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Gil-Pérez, Daniel
Formação de Professores de Ciências: tendências e inovações/Daniel
Gil-Pérez, Ana Maria Pessoa de Carvalho; revisão técnica da autora:
[tradução Sandra Valenzuela]. - 3.ed. - São Paulo Cortez, 1998. (coleções
de nossa época; v 26).
Resenha Crítica
Professoras e professores de Ciências têm toda uma série de idéias,
comportamentos e atitudes em torno dos problemas de ensino – aprendizagem
que podem constituir obstáculos para uma atividade docente inovadora, na
medida em que se trata de concepções espontâneas, aceitas acriticamente
como parte de uma docência de "senso comum". Mas temos visto também
exemplos como uma "reflexão descondicionada", isto é, um trabalho coletivo
com um mínimo de profundidade em torno dos problemas colocados, conduz a
análises de propostas coincidentes em grande medida com os resultados de
toda a pesquisa educativa. O esforço para considerar essas concepções
espontâneas como hipóteses de trabalho e não como evidências
inquestionáveis permitem um tratamento dos problemas abertos a novas
perspectivas, revelando a necessidade de relacionar os estudos específicos
com o corpo de conhecimentos elaborado pela comunidade científica no campo
da Didática das Ciências e, por último, transformando a atividade docente
em trabalho criativo de pesquisa e inovação. Os professores de Ciências
deverão saber fazer uma proposta baseada, de um lado na idéia de
aprendizagem como construção de conhecimentos com as características de uma
pesquisa científica e, de outro, na necessidade de transformar o pensamento
espontâneo do professor. É preciso dar a formação docente dos professores
uma orientação teórica que vá além do conhecimento de recursos e "estilo de
ensino" ou da aquisição de habilidades específicas. A didática da Ciências
constitui um corpo de conhecimentos que tem as mesmas exigências de
coerência que qualquer outro domínio científico. Quando se pergunta ao
professor em exercício quais podem ser as causas do fracasso generalizado
na resolução de problemas de Física, raramente se aponta razões que acusem
a própria didática empregada. Os problemas em vez de serem uma oportunidade
privilegiada para construir e aprofundar os conhecimentos transformam-se em
reforço de erros conceituais e metodológicos. O interesse por saber
programar atividades de aprendizagem manifesta-se como uma das necessidades
formativas básicas dos professores, através de estratégias de ensino que
possibilitem uma aprendizagem como pesquisa dirigida. O treinamento de
professores para a construção de programas de atividades supõe, sem dúvida
uma das tarefas mais complexas em sua formação. Atividade de uma professora
ou de um professor vai muito além do ato de ministrar aulas, trata-se de
que o professor saiba agir como orientador das equipes de "pesquisadores
iniciantes", criando um ambiente de trabalho adequado e transmitindo-lhes
seu próprio interesse pela tarefa e pelo progresso de cada aluno, e que a
avaliação seja um dos aspectos do processo ensino-aprendizagem, em que mais
se faça necessário uma mudança didática, isso é, um trabalho de formação
dos professores que questionem "o que sempre se fez" e favoreçam uma
reflexão crítica de idéias e comportamentos docentes de senso comum muito
persistente. A preparação docente deverá estar associada a uma tarefa de
pesquisa e inovação permanente, o que não acontece com freqüência entre os
professores de ciência, principalmente no ensino fundamental e no ensino
médio. O autor fala da formação dos professores de ciência de ensino
fundamental e do ensino médio que realiza-se majoritariamente em
instituições não-universitárias, fazendo com que o ensino de ciência seja
de má qualidade. Analisando todo o texto "FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE
CIÊNCIAS" concordamos com tudo que o autor relator pois convivemos com
essa realidade nas escolas em que trabalhamos. Luiz de França Sobrinho.
Indicado para Avaliação Educacional.