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Flotação - Clarificação
Introdução:
Desde que Williamson criou o sistema que combinava fosfatação e
flotação em 1919, chamado "Fosflotação" por Saranin, alguns avanços
aconteceram e novos processos de flotação - clarificação foram
desenvolvidos pela indústria açucareira. Estes processos melhoraram a
qualidade do açúcar produzido e em alguns casos aumentaram a capacidade da
fábrica. Um importante avanço foi a aplicação intensiva de floculante
poliacrilamida que mostrou se altamente eficiente, incrementando a
velocidade de flotação e a estabilidade dos processos de separação. Também
obtiveram-se melhoras significativas mediante a utilização do surfactante
catiônico especial chamado "Talofloc" ou cloreto de dioctadecyl dimethil
amônio, o qual se combina com os corantes de cargas negativas (a maioria
dos corantes) e com outras impurezas aniônicas, precipitando logo todos
juntos.
Por estes motivos a eficiência na remoção dos corantes e na
clarificação aumentou a níveis elevados. Porém estes insumos químicos ainda
são de alto custo para algumas fábricas, especialmente quando o preço
internacional do açúcar esta baixo.
Na China a maioria das fábricas de açúcar produzem açúcar branco
(white sugar) usando processos de dupla carbonatação ou dupla sulfitação.
Após a safra algumas delas tornam-se refinarias e produzem açúcar
branco (white sugar) a partir de açúcar demerara.
Desde os anos 70, o autor e seus colegas fizeram pesquisas intensas
dos processos de flotação - clarificação e fosflotação.
Baseados nestas pesquisas, um novo sistema de elevada eficiência e
baixo custo foi desenvolvido e posto em prática em várias fábricas da
província de Guangdong, na China.
Este processo permite combinar fosflotação com carbonatação ou com
sulfitação removendo todos os precipitados do licor por flotação.
Comparando-o com o sistema de fosflotação simples que remove perto de
30 % da cor, este novo sistema remove de 50 a 70 %, dependendo das
combinações adotadas e das condições de trabalho do processo, as quais tem
flexibilidade suficiente para serem modificadas em função da qualidade do
açúcar demerara processado e os níveis de eficiência da clarificação
desejados.
Há um problema específico neste novo sistema devido ao fato de que os
precipitados de CaSO3 e CaCO3 que são mais pesados e difíceis de flotar
que os precipitados de fosfato, e como a quantidade destes precipitados é
muito maior que a formada no processo de fosfatação, fica bastante difícil
fazer uma rápida e firme flotação do precipitado formado.
Para resolver este problema, foram projetados pelo autor alguns novos
equipamentos para aeramento do licor que permitem obter melhor floculação e
flotação.
Com estes equipamentos consegue-se resultados satisfatórios e um
processo capaz de ser operado sem problemas.
No começo da utilização do processo de fosflotação para clarificação
de caldas de açúcar demerara, nossas fábricas não utilizavam SO2 .
Porém foi provado na prática que a qualidade do açúcar produzido pode
ser melhorada pela adição de pequenas quantias de SO2 dentro da calda
(licor) clarificada após fosflotação e o efeito é até maior quando o SO2 é
adicionado antes da fosflotação.
No caso do último método, o CaSO3 precipitado na calda pode ser
removido junto ao fosfato de cálcio por flotação, e ambos funcionam como
descolorantes: SO2 (Desco-loração baseada principalmente em reações
químicas) e CaSO3 ( Descoloração baseada principalmente na adsorção).
Com este método pode se obter uma alta descolorizacão da ordem de 50
a 65 %, dependendo do nível de SO2 adicionado.
O fluxograma deste processo combinado é mostrado a seguir:
Fluxograma 1
As principais condições de operação são as seguintes:
Calda ( Licor) 61 a 63º Bx, 60 a 65º C
pH do pré-caleado 8,2 a 8,8
Dosagem de SO2 0,4 a 1,4 g/l
Dosagem a ácido fosfórico 300 a 500 ppm nos sólidos
açucarados
Temperatura de aquecimento 75 a 80º C
Dosagem de floculante 10 a 15 ppm sobre sólidos
pH da calda ( Licor clarificado) 6,6 a 6,8
A eficiência de remoção da cor por este processo é incrementada em
função da quantidade de SO2 dosado, permitindo ajustar a dosagem segundo a
cor desejada.
Quando o açúcar dissolvido é de boa qualidade, por exemplo, com cor
menor que 4.000 M.A.U, a adição de 0,4 s 0,8 g/l de SO2 é suficiente para
produzir açúcar branco cristal de qualidade aceitável (90 a 120 M.A.U). Se
aumentar a dosagem para 1,0 ou 1,4 g/l de SO2 pode-se obter açúcar com
valores inferiores a 80 até 60 M.A.U.
Por outro lado se o açúcar a ser processado for de baixa qualidade
com valores de cor acima de 8000 M.A.U, podem ocorrer muitos problemas no
processo de refinação, então um nível elevado de sulfitação será necessário
para que o processo corra normalmente.
Por exemplo, em 1987 a fábrica de açúcar MEI - SAN, localizada na
província de Guangdong (Com uma capacidade de moagem de 6.000 TCD) recebeu
açúcar demerara importado de cor marrom escuro. Durante um período de 2
meses de refinação manteve-se o nível de SO2 de 1,2 a 1,4 g/l, obtendo-se
açúcar cristal normalmente.
Alguns dados de cor atingidos neste período foram os seguintes:
Açúcar Demerara 7200 a 8500 M.A.U
Calda ( Licor ) fundida 2200 a 3200 M.A.U
Calda Clarificada 900 a 1300 M.A.U
Descoloração 56 a 63 %
Açúcar branco (white sugar) 100 a 120 M.A.U
Durante a safra o processo de fosflotação é usado também para
clarificação de xarope combinado com a clarificação do caldo onde 1,2 a 1,4
g/l de SO2 são adicionados. Ainda foi verificado que quando o xarope
clarificado absorve uma pequena quantidade de SO2 (perto de 0,2 g/l) o
efeito é ainda melhor. Por este processo foram atingidos os seguintes
índices de qualidade na Usina ZHONG - SAN
Pol 99,8
Açúcares Redutores 0,016 %
Umidade 0,036 %
Cinzas 0,022 %
Cor 64 M.A.U
Material Insolúvel 10,2 mg/Kg
SO2 Residual 7,5 mg/Kg
Além do mais o açúcar obtido mantém seus parâmetros de qualidade com
o tempo. Algumas amostras feitas em 1983 foram estocadas em frascos brancos
de vidro sem tampas hermeticamente fechados que impedissem a entrada de
ar. Cinco anos depois, embora as amostras tenham absorvido umidade do ar e
tenham-se tornado úmidas e meladas, não houve amarelamento ou escurecimento
do açúcar. Neste processo a sulfitação do caldo e do xarope são
necessárias.
De acordo com nossa experiência, após um longo período de tempo, cada
um dos processos, sulfitação e fosfatação, tem sua própria função na
remoção dos corantes e das impurezas.
Eles se complementam, porém nenhum deles pode substituir totalmente o
outro. Isto aplica-se tanto a clarificação do caldo, como a clarificação de
xarope.
A efetividade da fosfatação foi estudada detalhadamente por muitos
pesquisadores. É aceita comumente na indústria açucareira. Porém no
referente a sulfitação existem diferentes pontos de vista: Em 1984 baseado
numa série de pesquisas SHORE diz: " O SO2 é inibidor das reações
formadoras de cor que acontecem durante a estocagem do açúcar, assim também
como durante os estágios do processo produtivo" e " O principal papel do
SO2 utilizado na industria açucareira é inibir as reações não enzimáticas
de amarelamento" (browning reactions). Também disse " O SO2 inibe a
formação de cor devido as reações enzimáticas". Estas conclusões também são
confirmadas pela nossa experiência.
Vale a pena mencionar o fato de que na maioria das usinas da
província de Guangdong a sulfitação do caldo e do xarope são empregadas
utilizando-se reatores tubulares que trabalham sob regime de ligeiro vácuo
proporcionado pela injeção do caldo e/ou xarope. Este equipamento é de
construção simples e atinge uma elevada eficiência de absorção, superior a
92 %, durante um período de retenção curto, de poucos minutos.
Combinação de Fosflotação e Carbonatação
O processo de carbonatação é bem conhecido por ser mais eficiente que
a sulfitação na remoção de corantes e outras impurezas. De qualquer maneira
requer altos investimentos e gera grandes quantidades de lodo residual
alcalino. O despejo destes efluentes começa a aumentar os problemas de
poluição.
Usar as vantagens da carbonatação evitando seus pontos negativos, é
um logro do novo sistema que opera com baixos níveis de carbonatação e
fosflotação. Foi desenvolvido em Guangdong e posto em marcha com resultados
satisfatórios.
Este processo engloba dois passos, de tratamento e flotação como
observamos a seguir :
Fluxograma Nº 2
As condições operacionais principais são:
1 - Calda Fundida 61 a 63º Bx / 60 a 65º C
2- Caleagem 0,4 a 0,5 % CaO
3- pH final de saturação 8,0 a 8,5
4- Temperatura de Aquecimento 78 a 82º C
5- Dosagem de floculante (Primário) 20 ppm sobre
sólidos
6- Dosagem de floculante (Secundário) 10 ppm sobre sólidos
7- Dosagem de Ácido Fosfórico 200 ppm de P2O5 sobre
sólidos
8- Nível de Sulfitação 0,2 / 0,4 g SO2 /
l
9- pH final da calda 6,6 a 6,8
Por este processo é possível obter elevados níveis de eficiência na
remoção da cor. Alguns resultados práticos obtidos são os seguintes:
Licor inicial (Calda Fundida) 3200 a 3800 M.A.U
Licor Clarificado 1000 a 1200 M.A.U
% remoção de cor 66 a 70 %
Cor do açúcar (white sugar) 60 a 80 M.A.U
Embora o açúcar demerara tenha cor muito escura, este processo obtém
açúcar de baixa coloração e aparência brilhante. Neste processo a
quantidade de cal adicionada é reduzida consideravelmente e portanto o lodo
produzido é muito menor que o produzido no processo tradicional de
carbonatação. Como o lodo contém fosfatos e apresenta ligeira alcalinidade,
pode ser utilizado como fertilizante para solos ácidos, minimizando os
problemas de contaminação ambiental.
O CO2 empregado neste sistema tanto pode ser obtido da fermentação
alcoólica como também dos gases de combustão, porém o primeiro é muito
melhor para esta aplicação. Quando o gás de fermentação é usado o
equipamento deste sistema pode ser consideravelmente simplificado devido ao
fato de que este gás é quase CO2 puro. O reator tubular projetado pelo
autor apresentou excelente performance e alta eficiência de absorção.
O gás entra no reator misturando-se ao licor por poucos segundos,
durante os quais perto de 70 % do CO2 é absorvido. Logo a mistura entra num
pequeno tanque onde o CO2 continua sendo absorvido até atingir
aproximadamente 90 % de absorção em 10 minutos.
Este processo é de fácil controle, o equipamento e a bomba de gás são
de pequeno porte e muito simples e o consumo de energia é baixo.
O benefício máximo pode ser obtido por fábricas anexas a destilarias
de álcool.
Os investimentos são muito mais baixos do que nos processos
tradicionais de carbonatação. Por outro lado se for usado gás de combustão
como fonte de CO2, o saturador, o equipamento de lavagem e a bomba de gás
são muito mais complicados e consomem muito mais energia que quando se
utiliza o gás da fermentação.
O CaCO3 formado no licor atinge uma concentração aproximada de 10
g/l, e forma um precipitado de partículas pesadas de difícil flotação. É
muito importante resolver este problema.
Com relação a este problema algumas medidas foram aplicadas na
aeração e na floculação e serão descritas logo.
Este sistema compreende duas etapas de flotação, e a primeira etapa
necessita mais floculante e bolhas de ar para flotar maior quantidade de
precipitado.
Para atender as duas etapas de tratamento foi projetado um novo
clarificador do tipo raso (Baixa altura) de dupla camada. O tempo de
retenção de cada camada é de 14 a 18 minutos, dependendo da quantia de
licor a ser tratada.
Usualmente uma floculação completa e de boa qualidade pode ser obtida
em ambos passos do processo. Quando tudo corre normalmente sobre condições
normais, ambos os clarificados são transparentes. Porém se as condições de
trabalho da carbonatação são instáveis ou não adequadas, o primeiro estágio
de clarificação piora e o caldo clarificado primário torna-se turvo.
De qualquer modo o resíduo suspenso pode ser removido na flotação
secundária, que trabalha em condições mais favoráveis, com menor
quantidade de precipitados constituídos principalmente por fosfato de
cálcio, mais fácil para flocular e flotar. Desta maneira o produto final é
claro e brilhante.
Aparentemente este processo pode ainda ser mais simplificado até um
passo só de flotação, pela pré-aplicação de ácido fosfórico, controlando o
pH ao redor de 8 e operando com o sistema automatizado para manter
temperatura, pH e dosagem de produtos químicos sempre disponíveis e
estáveis.
Concluindo, este sistema pode ser mais econômico e benéfico que os
outros sistemas atualmente em uso.
Este artigo foi extraído do Int. Sugar Journal
Vol. 91. Nº 1088 de 1989
O Mecanismo Principal da Aeração e Flotação
O processo moderno de flotação é uma tecnologia de elevada eficiência
para separação de partículas sólidas contidas dentro de um líquido pela
adição de bolhas de ar e floculantes. Comparado aos métodos tradicionais de
sedimentação, os quais são ainda largamente utilizados na indústria
açucareira e outras áreas, a flotação apresenta velocidades muito maiores
de separação com equipamentos de volumes menores. A maioria das partículas
sólidas dos caldos de cana sedimentam a baixa velocidade , por este motivo
as usinas tem instalados decantadores que ocupam grandes volumes. Uma das
principais vantagens obtidas pela indústria açucareira com o incremento da
velocidade de separação, consiste na diminuição dos tempos de retenção e
consequentemente a redução das perdas por inversão.
A flotação funciona segundo o princípio da formação de aglomerados de
baixa densidade constituídos por partículas e bolhas que flutuam com maior
ou menor facilidade em função da densidade obtida.
Fica evidente então que o fator mais importante do processo consiste
em ligar firmemente todas as partículas sólidas as bolhas de ar . Esta
união depende de vários fatores físico-químicos e de parâmetros
hidrodinâmicos.
Pelas propriedades físico-químicas de suas superfícies, as partículas
sólidas podem ser classificadas como hidrofóbicas ou hidrófilas.
As partículas com superfícies de características hidrofóbicas repelem
a água e tem tendência para aderir-se as bolhas de ar e subir
espontaneamente com elas. Por outra parte as partículas com características
hidrofílicas, cujas superfícies tem afinidade pela água, não aderem
rapidamente as bolhas de ar e são mais problemáticas para flutuar.
Como assinalou Gochin: "Quase todos os sólidos naturais dos caldos e
as partículas inorgânicas precipitadas quimicamente possuem superfícies com
forte afinidade pela água, são hidrofílicas, e portanto não flutuam".
Isto também se aplica tanto ao xarope como as caldas açucaradas: A
maior parte do material insolúvel está constituída por coágulos de colóides
orgânicos hidrófilos e sais de cálcio dotados de superfícies tipicamente
hidrófilas.
A experiência mostra o quanto é difícil fazer estas partículas
flotarem.
Atentando para estas dificuldades e para a necessidade de compreender
os mecanismos da flotação, uma série de pesquisas e estudos foram
conduzidos pelo autor.
O primeiro passo consiste em descobrir as propriedades do fosfato de
cálcio, principal constituinte químico do processo de flotação.
Um teste foi realizado da seguinte maneira: Soluções de fosfato de
sódio e cloreto de cálcio foram diluídas convenientemente nas concentrações
de 300 ppm de P2O5 e 400 ppm de CaO. O fosfato de cálcio foi precipitado na
forma de muitas partículas minúsculas, e decantadas lentamente.
Seguidamente o líquido foi aerado pela adição de água previamente
gaseificada com ar. A água aerada foi dosada com ar comprimido a uma
pressão de 6 Kg/cm2 e mantida durante 3 minutos a esta pressão para
permitir a dissolução do ar na água.
Esta água gaseificada, ou água com ar dissolvido, libera uma grande
quantidade de bolhas microscópicas de ar ao ser despressurizada, devido ao
fato de que a solubilidade do ar na água diminui quando diminui a pressão.
Quando esta água com ar dissolvido foi misturada a solução contendo
partículas de fosfato como descrito no teste antes mencionado, não houve
aderência das partículas sólidas as bolhas, nem mesmo apesar de ter sido
liberada uma grande quantidade de bolhas microscópicas. Nenhuma das
partículas flotou e todas continuaram assentando gradualmente. Isto
demonstra que o precipitado de fosfato tem superfície hidrofílica.
Testes posteriores mostraram que, se alguns agentes surfactantes são
adicionados ao líquido, antes da aeração, as bolhas de ar se juntam as
partículas sólidas produzindo a flotação de ambas.
Isto se deve ao fato de que as moléculas adsorventes do surfactante
se dispõem sobre a superfície das partículas, pelo que as cadeias de hidro
carbonos do surfactante tornam as partículas hidrofóbicas. É impossível
utilizar este método na indústria açucareira.
O fosfato de cálcio tem uma característica que lhe permite flocular
espontaneamente formando partículas amorfas, porosas e cheias de cavidades
internas. Durante a formação destes flóculos, algumas outras partículas
tais como impurezas contidas no licor açucarado, ou xarope podem ser
retidas no interior destas cavidades.
Este é o motivo pelo qual o fosfato é eficiente na remoção de
material suspenso, inclusive partículas quimicamente inertes.
Simultaneamente o fosfato de cálcio precipitado pode ocluir (Penetração de
uma substância nos poros interiores de outra) bolhas de ar durante o
processo formando flóculos que possuem densidade mais baixa que o líquido.
Isto pode ser verificado num teste como o que foi descrito anteriormente,
porém mudando a seqüência das operações como explicamos a seguir:
Água contendo o ar dissolvido é adicionada continuamente e
simultaneamente com a solução de fosfato de sódio a uma outra solução
contendo cloreto de cálcio. O carbonato de cálcio vai precipitando e
formando flóculos, os quais contém ar ocluído no seu interior e na sua
superfície, o que pode ser visualizado claramente. As partículas flutuam e
sobem a diferentes velocidades em função do tamanho dos flóculos e da
quantidade de ar ocluído .
Este tipo de flotação está baseado na floculação das partículas
sólidas e possui características diferentes as das partículas hidrofóbicas.
Quando as bolhas de ar sobem no líquido, as bolhas maiores ascendem
com maior velocidade e as menores lentamente.
No processo de floculação - flotação somente as bolhas pequenas podem
penetrar nos flóculos contribuindo efetivamente ao processo. As bolhas
grandes não são aproveitadas e podem até ser prejudiciais.
Os fatores mais importantes que influenciam no sistema e determinam o
seu sucesso e eficiência na flotação - separação são os parâmetros das
bolhas e a formação dos flóculos.
Parâmetros das Bolhas
As bolhas de ar proporcionam a força necessária para sustentar a
flotação das partículas sólidas. O tamanho e a quantidade de bolhas tem
grande influência na estabilidade e velocidade de flotação. Uma análise
física - matemática básica deve ser feita a partir do qual algumas normas
fundamentais podem ser elaboradas.
A força F1 que leva um corpo a flutuar é:
F1 = V * ( d2 - d1 ) (1)
Onde:
V = Volume do corpo
d1 = Densidade do corpo
d2 = Densidade do líquido
A resistência que se opõe a um corpo em movimento, F2 , é dada por:
Cd2 * AV2
F2 = (2)
2g
Onde:
C = Coeficiente de resistência ao movimento do corpo
A = Área da seção do corpo
V = Velocidade de ascensão do corpo
g = Força da gravidade
O coeficiente de resistência ( C ) varia em função de alguns outros
fatores. Nas condições do teste podemos expressá-lo como:
24
C = (3)
Re
Onde:
Re = Número de Reynolds
A velocidade de ascensão de uma bolha de ar em um líquido depende do
seu tamanho e das propriedades do líquido, e pode ser calculada segundo a
fórmula antes exposta e segundo os parâmetros relativos.
Algumas curvas da velocidade das de ar bolhas de vários diâmetros em
água e soluções a 60º Bx e várias temperaturas são mostradas na Fig. 1.
Estes dados coincidem com os dados encontrados experimentalmente.
Fig. 1
Verificamos na Fig. 1 que a velocidade das bolhas de ar aumenta
rapidamente com o tamanho sendo aproximadamente proporcional ao quadrado do
diâmetro, mantendo ao outras condições iguais.
Partindo desta relação o tamanho das partículas pode ser estimado
grosseiramente a partir da velocidade de ascensão.
Para os processos açucareiros são aconselháveis tamanhos de bolhas
menores a 50 micrômetros. Estas bolhas flotam nos xaropes a 60º Bx e 60 a
80º C de temperatura, com uma velocidade menor a 2 cm/min.
Também podemos dizer que uma flotação será satisfatória se o xarope
ou a calda são mantidos durante 2 minutos completamente cheios de bolhas.
Em soluções muito concentradas de açúcar, a velocidade de ascensão
das bolhas pequenas é baixa. Porém em uma flotação bem conduzida os
flóculos podem subir a alta velocidade. Isto pode ser visto naqueles
processos onde após a maior parte dos flóculos terem subido, sobram ainda
umas poucas bolhas que saem no clarificado dando-lhes aspecto ligeiramente
turvo. Os flóculos tem densidade muito maior que as bolhas, porém devido a
serem maiores que as mesmas sofrem oclusão delas no seu interior e adquirem
densidade menor que a do líquido. Nestas condições os flóculos adquirem
maior velocidade que as bolhas individuais.
Isto também pode ser demonstrado utilizando as fórmulas descritas
anteriormente para cálculo de velocidade de ascensão das partículas de
diferentes tamanhos e densidades.
Os resultados dos cálculos são mostrados na Fig. 2, onde observamos a
velocidade de ascensão de corpos esféricos possuindo densidade de 0,9 1,0
até 1,1 respectivamente e possuindo diâmetros de 0,1 até 0,8 mm, flutuando
em soluções açucaradas com as seguintes características:
Concentração 60º Bx
Temperatura 60º C
Densidade 1,264
Viscosidade 9,69 Centipoises
Fig. 2
Isto mostra que a velocidade de ascensão dos corpos aumenta
rapidamente com seu tamanho. Este comportamento é similar ao processo de
sedimentação (mudando somente ascensão por decantação).
Partículas maiores que 0,5 mm e com densidades menores que 1,1 podem
subir a mais que 10 cm/min. Ou seja, muito mais rápido que as bolhas mais
pequenas de ar.
A Fig. 2 foi calculada para corpos esféricos, ao passo que, na
prática os flóculos tem formas diferentes e variadas. Isto afeta o
coeficiente de resistência ao movimento e a velocidade de ascensão , porém
a correlação assinalada entre os parâmetros relativos pode ser aplicada ao
conjunto de flóculos.
A velocidade de ascensão dos flóculos em um dado líquido depende
principalmente do tamanho e da densidade do flóculo. Isto pode ser
verificado na Fig. 2, onde observamos que para cada decréscimo de 0,1
pontos na densidade corresponde um incremento de 40 a 70 % na velocidade de
ascensão.
Se por um lado a densidade do líquido e dos sólidos apresentam
variações pequenas, a densidade dos flocos depende principalmente da
quantidade de bolhas de ar ocluídas.
Este trabalho mostra o importante papel que possuem as técnicas
modernas de floculação no incremento das velocidades de flotação -
separação devido a formação de flóculos de grande tamanho e pouca densidade
graças as bolhas de ar ocluídas.
Os trabalhos de pesquisa mostraram que os seguintes fatores são
essenciais para atingirmos bons resultados:
1) As bolhas de ar devem ser microscópicas como foi apontado por
Saranin: "As bolhas devem ser suficientemente pequenas para ocluir-se
facilmente dentro dos flóculos do precipitado". O tamanho ideal não deve
ser maior que 30 mícrons, podendo ser considerado aceitável até 50 mícrons.
Bolhas de tamanho grande são indesejáveis porque o processo não as
aproveita, são perdidas, aumentam a turbulência no equipamento e interferem
na flotação dos flóculos.
2) A quantidade de bolhas deve ser suficiente para a quantidade de
flóculos formados, e não deve haver grandes quantidades excedentes, pois
tornam-se desnecessárias e prejudiciais.
Um sistema bem projetado, que utilize floculantes de excelente
qualidade e onde as bolhas sejam efetivamente utilizadas não requere
grandes quantidades das mesmas.
As bolhas injetadas devem ser da ordem de 0,5 a 1 % do volume do
licor.
Se a quantidade de sólidos insolúveis no licor, inclusive os
precipitados formados pelo tratamento químico, são aproximadamente de 1 a 3
g / litro, o volume de bolhas necessárias será de 3 a 5 ml por grama de
sólidos, respeitando a dosagem percentual mencionada no parágrafo anterior.
Se a mistura bolhas - sólidos for efetiva possuirá uma baixa densidade de
0,2 a 0,3.
Isto significa que o fator principal para conseguirmos uma flotação
ótima é utilizar as bolhas efetivamente misturadas aos flóculos, sem sobras
excessivas das mesmas. Por outro lado isto significa que dosagens
excessivas de ar aumentam a espuma produzida e consequentemente diminui o
efeito de certa quantidade do floculante nos flóculos e na espuma.
3) Boa floculação é necessária para ajudar a oclusão das bolhas nos
flóculos.
Durante a floculação do fosfato de cálcio, chamada "Floculação
primária" podem ocluir - se algumas bolhas. Com base nesta função, o
processo de fosflotação foi aplicado em muitas refinarias de açúcar, em
algumas até durante 50 anos. De qualquer modo o efeito é limitado, porque o
processo não é muito estável, e os resultados práticos não são muito bons.
A aplicação de poliacrilamidas na etapa chamada "floculação
secundária" propiciou grande melhoria da floculação com a obtenção de
flocos de grande tamanho, alguns atingindo até vários milímetros, e
ocluindo maior quantidade de bolhas de ar. Isto transformou a flotação em
uma operação mais estável e de muito maior eficiência.
Desta maneira, o processo de aeração no tempo certo, junto a uma boa
coordenação entre as duas floculações (primária e secundária) são fatores
importantes para obtenção do melhor resultado.
Método de aeração
Muitos métodos de aeração tem sido usados no processo de flotação na
indústria açucareira e outras.
Nos últimos anos a aeração do licor foi feita pela injeção de ar no
mesmo, ou bombeando tudo ou parte do licor através de um injetor para sugar
ar dentro do mesmo. Porém este método forma muitas bolhas de ar gigantes.
Na década de 50, o método chamado de "ar dissolvido" foi introduzido
por algumas refinarias. Este método de bolhas de ar minúsculas e uniformes
foi utilizado intensivamente em outras indústrias. Sua aplicação na
indústria açucareira foi estudada em detalhes por Saranin. Este sistema, de
qualquer modo é um pouco complicado.
Outro método utiliza-se de uma bomba de aeração, usualmente uma bomba
centrífuga modificada, com alguns câmbios na sua construção para aumentar a
fragmentação das bolhas. A qualidade destas bolhas não é tão boa quanto as
bolhas produzidas pelo método de "ar dissolvido".
O autor projetou um novo sistema baseado no mecanismo antes descrito.
O aerador, de estilo multi-facas, consiste em um rotor contendo 20
lâminas cortantes girando em alta velocidade (perto de 2000 rpm), montadas
em uma carcaça cilíndrica. As facas são usinadas para ter seus gumes duplos
bem afiados e tortuosos para permitir a maior fragmentação possível das
bolhas de ar. A carcaça na sua parte interna é provida de centenas de
pequenos buracos com bordas afiadas. A abertura anular entre o rotor e a
carcaça é muito pequena.
O licor tratado ou o xarope com ar fluem através da passagem anular
mencionada onde são fragmentados pelas facas e empurrados contra a carcaça
produzindo grande quantidade de bolhas minúsculas. Todas as bolhas gigantes
são quebradas e eliminadas. Observações microscópicas mostram que as bolhas
formadas são de 10 a 30 mícrons de diâmetro, tão boas quanto as produzidas
pelo método do "ar dissolvido", e muito mais adequadas que aquelas
produzidas por outros métodos.
O aerador é acionado por um motor elétrico de 75 KW, suficiente para
uma refinaria com capacidade de 1000 ton. de açúcar a ser processado (Raw
sugar) dia.
O licor ou xarope aerado forma uma emulsão amarelada com 10 a 20 % do
seu volume constituído por minúsculas bolhas.
A porcentagem de bolhas contidas depende da composição do licor.
Aceita-se geralmente que licores de açúcar demerara afinado contém poucas
substâncias surfactantes e a duração das bolhas é relativamente pouca. Tem
curta ação. Por outro lado durante a safra o xarope da cana contém mais
substancias surfactantes, como por exemplo compostos nitrogenados, e forma
bolhas estáveis de longo tempo de duração.
Algumas amostras de xarope foram capazes de formar emulsões aeradas
contendo até 40 % em volume de bolhas microscópicas estáveis.
Desde que o xarope contenha um grande número de bolhas não é
necessário fazê-lo circular totalmente pelo aerador. Se parte do xarope é
tratado no aerador e logo misturado ao resto do produto, procurando a
proporção certa de cada um, o nível adequado de bolhas pode ser conseguido.
Usualmente recomendamos usar de 15 a 25 % de bolhas no xarope e 25 a 40 %
no licor de açúcar demerara.
Devido ao fato de que alguma parte das bolhas desaparece por perdas
ou quebra das mesmas no transcurso do processo antes de chegar ao
clarificador, a proporção certa de ar deve ser controlada em função da
qualidade da flotação obtida no equipamento..
Floculação e uso de floculantes
A eficiência dos processos modernos de flotação tem sido intensamente
melhorada em função da poliacrilamida. A composição química, os parâmetros
relativos, assim como os métodos de preparo e aplicação da poliacrilamida
tem grande influência sobre o efeito da flotação.
A maioria dos floculantes usados na indústria açucareira são
copolímeros da acrilamida e do ácido acrílico, este último componente
usualmente entra na proporção de 20 a 30 %.
Alguns floculantes possuem componentes contendo grupos quimicamente
ativos diferentes.
Uma fábrica de produtos químicos em Guangzhou formulou vários tipos
de floculantes atendendo as nossas necessidades e após vários testes e
comparações , consegui-se selecionar alguns produtos de alta eficiência
para aplicação na indústria açucareira.
Geralmente poliacrilamidas de alto peso molecular são altamente eficientes.
O floculante que nós estamos usando atualmente tem um peso molecular
acima de 10 milhões e contém também alguns outros grupos ativos. Eles são
dissolvidos cuidadosamente em água ligeiramente morna usando um agitador de
baixa rotação para preparar soluções de 0,1 % de concentração.
A quantidade de floculante dosada tem grande influencia na velocidade
de flotação dos flóculos.
Na Fig. 3 podemos observar este efeito sobre a velocidade de ascensão
dos flóculos em xarope de cana tratado por fosflotação.
Fig. 3
Podemos ver também que a velocidade de ascensão dos flóculos aumenta
com o aumento das dosagens de floculante. Isto acontece porque os flóculos
de tamanho maior contém maior quantidade de bolhas de ar.
A quantidade de floculante necessária para o processo não depende
somente do tipo e das propriedades do floculante, depende também da forma
como estiver arranjado o processo. Por exemplo na fosflotação de xarope
podemos colocar aeração antes da fosflotação, então a floculação primária
do fosfato terá a missão de ocluir as bolhas de ar. Esta disposição diminui
a densidade dos flóculos e a quantidade de floculante a ser dosada cai .
Desta maneira uma boa operação acompanhada de dosagens de 3 ppm de
floculante em laboratório ou 5 ppm de floculante na fábrica serão
suficientes para obtermos uma flotação rápida e satisfatória.
Por outro lado quando flotamos licor proveniente da diluição do
açúcar, se injetarmos ar antes da fosfatação, algumas das bolhas vão
desaparecer no transcurso do tratamento. Neste caso uma boa aeração depende
principalmente da ação da floculação secundária durante a adição do
floculante, portanto maior quantidade de floculante será necessária.
Normalmente as dosagens necessárias são as seguintes:
Fosflotação Simples 8 a 10 ppm
Sulfitação - Fosflotação 10 a 15 ppm
Carbonatação - Flotação 20 ppm
A mistura perfeita e completa do floculante com o licor, é um aspecto
da maior importância, porém é negligenciado muitas vezes na prática.
Devido a viscosidade da solução de floculante não é fácil misturá-la
para que fique uniformemente dispersa no licor, o qual também é viscoso. A
mistura incompleta freqüentemente conduz a uma distribuição irregular e a
uma evidente diminuição do efeito do floculante. Em alguns sistemas a
solução do floculante é adicionada dentro do encanamento do licor antes da
entrada do clarificador. Como o cano é curto, apesar de não ter agitação o
floculante se dispersa por todo o licor.
Em outro sistema o licor é depositado antes do clarificador em um
tanque pulmão situado a certa altura do mesmo. O floculante é injetado no
ladrão de onde transborda o licor. Devido ao comprimento do encanamento
(alguns metros) e a grande diferença de nível se produz uma forte
turbulência e boa mistura do floculante.
Porém freqüentemente este método cria um problema de sugamento de ar
através da tubulação de descida do licor gerando muitas bolhas de grande
diâmetro e causando distúrbios no processo de flotação dentro do
clarificador.
O novo sistema proposto pelo autor possui um misturador especial
montado do lado do clarificador. Este equipamento mistura primeiramente o
licor aerado com o licor não aerado e depois todo o licor com o floculante.
Cada passo deve ser efetivamente completado. O licor fica retido por um
minuto no misturador para melhorar a mistura e propiciar a retenção das
bolhas de ar durante a pré-floculação, no interior dos flóculos.
A mistura flui desde o fundo do misturador o que permite que o licor
carregue somente bolhas minúsculas de ar. As bolhas gigantes abandonam o
licor pela superfície do misturador. Esta medida elimina o efeito da
turbulência produzido pelas bolhas gigantes, se fossem introduzidas no
clarificador.
O Clarificador
Este é o principal equipamento do processo de flotação e muitos
desenhos diferentes dos mesmos estão sendo utilizados na industria
açucareira.
Os clarificadores mais conhecidos são: Willianson's, Jacobb's,
Bulkley - Dunton's, Saranins e Talo. Alguns equipamentos são circulares,
outros retangulares. A maioria são de camada simples e um só é de multi-
camadas de flotação. Apesar das diferenças estruturais, os princípios
básicos são similares.
O objetivo principal da flotação consiste em obter um licor
clarificado de alta qualidade, com elevada taxa de separação e pouco tempo
de retenção junto a um pequeno volume de espuma. Conseguir isso depende
principalmente do tratamento prévio, porém também depende do trabalho do
flotador e dos detalhes construtivos.
Um novo estilo de clarificador projetado pelo autor obteve resultados
satisfatórios nos anos recentes, graças as melhorias com que foi projetado.
Possui duas camadas rasas, de baixa altura e grande área na seção
transversal, as quais servem para realizar a flotação em duas etapas. A
baixa altura das camadas de flotação permite encurtar o caminho dos
flóculos ao atravessar o clarificador e deste modo diminui o tempo de
retenção, entretanto o incremento de área melhora a concentração da espuma.
Os detalhes deste clarificador podem ser observados na Fig. 4.
A camada superior é utilizada para carbonatação - fosfatação e a
camada inferior para fosflotação - sulfitação. O espaço vazio entre as duas
camadas é aproveitado para disposição de encanamentos e acessórios. O
desenho das duas camadas é similar, porém a camada superior é ligeiramente
mais larga para facilitar a montagem (Ease the construction). Algumas das
dimensões principais são as seguintes:
Superior Inferior
Diâmetro (m) 4,7 4,4
Área de Flotação (m2) 17,3 15,2
Volume útil 15,1 13,4
A profundidade útil de cada camada é de 0,8 m ou seja aproximadamente
uma quinta parte do seu diâmetro. Esta relação é bem menor que a utilizada
em outros clarificadores. Neste tipo de aparelho de camadas rasas o
movimento principal do licor é feito na direção horizontal produzindo desta
maneira pouca interferência no movimento de ascensão dos flóculos. Esta
característica o faz muito diferente dos outros flotadores cujas células ou
camadas de flotação são profundas, e sofrem o efeito prejudicial do fluxo
na vertical do licor sobre os flóculos formados.
Se a velocidade de descida do licor for maior que a velocidade de
ascensão dos flóculos, algumas partículas pequenas serão carregadas no
licor clarificado aumentando a sua turbidez.
O flotador de camadas rasas terá uma flotação eficiente e uma
ascensão rápida dos flóculos se sua instalação estiver dotada de um sistema
adequado de aeração e floculação.
Além disso a alimentação do licor deve ser suave e contínua sem
borbotagem. Dentro do clarificador o licor deve distribuir-se
homogeneamente sobre toda a área do mesmo e fluir suavemente sem produzir
turbulências.
Por estes motivos a alimentação do flotador e a saída do clarificador
devem ser projetados cuidadosamente respeitando os princípios
hidrodinamicos, e modificados ou redesenhados em função de testes práticos.
No clarificador desenhado pelo autor, Fig. 4, o licor entra pelo fundo e
flui para o centro após atravessar a câmara de preparação a qual cumpre o
papel de assegurar uma boa floculação facilitando a penetração das bolhas
nos flóculos e eliminando a turbulência do licor entrando, o qual logo é
uniformemente distribuído por toda a área de flotação.
Os flocos se elevam até a superfície e gradualmente concentram-se
formando espuma a qual é empurrada por um raspador de baixa velocidade de
rotação até uma calha lateral de descarga de espuma. O licor clarificado é
colhido no fundo do equipamento através de orifícios dispostos num
encanamento circular por onde é descarregado até o tanque de controle de
nível.
Este controle de nível é ligeiramente menor que a superfície da
espuma e serve para regular a saída da espuma pela calha lateral superior
sem perda de licor.
Neste processo de camada dupla. A parte superior descarrega espuma
contendo uma grande concentração de CaCO3. Esta espuma desce até a calha de
espuma da camada inferior, misturam-se as duas e são conduzidas a estação
de filtração.
Este método melhora e simplifica o tratamento das espumas.
A experiência mostrou que este flotador tem capacidade para processar
de 800 a 1000 ton/dia de açúcar demerara, variando conforme a qualidade do
açúcar demerara e as condições de trabalho do processo. O tempo de retenção
em cada camada é de 14 a 18 minutos.
Este duplo clarificador também apresenta a vantagem de reduzir a área
requerida pelo equipamento, centralizando as operações e o controle
reduzindo as perdas de calor.
Fok Hon Jun
(P.O Box 801)
Guangzhou, China
Extraído do Internacional Sugar Journal, 1990, Vol. 92, nº 1087
Tradução: Eduardo H. Ardiles
Digitação/Desenhos: Edelcio Louis Iha
Usina Nova América S/A
08/03/96
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Açúcar Demerara
Afinação
Refundidor
Calda ( Licor )
Pré - Caleagem
Reator
Aquecimento
Pré - Floculação
Misturador
Clarificador
Calda Clarificada
Cozimento
CaO
CaO
CaO
CaO
CaO
CaO
CaO
CaO
SO2
H3PO4
Floculante
Aerador
Espuma
Diluição
Filtro
Filtrado
Açúcar Demerara
Caleagem
Carbonatação
Aquecimento
Misturador
Clarificador Primário
Calda Clarificada Primária
Reator
Misturador
Clarificador Secundário
Calda Clarificada
Sulfitação
CO2
H3PO4
Floculante
Aerador
Espuma
Misturador
Filtro
Filtrado
CaO2
Sulfitação
Cozimento
SO2
Espuma
Aerador
Floculante
Sulfitação
Diâmetro das Bolhas (mm)
Diâmetro do Corpo (mm)
Dose de Floculante (ppm)
(1) Câmara de preparação
(2) Câmara de flotação
(3) Cano de descarga
(4) Tanque de controle
(5) Motor e transmissão
(6) Raspador
(7) Calha de espuma