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Farmaco Geral01

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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Farmacologia Geral Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites ê Curso de Farmacologia Geral MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibligrafia Consultada. 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores MÓDULO I INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA HISTÓRIA E CONCEITOS FUNDAMENTAIS A palavra farmacologia etnologicamente se origina da palavra Pharmakon, do grego que quer dizer droga, fármaco ou medicamento, mais logos que significa estudo. De uma maneira genérica e bastante simplificada poderíamos conceituar farmacologia de diversas formas, como se segue: • Estudo da interação dos compostos químicos com os organismos vivos; • Ciência experimental que lida com as propriedades das drogas e seus efeitos nos sistemas vivos; • Ciência que estuda as alterações provocadas no organismo pelas drogas ou medicamentos. A farmacologia pode, ainda, ser definida como o estudo do modo pelo qual a função dos sistemas orgânicos é afetada pelos agentes químicos. A farmacologia foi reconhecida como ciência na segunda metade do século XIX, onde os princípios científicos passaram a serem considerados no estabelecimento das práticas terapêuticas. No entanto, desde as civilizações mais antigas, remédios baseados em ervas ou outros produtos naturais de origem vegetal, animal ou mineral eram amplamente utilizados para combater as diversas enfermidades que acometiam o homem e os animais domésticos, que com ele conviviam. Até o século XIX, a terapêutica era pouco influenciada pela ciência. A partir desta fase, alguns cientistas importantes contribuíram para que esta influência fosse aumentada, dentre eles podemos citar o patologista alemão Rudolf Virchow, que naquela época comentou o fato da seguinte forma: “A terapêutica é um estágio empírico apreciado por clínicos e médicos práticos, e é através da combinação com a fisiologia que precisa ascender para ser uma ciência, o que ela não é nos dias de hoje”. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A falta de conhecimentos à cerca do funcionamento do organismo e o sentimento de que doença e morte eram assuntos semi-sagrados dificultavam o atendimento dos efeitos das drogas e facilitava o emprego de doutrinas autoritárias e nada científicas. Com o passar do tempo, as formas empíricas de tratar as doenças forma dando lugar aos sistemas terapêuticos mais definidos. A alopatia proposta por James Gregory no século XVIII dispunha como recursos terapêuticos somente a sangria, agentes eméticos e purgativos, cujos efeitos indesejáveis costumavam levar à morte muitos pacientes. Logo depois, no início do século XIX, Hahnemann introduziu os princípios da homeopatia. Muitos sistemas terapêuticos surgem e desaparecem ao longo do tempo, muitos deles baseados em princípios dogmáticos. Rang et al. (1997) comentam este fato de forma bastante contundente, conforme o fragmento de texto abaixo, transcrito destes autores: “Os sistemas terapêuticos cujas bases se assentam fora dos domínios da ciência estão, é claro, muito em prática hoje em dia, e vem até ganhando espaço sob o título de medicina ‘alternativa’ ou ‘holística’. Em sua maioria, rejeitam o ‘modelo médico’ que atribui a doença a um desarranjo subjacente da função normal que pode ser definido em termos bioquímicos e estruturais, detectado por meios objetivos e influenciado beneficamente por intervenções físicas ou químicas apropriadas. Dá maior importância, sobretudo ao malestar subjetivo, que pode estar associado ou não a doença. O abandono da objetividade na definição e na medida da doença segue junto com um afastamento similar dos princípios científicos em fixar a eficácia terapêutica. Disto resulta que princípios e práticas podem ganhar aceitação sem satisfazer a qualquer critério de validade para convencer os cientistas, validade exigida por lei antes que uma nova droga possa ser introduzida numa terapia. Como acontece com os” secadores de mãos elétricos”, a aceitação pública tem pouco a ver com a eficácia demonstrável; isso talvez seja esperado numa economia de mercado.” A indústria farmacêutica tem evoluído e se modernizado muito ao longo do século XX e graças aos avanços da química e dos métodos biotecnológicos, uma infinidade de produtos se encontram disponíveis para o uso na prática clínica. Os produtos químicos sintéticos começaram a serem introduzidos na década de 20. Os primeiros fármacos efetivamente desenvolvidos em laboratório foram às sulfas, descobertas por Domagk a 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores partir do corante prontosil. Depois vieram os antibióticos, que tornaram possível a cura de uma série de enfermidades infecciosas antes tidas como verdadeiros flagelos da humanidade. O desenvolvimento dos fármacos anti-hipertensivos representou uma vitória na luta pela longevidade, o que reduziu significativamente a mortalidade pelas doenças vasculares. Dentre uma série de outras descobertas, podemos citar a dos neurolépticos, aos quais proporcionam melhoras significativas na qualidade de vida dos pacientes psiquiátricos e destaque deve ser dado aos agentes imunossupressores que participaram e participam do grande êxito no transplante de órgãos. Os produtos naturais ainda são importantes, sobretudo na quimioterapia visando o tratamento das doenças infecciosas, mas os produtos sintéticos estão se tornando cada vez mais numerosos. Com o avanço da biotecnologia, principalmente através do domínio da técnica do DNA recombinante, hoje existe uma gama de novos agentes terapêuticos na forma de anticorpos, enzimas, hormônios, fatores de crescimento e citosinas. Mais recentemente tem se realizados ensaios visando à terapia gênica, onde se introduz novo segmento de DNA no genoma do indivíduo para adicionar, restaurar ou substituir genes ausentes ou anormais no sentido de reparar defeitos inatos do metabolismo. Diante do exposto acima, deve-se dizer que a compreensão de como as drogas ou outros compostos agem nos componentes do corpo em nível molecular deve aprimorar-se acentuadamente nos anos vindouros. Este conhecimento vai oferecer boa base para o uso racional de drogas na terapia medicamentosa, assim como fornecer uma base para o desenvolvimento de novas drogas com um mínimo de efeitos colaterais indesejáveis. Assim, podemos concluir que o estado da farmacologia reveste-se de grande importância para os profissionais que militam no campo das ciências biomédicas, onde as drogas se constituem em ferramentas importantes, seja na prática clínica, ou seja, na experimentação biológica ou biotecnológica. Em termos gerais, de uma forma mais didática, a farmacologia, bem como as drogas, podem ser caracterizadas e a farmacologia correlacionada com as demais áreas do conhecimento conforme o fluxograma e a figura abaixo: 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ™ Divisões da Farmacologia 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores A Farmacologia pode ser vista como uma vasta área do conhecimento científico e nas suas diferentes abordagens pode se subdividir em cerca de seis áreas principais. Optamos pela divisão proposta abaixo, apesar de que, consultando os diferentes autores podemos observar algumas diferentes quanto à inclusão ou não de determinadas subdivisões. As diferentes áreas da farmacologia são as seguintes: a) Farmacodinâmica (do grego dýnamis = força): Estuda o mecanismo de ação dos fármacos, as teorias e conceitos relativos ao receptor farmacológico, a interação droga-receptor, bem como os mecanismos moleculares relativos ao acoplamento entre a interação da droga com o tecido alvo e o efeito farmacológico; b) Farmacocinética (do grego knetós = móvel): Estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo. A farmacocinética corresponde às fases de absorção, distribuição e eliminação (biotransformação e excreção) das drogas. Através da farmacocinética se consegue estabelecer relações entre a dose e as mudanças de concentração das drogas nos diversos tecidos em função do tempo; c) Farmacotécnica: Estuda o preparo, a manipulação e a conservação dos medicamentos, visando conseguir melhor aproveitamento dos seus efeitos benéficos no organismo; d) Farmacognosia (do grego gnósis = conhecimento): Cuida da obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos a partir de produtos naturais de origem animal, vegetal ou mineral, passiveis de uso terapêutico; e) Farmacoterapêutica: Refere-se ao uso de medicamentos para o tratamento das enfermidades, enquanto o termo terapêutico é mais abrangente, envolvendo não só o uso de medicamentos, como também outros meios para a prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades. Esses meios envolvem cirurgia, radiação e outros; f) Imunofarmacologia: Área relativamente nova que tem se desenvolvido muito nos anos graças à possibilidade de se interferir, através do uso de drogas, na realização dos transplantes e de se utilizar com fins terapêuticos substâncias normalmente participantes da resposta imunológica. Além disso, se verifica 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores uma grande inter-relação entre farmacologia e imunologia quando se considera o desenvolvimento cada vez maior de drogas capazes de interferir com as diversas fases do processo inflamatório. A Toxicologia é uma ciência muito próxima da farmacologia e alguns autores a considerarem como parte desta última pelo fato de haver sobreposição de interesses e técnicas entre elas. A Toxicologia estuda os agentes tóxicos, sendo que estes podem ser quaisquer substâncias químicas ou agentes físicos capazes de produzir efeitos nocivos a organismo vivo. Vale ressaltar que o interesse da toxicologia esta voltada para os efeitos nocivos dos diversos agentes. ™ Conceitos e Termos Mais Usados em Farmacologia Ao se iniciar no estudo da farmacologia é necessário que se observe alguns conceitos que são bastante usados e que se faça à devida distinção entre eles para a melhor compreensão dos demais aspectos relativos ao conteúdo a ser abordado mais à frente. Abaixo listamos alguns dos conceitos mais importantes. Droga: Qualquer substância química, exceto aquelas que servem como alimento, capaz de produzir efeito farmacológico em um organismo ou tecido vivo. Vale ressaltar que as drogas não criam funções no organismo, mas simplesmente as alteram. Os efeitos provocados pelas drogas podem ser tanto benéficos quanto maléficos. Remédio: Do Latim remedium (re = inteiramente mais mederi = curar). Remédio é uma palavra normalmente usada pelo leigo como sinônimo de medicamento ou especialidade farmacêutica. Portanto, remédio pode ser tudo aquilo que cura ou evita as enfermidades. Não só as substâncias químicas podem ser consideradas como remédios, mas também alguns agentes físicos como massagens, duchas e etc. Tóxico ou veneno: Por tóxico ou veneno compreende-se uma droga ou uma preparação com drogas que produz efeito farmacológico maléfico. Iatrogenia ou Iatrogênese: Quando um medicamento é administrado a um indivíduo provoca uma lesão ou uma doença de forma não intencional, dizemos que houve uma 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores lesão ou doença iatrogênica. Essa situação pode vir a ocorrer, por exemplo, nos dois casos abaixo: • Por administração excessiva do medicamento; • Por hipersensibilidade do indivíduo que recebe o medicamento. Terapêutica: Pode ser definida como a aplicação clínica da farmacologia, ou seja, como administrar determinado medicamento para tratamento e/ou prevenção de doenças. Medicamento: Do Latim medicamentum. É uma droga devidamente preparada para ser administrada ao paciente. Destinada a prevenir, curar, diminuir e/ou diagnosticar as enfermidades, ou seja, é uma substância química empregada visando um efeito benéfico. Podemos dizer que todo medicamento é uma droga, mas nem toda droga é um medicamento. A ANVISA classifica o medicamento como um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Posologia: (do grego poso = quanto, mais logos = estudo). É o estudo da dosagem do medicamento com fins terapêuticos. Dose: É a quantidade capaz provocar uma resposta terapêutica desejada no paciente preferivelmente sem outra ações no organismo. Dosagem: A dosagem inclui, além da dose, freqüência de administração e duração do tratamento. Idiossincrasia: O termo idiossincrasia refere-se às reações particulares ou especiais do organismo às drogas, comumente chamadas reações idiossincrásicas. Essas são nocivas, às vezes fatais e ocorrem em uma pequena minoria dos indivíduos. Na maioria dos casos a causa não bem compreendida, mas acredita-se que os fatores genéticos possam ser responsáveis em algumas situações. Forma Farmacêutica: Forma farmacêutica é a maneira como os medicamentos são preparados, apresentados e conseqüentemente comercializados e utilizados, ou seja, comprimido, xarope, suspensão e outros. Na forma farmacêutica, além do medicamento principal ou princípio ativo, entram outras substâncias na composição, como veículo ou excipiente, coadjuvante, edulcorante, ligante, preservativo e etc. As formas farmacêuticas podem ser classificadas conforme se exemplifica abaixo: 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Preparações líquidas Soluções – Misturas homogêneas do soluto que é base farmacológica com o solvente que é o veículo. Pode se destinar ao uso sob a forma de gotas. Suspensões – Misturas heterogêneas, sendo que o soluto se deposita no fundo do recipiente necessitando de homogeneização no momento do uso. Emulsões-Substâncias oleosas dispersas em meio aquoso, apresentando separação de fases. Xaropes – Soluções aquosas onde o açúcar em altas concentrações é utilizado como corretivo. Pode conter cerca de dois terços do seu peso em sacarose. Elixires – Soluções hidroalcoólicas para uso oral, açucaradas ou glicerinadas contendo substâncias aromáticas e as bases medicamentosas. Loções – Soluções alcoólicas ou aquosas para uso tópico. Linimentos - Similares aos anteriores, mas com veículo oleoso. Preparações sólidas Comprimidos – Forma farmacêutica de formato variável, em geral discóide, obtida por compressão. Na maioria dos casos contém uma ou mais drogas, aglutinante e excipiente adequados, prensados mecanicamente. Drágeas – Similares aos anteriores, mas com revestimento gelatinoso que impede a desintegração nas porções superiores do trato digestivo. O revestimento protetor apresenta várias camadas contendo substâncias ativas ou inertes. Costumam ser coloridas e polidas utilizando-se cera carnaúba no polimento. Cápsulas – Uma ou mais drogas mais excipientes não prensados e colocados em um invólucro gelatinoso ou amiláceo. Pílulas – Associação do princípio ativo com um aglutinante viscoso. Supositórios - Apresentações semi-sólidas para uso retal, que se fundem à temperatura corporal pela presença de manteiga de cacau, glicerina ou polietilenoglicol. Óvulos e Velas - Apresentações semi-sólidas para uso ginecológico, cuja diferença entre si é a forma. 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Preparações Pastosas São preparações semi-sólidas normalmente destinadas ao uso tópico. Como exemplos temos as seguintes: geléias, cremes, pomadas, ungüentos e pastas, em ordem crescente de viscosidades. Diferem também pelos veículos que são gelatinosos nas geléias, oleosos nas pomadas e aquosos nos demais. Dose Efetiva Mediana (DE50) é a Dose Letal (DL50) e Índice Terapêutico Dose efetiva mediana (DE50) é a base para produzir determinada intensidade de um efeito em 50% dos indivíduos. Doses outras que produzem a mesma intensidade do efeito em outras proporções percentuais são designadas DE20, DE80 e etc. Quando o efeito observado é a morte dos animais de experimentação, registra-se a dose letal. DL50 significa que morreram 50% dos animais com a dose empregada, DL20, que morreram 20% dos animais e assim por diante. Acredita-se hoje, que o teste de determinação da DL50, anteriormente considerado como parâmetro fundamental para a definição da toxicidade química, tenha perdido grande parte de sua credibilidade, especialmente em relação a fármacos destinados ao uso terapêuticos. Devido aos problemas relacionados abaixo, ele mede apenas a mortalidade e não a toxicidade subletal. • A DL50 varia muito entre as espécies e não pode ser extrapolada com segurança para seres humanos; • Ele mede apenas a toxicidade aguda produzida por uma dose única, e não mede a toxicidade em longo prazo; • Ele não mede as reações idiossincrásicas (reações que ocorrem a uma dose baixa em uma pequena proporção dos indivíduos), embora essas reações sejam mais relevantes para a prática que a toxicidade de doses altas; • Ele requer o uso de muitos animais e acarreta um sofrimento desproporcional em relação ao conhecimento obtido. 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores O índice terapêutico (IT) é definido pela relação DL50/DE50. Vários autores ainda transmitem a idéia de que quanto maior o índice terapêutico de uma droga, maior a sua margem de segurança, pois ele indica a distância entre a dose letal mediana e a dose efetiva mediana. Erlich definiu inicialmente o índice terapêutico como: IT = Dose máxima não tóxica/Dose mínima eficaz, infelizmente a variabilidade entre indivíduos não é levada em conta nesta definição, portanto esse conceito caiu em desuso. O conceito de IT = DL50/DE50 ainda é amplamente utilizado, apesar de hoje reconhecermos que este apresenta limitações claras. O IT é capaz de dar uma idéia da margem de segurança no uso de um fármaco, mas não é efetivamente um guia útil para a segurança de um medicamento no uso clínico. As razões para isso são as seguintes: a) O tipo de efeito adverso que limita na prática a utilidade clínica de um fármaco tende a passar despercebido no teste de DL50; b) A DE50 pode não ser definida, dependendo da media da eficácia utilizada. Por exemplo, pode ser necessário administrar os fármacos analgésicos em doses diferentes de acordo com a natureza da dor; c) Algumas formas muito importantes de toxicidade são idiossincrásicas. Em outros casos, a toxicidade depende muito do estado clínico do paciente. Assim, o propranolol, por exemplo, é perigoso para pacientes asmáticos em doses que são inofensivas para um indivíduo normal. Introdução à Farmacologia Clínica A industrialização do medicamento, ocorrida a partir de 1920 e aumentada depois da Segunda Guerra Mundial, é a responsável pela dramática mudança na farmácia. Não obstante, esta, mesma circunstância é a que hoje lhe devolve a grande oportunidade de recuperar um papel social protagônico. Com efeito, na enorme quantidade de medicamentos disponíveis no presente e na sua variada ação farmacológica, se manifesta à necessidade de que alguém, com sólidos conhecimentos profissionais ponha 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores racionalidade no mercado e garanta o uso correto de medicamento. Esta tarefa é sem dúvida para o farmacêutico. Em 1960 surgiu o primeiro conceito de Farmácia Clínica, definido como a parte da farmácia que trata do cuidado do enfermo com particular ênfase na terapia farmacológica, seus efeitos adversos e interações indesejáveis. Em 1990 foi descrito o conceito de Atenção Farmacêutica, como a prestação responsável de cuidados integrais relacionados com a medicação tendo como objetivo a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Ambos os conceitos estabelecem novos papéis e responsabilidades para o farmacêutico, orientado ao cuidado e assessoramento do paciente em todos os aspectos relacionados com o uso dos medicamentos, ou seja, o papel do farmacêutico que no passado se orientava ao produto, na atualidade se orienta ao paciente. A farmácia Clínica supôs a introdução da prestação de serviços farmacêuticos orientados ao paciente. Houve uma evolução e os serviços não somente se orientaram ao paciente, como também os farmacêuticos passam a se conscientizar de que sua intervenção melhoraria a qualidade de vida dos pacientes. Em 1995, em uma conferência sobre “As direções para prática clínica em farmácia”, patrocinada pela ASPH (American Society of Hospital Pharmacisitis, hoje denominada American Society of Health-System Pharmacist), na qual Hepler apontava que deveria ser estabelecido um compromisso para desenvolver a Farmácia como uma verdadeira profissão clínica. Indicava que “deveria existir um convênio ou pacto entre os farmacêuticos e seus pacientes e, por extensão, entre a profissão de Farmácia e a Sociedade”. Sem saber que Brodie havia usado o termo sete anos antes Hepler descreveu na sua idéia como atenção farmacêutica em outra reunião na Carolina do Sul, em 1987: “Proponho que os farmacêuticos clínicos mudem sua ênfase de realizar somente funções isoladas aos pacientes e aceitam uma parcela de responsabilidade na atenção ao paciente”. Em 1988, Hepler descreveu a atenção farmacêutica como “uma relação pactuada entre um farmacêutico e um paciente, na qual o farmacêutico leva a cabo as funções de controle do uso dos medicamentos, governado pela consciência e o compromisso de interesse pelo paciente”.Strand define como, “o componente da prática da farmácia que 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores supõe a interação direta do farmacêutico com o paciente, com a finalidade de atender às necessidades do mesmo relacionadas com medicamentos”. Em qualquer âmbito da prática profissional, os farmacêuticos têm diante de si um grande desafio. Ou se integram profissionalmente ao sistema, assumindo novos e protagônicos papéis na informação sobre medicamentos, o tratamento de patologias menores e racionalização dos custos sanitários, ou continuam com a deteriorização profissional onde as técnicas de comercialização cedo ou tarde, os deixarão de lado. Esta crise de identidade atravessa o farmacêutico á que justifica uma mudança rápida, enérgica e penetrante. A farmacologia clínica evoluiu com a necessidade de se comprovar a eficácia e segurança dos fármacos em seres humanos, em função das leis que regulamentam o desenvolvimento, produção e comercialização dos medicamentos. Atualmente, a Farmacologia Clínica é a expressão contemporânea do emprego do método científico para a racionalização da terapêutica medicamentosa. Os ensaios clínicos, os quais seguem princípios éticos e científicos de experimentação, são os responsáveis pelas bases da avaliação de eficácia e segurança dos fármacos. O ensino da farmacologia clínica e a pesquisa com medicamentos é uma realidade recente no país. Portanto, os profissionais da área de saúde, médicos, biomédicos, farmacêuticos e enfermeiros, que trabalham ou pretendem trabalhar nas indústrias farmacêuticas, nas empresas privadas que pesquisam e monitorizam medicamentos (contract research organizations) ou nas instituições públicas de vigilância sanitária, não recebem a devida qualificação durante a sua formação acadêmica. ------ FIM MÓDULO I ----- 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores