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Harmonia Nos Ambientes De Trabalho

Discutem-se as questões de relacionamento humano nos ambientes de trabalho, que terminam por ampliar os níveis de insegurança física dos trabalhadores

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Harmonia nos ambientes de trabalho: fatores construtivos e destrutivos Engº Antonio Fernando Navarro1 Introdução A análise dos acidentes ocorridos em uma organização possibilita a identificação de uma série de fatores, alguns construtivos para o processo e outros destrutivos. Esses fatores estão continuamente interagindo entre si. Quando construtivos percebe-se uma sinergia de ações, do tipo “casos de sucesso”, estado da arte, benchmarking, aplicados ao empreendimento. Quando há em um dos lados um fator que não seja construtivo o resultado final pode ser o mais diverso possível, quase sempre se materializando através de um acidente, ou de uma situação com potencial para tal. A ilustração a seguir centraliza a organização como um todo, ladeada pelo ambiente onde são realizadas suas atividades, com um recorte neste artigo para as atividades industriais, e pelo Homem, representando todos os seus trabalhadores. Sob esses se encontram listados alguns dos fatores, construtivos ou destrutivos ao processo de harmonização do meio ambiente do trabalho, harmonia essa que permite o aumento da produtividade, da eficiência, da redução de acidentes, pessoais, ambientais ou patrimoniais. Em conjunto com os demais fatores pontuados, percebe-se que esses podem ser posicionados como dominós enfileirados. Quando um deles cai todos os demais tendem a cair, pondo a perder todo um trabalho desenvolvido. Muitos dos fatores apresentados, sejam aqueles referentes ao meio ambiente do trabalho, seja envolvendo os trabalhadores, são facilmente percebíveis. A ansiedade de uma pessoa é percebida por quem a conhece, da mesma forma que a depressão. Porém, nem sempre essas são os fatores principais, podendo assim ser resultantes de outras causas. A desorganização de uma empresa ou a falta de comando das ações também pode ser facilmente identificada. Tanto os fatores que afetam o trabalhador quanto aqueles que afetam as empresas podem ser facilmente identificados ou não. 1 Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, especialista em gestão de riscos, mestre em saúde e meio ambiente e doutorando em engenharia civil – [email protected] • • • • • • • • • • • • • Atividades; Estratégias; Contratos; Recursos; Insumos; Fatores climáticos; Prazos; Organização do trabalho; Espaços e ambientes; Organização da produção; Lógicas de trabalho; Fatores normativos; Referências. Capacitações; Percepções; Habilidades; Fatores estressores; Supervisões; Medos; Culturas; Ansiedades; Comportamentos esperados; Condicionamentos; Estresses; Relações de poder; Adequação do homem ao meio; • Conceitos; • Usos e costumes; • Referências. • • • • • • • • • • • • • Fatores construtivos e destrutivos existentes em uma organização que impactam no equilíbrio ambiente versus Ser Humano (AFANP) Não deve haver dúvidas de que as capacitações, habilidades, culturas e referências, aqui tomadas como algo claramente visível e mensurável, que se pode comparar com produtividade, desempenho e outros, são fatos que, quando bem administrados “empurram” a empresa rumo ao sucesso. Um aspecto negativo relacionado a “relações de poder”, como a de chefias que não sabem lidar com os seus subordinados pode ser extremamente negativo no ambiente de trabalho, comprometendo seriamente as relações empregado - chefia. Enquanto o vínculo e os interesses são fortes dos empregados e organização, como por exemplo a manutenção da empregabilidade, salários acima da média do mercado, proximidade da conclusão de um projeto, “toleram-se” as relações. Contudo, se por alguma razão perdem-se esses vínculos ou são eles enfraquecidos, as relações de poder passam a ser um elemento bastante pernicioso, terminando por miná-las. O resultado final pode ser o mais inesperado possível, inclusive com a manifestação de um acidente. Ou seja, está se pontuando o acidente, como pior ocorrência em ambas as situações para ilustrar o poder que esse tem sobre uma empresa, com reflexos muito além do imaginado. Está se falando em 2 de 34 perdas de oportunidades de contratos, multas ou penalizações, interdições, indenizações, danos à imagem da organização e por aí segue. Um acidente, seja esse pessoal, ambiental ou patrimonial, alavanca negativamente o nome da organização em todas as mídias e, com isso, trazendo para si todo o tipo de fiscalização. E, o que é pior, pode não representar a atuação normal da empresa, mas tão somente um momento “ruim”, ou seja, é um aspecto pontual. Outro ponto bastante interessante é o que diz respeito à adequação do homem ao meio. Essa desarmonia não propicia a integração do trabalhador com as suas tarefas, com a organização, colegas ou chefias. Como resultados costumam surgir: ansiedades ou medos, desatenção, falta de motivação ou outras conseqüências. Assim, nota-se que alguns fatores apresentados podem ser resultantes do desencadeamento de quaisquer dos outros fatores. Ou seja, as relações passam a ser bastante complexas e uma análise direcionada não possibilita que se compreendam como o homem (trabalhador) se relaciona com a organização e vice-versa em um exíguo espaço denominado ambiente de trabalho. Procurando trazer à luz essas questões, muitas vezes pouco percebidas é que está se associando o meio ambiente do trabalho, com todos os fatores a ele inerentes, com o ser humano, aqui o trabalhador e os fatores que o afetam ou influenciam. Muitos dos fatores a seguir identificados, pelo menos os principais influenciam, positiva ou negativamente, o trabalhador. O estresse, um desses fatores, pode ser prejudicial ou danoso ao trabalhador, inclusive à sua saúde, seja essa física ou mental, ou estimulante, quando direcionado à competitividade. Desta maneira, abordam-se os fatores nem sempre objeto das atenções, que podem afetar o desempenho ou performance dos trabalhadores, podendo ser causa de acidentes. Da mesma maneira, apresentam-se também fatores ambientais com o mesmo propósito. Ao final, associam-se esses aspectos objetivando-se trazer à luz considerações sobre a associação desses temas. Formulação da situação problema Pode parecer utópico mencionar-se a possibilidade de se evitar um acidente em uma obra industrial, visto que por dezenas de anos tem-se investido grandes somas de recursos e tecnologias a fim de evitar-se a ocorrência de acidentes, descritos aqui como aqueles que provocam danos afetando pessoas, meio ambiente e o patrimônio das empresas, e, por razões não de todo reconhecidas, as ocorrências voltam a se manifestar. 3 de 34 Contudo, vejamos alguns aspectos interessantes a respeito do tema: uma obra industrial é um complexo de atividades que demandam vários tipos de serviços, alguns dos quais expostos a inúmeros riscos. Assim, existem atividades: • manuais e com o emprego de equipamentos de vários portes; • com o emprego de robôs (atividades submarinas e as realizadas em espaços confinados, principalmente para soldas); • com a necessidade de apenas uma pessoa e com enorme efetivo de pessoal; • de fabricação de uma cadeira à fabricação e montagem de uma plataforma de petróleo; • executadas no nível do chão, sob o solo ou em alturas elevadas; • realizadas com o objeto do trabalho estático ou em movimento (P.Ex.: reparo de uma estação espacial); • sobre o solo ou sob a água; • com pressões elevadas ou pressões negativas; • com temperaturas normais ou elevadas. Nesse cenário de variáveis tão díspares pode-se imaginar que não ocorram acidentes, ou deve-se considerar que o acidente não precisa necessariamente ocorrer? Há pelo menos umas quatro décadas atrás, entendia-se que a cada cem quilômetros de dutos lançados era previsível ocorrer uma morte, da mesma forma que a cada quilômetro construído de ponte podia se esperar uma morte. Ou seja, a morte, como um dos piores acidentes, era previsível. De lá pra cá algo mudou ou as mortes, e, por conseguinte, os acidentes, ainda continuam sendo previsíveis? De certa maneira os acidentes são ainda previsíveis, visto serem possíveis de ocorrer, pois estão relacionados aos riscos existentes. De acordo com Hemmard, quando definiu riscos apresentou algumas características fundamentais, dentre as quais a de serem: futuro, possíveis, incertos, independente da vontade das partes, capazes de gerar perdas ou danos e de serem mensuráveis. As mudanças mais substanciais que têm ocorrido passam pela gestão dos processos. Dentro dessa ótica, da análise dos processos de gestão, sem se deparar especificamente com um deles, mas dos princípios gerais é que se irá tratar a a questão dos acidentes, com um grande recorte para a atividade industrial e sobre sua previsibilidade, apresentando algumas considerações técnicas à respeito das obras industriais e de como podem ser evitados os acidentes, desde aqueles que envolvem o trabalhador a aqueles que atingem o meio ambiente ou o patrimônio das empresas e de terceiros. 4 de 34 Pretende-se levantar algumas considerações, de modo mais simples sobre essas questões, possibilitando que, através da reflexão sobre essas questões, possa melhor se entender a sistemática da ocorrência de um acidente. A visão humana do acidente Quando se menciona a visão humana do acidente está se questionando o quão é importante o Homem -Ser, no processo da ocorrência de um acidente. Quase sempre quando se avaliam as questões humanas nos acidentes procura-se analisar de que forma essa se deu. Para isso, existem ferramentas de análise preventiva e corretiva dos riscos e aquelas utilizadas no diagnóstico das causas e efeitos dos acidentes. A empresa americana E. I. du Pont de Neumurs and Company, com mais de 200 anos de fundação e atuando fortemente em atividades industriais e na disseminação de uma cultura de SMS,desenvolveu a mais de meia década uma série de análises procurando associar ou mesmo correlacionar o envolvimento do ser humano nas ocorrências de acidentes. Nesses estudos baseou-se em pesquisas de Frank Bird. Nessas análises foi detectado, inicialmente, que antes de uma grande ocorrência há um enorme número de desvios, ou descumprimentos de regras e procedimentos, seguido de um número menor de quase-acidentes, tidos aqui como aqueles que “por pouco não se transformaram em acidentes”. Em níveis superiores há os acidentes. Quando a ocorrência envolve pessoas pode-se classifica-los como acidentes sem afastamento (ASA), acidentes com afastamento (ACA) e acidentes fatais. Essa associação de conceitos foi estratificada em uma pirâmide, e quantificada, da seguinte forma: desvios (30000), quase-acidentes (3000), acidentes sem afastamento (300), acidentes com afastamento (30) e morte (1). Nessa associação, a “morte” era antecedida por 30.000 desvios. Lógico é que o conceito não é e nunca foi o de contar-se a quantidade de desvios e esperarse pela morte, mas sim, atuar-se de maneira pró-ativa no processo evitando-se a ocorrência de desvios. Somente assim pode-se “reduzir a altura da pirâmide”, ou seja evitar as ocorrências de acidentes. Para tal, deve-se atuar pró ativamente, de modo que os trabalhadores sejam conscientizados a não cometer desvios, e possa ser percebido, pelos profissionais de SMS se esses desvios não estão sendo cometidos pela interpretação equivocada dos procedimentos por parte dos executantes, ou até se os procedimentos não são inadequados aos serviços executados. A representação da Pirâmide, com as respectivas indicações da quantidade de ocorrências, por níveis, é a seguinte: 5 de 34 Representação esquemática da pirâmide de desvios (adaptação de AFANP) Em outra análise estabeleceram o percentual relativo à participação humana nos acidentes, chegando ao seguinte resultado: 4% Devido a fatores diversos 96% Devido ao Comportamento e Atitude das pessoas Percebe-se na análise que a participação do homem é expressiva. Voltando-se à pirâmide anterior (duPont), para a imediata redução dos desvios, e, por conseguinte, a eliminação dos eventos maiores ou de topo, deve-se atuar através de medidas pró-ativas no envolvimento do ser humano, agora, personagem central do tema, sabendo-se de antemão que os 4% para causas ambientais, podem ter como contributo o próprio homem. Ora, com uma participação tão expressiva assim a questão da resiliência sempre é suscitada. Por mais que se invistam nas condições ambientais do trabalho, através de métodos como “5S” e políticas de housekeeping, esse esforço está voltado para apenas 4% das causas. Anteriormente quando se mencionou as mudanças que se deram, muitas foram voltadas para a mudança de cultura das corporações, grandes investimentos em capacitação de pessoal, enormes esforços no desenvolvimento de máquinas e equipamentos mais seguros, elaboração de adequados planejamentos de obras e processos, enfim, um enorme esforço para a mudança do status quo. 6 de 34 Hammer Guard Sample - luva de segurança O modelo de luva de segurança da “Hammer Guard”, a exemplo de inúmeros outros, acrescenta nova tecnologia, protegendo a mão do trabalhador contra impactos provocados por marretas e martelos, por exemplo. Os dedos de fazem o efeito de pinça são articulados. Essa preocupação se deve ao fato de que os humanos são os únicos, excluindo-se os símios, a apresentar o polegar opositor, que possibilita a realização de uma série de atividades. Os homens, como apresentado anteriormente, são responsáveis por mais de 90% das ocorrências de acidentes. Também foi dito que quando há uma enorme quantidade de desvios há maior probabilidade de ocorrência de acidentes fatais. Dito isso, resta-nos saber como o homem se envolve em um acidente. Se a organização não motiva adequadamente os trabalhadores ou não gestiona as ações preventivas com a ênfase necessária, como por exemplo, o foco prioritário na entrega da obra ou o compromisso com o cumprimento dos prazos em detrimento da segurança pessoal, talvez os trabalhadores não se sintam motivados o suficiente para romper as barreiras necessárias e abraçar a causa da prevenção de acidentes, em seus próprios benefícios. Afora isso, empresas que apresentam grande rotatividade da mão-de-obra, principalmente aquelas com atividades de construção civil, não têm tempo o suficiente para criar uma cultura própria e possibilitar que os seus empregados tenham a condição de assimilá-la e pô-las em prática. Há que se considerar também que existe uma confusão, não generalizada, sobre questões como: fatores estressores no ambiente de trabalho, estresse, ansiedade, medo, resiliência e outros temas correlatos, que terminam por associá-los de modo equivocado. Essa interpretação equivocada de conceitos muitas vezes mascara o real problema da prevenção de riscos. 1.1. A ansiedade A ansiedade quase sempre está associada a expectativas, para as quais podemos não estar preparados. Há as ansiedades crônicas, as ansiedades doentias, as provocadas pela insegurança ou outras causas. O profissional que irá ser certificado em suas atribuições e que precisa ser bem avaliado certamente ficará ansioso antes da realização do teste. O estudante nas vésperas do 7 de 34 vestibular também tende a ficar ansioso. O criminoso que será confrontado com o polígrafo também fica ansioso antes. A pessoa com transtorno mental e em tratamento, cujo medicamento foi atrasado fica ansiosa. Há várias razões para que o ser humano fique ansioso. A ansiedade mexe conosco, desestabilizando-nos, à ponto de mudar o nosso foco de atenção. Se a atenção é desviada do foco principal que é o trabalho passa a existir enorme chance de ocorrer algo anormal. Diz-se estar “dando sorte ao azar”. Nessas horas procedimentos são descumpridos, e atalhos são trilhados para a rápida conclusão das tarefas. (...) Não é preciso grandes ameaças para fazer a pessoa ansiosa: bastam as pressões do dia-a-dia e a imaginação excessiva sobre um problema real, mesmo os menores e repetitivos. Os que se envolvem com a decisão administrativa lidam com mais incerteza e risco, não só por causa do desconhecimento humano sobre o futuro, mas também pela interdependência e desequilíbrio constante entre os diversos fatores políticos, econômicos, de produção e de mercado. Por lidarem mais diretamente com as decisões estratégicas, relativas às transações da instituição com a comunidade, dirigentes e gestores pressentem mais o risco pelo maior impacto dessas decisões na vida das pessoas. Para se sentirem mais seguros nas suas opções, refletem, analisam e despendem tempo tentando uma forma de enfrentar problemas, controlar eventos e suas próprias emoções. Na verdade, aguçam dúvidas e inseguranças, reativando ansiedades e medos. (Motta, 2002) Ansiedade e medo são formas mais intensas de se demonstrar uma preocupação. O medo está na interface do mundo exterior com o mundo interior. Exteriormente, começa pela consciência de fatores de risco que variam fora do controle da pessoa. O risco é uma probabilidade de dano relacionado ao acaso; significa uma ameaça às instituições, às empresas, às pessoas e aos seus valores. Cabe ao indivíduo reagir a esses fatores para preservar a sua própria segurança e a das pessoas e instituições pelas quais é responsável. Portanto, à consciência do risco está associada a percepção interna da pessoa sobre a sua vulnerabilidade a esses fatores e sua capacidade de reação exitosa. Conforme MOTTA (2002), apud al, os sintomas mais comuns de ansiedade e medo se refletem nas tendências especificadas a seguir. Além dos sintomas físicos, a ansiedade produz tendência a: a) Sensibilidade excessiva. A pessoa adquire maior dificuldade em modular emoções e se importuna facilmente com eventos específicos, sobretudo os que lembram dificuldades anteriores. b) Maximização de problemas e concentração nos fatores negativos. A ansiedade perturba o funcionamento normal da mente, gerando comportamentos inusitados e a tendência a exagerar a importância de certas situações. A convivência com situações 8 de 34 ameaçadoras enfatiza a consciência sobre fatores negativos: a pessoa tende a perceber qualquer pequena dificuldade como um grande problema. c) Dispersão mental e transferência da decisão. Diante da pressão para a decisão, algumas pessoas vêm reduzidas suas habilidades de compreender e julgar eventos. Adquirem uma inibição de pensar, de raciocinar sobre situações problemáticas e, mesmo, de manter atenções afetivas com os colegas. Intensificam o desejo de escapar da situação, concentrando-se em outras tarefas ou transferindo e adiando decisões. d) Comunicações irrealistas: o incremento da conversa consigo próprio. Gerentes tendem a ruminar o problema ou a apresentar a si próprios uma série de hipóteses de solução e de fracasso. Pensamentos e imagens são aos poucos montados numa lógica por vezes negativa. Em alguns casos, associam-se fatores de medo e de risco numa sucessão de possibilidades, até se perceber uma verdadeira catástrofe. (...) A ansiedade alerta a pessoa e a faz agir no sentido de evitar ou safar-se do perigo. Na realidade, é melhor alarmes falsos do que não perceber uma situação ameaçadora. Exageros ajudam a mobilizar pessoas, mas conduzem a uma percepção mais generalizada do risco e, portanto, a mais medo e ansiedade. No entanto, quando se induz ao medo, também se desloca a atenção das pessoas de recursos importantes para ações baseadas em ilusões pré-fabricadas. Em princípio, a ansiedade moderada não reduz a eficácia organizacional, mas a sua maior intensidade e constância é que prejudicam a qualidade das decisões e ações. (...) (Motta, 2002) 1.2. Os comportamentos de segurança OLIVEIRA (2007) trata da questão dos comportamentos com o seguinte olhar: Em relação aos acidentes de trabalho as estatísticas revelam a perda de 1.250 milhões de dias de trabalho devido a problemas de saúde em geral em que, 210 milhões são devidos a acidentes de trabalho (i.e. média de 1.3 dias por trabalhador da União Européia) e 340 milhões devido a problemas de saúde relacionados com o trabalho (i.e. média de 2.1 dias por trabalhador da União Européia) (Comissão Européia, 2004, p.27). A sinistralidade na Europa é de tal forma elevada (7.6 milhões de acidentes em 2001, dos quais 4.7 milhões originaram ausências ao trabalho superiores a três dias) que a cada cinco segundos ocorre um acidente de trabalho e a cada duas horas morre um trabalhador vítima de acidente de trabalho, num total de 4.900 acidentes fatais em 2001, segundo a Comissão Européia (2004, p.31). Um trabalhador quando experiência direta ou indiretamente uma situação de acidente de trabalho o seu comportamento modifica, ele pode desenvolver comportamentos de risco (i.e. se ficou ileso após o acidente, ou seja não sofreu ferimentos) ou desenvolver comportamentos de 9 de 34 segurança (i.e. nos casos em que se observam conseqüências dos acidentes). (Oliveira e Silva, 2007). 2500 1907 2000 1847 1699 1500 1000 596 371 432 500 97 84 408 334 352 453 373 177 88 117 505 186 332 261 287 0 A - Reação das Pessoas B - Posição das Pessoas C - EPIs D - Ferramentas e Equipamentos E - Procedimentos F - Ordem, Limpeza e Acumulado dos Últimos 3 Arrumação Meses de 2007 Quadro de análise de desvios comportamentais – 2007 (AFANP) O quadro comparativo acima, retirado das análises das auditorias comportamentais realizadas em atividades voltadas à instalação e montagem de instalações industriais voltadas à área de óleo e gás, durante três meses durante o ano de 2007, para um efetivo total das obras da ordem de 7.000 pessoas, apresentou como responsável pelo maior número de desvios observados o descumprimento das normas de procedimentos de SMS, seguido por aqueles provocados pela posição incorreta das pessoas, expondo-se aos riscos, seguido de perto pelos desvios provocados pela falta de uso ou pelo uso incorreto dos EPIs. É interessante observar-se que em qualquer um dos casos apresentados, seja a falta do atendimento ou o atendimento parcial dos procedimentos, seguido pela posição incorreta das pessoas e o provocado por EPIs demonstra que, conforme Oliveira e Silva (2007) os comportamentos de segurança poderiam ser um dos aspectos relevantes na análise dos acidentes pessoais. A literatura de segurança em geral indica que os comportamentos de segurança influenciam a ocorrência de acidentes de trabalho, mas também são influenciados pelas percepções dos trabalhadores sobre a envolvente da segurança. A literatura refere diversos preditores dos comportamentos de segurança: como o clima de segurança (Neal, Griffin & Hart, 2000; Neal & Griffin, 2002), a experiência de acidentes de trabalho (e.g. Rundmo, 1996; Probst, 2004), a percepção de risco (e.g. Rundmo, 1996; 2000) ou a motivação para a segurança e o conhecimento de segurança (e.g. Neal, Griffin & Hart, 2000; Probst & Brubaker, 2001; Wong et al, 2005). De acordo com NEAL & GRIFFIN (2000) os comportamentos de segurança podem ser de dois tipos diferentes: o trabalhador pode desenvolver comportamentos de segurança porque é compelido a cumprir regras de segurança, como usar os EPIs, e neste caso referimo-nos a complacência em segurança, ou podem ser desenvolvidos porque o trabalhador se sente motivado em participar voluntariamente em determinadas atividades relativas à segurança, como a participação voluntária em simulados de segurança. Qualquer organização pode diminuir a sua taxa 10 de 34 de sinistralidade através do simples cumprimento das regras básicas de segurança (aplicação de proteções individuais e coletivas); implementação de metodologias de trabalho mais seguras (utilização de materiais menos perigosos e com menos riscos para a saúde dos trabalhadores). Contudo, essas ações não são da mesma natureza. A primeira pressupõe uma obrigatoriedade legal, enquanto que a segunda pressupõe uma atividade voluntária. (Oliveira, 2007) O comportamento de segurança de um trabalhador depende sempre dos conhecimentos que este tem sobre as regras de segurança a cumprir no desempenho das suas tarefas, as aptidões necessárias ao correto desempenho e em segurança e, a sua motivação para desempenhar essas mesmas tarefas em segurança. Um trabalhador que não tenha aptidão para desempenhar uma determinada tarefa da forma mais correta, ainda que tenha o conhecimento adequado e esteja motivado terá dificuldades acrescidas no desenvolvimento do comportamento de segurança que lhe é solicitado ou exigido. Os comportamentos de segurança para além dos fatores individuais (atitudes, diferenças individuais), também dependem de fatores organizacionais como o ambiente de trabalho (e.g. clima de segurança) ou a envolvente organizacional (Neal & Griffin, 2004). 1.3. Risco, Ansiedade e Medo A ansiedade pode ser um fator motivador para uma ação ou não, dependendo da forma que ela seja encarada pelo próprio ser humano, da maneira como ele lida com essa questão e do quão está preparado para enfrentá-la. Já o medo, provoca sérias alterações em nosso comportamento, quase sempre nos deixando esquivos de qualquer coisa com a qual possamos nos confrontar. Quando a ansiedade provoca o medo os problemas potencializam-se. O maior temor e ansiedade se encontra no referente ao valor profissional: ser injustiçado e humilhado como profissional ou ser publicamente julgado incompetente. Dirigentes temem a avaliação negativa de seu desempenho, não pela sua falta de competência e de dedicação às suas tarefas mas por desconsideração de fatores ambientais negativos e incontroláveis. Acham que devem competir sempre para revelar seu valor e alcançar desempenho acima da média. Revelam alta percepção de risco sobre a manutenção ou perda de sua função ou emprego. Consideram-se inseguros no cargo dada a imprevisibilidade de fatores com os quais tem que lidar. (Motta, 2002) Como os demais funcionários, receiam contatos com chefes que têm sanções sobre seus recursos de poder e sobre o próprio emprego; temem a demissão mas ressaltam o medo de serem malvistos publicamente, pela família e por amigos fora do trabalho, como incompetentes ou de ser humilhados e injustiçados por seus superiores. Como seus esforços dependem de uma coletividade de funcionários, eles nem sempre se consideram culpados pelos fracassos de sua equipe, embora sejam responsabilizados por isso. (Motta, 2002) 11 de 34 No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de conseqüências adversas e sugere o esforço gerencial para conscientizar-se de sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Minimizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco: (1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades; (2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e (3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas. Não é por acaso que dirigentes se vangloriam de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistência de dados ou sua inexatidão para realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cautela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais corajosos, hábeis e autônomos perante o risco. (Motta, 2002) HALLOWELL (1994) desenvolveu a equação da preocupação moderada que pode ser adaptada como uma curva da ansiedade. O desempenho melhora quando a ansiedade aumenta até certo ponto, depois do qual a ansiedade continua a aumentar mas o desempenho começa a baixar. Em outras palavras, o medo e a ansiedade podem ser vistos como fatores motivadores apenas no curto prazo e de forma moderada; a longo prazo, são obstáculos. Muitas pessoas vivem melhor o ambiente de competição porque são motivadas não pelo medo, mas pela energia da conquista de um objetivo. Isso talvez possa explicar porque em ambientes de trabalho de aparência altamente competitiva podem ser obtidos bons desempenhos. É o exemplo de atmosferas de alta intensidade, como bolsas de valores e salas de emergência de hospitais: elas motivam as pessoas não pelo medo, mas pela intensidade do estímulo. Essas pessoas são pouco motiváveis pelos estímulos médios comuns à maioria, mas sentem-se estimuladas em ambientes de alta intensidade. Há uma diferença entre medo e intensidade, apesar de psicologicamente serem muito semelhantes. Pessoas com medo, no entanto, não gostam do ambiente e desejam se livrar do problema que lhes causa a ansiedade. Ao contrário, pessoas com intensidade gostam do ambiente e desejam a sua permanência; poderiam até viver permanentemente nesse estado. (Motta, 2002) 1.4. O ambiente do trabalho e os riscos MEDEIROS & RODRIGUES apud al (2000) quando abordam a questão dos ambientes do trabalho com foco na construção civil, tratam-na da seguinte maneira: A Indústria da Construção 12 de 34 Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na freqüência de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor. Os acidentes de trabalho têm sido freqüentemente associados a patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e a empregados displicentes que cometem atos inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos acidentes de trabalho, normalmente, não correspondem a essa associação, mas sim às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao seu aspecto psicológico, envolvendo fatores humanos, econômicos e sociais. MELO apud MESQUITA (1998) define riscos do trabalho, também chamados riscos profissionais, como sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de precárias condições, que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, podendo ser relativos ao processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais). O clima de segurança é constituído na sua essência por percepções partilhadas sobre a segurança na organização. A definição de clima de segurança seguida neste estudo é a de SILVA (2003) segundo a qual o clima de segurança é a “…manifestação temporal da cultura que se reflete nas percepções partilhadas pelos membros de uma organização num determinado momento e corresponde ao nível intermédio da cultura de segurança…” SILVA (2003) apresenta uma revisão dos instrumentos utilizados ao longo do tempo, para avaliar o clima de segurança, indicando diversos instrumentos de medição do clima de segurança desenvolvidos por vários autores (e.g. Zohar, 1980) mas segundo a autora o clima de segurança tem sido sempre medido através da aplicação de escalas ou questionários. 1.5. O saber operário O saber operário é o conhecimento adquirido ao longo de anos e anos de atividades, e que passa a ser considerado como referencial interno, esteja esse certo ou errado. Quando posto em conflito com a obrigatoriedade de passar a empregar novo saber o operário passa a se questionar e, por fim, a empregar o seu saber, caso não seja acompanhado nas tarefas. As mudanças de paradigmas iniciam-se com o convencimento do operário de novos saberes, os quais podem ser incorporados ou assumidos pela organização caso seja demonstrado serem melhores para aquelas atividades específicas. O momento importante para o operário é o da incorporação pela organização do seu saber, enquanto que o oposto se dá com o descarte do seu saber sem quaisquer questionamentos ou convencimentos. Nessa situação é muito provável que em um momento ou 13 de 34 outro os procedimentos formais sejam descumpridos, podendo causar ou não acidentes. A respeito dessa questão, Yazigi (1998) assim se manifesta: (...) É preciso criar a mentalidade da participação e passar as informações necessárias aos empregados. A participação fortalece as grandes decisões, mobiliza forças e gera o compromisso de todos com os resultados; ou seja: a responsabilidade. O principal objetivo é conseguir o efeito sinergia, em que o todo é maior do que a soma das partes. Novas idéias devem ser estimuladas e a criatividade aproveitada para o constante aperfeiçoamento e a solução dos problemas. Dar ordens e exigir obediência é restringir ao mínimo o potencial do ser humano. No processo da Qualidade Total, gerenciar é sinônimo de liderar. E liderar significa mobilizar esforços, atribuir responsabilidades, delegar competências, motivar, debater, ouvir sugestões, compartilhar os objetivos, informar, transformar grupos em verdadeiras equipes. (...) Consoante MEDEIROS & RODRIGUES (2000), em muitas atividades industriais, o que não exclui a Construção Civil, reina a ignorância sobre alguns processos e seus incidentes. Os trabalhadores ignoram o funcionamento exato do processo industrial, pois têm apenas “dicas” de um saber descontínuo. Não existe um conhecimento coerente, nem sobre o próprio processo, nem sobre o funcionamento das instalações pois não existe formação destinada aos trabalhadores. O saber circula a nível dos engenheiros e dos escritórios de projetos. Então, a partir das insatisfatórias instruções dadas pela direção, os operários não vêem outra saída a não ser a de interferir nas etapas intermediárias do processo de produção do seu modo. A consciência aguda do risco de acidente obrigaria o trabalhador a tomar tantas precauções individuais que dificultaria completamente o trabalho na Construção a ponto de se tornar ineficaz do ponto de vista da produtividade. Trata-se de um sistema defensivo destinado a controlar o medo, e pode ser chamado de pseudo-inconsciência do perigo. Além disso, necessita apoiar-se no caráter coletivo, sendo assegurado pela participação de todos. Ninguém pode ter medo nem demonstrá-lo. Gera-se então um sistema implícito onde nunca se deve falar de perigo, risco, acidente, nem do medo. (Medeiros & Rodrigues, 2000) Ainda segundo DEJOURS (1992) a ideologia defensiva “é funcional a nível do grupo, de sua coesão, de sua coragem, e é funcional também a nível do trabalho; é a garantia da produtividade”. Um exemplo dessa ideologia defensiva é manifestado através da ingestão de álcool, que muitas vezes funciona como articulador para superar a carga de medo que pressupõe o trabalho. Trata-se de uma dose de energia psicológica, que ajuda a enfrentar as condições de trabalho. 1.6. Fatores estressores De acordo com ALEVATO (2007), quando trata da questão de agentes estressores, (...) Pesquisas internacionais validadas pela posição da Organização Internacional do Trabalho não 14 de 34 abrem espaço para hesitações: a maior causa de acidentes e doenças do trabalho no mundo contemporâneo é o estresse. A atenção de empresas e instituições aos estressores mais nocivos à saúde de seus profissionais é, portanto, uma decisão não apenas acertada, mas urgente. No entanto, além de uma forte carga de preconceitos, a maior parte dos esforços para estabelecer a relação entre uma experiência laboral estressante e a emergência de problemas de saúde, distúrbios psíquicos, transtornos mentais, comportamentais e outros, frequentemente se depara com a própria complexidade do ciclo do estresse. É possível não discutir, por exemplo, a relação entre um operário ferido e a queda de um tijolo, no universo dos riscos físicos da construção civil, mas o mesmo não pode ser dito da relação entre o cotidiano permeado de pressões por prazos e metas e a hipertensão arterial diagnosticada em um gerente. No caso dos estressores não se trata de um agente externo (tijolo) oferecendo um perigo (queda) e uma possível conseqüência (ferimento). Fala-se agora de uma ameaça que se diferencia dos clássicos riscos físicos, químicos e biológicos por não ser um elemento isolável dos sujeitos, mas por permear a vida em todas as suas dimensões, afetando a saúde individual, realimentando-se de si mesma e transversalizando as atitudes, os desempenhos, as relações sociais, profissionais e familiares, dentre outros aspectos. Os novos cenários exigem, portanto, inova’vão no desenvolvimento de concepções, métodos e técnicas de investigação, prevenção e intervenção a favor da qualidade de vida, da saúde e da segurança no trabalho. (...) (...) estressores são elementos capazes de mobilizar para a ação ou desencadear reações humanas. No entanto, cada fonte estressora tem características próprias que recomendam iniciativas de controle específicas e diversificadas. (...) Os estressores encontrados nos ambientes de trabalho podem, portanto, ser classificados – conforme sua natureza – em existenciais, ocupacionais ou sócio ambientais. (...) Os estressores sócio ambientais não escolhem suas vítimas no ambiente laboral porque se originam em condições culturais, políticas, sociais e econômicas do micro e do macro cenários. Violência urbana, desemprego estrutural, conflito de valores são alguns exemplos desse grupo. (...) (...) De uma forma geral, os estressores mais nocivos à saúde e segurança no trabalho são aqueles que agem de forma continuada, gerando um desgaste coletivo de caráter crônico e de difícil superação sem ajuda especializada. As pessoas passam a ter dificuldades para identificar exatamente o que as incomoda, percebendo um sofrimento de caráter generalizado, vivido num processo de erosão das forças, do ânimo e do envolvimento com o trabalho. (...) 1.7. A psicologia e a prevenção de acidentes 15 de 34 A associação da psicologia à prevenção de acidentes não é um assunto novo. Inúmeros são os artigos que fazem essa associação, pois muitas vezes o acidente é fruto de um ato volitivo, não sob o aspecto do indivíduo intencionalmente descumprir as normas de segurança, mas sim porque sabe como executar a tarefa e procura fazê-la da forma que conhece e que sempre a fez. Não são muitos os casos em que o acidente teve como causa esse fato. 2800 2299 2400 2000 1600 1104 1200 644 570 800 405 165 400 Organização Ordem, Limpeza e Procedimentos Equip. Ferram. e EPI's Pessoas Posição das Pessoas Reação das 0 Gráfico de análise de resultados de auditorias comportamentais em 2008 (AFANP) No gráfico acima, constando 5.187 desvios relatados ao longo de 6 meses em uma obra industrial com o envolvimento de 15 empresas contratadas, apurados através de um programa de auditoria comportamental, com avaliações visuais e abordagens pessoais, identificou-se que a grande maioria dos desvios era devido a falta do uso ou do uso de modo irregular dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, seguido do desvio por descumprimento dos procedimentos de Segurança, Meio Ambiente e Saúde. A grande questão levantada era a de que essas avaliações ocorriam mensalmente e já havia transcorrido um período médio de obras de pelo menos oito meses. Assim, havia empresas atuando a mais de três anos no site, empresas com menos de dois anos e empresas recém contratadas, com 3 meses de contrato. De comum teve-se o fato de que todos os empregados das empresas passaram por programas de integração, briefings de segurança, e de empresas com procedimentos de segurança próprios. Assim, cabe a questão: por que foram identificados tantos desvios sobre condições que, pelo menos aparentemente, já estavam consolidadas na mente dos trabalhadores? Os trabalhadores, pelas experiências demonstradas não sabiam utilizar corretamente seus EPIs? Os trabalhadores, em seus programas de treinamento não foram apresentados aos procedimentos de segurança das empresas? Sabe-se que situações de stress (tensão) geralmente precedem os acidentes e escapam ao controle dos donos ou dirigentes das empresas para as quais o empregado trabalha. É o caso de 16 de 34 discussões em casa com o marido ou a mulher, situações de separação, doença dos filhos, etc... Há alguns tipos de stress que podem ser evitados. Estudos mostram, por exemplo, que a sobrecarga de serviço e o número excessivo de horas de trabalho de um indivíduo o tornam propenso ao acidente do trabalho por levá-lo ao stress fisiológico ou psíquico. (Friedman, Rosenman, & Carrol, 1975) (Hinkle & Plummer, 1952). 1.8. Fatores humanos e influências comportamentais De acordo com a OIT só as causas naturais matam mais no mundo do que os acidentes de trabalho. As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos, das ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos componentes do trabalho. Ocupando lugar de destaque como causa dos acidentes de trabalho encontra-se o fator humano, compreendendo características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas para com as atividades prevencionista, aspectos da personalidade, falta de atenção, entre outras (DI LASCIO, 2001). Um novo paradigma metodológico de pesquisa denominado “Psicopatologia do Trabalho”, é proposto por DEJOURS (1992). Orientando uma discussão no sentido de questionar as repercussões que a organização do trabalho impõe a vida do trabalhador, bem como o sofrimento que advém condicionando as dimensões de sua vida social. O autor questiona e revela um sofrimento “não reconhecido”, oculto, invisível, mais sentido subjetivamente. Nas palavras de DEJOURS (1992, p.88): Cada uma das emoções, medo, raiva, ansiedade, alegria, amor, felicidade, imprime uma disposição e uma direção para a ação. O ser humano tem uma tendência, baseada na aprendizagem com as experiências passadas, de repetir determinados padrões de reações que “deram certo no passado” e que se incorporaram, assim, ao nosso repertorio ou bagagem emocional (GOLEMAN, 1995). O aspecto comportamental supõe componente sentimental de raiva ou medo, acompanhando a emoção que tem a função primitiva de preservar a existência. Pode-se argumentar que essas modificações que implicam a emoção, são fontes de transtornos do organismo, quando as mesmas apresentam características de forma aguda e intensamente súbita e fazendo-se persistente. Desse modo o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas que influenciam na capacitação em lidar com as demandas e pressões de seu ambiente se faz necessário. (Morais et al. apud al. 2005) 17 de 34 De acordo THEOBALD & LIMA (2006), apud HSE (2002), considerar os fatores humanos significa avaliar três aspectos principais: o “trabalho”, os “indivíduos” e a “organização”, e como estes aspectos impactam a saúde e a segurança das pessoas. Tudo isso dentro de um “ambiente regulatório” que a segurança e saúde ocupacional deve atender. Contudo, para o HSE (2002), é possível realizar uma análise separada de cada uma destas áreas com o objetivo de desenvolver uma sistemática que permita a adoção de adequadas medidas de controle. HEINRICH (1959, citado por Cooper, 1998) observa que as pressões para o aumento da produção podem reforçar o comportamento inseguro dos funcionários, já que pode ser a única forma de se assegurar que um trabalho seja feito. Verificou também que dos 330 atos inseguros observados, 229 conduziriam a um prejuízo grave e um incidente importante. Assim, a inexistência de acidentes poderia induzir as chefias que as preocupações da área de SMS talvez não fossem tão importantes assim. FOLKARD (1999) verifica que os sucessivos de turnos noturnos aumentam a probabilidade de riscos de acidentes industriais e devem ser reduzidos ao mínimo, por não mais de quatro noites. O tempo de recuperação entre turnos deve ser pelo menos 48 horas, enquanto que a jornada de trabalho deve ser limitada a 12 horas, visto que o desempenho humano tende a deteriorar-se além desse limite (HSE, 1999). COOPER (1998) sugere que a baixa qualidade dos processos de organização e limpeza pode ser uma conseqüência das pressões extremas de produção associadas a limitadas condições de armazenamento e operação. Esses fatores podem fazer com que os empregados passem a acreditar que as atividades de organização e limpeza não sejam tão importantes assim, principalmente porque trabalham em áreas com normas de organização e limpeza precárias ou insuficientes e não enxergam as conseqüências dos sinistros ocorridos. Conforme MEARNS et al. (1998) nas organizações costumam existir diferentes culturas de SMS, desde as mais ortodoxas até as mais flexíveis, desde as baseadas exclusivamente nas normas até as baseadas nas experiências dos profissionais de SMS. Existem muitas vezes grupos diferentes que têm seu próprio estilo de gestão e diferentes níveis de preocupação para com as questões de segurança, As diferentes culturas, ou subculturas podem variar de acordo com ocupação, idade, relutância ou aceitação às mudanças e outros mais. Segundo PIDGEON (1998) a existência de muitas culturas de SMS em uma só organização sugere a ausência de uma só cultura coerente de SMS. Por conseguinte, é questionável a adoção da mudança de cultura nas organizações deve levar em conta as essas subculturas em 18 de 34 vigor, como elas interagem entre elas e como elas podem interagir com a nova cultura a ser implantada. Em entrevistas realizadas com trabalhadores da área offshore Collinson (1999) concluiu que os trabalhadores criticaram as tentativas das empresas de vincular a segurança com as avaliações de desempenho, o que, em última análise, afetava os pagamentos. Foram relatadas situações de trabalhadores penalizados pelos gerentes e supervisores por haverem sofrido acidentes. Essa vinculação da segurança com a avaliação de desempenho transformou-se na ‘cultura de culpa’ fazendo com que os trabalhadores ficassem relutantes em relatar os acidentes, lesões ou falhas cometidas por terceiros. Essas avaliações foram feitas em empresas com cultura de segurança positiva e abrangente, com registros positivos, vários prêmios e realizações em SMS. Os gerentes confiavam que 99,9% dos acidentes e quase-acidentes haviam sido relatados. As entrevistas todavia revelaram que isso não acontecia, com cerca de 50 % dos entrevistados admitindo haverem escondido ou deixado de relatar os acidentes e quase acidentes para salvaguardar sua avaliação. 1.9. Escalas de Percepção Pessoas com níveis mais elevados de senso de invulnerabilidade tendem a se envolver em maior quantidade de eventos considerados perigosos e/ou possivelmente danosos, e ainda tendem a menosprezar eventos como desastres naturais e infortúnios relacionados à saúde, bem como fenômenos adversos, como crimes ou acidentes de qualquer natureza (Perloff, 1983). É necessário ressaltar que a experiência de vitimação altera a percepção do indivíduo a respeito de sua invulnerabilidade. É neste ponto que a estrutura cognitiva da pessoa é abalada, afetando sua auto-imagem e desestruturando a crença de que o mundo é um lugar previsível, ordenado e tendente a seguir regras rigidamente estabelecidas (Peterson & Seligman, 1983). De acordo com BULMAN & FRIEZE (1983), quando eventos vitimadores acometem uma pessoa, ela passa imediatamente por um período de desajuste psicológico. É exatamente nesse período que as vítimas passam a rever suas crenças. Esse período é caracterizado por um “conflito” entre o esquema cognitivo estabelecido e os ajustes psicológicos necessários para a adequação a novos tipos de situação, de modo que a percepção de invulnerabilidade já não é a mesma, a pessoa passa a incorporar novos fatos e estruturar novas avaliações. A percepção sobre perigos, em grande parte das vezes, pouco tem a ver com as referências e os dados coletados sobre o problema. A possibilidade de haver danos é normalmente menor do que a imaginação das pessoas ao tomarem decisões e, portanto, a percepção de risco é 19 de 34 maior do que a realidade demonstra. Apesar de existirem situações materiais de perigo, o risco é antes de tudo uma percepção individual e uma construção mental. Os estudos mais profundos sobre percepção de riscos sociais, originados na perspectiva cognitiva, presumem o risco como subjetivamente definido pelo indivíduo e influenciável por uma variedade de fatores psicológicos, sociais, institucionais e culturais. Portanto, a percepção de risco tem sua dimensão interna e subjetiva; a maneira como as pessoas sentem e atribuem peso ao risco influencia os comportamentos administrativos defensivos e preventivos (Starr, 1969; Slovic, 1987). Quanto maior a percepção de risco, maior a predisposição para a ação cautelosa. Se no futuro há imprevisibilidades, não se conhecem, na verdade, os resultados das decisões presentes. Ademais, por serem obrigados a antecipar, a prever e a agir para o futuro, os dirigentes jamais podem ser inconseqüentes e valorizar somente o presente. Há uma pressão para a cautela, ou seja, evitar o perigo, ou reduzir a exposição a fatores de risco. No sentido negativo, o risco deixa implícito o perigo de conseqüências adversas e sugere o esforço gerencial para conscientizar-se de sua existência, evitá-lo ou minimizá-lo. Estar em risco é estar vulnerável ao acaso ou a fatores que provocam danos, independentemente de ações individuais. Evitar o risco é tentar precaver-se contra o perigo do inesperado, do não-familiar ou do inusitado. Quando visto como algo ruim, o risco incentiva a busca de segurança. Minimizar ou reduzir risco são expressões que procuram dar segurança à decisão. Vista como algo positivo, a percepção de risco: (1) revela a coragem de arriscar apesar das adversidades; (2) conscientiza as pessoas sobre ameaças e danos potenciais e reais à empresa; e (3) valoriza o espírito empreendedor e de prosseguir e se aventurar em direção ao êxito. O risco chega a fascinar algumas pessoas. Não é por acaso que dirigentes se vangloriam de sua capacidade de correr riscos. Muitas vezes, exageram a inexistência de dados ou sua inexatidão para realçar a sua capacidade de intuir e de prosseguir apesar de conselhos por cautela. Proclamam-se mais intuitivos do que realmente são para parecerem mais corajosos, hábeis e autônomos perante o risco. (Motta, 2002) A visão ambiental da questão A visão ambiental da questão contempla todos os fatores que podem estar relacionados com as atividades e que são inerentes ao local onde os trabalhadores realizam suas atividades, influenciados ou não por esses fatores. Como dito anteriormente, inúmeros são esses, como: Atividades; Estratégias; Contratos; Recursos; Insumos; Fatores climáticos; Prazos; Organização do trabalho; Espaços e ambientes; Organização da produção; Lógicas de trabalho; Fatores normativos; Referências. 20 de 34 Da mesma forma como na análise dos fatores humanos, percebe-se que há situações facilmente identificadas, de imediato, como contribuintes para o sucesso ou o fracasso de um empreendimento. Por exemplo, a cultura de uma organização. Quando ela é sólida, bem estruturada e permeada em todos os níveis funcionais permite que “todos falem a mesma língua”, seja essa boa ou má. A cultura é percebida de várias maneiras, seja através de programas de treinamento, cartazes e folders, quadros e aviso e cartilhas, e outros. A cultura possibilita que a organização tenha uma só identidade. Outra situação complexa é a que diz respeito a prazos. Quando são curtos ou mal dimensionados para as tarefas contratadas percebe-se que essa pressão pelo atendimento aos mesmos passa a todos sinergicamente. A história funciona da mesma maneira que a brincadeira de criança do telefone sem fio. O gerente maior do empreendimento cobra do gerente de produção maior empenho. O gerente de produção cobra dos encarregados maior dedicação. E o encarregado cobra dos empregados a cabeça de quem não atingir as metas. Para o empregado, o não atendimento dos prazos pode significar sua demissão. 2.1. Ambiente de trabalho e riscos A Indústria da Construção Civil é uma atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na freqüência de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor. Os acidentes de trabalho têm sido freqüentemente associados a patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e a empregados displicentes que cometem atos inseguros. No entanto, sabe-se que as causas dos acidentes de trabalho, normalmente, não correspondem a essa associação, mas sim às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao seu aspecto psicológico, envolvendo fatores humanos, econômicos e sociais. 2.2. Riscos do trabalho MELO apud MESQUITA (1998) define riscos do trabalho, também chamados riscos profissionais, como sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de precárias condições, que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, podendo ser relativos ao processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais). 21 de 34 Segundo GUALBERTO (1990) existe três linhas de defesa da saúde do trabalhador. Eliminar todas as possibilidades de geração de riscos na fase de concepção ou na correção de um sistema de produção trata-se da primeira medida a ser tomada como linha de defesa. Para isso devem-se observar os seguintes aspectos: seleção de insumos inócuos; redesenho dos diversos produtos componentes de um sistema de produção; mudanças na organização do trabalho. Em caso de não se poder aplicar a primeira linha, deve-se partir para a tentativa de conviver com o risco embora que sob controle. A intervenção passa a se manifestar através do uso de soluções coletivas constituídas pelos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Na impossibilidade de utilização da segunda linha, o que se pode dar, inclusive, pelo aspecto desfavorável do balanço custo-benefício de um empreendimento, surge a terceira e última linha de defesa do trabalhador, que compreende a proteção individual em suas diversas formas de aplicação. Foto do arquivo pessoal de AFANP, apresentando um armador preparando a ferragem no interior de uma forma A fotografia apresentada anteriormente ilustra claramente a questão dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Nesse exemplo um armador (preparador de ferragens) encontra-se no interior de uma forma, onde será concretada uma caixa separadora de água e óleo. O trabalhador executa suas atividades apoiando-se sobre uma tábua presa à própria ferragem, não havendo, no caso em questão, qualquer comprometimento ou preocupação com as questões de seguran;ca do trabalho. 2.3. Aspectos de organização do trabalho As condições reais dos canteiros de obra já se configuram como riscos. Estes riscos são agravados pelas variações nos métodos de trabalho realizados pelos operários, em função de 22 de 34 situações não previstas, mas que, na realidade, são uma constante no trabalho, pois, não existem procedimentos de execução formalizados na maioria das empresas. O que existem, no máximo, são instruções verbais. Também é importante salientar a existência de sistemas de pagamento diversificados na maioria dos canteiros. Em alguns destes, os parâmetros de produtividade são baseados muitas vezes apenas no trabalho dos funcionários mais rápidos e experientes. Tal fato pode gerar prejuízos à segurança dos trabalhadores, uma vez que os operários – principalmente os mais inexperientes - ao executarem suas tarefas com mais rapidez, e, assim, com maior desgaste de sua força de trabalho, podem desempenhar condutas equivocadas que permitam à ocorrência de acidentes. Deve-se considerar ainda que esses tipos de pagamento são previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), mas com limitações no sentido de impedir qualquer tipo de descriminação de ordem salarial. Observa-se ainda a existência de um perfil de insensibilidade com a Higiene e Segurança no Trabalho. SOUSA (1997), por exemplo, evidenciaram em sua pesquisa alguns levantamentos expedidos pela fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho em João Pessoa, que apontavam dentre os dez itens das Normas Regulamentadoras mais infringidas, os itens "condições sanitárias" e "EPI" como sendo os que apresentaram maior número de irregularidades. Trata-se, portanto, de itens sobre os quais todos têm conhecimento e que não dependem de nenhum conhecimento técnico mais aprofundado. Foto do arquivo pessoal de AFANP, apresentando o interior de um depósito de materiais de obra, com a agulha de um vibrador de concreto, em primeiro plano, e um depósito improvisado de gasolina para alimentação do motor do vibrador, em um depósito de água mineral. A fotografia ilustra uma das questões mais trabalhadas pelas equipes de SMS em fiscalização de obras industriais, que é a de organização e limpeza. De acordo com Cooper (1998) 23 de 34 (...) a baixa qualidade dos processos de organização e limpeza pode ser uma conseqüência das pressões extremas de produção associadas às limitadas condições de armazenamento e operação. Esses fatores podem fazer com que os empregados passem a acreditar que as atividades de organização e limpeza não sejam tão importantes assim, principalmente porque trabalham em áreas com normas de organização e limpeza precárias ou insuficientes e não enxergam as conseqüências dos sinistros ocorridos. (...) 2.4. Fatores humanos e o trabalho De acordo THEOBALD & LIMA (2006), apud HSE (2002), considerar os fatores humanos significa avaliar três aspectos principais: o “trabalho”, os “indivíduos” e a “organização”, e como estes aspectos impactam a saúde e a segurança das pessoas. Tudo isso dentro de um “ambiente regulatório” que a segurança e saúde ocupacional devem atender. Contudo, para o HSE (2002), é possível realizar uma análise separada de cada uma destas áreas com o objetivo de desenvolver uma sistemática que permita a adoção de adequadas medidas de controle. HEINRICH (1959, citado por Cooper, 1998) observa que as pressões para o aumento da produção podem reforçar o comportamento inseguro dos funcionários, já que pode ser a única forma de se assegurar que um trabalho seja feito. Verificou também que dos 330 atos inseguros observados, 229 conduziriam a um prejuízo grave e um incidente importante. Assim, a inexistência de acidentes poderia induzir as chefias que as preocupações da área de SMS talvez não fossem tão importantes assim. FOLKARD (1999) verifica que os sucessivos de turnos noturnos aumentam a probabilidade de riscos de acidentes industriais e devem ser reduzidos ao mínimo, por não mais de quatro noites. O tempo de recuperação entre turnos deve ser pelo menos 48 horas, enquanto que a jornada de trabalho deve ser limitada a 12 horas, visto que o desempenho humano tende a deteriorar-se além desse limite (HSE, 1999). COOPER (1998) sugere que a baixa qualidade dos processos de organização e limpeza pode ser uma conseqüência das pressões extremas de produção associadas a limitadas condições de armazenamento e operação. Esses fatores podem fazer com que os empregados passem a acreditar que as atividades de organização e limpeza não sejam tão importantes assim, principalmente porque trabalham em áreas com normas de organização e limpeza precárias ou insuficientes e não enxergam as conseqüências dos sinistros ocorridos. 24 de 34 Conforme MEARNS et al. (1998) nas organizações costumam existir diferentes culturas de SMS, desde as mais ortodoxas até as mais flexíveis, desde as baseadas exclusivamente nas normas até as baseadas nas experiências dos profissionais de SMS. Existem muitas vezes grupos diferentes que têm seu próprio estilo de gestão e diferentes níveis de preocupação para com as questões de segurança, As diferentes culturas, ou subculturas podem variar de acordo com ocupação, idade, relutância ou aceitação às mudanças e outros mais. Segundo PIDGEON (1998) a existência de muitas culturas de SMS em uma só organização sugere a ausência de uma só cultura coerente de SMS. Por conseguinte, é questionável a adoção da mudança de cultura nas organizações deve levar em conta as essas subculturas em vigor, como elas interagem entre elas e como elas podem interagir com a nova cultura a ser implantada. Em entrevistas realizadas com trabalhadores da área offshore Collinson (1999) concluiu que os trabalhadores criticaram as tentativas das empresas de vincular a segurança com as avaliações de desempenho, o que, em última análise, afetava os pagamentos. Foram relatadas situações de trabalhadores penalizados pelos gerentes e supervisores por haverem sofrido acidentes. Essa vinculação da segurança com a avaliação de desempenho transformou-se na ‘cultura de culpa’ fazendo com que os trabalhadores ficassem relutantes em relatar os acidentes, lesões ou falhas cometidas por terceiros. Essas avaliações foram feitas em empresas com cultura de segurança positiva e abrangente, com registros positivos, vários prêmios e realizações em SMS. Os gerentes confiavam que 99,9% dos acidentes e quase-acidentes haviam sido relatados. As entrevistas todavia revelaram que isso não acontecia, com cerca de 50 % dos entrevistados admitindo haverem escondido ou deixado de relatar os acidentes e quase acidentes para salvaguardar sua avaliação. 2.5. Fatores relativos ao ambiente das obras Conforme Lima Jr., Dias e Valcárcel, em trabalho: Segurança e saúde no trabalho da construção: experiência brasileira e panorama internacional, editado pela OIT - Secretaria Internacional do Trabalho, 2005, 72 p, Brasília, (Série Documentos de Trabajo; 200), a construção é um dos setores de atividade econômica que mais absorve acidentes de trabalho e onde o risco de acidentes é maior. De acordo com as estimativas da OIT, dos aproximadamente 355 mil acidentes mortais que acontecem anualmente no mundo, pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção. O tema da segurança e saúde na construção é relevante não só por se tratar de uma atividade perigosa, mas também, e sobretudo, porque a prevenção de acidentes de trabalho nas obras exige enfoque específico, tanto pela natureza particular do trabalho de construção como pelo 25 de 34 caráter temporário dos centros de trabalho (obras) do setor. Essa circunstância ganhou destaque com a adoção pela OIT, em 1988, da Convenção 167 sobre segurança e saúde na construção. Numa visão macrossetorial, a indústria da construção pode ser classificada em três setores distintos: construção pesada, montagem industrial e edificações. A construção pesada compreende as seguintes categorias: obras viárias, obras hidráulicas, obras de urbanização e obras diversas. Podemos considerar que as principais atividades desse setor compreendem, sobretudo, a construção de pontes, viadutos, contenção de encostas, túneis, captação, adução, tratamento e distribuição de água, redes coletoras de esgoto, emissários, barragens hidrelétricas, dutos e obras de tecnologia especial como usinas atômicas, fundações especiais, perfurações de poços de petróleo e gás. O setor de montagem industrial compreende a categoria de obras de sistemas industriais. Resumidamente, temos: montagens de estruturas mecânicas, elétricas, eletromecânicas, hidromecânicas, montagem de sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, montagem de sistemas de telecomunicações, montagem de estruturas metálicas, montagem de sistema de exploração de recursos naturais e obras subaquáticas. As edificações, objeto principal do nosso trabalho, compreendem a construção de edifícios residenciais, comerciais, de serviços e institucionais, construção de edificações modulares verticais e horizontais e edificações industriais. As empresas que se autoclassificam nessa área podem ainda exercer trabalhos complementares e auxiliares, reformas e demolições. Além desses três setores, pode-se dizer que há outro setor de serviços especiais e/ou auxiliares que engloba atividades bastante diferenciadas, dentre as quais se destacam, além de projetos, consultorias diversas em qualidade, meio ambiente, segurança do trabalho, entre outras. O segmento da construção é determinante para o desenvolvimento sustentado da economia brasileira. No ano de 2000, o setor foi responsável por 15,6% do PIB nacional e empregou 3,63 milhões de pessoas. A dimensão territorial do Brasil e o tamanho da sua população determinam alto potencial de crescimento, principalmente, no ramo das edificações. A cadeia produtiva possuía, em 1998, 204.855 empresas distribuídas da seguinte forma: a) 115.939 em edificações; b) 10.811 em construção pesada; c) 1.660 em montagem industrial; d) 76.445 em empreiteiros e locadores de mão-de-obra. 26 de 34 Não estão incluídas as empresas de materiais de construção. Quanto ao número de empregos, temos a seguinte distribuição: a) diretos : 3,63 milhões; b) indiretos : 2,17 milhões; c) induzidos : 7,83 milhões; d) total : 13,63 milhões. Verifica-se, assim, que cada 100 empregos diretos geram 275 (indiretos e induzidos). Com relação ao perfil da mão-de-obra do setor da construção civil, gostaríamos de destacar o trabalho desenvolvido pelo SESI - Departamento Nacional, denominado "Projeto SESI na Construção Civil" - composto de dois subprojetos - Diagnóstico da Mão-de-obra do Setor da Construção Civil e Operação de Serviços em Canteiros de Obra no Distrito Federal que teve como objetivo geral compreender as características e a dinâmica de trabalho no setor, identificando estratégias e mecanismos de intervenção por parte do SESI. Os principais resultados desse Projeto são os seguintes: 1) Baixa qualificação: • 72% dos trabalhadores pesquisados nunca freqüentaram cursos e treinamentos. • 80% possuem apenas o 1º grau incompleto e 20% são completamente analfabetos. 2) Elevada rotatividade no setor: • 56,5% têm menos de um ano na empresa e 47% estão no setor há menos de cinco anos. 3) Baixos salários: • 50% dos trabalhadores ganham menos de dois salários mínimos (SM). • Média salarial: 2,8 SM. • É um dos setores industriais que paga os mais baixos salários. 4) Altas carências sociais: Educação: • Alto índice de absenteísmo causado, sobretudo, por problemas de saúde (52% faltaram ao trabalho no mês anterior à pesquisa). • Absenteísmo: um entre cinco trabalhadores. • 14,6% dos trabalhadores sofreram algum tipo de acidente de trabalho no ano anterior à coleta dos dados, o que significa um universo de aproximadamente 148 mil pessoas ou 21,3% do total de trabalhadores acidentados no Brasil. Alcoolismo: • ingerem bebida alcoólica: 54,3%, • abusam: 15%, 27 de 34 • dependente: 4,4%. Foto divulgada pela internet com um trabalhador sobre uma escada apoiada em uma tábua rachada, precariamente em um andaime sem estar preso à parede, executando uma atividade a mais de 15 metros de altura. A fotografia anterior foi amplamente divulgada pela internet entre os aficionados pela área de SMS, apresentando uma situação insólita de um trabalhador em uma condição precaríssima de segurança na fachada de um prédio. Não foi um fato isolado, já que inúmeras são as fotos divulgadas apresentando variações sobre o mesmo tema, refletindo com isso que ou as nossas estatísticas não estão corretas, dando a impressão de haver sub-notificações, ou Deus efetivamente é brasileiro e, além disso, protege as criancinhas, os bêbados e os imprevidentes trabalhadores, que por um valor baixo de remuneração expõem desnecessariamente suas vidas, diariamente, e com uma certa dose de orgulho dizem aos colegas que são capazes de realizar os serviços antes recusados por muitos. Dizer que não há uma percepção de riscos talvez não seria adequado. Dizer que o saber operário assegura ao mesmo a tranqüilidade da execução dessa atividade, talvez fosse leviano. Mas então, dizer o que? E o que dizer de quem contrata um serviço desse e não o fiscaliza? E o que dizer de quem libera a execução de atividades desse porte, que não atendem a nenhum dos critérios estabelecidos nas normas regulamentadoras que definem os parâmetros de segurança, mínimos, diga-se de passagem? Talvez o melhor seja torcer para que o trabalho acabe o mais rápido possível, que ninguém se de conta da existência dele e que não haja nenhum tipo de acidente, não é? Graças a essas mensagens tiradas muitas vezes por um celular consegue-se ter a certeza de que ainda há um longo caminho a ser percorrido para chegar-se à excelência de ações em SMS! CONCLUSÕES 28 de 34 Associar-se o meio ambiente do trabalho ao homem, a fim de que haja a harmonia nos ambientes do trabalho é uma atividade hercúlea por uma série de razões. Inicialmente não existe ainda uma real compreensão do conceito do meio ambiente do trabalho. Muitos se esquecem que esse meio ambiente transcende aos limites impostos às obras. Em segundo lugar, há a questão da participação dos homens nos acidentes. De acordo com os estudos apresentados o percentual desse envolvimento chega a 96%. Isso de certa maneira é bom e por outro lado ruim. O lado bom é o de que os ambientes de trabalho parecem estar mais seguros do que no passado. Quanto ao aspecto humano, ainda há muito a se estudar, pois o ser humano é uma verdadeira caixa de surpresas, quanto ao seu aspecto comportamental. As mudanças de comportamento muitas vezes ocorrem quase que de imediato, fruto de um acúmulo de problemas. Quantas e quantas vezes deparam-se com questões onde a frase comum é: (...) foi a gota que faltava para que o copo transbordasse. (...) Existem hoje vários estudos envolvendo essas questões. Muitas empresas trabalham com ginásticas laborais ou posturais. Os comentários de Motta (2005) são muito interessantes a esse respeito: (...) Não é preciso grandes ameaças para fazer a pessoa ansiosa: bastam as pressões do dia-a-dia e a imaginação excessiva sobre um problema real, mesmo os menores e repetitivos. Os que se envolvem com a decisão administrativa lidam com mais incerteza e risco, não só por causa do desconhecimento humano sobre o futuro, mas também pela interdependência e desequilíbrio constante entre os diversos fatores políticos, econômicos, de produção e de mercado. Ainda relativando-se sobre a mesma temática SOUSA (1997, 118), comenta (...) "os trabalhadores, acostumados a conviver com a precariedade das condições de trabalho, desenvolvem o senso comum de que estas condições são normais, próprias do trabalho em obra, que 'o cabra que precisa tem que enfrentar sem medo' e transmitem esse conceito aos companheiros nas várias obras em que atuam”. (...) SALDANHA (1997), por exemplo, afirma em seu trabalho que existem situações onde foi encontrada a "negação do risco" (definição de Dejours para estratégias defensivas). Percebe-se pelos artigos apresentados que há uma grande preocupação com a compreensão do comportamento humano. Caso essa missão não seja bem sucedida as chances de se reverter o quadro de ocorrências de acidentes será menor, pois, como já foi dito, 96% desses têm, de uma forma ou de outra o envolvimento humano. Ainda existem empresas sem a necessária cultura de SMS, trabalhadores sem orientação, medidas descoordenadas de incentivo à produção que terminam por fragilizar os processos de prevenção de riscos, chefias não participativas no processo de gestão de riscos, ferramentas e 29 de 34 equipamentos inadequados, falta de treinamento, passando aos trabalhadores a imagem de que as questões relativas à prevenção talvez não sejam tão importantes assim. Para muitas, o orgulho empresarial é o de cumprir as metas a qualquer custo. Nesses casos, o planejamento sério talvez seja um elemento que irá emperrar o processo de execução das atividades. Um questionamento deve ser feito à respeito da resistência de mudanças observada nos trabalhadores. Será que é possível quebrar-se essa resistência às mudanças? Os artigos pesquisados não possibilitam obter essa resposta. Mas, se o bom senso pode ser empregado como se acredita, a resposta é sim. A forma talvez não passe pelo aumento da pressão sobre o trabalhador, pois se essa maneira desses resultados rápidos, os pais conseguiriam a imediata obediência dos filhos mais rebeldes, bastando para isso exercerem uma maior pressão. Entende-se que a mudança ocorre através do aumento da cultura da empresa, do exemplo dado, da mudança de paradigmas, de deixarse de lado a busca pelo culpado, ou a teoria da culpa como dizem outros. Essa teoria deve ser posta, não no singular, mas sim no plural, pois se há falhas, essas se devem tanto a quem cometeu o desvio, que redundou em um acidente, como também pela empresa que não soube repassar a mensagem mais adequada e não supervisionou convenientemente. As medidas de prevenção devem iniciar-se direcionando o foco para a empresa, seguindo-se para os processos e por fim, para os trabalhadores. Quando inverte-se essa ótica passa a não se compreender as razões das resistências identificadas ao processo de gestão. Deve estar claro que muitas vezes a resistência não é quanto ao processo e sim quanto à forma. O trabalhador dificilmente irá querer mutilar-se intencionalmente ou provocar uma lesão a um companheiro de trabalho. As atividades devem ser vistas como um processo, onde as questões de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional são enxergadas como parte da execução das atividades. Nessa linha, as ações de SMS devem permear todas as atividades e estar incorporadas a elas e não vistas como “um apêndice” do processo de gestão. No momento em que o trabalhador perceber que não há comprometimentos estanques em sua atividade para com a produção, organização e limpeza, SMS, qualidade e outras, e sim, tudo integrado naquilo que está sendo feito com a responsabilidade recaindo sobre o próprio trabalhador, perceberá as significativas mudanças. Em muitas empresas, a título de exemplo, para a realização de uma solda de 10 centímetros em uma tubulação industrial, na qual passava um produto, mesmo que seja essa uma atividade bem simples terá uma equipe constituída por: lixador, soldador, inspetor, encarregado do serviço, profissional de SMS, ajudante de pintura, pintor ou revestidor, inspetor de pintura. Depois do serviço concluído comparecerá ao local o encarregado da área, que após uma avaliação visual 30 de 34 liberará os serviços e o responsável pela área da qualidade. Isso tudo para uma solda de 10 centímetros em uma tubulação industrial. Apesar de toda essa equipe ainda ocorrem acidentes. Não estará esse modelo ultrapassado? Essa é uma questão que deve ser reavaliada. Em muitos países que tem capacitação para a fabricação e montagem de obras industriais, o mesmo profissional que prepara a superfície é o que solda e o que verifica as questões de SMS. Nesses, o trabalho não é tão compartilhado assim e nem por isso apresentam indicadores de SMS piores dos que daqui. Por outro lado, será que esse aumento de responsabilidades não pode gerar estresses desnecessários? Segundo Araujo (2008), Os aspectos considerados para o entendimento da dificuldade na implementação e evolução do nível de maturidade dos sistemas de gestão são: a) O acidente é resultado da materialização de falhas latentes e desvios organizacionais, normalmente resultado de uma gestão inadequada, resultante do baixo nível de valores de SMS agregado ao negócio da organização; b) As incertezas do processo estão relacionadas ao fato de que as falhas envolvendo equipamentos e pessoas devem ocorrer. As pessoas possuem limitações e os equipamentos também; c) Em geral, as pessoas possuem dificuldades de antecipar-se aos problemas, à organização, planejamento e implementação das medidas de prevenção; d) No mundo tecnológico não se conhece tudo que se faz e não se controla tudo que se executa. Não existe risco calculado e sim risco aceitável, baseado nas limitações dos requisitos técnicos, legais e humanos; e) O acidente começa no pensamento, na tomada de decisão equivocada sobre o caminho tecnológico ou a forma de realizar as atividades laborais. Em todos os níveis da organização as pessoas tomam decisões, por isso, a qualificação do indivíduo e a padronização das tarefas através da elaboração dos procedimentos irão minimizar a possibilidade de insucesso. A difícil questão para o grupo gestor é saber qual o nível de desejado maturidade do sistema de gestão de SMS, daí a razão de empregar indicadores para que a alta administração possa avaliar se os recursos disponibilizados (insumos) estão sendo utilizados de forma adequada (eficiência), e assim alcançar os resultados desejados (eficácia). Essa mensuração das medidas cabíveis é um fator complexo que depende da cultura da empresa, características dos contratos, se de curta ou longa duração, tipo de serviços executados, níveis de conhecimento exigidos dos profissionais e outros fatores mais. Todavia, a “cumplicidade do trabalhador” aqui realçada sob o aspecto positivo, é muito importante para o sucesso dos programas de reconhecimento e premiação. 31 de 34 Percebe-se que as fiscalizações de SMS quase sempre se voltam para as pessoas e não para os processos. Rompido esse paradigma, o próximo passo é o de entender-se como as pessoas percebem os riscos. Pode parecer redundante perceber-se o que os outros percebem, mas essa é a principal questão. Se a mensagem é repassada mas não é compreendida, pode-se solucionar a questão. Talvez revendo o programa de treinamento ou substituindo o instrutor. Mas se a questão é repassada, compreendida, mas não é seguida as ações já devem ser diferentes. Em todos os treinamentos e mensagens repassadas deve-se criar a cumplicidade, entre o executante e o fiscal, para ficar-se apenas nos níveis opostos do processo. Através dessa pode se ter a certeza de que já há um ambiente favorável para a compreensão e a adesão à mensagem. BIBLIOGRAFIA ALEVATO, H.. Avaliação dos estressores do ambiente de trabalho e seu potencial de riscos à saúde. Trabalho apresentado no VII Congresso de Stress da ISMA-BR e IX Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho, 2007 – notas de aula do curso de doutorado em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói/RJ. 2009. ARAUJO, G. M. 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