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Exposição De Trabalhadores A Poeira Com Sílica Em Marmoraria

Segurança do Trabalho

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AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A POEIRA TOTAL CONTENDO SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA EM UMA MARMORARIA NO ESTADO DE SERGIPE LIMA, Cícero Alexandre Macêdo RESUMO O artigo fala da avaliação quantitativa dos aerodispersóides gerados por atividades aos quais os trabalhadores se expõem. Identifica também a necessidade de implantar medidas de controle para eliminar\neutralizar o agente químico poeira. O estudo foi realizado em uma marmoraria no estado de Sergipe, que não possui máquinas e/ou equipamentos a úmido. Determinou-se a concentração de poeira mineral total e sílica livre através de bomba gravimétrica, modelo Gilian BDXII, sistema filtrante (filtros de PVC 5.0 um, 37 mm, pré pesado, porta-filtro e suportes) e sistema separador de tamanho de partícula (Ciclone de Nylon). A análise de laboratório para determinação da sílica livre foi feita por espectrofotometria de infravermelho, transformada de Fourier. O estudo demonstrou que a quantificação do agente é parte do conjunto de iniciativas para preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Palavras-chave: Aerodispersóides, Marmorarias, Poeira Total, Sílica. ABSTRACT / KEYWORDS The article speaks of the quantitative assessment of aerosols generated by activities to which workers are exposed. It also identifies the need to implement control measures to eliminate \ neutralize the chemical dust. The study was conducted in a marble yard in the state of Sergipe, which has no machinery and / or equipment wet. Determined the total concentration of mineral dust and silica gravimetric bomb, Gilian model BDXII, filtering system (5.0 a PVC filters, 37 mm, pre heavy filter holder and holders) and separator system of particle size ( Nylon cyclone). The laboratory analysis to determine the quartz was made by infrared spectroscopy, Fourier transform. The study showed that quantification of the agent is part of a series of initiatives to preserve the health and integrity of employees and should be coordinated with the Medical Control Programme of Occupational Health (PCMSO). Keywords: Aerosols, Marble, Total Dust, Silica. LIMA, Cícero Alexandre Macedo [email protected] Graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Regional do Cariri - URCA. Pós Graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Faculdade de A dmi nistração e Negócios de Sergipe – FANESE Atuando na Ambient ec 2 Introdução Os ambientes de trabalho contaminados com poeiras representam alguns riscos de doenças ocupacionais para os trabalhadores expostos que não fazem uso de equipamentos de proteção adequados. Entre essas doenças encontra-se a Silicose, doença causada pela inalação de partículas de dióxido de silício cristalino (Si02), que é um elemento encontrado amplamente depositado nas rochas que constituem a crosta terrestre. Por esse motivo, as atividades industriais que envolvem corte ou polimento de rochas constituem fontes potenciais de sílica respirável. A Silicose pode ser gerada por diversas atividades na indústria da construção. No entanto, seus riscos podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados/neutralizados por medidas de controle no ambiente e no homem, ou seja, a utilização de equipamentos de proteção coletivas e/ou individuais. Os processos industriais que geram sílica livre respirável devem ser modificados; qualquer poeira que contenha sílica jamais deve ser varrida seca, e os trabalhadores devem sempre utilizar equipamento de proteção respiratória individual, a fim de evitar exposições, mesmo por curtos períodos de tempo. O maior número de casos já encontrados no Brasil é proveniente da mineração subterrânea de ouro. A seguir vem a indústria cerâmica, fundições, atividades industriais mistas e atividades como a escavação manual de poços. A pneumoconiose dos trabalhadores de minas de carvão vem em seguida, com mais de dois mil casos reconhecidos em benefícios previdenciários. Não há números exatos sobre a doença, nem uma estimativa de população em risco, mas a exposição ocupacional a poeiras com sílica certamente envolve alguns milhões de trabalhadores, nas mais variadas atividades produtivas. Dois milhões de trabalhadores morrem a cada ano de doenças ocupacionais e acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, sendo a poeira responsável por boa parte desses índices. As atividades industriais expõem os trabalhadores a agentes ambientais originados de fontes naturais ou artificiais em níveis que geralmente ultrapassam os limites de exposição prevista nas normas técnicas e legais. De acordo com as normas brasileira regulamentadoras - NR’s 9 e 15, as empresas devem identificar, quantificar e controlar estes agentes dentro de níveis considerados salubres. 3 A poeira pode ser definida como um grupo de partículas sólidas dispersas no ar medindo de 0,1 a 25 micrômetros de diâmetro, liberadas durante os p rocessos de trituração, manejo, pulverização ou decomposição de materiais sólidos. As poeiras com diâmetros de 0,5 a 7 micrômetros penetram facilmente no organismo através da respiração, podendo permanecer nos alvéolos e bronquíolos após sua deposição no local. Quando a poeira é inalada, as partículas maiores encontram algumas defesas naturais do trato respiratório e ficam retidos nos pêlos do nariz, no muco existente na traqueia, brônquios e nos bronquíolos. Entretanto, é bem provável que as partículas menores atinjam as partes mais profundas dos pulmões. As poeiras podem ser classificadas segundo algumas características básicas: 1) Forma da partícula A forma da partícula é um importante fator que influencia os processos de impactação e deposição inercial no sistema respiratório e os projetos de instrumentos adequados para amostragem e análise de partículas. A variedade de formas existentes para as partículas é ilimitada. Alguns exemplos podem ser citados, como as esféricas, cúbicas, irregulares, com formato de flocos, fibras, cadeias, plaquetas ou escamas. 2) Origem da partícula As partículas podem ser classificadas de acordo com sua origem em: • Minerais - Ex.: quartzo e misturas que contenham quartzo (carvão, caulim,quartzito, areia, argila); asbesto e misturas que contenham asbesto (asbesto bruto, crisotila, anfibólios; fibrocimento, talco); metais e compostos metálicos (alumínio, ferro, chumbo, manganês, berílio, crômio, cádmio); • Animais - Ex.: peles, couros, pêlos, plumas, escamas; • Vegetais - Ex.: madeiras, grãos, cereais, algodão, palha, juta, cânhamo, bagaço, linho, sisal. 3) Tamanho da partícula e distribuição de tamanho A faixa de tamanhos das partículas encontradas na atmosfera é muito grande (0,001 a 100 micrômetros de diâmetro µm). Historicamente, dados individuais de tamanho são analisados para obter a distribuição de tamanho de partículas características. A maioria dos processos envolvendo particulados depende do tamanho da partícula e o estudo do comportamento geral da população de partículas requer o conhecimento 4 do número de partículas que existe em cada faixa de tamanho. O local de deposição das partículas no sistema respiratório humano depende diretamente do tamanho das partículas. Para os estudos de Higiene Ocupacional as faixas de tamanho de maior interesse estão divididas de modo a relacioná-las com seu local de deposição, como: inaláveis – partículas menores que 100 µm, capazes de penetrar pelo nariz e pela boca; torácicas – partículas menores que 25 µm, capazes de penetrar além da laringe; respiráveis – partículas menores que 10 µm, capazes de penetrar na região alveolar. Figura 1: Representação das principais regiões do trato respiratório Fonte: Extraído do LIPPMANN 1999 Efeitos sobre o organismo Efeitos fibrogênicos Os efeitos fibrogênicos são causados por aquelas poeiras capazes de desencadear uma reação que produz uma fibrose localizada ou difusa do tecido pulmonar, como no caso do quartzo e do asbesto. O acúmulo de poeira respirável do quartzo no pulmão ocasiona lesões pulmonares nodulares. A lesão pulmonar é irreversível e a deterioração da função pulmonar acarreta graves conseqüências cardíacas. Para o asbesto, a penetração da poeira fina nos alvéolos origina uma fibrose difusa com engrossamento pleural. A inalação de poeira de asbesto pode originar tumores malignos, como câncer bronquial ou mesoteliomas, com ou sem sinais simultâneos de asbestose. 5 Efeitos cancerígenos As causas de câncer podem compreender fatores externos e internos. Os agentes cancerígenos afetam os mecanismos reguladores bioquímicos transformando as células normais em células malignas, ou fazendo com que células cancerosas adormecidas recobrem a atividade. Efeitos tóxicos sistêmicos O indicador fundamental do comportamento de uma substância como tóxico sistêmico é o fato de que seus efeitos vão mais além do trato respiratório. Sua ação é exercida de forma exclusiva ou compartilhada em outras partes do corpo, como no sistema nervoso central, no fígado ou nos rins. Efeitos cutâneos Devido ao seu formato, composição química ou capacidade de adsorver outras substâncias, certas poeiras podem dar origem a dermatites irritativas ou alergias. Em algumas ocasiões, sua inalação pode produzir urticária alérgica. Efeitos irritantes Esses efeitos compreendem a irritação da mucosa dos olhos e do trato respiratório, provocando avermelhamento, queimação, lacrimejo, tosse, espirro e inchaço. Figura 2: Pulmão sadio e pulmão com Silicose Fonte: Extraído do Folheto “Previna -se contra a Silicose” - CE RES T-Joinville/SC Existem certas partículas que se tornam muito perigosas quando aderem a algumas áreas do sistema respiratório; outras, porém, se tornam muito mais perigosas ainda quando ingressam nos alvéolos pulmonares, onde é feita a transferência de oxigênio. A inalação da poeira pode apresentar efeito imediato, como por exemplo, uma irritação do nariz e garganta, ou retardado, como no caso da Silicose, 6 pneumoconiose decorrente da superexposição às partículas da sílica. Há situações em que os efeitos da superexposição a certas partículas tais como a sílica e ao asbesto não são evidentes, senão depois de oito, dez, quinze ou mais anos, quando já se tornam praticamente impossível de tratar. Para se recomendar medidas de controle a fim de reduzir o nível de perigo dos particulados aerodispersos, como por exemplo, a Sílica, é necessário conhecer a natureza de cada um deles, para, desta forma, limitar a exposição do trabalhador. Uma das formas mais adequadas para se atingir este objetivo é a divulgação de dados sobre os malefícios resultantes da exposição a estes agentes. Assim, todos poderão avaliar o potencial do perigo existente em suas atividades. O corte e o lixamento em mármore, granito, ardósia, concreto etc. têm suas emissões substancialmente reduzidas, chegando-se até 95% (Manual de Referências – Marmorarias – Recomendações de Segurança e Saúde no Trabalho – Fundacentro), quando estes materiais são processados molhados. Nos casos em que não possam ser molhadas, as reduções dos particulados no ambiente devem ser feitas com a adoção de processos de exaustão. É preferível desenvolver tais atividades em ambientes ao ar livre, abertos, pois, a presença de particulados é naturalmente reduzida. Quando as medidas de controle não atingem um nível aceitável de efetividade, o uso de equipamentos de proteção respiratória pode prover uma defesa confiável contra a presença de partículas perigosas no ambiente de trabalho, neutralizando os mesmos. A higiene pessoal constitui um aspecto muito importante para a redução das exposições a poeira. As partículas podem se transferir das mãos para o cigarro ou para o alimento e, assim, ingressarem no organismo. Os trabalhadores devem lavar bem as mãos antes de fumar, comer ou beber. Não se deve consumir nenhum tipo de alimento em qualquer área onde haja a presença de poeira perigosa. Para se afastar dos efeitos maléficos da poeira é indispensável que o trabalhador conheça os materiais com os quais trabalha, bem como a maneira como e onde vão ser utilizados. Males Provocados pela Poeira Total com Sílica Livre Cristalizada A meta é avaliar quantitativamente os aerodispersóides (poeira mineral) 7 encontrados em uma marmoraria, identificando-se a necessidade de implantar medidas de controle e de neutralização ou eliminação de impactos negativos na saúde do trabalhador. O principal objetivo desta pesquisa é demonstrar a real necessidade de se desenvolver o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), realizando a antecipação dos riscos (consiste nas informações repassadas aos empregados e subcontratados, dando ciência ao binômio riscos x prevenção, imediatamente após o início contratual); reconhecimentos dos riscos (consiste na obtenção de informações, dados, registros, etc., obtidos através de inspeções no ambiente de trabalho, entrevistas com pelo menos um colaborador (ocupante de cada função) e/ou seu respectivo superior imediato, identificando os riscos presentes no ambiente de trabalho); avaliação dos riscos (consiste no levantamento qualitativo e/ou quantitativo dos riscos presentes no ambiente de trabalho) e controle dos riscos (consiste na aplicação de um plano de trabalho visand o o tratamento adequado dos riscos identificados), para com isso, obter recomendações de como zelar pela saúde e integridade dos trabalhadores, devendo estar a rticulado em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Metodologia Nesta pesquisa foram avaliadas as atividades do Acabador (realiza acabamento/polimento em peças de mármore e granito), cuja exposição se dá em 100% da jornada de trabalho ao agente poeira e sílica. O trabalho foi feito com o objetivo de eliminar os riscos de doenças ocupacionais, tais como a Silicose, nos trabalhadores de marmorarias que não possuem em seu processo máquinas e/ou equipamentos a úmido. Os equipamentos de amostragem de poeiras devem simular, da forma mais aproximada possível, o que acontece no trato respiratório, quando da inalação de aerodispersóides. Para a realização da avaliação fizeram-se necessários os seguintes instrumentos: • Bomba gravimétrica de poeira (Gilian BDX II); • Sistema filtrante (filtros de PVC 5.0 um, 37 mm, pré pesado, porta-filtro e suportes); • Sistema separador de tamanho de aerodispersóides (Ciclone de Nylon); 8 • Termohigroanemômetro digital; • Calibrador de bomba digital. Estratégia de Amostragem A estratégia de amostragem foi baseada em entrevistas feitas in loco com pelo menos um colaborador de cada função, fazendo o reconhecimento dos riscos a que cada colaborador está exposto. Diante disso, verificou-se que a função que estaria exposta aos maiores índices de poeira seria a do acabador. Os procedimentos e técnicas de amostragem utilizados neste trabalho foram baseados na NHO 08 (FUNDACENTRO). A avaliação foi realizada no setor de acabamento de peças em mármore e granito, onde foi instalada a bomba gravimétrica e cassete com membrana de PVC, no colaborador que desenvolvia tal atividade. Resultados Obtidos O Limite de Tolerância para poeira total (respirável e não respirável), expresso em mg/m3, é dado pela seguinte fórmula: 24 mg/m3 LT = % quartzo + 3 Sempre será entendido que “Quartzo” significa sílica livre cristalizada. Fonte: Segurança e Medicina do Trabalho – Normas Regulamentadoras – NR 15, pág 216 Foi obtido o seguinte resultado, através da avaliação realizada no local de trabalho: Tabela 1: Resultado da exposição à poeira mineral total + sílica QUÍMICOS (POEIRA MINERAL) – NR 15 Data Am ostra Substância C (m g/m3) V(L) C méd (m g/m3) C sílica (m g/m3) LT 44 (m g/m3) Dose Ind. (%) Dose Acum (%) Situação de Exposição 20/05/10 AT09-559 Poeira Mineral – Total + Sílica 7,5 122 7,5 0,02 7,35 102,1 102,1 Acim a do Limite de Tolerância. Legenda: C – Concentração do elemento químico V – Volume amostrado C méd – Méd ia pon derada no v olume das concentrações Csílica – Concentração de sílica encontrada na amostra Dose Ind. – Dose indiv idual – Resultado da concentração div idida pelo Limite de Tolerâ ncia Fonte: Desenvolvido pela AMBIE NTEC, ano 2000 LT 44 – Limite de Tolerância para Jornada de 44H/Semana. Dose Acum – Dose Acumulada – Média p ondera da no v olume das doses indiv iduais. 9 Como pode ser observado, o resultado (102,1% ) foi acima do limite de tolerância que é de 100%, ou seja, o Acabador exposto a essas condições de trabalho pode desenvolver uma doença incurável causada pelo acúmulo de poeira contendo sílica nos pulmões, o que leva ao endurecimento dos mesmos, dificultando a respiração e podendo levar à morte. Devem-se adotar sistemas de controle (barreiras de segurança) para manter os contaminantes em níveis tão reduzidos quanto possível, preferencialmente abaixo do nível de ação (50% do limite de tolerância). Medidas / Métodos de Controle Como os resultados obtidos na avaliação dos agentes químicos indicaram valores de concentrações preocupantes quando comparadas com valores cientificamente aceitos, deve ser estudada e implantada uma ou mais medidas de controle para reduzi-los a valores considerados seguros. Entende-se por controle a eliminação ou a redução dos agentes presentes no ambiente de trabalho, até concentrações que não resultem em danos para a saúde da maioria dos trabalhadores expostos, ou ainda a eliminação ou a limitação da exp osição a tais agentes (CARVALHO SAM, 1999). Os sistemas de controle (barreiras de segurança) introduzidos no projeto devem ser previstos para manter os contaminantes em níveis tão reduzidos quanto possível. É conveniente analisar a relação custo/beneficio das medidas de controle. Os sistemas de controle, em geral, estão relacionados a técnicas de engenharia. Dessa forma, cabe destacar que o objetivo principal da engenharia de segurança e higiene ocupacional é: identificar, classificar, mensurar e neutralizar os riscos que resultam da atividade produtiva. Sendo o perigo definido como a exposição ao risco, cabe lembrar que os métodos de controle são as barreiras de segurança que impedem ou neutralizam as exposições. No controle das doenças ocupacionais provocadas pela inalação de ar contaminado com poeiras, o objetivo principal deve ser minimizar a contaminação do local de trabalho, ou ambiente de trabalho. Isso deve ser alcançado, tanto quanto possível, pelas medidas de controle coletivo, ou seja, relativas ao ambiente de trabalho. No entanto, quando essas medidas de controle não são viáveis, ou enquanto estão sendo implementadas ou avaliadas, devem ser utilizadas medidas 10 de controle individual, ou seja, relativas ao trabalhador. Portanto, as medidas de controle da exposição aos aerodispersóides podem ser divididas em duas: Medidas relativas ao ambiente de trabalho (EPC) Medidas relativas ao trabalhador (EPI) – Para este tipo de medida, deve -se tomar como base os resultados obtidos nas avaliações quantitativas para que possa ser realizado a seleção dos respiradores. No caso estudado, estabelece a política de que devam ser implantados, um ou mais dos seguintes métodos de controle, de acordo com a hierarquia abaixo: Substituição das matérias-primas utilizadas por substâncias que sejam comprovadamente menos tóxicas; Alteração no processo produtivo de forma a eliminar ou reduzir esta exposição a níveis aceitáveis; isolamento do trabalhador ou do processo produtivo de modo a diminuir ou eliminar a exposição; implantação de sistemas de ventilação ambiental ou local exaustora para diminuição da concentração dos contaminastes; Adoção do uso de equipamento individual de proteção respiratória, de acordo com os critérios técnicos e administrativos estabelecido neste documento. Etapas para Implantação dos Métodos de Controle O que Avaliar as condições físicas/ respiratórias do empregado antes da utilização de equipamento de prot eção respiratória Quem Como Onde Medicina do Trabalho Através de exame clínico, espirometria e telerradiografia de tórax Clínica Médica Através de palestras e práticas de utilização dos EPI. No local de trabalho do empregado Através de palestra Cent ro de Treinamento Treinar os empregados expostos aos riscos respiratórios Treinar os profissionais, os empregados responsáveis pela entrega dos EPI's Implantar o procedimento de ensaio de vedaç ão Elaborar termos de responsabilidade para recebimento de respiradores Seguranç a e Medicina do Trabalho De acordo com a IN n.º 1, de 11/4/1994. Conforme Legislação e IN nº 1 (Ficha de Entrega de EPI's) Quando Manutenção Cont ínua Almoxarifados de ent rega de EPI Almoxarifados de ent rega de EPI Implantação dos Métodos de Controle Como a empresa não possui poder aquisitivo para realizar a substituição das 11 matérias-primas, bem como, realizar alterações em seu processo produtivo, optouse pela implantação do uso de EPI's (respiradores) como método de controle. Meta do Programa de Controle Assegurar que todos os Acabadores no desempenho de suas atividades profissionais tenham suas condições de saúde preservadas. Elementos do Programa Os equipamentos de proteção respiratória deverão ser selecionados em função dos riscos aos quais os acabadores ficarão expostos. Somente deverão ser selecionados equipamentos de proteção respirató ria com Certificado de Aprovação – CA. O usuário deverá ser instruído e treinado sobre o uso correto dos equipamentos de proteção respiratória, bem como, sobre suas características e limitações. Não poderá ser utilizado, em qualquer hipótese, o mesmo respirador por mais de um empregado. Os equipamentos de proteção respiratória devem ser limpos e desinfetados regularmente pelo usuário, após cada uso, ou mais freqüentemente, se necessário. Os equipamentos de proteção respiratória devem ser guardados em local limpo e em condições de higiene, no próprio local de trabalho. Os respiradores usados rotineiramente devem ser inspecionados durante a limpeza. As partes gastas ou deterioradas devem ser substituídas. Uso de Respiradores Os trabalhadores deverão utilizar o equipamento de proteção respiratória (respiradores/máscaras) em todas as atividades realizadas em marmorarias, conforme o Quadro II da Instrução Normativa Nº 01 de 11/4/1994. Nenhum equipamento que requeira vedação facial (tanto os de pressão positiva como negativa) devem ser utilizados por pessoas que utilizem barbas ou outros pêlos faciais que impeçam o contato da borda do respirador com o rosto do 12 usuário. Será permitido que o usuário de respirador deixe a área contaminada por qualquer uma das razões abaixo: Falha do respirador, alterando a proteção proporcionada; mau funcionamento do respirador; Detecção de penetração de ar contaminado dentro do respirador; Aumento da resistência à respiração; Grande desconforto devido ao uso do respirador; mal es tar sentido pelo usuário, tais com náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade para respirar, calafrio, tontura vômito, febre. Lavar o rosto e/ou a peça facial, para diminuir a irritação da pele; trocar o filtro ou outros componentes. Inspeção, Manutenção e Guarda de Respiradores Devem ser realizadas manutenções periódicas nos respiradores para que eles mantenham sua eficiência original através de inspeções, reparos, limpezas e guarda adequada. Inspeção: Os usuários deverão fazer diariamente inspeções e limpezas no respirador sempre que estiver em uso. Não será permitido o uso de respiradores defeituosos. Os respiradores defeituosos deverão ser devolvidos de maneira que possa ser providenciada sua recuperação, descarte ou reclamação ao fabricante. Reparos: Os respiradores que durante a inspeção, limpeza ou manutenção não forem considerados próprios para o uso deverão ser reparados ou substituídos imediatamente. Todas as substituições de partes ou peças deverão ser feitas conforme instruções do fabricante (para que o Equipamento de Proteção Respiratória - EPR não perca o C.A). Nenhum ajuste, modificação, substituição de componente ou reparo deverá ser feito se não for recomendado pelo fabricante do EPR. Limpeza: Todos os respiradores deverão ser limpos diariamente, de acordo com as instruções do fabricante, pelo próprio usuário. 13 Guarda: Os respiradores que não forem descartados após o turno de trabalho deverão ser guardados em local próprio, longe da área contaminada e protegidos da luz do sol, poeiras, calor, frio, umidade e produtos químicos agressivos. Estes respiradores deverão ser marcados e guardados de forma a assegurar que sejam utilizados apenas por um trabalhador. Treinamentos Diariamente o usuário deve inspecionar o respirador, verificando-se: Tem trincas, rasgos ou sujeira; Não está com a área de vedação distorcida; Está com as válvulas de inalação e exalação sem distorção, trincas ou rasgos; Está com as sedes das válvulas sem sujeiras ou trincas; Está com todas as peças plásticas sem trincas ou fadiga; Está com as gaxetas adequadamente assentadas; Está com o cartucho/filtro apropriado ao risco, instalado corretamente no suporte e dentro do prazo de validade. Devem ser substituídos por novos: Os filtros que ficarem difíceis de respirar; Os cartuchos que apresentam odor, gosto do contaminante ou na ocorrência de algum distúrbio. O respirador em que for detectado danos deve ser encaminhado para reparos ou substituído por novo. O respirador deve ser guardado nos armários, fora da área contami nada, quando não estiver em uso e dentro de um saco plástico vedável ou semelhante. Nos intervalos para refeições, necessidades fisiológicas e/ou ginástica laboral, o respirador deve ser guardado nos armários dentro de um saco plástico vedável ou semelhante; 14 Comprovante de Treinamento de Respirador Individual (MODELO) DECLARAÇÃO Recebi o respirador individual e instruções sobre a correta utilização, guarda, limpeza, conservação, teste e verificação de vedação. ____________________________ Nome Legível ______________________ Matrícula __________________________________ Assinatura Data: ____/_____/____ Controle Médico Não poderão ser atribuídas tarefas que exijam o uso de equipamento de proteção respiratória, sem previamente verificar se o empregado, fazendo uso do mesmo, estará em condições apropriadas de saúde para executar a tarefa. A Medicina do Trabalho definirá quais são as condições de saúde aceitáveis para utilização dos equipamentos de proteção respiratória. Anualmente, todo o usuário de respirador deverá ser submetido a exame médico adequado, previsto dentro do PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, no admissional e periódicos. A utilização de proteção respiratória individual contra inalantes deve ser adotada apenas após a avaliação dos seguintes parâmetros: Características físicas do ambiente de trabalho, notadamente a temperatura, umidade e pressões parciais de O2 e necessidade de utilização de outros EPI's. Demandas físicas específicas das atividades a que o usuário está alocado. Tempo de uso em relação à jornada de trabalho (uso contínuo durante a jornada ou não). Estas Informações devem ser encaminhadas ao médico examinador. Com 15 estes dados o examinador procederá à entrevista, exame clínico e, se necessário, funcional do candidato ao uso do EPI. As condições abaixo listadas exigem uma avaliação cuidadosa: Deformidades faciais: A presença de deformidades faciais ósseas ou cicatrizes extensas pode impedir um ajuste facial adequado do respirador e impedir sua utilização. O uso de próteses dentárias também deve ser adequado, pois a ausência de próteses nos maxilares inferior ou s uperior causa deformidades faciais. Pêlos faciais: A barba impede um ajuste facial adequado. Doenças pulmonares: candidatos à utilização de EPR com doenças pulmonares obstrutivas e restritivas previamente diagnosticadas e sintomáticos não devem utilizá-los. A presença isolada de sintomas notadamente, a dispnéia de esforços, exige uma avaliação cuidadosa, incluindo avaliação funcional respiratória. A asma brônquica, com crises esporádicas pode não excluir a utilização de respiradores, com a devida orientação ao usuário. Doenças cardiovasculares: A insuficiência coronariana crônica, as arritmias, notadamente as arritmias ventriculares, e os usuários com infarto prévio não devem utilizar EPR mecânica com pressão negativa. Doenças neurológicas: A epilepsia controlada, isto é, ausência de crises nos últimos 12 meses e bom controle farmacológico não contra-indicam a utilização de EPR. Alterações psíquicas: Candidatos apresentando claustrofobia não devem utilizar EPR. A ansiedade pode ser também um fator limitante, dependendo de sua magnitude. A avaliação médica específica dos usuários de EPR deve ser renovada anualmente, juntamente com o exame periódico. Na ocorrência de queixas relacionadas ao sistema respiratório, é necessário que se atente para a conveniência de uso continuado do EPR em relação aos achados clínicos. Guia para Seleção de Respiradores Com peça semifacial filtrante para partículas (PFF) É a chamada máscara descartável. Leve, confortável e de baixo custo. Oferece proteção contra poeiras, névoas, radionuclídeos e fumos. Dispensa limpeza, manutenção e higienização. Para uso em até 10 vezes o Limite de Tolerância. Existem tipos especiais, denominadas de Filtros de Baixa Capacidade (FBC) com 16 camada de carvão ativo para baixas concentrações de vapores orgânicos ou de alguns gases ácidos. Com peça semifacial com filtros substituíveis Leve, fácil manutenção, pequena restrição à visão e aos movimentos. Os filtros são substituíveis. Poucas peças de reposição. Protege contra poeiras, névoas, fumos, gases e vapores. Indicado para até 10 vezes o Limite de Tolerância, desde que menor que a concentração IPVS (Imediatamente Perigoso a Vida e a Saúde), ou menor que a Máxima Concentração de Uso do filtro químico. Seleção do Respirador Somente devem ser usados respiradores aprovados. Qualquer modificação, mesmo que pequena, pode afetar de modo significativo o desempenho do respirador. Para o caso em estudo, optou-se pela adoção do respirador do tipo peça semifacial descartável filtrante PFF3, aplicável pela norma técnica NBR 13698/1996, ou alteração posterior, sem manutenção, produzido com fibras não tecidas de polipropileno carregadas com cargas eletrostáticas para retenção de poeiras, névoas, radionuclídeos e fumos metálicos. Possui 2 (dois) elásticos para fixação, clipe metálico nasal para vedação na área do nariz e Válvula de Exalação especial para favorecer o conforto do usuário, diminuindo o calor e a umidade dentro do respirador. A opção se deu pelo fato do mesmo atender as necessidades específicas do caso em estudo, ser descartável, leve, confortável e de baixo custo. Figura 3: Respirador do tipo peça semifacial descartável PFF3 Fonte: Extraído do www.equipaminas.com.br 17 Atenção, é proibido o uso desse tipo de respirador nas seguintes situações: Trabalhadores que usam barba ou bigode grande, ou fazem a barba poucas vezes de forma que a barba mal feita atrapalhe a vedação do respirador; Trabalhadores que sofreram extrações de vários dentes ou que tiveram emagrecimento rápido e acentuado, ou cicatrizes faciais que comprometam a vedação do respirador no rosto do usuário; Entrada em tubulações, caixas de água, tanques e qualquer outro local de difícil acesso ou ventilação deficiente; Locais mesmo arejados, mas que contenham altas concentrações de produtos químicos ou fumaça, como vazamentos, rompimento de tubulações ou tambores e incêndios; Uso com pintura, solventes, ácidos, amônia e formaldeído. 18 Considerações Finais Observou-se que na atividade pesquisada, os trabalhadores não utilizavam equipamentos de proteção respiratória (máscara contra poeiras) ou se beneficiavam de medidas de controle para redução da concentração de poeiras no ambiente. Nas poucas vezes em que algum deles uti lizava uma máscara, a mesma não era a adequada, eles não tinham o conhecimento de como utiliza - lá ou já não vinha sendo substituída há muito tempo. A maioria deles não dispunha de uma melhor orientação quanto à importância das mesmas, por não saber que e xistiam máscaras ou por achar que a sua utilização os incomodaria e atrapalharia suas atividades normais. É preciso que os próprios equipamentos utilizados pelos trabalhadores amostrados passem por uma manutenção e limpeza periódicas, pois os mesmos encontram-se normalmente impregnados de poeira. Certamente durante a limpeza deve haver também a preocupação com a exposição dos trabalhadores envolvidos na atividade. Percebeu-se que a maioria dos trabalhadores amostrados não realizava há muito tempo ou nunca havia realizado raios X do tórax. Portanto, especial atenção deve ser dispensada às poeiras com concentrações que ultrapassem o Limite de Tolerância - LT para poeiras incômodas. Certamente, o simples atendimento às recomendações dispostas neste trabalho não implica a eliminação dos riscos da exposição ocupacional a poeiras. O controle efetivo se dá através de avaliações periódicas das medidas adotadas, verificando-se permanentemente, a eficiência das mesmas, assim como, os níveis de aerodispersóides no ar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMÂNCIO JB 1993. Pneumoconiose: Silicose. LE Rocha,RM Rigotto & JTP Buschinelli. Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil. Vozes, Petrópolis. Anuário Brasileiro de Proteção, Estatística – Acidentes de Trabalho 2001. Revista Proteção, Novo Hamburgo, 2001. 19 Carvalho AB, Chaves ME Filho, ABX 1993. Relatório da avaliação ambiental de poeiras nas instalações da Cia. de Cimento do São Francisco. CISAFRA, Fundacentro, Centro Regional da Bahia – CRBA. CARVALHO SAM 1999. Apostilas de Higiene industrial – agentes químicos. Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. 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