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Estudo Sobre Apocalipse

Estudo sobre Apocalipse

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Pr(of).: Givaldo Lima Apocalipse INTRODUÇÃO Ao ouvirmos a palavra apocalipse sempre nos chega à memória a ideia Bde grandes sofrimentos, catástrofes e o fim do mundo... Enfim, essas ideias nos provocam um certo medo por parte desse pensamento. Associado a isso há as questões das interpretações simbólicas sobre o dragão, a besta, o falso profeta e o número 666 que surgem como poderes que imprimirão sofrimento e morte aos cristãos de modo incontrolável e inesperado. O livro de Apocalipse com certeza tem sido negligenciado (ou até mesmo esquecido) de muitos estudos devido a essa concepção. E, muitos quando chegam para estudá-lo já possuem o propósito descobrir o futuro entre suas palavras. Resultado disso, o Apocalipse tem sido “abusado” de todas as formas possíveis e imagináveis em sua interpretação. I. LITERATURA APOCALÍPTICA Seu objetivo era transmitir uma mensagem de fé e esperança para aqueles que estão sofrendo. Rica em simbolismo e linguagem figurativa (Virkler, p. 148). Há diferença entre a literatura judaica e o Apocalipse de João: aqueles são pseudônimos, enquanto o autor de Apocalipse é identificado e conhecido dos destinatários (1:4, 9; 22:8); são pseudo-proféticos, ou seja, os autores reescrevem a história em tom profético, enquanto João se coloca no presente e olha para o futuro; são pessimistas quanto a era presente, lançando totalmente a esperança no futuro escatológico, João também faz isso, mas percebe que a era presente é governada por Deus (LADD, 2011, p. 18). II. AUTORIA E CANONICIDADE O autor se apresenta apenas como João (1.1; 1.4; 21.2; 22.8). A tradição da igreja diz que esse João é o apóstolo amado, o mesmo autor do quarto Pr(of).: Givaldo Lima evangelho. Já no ano 150 d.C. Justino Mártir confirmava essa tradição como também Irineu por volta de 200 d.C. Alguns críticos, porém, dizem que não pode ser o mesmo João do Evangelho, “pois o estilo do grego é notavelmente diferente entre os dois livros. A linguagem do evangelho é suave, fluente e em grego simples e direto. A linguagem do apocalipse é rude e impolida, com muitas irregularidades gramaticais e sintáticas” (LADD, p. 8). III. TÍTULO A palavra "Apocalipse" (VApoka,luyij) significa descoberta, sem véu. Revelação não é especulação humana, é a Palavra de Deus e o testemunho fiel (v. 2). Ele revela o plano vitorioso, triunfante de Cristo e da sua igreja. Sua vitória absoluta contra todos os seus inimigos: a Meretriz, a besta, o falso profeta, o dragão, os incrédulos, a morte. O Apocalipse mostra que o último capítulo da história não será de tragédia, mas de uma retumbante vitória do Cordeiro de Deus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores (LOPES, 2005, p. 35) IV. DATA E CONTEXTO Embora não exista unanimidade nessa questão, o conteúdo período do de livro indica um perseguição implacável, levando-nos a concluir que João escreveu esse livro por volta de 95-96 da Ilha de Patmos, próximo do final do reinado de Domiciano (81 a 96 d.C) que exigiu de todos os súditos dentro do império que o adorassem como deus. Pr(of).: Givaldo Lima V. DESTINATÁRIOS A carta é enviada às 7 igrejas da Ásia Menor, porém sua mensagem é para todos os crentes desde a primeira vinda até a segunda vinda de Cristo. VI. O PROPÓSITO DO LIVRO Confortar a igreja nas lutas contra as forças do mal. Ele está repleto de palavras de consolo, de justiça, de vitória no final (7.17; 21.4; 15.2; 19.2; 21.22). VII. O TEMA DO LIVRO Conforme apresentado por Hendriksen (LOPES, 2012, p. 16), o tema é o triunfo final de Cristo e seus discípulos, ou seja, “é a vitória de Cristo e de sua Igreja sobre o dragão (satanás) e seus seguidores. O Apocalipse tem o objetivo de nos mostrar que as coisas não são como parecem ser” (cf. Ap 17.14). VIII. MODOS DE INTERPRETAÇÃO Preterista: a maioria das profecias (ou todas), se cumpriram no passado; Histórica: as profecias estão e serão totalmente cumpridas na era da Igreja, inclusive a Tribulação (pós-milenista e amilenista); Idealista: não creem em uma cronologia das profecias; as passagens proféticas apenas ensinam ideias ou verdades; Futurista: creem que todos os eventos ocorrerão no futuro, durante a Grande Tribulação, na Segunda Vinda e no Milênio (pré-milenista). IX. TEORIAS MILENARISTAS As principais são: Pré-milenistas, Pós-milenistas e Amilenistas (Milênio realizado). Pr(of).: Givaldo Lima a) Pós-Milenismo O Reino de Deus é o domínio de Deus nos corações dos homens que crescerá paulatinamente. Após um período de paz (“milênio”) haverá explosão de iniqüidade que culminará com a vinda do Anticristo; o final do “Milênio” se dará com a volta pessoal e física de Cristo quando haverá a ressurreição de justos e injustos que depois de julgados serão enviados ao seu destino eterno. Principais doutrinas: a divulgação do Evangelho até os confins da terra e boa receptividade; Reino de Deus presente e terreno nos corações humanos; e Milênio interpretado como sendo um período de extrema qualidade e não necessariamente os mil anos. b) Amilenismo Não haverá um período de mil anos em que Cristo irá reinar na Terra, a segunda vinda de Cristo é iminente e desencadeará o processo de ressurreição geral, julgamento e destino eterno de todos os homens. Principais doutrinas: os “mil anos” significam o triunfo completo sobre a ira de Satanás (cf. Ap. 6: 9-11; 20:2) e a perfeição da presente glória e felicidade dos redimidos no céu (Ap. 20:4); interpretação primariamente histórica de Apocalipse; a primeira ressurreição é o novo nascimento espiritual e a segunda ressurreição é a escatológica. c) Pré-Milenismo Cristo vai estabelecer um Reino terrestre com a sua segunda vinda (o Milênio) precedido por uma “Grande Tribulação”. Satanás após ficar preso por mil anos será solto e empreenderá uma luta final, então será definitivamente vencido e lançado no lago de fogo para ele preparado. Principais doutrinas: As duas ressurreições em Apocalipse 20 são corpóreas, sendo que a primeira é dos crentes e a segunda é do restante da raça humana que ocorrerá no fim do Milênio; Milênio este que marcará um período de paz e reinado absoluto de Cristo junto com os “santos ressurretos”; Pr(of).: Givaldo Lima e Israel será restaurado como nação e reassumirá seu relacionamento especial com Deus até o fim do Milênio. X. DEFINIÇÃO DA LINHA DE INTERPRETAÇÃO Segundo Lopes (2005, p. 343): A interpretação de um milênio literal encontra várias dificuldades: Primeiro, não encontramos essa idéia de um milênio terrenal após a segunda vinda de Cristo nos evangelhos e nas epístolas paulinas e gerais. Segundo, o Novo Testamento ensina uma única volta de Cristo, e não duas. Terceiro, uma interpretação literal desse número, em um livro de simbolismos, especialmente neste capítulo saturado de símbolos, é um obstáculo considerável. Quarto, o milênio fala de Cristo reinando fisicamente aqui neste mundo, enquanto o Seu ensino mostra que o Seu reino é espiritual. Quinto, a idéia de um milênio na terra e a posição de preeminência dos judeus, reintroduz aquela distinção entre judeus e gentios já abolida (Cl 3:11; Ef 2:14,19). Só existe uma igreja e uma noiva, formada de judeus e gentios. Sexto, a ideia do milênio terrenal ensina que haverá pelo menos duas ressurreições, uma de crentes antes do milênio e outra de ímpios depois do milênio e isto está em oposição ao que o restante da Bíblia ensina (Jo 5:28-29; Jo 6:39,40,44,54; 11:24). Sétimo, a idéia do milênio cria a grande dificuldade da convivência do Cristo glorificado com os santos glorificados vivendo com homens ainda na carne (Fp 3:21). Oitavo, como conceber a idéia de que as nações estarão sob o reinado de Cristo mil anos e depois elas se rebelam totalmente contra Ele (20:7-9)? Nono, a cena descrita por João em Apocalipse 20 de forma alguma ocorre na terra; é uma cena celestial. Décimo, todo o ensino do Novo Testamento é que o juízo é universal e segue imediatamente à segunda vinda, mas a crença no milênio terrenal, o juízo acontece mil anos depois da segunda vinda e só para os incrédulos. Além disso, As Confissões Reformadas (Confissão de Augsburgo, Confissão Hevéltica e Confissão de Westmister) rejeitaram a ideia de um milênio terrenal, condenando essa hermenêutica como uma fantasia judaica (LOPES, 2005, p.28). Portanto, a posição que norteará esse estudo será Amilenista de visão histórica por entender que seja a melhor (mais possuindo suas dificuldades). Pr(of).: Givaldo Lima AMILENISMO Volta de Cristo Ressurreição dos mortos Juízo Final Era da Igreja XI. Eternidade ESBOÇO O livro do Apocalipse não deve ser visto como eventos sucessivos, cronológicos, mas como seções paralelas e progressivas que descrevem desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. Essa é a sugestão de Wiliam Hendriksen que divide Apocalipse em 7 seções agrupadas em 2 divisões maiores. O esboço dele é reproduzido em seguida: A. O CONFLITO NA TERRA. A IGREJA PERSEGUIDA PELO MUNDO. A IGREJA É DESAGRAVADA, PROTEGIDA E VITORIOSA (AP. 1-11). 1. Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1-3). 2. O livro com sete selos (4-7) 3. As sete trombetas do juízo (8-11) B. O CENÁRIO ESPIRITUAL MAIS PROFUNDO. CRISTO (E SUA IGREJA) PERSEGUIDO PELO DRAGÃO (SATANÁS) E SEUS AUXILIARES. CRISTO E SUA IGREJA SÃO VITORIOSOS (AP. 12-22). 4. A mulher e o “filho varão” perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (as bestas e a grande prostituta) (12-14). 5. As sete taças de ira (15-16). 6. A queda da grande prostituta e das bestas (17-19). 7. O juízo sobre o dragão seguido do novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém (20-22). Pr(of).: Givaldo Lima XII. ANÁLISE DAS SEÇÕES 1. Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1-3) – Sua mensagem principal é que Cristo tem o controle da igreja em suas mãos.  Apocalipse é fundamentalmente de Jesus (1.1);  Apocalipse não é um livro não é um livro selado (22.10), mas dado aos seus servos;  “as coisas que em breve devem acontecer” (1.2) - ta,cei – compreende o tempo escatológico iniciado com a morte e ressurreição de Cristo no qual vivemos e acabará com a segunda vinda Dele (Ridderbos) (cf. II Pe 3.8);  A promessa do que lê e dos que ouvem (1.3);  Destinatários (1.4) – às igrejas da Ásia Menor;  Doxologia (1.5-6) – Jesus é apresentado como a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis da terra.  Sua segunda vinda será pessoal, pública, visível, poderosa, vitoriosa, irresistível (1.7);  Auto-proclamação (1.8);  A vocação de João e as condições de sua prisão (1.9-11): preso em Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus;  A visão gloriosa de Jesus (1.9-18) – Jesus é apresentado não mais como o servo humilde, que sofreu, mas como Rei poderoso e como o mundo o verá agora;  O tempo da visão: “as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas” – aqui fica claro o tempo do cumprimento profético e que divide o livro em: o As coisas que viste – o capítulo 1 é como Cristo é visto por João e será visto por todo o mundo na sua segunda vinda; o As coisas que são – o capítulo 2 e 3 Jesus identifica o estado das igrejas no presente; o Depois destas – iniciando no capítulo 4 até o 22 demarca o futuro, abarcando a era presente findando com sua volta; Pr(of).: Givaldo Lima  Simbologia (1.20) – sete estrelas são os pastores, sete candelabros são as igrejas e ambos estão na mão do Senhor;  Cristo e as igrejas da Ásia (2.1-3.21) – Cristo não só as conheces, mas está no meio delas e é capaz de dar um diagnóstico preciso de sua Igreja (2:2,9,13,19;3:1,8,15). Ele conhece as obras da igreja, onde está a igreja e o que ela está enfrentando. As igrejas enfrentam esfriamento – ameaça individual; perseguição – ameaça externa; e, falsos mestres – ameaça interna. o A igreja de Éfeso é ortodoxa, trabalhadora, fiel nas provas, mas perdeu sua capacidade de amar a Jesus. Ela é como uma esposa que não trai o marido, mas também não lhe devota amor (2:2-4). o A igreja de Esmirna é pobre aos olhos dos homens, mas rica aos olhos de Cristo (2:9). o A igreja de Pérgamo tem gente tão comprometida com Deus ao ponto do martírio (2:13), mas tem também, gente que cai diante da sedução do pecado (2:14). o A igreja de Tiatira está trabalhando mais do que trabalhava no início da sua carreira (2:19), mas muito trabalho sem vigilância também não agrada a Jesus. Ação sem zelo doutrinário (Tiatira) e zelo doutrinário sem ação (Éfeso) não agradam a Jesus. o A igreja de Sardes tem nome de que vive, mas está morta (3:1). Além disso, há gente na UTI espiritual (3:2). o A igreja de Filadélfia é fraca diante dos olhos humanos, mas poderosa aos olhos de Cristo (3:8-9). o A igreja de Laodicéia considerava-se rica e abastada, mas aos olhos de Cristo era uma igreja pobre e miserável (3:17). Pr(of).: Givaldo Lima 2. O livro com sete selos (4-7) – a mensagem dessa seção é que Cristo tem o controle da história em suas mãos (5.5).    Contemplamos sua morte (5:6), mas essa seção encerra com uma cena da segunda vinda de Cristo (6:6-12 e 7:9-17); Notemos a impressão produzida nos incrédulos pela segunda vinda (6:16-17) . Agora a felicidade dos salvos (7:16-17); A segunda seção é uma reiteração da primeira seção. Sua revelação vai do princípio ao fim dos tempos, ao juízo final. E nos é mostrado a diferença entre os remidos e os perdidos. 3. As sete trombetas do juízo (8-11) - Nesta visão vemos a igreja vingada, protegida e vitoriosa.    Havendo começado com o Senhor como nosso sumo sacerdote no capítulo (8:3-5), avançamos até o juízo final em (10:7; 11:15-19). Uma vez mais estamos tratando das mesmas coisas - O Senhor e sua igreja e o que lhes sucede no mundo, o juízo final, os redimidos e os perdidos. As trombetas são avisos antes do derramamento completo das taças da ira de Deus. Antes de Deus punir finalmente, ele sempre avisa. 4. A mulher e o “filho varão” perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (as bestas e a grande prostituta) (12-14) – a tríade do mal.    Novamente voltamos ao início, ao nascimento de Cristo (12:5); Depois vem a perseguição do Dragão a Cristo e à igreja (12:13). Ele levanta a besta e o falso profeta. Finalmente, vem à cena do juízo final (14:8). Em (14:14-20) há uma cena clara do juízo final. 5. As sete taças de ira (15-16).    Descreve as sete taças da ira, representando a visitação final da ira de Deus sobre os que permanecem impenitentes; Uma vez mais a cena começa no céu relatando o Cordeiro com seu povo. Mas no capítulo 16 vemos uma espantosa descrição do juízo (16:15, 20). Aqui a destruição é completa. Pr(of).: Givaldo Lima 6. A queda da grande prostituta e das bestas (17-19) – a derrota dos agentes do dragão.    Há um relato da destruição dos aliados do Dragão: A meretriz (18:2), a besta e o falso profeta, os seguidores da besta e em contrapartida a igreja é apresentada como esposa de Cristo (19:20); A grande festa da núpcias ocorre; o juízo final chegou outra vez e a uma grande distinção entre redimidos e perdidos ocorre novamente; No capítulo 19 há uma descrição detalhada da gloriosa vinda de Cristo (19:11-21). 7. O juízo sobre o dragão seguido do novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém (20-22).    Essa seção mostra o Reinado de Cristo com as almas dos santos no céu e não o milênio na terra depois da segunda vinda. O capítulo 20 começa na primeira vinda e não depois da segunda vinda. Então temos a descrição do juízo final (20:11-15). Após isso, vemos os novos céus e a nova terra e a igreja reinando com Cristo para sempre. REFERÊNCIAS FERREIRA. João Cesário Leonel Estudos no livro do Apocalipse. Disponível em: HENDRIKSEN, William. Mais que Vencedores – Interpretação do Livro de Apocalipse, 1ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 1987. LADD, George. Apocalipse. Introdução e Comentário, 5ª reimpressão. São Paulo: Edições Vida Nova, 1996. LOPES, Hernandes Dias. Apocalipse: o futuro chegou, as coisas que em breve devem acontecer. São Paulo: Hagnos, 2005. VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada: princípios e processos de interpretação bíblica. São Paulo: Vida, 1987.