. 5. FINALIZAÇÃO 17. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18. Agradeço a Deus, por todos os dias me proporcionar à benção de ser purificado e iluminado, de forma material e espiritual, para suportar as provações da vida. APRESENTAÇÃO O objetivo primordial deste trabalho foi de fazer um relato da história do cálculo estrutural com a exposição de algumas obras realizadas no mundo no decorrer da história de nossa civilização, delimitada pelo passado e pelo futuro da contribuição de Galileu, através do seu trabalho referente à resistência dos materiais. E de forma posterior relatar a participação de outros grandes sábios que desenvolveram, em épocas antagônicas, conhecimentos pertinentes à concretização das bases da ciência que iria surgir após o Renascimento e que, sem sombra de dúvida, se constitui hoje num dos pilares da engenharia moderna. Seria interessante apresentar grandes feitos, como exemplos grandiosos de obras que são um desafio para qualquer engenheiro. Ocorreu na verdade que não encontrei um material capaz preencher a necessidade de complementar estes possíveis assuntos, senão muitos exemplares romancistas, com muito pouco aprofundamento o qual requer o tema. Contudo não foi impedido o objetivo principal do trabalho. O que está exposto a seguir é o resultado de trabalho destinado a estabelecer uma ligação entre as distintas épocas em que a humanidade utilizou seus conhecimentos, empíricos ou não, para realizar grandes obras de engenharia. INTRODUÇÃO Durante séculos, o homem se deparou com enormes civilizações que surgiram e ruíram na medida em que se fazia necessário à evolução social. Paralelamente a elas, grandes obras construídas pela humanidade e que deveriam estar de acordo com o nível do progresso alcançado por estes povos. Cabe mencionar a admiração do homem em produzir estruturas de grande porte e que se faça perpétua, afim de que a posteridade, as posteriores gerações, posteriores civilizações contemplem suas formas belas e concretas. São variadas as maravilhas produzidas pela humanidade ao longo de seu caminho que, atualmente, as obras de arte tidas como as Sete maravilhas do mundo, não se constituem como um conjunto bem definido que as reúna, tendo inclusive várias visões e versões para diferentes épocas. Tomei a liberdade de expressar um comentário de SILVA TELES, que ilustra bem a questão a seguir: Quando e como surgiram as técnicas capazes de realizar estas obras? "A engenharia em si como a arte de construir é tão antiga como a socialização humana. Entretanto, quando pensada como ciência ou como conjunto organizado de conhecimentos técnicos, sua idade é bem menor, podendo-se dizer que tem cerca de 250 anos. Chega até ser difícil dizer que as pirâmides de Gizé, as muralhas da China, os aquedutos romanos, as cidades sumérias e as igrejas da idade média, entre outras magníficas obras de arte, não foram realizadas por engenheiros na concepção atual da palavra. De maneira alguma se deve desmerecer todas estas obras de arte e seus construtores que venceram obstáculos enormes para realizar estas façanhas, só que os métodos utilizados eram muito mais observativos e empíricos que hiperdimensionavam esforços e insumos." Restaria, registrar alguns nomes que contribuíram de maneira eficaz para a evolução da ciência e engenharia, mas ainda não me vejo como merecedor da honra de expor tais informações grandiosas de nossa história, porém dada à necessidade e restrição temática tomo a humildade de concentrar-me em dois grandes nomes; Galileu e Newton. NO PRINCÍPIO DO CÁLCULO ESTRUTURAL A participação de Galileu, com seu "Discorsi e dimonstrazioni matematiche, intorno a due nuove scienze", foi extremamente importante para que os conhecimentos das leis que governam o mundo físico pudessem ser de grande valia para a elaboração de novos dispositivos. Em especial, suas descobertas em torno da resistência dos materiais deram nova direção ao panorama da construção de estruturas que suportassem grandes esforços e solicitações de cargas. O dimensionamento dos elementos estruturais ganhara conteúdo mais abrangente e, o que foi muito importante, havia uma maior unicidade nos métodos a serem aplicados. Compreendendo melhor o comportamento dos materiais empregados, o engenheiro – ainda "clássico" – passara a conhecer as limitações físicas impostas pelas peças, através de poucos, e simples, cálculos. No entanto, ainda não havia certos conhecimentos de cálculo, fato que não permitia sobrepujar certos limites impostos por determinadas composições estruturais. Newton, grande cientista e filósofo do séc. XVIII, ao descobrir as leis da, hoje, mecânica clássica, contribuiu para desenvolver ainda mais o dimensionamento de estruturas de grande porte. Isto por dois motivos: O primeiro decorre do fato de que elaborou uma discussão mais ampliada do comportamento dinâmico e estático dos corpos – em desmerecer o trabalho feito por Galileu, aliás, muito elogiado pelo próprio Newton – e o segundo surgiu da necessidade de se ter uma ferramenta que fosse capaz de traduzir em números suas descobertas, ou seja, uma nova linguagem matemática. Newton parou, inclusive, suas pesquisas para que pudesse desenvolver este novo ramo da matemática. Com isso surge o cálculo infinitesimal que foi e ainda é, uma ferramenta poderosíssima para o cálculo de grandes estruturas. Vale lembrar que Leibnitz desenvolveu o cálculo praticamente na mesma época, porém em separado de Newton. Ocorre que, neste caso, podemos dizer que a contribuição dada por Newton foi mais significativa para a engenharia civil, já que aplica diretamente o cálculo aos princípios físicos da mecânica. Após estes episódios de grandes descobertas, restava somente aperfeiçoar a teoria, um pouco mais simples de Galileu, da resistência de vigas e colunas, através de sua fusão com as leis de Newton e a aplicação do cálculo diferencial. É justo neste contexto inserir na íntegra a introdução de um texto do professor Fernando Luiz Lobo Carneiro, extraído da coleção de textos organizada por Rui Gama em seu livro História da técnica e da tecnologia, a respeito da contribuição de Galileu ao cálculo estrutural. Sendo o professor Lobo Carneiro uma autoridade no assunto e um vislumbrado estudioso de Galileu fica bem justificada a escolha em mencioná-lo. Contudo, o seu texto é muito completo e relata a história desta descoberta de forma elucida, sagaz e com extrema eloqüência. "Galileu, fundador da teoria da resistência dos materiais". *FERNANDO LUIZ LOBO B. CARNEIRO*. (Engenheiro civil, Professor do Curso de Bases Experimentais de Resistência de Materiais no Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro, na ocasião da publicação do artigo.). *Tradução de Rita de Cassia Vaz Artigas (com revisão do autor). Este artigo foi uma contribuição às comemorações do 4º centenário do nascimento de Galileu. [Nota do organizador] "Hoje é admitido por unanimidade que Galileu é o primeiro sábio que considerou a resistência dos materiais de maneira experimental e no sentido do cálculo estrutural. Da arte de construir ele fez uma ciência. Meu amigo Carneiro, grande admirador de Galileu, aprofundou o estudo de seus trabalhos e constatou que Galileu era não somente um excelente intérprete da experiência, mas também precursor da teoria do cálculo à ruptura. Assim que Carneiro me mostrou o texto que ele havia escrito a esse respeito, após uma viagem à Itália, pensei que a RILEM deveria editá-lo, e é por isso que vocês podem lê-lo nas páginas que se seguem". 1 L'Hermite (Prefácio da edição bilíngüe do Boletim n. º 27 da RILEM, Paris, junho de 1965.). "As primeiras tentativas para determinar por meio de cálculo as dimensões seguras dos elementos estruturais foram feitas no século XVII. O famoso livro de Galileu, Duas ciências novas, mostra os esforços do autor para organizar numa seqüência lógica, os métodos aplicáveis à análise de esforços resistentes. Este livro representa o início da ciência da Resistência dos Materiais... e a partir deste momento começa a história da mecânica dos corpos elásticos". 2 Timoshenko Comemora-se no mundo inteiro o quarto centenário do nascimento de Galileu, indiscutível fundador da Dinâmica e da Física moderna. Sua contribuição para a revolução metodológica, que tornou possível o prodigioso desenvolvimento científico iniciado no século XVII, foi fundamental e decisiva. Suas descobertas astronômicas trouxeram sólidos argumentos em favor da teoria heliocêntrica de Copérnico, em oposição à teoria geocêntrica de Ptolomeu, ao mesmo tempo em que seu célebre princípio da coexistência de movimentos, ou de relatividade, eliminou a principal objeção contra o duplo movimento da terra. Existe, sem dúvida, na obra de Galileu um aspecto menos conhecido que os acima mencionados: Os fundamentos da resistência dos materiais. Timoshenko, em sua History of Strenght Materials, depois de haver examinado algumas contribuições de Leonardo da Vinci, dedica a Galileu todo o capítulo primeiro, e não hesita em atribuir-lhe esse papel. O famoso livro de Galileu, Duas ciências novas, afirma Timoshenko, "representa o início da ciência da resistência dos materiais". A opinião de Timoshenko é compartilhada por outros autores que se ocuparam da história da Resistência dos Materiais, como S.B. Hamilton E L'Hermite, C, Truesdell encontra em Galileu o mais antigo exemplo da noção de tensão, e L'Hermite atribui a Galileu não somente a mais antiga hipótese sobre a ruptura, mas também a idéia de ensaios e modelos. Apesar desta aceitação praticamente unânime do papel de Galileu como fundador da Resistência dos Materiais, os detalhes de sua contribuição científica nesse terreno são geralmente pouco conhecidos. A finalidade deste artigo é precisamente contribuir para sua divulgação. As pesquisas de Galileu sobre a Resistência dos Materiais foram realizadas em grande parte durante o período em que viveu na República de Veneza, como professor da Universidade de Pádua, entre 1593 e 1610. Entretanto, os resultados destas investigações não foram publicados senão vários anos mais tarde, no livro Discorsi e dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, escrito de 1633 A 1637, na fase final de sua vida; era então prisioneiro da Inquisição e estava condenado a não sair de sua casa de campo de Arcetri, nos arredores de Florença, situação que se estendeu até sua morte, em 1642. Esse livro é considerado a principal obra de Galileu e as "duas ciências novas" são as Resistências dos Materiais e a Dinâmica. Tudo parece indicar que o desejo de reunir em um só volume, para a posteridade, suas descobertas científicas mais importantes foi umas das mais fortes razões que o levaram a abjurar a teoria de Copérnico perante o Santo Ofício, em Roma, em 1633. Estas descobertas não haviam sido divulgadas antes, senão de modo parcial e fragmentado, em cartas a seus discípulos e amigos. A impressão do livro só pôde ser feita fora da Itália, em Lyden (Holanda) e em meio a grandes dificuldades. Elsevir foi o editor, e o embaixador da França em Roma, conde de Noailles, antigo discípulo de Galileu, se ofereceu para fornecer-lhe um álibi, simulando haver tomado a iniciativa da publicação sem conhecimento do autor. Um ano depois, em 1639, foi publicada em Paris uma tradução francesa da obra que tinha um título um pouco extravagante; Les nouvelles pensées de Galileu, mathematicien et ingénieur du Duc de Florence, tal obra muito contribuiu para rápida difusão das idéias de Galileu. Este título tem, no entanto, a virtude de mostrar que Galileu era então conhecido não somente como sábio, mas também como homem que se ocupava das aplicações técnicas da ciência. A Resistência dos Materiais é abordada nas primeiras páginas da primeira parte, e em toda a segunda parte. O resto da primeira parte é consagrado a questões muito variadas, como os "infinitivamente grandes e os indivisíveis", o peso do ar e a resistência que este oferece ao movimento dos corpos, o pêndulo simples, a freqüência das cordas vibrantes. A terceira e quarta partes encerram a mais importante contribuição de Galileu para a ciência moderna: os fundamentos da Dinâmica. Elas se ocupam, respectivamente, do movimento uniforme, do uniformemente acelerado e dos projéteis. As duas primeiras leis da mecânica, e a lei da queda dos corpos, o "paralelogramo das velocidades", o plano inclinado, a trajetória dos projéteis, aí são tratados de forma luminosa. Os Discorsi intorno a due nuove scienze são apresentados em forma de diálogo, forma esta que já havia sido empregada por Galileu, em 1631, no Diálogo sobre os dois maiores sistemas do mundo (Dialogo dei due massimi sistemi del mondo). Suas opiniões e demonstrações são expressas por Salviati e comentadas por um discípulo, Segredo; o terceiro personagem, Simplício, representa a mentalidade escolástica de sua época, dogmaticamente submetido à letra dos textos de Aristóteles e que contrapunha à evidência experimental raciocínios apriorísticos e dogmáticos. Dispomos atualmente de duas edições da Due nuove scienze, a magnífica edição italiana de 1958, com notas e comentários de A. Carugo e L. Geymonat, e a tradução inglesa de H. Crew e A. de Salvio. Em ambas estão indicados os números das páginas correspondentes à grande "edição nacional" das obras completas de Galileu, que é sempre tomada como referência para as citações. A matéria comentada neste artigo corresponde às páginas 49 a 65 e 151 a 182. Antes de finalizar esta introdução convém examinar quais poderiam ser as razões que levaram Galileu a interessar-se pela Resistência dos Materiais. O próprio Galileu nos proporciona uma indicação sobre a natureza destes motivos, através das palavras pronunciadas por Salviati no início da primeira parte: "A constante atividade de Vosso famoso arsenal, cidadãos de Veneza, proporciona aos estudiosos um amplo campo de meditação, particularmente no campo relacionado com a mecânica, uma vez que todos os tipos de instrumentos e máquinas são aí fabricados continuamente por numerosos artesãos, entre os quais alguns chegam a ser extraordinários conhecedores e hábeis nas explicações, seja por observações feitas por seus antecessores, seja por sua própria observação cotidiana". Galileu se refere ao Arsenal de Veneza, grande estaleiro naval e de construções mecânicas, então célebre em toda a Europa, o qual visitou repetidas vezes durante sua estada em Pádua, nele exercendo inclusive funções de consultor técnico. Galileu revela em seguida a natureza do problema que chamou sua atenção inicialmente, e que foi o ponto de partida de suas investigações sobre a Resistência dos Materiais: O problema das estruturas geometricamente semelhantes de máquinas ou de edifícios que, havendo tido um comportamento satisfatório quando executadas em certa escala fracassam completamente quando executadas numa escala maior, seja em conseqüência de uma redução inesperada da sua capacidade de resistir a cargas adicionais, seja simplesmente entrando em ruína sob a ação de seu peso próprio. Veremos em seguida que Galileu não somente encontrou a explicação correta deste fenômeno, como também estabeleceu regras quantitativas para obter-se o dimensionamento seguro das estruturas. Devemos recordar que as estrutura que se realizavam no tempo de Galileu sejam para edifícios e pontes, sejam para máquinas, tinham em geral, como carga principal, seu peso próprio. As dimensões destas estruturas eram estabelecidas de maneira empírica e os casos de desabamento sob a ação do peso próprio eram freqüentes, quando um arquiteto mais audaz ultrapassava os limites ou alturas usuais. Estes acidentes levavam naturalmente os construtores a introduzir reforços suplementares, que uma simples similaridade geométrica com estruturas de porte menor não permitiam prever ou simplesmente a concluir que para cada tipo de estrutura havia um certo "vão limites" que não poderia ser ultrapassado. O desenvolvimento da arquitetura gótica, com catedrais cada vez mais audaciosas, e mais tarde, durante o Renascimento, a execução de grandes abóbadas, tornaram este fenômeno ainda mais evidente. Cita-se, por exemplo, o desabamento da nave da Catedral de Beauvais, que levou os construtores da Idade Média à conclusão da existência de um limite de altura e de tamanho que não poderia ser ultrapassado impunemente. Galileu, na Segunda parte de Duas ciências novas, mostra que quando todas as dimensões de uma viga são multiplicadas por um mesmo fator, estando, portanto assegurada à semelhança geométrica, as forças resistentes internas, resultantes dos esforços do material, crescem proporcionalmente ao quadrado deste fator, enquanto as forças resultantes da ação da gravidade crescem proporcionalmente ao cubo. Empregando a linguagem moderna, isto significa que a simples semelhança geométrica não implica, neste caso, semelhança física. Aí está a idéia central de Galileu em toda a introdução da primeira parte. Volta a retomar o problema, em toda a sua profundidade, na Segunda parte, e chega inclusive a fazer incursões no terreno da biologia, com suas originais considerações sobre a debilidade dos gigantes. Galileu em seus estudos aborda freqüentemente os problemas deste ponto de vista, muito atual, o da "semelhança física". Isto foi muito bem compreendido pelos tradutores ingleses de Due nuove scienze, como se vê em nota colocada na página 157 (da edição nacional). Ao tratar do erro contido na teoria da flexão de Galileu, - que afeta somente o coeficiente numérico da fórmula que relaciona o momento fletor de ruptura com as dimensões da seção transversal e com a tensão de ruptura do material -, dizem: "Felizmente este erro não invalida as conclusões das proposições que se seguem e que tratam unicamente de proporções, e não de resistências efetivas das vigas". É justo: todas as deduções obtidas por Galileu em sua teoria da flexão têm por finalidade a passagem de uma estrutura conhecida a outra geometricamente semelhante, construída em outra escala. Todas as regras dadas por Galileu com esta finalidade são essencialmente corretas. Constituem o embrião da moderna teoria de modelos estruturais. A leitura das obras de Galileu à luz da teoria da semelhança física torna-se fascinante e faz descobrir novos aspectos do gênio do grande sábio italiano. O efeito da mudança das dimensões de um corpo, animado ou inanimado, sobre suas propriedades físicas, diz C. M. Focken foi compreendido e discutido com surpreendente clareza por Galileu em seus Diálogos sobre duas ciências novas. Concluindo, parece que a hipótese segundo a qual as investigações de Galileu sobre a Resistência dos Materiais tiveram como ponto de partida alguma consulta feita pelo arsenal de Veneza, é muito provável. Estas investigações foram, portanto, provocadas pelas necessidades práticas da indústria nascente, não somente a indústria mecânica, mas também da construção. A EVOLUÇÃO RELACIONADA A NOVOS MATERIAIS O Cimento Portland – De acordo com a EB-1 (Especificação Brasileira) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a definição de cimento portland é conforme se segue: "É o aglomerante obtido pela pulverização do clínquer resultante da calcinação até fusão incipiente de uma mistura íntima e convenientemente proporcionada de materiais calcáreos e argilosos sem adição, após a calcinação, de outras substâncias, a não ser água e gesso". (EB-1 – 1937) A engenharia civil já conhecia alguns segredos do comportamento de alguns elementos estruturais. No entanto, as limitações vinham agora dos materiais empregados. Moldar um elemento estrutural ainda era um processo muito complexo, sem mencionar a dificuldade de manuseio de tais peças, e perceberam, então, a necessidade de se desenvolverem novos materiais para erguer as grandes estruturas. O surgimento do cimento portland se encaixa nesse contexto. Porém, deve-se ressaltar que o uso de aglomerantes na construção já era praxe desde muito antes. O que havia de especial nesse produto eram suas características físico-químicas superiores em qualidade, quando comparada a outros aglomerantes, além de seu processo de fabrico, perfeitamente reprodutíveis se obedecidas certas regras de dosagem das matérias-primas. Supõe-se que o homem primitivo, da idade da pedra, já conhecia uma forma de material com propriedades aglomerantes. Ao acenderem fogueiras junto às pedras de calcário e gesso, parte das pedras descarbonava com a ação do fogo, formando um pó que, hidratado pelo sereno da noite, convertia-se novamente em pedra. As ruínas romanas, as pirâmides egípcias e as muralhas da China provam que no século V antes de Cristo, esses povos já empregavam uma espécie de aglomerante entre os blocos de pedras na construção de seus monumentos. Posteriormente, os gregos e os romanos passaram a usar um material proveniente da queima de um gesso impuro, composto de calcário calcinado e cinzas vulcânicas. Esse cimento era misturado com areia e cacos de telhas, formando uma argamassa de notável dureza e que, os romanos executavam com o cuidado de adensar energicamente resultando em construções que resistem até os dias de hoje. Os gregos e romanos guardavam em segredo as fórmulas de seus cimentos que, com o declínio de suas civilizações ficaram perdidos no tempo. Assim, na Idade Média houve uma piora na qualidade dos cimentos e esse material praticamente teve que ser desenvolvido novamente. Por volta de 1756, os ingleses incumbiram o engenheiro John Smeaton de obter um cimento que resiste à água do mar. Nesse momento, ele desenvolveu um cimento já próximo do que mais tarde, viria a ser o Cimento Portland, só que calcinado ainda em temperaturas relativamente baixas. Com esse cimento se constituiu o farol de Eddystone, uma das primeiras construções com Cimento Portland. Joseph Aspdin que desde 1811 se dedicou à qualidade do cimento, conseguiu seu intento, definindo proporções mais adequadas das matérias primas e calcinado em temperaturas mais altas (em torno de 800°C). O material obtido tinha semelhança com a cor da ilha de Portland, ao sul da Inglaterra e, Aspadin, batizou seu produto de Cimento Portland, recebendo em 1824 a patente concedida pelo Rei George IV. Por volta de 1828, uma fábrica de cimento em Wakefield, começou a produzir e comercializar, regularmente o Cimento Portland. A primeira tentativa de produzir Cimento Portland no Brasil, se deve ao Comendador Antonio Proost Rodovalho, que em 1888 instalou uma fábrica em sua fazenda, mas que não chegou a produzir regularmente. Houve também outras tentativas, na Paraíba e no Espírito Santo, mas sem sucesso. A primeira fábrica a produzir normalmente, no Brasil, foi a Cia Brasileira de Cimento Portland Perus, no ano de 1926. Hoje, o Brasil é um dos oito maiores produtores de Cimento Portland do mundo e, detém uma das mais avançadas tecnologias no fabrico desse insumo. Só no ano de 2000, o Brasil produziu cerca de 39,6 milhões de toneladas de Cimento Portland. (FONTE: http: //www.abcp.org.br) 1 O concreto armado – Com o poder ligante do cimento portland, a confecção de peças que viriam a compor elementos estruturais tornou-se algo bastante comum – cabe mencionar que hoje o cimento é o segundo produto de consumo per capta do mundo, ficando somente atrás da água. Surge então o concreto, que nada mais é do que a mistura do cimento com outros agregados, graúdos (como a brita) e miúdos (como a areia), junto com a água que é necessária para iniciar o processo de endurecimento através de reações químicas de hidratação. Hoje vários aditivos e adições são utilizados para melhorar a performance dos elementos constituídos de concreto, como aumento da resistência, diminuição do tempo de pega, aumento tempo de manuseio etc. Com o passar dos anos os engenheiros notaram que o comportamento do concreto em relação aos esforços de compressão era bastante satisfatório, no entanto, o mesmo não ocorria quanto aos esforços de tração. Através de inúmeros ensaios e cálculos precisos, chegou-se à conclusão de que o concreto necessitava de um aliado para combater estas limitações, este aliado era o aço. Surgia então o concreto armado. O aço é uma liga cujo principal componente é o ferro, cujas resistências à tração e compressão são bastante significativas. Seu emprego nos elementos estruturais é sob a forma de armadura, daí o nome concreto armado, e este fica por dentro da peça de concreto moldada, protegido por um recobrimento mínimo contra agressões externas devido à sua fragilidade, quando submetido a intempéries e mesmo assim sofre corrosão. Mais uma vez, houve um ganho na qualidade das peças constituintes de uma estrutura. Mas não parou por aí, cada vez que a engenharia se via diante de certas limitações, ela procurava vencer estes obstáculos. Cada limite alcançado é ponto de partida para novas descobertas e transpor novos limites. Pode-se citar o concreto protendido, o concreto de alto desempenho, peças que utilizam concretos mais leves etc. tudo isso serve para ilustrar o avanço obtido pela engenharia estrutural ao longo dos anos; e muito ainda deverá surgir, à medida que isto se fizer necessário para a derrubada de novas barreiras estruturais. As estruturas metálicas – Mesmo antes de Cristo os chineses já possuíam algum conhecimento sobre o uso de ligas metálicas na construção. Porém, a utilização destas ligas como componentes estruturais acompanha também o avanço obtido na siderurgia, que gira em torno da mesma época das descobertas feitas por Galileu. A utilização do aço como componente principal da estrutura é bastante disseminada em países industrializados como os Estados Unidos. No Brasil existem algumas barreiras, inclusive há um certo "preconceito" do uso do aço, - este panorama já está se modificando – além de questões econômicas, logísticas e tecnológicas. Podemos citar algumas obras em aço de importância histórica: a ponte Golden Gate, Torre Eifel, o castelo de cristal, muitos prédios de Brasília – recentemente foi erguida a terceira ponte sobre o lago Paranoá com estrutura metálica: a ponte J. K., o edifício central no Rio de Janeiro, dentre inúmeras outras. Hoje em dia, apesar de não ser fato recente, estruturas mistas são erguidas, aproveitando-se das características em comum do concreto armado e do aço. Estruturas de madeira – Quanto às estruturas feitas com madeira, resolvi não falar muito a respeito por conta das limitações impostas por este material que, dificilmente, pode Ter suas características alteradas. Não é desnecessário, no entanto, mencionar que houve melhorias, em termos de desempenho estrutural, em função do conhecimento da teoria da resistência dos materiais. PARTICIPAÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL DO BRASIL O uso em larga escala de estruturas em concreto armado, no Brasil, colocou a nossa engenharia no patamar mais alto no que se refere à qualidade dos serviços prestados neste campo. É motivo de imenso orgulho, para nós, sabermos que nossos engenheiros são reconhecidos internacionalmente como peritos no assunto, tidos como profissionais de altíssima capacidade de solucionar problemas e desenvolver tecnologia de ponta. Como a Escola Politécnica da UFRJ está entre as melhores instituições de ensino de engenharia do país, senão a melhor pode- se concluir que ela contribuiu com significativa parcela para que chegássemos a este estágio, graças à qualidade de ensino fornecida ao longo de mais de duzentos anos de história desde a fundação, por D. Maria I, em 17 de dezembro de 1792, da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho que originou a atual Escola Politécnica e o Instituto Militar de Engenharia. Nomes como André Rebouças, Paulo de Frontin, só para citar dois dentre grandes nomes produzidos pela engenharia nacional, servem de incentivo, através de suas histórias profissionais, a qualquer pessoa que queira se engajar no ramo da engenharia civil. Um outro grande nome que pode, e deve, ser mencionado é o de Oscar Niemeyer. Arquiteto reconhecido internacionalmente pela sua contribuição à arte de construir; modificou drasticamente a maneira de se pensar e se fazer arquitetura. A engenharia civil deve muito a ele que, com seu estilo de criar formas jamais imaginadas, contribuiu para o progresso do cálculo estrutural. José Sussekind, engenheiro que trabalha com Niemeyer, relatou certa vez à importância dessa contribuição e mencionou também o fato de que ele exportou nossos engenheiros, levando nossa engenharia para onde quer que tenha de realizar um novo trabalho, já que os engenheiros dos países onde trabalhara alegavam impossibilidade de erguer algumas de suas criações, em função de limitações estruturais. Nossos engenheiros foram capazes de superar estas dificuldades e mostraram ao mundo do que é capaz a engenharia brasileira. FINALIZAÇÃO Torna-se claro a relação concretizada entre as evoluções do conhecimento científico e as aplicações na engenharia que deles decorrem. No século XX uma nova ferramenta, criada pelo homem, também contribuiu de forma decisiva para o progresso da engenharia: o computador. Muitos modelos estruturais são estudados com o auxílio do computador, garantindo uma melhor qualidade dos elementos que virão compor uma estrutura. Na engenharia civil, as descobertas de Galileu e Newton somadas ao desenvolvimento de novos materiais, como o cimento portland ou a síntese de novas ligas metálicas mais resistentes; novas técnicas surgindo e mescla de outras, como a utilização em larga escala do concreto armado; os sistemas computacionais que "decifram" equações matemáticas com extraordinária rapidez; constituem hoje as bases para o cálculo de estruturas de grande porte. Muito ainda há de ser descoberto, e muitas construções serão erguidas com base nestes conhecimentos, propiciando assim, novas obras de arte dignas da admiração de todos por muitos anos à frente. Espero ter alcançado meu objetivo ao expor este tema que me causou um grande impacto, já que pretendo atuar na área de estruturas. Levo comigo o desejo de pesquisar mais sobre o assunto, reunindo o maior número possível de informações e, quiçá, registrá-las num livro que tenha como objetivo suprir as necessidades de quem por ventura venha querer saber mais acerca do tema, numa linguagem acessível e com conteúdo homogêneo, estabelecendo um elo entre as várias obras de engenharia realizadas pelo homem durante séculos de civilização, mostrando suas principais características, os desafios vencidos por quem as construiu, o aprimoramento das técnicas empregadas e tudo mais que seja necessário ser incluído. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, Fernando Luiz Lobo. "Galileu, fundador da teoria da resistência dos materiais". História da técnica e da tecnologia. Organizado por Ruy Gama. São Paulo: T. A. Queiroz: Editora da Universidade de São Paulo, 1985. CARNEIRO, Fernando Luiz Lobo. Trezentos e cinqüenta anos dos "Discorsi intorno a due nuove scienze" de Galileu Galilei. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1989, 180p. Il. CASTRO, Cláudio de Moura. Estrutura e apresentação de publicações científicas. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976. GAMA, Ruy. A tecnologia e o trabalho na história. São Paulo: Nobel: Editora da Universidade de São Paulo, 1986. NUSSENZVEIG, Moysés. Trezentos anos dos "Principia" de Newton. Fernando Luiz Lobo Carneiro, Luiz Pinguelli Rosa, Moysés Nussenzveig. Rio de Janeiro: COPPE: DAZIBAO, 1989, 81p. II. SILVA TELLES, Pedro C. História da Engenharia no Brasil durante os séculos XVI e XIX. Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 1994. SITES: www.abcp.org.br www.cbca.org.br www.maravilhasculturais.cjb.net www.secil.pt www.votorantin.com.br