Transcript
Fluxo Escuro pode ser a prova da existência de outro universo
Redação do Site Inovação Tecnológica
26/01/2009
[Imagem: NASA/WMAP/A. Kashlinsky et al.]
Universo observável
Cientistas acreditam ter encontrado as provas da existência de outro
universo. E, para formar uma trindade com a Matéria Escura e com a Energia
Escura, ambas responsáveis por mais de 95% do nosso universo, os astrônomos
batizaram essa nova evidência de Fluxo Escuro.
Por mais poderosos que sejam os telescópios, os já construídos, os que
estão em construção, ou mesmo aqueles que estão apenas nos mais delirantes
sonhos dos astrônomos, há uma espécie de "muro" na borda do nosso universo,
além do qual nada se pode enxergar ou detectar.
Não se trata de uma barreira física, mas de uma distância: além de 45
bilhões de anos-luz de distância, a luz não teve tempo de chegar até nós e
poderemos nunca saber o que existe além. Apesar de se calcular que nosso
universo tenha uma idade de 13,7 bilhões de anos, ele está em expansão -
levando essa expansão em conta, os astrônomos calculam que a última
fronteira observável do nosso universo está agora a aproximadamente 45
bilhões de anos-luz de distância.
Aglomerados de galáxias
A única esperança que resta para descobrirmos algo sobre essa região
inalcançável estaria em encontrarmos algum "buraco" nesse muro, alguma
interferência causada no universo observável por aquilo que está além dele.
É isto o que quatro cosmologistas, coordenados pelo professor Alexander
Kashlinsky, da NASA, acreditam ter encontrado.
Utilizando dados coletados pelo observatório WMAP (Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe), os cientistas detectaram aglomerados de galáxias movendo-
se a até 1.000 quilômetros por segundo, algo totalmente incompatível com
todas as atuais teorias.
Fluxo Escuro
Mais impressionante do que tamanha velocidade, todos os aglomerados
galácticos observados pelos cientistas - quase 800 - parecem estar se
dirigindo para um único ponto no céu, localizado entre as constelações de
Sagitário e Vela. O movimento em direção a esse ponto foi chamado de Fluxo
Escuro, um fluxo de matéria ainda sem causa ou explicação conhecidas.
Na imagem, esses aglomerados estão representados pelos pontos brancos,
registrados sobre a radiação cósmica de fundo, uma radiação na faixa das
micro-ondas que inundou o Universo 400.000 anos depois do Big Bang. Todos
parecem estar se dirigindo para o ponto roxo mostrado na figura (veja
também O que existia antes do Big Bang?).
Kashlinsky e seus colegas defendem que essas evidências são as primeiras
informações que indicam a existência de algo além do nosso universo,
reforçando a chamada "teoria os multiversos", que estabelece que o nosso
universo é apenas um dentre inumeráveis que existem.
Outros universos ou novas teorias
Mesmo os cosmologistas que não concordam com a conclusão afirmam que o
achado é impressionante, e que ele será responsável, no mínimo, por alterar
quase tudo o que se acreditava correto até hoje nas teorias sobre a
estrutura e a formação do nosso universo.
Segundo os cientistas, a Matéria Escura não poderia ser responsável pelo
Fluxo Escuro porque ela não produz gravidade suficiente para isso. E
tampouco a Energia Escura poderia ser a causa, porque ela está espalhada de
maneira uniforme ao longo do universo, não podendo ser capaz de carrear
tamanha quantidade de matéria numa única direção.
Daí vem a conclusão lógica: somente alguma coisa além do nosso horizonte
cósmico pode ser responsável por gerar o Fluxo Escuro. E, se todas as
teorias atuais a respeito da formação do nosso universo estão corretas,
algo que está além dele somente poderia ser outro universo.
"Bibliografia: "
"A measurement of large-scale peculiar velocities of clusters of "
"galaxies: results and cosmological implications. "
"NASA "
"Astrophysical Journal Letters "
"Vol.: 686:L49-L52 "